Buscar

Administração de Comércio Exterior_Globalização

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

60UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
1. A GLOBALIZAÇÃO
A mundialização do capital é a expressão que melhor se adequa para prover sen-
tido ao termo globalização. Chesnais (1996) sublinha que a globalização se traduz na 
capacidade estratégica de grande grupo oligopolista cuja produção manufatureira ou de 
serviços são destinados ao enfoque global. A palavra global surge em meados da década 
de 1980 nas renomadas escolas de administração de empresas conhecidas como “busi-
ness management schools”. O termo globalização foi amplamente difundido no âmbito da 
administração das empresas com a mensagem de que os obstáculos seriam subjugados 
para obter lucros e isso aconteceria por meio do processo de liberalização e desregulamen-
tação e, sobretudo, com o desenvolvimento e utilização da recém descoberta tecnologia 
por satélites de comunicação.
Além disso, Frieden (2008) destaca que são muitos os que julgam a globalização 
como um processo inevitável e irreversível e que após décadas de integração econômica 
mundial muitas economias, agentes econômicos e formuladores de política econômica 
consideraram o capitalismo global e sua perpetuidade o estado natural. Entretanto, o autor 
reitera que a globalização sofreu reveses no passado com a ruptura causada pelas Primei-
ras e Segundas Guerras Mundiais e, portanto, continua a ser uma escolha e não um fato 
a ser adotado pelos governos dos países que de forma consciente e deliberada decidem 
por reduzir as barreiras de comércio internacional e dos investimentos bem como adotar 
novas abordagens para a movimentação do capital e as finanças. Posto isso, as finanças 
61UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
internacionais, o comércio exterior e as relações monetárias internacionais são cada vez 
mais dependentes de ações conjuntas dos governos, ou seja, as políticas internas são 
pensadas agora de forma global.
Sendo assim, Giddens (2006), divide a definição do termo globalização em duas 
principais visões caracterizadas pelos: (a) céticos e; (b) radicais. Dessa forma para os céti-
cos toda essa ideia de globalização não passa de folclore, ou seja, quaisquer que sejam os 
benefícios, preocupações ou desafios a economia mundial não difere muito da que existia 
anteriormente, sendo assim o mundo continua inalterado. Além disso, os céticos afirmam 
que o comércio externo é explicado por uma participação não significativa nos rendimentos 
do país. Sendo que as incipientes trocas econômicas que acontecem são realizadas entre 
as regiões, implicando, portanto, na inexistência de um sistema de comércio internacional. 
Ademais, a globalização para os céticos é uma ideia difundida pelos defensores da 
liberalização do comércio com o objetivo de destruir a segurança social bem como diminuir 
os gastos públicos. Doravante, para os radicais a globalização é uma situação clara e con-
creta cujos efeitos estão em todas as partes. Posto isso, o mercado para esses indivíduos 
está mais avançado que em décadas anteriores e não distingue fronteiras. Além do que, as 
nações nesse âmbito perderam parte da sua soberania e os políticos exercem influência 
reduzida sobre os acontecimentos. Contudo, parece que nem os céticos e nem os radicais 
compreenderam a globalização, haja vista, que se trata de um fenômeno representado com 
características: políticas, tecnológicas, culturais, econômica e, sobretudo, tem se intensifi-
cado com o progresso nos meios de comunicação (GIDDENS, 2006).
1.1 Empresa no mundo globalizado
A Mundialização da Economia ou mais precisamente a “mundialização do capi-
tal” segundo Chesnais (1996), deve ser doravante compreendida como algo mais, ou até 
mesmo outra coisa, do que uma simples fase a mais no processo de internacionalização 
do capital iniciado há mais de um século, processo do qual as Multinacionais Globais4 
da indústria e dos serviços são a evidência mais clara, as quais a liberalização conferiu 
organizar como desejavam o trabalho de suas filiais bem como as suas relações de terceiri-
zação. A utilização da expressão “mundialização do capital” apresenta uma filiação teórica, 
aquela dos trabalhos franceses dos anos 1970, sobre a internacionalização do capital. Além 
4 Empresa multinacional é uma estrutura empresarial básica do capitalismo dominante nos países 
industrializados cuja estratégia envolve o acesso ao mercado internacional a partir de uma base nacional 
sob a direção de uma coordenação centralizada. Conhecidas também como empresas internacionais ou 
transnacionais, as multinacionais surgem da concentração de capital e da internacionalização da produção 
capitalista, a exemplo dessa prática está o Fordismo (SANDRONI, 1999).
62UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
disso, reflete também as prioridades metodológicas que foram totalmente ocultadas pela 
adaptação teórica ao neoclassicismo atribuído à escola de Williamson. 
A mais importante dessas prioridades diz respeito ao postulado central de referência 
clássica nas obras de Smith, Ricardo, Marx, relativo à anterioridade e a predominância do 
investimento e da produção em relação à troca. Partir da produção torna possível buscar e 
entender uma das bases da internacionalização porque obriga a dedicar uma atenção muito 
particular ao que acontece “nos bastidores” das oficinas, dos escritórios, mas também dos 
laboratórios de pesquisa industrial, isto é, a maneira como o trabalho está organizada sobre 
a base de tecnologias em prol de uma maximização da produtividade (CHESNAIS, 1996).
Sendo assim são apresentadas as três modalidades de internacionalização e o ciclo 
diferenciado do capital proposto em Chesnais (1996) qual destaca a relevante contribuição 
de Carlos-Albert Michalet sob as diferentes formas de internacionalização de tal forma que 
permitia pensar nas suas três dimensões, as quais são:
1. Intercâmbio comercial
2. Investimento produtivo no exterior
3. Fluxos de capital financeiro
Dito isso, essas três modalidades de internacionalização devem ser estudadas ao 
nível de três ciclos da movimentação do capital conforme defendido pela corrente marxis-
ta, o capital mercantil, capital produtor de valor e de mais-valia e o capital monetário 
ou capital-dinheiro. Essa forma de abordar de Michalet (1984) é utilizada para definir os 
períodos do movimento da internacionalização. Além disso, é a partir do movimento do 
capital produtivo que acontecem as relações entre as três modalidades basilares da inter-
nacionalização e é com essa dinâmica que se cria valor e riqueza. 
Além disso, a produção, circulação ou comercialização estão intrinsecamente re-
lacionadas e consequentemente a produção com o comércio internacional. Por sua vez, 
Chesnais (1996), sublinha que a internacionalização é dominada mais pelo investimento in-
ternacional do que pelo comércio exterior condicionando as estruturas que predominam na 
produção e nas trocas de bens e serviços, destacando o fluxo intracorporativo. Posto isso, 
o investimento internacional é recepcionado pela globalização das instituições financeiras 
que provêm os meios de facilitação para as fusões e aquisições transnacionais. 
63UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
1.2 Internacionalização de empresas
As constantes mudanças econômicas influenciam os ambientes de negócios reve-
lando a necessidade de adaptação das empresas a esse contexto para que possam produzir 
uma resposta rápida e efetiva às exigências do mercado. Diante do exposto, as empresas 
buscam se paramentar de ferramentas de captura, tratamento e análise dos dados como o 
Big Data, Machine Learning e a Ciência de Dados para prover informações que auxiliem na 
tomada de decisão suprindo uma gestão mais assertiva e que sustente o empreendimento 
por meio de vantagens competitivas. Além disso, surge a internacionalização com o acesso 
pelas empresas nas cadeias de produção mundial, livre circulação de capitais e informa-
ções bem como os fluxosde investimentos imobiliários. Para Welch e Luostarinen (1988), 
a internacionalização é o processo cuja finalidade consiste em aumentar a participação nas 
operações internacionais. Sendo que, as principais teorias de internacionalização segundo 
Costa e Lorga (2003) são:
a. Teoria do Comércio Internacional
b. Teoria do Ciclo de Vida do Produto (Vernon, 1966)
c. Teorias relacionadas ao comportamento e a gestão empresarial
d. Teorias com base nas imperfeições dos mercados, organização 
 industrial e abordagens dinâmicas acerca da internacionalização.
Ademais, vamos explorar os aspectos da Teoria relacionada à gestão empresarial 
por meio da abordagem da Escola de Uppsala cujo processo de internacionalização das 
empresas pode ser explicado pelo Modelo Uppsala proposto por Johanson e Wiedershei-
m-Paul (1975) e Johanson e Vahlne (1977). Sendo o processo de aprendizagem pelo qual 
as empresas investem os seus recursos de forma gradual enquanto adquirem conhecimen-
to sobre um determinado mercado internacional. Essa ideia de gradualismo foi observada 
para as empresas suecas por meio de estudos empíricos sobre as suas trajetórias no mer-
cado internacional e descobriram que estas apresentavam algumas características comuns 
denominadas de cadeia de estabelecimento e a distância psicológica. 
A cadeia de estabelecimento se baseia na ideia do desenvolvimento de determi-
nada empresa no contexto internacional qual investe recursos de forma sequencial. No 
entanto, o montante de recursos investidos no mercado-alvo é dependente do seu nível 
de conhecimento da empresa sobre este. Posto isto, quanto maior for o conhecimento 
sobre o mercado o qual está se investindo maior será a tendência em aumentar esses 
investimentos.
64UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
Por sua vez, a distância psicológica é definida como as diferenças percebidas 
entre valores, práticas de gestão e o grau de educação entre os dois países. A distância 
psíquica se revela importante no processo de internacionalização devido a restrição que 
impõe previamente aos investimentos iniciais da empresa em países de culturas opostas, 
ou seja, o processo tende a ser iniciado em países com culturas semelhantes. Ao adotar 
essa medida e transferir as operações para países de cultura próxima a empresa absorve 
conhecimentos sobre o mercado-alvo e sobre como internacionalizar suas atividades. Pos-
to isso, o primeiro conhecimento se refere aos aspectos do mercado-alvo, sendo, portanto, 
de característica intransferível para outros países e o segundo tipo de conhecimento é 
utilizado para adentrar novos mercados internacionais porque se refere ao conhecimento 
adquirido no processo de internacionalização.
Sendo assim, de acordo com o pressuposto de conhecimento adquirido gradual-
mente pela empresa introduzida por Johanson e Vahlne (1977), em que o processo de 
internacionalização acontece de forma incremental devido às incertezas e informações 
imperfeitas recebidas do novo mercado, estes apresentam dois conceitos para explicar o 
modelo, a saber: (a) conhecimento, referente ao mercado-alvo e (b) comprometimento, re-
presentado pela soma de recursos investidos no mercado internacional e a possibilidade de 
utilizar esses recursos em outros mercados sem prejuízo de desvalorização. Assim sendo, 
o modelo de Uppsala é fundamentado por meio de três pressupostos:
I. O maior desafio no processo de internacionalização ocorre por meio da falta de 
 informação
II. O conhecimento para a o processo de internacionalização é obtido devido a 
 operacionalização das empresas no mercado-alvo
III. Os investimentos acontecem gradualmente no processo de internacionalização
Por sua vez, conhecimento e comprometimento são compreendidos como estados 
do modelo. Para Johanson e Vahlne (1977), essas duas características do modelo se refe-
rem às decisões de investimentos dos recursos no mercado-alvo, sendo que o pressuposto 
é de que as empresas investem em operações que já foram testadas e, portanto, são 
conhecidas neutralizando e/ou reduzindo o nível de incerteza relativo a essa atividade. Por 
fim, o segundo aspecto está relacionado aos negócios atuais da empresa no mercado alvo 
que se caracteriza como o principal recurso na absorção de conhecimento. O modelo de 
Uppsala de internacionalização pode ser observado por meio da Figura 1.
65UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
FIGURA 1. MODELO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE UPPSALA
Fonte: Adaptado de Johanson e Vahlne (1977)
O conhecimento de mercado e o comprometimento com o mercado assumem o 
efeito para ambas as decisões de comprometimento e as atividades atuais. Dessa forma, 
quanto mais uma empresa investe em determinado mercado-alvo internacional mais ab-
sorve conhecimento sobre esse mercado, sendo que, quanto maior for o nível de conheci-
mento adquirido maior a propensão a investir e por fim quanto maior a propensão a investir 
maior a possibilidade de o investimento ser executado, caracterizado pela postura cíclica 
da estratégia conforme observado na Figura 1.
Além disso, surgiu das Teorias de Internacionalização o Paradigma Eclético de 
Dunning, Dunning (1988), que buscou associar a abordagem econômica com as explica-
ções de outras variáveis inerentes ao processo. Posto isso, o resultado foi a consolidação 
das teorias que englobam a localização, competição monopolista, internacionalização 
e custos de transação desenvolvendo o Ownership Localization Internalization (OLI) 
(Quadro 1).
QUADRO 1. OLI
Padrões Descrição
Ownership
Vantagem de propriedade cuja finalidade consiste na análise da or-
ganização relacionado ao posicionamento estratégico da empresa no 
mercado exterior. Nesse aspecto os ativos intangíveis são a principal 
vantagem tais como: capital intelectual, tecnologia, informações, mar-
cas e patentes, processos produtivos e gerenciais entre outros.
Localization
Vantagem de localização que pode ser desenvolvida pela organização 
considerando as características de cada país ou região em que a em-
presa instalou suas operações. Os principais aspectos abordados são 
custos com a mão de obra, tributação, estrutura local entre outros.
Internalization
Consiste na capacidade de internalização da empresa sob as vanta-
gens referentes a propriedade adquirida no mercado-alvo. Dito isso, 
quando os custos de transação se revelam superiores aos de incorpo-
ração a empresa opta a internalizar as suas operações nesse mercado.
Fonte: Adaptado de Dunning (1988).
66UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
Essa teoria não considera o comportamento do exportador sendo que o Paradigma 
eclético da produção internacional é fundamental para o desenvolvimento dos custos de 
transação e de informações e que determinadas características do país de destino como o 
tamanho do mercado, riscos políticos e perspectivas de crescimento condicionam a forma 
com essas empresas adentram nos mercados-alvo. Diante do exposto, em situações em 
que a extensão do mercado é restringida ou que há inerentes riscos políticos as organiza-
ções tendem a optar pela exportação ou licenciamento não demonstrando interesses em 
realizar os investimentos físicos no país.
1.3 Multinacionais
Uma empresa é considerada multinacional nos Estados Unidos quando esta 
detém o controle acionário de dez por cento de uma determinada empresa estrangeira. 
Analogamente, quando uma empresa estrangeira detém o controle acionário de dez por 
cento de empresas dos Estados Unidos configura uma Multinacional com sede no exterior 
e, portanto, a empresa em território norte-americano é considerada uma subsidiária. Além 
disso, a empresa que controla, segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) é conhecida 
por matriz multinacional e as empresas controladas são as matrizes afiliadas. Sendo 
assim, quando uma empresa dos Estados Unidos adquire mais do que dez por cento de 
uma empresa estrangeira ou quando investe em instalações da empresa no exterioresse 
investimento é considerado saída de Investimento Estrangeiro Direto (IED) norte-ameri-
cano. Analogamente, os investimentos realizados por companhias estrangeiras nas filiais 
norte-americanas são considerados entrada de IED (Figura 2).
FIGURA 2. FLUXO DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO† POR PAÍS.
Fonte: Adaptado de BCB (2021).
Nota: †Valores em milhões de dólares dos Estados Unidos (US$).
67UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
Doravante, nossa intenção é entender porque uma empresa objetiva se tornar uma 
matriz multinacional. Ou porque uma empresa optaria por operar uma afiliada no exterior? 
Para Krugman, Obstfeld e Melitz (2015), a resposta é clara, depende das atividades pro-
dutivas desempenhadas pela empresa afiliada no exterior. Por sua vez, essas atividades 
podem ser destinadas para: (a) a empresa afiliada que repete o processo produtivo da 
matriz multinacional ou quando; (b) a cadeia de produção é rompida e parte do processo 
produtivo é transferida para a matriz afiliada.
Dessa forma, as empresas controladoras optam pela opção (a) quando desejam que 
seus bens e serviços produzidos fiquem próximos aos seus consumidores e é usualmente 
estabelecida entre em países desenvolvidos. Analogamente, as matrizes multinacionais 
optam pela opção (b) quando desejam quebrar ou fragmentar o seu processo produtivo 
entre produção que requer habilidade intensiva e mão de obra intensiva, ou seja, a parte 
tecnológica que requer especialização da mão de obra fica retida quem países cuja mão 
obra seja capacitada e de forma análoga a parte da produção que requer mão de obra 
intensiva é direcionada para países cujo fator seja abundante.
Uma exemplificação dessa divisão do processo produtivo pode ser observada para 
o caso brasileiro da “tropicalização” dos automóveis da General Motors do Brasil (GMB) na 
década de 1970. Segundo Queiroz e Carvalho (2005), os automóveis eram projetados pela 
Subsidiária Opel na Alemanha e montados no Brasil e, por sua vez, receberam autorização 
para efetuar adaptações à realidade geográfica e climática do país. O resultado foi à cria-
ção de automóveis derivados das concepções originais os quais atendiam a demanda do 
brasileiro possibilitando inclusive que o Brasil fosse envolvido diretamente nas formulações 
dos projetos, ou seja, o lançamento foi invertido antes era concebido na Europa e só então 
lançado no Brasil, com o desenvolvimento sendo realizados no Brasil os lançamentos pas-
saram a ocorrer primeiro em território nacional e na Europa posteriormente.
Ademais, são destaque as empresas multinacionais brasileiras que atuam em 
diversos países como as: Alpargatas, Banco do Brasil, Bradesco, Embraer, Gerdau, Itaú, 
JBS, Marcopolo, Natura, Odebrecht, Oi, Perdigão, Petrobras, Sadia, Vale, Votorantim e 
Weg cujos setores são responsáveis pela geração de renda e emprego no Brasil.
68UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
4. ANÁLISES PRÁTICAS DOS IMPACTOS DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
Os conflitos armados deflagrados entre 1914-1939 e a Grande Depressão de 1929 
deixaram o mundo em ruínas e desconfiança. Dito isso, o mundo pós-guerra foi marcado 
por esforços de reconstrução, troca da hegemonia política e econômica entre o Reino Unido 
(UK) e os Estados Unidos (EUA) e pelo início da liberalização do comércio internacional. 
Uma das primeiras conquistas desses esforços foi a criação do GATT que já estudamos 
e posteriormente da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sendo assim, Mesquita 
(2013), destaca que entre as décadas de 1940 e 1960 foram realizadas cinco Rodadas de 
Negociações cujo objetivo consistia na redução tarifária as quais ficaram conhecidas como: 
(I) Genebra; (II) Annency; (III) Torquay; (IV), (V) Genebra e Dillon. 
Essas negociações utilizavam listas de produtos com os pedidos e ofertas de cada 
nação. Posto isso, e diante da expectativa de que houvesse reciprocidade por ambas as 
partes as negociações favoreciam os principais fornecedores. Entretanto, esse dispositivo 
privilegiava a negociação entre as grandes economias, porque os países menores sem 
dispor de moedas de barganha não possuíam abertura comercial nas negociações para os 
seus bens, em contrapartida não necessitavam fazer concessões. 
Diante do exposto, houve outras Rodadas de negociações cujo objetivo consistia na 
redução tarifária ou enfrentamento das barreiras não tarifárias para então reduzir a distância 
entre um comércio de livre comércio internacional. Dito isso, no Quadro 2 é possível verificar 
a organização das principais Rodadas de Negociações realizadas no contexto pós-guerra.
69UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
QUADRO 2. RODADAS DE NEGOCIAÇÕES
Rodadas de 
Negociação Período Objetivos
Rodada 
Kennedy
1964-
1967
▪ O método tradicional de listas foi abandonado favorecendo 
uma redução linear das tarifas para produtos industriais.
▪ Objetivo não alcançado em setores considerados sensíveis 
como têxteis, calçadista, químico e siderúrgico.
▪ Destaque para a aprovação do Código Antidumping
Rodada 
Tóquio
1973-
1979
▪ Introdução da fórmula suíça cujo objetivo consistia na re-
dução tarifária. Além disso, foi elaborada a partir de uma 
modelo matemático que estabelecia um teto máximo para 
a inclusão de novas tarifas e efetuava cortes de forma pro-
porcional nas primeiras tarifas incluídas que fossem mais 
elevadas.
▪ Resultado final: Redução média de até 33% das tarifas dos 
países industrializados.
▪ Primeiras tentativas para combater as barreiras não tarifá-
rias. Com destaque para acordos sobre subsídios, medi-
das compensatórias, barreiras técnicas, licenciamento de 
importações, valoração aduaneira, compras do Governo e 
acordos antidumpings.
▪ A principal frustração é de que houve esforços para excluir 
determinados setores das negociações.
Rodada 
Uruguai 1986
▪ Um dos objetivos consistia no estabelecimento de regras 
sobre propriedade intelectual e comércio de serviços.
▪ Frustrações em acordos nos setores têxteis e agrícolas.
▪ Acordo de Blair House – Base para os resultados das ne-
gociações agrícolas (1992).
▪ Projeto Dunkel.
▪ Criação da OMC (1994).
Fonte: Adaptado de Mesquita (2013).
Uma breve inspeção no Quadro 2 permite verificar algumas mudanças que foram 
realizadas no comércio internacional ao longo das décadas do pós-guerra. Além disso, Mes-
quita (2013), reitera que os resultados colhidos nos oito anos de negociações da Rodada 
Uruguai apresentaram amplitude, profundidade e de certa forma revolução sob os aspectos 
antes não tratados ou negligenciados nas negociações. Até então predominava, o sistema 
do GATT, mas este não possuía respaldo jurídico e apresentava fragilidade para as partes 
que não eram considerados membros devido ao Protocolo de Aplicação Provisória qual 
limitava as negociações ao comércio de produtos excluindo setores e cujo mecanismo de 
controvérsia era dependente do consentimento do reclamante. Dessa forma, o acordo de 
1994 que consolidou a Organização Mundial do Comércio (OMC) modificou consistente-
mente o sistema de comércio multilateral mundial.
70UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
SAIBA MAIS
A Marcopolo, principal fabricante brasileira de carrocerias de ônibus, figura entre uma 
das maiores multinacionais do mundo. Uma de suas principais características é a adap-
tatividade com relação às necessidades do cliente como foi o caso dos ônibus para 
Machu Picchu ou destinados a peregrinos que vão a Meca, a capital sagrada do Islamis-
mo. Além disso, emprega a estratégia de negócios conhecida como joint venture para 
investir em novos mercados mundiais oferecendo o conhecimento dos processos e em 
contrapartida recebe a adesão regional por meio de empresas locais.
Fonte: BELLINI, P. Marcopolo: Sua viagem começa aqui. 1. Ed. Editora: Elsevier, 2012.
REFLITA 
O fato é que cada exemplo bem sucedido de desenvolvimento econômico desse século 
passado, todos os casos de uma nação pobre que trabalhouseu caminho até um mais ou 
menos decente, ou pelo menos melhor padrão de vida, foi feito através da globalização, 
isto é, através da produção para o mercado mundial, em vez de tentar a auto-suficiência.
Paul Krugman
71UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) estudante, nesta unidade aprendemos sobre as principais características, 
conceitos e definições que abrangem o comércio internacional. Começamos com o proces-
so de globalização, definimos o termo e os fundamentos que deram início a esse processo 
no mundo por meio da liberalização e desregulamentação e, sobretudo, pelos esforços de 
liberalização dos termos de comércio exterior. 
Debatemos o ponto de vista a partir da perspectiva dos céticos e radicais, os primei-
ros não acreditam que haja transações comerciais internacionais e as que são aceitas são 
decorrentes de negociações realizadas dentro dos blocos econômicos. De forma análoga, 
os radicais aceitam o comércio exterior e reafirmam a sua existência em todas as partes. 
Ademais, explicamos a inserção das empresas no contexto econômico globaliza-
do dado a mundialização da economia e do capital enfatizando a posição das empresas 
multinacionais. Explicamos os três ciclos de Michalet além de adentrar sobre as teorias de 
internacionalização, nesse âmbito, estudamos o Modelo de Uppsala postulado pela Escola 
de Uppsala além de apresentar o Paradigma Eclético de Dunning e a consolidação das 
teorias que englobam a localização, competição monopolista, internacionalização e custos 
de transação culminando na OLI.
Finalmente, analisamos as práticas dos impactos das negociações internacionais 
por meio das Rodadas de Negociações como a Rodada Kennedy, Rodada Tóquio e Roda-
da Uruguai cujos esforços após oito intensivos anos resultaram na criação da Organização 
Mundial do Comércio (OMC) em 1994 qual entrou em funcionamento em 1995 e teve suas 
bases fundadas pelo Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.
72UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
LEITURA COMPLEMENTAR
RATTNER, H. Globalização: em direção a um mundo só? Estudos Avançados, 
v.9, n.25, 1995. DOI: 10.1590/S0103-40141995000300005.
 
RAMALHO, N. A. Processos de globalização e problemas emergentes: impli-
cações para o Serviço Social contemporâneo. Serviço Social & Sociedade, n.110, 2012. 
DOI: 10.1590/S0101-66282012000200007
73UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Teorias da Globalização
Autor: IANNI, O.
Editora: Civilização Brasileira
Sinopse: Segundo o relatório anual (1993) da UNCTAD (Conferên-
cia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), um 
terço da capacidade produtiva mundial no setor privado está sob 
controle direto ou indireto (através de subsidiárias ou associações 
locais) de TNCs - corporações transnacionais. Trinta e sete mil 
delas, com 206 mil subordinadas em todos os continentes, foram 
responsáveis por investimentos totalizando 2 trilhões de dólares 
no ano de 1992. Seus ativos no exterior geraram transações co-
merciais no montante de 5,5 trilhões de dólares. As 100 maiores 
TNCs têm sede em nações desenvolvidas, sendo a metade de 
suas subsidiárias localizadas no chamado Terceiro Mundo. Cabe 
a Octavio Ianni analisar o tema, investigar seu curso atual e con-
jecturar objetivamente sobre seus possíveis desdobramentos. 
Resultam deste enfoque o título e a própria natureza deste ‘Teorias 
da globalização
FILME/VÍDEO
Título: O Mundo Segundo a Monsanto
Ano: 2008
Sinopse: O documentário “O Mundo segundo a Monsanto”, exi-
bido nesta terça-feira pela TV franco-alemã Arte, traça a história 
da principal fabricante de organismos geneticamente modificados 
(OGM), cujos grãos de soja, milho e algodão se proliferam pelo 
mundo, apesar dos alertas de ambientalistas.
74UNIDADE IV Globalização e o Comércio Exterior
WEB
O documentário conta como as grandes empresas multinacionais que conhecemos 
hoje se formaram, qual a força política delas e mostra para onde devemos caminhar. Afinal, 
essa “cultura” de extrair as matérias-primas da natureza, utilizá-las e, em seguida, descar-
tá-las poderá acelerar o fim do homo sapiens.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Zx0f_8FKMrY

Outros materiais