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Tema 1 Teorias clássicas de comércio internacional

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DEFINIÇÃO
Apresentação da história das teorias econômicas sobre os determinantes do comércio
internacional, identificando as bases da teoria moderna de comércio.
PROPÓSITO
Compreender as bases das principais teorias modernas do comércio internacional, desde suas
origens.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a história do pensamento econômico em comércio internacional e os conceitos de
vantagens absolutas e comparativas
MÓDULO 2
Aplicar o conceito de vantagens absolutas e comparativas para a determinação de um
equilíbrio comercial
MÓDULO 3
Descrever os equilíbrios de comércio no modelo ricardiano
INTRODUÇÃO
Neste tema, abordaremos os principais conceitos e as teorias do comércio internacional.
No primeiro módulo, vamos trazer uma perspectiva histórica da evolução do comércio
internacional, assim como apresentar os conceitos de vantagem absoluta e comparativa a fim
de compreendermos sua existência e seu funcionamento.
No segundo módulo, determinaremos os níveis de comércio, consumo e produção que
promovem preços de equilíbrio nas economias de mercado. Com isso, definiremos um
equilíbrio global do comércio entre os países. Já no terceiro módulo, vamos analisar as
principais consequências que esse equilíbrio global pode gerar nas economias, como o
aumento da capacidade de consumo dos países. Com isso, você será apresentado aos
aspectos introdutórios e às teorias clássicas de comércio internacional.
Fonte: MNBB Studio / Shutterstock
MÓDULO 1
 Reconhecer a história do pensamento econômico em comércio
internacional e os conceitos de vantagens absolutas e comparativas
COMÉRCIO INTERNACIONAL NO
PENSAMENTO ECONÔMICO
Com a pacificação da Europa durante o final da Idade Média e o início da Idade Moderna (por
volta do século XV), observamos uma expansão significativa do comércio internacional e,
consequentemente, a necessidade de definição de políticas comerciais. Entre os séculos XV e
XVIII, em particular, as políticas comerciais foram baseadas num conjunto de prescrições de
política econômica que ficou conhecido como mercantilismo.
A essência do mercantilismo é a tentativa de obtenção sistemática de superavit comercial por
meio de políticas colonialistas e protecionistas. A base dessa tentativa foi a crença de que a
riqueza de uma nação seria medida pela quantidade dos bens que tivesse, especialmente
metais preciosos.
Esse entendimento ficou conhecido como bulionismo, ou metalismo. Atualmente, a riqueza das
nações é medida pela sua capacidade de produção de bens e não pelo seu estoque de
mercadorias.
Fonte: Phongphan / Shutterstock
Nesse sentido, a extração de metais preciosos tenderia a tornar um país mais rico (bulionismo
associado ao colonialismo), assim como a obtenção desses metais por meio do comércio,
estimulando exportações (por meio de subsídios e tarifas baixas para matérias-primas que
pudessem se tornar produtos exportáveis) e desestimulando importações (por meio de quotas
e tarifas sobre bens de consumo). Pode-se dizer que o mercantilismo assume que o comércio
internacional seja um jogo de soma zero:
QUEM EXPORTA, GANHA
QUEM IMPORTA, PERDE
No contexto histórico, esse raciocínio faz com que a política comercial e a política monetária
estejam interconectadas. A obtenção de superavit comerciais seria essencial para aumentar a
base monetária, uma vez que ela estaria relacionada à quantidade de metais preciosos
disponíveis no país. Por outro lado, a obtenção de deficit comerciais reduziria essa base.
Tal pensamento tem claras limitações. Uma das primeiras foi apontada por David Hume,
filósofo escocês do século XVIII. Em termos modernos, o pensamento de Hume pode ser
traduzido da seguinte forma:
BASE MONETÁRIA
Refere-se ao volume de dinheiro criado pelo Banco Central - isto é, moeda (em papel ou
metálica) e reservas bancárias em poder das entidades financeiras ou depositadas no
Banco Central.
Fonte: Wikipédia
DAVID HUME
David Hume (1711-1776) foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês que se tornou
célebre por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico.
Fonte: Wikipédia
Diante de um aumento de suas exportações, o país exportador teria um excesso de base
monetária, que seria traduzido num aumento do nível de preços de toda a economia (pois se
diminui o preço relativo do metal precioso usado como moeda).
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Esse aumento do nível de preços acabaria por estimular as importações e desestimular as
exportações, de modo que a prática de obtenção de superavit comerciais sistemáticos e
crescentes não seria sustentável. Nesse sentido, pode-se dizer que Hume defendia o livre-
comércio e que eram os fatores reais (e não a quantidade de meios de pagamento) que
determinariam a riqueza de uma nação.
Adam Smith foi um filósofo que reforçou as críticas de Hume. Para conhecer as suas ideias,
assista ao vídeo a seguir.
TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS
E MODELO RICARDIANO
A teoria das vantagens comparativas, que é a base da teoria neoclássica de comércio
internacional, promoveu o que é chamado de modelo ricardiano. Por exemplo, imaginemos
dois países em que os custos de produção de dois tipos de bens (em horas de trabalho) sejam
dados da seguinte forma:
Setor País A País B
Bem A 10 horas 20 horas
Bem B 4 horas 5 horas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
É fácil ver que o país A tem vantagem absoluta na produção do bem A e do bem B: ele
precisa de menos horas para produzir qualquer um dos bens. Portanto, uma estratégia
comercial baseada somente em vantagens absolutas sugeriria que os países A e B não
deveriam fazer comércio um com o outro.
Vamos supor agora que os países A e B disponham de 80 horas de trabalho, que são divididas
igualmente entre a produção dos dois bens – ou seja, cada setor tem 40 horas de trabalho
como insumo. Para saber quanto cada país vai produzir de cada bem, basta dividir 40 pelo
número de horas necessário para cada um deles, dado anteriormente. Dessa forma, o
equilíbrio de ambos em autarquia (países fechados, sem comércio) é:
Setor País A País B
Bem A 4 2
Bem B 10 8
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Partindo dessa situação, os países A e B resolvem fazer trocas comerciais. E a seguinte
sequência de eventos ocorre:
1
País B entrega 6 unidades do bem B para o país A ao preço de 2 unidades do bem A.
Como o país B importou o bem A, ele deixou de produzir duas unidades desse bem e foram
liberadas 40 horas de produção, durante as quais o país B produziu mais 8 unidades do bem B.
2
3
Como o país A importou 6 unidades do bem B, ele deixou de produzir 5 unidades desse bem,
liberando 20 horas de produção, durante as quais o país A produziu mais 2 unidades do bem A.
Ao final, as trocas alterariam a estrutura de produção dos países conforme podemos observar
a seguir:
Setor País A País B
Bem A 4 + 2 = 6 2 - 2 = 0
Bem B 10 - 5 = 5 8 + 8 = 16
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 COMENTÁRIO
Nota-se um aumento da especialização da produção global. O país B deixa de produzir o bem
A, passando a produzir somente o B. Por sua vez, o país A aumenta a produção do bem A e
reduz a produção do bem B.
O que ocorre com o consumo?
Para entender o que ocorre com o consumo, basta somar à produção de cada país a
quantidade de bens importada por ele. Tal processo é feito a seguir:
Setor País A País B
Bem A 6 - 2 = 4 0 + 2 = 2
Bem B 5 + 6 = 11 16 - 6 = 10
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 COMENTÁRIO
Nota-se, portanto, que o comércio entre esses países possibilitou que ambos aumentassem
seu nível de consumo, com mais unidades do bem B disponíveis. Nesse sentido, a troca
comercial possibilitou uma melhora de Pareto em ambas as economias.
O país A se concentrou na produção do bem A e o país B na produção do bem B. Seria
possível explicar esse comportamento com base na tabelados custos de produção de cada
bem em cada país? Vejamos:
País A
A produção do bem A tem somente 2,5 vezes o custo da produção do bem B.
País B
A produção do bem A tem 4,0 vezes o custo da produção do bem B.
Dizemos então que o país A tem vantagem comparativa na produção do bem A e o país B tem
vantagem comparativa na produção do bem B. Portanto, sair da situação de autarquia para
uma situação de livre-comércio, em que as trocas de bens são possíveis, fez com que
aumentasse a quantidade de bens disponíveis para consumo em ambos os países.
O aumento da quantidade de bens disponíveis para consumo faz com que aumente o bem-
estar.
VANTAGENS COMPARATIVAS E AS VANTAGENS
ABSOLUTAS
As vantagens comparativas, ao contrário das vantagens absolutas, levam em consideração
os custos de oportunidade de produção das economias. Em outras palavras, leva-se em
consideração o trade-off de produzir um ou outro bem na decisão de em quais mercados os
recursos devem ser alocados. Enquanto a vantagem absoluta é a comparação do custo de
produção de um bem entre diferentes países, a vantagem comparativa é a comparação do
custo relativo de produção de um bem em relação a outro no mesmo país, para diferentes
países.
Vamos nos aprofundar nesse conceito. Se a Inglaterra pode produzir, com todos os seus
recursos, 10 metros de tecido ou 5 garrafas de vinho, pode-se dizer que o custo da produção
das 5 garrafas de vinho são os 10 metros de tecido. Se, na França, pode-se produzir 10 metros
de tecido ou 50 garrafas de vinho, é como se as 50 garrafas de vinho tivessem o custo dos
mesmos 10 metros de tecido que, na Inglaterra, representariam somente 5 garrafas. Ou seja,
em termos globais seria mais vantajoso produzir vinhos na França e tecidos na Inglaterra.
Nesse sentido, o comércio mundial tem o potencial de aumentar a capacidade global de
produção de bens. Aumentando a capacidade de produção, aumenta-se também a
disponibilidade de bens para consumo.
Evidentemente, existe diferença entre o comércio oferecer a possibilidade de aumentar o bem-
estar e o comércio efetivamente aumentar o bem-estar.
Na prática, os equilíbrios competitivos são determinados por forças de mercado. A grande
questão que fica, portanto, é em que circunstâncias esses ganhos potenciais do comércio
global se traduzem em ganhos efetivos para as populações envolvidas.
Em outras palavras, precisamos determinar se os equilíbrios de mercado realmente convergem
para a situação na qual o livre-comércio aumenta o bem-estar global na linha do que a
especialização dos produtores em suas vantagens comparativas sugeriria.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. IDENTIFIQUE A AFIRMAÇÃO QUE MELHOR EXPLICA AS
POSSIBILIDADES DE GANHO DOS PAÍSES COM O COMÉRCIO
INTERNACIONAL:
A) Países com deficit na balança comercial estão necessariamente tendo perdas de bem-estar
decorrentes do comércio.
B) Países em livre-comércio nunca se especializarão na produção dos bens para os quais eles
obtenham vantagens absolutas.
C) Somente há ganho de comércio quando os países se especializam na produção de bens
nos quais obtêm vantagem absoluta.
D) A teoria das vantagens comparativas estabelece que países em livre-comércio se
especializarão na produção dos bens para os quais obtêm vantagens comparativas.
2. SOBRE O CUSTO DIÁRIO DE PRODUÇÃO DOS PAÍSES E DOS BENS
INDICADOS A SEGUIR, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
FRANÇA PORTUGAL
QUEIJO 5 HORAS 6 HORAS
VINHO 5 HORAS 4 HORAS
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
A) A França tem vantagem absoluta na produção dos dois bens.
B) A França tem vantagem comparativa na produção de vinho.
C) Portugal tem vantagem absoluta na produção de vinho.
D) Não há ganhos de bem-estar possíveis derivados do comércio entre os dois países.
GABARITO
1. Identifique a afirmação que melhor explica as possibilidades de ganho dos países com
o comércio internacional:
A alternativa "D " está correta.
Ao verificar as vantagens absolutas e comparativas, percebe-se que, num cenário de livre-
comércio, existem ganhos de Pareto associados à especialização dos países na produção dos
bens nos quais eles obtêm vantagens comparativas (ainda que sejam diferentes das vantagens
absolutas). Por isso, o equilíbrio de mercado competitivo tende a especializar cada país nos
setores em que eles têm vantagens comparativas.
2. Sobre o custo diário de produção dos países e dos bens indicados a seguir, marque a
alternativa correta:
França Portugal
Queijo 5 horas 6 horas
Vinho 5 horas 4 horas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A alternativa "C " está correta.
O tempo que um trabalhador português leva para produzir vinho é menor do que o tempo do
trabalhador francês; pode-se dizer que Portugal tem vantagem comparativa na produção
vinícola.
MÓDULO 2
 Aplicar o conceito de vantagens absolutas e comparativas para a
determinação de um equilíbrio comercial
FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE
PRODUÇÃO
No módulo anterior, discutimos as bases de comércio internacional e dos conceitos de
vantagens absolutas e comparativas. A ideia deste módulo é aprofundar a compreensão
desses conceitos por meio de aplicações. Vimos que países podem ter ganhos comerciais pela
especialização na produção dos bens nos quais tenha vantagem comparativa em relação aos
demais. Contudo, resta determinar quais são os níveis de comércio, consumo e produção que
são resultados de equilíbrio das economias de mercado.
Fonte: vectorfusionart / Shutterstock
Para fazer esse exercício, precisaremos construir modelos matemáticos para a produção dos
nossos países. Nesses modelos, vamos considerar que a economia tenha um único fator de
produção. Essa hipótese é relaxada em outros modelos de comércio internacional, mas, por
ora, ela é bastante útil para a compreensão do fenômeno que estamos estudando.
O único fator de produção da nossa economia é o trabalho. Desse modo, a capacidade
produtiva de cada economia na produção de cada bem pode ser medida pela produtividade
do trabalho.
Voltemos ao nosso exemplo dos países A e B, cujos custos de produção dos bens A e B estão
indicados a seguir:
Setor País A País B
Bem A 10 horas 20 horas
Bem B 4 horas 5 horas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Note que os números apresentados são justamente o inverso da produtividade dos países na
produção de cada um dos tipos de bem. Ou seja, se a produção, no país A, de uma unidade do
bem A leva 10 horas e a do B leva 4 horas, a produtividade do bem A é menor do que a do B (a
produtividade na produção do bem A é 40% da produtividade na produção do bem B).
 ATENÇÃO
Além da hipótese sobre a estrutura de produtividades, é importante considerar nessa análise
que as dotações de fatores de produção dos países são sempre limitadas. Nesse sentido, a
quantidade total de trabalho disponível nos países A e B é finita. Na prática, essa hipótese é
bastante razoável. Afinal, todos os países têm populações limitadas e a quantidade de horas
disponíveis para trabalho é finita.
De posse da tabela de produtividades e da quantidade de horas disponíveis para produção em
cada país (digamos que sejam 80 horas em ambos), podemos construir a fronteira de
possibilidades de produção (FPP) dessas economias. No nosso caso, a FPP é um gráfico de
dois eixos, em que cada um representa a quantidade produzida de um bem. No país A, nossa
FPP tem o formato do gráfico a seguir:
A linha azul representa uma combinação de quantidades de produção dos bens A e B que
consome todas as 80 horas de produção disponíveis no país. A construção dessa curva é
bastante simples. Vejamos:
Sabemos que a produção de cada unidade do bem A leva 10 horas.

Logo, se a economia do país A não produzir nada do bem B, o máximo que conseguirá produzir
do bem A é 8 unidades. Esse é o ponto (0, 8) do gráfico.
Da mesma forma, temos que:
Se o país A produzir somente o bem B, para o qual uma unidadeproduzida requer 4 horas.

Sabemos que só será possível produzir 20 unidades. Esse é o ponto (20, 0) do gráfico.
Como as tecnologias de produção são lineares, a FPP é uma reta que passa por esses dois
pontos. Todos os pontos entre a origem (ponto (0, 0)) e a reta azul são combinações de
produção do bem A e do bem B factíveis para a economia do país A.
 ATENÇÃO
Contudo, os pontos abaixo do segmento de reta estão subutilizando a quantidade de horas
disponíveis para produção. Ou seja, estão desperdiçando recursos.
Para exercitar os conceitos, vamos construir também a fronteira de possibilidades de produção
do país B.
Como no caso do país A, temos 80 horas disponíveis para produção. Como a produtividade do
bem A no país B é 1/20, o máximo que conseguiremos produzir do bem A, aplicando todas as
horas de produção disponíveis na confecção dele, são quatro unidades. Já do bem B, que tem
produtividade 1/5, podemos produzir até 16 unidades. A reta azul representa a combinação de
quantidades de produção dos bens A e B que esgota a quantidade de horas de produção
disponíveis no país B.
 ATENÇÃO
É interessante notar que a inclinação da fronteira de possibilidades de produção é exatamente
o custo de oportunidade do bem B em termos do bem A. Ou seja, quanto o aumento da
produção do bem B em uma unidade reduz a quantidade que se pode produzir do bem A.
Sempre que a fronteira de possibilidades de produção for uma linha reta, o custo de
oportunidade da produção de um bem em detrimento do outro será constante. Sendo q
j
i a
produção do bem i no país j, as nossas possibilidades de produção podem ser escritas
segundo as inequações a seguir:
10q
A
A + 4q
A
B⩽80
20q
B
A + 5q
B
B⩽80
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
As linhas azuis dos dois gráficos, que são as fronteiras das nossas possibilidades de produção,
podem ser expressas pelas duas equações a seguir:
10q
A
A + 4q
A
B = 80
20q
B
A + 5q
B
B = 80
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para sair do universo das possibilidades de produção para uma discussão sobre os níveis de
produção estabelecidos pelo mercado, é necessário incluir uma análise dos preços relativos
desses bens.
Fonte: Tendo / Shutterstock
PREÇOS E EQUILÍBRIO
Numa economia perfeitamente competitiva com somente um fator de produção, os salários de
cada um dos setores serão exatamente o produto marginal do trabalho. Portanto, sendo pi o
preço do bem i e sendo w
i
j o salário do setor que produz o bem i no país j, sabemos que são
válidas as igualdades expressas a seguir:
W
A
A=
PA
10
W
A
B=
PB
4
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Sabemos que o país A se especializará na produção do bem A caso w
A
A > w
A
B. Da mesma forma,
o país A se especializará na produção do bem B caso w
A
A < w
A
B. Se w
A
A = w
A
B, ambos os bens
serão produzidos. Usando as identidades anteriores, sabemos que a economia do país A se
especializará na produção do bem A caso 
pA
10 >
pB
4 . Ou seja, caso 
pA
pB > 2 , 5. Em outras palavras,
a economia do país A se especializará no bem A caso o preço relativo do bem A seja superior
ao diferencial de produtividades entre o bem A e o bem B.
Alternativamente, pode-se dizer que a economia do país A se especializará na produção do
bem A caso o custo de oportunidade da produção do bem A, em relação ao bem B, seja inferior
ao preço relativo do bem A, em relação ao bem B.
No vídeo a seguir, vamos reforçar esses conceitos.
Vamos considerar inicialmente uma situação sem comércio. A economia precisa produzir
ambos os bens. Logo, sem comércio precisamos ter w
A
A = w
A
B, para evitar especialização em
apenas um setor. Consequentemente, os preços relativos serão reflexo exato do diferencial de
produtividade entre os setores da atividade econômica. Repetindo a análise de salários para o
país B, temos as igualdades a seguir:
w
B
A =
pA
20
w
B
B =
pB
5
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Novamente, se w
B
A > w
B
B, o país B se especializará na produção do bem A. Se w
B
A < w
B
B, o país B
se especializará na produção do bem B. Se w
B
A = w
B
B, ambos os bens serão produzidos.
Traduzindo essas relações em preços relativos, o país B se especializará na produção do bem
A se 
pA
20 >
pB
5 , o que implicará 
pA
pB > 4 , 0.
Para prosseguir com essa análise, construiremos uma curva de oferta relativa, que relaciona
como a quantidade relativa de produção de cada um dos bens (a soma da produção do bem A
nos dois países dividida pela soma da produção do B nos dois países) está associada ao preço
relativo de ambos os bens (preço do bem A dividido pelo do B).
A curva de oferta relativa deve ser positivamente inclinada. Para construí-la, vamos analisar
cinco cenários de preço relativo, construídos a partir da análise realizada sobre a
especialização de cada uma das economias. Veja a seguir:
CENÁRIO 1
Caso 
pA
pB < 2 , 5, nenhum dos dois países produzirá o bem A, cuja oferta será zero. Assim,
ambos os países ofertarão o bem B no máximo das suas capacidades produtivas. A oferta do
bem A em relação ao B será zero.
CENÁRIO 2
Caso 
pA
pB = 2 , 5, o país A produzirá tanto o bem A como o B. Portanto, a quantidade total
disponível do bem A poderá variar de zero até 8 unidades, que é o máximo que o país A
consegue produzir. O país B estará totalmente especializado na produção do bem B, de modo
que ele fabricará 16 unidades. Ou seja, a oferta do bem A em relação ao B variará de zero a
8
16 = 0 , 5.
CENÁRIO 3
Caso 2 , 5 <
pA
pB < 4 , 0, o país A se especializará totalmente na produção do bem A, mas o país B
não produzirá nenhuma unidade de A. Então, a oferta do bem A em relação ao B será sempre
0,5.
CENÁRIO 4
Se 
pA
pB = 4 , 0, o país A se especializará na produção do bem A e o país B poderá produzir os
bens A e B. Nesse caso, a oferta do bem A em relação ao B pode ser de 0,5 a infinito.
CENÁRIO 5
Se 
pA
pB > 4 , 0, não haverá produção do bem B em nenhum dos países; todos os recursos serão
alocados para a produção do bem A. Logo, a oferta do bem A em relação ao B será infinita.
A partir dessa análise, é possível construir uma curva para a oferta relativa (RS) do bem A em
relação ao B na economia global.
Na curva, é possível ver que não haveria nenhuma oferta do bem A caso seu preço relativo
fosse inferior a 2,5. O equilíbrio de preços relativos e quantidades produzidas ocorre na
interseção entre as curvas de oferta e demanda. Nesse caso, portanto, resta determinar uma
curva de demanda relativa (RD) para definir em que ponto a economia global se equilibrará
nessas condições. A curva de demanda relativa pode ser construída tomando por base o efeito
substituição:

Aumentos no preço relativo do bem A tendem a fazer com que os consumidores demandem
mais unidades do bem B em relação ao bem A.
Logo, a curva RD é negativamente inclinada. Ambas as curvas (RS e RD) estão expressas no
gráfico a seguir.
Para essa composição de curvas, percebe-se que o equilíbrio de mercado ocorre com um
preço relativo de 2,5 e uma quantidade relativa produzida de cada bem por volta de 0,3. Nesse
ponto, o país B está totalmente especializado na produção do bem B e o país A produz ambos
os bens. Diante de um choque de demanda, nossa curva RD poderia se deslocar para RD’.
Nesse caso, poderíamos obter o equilíbrio do gráfico a seguir.
Percebe-se, agora, que o equilíbrio passa a ocorrer por volta do preço relativo 3, com a
quantidade relativa de equilíbrio em 0,5. Nessa situação, o país A está totalmente especializado
em produzir o bem A e o país B totalmente especializado na produção do bem B.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SUPONHA QUE OS TRABALHADORES DA FRANÇA E DE PORTUGAL
NECESSITEM, PARA A PRODUÇÃO DE UMA UNIDADE DE QUEIJO OU DE
VINHO, DA QUANTIDADE DE HORAS INDICADAS A SEGUIR:
FRANÇA PORTUGAL
QUEIJO 5 HORAS 8 HORASVINHO 5 HORAS 4 HORAS
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
SABENDO QUE A DOTAÇÃO DE HORAS DE PRODUÇÃO DA FRANÇA E
DE PORTUGAL É DE SOMENTE 80 HORAS, MARQUE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) Se o preço relativo do queijo (em relação ao vinho) for 0,75, a França vai se especializar na
produção de queijos.
B) Se o preço relativo do queijo (em relação ao vinho) for 0,80, Portugal vai se especializar na
produção de queijos.
C) Se o preço relativo do queijo (em relação ao vinho) for 0,40, Portugal vai produzir tanto
queijos como vinhos.
D) Se o preço relativo do vinho (em relação ao queijo) for 1,20, a França vai produzir tanto
queijos como vinhos.
2. SOBRE O CUSTO DIÁRIO DE PRODUÇÃO DE BENS DOS DOIS PAÍSES
E OS BENS INDICADOS A SEGUIR, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
ESTADOS UNIDOS BRASIL
CARROS 6 HORAS 16 HORAS
MOTOS 2 HORAS 4 HORAS
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
SABENDO QUE AMBOS OS PAÍSES DISPÕEM DE 96 HORAS DE
PRODUÇÃO E QUE A DEMANDA RELATIVA É DADA PELA EQUAÇÃO A
SEGUIR, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
= 2, 4𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA EQUAÇÃO UTILIZE
A ROLAGEM HORIZONTAL
A) O equilíbrio ocorre no preço relativo 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠 3, 2, com quantidade relativa 
𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 de 45.
B) O equilíbrio ocorre no preço relativo 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠 3, 6, com quantidade relativa 
𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 de 32.
C) O equilíbrio ocorre no preço relativo 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠 3, 2, com quantidade relativa 
𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 de 54.
D) O equilíbrio ocorre no preço relativo 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠 3, 6, com quantidade relativa 
𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 de 23.
GABARITO
1. Suponha que os trabalhadores da França e de Portugal necessitem, para a produção
de uma unidade de queijo ou de vinho, da quantidade de horas indicadas a seguir:
França Portugal
Queijo 5 horas 8 horas
Vinho 5 horas 4 horas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Sabendo que a dotação de horas de produção da França e de Portugal é de somente 80
horas, marque a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
Se o preço relativo do queijo for maior que a razão entre as horas dedicadas à produção de
vinho (4, em Portugal) e à produção de queijo (8, em Portugal), o país vai se especializar na
produção de queijo: é mais barato comprar vinho na França do que produzir em Portugal. Essa
razão é igual a 48 = 0, 5. Se o preço relativo é igual a 0,8, Portugal vai produzir queijo e,
portanto, a alternativa B está correta.
2. Sobre o custo diário de produção de bens dos dois países e os bens indicados a
seguir, marque a alternativa correta:
Estados Unidos Brasil
Carros 6 horas 16 horas
Estados Unidos Brasil
Motos 2 horas 4 horas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Sabendo que ambos os países dispõem de 96 horas de produção e que a demanda
relativa é dada pela equação a seguir, marque a alternativa correta:
𝑃𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
= 2, 4𝑄𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜𝑠
𝑄𝑚𝑜𝑡𝑜𝑠
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A alternativa "D " está correta.
Calculando:
𝑤𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜
𝐸𝑈𝐴 =
𝑝𝑐
6 , 𝑤𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜
𝐵𝑅 =
𝑝𝑐
16
𝑤𝑚𝑜𝑡𝑜
𝐸𝑈𝐴 =
𝑝𝑚
2 , 𝑤𝑚𝑜𝑡𝑜
𝐵𝑅 =
𝑝𝑚
4
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
E temos os seguintes critérios:
𝑤𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜
𝐸𝑈𝐴 > 𝑤𝑚𝑜𝑡𝑜
𝐸𝑈𝐴 ⇒ 𝑝𝑐𝑝𝑚 > 3
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Os EUA se especializam em carros (produzem 16 carros).
𝑤𝑐𝑎𝑟𝑟𝑜
𝐵𝑅 > 𝑤𝑚𝑜𝑡𝑜
𝐵𝑅 ⇒
𝑝𝑐
𝑝𝑚
> 4
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Brasil se especializa em carros (produz 6 carros).
A oferta relativa tem a seguinte forma:
Se 𝑄𝑐𝑄𝑚 <
16
24 =
2
3, a razão é 
𝑝𝑐
𝑝𝑚
= 3. Se 𝑄𝑐𝑄𝑚 >
2
3, a razão é 
𝑝𝑐
𝑝𝑚
= 4. Se 𝑄𝑐𝑄𝑚 =
2
3, então o preço relativo
deve estar no intervalo entre 3 e 4. Em particular, se o preço relativo é igual a 3,6, devemos ter
𝑄𝑐
𝑄𝑚
= 23. Portanto, a alternativa correta é a letra D.
MÓDULO 3
 Descrever os equilíbrios de comércio no modelo ricardiano
FRONTEIRAS DE POSSIBILIDADE DE
PRODUÇÃO E CONSUMO
No módulo anterior, definimos um equilíbrio global com comércio entre dois países. Neste
módulo, vamos explorar as consequências econômicas desse equilíbrio, assim como
desmistificar alguns dos principais equívocos do debate público sobre as vantagens
comparativas e o comércio internacional.
Fonte: Cq photo juy / Shutterstock
Um dos principais ganhos de comércio é o aumento da capacidade de consumo dos países
envolvidos. Nesse caso, o comércio faz com que as possibilidades de consumo estejam fora
das fronteiras de possibilidades de produção dos países envolvidos. Voltando ao nosso caso
dos países A e B, sabemos que o comércio pode levar o país A à especialização na produção
do bem A e o país B a se especializar na produção do bem B. Ao calcular as possibilidades de
consumo de ambos os países nesse cenário, temos uma situação parecida com a dos gráficos
colocados a seguir.
Ambos os gráficos mostram claramente como o comércio pode expandir as possibilidades de
consumo. O país A, ao se especializar na produção do bem A, pode expandir suas
possibilidades de consumo do bem B e o mesmo ocorre com o país B. Um dos pontos que
comumente se levanta na discussão de comércio internacional é o diferencial de salário entre
os países. As consequências distributivas do livre-comércio serão objeto de abordagem em
outro momento, mas o que foi desenvolvido até aqui já permite construir uma base para essa
discussão.
Nos mercados competitivos cuja produção demanda somente um fator, o salário é a
produtividade marginal do trabalho. Nesse sentido, como a especialização das economias
causada pelo comércio internacional faz com que cada país se especialize na produção dos
bens para os quais têm maior produtividade relativa, pode-se dizer que o comércio
internacional tende a melhorar a situação dos trabalhadores, sejam de países importadores ou
exportadores, independentemente do nível de salários da economia estrangeira.
No arcabouço teórico que estamos explorando, os salários maiores ou menores são muito mais
função de uma produtividade maior ou menor da economia do que um efeito do comércio
internacional.
GENERALIZAÇÃO PARA MAIS DE DOIS
BENS
Você deve ter percebido que toda a análise foi construída sobre economias que produzem
somente dois bens. Contudo, no mundo real, essa hipótese é muito simplista. Ainda que esse
arcabouço seja bastante útil para que possamos entender os principais fenômenos do
comércio internacional, é importante generalizarmos a análise anterior para mostrar que os
resultados obtidos também são válidos para economias que produzem mais de dois bens.
Permaneceremos com dois países e somente um fator de produção em cada país. Contudo,
em vez de cada país produzir somente dois bens, cada país produz N bens. Tomaremos por a
j
i
a quantidade de horas requeridas no país j para a produção do bem i (a
j
i é o inverso da
produtividade). Sem perda de generalidade, ordenaremos os i bens de modo a respeitar a
desigualdade a seguir para todo i.
A
A
I
A
B
I
<
A
A
I+ 1
A
B
I+ 1
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A seguir, fornecemos um exemplo com os requisitos de produção de quatro bens nos nossos
dois países.
Bem País A País B Razão (A/B)
Bem 1 1 10 1/10
Bem 2 2 8 1/4
Bem 3 4 4 1
Bem 4 8 2 4
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Considerando que cada economia paga um salário fixo para o trabalho em todos os setores,
temos o salário no país A (wA) e o salário no país B (wB). A especialização da produção entre
os países A e B dependerá,nesse modelo, de em qual país a produção dos bens é mais
barata. A produção do bem i será mais barata no país A caso a desigualdade a seguir esteja
satisfeita.
WAA
A
I <WBA
B
I

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Manipulando essa desigualdade, obtemos:
A
A
I
A
B
I
<
WA
WB
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Alternativamente, a produção do bem i será mais barata no país B caso a desigualdade a
seguir esteja satisfeita.
A
A
I
A
B
I
>
WA
WB
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Percebe-se, portanto, que a determinação de quais países produzirão quais tipos de bens
depende de uma comparação da taxa de salários 
wA
wB
 com os diferenciais de produtividade
de cada setor em cada país 
a
B
i
a
A
i
. Como os valores de i estão indexados na fração 
a
A
i
a
B
i
, pode-
se dizer que há um valor j que representa o maior valor de i para o qual vale a desigualdade a
seguir:
( )
( )
A
A
J
A
B
J
<
WA
WB
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Tomando a razão de salários como dada, os bens de 1 a j seriam produzidos no país A e os
bens j + 1 a N seriam produzidos no país B. Porém, a produção de bens distribuída por país
depende da quantidade de mão de obra disponível em cada um deles.
Como resolver esse problema?
Para resolver, podemos ajustar a taxa de salários de modo a considerar os diferenciais de
população nos dois países. Em outras palavras, pode-se construir um equilíbrio de mercado
em que são respeitados a quantidade de mão de obra disponível em cada país e os incentivos
à distribuição da produção dos bens entre os países.
Nesse equilíbrio, teremos como resultado a razão de salários da nossa economia (e não
precisaremos tomá-la por dada, como fizemos até agora).
Fonte: Syda Productions / Shutterstock
Como estamos falando de um equilíbrio do mercado de trabalho, que determina uma taxa de
salários, precisamos de uma curva que represente a demanda por trabalho e outra que
represente a oferta por trabalho. Afinal, determinar mais uma variável (taxa de salários) requer
a inclusão de mais uma equação em nosso sistema (demanda por trabalho igual à oferta por
trabalho). Oferta e demanda serão, como no caso anterior, curvas de oferta e demanda
relativas.
A oferta relativa por trabalho é razoavelmente simples de ser determinada. Supondo que a
razão de salários não altere a oferta de trabalho nas duas economias, a quantidade de horas
de trabalho disponíveis em cada país será, basicamente, uma função da sua população. Dessa
forma, a curva de oferta relativa de trabalho (RS) é vertical, pois não depende dos salários.
Resta-nos determinar a curva de demanda relativa por trabalho (RD). Ela será construída a
partir de cenários que levam em conta a produtividade dos países na produção de cada um dos
quatro tipos de bem. Vejamos:
CENÁRIO 1
Se a razão de salários for superior a 4, não compensa produzir nenhum bem no país A. Logo, a
quantidade relativa de mão de obra demandada é zero.
CENÁRIO 2
Se a razão de salários for igual a 4, somente o bem 4 será produzido no país A. Contudo, ele
também será produzido no país B. Desse modo, a quantidade de mão de obra demandada
será equivalente à capacidade de absorção da produção do bem 4 em todo o mundo, menos a
produção do bem 4 feita pelo país B.
CENÁRIO 3
Se a razão de salários estiver estritamente entre 4 e 1, somente o país A produzirá o bem 4, e
a quantidade de mão de obra demandada para essa produção será equivalente à capacidade
de absorção da produção do bem 4 em todo o mundo.
CENÁRIO 4
Se a razão de salários for 1, somente o país A produzirá o bem 4, mas o país A e o país B
poderão produzir o bem 3. Novamente, a demanda por mão de obra no país A será a
capacidade de absorção internacional da produção dos bens 3 e 4, menos a quantidade do
bem 3 produzida pelo país B.
CENÁRIO 5
Se a razão de salários estiver estritamente entre 1 e 
1
4 , o país A se especializará na produção
dos bens 3 e 4. Nesse caso, sua demanda por mão de obra será equivalente à capacidade de
absorção global da produção desses dois bens.
CENÁRIO 6
Se a razão de salários for 
1
4 , o país A se especializará na produção dos bens 3 e 4, mas
também poderá produzir o bem 2. Assim, a sua demanda por mão de obra será equivalente à
capacidade de absorção global da produção desses três bens, menos a quantidade do bem 2
produzida pelo país B.
CENÁRIO 7
Se a razão de salários estiver estritamente entre 
1
4 e 
1
10 , o país A se especializará na produção
dos bens 2, 3 e 4. Portanto, a sua demanda por mão de obra será equivalente à capacidade de
absorção global da produção desses três bens.
CENÁRIO 8
Se a razão de salários for 
1
10 , o país A se especializará na produção dos bens 2, 3 e 4, e
poderá também produzir o bem 1. Então, a sua demanda por mão de obra será equivalente à
capacidade de absorção global da produção desses quatro bens, menos a quantidade do bem
1 produzida pelo país B.
CENÁRIO 9
Se a razão de salários for estritamente menor que 
1
10 , o país A se especializará na produção de
todos os bens. Nesse caso, sua demanda por mão de obra será equivalente à capacidade de
absorção global da produção desses quatro bens.
Portanto, a demanda relativa por mão de obra é decrescente na razão de salários: quanto mais
a razão de salários diminui, mais a demanda por mão de obra aumenta. O resultado pode ser
resumido no gráfico a seguir:
Pelo resultado do gráfico, teríamos uma razão de salários entre as economias de 1,0, com o
país A produzindo o bem 4 e o bem 3, e o país B produzindo os bens 1, 2 e 3.
Para saber mais sobre a relação de custos e a comercialização de bens, assista ao vídeo a
seguir.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SUPONHA QUE OS TRABALHADORES DOS PAÍSES A E B
NECESSITEM, PARA A PRODUÇÃO DE CINCO TIPOS DE BENS, DA
QUANTIDADE DE HORAS INDICADA NA TABELA A SEGUIR.
BEM PAÍS A PAÍS B
BEM 1 2 9
BEM 2 4 6
BEM 3 3 3
BEM 4 10 2
BEM 5 4 3
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Se a razão de salários entre os países A e B for 2, o país A produzirá somente os bens 1, 2
e 3.
B) Se a razão de salários entre os países A e B for 12, o país A produzirá somente os bens 1 e 2.
C) Se a razão de salários entre os países A e B for 1, o país A necessariamente será o único a
produzir o bem 3.
D) Se a razão de salários entre os países A e B for 0,9, o país A produzirá somente os bens 1,
2 e 3.
2. SOBRE O MODELO RICARDIANO, MARQUE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) Não é possível incorporar custos de transporte no modelo ricardiano.
B) Os ganhos com comércio alteram a fronteira de possibilidades de produção dos países
exportadores.
C) O modelo ricardiano prevê que países com baixa produtividade também possam se
beneficiar do comércio com outras nações.
D) Somente países superavitários na balança comercial extraem ganhos de comércio.
GABARITO
1. Suponha que os trabalhadores dos países A e B necessitem, para a produção de cinco
tipos de bens, da quantidade de horas indicada na tabela a seguir.
Bem País A País B
Bem 1 2 9
Bem 2 4 6
Bem 3 3 3
Bem 4 10 2
Bem 5 4 3
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Marque a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
Ao discutir o modelo ricardiano com múltiplos bens, apresentamos as curvas RD e RS para o
mercado de trabalho. Nesse processo, mostramos que a razão de salários é capaz de
determinar quais bens serão produzidos por cada país.
Com base nos dados fornecidos, podemos construir a seguinte tabela de produtividades:
A B Razão A/B
Bem 1 1/2 1/9 4,5
A B Razão A/B
Bem 2 1/4 1/6 1,5
Bem 3 1/3 1/3 1,0
Bem 4 1/10 1/2 0,2
Bem 5 1/4 1/3 0,75
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Se a razão 𝑤𝐴𝑤𝐵 é iguala 0,9, como indicado na letra D, o país A produz os bens 1, 2 e 3 (razão
A/B acima de 0,9); e o país B produz os bens 4 e 5 (razão A/B abaixo de 0,9).
2. Sobre o modelo ricardiano, marque a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
Na discussão de vantagens comparativas e vantagens absolutas, mostrou-se que, pelo modelo
ricardiano, as vantagens comparativas são o fator essencial para definir a alocação de recursos
nas economias quando há comércio internacional. Dessa forma, países pobres também podem
se beneficiar das trocas comerciais.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, introduzimos as principais teorias do comércio internacional e traçamos um
panorama histórico de sua evolução. Ao apresentarmos conceitos de vantagem comparativa e
absoluta, pudemos perceber como países podem se beneficiar com o comércio internacional.
Vimos também que, a partir do comércio internacional, economias alcançam um equilíbrio
global com certos níveis de consumo e produção.
Ao final, apresentamos as consequências desse equilíbrio global na economia e esclarecemos
equívocos do debate público em relação ao comércio internacional. Assim, temos certeza que
você poderá consolidar seus conhecimentos sobre o assunto.
REFERÊNCIAS
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. Economia internacional. 10. ed. São Paulo:
Pearson, 2015.
EXPLORE+
Para aprofundar os estudos sobre o modelo ricardiano, leia:
Os capítulos 2 e 3 do livro Economia internacional (2015), de Paul Krugman, Maurice
Obstfeld e Marc Melitz.
O artigo, em inglês, Lecture Note 7: Ricardian Models of Trade (2018), de David Autor.
CONTEUDISTA
Livio Ribeiro
 CURRÍCULO LATTES
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