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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Graduação em Nutrição
Rafaela Aparecida Paiva de Souza
 
O USO DE ADOÇANTES NÃO CALÓRICOS PODE TRAZER RISCOS À SAÚDE AO INVÉS DOS BENEFÍCIOS DESEJADOS?
Belo Horizonte
2018
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Graduação em Nutrição
Rafaela Aparecida Paiva de Souza
O USO DE ADOÇANTES NÃO CALÓRICOS PODE TRAZER RISCOS À SAÚDE AO INVÉS DOS BENEFÍCIOS DESEJADOS?
Projeto de estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica Ambulatorial, do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Orientadora: Tatiana Resende Prado Rangel De Oliveira
Belo Horizonte
2018
SUMÁRIO
1 RESUMO
2 INTRODUÇÃO
Após o fenômeno da Revolução Industrial, mudanças importantes ocorreram no estilo de vida das pessoas, como a alimentação que mudou drasticamente com aumento no consumo de alimentos processados e ultraprocessados, que são ricos em gorduras e açúcar e pobres em fibras. Tais mudanças trouxeram maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, resistência à glicose, síndrome metabólica, bem como modificações da microbiota intestinal do homem. (BOKULICH; BLASER, 2014)
Para contornar essas ocorrências, as pessoas em todo mundo começaram a incluir adoçantes não calóricos artificiais em suas dietas. Por não fornecerem valor energético o seu consumo começou a ser associado como auxiliar na perda de peso devido à menor ingestão calórica. (CHATTOPADHYAY, 2014)
Os adoçantes artificiais são aditivos alimentares, substitutos do açúcar de mesa, pois oferecem sabor doce muito intenso usando uma quantidade bem inferior que de sacarose com a vantagem de não serem metabolizados no organismo humano, fazendo com que não forneça energia. (CHATTOPADHYAY, 2014)
Em contrapartida, Suez et al (2014) identificaram em seu estudo que os adoçantes artificiais tem potencial para alterar a comunidade microbiana intestinal, levando à diversas alterações no metabolismo, sistema imune e crescimento, como a intolerância à glicose em organismo de camundongos e de humanos.
3 OBJETIVOS GERAIS
Realizar revisão na literatura atual sobre indicações e contra indicações do uso de adoçantes naturais e artificiais.
3.1 Objetivos específicos:
Confirmar se adoçantes naturais como Stévia são de consumo seguro para humanos. 
Identificar associação entre consumo de adoçantes com:
- ganho de peso;
- intolerância à glicose;
-obesidade;
- aumento no consumo energético;
-alterações na microbiota intestinal.
4 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão na literatura atual de 13 artigos publicados em inglês entre os anos de 2010 e 2014 e uma tese de doutorado de 2014. Os artigos foram previamente selecionados pela estagiária anterior que realizou as buscas na base de dados Medline (PubMed).
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
	Atualmente é crescente o número de pessoas que desenvolvem doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, obesidade, hipertensão e doença cardíaca, causado pelo consumo excessivo de açúcares em alimentos, doces, refrigerantes e tantos outros. Logo, os adoçantes artificiais estão recebendo muito mais atenção como opção dietética que proporciona o sabor doce do açúcar sem oferecer calorias, sendo especialmente útil no manejo da obesidade, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares. Quando dentro de um plano alimentar, é considerado seguro o consumo de adoçantes artificiais não calóricos. Em dois ensaios de até 10 semanas de duração, percebeu-se que a ingestão de energia foi reduzida em 250–500 kcal por dia por aqueles que consumiram adoçantes não calóricos em comparação aos que ingeriram sacarose no mesmo período. Comparação em outros estudos combinando o aspartame com o controle de peso, houve um redução média de cerca de 10% no consumo de energia diário, significando uma perda de peso de cerca de 0,2 kg/semana para um adulto de 75kg. (CHATTOPADHYAY; et al, 2014, RABEN; RICHELSEN, 2012)
	O uso da sacarina foi associado ao ganho de peso de 31.940 enfermeiras americanas analisados num período de oito anos na década de 1970. Observação semelhante com 166 crianças em idade escolar que consumiam refrigerante diet, acompanhadas por dois anos, identificou ganho de peso. E ainda, para cada porção diária de refrigerante diet ingerido pelas crianças, houve aumento de 0,16kg/m² no Índice de Massa Corporal (IMC). O National Heart, Lung, and Blood Institute Growth and Health Study realizou estudo por 10 anos com 2.371 meninas de 9 a 19 anos com ingestão regular de refrigerante diet, também encontrou relação desta ingesta com aumento do IMC, embora esta correlação IMC e refrigerante diet não tenha sido significativa. Um consenso de intervenção sugere que o consumo de adoçantes artificiais não auxilia na perda de peso quando usado sozinho. E, um relato interessante de que quando o açúcar era retirado secretamente e adicionado aspartame em seu lugar, uma redução imediata de 25% no consumo de energia foi alcançado. Por outro lado, quando esta troca foi revelada, ouve aumento na ingestão de energia total, sugerindo uma compensação calórica pela energia não consumida. (YANG, 2010)
Estudos recentes fornecem mais evidências de que a dieta induz distúrbios da microbiota residente, alteram sua função e composição, desequilibrando a saúde do hospedeiro. Para comprovar, Suez et al (2014) demonstraram que o uso dos adoçantes artificiais não calóricos, especificamente sacarina, sucralose e aspartame em camundongos aumentaram a intolerância à glicose, marcador de doenças metabólicas, como diabetes mellitus devido às mudanças na composição do gene microbiano, avaliada pelo “gatilho” do seqüenciamento metagenômico. Testes realizados em indivíduos humanos saudáveis com administração de sacarina por uma semana indicou que a maioria teve alteração da microbiota intestinal e pior resposta glicêmica, enquanto que no restante dos voluntários não houve nenhuma modificação. Evidenciando que o consumo de adoçantes teve um papel causal na disbiose microbiana e intolerância à glicose observada nesses pacientes, mas ainda assim, os fatores que contribuem para essa suscetibilidade não são claros e merecem uma investigação mais aprofundada. Variáveis como genética do hospedeiro, dieta, estado imunológico, doenças subjacentes e tratamentos médicos, influenciam a composição microbiana humana e poderia determinar respostas individuais ao consumo dos adoçantes artificiais. (BOKULICH; BLASER, 2014)
Stévia é uma nova opção na linha dos adoçantes naturais, extraída da erva Stevia rebaudiana, nativa da América do Sul. O corpo humano não tem enzimas capazes de metabolizar a stévia, portanto, não oferece calorias, os glicosídeos doces não são perdidos no calor, o que faz da stévia um ótimo adoçante culinário. Há ind´cios de que a stévia tem o potencial de diminuir a pressão arterial elevada e melhorar significativamente o estado nutricional de pacientes diabéticos. (RABEN; RICHELSEN, 2012). Um estudo observou um com homens adultos e outro com ratos de laboratório para avaliar efeitos do consumo da stévia sobre o ganho de peso. Uma parte do grupo dos homens recebeu por 15 dias uma solução de 30 a 50ml de extrato de stévia diluído em água (0,1%) e outra parte recebeu 0,3% de soluções de sacarina ou 10% de glicose, o mesmo foi realizado nos ratos (n=18 para cada grupo). Passados os 15 dias, o ganho de peso tanto para homens como ratos que consumiram o extrato de stévia e sacarina não diferiram significativamente. Enquanto que o ganho de peso de ambos os grupos foi significativamente mais elevado para aqueles que ingeriram o extrato de stévia do que os que receberam solução de glicose. (DAVIDSON; MARTIN; SWITHERS, 2010)
A tabela 1 foi elaborada com os adoçantes mais consumidos no Brasil, destacando suas características e informações mais relevantes. 
 (
Tabela 1. Principais adoçantes mais consumidos no Brasil e suas características
)
	Adoçante
	O que é?
	Informaçõesadicionais
	XYLITOL
	Álcool de açúcar, derivado da xilose, um monossacarídeo naturalmente encontrado em muitas frutas e legumes consumidos diariamente.
Para fins comerciais, o xilitol costuma ser extraído do milho ou então da casca de bétula.
	-adoçante de fonte natural
-possui o mesmo poder adoçante do açúcar, mas com quase metade das calorias
-não depende de insulina para ser metabolizado
-é bem tolerado por indivíduos diabéticos e com resistência à insulina
.
	SUCRALOSE
	Uma substância sintética, único adoçante derivado da sacarose, sem calorias, é largamente utilizado em produtos alimentícios.
É uma molécula extremamente estável, suportando altas temperaturas.
	-600 vezes mais doce que o açúcar
-a Sucralose é feita por meio de um processo patenteado de múltiplas etapas que começa com o açúcar e substitui seletivamente três grupos hidrogênio-oxigênio da molécula de açúcar por três átomos de cloro
-como resultado tem-se um adoçante com gosto de açúcar, porém sem calorias 
	ASPARTAME
	Este adoçante foi descoberto nos anos 1960 e possui um sabor muito semelhante ao do açúcar refinado.
	- é indicado para dietas que restringem o açúcar
-contraindicado para portadores de fenilcetonúria, gestantes e lactantes. 
Composição: ácido aspártico e fenilalanina, unidos por pequena quantidade de metanol.
Características: tem poder adoçante 200 vezes maior do que a sacarose
-Sensível ao calor, perde o poder adoçante quando submetido a altas temperaturas
	CICLAMATO
	Foi descoberto em 1939 e, também, tem gosto semelhante ao do açúcar, deixando um leve sabor residual.
	- não é metabolizado pelo organismo
- não existem dados suficientes para a indicação de consumo para gestantes, lactantes e crianças
- possui sódio, devendo ser evitado por pessoas hipertensas.
Composição: Ciclo-hexilamina (derivado do petróleo)
Características: tem poder de adoçar 40 vezes maior que o açúcar e não perde esta qualidade quando submetido a altas ou a baixas temperaturas
	SACARINA
	Sua descoberta foi no ano 1878 e foi o primeiro adoçante sintético que se tem notícia. Assim como o ciclamato, não é metabolizado pelo organismo.
	- mantém-se estável mesmo em altas temperaturas
- estudos feitos em animais revelaram que ele pode contribuir para o aumento de peso e obesidade
- contraindicado para gestantes, lactantes e crianças
Composição: produzida a partir do tolueno
Características: poder adoçante 500 vezes maior do que o açúcar, com grande sabor residual amargo
	STÉVIA
	A Stevia é feita a partir do glicosídeo de esteviol, que não tem calorias. Ele pode ser encontrado em pó ou em gotas. O extrato de stévia, feito apenas à base de reubadiosídeo é o composto mais doce da planta, o que evita o sabor amargo da Stévia.
	- adoça até 300 vezes mais do que o açúcar
- não possui contraindicações e não produz cáries. 
- não é metabolizado pelo corpo
- o consumo de stévia altamente refinada pode estar associada a alterações no sistema gastrintestinal como náuseas, sensação de plenitude gástrica e inchaço
 Composição: extraído de uma planta nativa da América do Sul conhecida como Stevia rebaudiana.
Características: é bem doce, tem poder 300 vezes maior que o açúcar. Mantém-se estável tanto em altas quanto em baixas temperaturas.
A tabela 2 apresenta suas indicações de uso para doenças crônicas não transmissíveis determinadas e prováveis efeitos indesejados causado pelo consumo frequente destes adoçantes, além do valor energético de cada um deles, se for o caso.
Destaca-se a variabilidade encontrada quanto ao valor calórico do Xylito.....
Tabela 2. Indicações, efeitos indesejáveis e ingestão aceitável dos adoçantes mais consumidos no Brasil
	Adoçante
	Valor calórico
	Diabetes
	Hipertensão
	Obesidade
	Efeitos indesejáveis possíveis
	Ingestão diária
aceitável
	Sacarina
	0
	Sim
	Não
	Não
	Alteração da microbiota
	15mg por kg de peso/dia
	Sucralose
	0
	Sim
	Sim
	Sim
	Dor de cabeça e enxaqueca
	5mg por kg de peso/dia
	Ciclamato
	0
	Sim
	Não
	Sim
	Alteração da microbiota
	11mg por kg de peso/dia
	Aspartame
	4kcal/g
	Sim
	Sim
	Sim
	Alteração da microbiota
Doenças neurológicas
	50mg por kg de peso/dia
	Stévia
	0
	Sim
	Sim
	Sim
	Náuseas, sensação de plenitude gástrica e edema
	4mg por kg de peso/dia
	Xilitol
	2,4kcal/g
	Sim
	Sim
	Não
	Ingestão >60g/dia produz efeito laxativo
	Na quantidade necessária para atingir adoçamento desejado
Segundo FDA
6 CONCLUSÃO
7 REFERÊNCIAS
BOKULICH, Nicholas A.; BLASER, Martin J.. A Bitter Aftertaste: Unintended Effects of Artificial Sweeteners on the Gut Microbiome. Cell Metabolism, v.20, nov., 2014.
BROWN, Rebecca J.; ROTHER, Kristina I.. Non-Nutritive Sweeteners and their Role in the Gastrointestinal Tract. J Clin Endocrinol Metab, ago., 2012. 
CHATTOPADHYAY, Sanchari; RAYCHAUDHURI, Utpal; CHAKRABORTY, Runu. Artificial sweeteners – a review. J Food Sci Technol, abr., 2014.
COX, Laura M.; BLASER, Martin J.. Pathways in Microbe-Induced Obesity. Cell Metabolism , New York, jun. 2013. 
FEEHLEY, Taylor; NAGLER, Cathryn R.. The weighty costs of non-caloric sweeteners. Nature, v.514, out. 2014. 
GREENHILL Claire. Not so sweet—artificial sweeteners can cause glucose intolerance by affecting the gut microbiota. Nature Reviews Endocrinology, v.10, n.637, nov. 2014.
PEPINO, M. Yanina; BOURNE, Christina. Nonnutritive sweeteners, energy balance and glucose homeostasis. National Institutes of Health, v. 14, jul. 2012.
PEREIRA, Ricardo Motta. Comparação das influências de diferentes edulcorantes sobre a distribuição intragástrica e o esvaziamento gástrico, sobre a glicemia, liberação de insulina e incretinas em voluntários assintomáticos. 2014. 142 f. Tese (doutorado). Programa De Pós-Graduação Em Fisiologia, Faculdade De Medicina De Ribeirão Preto, 2014. Disponível em: < http://bdpi.usp.br/single.php?_id=002474275>. Acesso em: 13 mai. 2018.
RABEN, Anne e RICHELSEN, Bjørn. Artificial sweeteners: a place in the field of functional foods? Focus on obesity and related metabolic disorders. Clin Nutr Metab, v.15, nov., 2012.
SHOAIE, Saeed; Jens NIELSEN. Elucidating the interactions between the human gut microbiota and its host through metabolic modeling. Frontiers in genetic, Gothenburg, v.5, abr. 2014. 
SHANKAR, Padmini; AHUJA, Suman; SRIRAM, Krishnan. Non-nutritive sweeteners: review and update. Nutrition, Statesboro, v.29, p.1293–1299, 2013.
SUEZ, Jotham; et al. Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature, out. 2014.
SWITHERS, Susan E.; MARTIN, Ashley A.; Davidson, Terry L.. High-Intensity Sweeteners and Energy Balance. National Institutes of Health, abr. 2010.
YANG, Qing. Gain weight by “going diet?” Artificial sweeteners and the neurobiology of sugar cravings. Yale Journal Of Biology And Medicine. Connecticut, v.83, p. 101-108, 2010.

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