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Relações interpessoais e comunicação Professor(a) autor(a)/conteudista Aparecida Bucater É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. Sumário Objetivos ......................................................................................................... 4 Introdução: os desafios do século XXI ............................................................ 4 Unidade 1 – Comportamento, dinâmica e conflitos .......................................7 1 Comportamento organizacional ................................................................... 7 2 Comportamento meso-organizacional ........................................................ 8 2.1 Dinâmica e funcionamento das equipes de trabalho ............................. 8 2.2 Dinâmica das equipes no mundo virtual .............................................. 13 2.3 Conflitos ............................................................................................... 16 Unidade 2 – Empatia, feedback e comunicação na equipe e organização ......20 3 Comportamento micro-organizacional: o indivíduo no grupo....................20 3.1 Autopercepção ..................................................................................... 21 3.2 Empatia ................................................................................................ 21 3.3 Percepção ............................................................................................ 22 3.4 Assertividade ....................................................................................... 25 3.5 Feedback .............................................................................................. 29 3.6 Comunicação na equipe e nas organizações ....................................... 33 Conclusão...................................................................................................... 40 Glossário ....................................................................................................... 41 Referências bibliográficas ............................................................................. 41 4/42 Objetivos Ao final deste estudo, os alunos devem ter ampliado seus conhecimentos sobre o comportamento das pessoas nas organizações e ter subsídios para refletir sobre seu próprio comportamento, buscando desenvolver sua competência interpessoal. Vídeo: Apresentação https://player.vimeo.com/video/369927446 Introdução: os desafios do século XXI Até a década de 1950, o ambiente organizacional estava voltado para situações conhecidas. Poucas mudanças aconteciam nas várias áreas do conhecimento humano, e as respostas ao ambiente externo eram praticamente as mesmas, com alterações pouco significativas. Então, em 4 de outubro de 1957, radioamadores do mundo todo começaram a escutar bip, bip, bip... Era o Sputnik no ar. Nesse mesmo ano, Jack Kerouac lançava On the road, e a sociedade acomodada pelo consumo começava a ter oposição na geração beat. A minissaia e a pílula anticoncepcional apareceram no final dos anos 1960, e o soviético Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, afirmava “A terra é azul” a bordo da Vostok-1, a primeira espaçonave a levar um ser humano ao espaço. Assim, tudo começou a mudar, numa velocidade nunca antes vista. 5/42 SAIBA MAIS Sputnik Figura – Sputnik Fonte: AuntSpray/shutterstock. O Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial da Terra. Foi lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957 na Unidade de Teste de Foguetes da União Soviética, atualmente conhecida como Cosmódromo de Baikonur. O Sputnik 1 era uma esfera de aproximadamente 58,5 cm e pesava 83,6 kg. A função básica do satélite era transmitir um sinal de rádio, “bip”, que podia ser sintonizado por qualquer radioamador nas frequências entre 20,005 e 40,002 MHz, emitidos continuamente durante 22 dias até 26 de outubro de 1957, quando as baterias do transmissor esgotaram sua energia. Jack Kerouac – On the road Jack Kerouac (1922-1969), representante do movi- mento beat, publicou em 1957 o livro On the road – pé na estrada. Responsável por uma forte revolução cultural, influenciou o movimento hippie e represen- tantes desse período, como os cantores Bob Dylan, Jim Morrison e até os Beatles. Movimento beat ou geração beat É o termo usado para descrever tanto um movi- mento literário que surgiu nos anos 1950 quanto o fenômeno cultural gerado por ele, que de certa forma ainda se reflete nos jovens de hoje. Colocava-se em oposição ao materialismo, à intolerância, ao tradi- cional modelo de vida americano – american way of life – da primeira metade do século XX e à ordem vigente logo após a Segunda Guerra Mundial. Figura – On the road Fonte: https://images-na.ssl-images-amazon.com/ images/I/8159dqtw25L.jpg. Yuri Gagarin – Vostok-1 Vostok-1 foi a primeira missão do programa espacial soviético denominado Vostok e a primeira missão tripulada da história, levando ao espaço Yuri Gagarin, cosmonauta e piloto da Força Área Soviética. 6/42 O raio laser, a estrutura molecular do DNA, o controle remoto, o McDonald’s, o circuito integrado, o pri- meiro cartão de crédito, tudo isso surgiu nessa época. O mouse apareceu em 1968, assim como o micro- processador. Em Long Island, Estados Unidos, surgiram os primeiros caixas bancários automáticos. A internet foi criada em 1973 com tecnologia desenvolvida por Vinton Cerf, e o post-it da 3M, em 1974. A Microsoft surgiu em 1975, com Gates e Allen; o microcomputador, em 1976, na garagem de Steve Jobs e Steve Wozniak. O modem foi criado em 1977, e a fibra ótica também. O sexo já não era mais tabu; minorias desenvolveram-se e marcaram espaços e direitos. As mulheres conquistaram novos papéis em todos os campos sociais e profissionais. CDs, Windows, culturas transgênicas, a WWW (world wide web), DVDs, a ovelha clonada Dolly, o Viagra... Os anos trouxeram avanços sensacionais na medicina e na engenharia, e o genoma humano está decodificado. A comunicação mudou com celular, iPod, iPhone, tablets, mobilidade total; conexão direta, sempre conectados. Você constatou que houve uma revolução tecnológica, como também uma evolução comportamental. Não importa o que veio primeiro, ou o que influenciou o quê. A realidade mostra que, além de uma extraordinária evolução tecnológica, também se desenvolveu uma indiscutível evolução do comporta- mento humano. Todos esses e muitos outros eventos impactaram e estão impactando as organizações, e as mudanças tecnológicas continuam. Trata-se de uma inovação disruptiva, a quarta Revolução Industrial – a revo- lução digital, da inteligência artificial e do que mais está por vir no século XXI. As mudanças sociais também são visíveis: respeito à diversidade, busca de qualidade de vida, de integração harmônica dos diversos papéis, engajamento social. Esses fatores continuarão afetando as pessoas e, consequente- mente, impactando as organizações. Figura – Mobilidade Fonte: ESB Professional/shutterstock. Os resultados das organizações dependem diretamente da compreensão que as pes- soas têm dessa evolução. Elas precisam perceber como devem agir no ambiente interno para continuamente adaptar-se e enfrentar o desafio de conquistar e man- ter a solidez dos empreendimentos. Isso porque as organizações obtêm resultados no ambiente externo, nos mercados em que atuam, como consequência das deci- sões internas, desenvolvidas e executadas conforme o comportamento organizacio- nal. Por outro lado, devem permitir que as pessoas tenham espaço para buscar seu desenvolvimento, para se sentir realizadas e encontrar satisfação, prazer e alegria no seu trabalho. 7/42 Unidade 1 – Comportamento, dinâmica e conflitos 1 Comportamento organizacional O ambiente interno – indivíduos,grupos e estrutura – favorece ou dificulta a eficácia organizacional. O estudo desenvolvido para se conhecer esse conjunto de relacionamentos e identificar como mantê-lo focado na eficácia refere-se ao comportamento organizacional. Robbins (2014, p. 6) fornece o seguinte conceito: Comportamento organizacional: um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia organizacional. Já Wagner e Hollenbeck (2003, p. 6) afirmam: “Comportamento organizacional (CO) é um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas”. Para os autores, ainda, o comportamento organizacional atualmente está dividido em três áreas distin- tas, baseadas nas ciências sociais: • Comportamento micro-organizacional, que se ocupa principalmente do comportamento do indi- víduo e tem sua orientação na psicologia. • Comportamento meso-organizacional, que se concentra na compreensão do comportamento das pessoas em grupos e equipes e desenvolveu-se a partir das pesquisas em comunicação, sociologia e psicologia social. • Comportamento macro-organizacional, que se concentra na compreensão da organização como um todo, considerada como uma entidade, e desenvolveu-se a partir da sociologia, da ciência política, da antropologia e da economia. Cabe ressaltar que, embora baseado em ciência, o estudo do comportamento humano não apresenta princí- pios universais que poderiam explicá-lo, dada a complexidade do ser humano. Embora seja possível apresen- tar explicações ou previsões válidas, elas estarão sempre sujeitas a condições situacionais ou contingenciais. Liderar pessoas em busca de resultados para a organização e satisfação para as pessoas torna-se mais desafiador para líderes do século XXI, que se deparam com um ambiente complexo e dinâmico. Ser capaz de entender as pessoas na sua individualidade e percebê-las, nos seus diversos papéis, como membros de um grupo é fundamental para a eficácia da liderança. Nossos estudos neste conteúdo estarão voltados para o micro e o meso-organizacional, já que estuda- remos alguns comportamentos do indivíduo e deste no grupo. Naturalmente, não cobriremos todos os aspectos envolvidos nessas duas áreas, mas abordaremos pontos importantes para o relacionamento entre as pessoas nas equipes de trabalho, que contribuem para a eficácia organizacional e a satisfação das pessoas, como segue: 8/42 Comportamento meso-organizacional: • Dinâmica e funcionamento das equipes de trabalho. • Dinâmica das equipes no mundo virtual. • Conflitos na equipe. Comportamento micro-organizacional: • Empatia. • Percepção. • Assertividade. • Feedback. • Comunicação. 2 Comportamento meso-organizacional Vídeo: Equipe https://player.vimeo.com/video/369927498 2.1 Dinâmica e funcionamento das equipes de trabalho Figura – Grupo ou equipe Fonte: Konstantin Chagin/Shutterstock. 9/42 Grupo ou equipe? Alguns autores utilizam essas duas expressões como sinônimas, outros mostram diferenças. Stephen Robbins (2014): • Grupo de trabalho: o desempenho é a somatória das contribuições individuais de seus membros. • Equipe de trabalho: um grupo em que os esforços individuais resultam em um desempenho maior do que a soma das partes. Para Fela Moscovici (1999, p. 5): [...] um grupo compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-lo de forma compartilhada. [...] Um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção a sua própria forma de operar e procura resolver os problemas que afetam seu funcionamento. Para Katzenbach e Smith (2001), uma equipe é um grupo de pessoas com aptidões complementares, comprometidas com um objetivo comum, que realizam trabalhos de forma interdependente e são cole- tivamente responsáveis pelos resultados. Os estágios de desempenho do grupo, segundo Katzenbach e Smith (2001), são: • Pseudo-equipe: mesmo trabalhando juntas, as pessoas não têm preocupação com desempenho coletivo, atuação individual. • Grupo de trabalho: as pessoas partilham informação, mas responsabilidades, objetivo e produtos são individuais. • Equipe potencial: as pessoas querem trabalhar em conjunto, mas precisam de esclarecimentos, orientação e precisam assumir efetivo compromisso em relação ao resultado coletivo. • Equipe real: compõe-se de pessoas que se complementam, estão comprometidas com resulta- dos e confiam umas nas outras, gerando sinergia. • Equipe de elevado desempenho: atende a todos os requisitos da equipe real e mais: seus mem- bros têm profundo compromisso com os resultados individuais e da equipe e o crescimento das pessoas. “Uma equipe é uma surpreendente, desconcertante, inconstante e tragicômica criadora de valores humanos” (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 13). Optamos por falar em equipes já que o desafio da Era do Conhecimento, que é a captação, o compartilha- mento e a difusão do conhecimento, somente poderá ocorrer por meio do trabalho nessa forma. O entendimento de como as pessoas interagem e qual é a dinâmica de um grupo facilita o aprendizado do trabalho em equipe, que pressupõe aprender a partilhar conhecimentos, ideias, espaço físico, recur- sos e aceitar a diversidade. Vamos estudar o comportamento da equipe a partir do modelo de funcionamento do grupo de Fela Moscovici. 10/42 Figura – Funcionamento do grupo 1) FORMAÇÃO Pessoas Valores Normas Sentimentos 4) FUNCIONAMENTO • Ojetivos • Motivação • Comunicação • Processo decisório • Relacionamento • Liderança • Inovação FUNCIONAMENTO DO GRUPO 2) CULTURA DO GRUPO 3) CLIMA DO GRUPO 6) DESEMPENHO DO GRUPO 5) COMPORTAMENTO DO GRUPO PRODUTIVIDADESATISFAÇÃO Individualização Sinergia Fonte: Moscovici (2008). O grupo é formado por pessoas, e tem valores e normas internas como consequência deles. Por exem- plo: amizade é um valor; não trair os amigos seria uma norma interna. Essas pessoas trazem suas cren- ças, sentimentos positivos como otimismo, entusiasmo, alegria e sentimentos negativos como medo, ansiedade. Trazem ainda suas boas e más experiências, seu estilo de vida, seus talentos e suas limita- ções, seus desejos, sonhos e expectativas. Cada um é um mundo a ser percebido e compreendido. Esse é o primeiro desafio da convivência em uma equipe de trabalho: entender e aceitar essas diferenças, de modo a se relacionar de forma saudável e produtiva com todos. 2.1.1 Cultura Juntos com suas diferenças individuais, as pessoas criam os valores, os sentimentos e as normas do grupo. Isso é o que se chama de cultura do grupo. As normas são padrões aceitáveis de comportamento, compartilhados pelos membros, e podem ser explícitas ou implícitas. São bem aceitas quando facilitam as relações e as atividades e quando estimulam a expressão dos valores do grupo. 11/42 No caso das equipes de trabalho na empresa, tem-se ainda a influência da própria estrutura, do negócio, do produto, da empresa, dos acionistas. Enfim, as equipes nas empresas influenciam e sofrem a influên- cia da cultura organizacional. 2.1.2 Clima A associação de condições variáveis como calor humano, crises, tensões, restrições, alegrias, inseguranças etc. pode gerar desde sentimentos de bem-estar e segurança até o oposto, mal-estar e insegurança, pas- sando por períodos de tensão, prazer, entusiasmo e frustração. Esse é o clima do grupo, alternando momen- tos de satisfação, sinergia e produtividade com momentos de individualismo, tensão e desmotivação. É preciso que o clima esteja propício para que as pessoas desenvolvam seu potencial de trabalhar, de se desenvolver, de ser feliz. Um clima saudável deve ser de confiança, respeito, colaboração, bom humor e alegria. 2.1.3 Funcionamento Nas equipes de trabalho, as pessoas vão interagir, comunicar-se e relacionar-se dentro de uma estrutura previamente definida. Buscarão atingir seus objetivos comuns por meio da realizaçãode determinadas tarefas, respeitando normas disciplinares e procedimentos. Poderão ainda: • estar mais ou menos motivadas a pertencer a essa equipe, a interagir, a realizar tarefas, a cumprir normas, a se comunicar; • aceitar ou rejeitar seus líderes; • estar mais ou menos abertas a inovações e mudanças. Figura – Equipe Fonte: Rawpixel.com/shutterstock. 12/42 Cabem alguns comentários sobre cada um destes elementos: Objetivos: darão o norte aos membros da equipe. Devem ser claros e de conhecimento de todos, desa- fiantes, mas possíveis de atingir. Devem ainda ser mensuráveis não só em relação aos resultados, mas também ao progresso realizado para alcançá-los. Devem mobilizar a equipe, o que nos remete ao próximo elemento. Motivação: é a quantidade de energia mobilizada para se atingir os objetivos. Sofrerá influência do clima organizacional e o influenciará fortemente. Uma verdadeira equipe deve ser capaz de dar reconheci- mento e fazer celebrações sinceras. Comunicação: é o que garante a interação entre as pessoas. Para que cumpra seu papel, os canais de comunicação entre os membros e destes com a liderança precisam estar desobstruídos, de modo que as pessoas se sintam livres para expor suas ideias, opiniões e questionamentos. Deve fluir leve, clara e transparente. Processo decisório: como são tomadas as decisões? De forma participativa? As pessoas são ouvidas? Em um grupo informal, normalmente, as pessoas participam de todo o processo decisório, mas, nas equipes de trabalho na empresa, muitas vezes as decisões são centralizadas, e a equipe recebe-as para implementar. Desse modo, o envolvimento dos participantes deve ocorrer sempre que possível. Deixar claros os motivos das decisões tomadas e sua importância para a consecução dos objetivos irá gerar maior comprometimento e motivação. Relacionamento: o grande questionamento é o quanto as relações são verdadeiras e espontâneas. Permeadas pela aceitação das diferenças e pelo respeito mútuo, devem permitir que os conflitos aflo- rem e sejam administrados. Esse é um elemento do funcionamento do grupo que tem alto impacto no clima grupal. Liderança: nos grupos informais, é escolhida pelos próprios membros, diferentemente do que ocorre na empresa. A relação entre líderes e liderados também dever ser de aceitação e respeito, com aber- tura para questionamentos e contestações. O líder precisa estar atento à dinâmica do grupo e interferir sempre que necessário, na busca da satisfação das pessoas e da produtividade coletiva. Deve ainda incorporar a dimensão humana: orientar e apoiar o crescimento individual, ajudando-as na realização de seus potenciais. Inovação: a sobrevivência do grupo depende de sua capacidade de interagir com o ambiente. Se este muda, o grupo tem que ser capaz de mudar, buscar novos caminhos, ser criativo, aceitar mudanças, aprender e desaprender. As pessoas são os agentes de mudança que podem transformar as organiza- ções em um lugar melhor para trabalhar e viver. 13/42 2.1.4 Comportamento do grupo O clima e a cultura compõem o ambiente onde irão interagir os elementos do funcionamento, influen- ciando e sendo influenciados por aquele. O resultado dessa interação poderá gerar comportamentos individualistas ou comportamento sinérgico. O comportamento sinérgico ocorre quando as pessoas interagem de tal maneira que consomem recur- sos em nível menor do que o retorno com que eles contribuem para os objetivos. O termo usado para descrever esse tipo de comportamento é derivado do grego (syn = junto) + (ergo = trabalho). No relacionamento sinérgico, uma ativa cooperação dos componentes humanos resulta em um efeito global maior que a soma do que cada um produziria separadamente. Simbolicamente, operar sinergicamente significa trabalhar em equipe. Nosso mundo está cheio de exemplos sinérgicos: o ferro (maleável) e o carbono (quebradiço) têm, cada um, certas características que, combinadas sinergicamente, os transformam em aço (flexível e resis- tente), uma liga mais forte do que cada um dos elementos separados. 2.1.5 Desempenho do grupo Uma relação sinérgica entre os membros proporcionará o que se espera de uma equipe de sucesso, que é a produtividade, representada pela eficiência e eficácia, e permitirá a satisfação das pessoas. Essa satisfação se dá quando as pessoas têm suas necessidades de serem produtivas reconhecidas, aceitas, amadas e respeitadas atendidas pelo grupo. Isso cria um ciclo virtuoso: pessoas satisfeitas mobilizarão mais energia, utilizarão todo seu potencial e serão mais produtivas, o que lhes dará mais satisfação. O efeito contrário também será verdadeiro, produzindo um ciclo vicioso de insatisfação e improdutividade. SAIBA MAIS Recomendamos que assista ao vídeo The Lord of the Dance. As apresentações do grupo mostram um bom exemplo de desempenho em grupo e sinergia, pois toda a apresentação depende da sincro- nia e da precisão dos membros do grupo. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=u_jTujiRdi8. 2.2 Dinâmica das equipes no mundo virtual “Quase real” é o significado de virtual, e essa palavra é usada para caracterizar as organizações e o pró- prio trabalho que utilizam intensivamente a tecnologia da informação. A transição da realidade tradicional – local físico de trabalho, produção, atendimento aos públicos – para a realidade virtual – transmitir e receber informações entre locais distantes – ainda está em curso. A comunicação entre locais distantes dispensa a presença física de clientes, funcionários, fornecedores e interessados na maioria das finalidades de relacionamento. 14/42 Figura – Realidade virtual Fonte: Monkey Business Images/shutterstock. Dessa forma, a organização pode estar em todos os lugares, abandonando a dependência física de um ou alguns locais estrategicamente instalados. Assim, a equipe tradicional sofre mudança significativa: os membros da equipe, com tarefas interdependentes e que compartilham responsabilidades, não esta- rão presentes fisicamente no mesmo local e se reunirão, na busca de seus objetivos, por meio de ferra- mentas tecnológicas. Essas são as equipes virtuais, que, segundo Hall (2009, p. 19), são “equipes que atuam em conjunto, em várias localidades, passam mais tempo colaborando umas com as outras por meio de tecnologias da comunicação do que cara a cara”. As equipes virtuais estão presentes nas organizações virtuais e em grandes empresas tradicionais que fazem uso delas para projetos ou áreas específicas. CURIOSIDADE Organizações virtuais são aquelas que desenvolvem suas atividades em redes – privadas ou internet –, normalmente sem recurso de estrutura física. A Amazon.com é um dos maiores exemplos. Já na década de 1990, a respeito da virtualização das empresas, Lévy (1996, p. 18) afirmava: A organização clássica reúne seus empregados no mesmo prédio ou num con- junto de departamentos. Cada empregado ocupa um posto de trabalho preci- samente situado e seu livro de ponto especifica os horários de trabalho. Uma empresa virtual, em troca, serve-se principalmente do teletrabalho; tende a subs- tituir a presença física de seus empregados nos mesmos locais pela participação numa rede de comunicação eletrônica e pelo uso de recursos e programas que favoreçam a cooperação. 15/42 Aqui precisamos também entender o que significa o teletrabalho ou trabalho remoto, que é aquele reali- zado fora do espaço físico da empresa com o apoio da telemática – associação das técnicas de teleco- municações com as da informática. Cabe ressaltar que, para alguns estudiosos, nem todo trabalho remoto pode ser classificado como tele- trabalho, uma vez que este último pode ser realizado dentro das dependências da empresa. Da mesma forma, equipes presenciais que podem compartilhar alguns momentos virtuais não se caracterizam como equipes virtuais. O home office ou trabalho em casa é um modelo de trabalho remoto e pressupõe uma estrutura de escri- tório – móveis, materiais e equipamentos – montada em casa, comacesso à internet e à rede interna da empresa, incluindo os sistemas operacionais necessários para o exercício da atividade. CURIOSIDADE Você sabia que, em 1926, Monteiro Lobato já previa o surgimento do home office? O que se dará é o seguinte: o radiotransporte tornará inútil o corre-corre atual. Em vez de ir todos os dias o empregado para o escritório e voltar pendurado num bonde que desliza sobre barulhentas rodas de aço, fará ele o seu ser- viço em casa e o radiará para o escritório, em suma: trabalhará a distância (LOBATO, 2008, p. 17). Se há vasta literatura a respeito das equipes presenciais, o mesmo não acontece com as virtuais. A administração, com apoio da psicologia, da sociologia e de outras áreas de conhecimento, continua pro- curando respostas ou princípios de gestão para orientar uma administração também virtual em relação às várias transformações técnicas, sociais e comportamentais ainda não estabilizadas. Entretanto, podemos aqui citar alguns estudos e refletir sobre as diferenças de alguns daqueles elemen- tos já estudados, segundo Fela Moscovici (2008). Objetivos: são o elemento que une e mobiliza as pessoas. Nas equipes virtuais, não é diferente, entre- tanto, a vulnerabilidade às distrações é maior, e o isolamento pode aumentar as incertezas. Isso pode facilmente tirar o profissional do foco, comprometer a produtividade e a consecução do objetivo. O líder precisará estar atento para reorientar o grupo e lembrá-lo com mais frequência das metas e do objetivo final. Cultura: nas equipes virtuais, o grande desafio do líder é ser capaz de transmitir os valores da organização, perceber, entender e compartilhar a identidade da equipe, fortalecendo o sentimento de pertencimento. Dinâmica e funcionamento da equipe: as pessoas que melhor se adaptarão às equipes virtuais são aquelas com alto grau de tolerância à ambiguidade, autodisciplina, facilidade de adaptação e iniciativa. Devem ainda gostar de tecnologia e ter facilidade em utilizá-la e estar preparadas para administrar o tempo e a relação com a família, em especial quando se trabalha em home office. 16/42 A competência interpessoal envolve a capacidade de se comunicar e, na equipe virtual, exigirá um nível de desenvolvimento que permita transmitir emoções e confiança por meio de mensagens escritas ou conversas sem a presença física, mediadas por canais como chat. Segundo Ambrosio (2013, p. 18), “[...] a confiança, um traço psicológico chave para o funcionamento de uma equipe colaborativa, é fator crítico para as equipes virtuais, devido à inexistência das formas tradicionais de interação e controle social”. Com relação à comunicação, as equipes virtuais necessitam dos mais variados recursos de tecnologia que permitam a comunicação vertical, horizontal e lateral, em qualquer nível e em qualquer tempo. Há também a necessidade de programar a transmissão de informações e de feedbacks assertivos com maior frequência, já que não há aquele contato informal – um encontro no café, nos corredores – que muitas vezes permite um feedback rápido ou a transmissão de uma informação importante. Sobre a motivação, pode-se questionar as necessidades sociais, de reconhecimento e de realização. A automotivação é considerada importante pelos estudiosos, assim como uma atuação do líder forne- cendo feedback, principalmente, partilhando os sucessos e reconhecendo os bons resultados. Por outro lado, a flexibilidade de horário de trabalho, a maior facilidade para equilibrar vida profissional e pessoal e o conforto de não precisar se deslocar têm se mostrado fortes elementos motivadores. Os estudos nessa área ainda estão em curso, e temos muito que aprender sobre o comportamento indi- vidual e grupal nas organizações e equipes virtuais. 2.3 Conflitos Eis algumas definições de conflito: • “Conflito é um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar, negativamente, alguma coisa que a primeira considera importante” (ROBBINS, 2014, p. 374). • “[...] Pessoas em posições antagônicas, caracterizando uma situação conflitiva” (MOSCOVICI, 2011, p. 212). Se procurarmos no dicionário, vamos encontrar que conflito é luta, combate, guerra, desavença, discór- dia. Podemos afirmar que essa era a visão tradicional do conflito, que o considerava prejudicial ao grupo e à organização. Já a Escola de Relações Humanas trouxe a visão do conflito como algo natural nos grupos e nas organi- zações. Consequência da relação entre as pessoas, era visto como inevitável e deveria ser aceito, sendo que em algumas situações poderia até ser positivo para o grupo. Atualmente, trabalha-se com a visão interacionista: “Convicção de que o conflito é não apenas uma força positiva em um grupo, como também absolutamente necessário para que seu desempenho seja eficaz” (ROBBINS, 2014, p. 375). Assim, podemos afirmar que conflito em si não é bom nem ruim. Sua intensidade, seu estágio de evolu- ção, seu contexto e, principalmente, a forma como é tratado vão definir suas consequências. 17/42 Consequências positivas: Dentro de uma visão mais ampla, o conflito previne a estagnação decorrente do equilíbrio constante da concordância, estimula revisão de conceitos e valores e serve como impulsionador de mudanças indivi- duais grupais e sociais. Consequências negativas: Por outro lado, o conflito pode reduzir a compreensão mútua, bloquear a comunicação, distorcer a per- cepção dos fatos, dos processos e dos objetivos, interferindo na realização do trabalho e comprome- tendo os resultados da equipe e o clima organizacional. Figura – Conflitos Fonte: Fred Ho/shutterstock. Assim, o conflito tanto pode ser uma força restritiva, atrapalhando o desempenho da equipe, como posi- tiva, construtiva para o crescimento do indivíduo e da equipe. Segundo Robbins (2014), nas organiza- ções, pode-se falar sobre três tipos de conflitos: • De tarefa – relacionado ao conteúdo e aos objetivos do trabalho. • De processo – sobre como se realiza o trabalho. • De relacionamento – baseado nas relações interpessoais. De tarefa e processo Conflitos de ideias e questionamentos sobre trabalho e processo que estimulam a criatividade e iniciam processos de mudanças são chamados de funcionais, ou seja, uma força construtiva. Por outro lado, quando as pessoas divergem totalmente sobre os objetivos, métodos e procedimentos, ou quando não recebem informações suficientes, ocorrem os chamados conflitos disfuncionais, que atuam como força restritiva e atrapalham o desempenho da equipe, gerando ansiedade, erros, retrabalho e fortes tensões. 18/42 De relacionamento Divergências ocorrem em função de valores, julgamentos éticos, necessidade e expectativas das pes- soas. Envolvem ainda a competência emocional: o quanto as pessoas entendem e sabem lidar com suas emoções, o quanto são capazes de utilizar a empatia, como se relacionam com autoridade, poder e status. Normalmente, envolvem emoções negativas e hostilidades e tornam-se disfuncionais. ACONTECEU A marca de camisas Dudalina sofre com um conflito interno. Leia a respeito: http://exame.abril.com.br/ revista-exame/os-dezesseis-filhos-de-adelina/. 2.3.1 Categorias de conflitos Segundo Robbins (2014), citando estudos de Louis R. Pondy, existem quatro categorias de conflito, bem como uma evolução de uma para outra, na ordem a seguir: Conflito latente Quando o conflito é subjacente, ou seja, está encoberto, não se manifesta claramente e não há, mesmo por parte dos envolvidos, uma clara consciência de sua existência. Nesse caso, pode-se ter uma vaga sensação da existência dele. O líder atento à sua equipe irá perceber a situação e observar se precisará ou não intervir. Conflito percebido Ocorre quando os envolvidos percebem, de forma racional, a existência do conflito, mas não há, ainda, manifestações abertas. É a fase de mais fácil solução, uma vez que ainda está no plano racional e fortes emoções não estão presentes. No caso do líder, é um ótimo estágiopara se reunir com os envolvidos e atuar como mediador, facilitador, mostrando-se imparcial e ajudando a identificar as causas reais e as possibilidades de solução. Conflito sentido Ocorre no plano afetivo, paralelamente à percepção do conflito no plano cognitivo. As pessoas envolvi- das “sentem” a existência do conflito, e as emoções começam a fluir. Nesse estágio, a mediação pelo líder poderá ser mais difícil, pois terá que lidar também com as emoções dos indivíduos, como raiva, medo e hostilidade, e ajudá-los a manter o equilíbrio emocional. Demonstrar imparcialidade, manter o equilíbrio e a serenidade são os desafios do líder para administrar o conflito e manter a equipe alinhada na busca de seus objetivos. Conflito manifesto É a explosão do conflito percebido e sentido em reações visíveis. Ele torna-se aberto e pode ser verifi- cado facilmente por terceiros. Aqui se mesclam o racional e o emocional, tornando mais difícil a solução. O ideal é que o líder atue antes desse estágio, pois nele muitas vezes será obrigado a utilizar sua autori- dade e tomar medidas radicais. 19/42 2.3.2 Por que precisamos aprender a conviver e administrar conflitos? • Para gerenciar mudanças – as empresas estão mudando em ritmo acelerado, e essas mudanças provocarão os mais diversos tipos de conflitos. • Para conviver com a diversidade – cada vez mais, os ambientes de trabalho tendem a ser formados por pessoas com idades, sexos e culturas diferentes, gerando risco maior de surgirem conflitos. • Tornar-se membro ou líder de equipes eficazes – o trabalho em equipe é estimulado e altamente valorizado nas organizações. Não restam dúvidas de ele que leva a resultados mais eficazes, mas por outro lado também pode gerar mais conflitos, que precisam ser administrados para conduzir essa equipe aos resultados esperados. 2.3.3 Administração dos conflitos Não devemos ter medo de confrontos. Até mesmo os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas. Charles Chaplin Diante do conflito, o animal ataca ou foge. O homem intervém e procura administrá-lo, transformando conceitos diferentes no interesse comum, obtendo sinergia de ideias. Essa abordagem de resolução de problemas permitirá que as posições, os sentimentos e as expectativas sejam colocados claramente, ajudando a lidar com os sentimentos de frustração, ressentimento e hostilidade que normalmente acom- panham discordâncias. Figura – Administração de conflitos Fonte: Robert Fowler/shutterstock. Permitirá, ainda, que os “adversários” canalizem suas energias para analisar o problema por vários ângu- los, buscando, sem negar suas posições, soluções criativas e cooperativas que satisfaçam a todos. 20/42 A administração de conflitos é uma das habilidades que compõem a competência interpessoal e, como todas as outras, pode e deve ser desenvolvida. Administrar o conflito pressupõe: • perceber as divergências como enriquecedoras, em vez de competição de certo ou errado; • tirar o conflito do nível íntimo e passional; • assumir o conflito, transformando-o em uma oportunidade para melhorias ao analisar a situação, fazer um diagnóstico objetivo e impessoal das suas causas e buscar uma solução negociada; • ser capaz de manter o equilíbrio emocional; • perceber que as pessoas são diferentes e que, ao discordarem de nós, não estão “procurando briga” ou querendo nos magoar: simplesmente têm percepção, expectativas e crenças e valo- res diferentes; • desenvolver o autoconhecimento, a percepção, a empatia, a paciência, a flexibilidade e a assertividade. Vídeo: Conflito https://player.vimeo.com/video/369927552 Unidade 2 – Empatia, feedback e comunicação na equipe e organização 3 Comportamento micro-organizacional: o indivíduo no grupo Vídeo: O indivíduo no grupo https://player.vimeo.com/video/369927610 Entender como o indivíduo se relaciona com o grupo e como contribui para que este se torne uma equipe de alto desempenho vai nos ajudar a ser profissionais mais eficazes e satisfeitos, em especial quando, na posição de gestores e líderes, somos também responsáveis por formar, conduzir e desen- volver uma equipe. 21/42 Pense em quantas vezes você já não se perguntou: “Como trabalhar bem com os outros? Como entender os outros e me fazer entender? Por que os outros não veem as coisas como eu vejo? Por que não perce- bem minhas intenções? Por que me interpretam erroneamente? Por que complicam tudo? Por que não podem ser práticos no trabalho e deixar os problemas pessoais de lado? Por que não deixam a emoção e os sentimentos de fora?”. Quem já não pensou assim em algum momento ou alguma situação? A convivência humana sempre foi difícil e desafiante. Mas será que podemos ter esperanças de alcançar uma convivência razoavelmente satisfatória e produtiva? A resposta é sim! Todos nós temos condições de aprender a conviver melhor e nos relacionarmos de forma saudável com as outras pessoas, desenvolvendo nossa competência interpessoal. Esse desenvolvimento envolve a autopercepção, a percepção do outro, a empatia, a comunicação, o controle das emoções e a administração de conflitos. Vamos procurar entender como isso funciona? 3.1 Autopercepção “Conhece-te a ti mesmo”, de Platão a Santo Agostinho, chegando aos estudiosos do comportamento humano e do autoconhecimento, é um “mantra” repetido constantemente. Assim, o primeiro desafio é ampliar o autoconhecimento: conhecer suas forças e fraquezas, perceber o impacto que suas palavras e posturas causam no outro, ter clareza de seus valores, de suas crenças, ser capaz de perceber suas motivações e emoções. Cada um de nós é um mundo a ser desbravado, e o primeiro passo é conhecer esse mundo. Aprender a usar suas forças, conhecer, aceitar e perdoar suas limitações, sabendo lidar com elas. Identificar o que precisamos desenvolver é importante e ajuda a sermos pessoas melhores, mas é muito importante per- ceber que não precisamos, nem devemos, buscar a perfeição, pois não vamos atingi-la. Conhecendo seu próprio mundo, ficará muito mais fácil entender o mundo do outro. 3.2 Empatia Entender o mundo do outro significa percebê-lo em suas particularidades, entender e respeitar as dife- renças individuais. É aí que se esconde a beleza da vida: todos são únicos e diferentes e sempre têm algo a ensinar. Não se deve esperar – e muito menos ser arrogante a ponto de imaginar ou querer – que os outros pensem e vejam as coisas como nós, que estamos certos e eles, errados. O outro é apenas diferente, não tem defeitos. Trabalhar em equipe significa lembrar constantemente que as pessoas diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir, e essas diferenças individuais são inevitáveis, com suas consequentes influências na dinâmica da equipe. 22/42 Praticar relações interpessoais saudáveis na equipe significa perceber o outro tal como se apresenta, estabelecendo uma atitude de empatia, compreendendo-o e respeitando sua individualidade. Usar a empatia significa colocar-se no lugar do outro, entender sua posição, seu ponto de vista. Entre- tanto, entender o ponto de vista do outro não significa que se está automaticamente concordando com ele. Reconhecer e concordar são duas coisas completamente diferentes. Para desenvolver a empatia, é preciso estar aberto a novos conceitos e formas de pensar e perceber os filtros mentais – preconceitos, crenças, ideias arraigadas – que estão turvando nossa percepção. É preciso também voltar-se para o outro, ter interesse genuíno no que ele está dizendo e demonstrar isso fazendo perguntas que permitam entender os sentimentos e as expectativas dele sem julgá-lo. Evite também fazer comparações com outras pessoas e situações, mesmo que mentalmente, para não bloquear ou dificultar a prática da empatia. 3.3 Percepção Percepção é o processo pelo qual as pessoas organizam e interpretam suas impressões para dar signifi- cado ao seu ambiente. Assim, podemos entender que percepção é a maneira como nós vemos, julgamos, conceituamos e qualificamosa nós mesmos – autopercepção –, a outras pessoas – percepção inter- pessoal ou heteropercepção – e também ao ambiente. Por que a percepção é importante no comportamento organizacional? Porque as decisões que as pes- soas tomam sobre seus comportamentos serão baseadas na sua percepção da realidade, que não necessariamente é a realidade. Figura – Percepção Fonte: Chamille White/shutterstock. 23/42 3.3.1 Fatores que influenciam a percepção Figura – Fatores que influenciam a percepção PERCEPÇÃO OBSERVADOR: Motivações Experiências Expectativas SITUAÇÃO Momento Ambiente ALVO: Novidade Movimento Som Tamanho Cenário Proximidade Fonte: adaptado de Robbins (2014). Já não aconteceu a você de pensar em comprar um carro de determinada cor e modelo e, de repente, repa- rar na rua quantos outros iguais circulam? Sua conclusão pode ser de que aquela cor está na moda ou que é um bom carro e tomar sua decisão de compra. Mas a realidade é que eles já estavam lá antes. Por que então não foram percebidos? Porque nossa atenção é atraída mais facilmente para situações que confir- mem nossas expectativas. Esse é um bom exemplo de como somos influenciados em nossa percepção. É o que chamamos de percepção seletiva. As pessoas interpretam seletivamente o que veem a partir dos seus interesses, antecedentes, experiências e atitudes. Nós não percebemos o mundo que nos rodeia como ele realmente é e não vemos as pessoas como elas são, mas de acordo com o que significam para nós. Quando consideramos um fato ou julgamos uma pessoa, utilizamos nosso quadro referencial, que é formado pelo conjunto de nossos valores, experiências, costumes, crenças, preconceitos, emoções, sentimentos, motivações e expectativas. Outro exemplo é o da influência dos chamados estereótipos. Eles ocorrem quando se julga alguém com base na percepção que se tem do grupo do qual fazem parte, coisas do tipo “profissionais mais velhos não conseguem aprender novas habilidades”. Já pensou em você como gestor tendo que definir quem de sua equipe deverá participar de determinado treinamento e deixando-se influenciar por um estereó- tipo desses? No efeito halo cria-se uma impressão geral de alguém com base em uma única característica, ou seja, a avaliação de um aspecto interfere na avaliação sobre outros fatores, contaminando o resultado geral. Por exemplo, uma pessoa simpática e sociável passa a ser vista como um bom comunicador. 24/42 SAIBA MAIS O conceito de efeito halo foi cunhado por Edward Thorndike, psicólogo, em 1920, a partir de seus estudos sobre como oficiais das Forças Armadas avaliavam seus subordinados. Os resultados foram surpreendentes, na medida em que havia uma forte correlação entre a avaliação das aptidões dos soldados e sua aparência física. Algo como se o soldado mais bonito – ou mais forte, ou com melhor postura – atirasse melhor do que os outros, fosse mais veloz, mais habilidoso com uma faca, bom de cálculo e tocasse piano como ninguém. Ou seja, se uma pessoa faz bem alguma coisa, ela fará bem todas as outras coisas – e também o con- trário: se faz uma coisa mal, fará mal todas as outras. Essa distorção de percepção muitas vezes leva o gestor a promover ou delegar novas atribuições a alguém que está se saindo muito bem em determinada posição ou atividade e ficar surpreso com a dificuldade dessa pessoa em se adaptar à nova situação. Estudos posteriores acrescentaram que o efeito halo era altamente influenciado pela primeira impressão. Isso pode ser percebido nas entrevistas de seleção, quando a boa impressão que se tem da aparência e da postura do candidato influencia na avaliação de suas competências, ou ainda nos programas de avaliação de desempenho, no qual o avaliador sofre a interferência da simpatia ou da antipatia que tem pelo avaliado. Nos efeitos de contraste, a avaliação de uma pessoa ou situação é afetada pela comparação com outras pessoas conhecidas ou situações vividas recentemente cujas características que buscamos avaliar sejam melhores ou piores. Mais uma vez, podemos pensar no processo seletivo: uma sequência de candidatos medíocres pode beneficiar um candidato razoável, que comparativamente parecerá ótimo. A teoria da atribuição propõe-se a explicar a forma como julgamos os comportamentos dos outros: quando observamos um comportamento, tentamos determinar se suas causas são internas ou exter- nas. O erro fundamental que a teoria aponta é a tendência das pessoas de subestimar a influência da causa externa nos comportamentos e superestimar a da causa interna. Veja um exemplo: uma pessoa de sua equipe chega atrasada. Você pode imaginar que o atraso foi causado por um tremendo engarrafamento – causa externa, sobre a qual ele tem pouco ou nenhum controle. Mas, como em geral acontece, pode atribuir a uma causa interna – sobre a qual a pessoa tem controle: assim, você logo irá imaginar que foi porque ele caiu na farra no dia anterior e perdeu a hora. Por fim, a projeção acontece quando se atribui, ou se projeta no outro, características que são da própria pessoa. Por exemplo, se você busca desafios em seu trabalho, assume que todos os membros da equipe também os buscam e ignora as famosas diferenças individuais. Até aqui, comentamos sobre distorções geradas pelo observador, mas também temos aquelas geradas pelo próprio alvo. Observe uma vitrine. Ela é organizada de forma a provocar determinada percepção: de que aquela roupa deixará toda mulher tão bonita (e sexy e charmosa) como o manequim. 25/42 Figura – Vitrine Fonte: Creative Lab/shutterstock. As cores, os contrastes, os sons, o tamanho e outras características do alvo influenciam a forma como ele será percebido. Assim, quando nos arrumamos ou preparamos uma apresentação, por exemplo, estamos interferindo no alvo para gerar determinada percepção. Da mesma forma, um colaborador com bom marketing pessoal poderá atrair mais a atenção do gestor do que outro que apresenta resultados iguais ou até melhores, mas que faz “menos barulho”. O questionamento que nos fazemos é: podemos desenvolver nossa autopercepção? Sim! E, embora não exista uma “receita de bolo”, algumas ações poderão ajudar no desenvolvimento da percepção: • Conhecer o processo de percepção e as distorções existentes, estar atento para quando ocorrem e buscar eliminá-las. • Treinar a atenção e a observação. • Ampliar o autoconhecimento: conhecer seus sentimentos, emoções, medos, conceitos e precon- ceitos, entender suas expectativas e motivações, percebendo como interferem na sua percepção, será um grande passo para melhorá-la. 3.4 Assertividade Duas variáveis, que podem ser colocadas em um eixo de coordenadas, definem os comportamentos dos indivíduos diante das mais diversas situações, em especial as de conflitos, como vemos na imagem. 26/42 Figura – Eixo de coordenadas Transparência de Linguagem - Autorrespeito PASSIVIDADE Alto AltoBaixo Respeito pelo outro ASSERTIVIDADE MANIPULAÇÃO AGRESSIVIDADE Fonte: elaborado pela autora. Comportamento agressivo Um comportamento agressivo caracteriza-se pela alta utilização da transparência ao expor suas ideias e sua posição, demonstrando muito autorrespeito e pouca empatia e respeito pelo outro. Ocorre quando, em busca de seus objetivos, a pessoa expressa seus desejos, seus sentimentos e seus pontos de vista subes- timando, ferindo ou humilhando a outra. A intenção é impor sua posição e suas ideias, vencer o outro. Figura– Comportamento agressivo Fonte: Ollyy/shutterstock. Pode ser físico: é o caso de alguém que empurra uma pessoa ou lhe dá um soco. Outro exemplo é a pos- tura superior e distante que uma pessoa toma ao entrar em contato com outra. Pode também ser verbal: quando alguém grita, usa palavras ásperas ou até palavrões ao se dirigir ao outro. Embora esses comportamentos possam, temporariamente, permitir que uma pessoa atinja seus obje- tivos, geram um ambiente de tensão, de insatisfação, de agressividade, provocando uma reação tam- bém agressiva. 27/42 Comportamentosubmisso O comportamento submisso caracteriza-se pelo alto respeito pelo outro e pela alta utilização da empa- tia com baixa transparência de linguagem. Ocorre quando uma pessoa não expressa seus sentimentos, pontos de vista, desejos. É um comportamento que pode ser utilizado, por exemplo, em situações em que o assunto em questão é mais importante para o outro do que para si. Se utilizado constantemente, reflete um comportamento de fuga e de autodesvalorização, que conduz à dificuldade em alcançar os próprios objetivos ou ao alcance de modo inadequado. Pode manifestar-se fisicamente: é o caso de alguém que, ao se dirigir à outra pessoa, abaixa a cabeça, desvia o olhar, treme, não sabe onde colocar as mãos. Pode igualmente manifestar-se verbalmente: é o que acontece quando alguém gagueja, não acha pala- vras para expressar o que pretende, faz um silêncio forçado entre uma palavra e outra ou entre uma frase e outra, numa árdua luta para encontrar os termos que deseja. Comportamento manipulador Caracteriza-se pelo modo utilizado pela pessoa para alcançar suas metas e atender às suas necessi- dades valendo-se de sentimentos, emoções, necessidades e fragilidades das outras pessoas, demons- trando baixo respeito pelo outro e baixa transparência na linguagem. Alguns autores denominam-no também de passivo-agressivo: não apresenta coragem para o confronto de posições, mas quer vencer o outro de qualquer forma. Consiste em dar, regular ou negar uma das quatro fontes de poder numa relação: bens materiais, infor- mações, tempo e reconhecimento. Nesse processo, provoca na pessoa manipulada sensações desagra- dáveis, por meio do medo, da culpa ou do suborno. A principal característica da comu- nicação manipuladora é a utilização da linguagem pouco direta na forma como expressa as suas intenções, recorrendo à insinuação como forma de manipular. As pessoas que utilizam esse comportamento são considera- das “atores” nas suas relações inter- pessoais, utilizando, muitas vezes, a chantagem emocional como forma de alcançar o que pretendem. Comportamento assertivo Podemos definir assertividade como a habilidade de expressar ideias e opi- niões, sentimentos afirmando seus direitos sem violar o do outro. Figura – Comportamento assertivo Fonte: g-stockstudio/Shutterstock. 28/42 O comportamento assertivo caracteriza-se por alta transparência na linguagem e alta empatia. Acontece quando, em busca de seus objetivos, a pessoa expressa seus sentimentos, desejos e pon- tos de vista com segurança e firmeza, mas sem ferir, menosprezar, humilhar, ou seja, sem agredir o outro. Vera Martins (2017) afirma que o comportamento assertivo é ativo, direto e honesto, promovendo uma comunicação ética. Isso, naturalmente, facilita o relacionamento entre os membros do grupo, criando um clima de respeito e cooperação. Fisicamente, ou seja, na linguagem não verbal, percebe-se o comportamento assertivo quando uma pes- soa demonstra segurança em sua postura, com gestos calmos e seguros, olha nos olhos da pessoa com quem está dialogando, sem agressividade no olhar. Expressa-se verbalmente pelo uso de palavras adequadas, sem vacilar, hesitar ou “perder a voz”, e num tom equilibrado e tranquilo. Podemos afirmar que a pessoa assertiva: • sente-se livre para se revelar, para ser autêntica, por meio de palavras e ações, afirmando o que sente, pensa e quer; • é capaz de se comunicar com outras pessoas em qualquer nível, sejam desconhecidos ou conhe- cidos, e essa comunicação é sempre aberta, direta, sincera e apropriada; • possui uma orientação ativa da vida: busca aquilo que quer, procura fazer com que as coisas aconteçam, em contraste com as pessoas passivas, que ficam à espera; • lida com os conflitos com mais facilidade, já que consegue negociar ouvindo com empatia e posicionando-se com clareza; • expressa seu desacordo, seu descontentamento, sua posição contrária de modo convincente, mas respeitoso; • desenvolve a autoconfiança, transmite credibilidade, sente-se menos estressada; • resiste com facilidade a tentativas de manipulação, ameaças, chantagem emocional, bajulação. Quando nos comportamos assertivamente, em vez de nos desvalorizarmos diante do outro, submeten- do-se a ele – comportamento submisso – ou desrespeitar o outro, “passando por cima” e submetendo-o a nossa vontade – comportamento agressivo –, expressamos nossos sentimentos autênticos sem agre- dir, respeitando o outro, colocando-se no mesmo nível dele e dialogando. Assim, quando um profissional expressa adequadamente seu desapontamento em relação a um com- portamento injusto de seu chefe ou elogia sinceramente um colega, está sendo assertivo. A seguir, vamos falar de uma importante ferramenta para a ampliação da autopercepção e do autoconhecimento. 29/42 3.5 Feedback Feedback é um processo de troca de informações, que pode contribuir para o autoconhecimento e ajudar a mudança de comportamento. O feedback eficaz ajuda o indivíduo ou grupo a melhorar seu desempe- nho e assim alcançar seus objetivos. Segundo Araújo (1999, p. 76): Dar feedback é a oportunidade que eu tenho de transmitir minha percepção a seu respeito (não a verdade sobre você), alimentando a nossa relação (pessoal ou profissional) para que ela seja mais satisfatória para nós dois. [...] Receber feedback é a oportunidade que eu tenho de conhecer e acatar a sua percepção ao meu respeito (seus valores pessoais, opiniões e expectativas em relação a mim, reações ao meu comportamento), compreendendo-o melhor e verificando quanto a sua percepção sobre mim é verdadeira. A arte de utilizar o feedback torna-se indispensável quando nos lembramos de que é preciso ter um melhor conhecimento de si próprio – a autopercepção – e ampliar a percepção do outro – a hetero- percepção – para manter relações interpessoais mais saudáveis e produtivas, liderar a equipe e gerir competências de maneira eficaz. Por que é difícil receber feedback? Vejamos algumas razões que dificultam a aceitação de feedback. Figura – Aceitação do feedback Fonte: Aleutie/shutterstock. 30/42 • É difícil, às vezes muito, aceitar nossas deficiências e ainda mais admiti-las para os outros, espe- cialmente em situações que possam afetar a nossa imagem ou nosso status, como pode ocorrer nas equipes de trabalho. • O receio em relação ao que a outra pessoa pensa a nosso respeito. • Um sentimento – às vezes vago e inconsciente – de que nossa independência está sendo invadida. • Sentimento de que o apoio que esperávamos esteja sendo negado quando ouvimos um feedback apontando inadequação a respeito de um comportamento para o qual esperávamos aprovação. • Perceber que teremos que descobrir e reconhecer algumas facetas de nossa personalidade que temos evitado ou desejado evitar. • Falta de confiança na pessoa que está dando feedback. • Colocar-se, principalmente em uma situação como a de um processo de avaliação de desempe- nho pelo superior hierárquico, como “vítima” ou “réu” que “tem que se submeter a isso”, em vez de perceber esse momento como uma oportunidade de desenvolvimento. Por que é difícil dar feedback? Não nos iludamos! Também é difícil dar feedback. Veja: • Gostamos de dar conselhos e, com isso, sentimo-nos competentes e importantes. Daí o perigo de pensar no feedback como forma de demonstrar nossa inteligência e habilidade, em vez de pensar na sua utilidade para o receptor. • Podemos reagir somente a um aspecto do que vemos no comportamento do outro, dependendo de nossas próprias motivações, e com isso tornamo-nos parciais e avaliativos, usando o feedback como desabafo ou agressão ao outro. • Podemos ainda temer as reações do outro – sua mágoa, sua agressão –, isto é, que o feedback seja mal interpretado, pois em nossa cultura ainda é percebido como crítica e tem implicações emocionais/afetivas e sociais muito fortes. • Muitas vezes, o destinatário de nosso feedback não está preparado psicologicamente para recebê- -lo ou não o deseja, nemsente necessidade dele. É preciso atentar para esses aspectos, que levam a uma fraca ou mesmo nula prontidão perceptiva e que constituem verdadeiro bloqueio à comu- nicação interpessoal. Se insistirmos no feedback, nosso interlocutor tenderá a evitá-lo, podendo duvidar de nossos motivos, negar a validade dos dados e racionalizar, procurando justificar-se. Algumas ideias sobre como superar essas dificuldades: • Procure estabelecer uma relação de confiança recíproca para diminuir as barreiras. Ela também é fruto de um ambiente que estimule sugestões e críticas construtivas por parte da equipe. • Procure ser descritivo em vez de avaliativo: quando não há julgamento, mas apenas o relato de um comportamento observado, reduz-se a necessidade de reagir defensivamente. Assim, o outro pode ouvir e sentir-se à vontade para utilizar a informação recebida como julgar conveniente. • Seja específico: quando se diz a alguém que ele é “dominador”, isso tem menos significado do que indicar seu comportamento em determinado momento. Exemplo: “Nesta reunião, mais uma vez, você não ouviu a opinião dos outros, e fomos forçados a aceitar a sua”. • Certifique-se de que seu feedback seja compatível com as necessidades do outro. Quando aten- der somente às suas necessidades, pode funcionar apenas como um “desabafo”, não trazendo contribuição positiva para o receptor. 31/42 • Dirija o feedback apenas para o comportamento que gostaria de ver mudado, e não para a pessoa. Quando direcionado a ela, acaba sendo interpretado como um ataque, gera mágoas, insegurança e ressentimento e provoca resistências. • Dirija o feedback para um comportamento que a pessoa possa mudar, caso contrário, somente acarretará frustrações, por reconhecer falha naquilo que não está em seu controle. • Seja oportuno com relação ao momento: em geral, o feedback é mais útil quanto mais próximo for do comportamento em questão. Mas é fundamental que ambos, emissor e receptor, não estejam sob tensão emocional. • Aprenda a dar feedback sem conotações emocionais intensas e de forma generosa: olhe para a pessoa, fale com clareza e objetividade e não seja demasiadamente incisivo nas palavras. • Aprenda a ouvir, a receber feedback sem reações emocionais intensas: olhe para seu interlocutor, escute atentamente, não se preocupando em replicar ou se justificar. Apenas ouça e reflita. Se julgar necessário, peça um tempo para analisar o que for dito e voltar a conversar. As organizações formalizam o feedback na avaliação de desempenho, desde o modelo mais tradicional, com o superior hierárquico avaliando o subordinado, até a avaliação 360°. Desse modo, criam as condi- ções para que todos possam conhecer melhor sobre seu próprio desempenho e seus comportamentos na organização, permitindo que as percepções individuais estejam mais próximas da realidade. SAIBA MAIS Avaliação 360° é aquela que permite que o profissional receba feedback de fontes múltiplas, como na figura a seguir. Figura – Avaliação 360° Gestor EMPREGADO Subordinado Co le ga Cl ie nt e Fonte: elaborado pela autora. 3.5.1 Como aplicar a técnica Deec Desenvolvida por Bower (1976), um estudioso do comportamento humano, a técnica Deec propõe um modelo para o feedback assertivo. • Descrever: fazer uma descrição clara, precisa e objetiva da situação. Descrever os pontos diver- gentes ou o comportamento da outra pessoa, sendo específico, evitando afirmações genéricas. 32/42 • Expressar: exprimir os sentimentos e os pensamentos que se tem em relação à situação. Seu interlocutor precisa entender que os comportamentos dele estão exercendo um impacto negativo sobre você ou sobre o grupo. Quando você explicita seus sentimentos ou pensamentos, a pessoa passa a saber claramente que o problema não é aceitável e precisa ser resolvido. • Especificar: apresentar uma alternativa à situação, indicando de modo específico as mudanças que você deseja e espera que ocorram. Saiba “vender” sua proposta para que o outro entenda, aceite e concorde e assim possa mudar o comportamento. • Consequência: evidenciar as consequências negativas se o comportamento indesejado continuar, e positivas se as mudanças solicitadas acontecerem, com ênfase nas positivas, naturalmente. Vejamos um exemplo: imagine que você empresta várias vezes os seus livros a um amigo, com prazer. Contudo, espera que, após serem lidos, eles sejam devolvidos, porque gosta de ter seus livros com você, mas seu amigo normalmente não os devolve e já solicita outro. Essa é a típica situação que pode trazer aborrecimento entre amigos se você agir por impulso e disser algo do tipo: “Não vou te emprestar livro nenhum enquanto não me devolver os que estão com você!”. Entretanto, usando a técnica do Deec: • Descrever: “Rui, tenho lhe emprestado vários livros, mas você não os devolve.” • Expressar: “Eu gosto de emprestá-los, até porque assim podemos discutir sobre eles, mas não me sinto bem quando você não os devolve. Eles são meus e, você sabe, gosto de tê-los na minha biblioteca”. • Especificar: “Vamos fazer o seguinte: eu continuarei emprestando com prazer, mas a partir de agora vamos combinar um prazo para que você os devolva”. • Consequências: “Vai ser interessante para nós dois: você pode continuar a ler o livro que quiser, e eu consigo ter a minha biblioteca organizada”. Vídeo: Feedback https://player.vimeo.com/video/369927654 Vídeo: Comunicação https://player.vimeo.com/video/369927695 33/42 3.6 Comunicação na equipe e nas organizações A comunicação é uma atividade própria e natural do ser humano, por meio da qual se tornam possíveis o relacionamento e a interação entre os indivíduos, permitindo que troquem informações, ideias, expe- riências e conhecimentos. Podemos afi rmar que não existe uma única atividade humana que prescinda da comunicação ou que não seja por ela afetada. Interagir, conviver, amar, ser amado, viver os papéis, ser aceito socialmente, enfi m, o ser social depende da comunicação. Por intermédio da comunicação, projetamos nossa personalidade. Como profi ssionais, a comunicação é o instrumento de integração com a equipe de trabalho e a organi- zação. É a ferramenta para “vender” a imagem profi ssional, as ideias, os projetos. A comunicação é uma forma de comportamento. É a resposta a um estímulo que sofre o impacto das sensações visuais, auditivas e táteis, inconscientemente é avaliado e gera uma resposta – tudo em questão de segundos. Portanto, está intimamente ligada à personalidade, às características pessoais, aos valores e às motivações. Comunicar é tornar comum alguma ideia, o que supõe a existência de um fator decisivo na comunicação humana: a compreensão. Pode-se dizer, então, que comunicar é transmitir informações a alguém, de modo que ele compreenda exatamente aquilo que se pretendeu informar. O modelo a seguir explica como se efetiva o processo de comunicação. Figura – Processo de comunicação AÇÃO CODIFICAR EMISSÃO RECEPÇÃO DECODIFICAR Sentimentos Atitudes Intenções Percepções Interpretações Experiências Sentimentos MENSAGEM (verbal e não verbal) Fonte: elaborada pela autora. 34/42 Quando esse esquema funciona perfeitamente, as coisas andam bem, mas, quando ele falha (e como falha!), é um grande problema. Mas, se é um esquema aparentemente tão simples, então por que ele falha? Figura – Falha de comunicação EMISSOR RECEPTOR BARREIRAS Fonte: elaborada pela autora. 3.6.1 Barreiras à comunicação São obstáculos que se interpõem entre emissor e receptor e que precisam ser superados para se con- seguir a comunicação efetiva. Essas barreiras podem estar localizadas na fonte, na transmissão ou na recepção da comunicação. Físicas São interferências da comunicação que ocorrem no ambiente em que esta se desenrola. Por exemplo, a distância entre as pessoas, conversas paralelas no grupo e outros ruídos do próprio ambiente. Linguagem Em função da região de origem, da formação técnica ou mesmo de nível cultural, apalavra pode ter signi- fi cado diferente para emissor e receptor. Outras vezes, a falta de clareza por desconhecimento do idioma ou por prolixidade torna a mensagem ininteligível. Psicológicas Surgem devido a emoções humanas (medo, raiva, inibição etc.), valores, preconceitos, estereótipos. As emoções atuam como fi ltros, criando uma distância psicológica entre as pessoas, impedindo que a men- sagem pretendida seja transmitida com a isenção, a objetividade, a precisão e a concisão necessárias. Podem ainda gerar reação de defesa: quando se sentem ameaçadas, as pessoas tornam-se defensivas, entendendo qualquer comentário como ameaça, e reagem com ataques verbais e excesso de julgamen- tos, comprometendo a efi cácia da comunicação. 35/42 Fontes concorrentes Ocorrem quando fontes diferentes, que deveriam transmitir mensagens iguais, transmitem mensagens conflitantes. Por exemplo, é comum, nas empresas, uma política ser comunicada oficialmente aos fun- cionários, porém, na prática, as ações do dia a dia transmitem uma mensagem diferente para eles. Outras duas fontes que muitas vezes se contradizem são a mensagem verbal e a não verbal. Por exem- plo, um pedido de desculpas acompanhado pela expressão corporal de raiva reprimida – punhos fecha- dos, olhar ameaçador – é mais facilmente percebido como raiva do que como arrependimento. Isso porque pesquisas comprovam que, quando o receptor é confrontado com uma mensagem não verbal que contradiz a verbal, ele tende a escolher a não verbal. Filtragem Ocorre quando o emissor “filtra” as informações, o que pode ocorrer basicamente em duas situações: • com a intenção de manipulação, buscando fazer com que a informação seja recebida de forma mais favorável ao receptor; • quando, na necessidade de sintetizar as informações, os interesses e as percepções de quem faz a síntese levam a filtragem. Diferenças de percepção Já vimos que a percepção é a maneira como as pessoas veem, julgam, conceituam, qualificam e inter- pretam os comportamentos dos outros. A percepção sofre a influência do quadro de referência, que é formado pelo conjunto de valores, experiências, costumes, conceitos e preconceitos. Por isso ocorrem as diferenças perceptivas, que são uma das principais barreiras à comunicação, interfe- rindo na forma como emissor e receptor selecionam estímulos, organizam dados e interpretam situações. Selecionam-se estímulos bloqueando os que não atendem às expectativas ou às necessidades ou ainda que não fazem parte do quadro referencial de alguém, escolhendo-se o foco de atenção. Organizam-se dados: • usando “figura-fundo”, ou seja, concentrando-se num determinado conjunto de informações, que passa a ser “figura”, merecendo, portanto, mais atenção. Todo o resto passa a ser “fundo”. Isso porque não se consegue ver figura e fundo ao mesmo tempo. Quando emissor e receptor não organizam figura e fundo do mesmo modo, ocorrem os desentendimentos que comprometem a efetividade da comunicação; • usando “conclusões”: o receptor completa os dados que faltam com inferências que, na maioria das vezes, levam a conclusões diferentes das pretendidas pelo emissor. Essa forma de organiza- ção costuma ser uma das fontes dos boatos que ocorrem nas empresas. Interpretam-se situações, influenciadas por: • atitude do emissor – seu tom de voz, postura, expressão facial; • ambiguidade da situação, em geral causada por fontes conflitantes; • diferenças perceptivas; • contexto psicológico, que leva o receptor a estar mergulhado em seus pensamentos, reagindo em função do que estava pensando e não do que está ouvindo. 36/42 Avaliação da fonte Essa é uma barreira que ocorre na recepção: normalmente, não se ouve o emissor de forma “pura”, procurando captar a mensagem em si. As pessoas deixam-se contaminar por seu quadro referencial, avaliando – positiva ou negativamente – a fonte de informação. É o caso da credibilidade da fonte, situação em que a confiança depositada na pessoa e/ou na sua posi- ção na organização pode levar à aceitação imediata da informação correta ou não. A falta de confiança gera a reação contrária: pode levar à rejeição de uma informação correta e importante pela falta de con- fiança na pessoa e/ou na organização. Figura – Falta de confiança Fonte: Fred Ho/shutterstock. CURIOSIDADE Confira algumas dicas para melhorar a comunicação: http://exame.abril.com.br/carreira/13-solucoes- para-melhorar-a-comunicacao/. Barreiras na transmissão No processo de comunicação, cabe ao emissor selecionar o meio (ou canal) mais adequado para facili- tar a recepção da mensagem. Há uma tendência natural do emissor em selecionar o meio que lhe pareça mais confortável, que sente que domina, por exemplo, optando por transmitir uma informação por telefone, em vez de utilizar uma comunicação interna como circular ou e-mail porque tem dificuldades em redigir. Em uma situação como essa, pode-se não selecionar o meio mais eficiente à clareza e à exatidão da mensagem. Robbins (2014) apresenta um modelo de hierarquia da riqueza de canais que pode orientar essa decisão. A riqueza reflete a quantidade de informação que pode ser transmitida durante um processo de comunicação. 37/42 Figura – Hierarquia de canais Hierarquia da Riqueza dos Canais Riqueza Do canal Mais rico mais pobre Rotineira. Clara Meio de Informação Conversa face a face Telefone E-mails Memorandos, cartas Folhetos, boletins e relatórios em geral Tipo de mensagem Não rotineira, ambigua Fonte: Robbins (2014). 3.6.2 Comunicação organizacional Para as empresas, o sistema de comunicação é de vital importância, uma vez que supre as unidades, os departamentos e as pessoas com informações, habilitando-os a alcan- çar seus objetivos pelo uso eficiente dos recursos disponíveis. A comunicação deve fornecer a departamentos e pessoas infor- mação e compreensão que os esti- mulem a realizar suas tarefas com eficiência e eficácia. Para o desempenho de qualquer função na empresa, existe a neces- sidade de informações adequadas sobre os aspectos motivadores, de coordenação e técnicos do cargo. Figura – Desempenho DESEMPENHO Informação de Coordenação: quem trabalha com quem? Informação Técnica: o quê? por quê? como? quando fazer? Informação de Motivação: estímulo Fonte: elaborada pela autora. 38/42 Informação técnica: o quê? Por quê? Como? Quando fazer? São informações sobre objetivos da tarefa, expectativas de desempenho e progresso, procedimentos, políticas e normas, que tornam possível às pessoas saber como realizar as atividades que lhes são atribuídas e avaliar o grau de perfeição e a qua- lidade do que estão realizando. Informação de coordenação: quem trabalha com quem? As empresas precisam coordenar os esforços departamentais e pessoais, a fi m de que os seus laços individuais de trabalho possam ser reunidos em um conjunto de desempenho efi caz para a organização em seu todo. Esse tipo de informação permite que as pessoas saibam quais os contatos necessários para realizar a tarefa, seus limites de atuação, políticas, normas e procedimentos administrativos. Informação de motivação: os estudos da motivação humana demonstram que as pessoas necessitam de estímulos para desenvolver e manter atitudes e sentimentos que contribuam para um desempenho efi caz. A informação de motivação pode ser transmitida por meio de estímulos verbais ou não verbais, demonstrados em gestos e comportamentos positivos. Tipos de informações nas organizações: Figura – Tipos de informações nas organizações DESCENDENTE HORIZONTAL ASCENDENTE RELATÓRIOS - SOLICITAÇÕES IDEIAS E SUGESTÕES - SENTIMENTOS INFORMAÇÕES GERAIS DETERMINAÇÕES AVALIAÇÕES - CORREÇÕES AUXILIO E ORIENTAÇÕES TROCA DE INFORMAÇÕES INTERAÇÃO INTERDEPARTAMENTAL Fonte: elaborada pela autora. As informações descendentes, em geral, relacionam-se com atribuição de tarefas, instruções e avalia- ções do desempenho. São comuns queixas dos subordinados sobre o desconhecimento deinforma- ções, que não chegam a eles, embora os superiores as possuam. Isso pode acontecer porque estes: • não percebem as necessidades dos subordinados de receber informações que os instruiriam e esclareceriam sobre seus papéis; • não dão informações aos subordinados, consciente ou inconscientemente, a fi m de mantê-los menos informados e assim mais dependentes; • não confi am nos subordinados; • selecionam as informações que acreditam poder afastar os subordinados da busca de objetivos importantes. 39/42 Por outro lado, os níveis gerenciais também não recebem, formal ou informalmente, as informações de que necessitam. Isso pode ter como causa: • diferença de poder e status entre superior e subordinado; • subordinados que não confiam nos superiores; • superiores que transmitem que não desejam ser informados; • superiores que “punem” os portadores de más notícias. Figura – Informações entre hierarquias Fonte: photovibes/shutterstock. Essas dificuldades de comunicação nas empresas comprometem a produtividade e a qualidade, gerando erros, retrabalho e desmotivação. Para melhorar a comunicação com os subordinados, o gestor deve: • abrir canais formais – reuniões, boletins etc. – e/ou informais – café da manhã, quadro de ideias – com sua equipe de trabalho para troca de informações, ideias e sugestões; • comunicar com clareza os objetivos do departamento, as metas pessoais e o padrão de desem- penho esperado da equipe; • fornecer feedback constante; • ouvir ativamente e com empatia, evitando preconceitos; • estar atento a conflitos e mal-entendidos para solucioná-los imediatamente; • estar atento às mensagens não verbais do grupo. 40/42 SAIBA MAIS Dado × informação Dado é o elemento em sua forma bruta que, por si só, não permite a compreensão da situação, por exemplo, número de funcionários da empresa, quantidade de produção. A qualidade dos dados, que deverão estar devidamente registrados, classificados e organizados, é condição básica para a qualidade da informação. Informação é o dado trabalhado, ou seja, analisado, relacionado e inter- pretado dentro do contexto, permitindo ao gestor tomar decisões, por exemplo, a produtividade do grupo de funcionários. Custo × benefício Os custos relativos à informação são os de coleta, processamento e distribuição. Esse custo inclui ainda o tempo, recurso administrativo caro e escasso para um profissional. A relação a ser feita é entre o custo para obter a informação e o benefício proporcionado pelo seu uso, buscando eficiência na utilização da informação. Oportunidade de distribuição Não basta a qualidade da informação para garantir sua eficiência. É necessário ainda o senso de oportunidade, a percepção do momento de incerteza na tomada ou mesmo na implementação de uma decisão. Relevância dos dados e/ou informações Recebe-se uma avalanche de informações na empresa e fora dela, o que normalmente gera ansie- dade pela obrigação de assimilá-las, de “estar bem-informado”, e ainda de estar “perdendo alguma informação”. Vencer a “síndrome da informação” e ser capaz de selecionar aquelas realmente impor- tantes para sua atividade é um dos grandes desafios dos profissionais. E mais: dados irrelevantes geram informações também irrelevantes! Começar a selecionar os dados a serem armazenados já é um bom início. Conclusão Aqui encerramos nossos estudos sobre alguns aspectos do comportamento organizacional. Natural- mente, não esgotamos o assunto. A proposta é que, de posse desses conhecimentos, você possa apro- fundá-los lendo, pesquisando, observando as pessoas nos seus diversos ambientes e refletindo. Ainda mais, que possa aplicá-los em sua vida pessoal e profissional contribuindo para um ambiente de traba- lho mais agradável e produtivo. 41/42 E mais importante: desenvolver a autopercepção, a autocrítica. Renovar suas atitudes, modificar seus comportamentos para a utilização plena de seu potencial, para encontrar a satisfação pessoal e tornar- -se um membro valioso em todos os grupos de convívio pessoal e profissional. Para encerrar, vamos ouvir algumas dicas úteis para a comunicação escrita com o professor Gasparetto. SAIBA MAIS Assista ao vídeo Habilidade do gestor para escrever - Gestão em 5 minutos, com o professor Gasparetto: https://www.youtube.com/watch?v=ittj01DNgaM. Glossário Sputnik O Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial da Terra. Foi lançado pela União Sovi&eacu- te;tica em 4 de outubro de 1957 na Unidade de Teste de Foguetes da Unão Soviética, atualmente conhecido como Cosmódromo de Baikonur. O Sputnik 1 era uma esfera de aproximadamente 58,5 cm e pesando 83,6 kg. A função básica do satélite era transmitir um sinal de rádio, bip, que podia ser sintonizado por qualquer radioamador nas frequências entre 20,005 e 40,002 MHz, emitidos continuamente durante 22 dias até 26 de outubro de 1957, quando as baterias do transmissor esgotaram sua energia. Organizações virtuais São aquelas que desenvolvem suas atividades em redes - privadas ou internet - normalmente sem recurso de estrutura física. A Amazon.com é um dos maiores exemplos. Referências bibliográficas AMBROSIO, C. D. D. Teletrabalho: um estudo exploratório dos principais fatores que influenciam a adoção formal do trabalho remoto no Brasil: estudo de caso múltiplo. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2013. ARAÚJO, A. Coach: um parceiro par o seu sucesso. São Paulo: Gente, 1999. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. HALL, K. Os 4 Cs nos negócios: maneiras rápidas e simples de administrar equipes e projetos nas organizações. Tradução de Otto Alexandre Monteiro Altorfer. São Paulo: Gente, 2009. KATZENBACH, J. R.; SMITH, D. K. Equipes de alta performance: conceitos, princípios e técnicas para potencializar o desempenho das equipes. Rio de Janeiro: Campus, 2001. LÉVY, P. O que é virtual? Tradução de Paulo Neves. São Paulo: 34, 1996. LOBATO, M. O presidente negro. São Paulo: Globo, 2008. MARTINS, V. Seja assertivo: como conseguir mais confiança e firmeza na sua vida profissional e pessoal. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. 42/42 MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 10. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001. MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008. MOSCOVICI, F. Equipes dão certo: a multiplicação do talento humano. 15. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013. ROBBINS, H.; FINLEY, M. Por que as equipes não funcionam. Rio de Janeiro: Campus, 1997. ROBBINS, S. P. Fundamentos do comportamento organizacional. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2014. WAGNER III, J. A.; HOLLEMBECK, J. R. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. Tradução de Cid K. Moreira. São Paulo: Saraiva, 2003.
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