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Logística internacional: sistemas de transporte internacionais Autor Glauco Roberto Pereira Silva Introdução A aula sobre os sistemas de transportes internacionais tem como característica geral a apresentação dos modais de transporte. Visa ainda apresentar noções de logística; intermodalidade e multimodalidade. Apresenta ainda a logística integrada e a reversa, bem como algumas características dos modais de transporte aeroviário, aquaviário, rodoviário, ferroviário e dutoviário. Destaca a importância da multimodalidade como ferramenta de competitividade para o nosso país na competição mundial, bem como na melhoria dos serviços de transporte para a cadeia de fornecimento doméstica. Neste módulo iremos tratar de um assunto muito importante e interessante: logística internacional. Videoaula - Sistemas de transporte internacional Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416216355] . Sistema de transporte1 Não existe comércio exterior sem transporte. Este será um tema fundamental que será objeto de estudo neste módulo. É o estudo do deslocamento de bens de um ponto a outro na rede logística global, respeitando as restrições de integridade da carga e confiabilidade dos prazos. Deve-se lembrar que o transporte não agrega valor aos produtos, mas é um serviço fundamental para que estes cheguem ao seu ponto de aplicação, de forma a garantir o melhor desempenho dos investimentos dos diversos agentes econômicos envolvidos no processo, ou seja, a qualidade do serviço. Sistemas de transporte internacionais1.1 Figura 1 – Sistemas de transporte internacionais Fonte: Nerthuz/iStock A seguir serão descritos os principais elementos que compõem os transportes: embarcador: é aquele que dispõe legalmente da mercadoria e deseja seu transporte; transportador: quem toma a responsabilidade de transportá-la, assumindo os riscos da operação; destinatário: é aquele a quem está consignada a mercadoria adquirida; mercadoria: objeto a ser transportado. Confere caráter mercantil ao contrato de transporte; valor do frete: é a compensação econômica que recebe o transportador pela operação. Um termo muito comum utilizado nos transportes de cargas internacionais é a intermodalidade e a multimodalidade dos transportes. Transporte intermodal é o transporte de carga por meio de vários meios de transporte em que cada empresa transportadora emite seu próprio conhecimento de embarque e se responsabiliza Transporte1.2 apenas pelo trecho contratado. Já no transporte multimodal, o transportador que organiza o transporte assume inteira responsabilidade pelo transporte “porta a porta” e emite um único documento cobrindo todo o trecho do início ao fim, independentemente de quantos meios de transporte for utilizar para cumprir o objetivo. Também conhecido como OTM – Operador de Transporte Multimodal. A figura 2 ilustra a multimodalidade. Além disso, ainda podemos classificar um transporte como unimodal, em que se utiliza apenas um modo de transporte para levar a mercadoria da origem ao destino. É comum sua utilização em transportes terrestres entre países fronteiriços. O transporte por mais de um veículo transportador utilizando-se apenas de um modo, não importando qual seja o veículo (por exemplo, navio/navio) desde que o mesmo documento de embarque seja utilizado para todo o trecho, é conhecido como transbordo. Figura 2 – Transporte multimodal Fonte: narvikk/iStock Videoaula - Introdução ao sistema internacional de transporte Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416216603] . Carga2 Mas não poderíamos falar em transporte sem mencionar os produtos que são transportados. A esses produtos ou mercadorias chamamos de carga. A carga, em regra, é composta por mercadorias protegidas por embalagem apropriada, se for o caso, de modo que fiquem prontas para o transporte. Em função disso, é costume classificar as cargas de acordo com sua natureza. Um conceito muito importante que deve ser observado com atenção quando falamos sobre cargas é a unitização, ou seja, o processo que visa agrupar vários volumes menores em um único volume, facilitando a movimentação, o transporte e o armazenamento. A unitização propicia a transferência do volume único, bem como seu fracionamento, se necessário, desde seu ponto de origem, até seu destino final. Unitizar mercadorias traz diversas vantagens, tais como a diminuição de avarias, seja pela padronização adotada internacionalmente, seja pela diminuição dos volumes transportados, que por fim acabam reduzindo drasticamente o tempo de embarque e desembarque da carga. Diminui ainda a probabilidade de extravio e danos, consequentemente reduzindo os custos operacionais. As formas mais comuns de unitização acontecem por meio de pallets e contêineres, conforme a figura 4. Figura 3 – Unitização Fonte: urfinguss/iStock Pallet é uma unidade semelhante a um estrado plano, construído principalmente de madeira, porém pode ser também de alumínio, aço, plástico, fibra, polipropileno e papelão. Suas características permitem sustentar a carga que sobre ele é depositada, permitir a manipulação e a movimentação da carga, facilitar a unitização, armazenagem e transporte de pequenos volumes por meio de equipamento apropriado, em todas as etapas desse serviço. Os formatos podem variar de acordo com a necessidade específica de cada produto e os processos de manuseio, conforme indicado na figura 5. Figura 4 – Pallet Fonte: Yauhen44/iStock Pallets, assim como produtos, podem ser descartáveis (one way), sempre analisando o custo do retorno. Os pallets podem apresentar diversas configurações, e podem ser fabricados em diversos materiais, dependendo da aplicação onde serão utilizados para o transporte de produtos. Figura 5 – Medidas dos pallets Fonte: elaborado pelo autor. Eles deverão ser construídos de forma a facilitar o transporte, bem como o armazenamento e a movimentação dos materiais sobre eles acondicionados. Contêiner é um tipo de embalagem no formato de caixa construído em materiais metálicos como o aço, alumínio, como também em fibras poliméricas, utilizado para o transporte de mercadorias das mais diversas categorias. Facilita a unitizacão das cargas, como veremos a seguir, bem como a movimentação das cargas neles armazenados pelos diversos modais de transportes. Possuem identificação conforme normas internacionais, predominantemente a ISO, adotadas pelo Brasil por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sendo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) o órgão competente para sua certificação. A padronização das dimensões (em pés) dos contêineres são: largura que tem sempre 8 pés (1 pé equivale a 30,48 cm); e comprimento: 10, 20, 30, 40 e 45 pés, embora existam contêineres de 24 pés. Para transporte marítimo, os contêineres mais utilizados são o de 20 e 40 pés, conforme apresentado na figura 6. Quanto à capacidade em peso, os de 20 e 40 pés podem comportar até 30.480 e 34 mil kg, incluindo a tara. Figura 6 – Contêiner Fonte: nattanan726/iStock O módulo de 20 pés foi adotado mundialmente como padrão, denominados de TEU (twenty feet equivalent unit, em português, unidade equivalente de vinte pés), para transporte em navios porta-contêineres. Já os de 40 pés são denominados FEU (forty feet equivalent unit, em português, unidade equivalente de quarenta pés). Estufar é o ato de carregar o contêiner com mercadorias, podendo ser estas a granel, embaladas ou paletizadas, dependendo do tipo de produto a ser paletizado. Desovar é o ato de retirar mercadorias do contêiner. Por estarem sujeitas a todos os tipos de movimentação, as mercadorias devem estar estufadas de forma adequada, ou seja, deve-se observar o excesso de peso (equilíbrio da carga) e sempre colocar as mercadorias mais pesadas abaixo das mais leves. Os transtêineres,que são guindastes especialmente construídos que correm sobre trilhos e se movimentam ao longo do cais, servem para o empilhamento a transferência de contêineres de um ponto a outro. Existem diversos tipos de contêineres, com diferentes configurações, as quais permitem a contenção e o transporte de diferentes tipos de carga e seus respectivos modais de transporte. Figura 7 – Transtêiner Fonte: nattanan726/iStock É o contêiner mais comumente usado, apresentado na figura 8. Geralmente possui duas portas frontais e algumas escotilhas, podendo em alguns casos também possuir duas portas traseiras ou portas laterais. Esse tipo de equipamento é destinado ao transporte de uma grande variedade de cargas, podendo estar embaladas ou a granel. Esse tipo de contêiner é construído para facilitar a “ova e a desova” das cargas. São cobertos apena por uma lona, conforme apresentados na figura 9. Contêinerdryoustandard2.1 Figura 8 – Contêiner dry ou standard Fonte: denisik11/iStock Contêineropen top2.2 É um contêiner aberto na parte de cima, conforme figura 9, fechado apenas com uma lona removível por ocasião da ova ou desovado mesmo. Esses contêineres são construídos especialmente para atender ao transporte de mercadorias que só podem ser acomodadas pela parte de cima; normalmente, essas mercadorias são içadas por meio de pontes rolantes. Esses contêineres são movimentados por equipamentos especiais. Contêiner especialmente construído para transporte de produtos a granel, normalmente líquidos, a grade externa sempre é padronizada conforme norma ISO. O tanque de armazenamento pode variar de acordo com a necessidade específica do produto a ser transportado. A seguir são apresentados os modelos mais comumente utilizados pelos diversos modais de transporte. Algumas de suas características são apresentadas nas figuras 11 e 12. Figura 9 – Contêiner open top Fonte: topae/iStock Tank2.3 Figura 10 – Contêiner tank Fonte: papa1266/iStock Contêineres fechados2.4 Contêineres especialmente construídos para manutenção dos produtos neles armazenados. Funcionam ligados à eletricidade ou a geradores de eletricidade à óleo diesel. Permanecem conectados à rede elétrica quando armazenados nos navios e durante o embarque e desembarque nos geradores a diesel. Figura 11 – Contêiner fechado 20 pés × 8 pés × 8 pés e 6 polegadas Fonte: <www.novomilenio.inf.br [http://www.novomilenio.inf.br/porto/pfotos/conte014.jpg] >. Figura 12 – Contêiner fechado 40 pés × 8 pés × 8 pés e 6 polegadas Fonte: <www.novomilenio.inf.br [http://www.novomilenio.inf.br/porto/pfotos/conte015.jpg] >. Reeferou refrigerado2.5 Este tipo de equipamento pode ter apenas as paredes frontais e traseira ou simplesmente a base. Geralmente são utilizados para transporte de máquinas que tenham altura, largura ou comprimento excedente, porém não muito, às medidas padrão dos contêineres de 20 ou 40 pés. Sua principal função é facilitar as operações de carga, descarga e armazenamento nos navios. Uma das aplicações desse tipo com esse contêiner é apresentada na figura 14. Figura 13 – Contêiner refrigerado Fonte: J2R/iStock Flat rack2.6 Figura 14 – Contêiner flat rack Fonte: topae/iStock Videoaula - Cálculo de cubagem - parte 1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416217499] . Videoaula - Cálculo de cubagem - parte 2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416218522] . Videoaula - Movimentação de contêineres no Porto de Santos Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416219585] . Classificação de cargas3 Ainda sobre o tema geral de cargas, precisamos destacar dois pontos importantes: a natureza das mercadorias e a embalagem. O quadro 1 apresenta a classificação das cargas comumente utilizadas para os meios de transporte. Quadro 1 – Classificação das cargas de acordo com sua natureza Classe das cargas Subclasses Armazenamento Meios de transporte Granel Sólida Líquida Gasosa Armazéns gerais, silos e tanques Caminhões normais, caminhões-tanque, contêineres, vagões normais, vagões- tanque e navios Carga geral Solta Unitizada Armazéns gerais, terminais de contêineres Caminhões, chassis, trens e navios Especial ou neogranel Excesso de: dimensão peso Armazéns e grandes áreas Veículos especiais Refrigerada Sólida Líquida Gasosa Armazéns refrigerados, contêineres refrigerados e contêineres-tanque Caminhões, vagões, contêineres e navios refrigerados Perigosa Explosiva Inflamável Corrosiva Tóxica Radioativa Áreas especiais Veículos especiais com equipes treinadas e equipadas para emergências Fonte: elaborado pelo autor. Quanto à natureza das cargas, elas podem ser frágeis, perecíveis ou perigosas. Produtos perecíveis e produtos frágeis3.1 Todo produto sujeito à morte, decomposição ou deterioração é classificado como perecível, tais como: plantas vivas, flores, gêneros alimentícios, soros, vacinas etc. Alguns exemplos são apresentados na figura 15. São considerados frágeis todos os produtos sujeitos à perda de seu valor de mercado ou mesmo inutilização por falta de cuidado no manuseio (carregamento, viagem e descarregamento), provocando danos ou quebra. Alguns exemplos são identificados conforme a figura 16, tais como: máquinas e aparelhos de precisão, porcelana, cerâmicas, vidros, espelhos, obras de arte etc. Figura 15 – Carga perecível Fonte: cogal/iStock Figura 16 – Marcações e etiquetas de identificação Fonte: Photoraidz/iStock Os produtos perigosos caracterizam-se como artigos ou substâncias capazes de provocar riscos significativos para a saúde, segurança ou para a propriedade, como produtos inflamáveis, químicos, materiais corrosivos ou radioativos etc. Requerimentos específicos para marcação e etiquetagem de volumes de produtos perigosos estão contidos na regulamentação da ONU. Produtos perigosos3.2 Os produtos perigosos possuem as propriedades reunidas em nove classes ou divisão de risco da Organização das Nações Unidas (ONU). Classe 1 – Explosivos Possui seis divisões: estopim; granada; pólvora; fogos de artifício; e munição. Classe 2: Gases Figura 17 – Placas ou etiquetas de identificação de produtos perigosos Fonte: <Manual de produtos perigosos [http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20Perigosos.pdf] >. Figura 18 – Explosivos Fonte: gilles corona/iStock Os produtos no estado gasoso se dispersam com facilidade no ar e, muitas vezes, não apresentam odor ou cor, sendo necessário especial atenção no seu transporte. São divididos em inflamáveis, não inflamáveis e liquefeitos. Exemplos: Divisão 2.1 – butano, hidrogênio, propano, isqueiros. Divisão 2.2 – dióxido de carbono neon, extintor de fogo, gás refrigerado. Divisão 2.3 – aerosol de baixa toxidade, gás lacrimogênio. A figura 19 apresenta exemplos de identificação utilizada quando do transporte e utilização desse tipo de produto. Classe 3: Líquidos inflamáveis São produtos que geram uma reação de combustão quando em altas temperaturas. Exemplos: tintas, querosene, acetonas, petróleo. A figura 20 apresenta exemplos de identificação utilizada no transporte e utilização desse tipo de produto. Figura 19 – Gases Fonte: <Manual de produtos perigosos [http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20Perigosos.pdf] >. Classe 4: Sólidos inflamáveis Divisão 4.1 – Fósforos, nitronaftalinas, cera de carro; Divisão 4.2 – Fósforo branco ou amarelo, magnésio, papel carbono; Divisão 4.3 – Sódio e lítio; A figura 21 apresenta exemplos de identificação utilizada quando do transporte e utilização desse tipo de produto. Figura 20 – Líquidos inflamáveis Fonte: <www.engquimicasantossp.com.br [https://www.engquimicasantossp.com.br/2016/10/numero- onu-risco-transporte-perigosos.html] >. Figura 21 – Sólidos InflamáveisFonte: <slideplayer.com.br [https://slideplayer.com.br/slide/390456/3/images/7/CLASSE+4+S%C3%93LIDOS+INFLAM%C3%81VEIS.jpg] >. Classe 5: Peróxidos orgânicos São materiais que podem liberar oxigênio e, portanto, são capazes de gerar incêndios causados por peróxido de hidrogênio. Divisão 5.1 – fertilizante à base de nitrato de amônia e cloreto de cálcio. Divisão 5.2 – água oxigenada. A figura 22 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Classe 6: Substâncias tóxicas e infecciosas As substâncias toxicas são capazes de provocar morte, lesões graves ou danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a pele. Já as substâncias infecciosas são aquelas que contêm ou podem conter patógenos capazes de provocar doenças infecciosas em seres humanos ou em animais. Tais substâncias, ao serem transportadas de modo que ocorra exposição, podem causar incapacidade permanente ou doença que representa ameaça à vida ou doença fatal em humanos e animais sadios. Divisão 6.1 – arsênico, nicotina, cianido, pesticidas. Divisão 6.2 – hepatite, HIV, raiva, resíduos hospitalares. Figura 22 – Peróxidos orgânicos Fonte: <slideplayer.com.br [https://slideplayer.com.br/slide/390456/3/images/8/CLASSE+5+SUBST%C3%82NCIAS+OXIDANTES+E+PE R%C3%93XIDOS+ORG%C3%82NICOS.jpg] >. A figura 23 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Classe 7 – Radioativos Os produtos radioativos apresentam riscos, pois a energia liberada é invisível e, para a sua detecção, deve-se recorrer a aparelhos especializados. Exemplo: Césio 157, Cobalto 60. A figura 24 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Classe 8 – Corrosivos Causam danos para tecidos humanos ou a outras mercadorias. Exemplo: mercúrio, ácido sulfúrico (contido em baterias), solventes para tintas e xarope de refrigerante. A figura 25 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Figura 23 – Substâncias tóxicas e infecciosas Fonte: <slideserve.com [https://image.slideserve.com/912269/classe-6-subst-ncias-t-xicas-venenosas-e- infecciosas-n.jpg] >. Figura 24 – Radioativos Fonte: <slideserve.com [https://image.slideserve.com/912269/classe-7-materiais-radioativos-n.jpg] >. Classe 9 – Miscellaneous Diversos produtos que podem também representar riscos não apreciados nas classes anteriores. Exemplo: equipamentos de sobrevivência, gelo seco, máquinas com motores de combustão, veículos e material magnetizado. A figura 26 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Figura 25 – Corrosivos Fonte: <Manual de produtos perigosos [http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20 Perigosos.pdf] >. Figura 26 – Miscellaneous Fonte: <Manual de produtos perigosos [http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20 Perigosos.pdf] Todo e qualquer material perigoso a ser transportado deve estar devidamente identificado com as etiquetas e placas corretas para cada risco em caso de acidentes. A figura 27 apresenta exemplos de identificação no transporte e utilização desse tipo de produto. Identificação durante o transporte e armazenamento3.3 Figura 27 – Identificação durante o transporte Fonte: <www.guiadotrc.com.br [http://www.guiadotrc.com.br/figuras/ppsinalizacao.gif] >. Além da questão de a carga ser ou não perigosa, as embalagens, assim como a marcação dos volumes, devem ser consideradas como um item importante no embarque de mercadorias, conforme a figura 28. Embalagens e suas marcações3.4 A embalagem pode desempenhar diversas funções como: protetiva: tem como função proteger o produto e garantir a manutenção da qualidade, assegurando que o produto chegue ao seu destino intacto; mercadológica: característica ligada ao marketing do produto, geralmente com apelo visual para aumentar as vendas nas praças onde ele é oferecido; econômica: característica ligada à necessidade específica de cada produto, à manutenção das especificações do produto durante seu transporte, sempre visando o menor custo, desde que seja mantida a condição de uso do produto de acordo com as necessidades do cliente. Figura 28 – Marcação dos volumes Fonte: tanyapoorin/iStock Videoaula - Maiores construções já transportadas pelo homem Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416220242] . Exercícios de fixação Para garantir o melhor desempenho dos investimentos dos diversos agentes econômicos envolvidos no processo de transporte, quais os elementos o compõem? Caminhão, trem, navios, dutovias e aviões. Práticos, rebocadores, polícia naval e guarda costeira. Embarcador, transportador, destinatário, mercadoria e o valor do frete. Transporte multimodal; transporte intermodal e transporte unimodal. Unitizar mercadorias traz diversas vantagens.Quais são elas? Diminuição de avarias; melhoria do tempo de embarque e desembarque; padronização internacional dos recipientes. Aumento do número de volumes a manipular; reduçãodos custos com embalagem; diminuição de extravios e roubos. Aumento de avarias; melhoria do tempo de embarque e desembarque; padronização internacional dos recipientes. Diminuição do número de volumes a manipular; redução dos custos com embalagem; aumento de extravios e roubos. Qual alternativa indica corretamente a classe das cargas de acordo com sua natureza? Carga Geral, Granel, Refrigerada, Especial ou NeoGranel e Perigosas. Solta ou Unitizada, Solida, Líquida ou Gasosa. Explosiva, Corrosiva, Inflamável ou Tóxica. Perigosa, Radioativa, inflamável ou Corrosiva. Conceito e classificação de modais de transporte4 Agora que já entendemos o suficiente das mercadorias a serem transportadas, vamos tratar dos sistemas de transporte aéreo, terrestre e aquaviário. Para cada sistema temos um ou mais modos de se transportar as mercadorias, o que chamamos de modais de transporte. Um deles é o sistema aéreo. Nesse modal não há subdivisões, portanto o modal é o próprio sistema, embora alguns autores dividam o aéreo em internacional e doméstico. Já no sistema terrestre temos três divisões, que são compostas pelos modais dutoviário, ferroviário e rodoviário. O sistema aquaviário é o mais complexo, pois se divide em marítimo e navegação de interior, sendo que no marítimo podemos classificar como cabotagem e longo curso; e na navegação de interior, em fluvial e lacustre. Acompanhe na figura 29 o esquema dos modais de transporte que iremos estudar. Figura 29 – Esquema dos modais de transporte Fonte: elaborado pelo autor. Transporte aéreo5 É aquele realizado com aeronaves, podendo ser apenas nacional – também conhecido como doméstico – ou internacional. Sua principal característica é a rapidez, sendo apropriado para mercadorias que não podem perder tempo com outros modais. Também é muito utilizado no transporte de amostras, mercadorias de alto valor agregado, e frágeis, que precisam de cuidados especiais, perecíveis, e cargas de courier ou expressas que normalmente representam pouco volume e peso. Pelas características deste modal, normalmente apresenta custos de embalagem e seguro menores que em outros modais. No Brasil, existem 32 terminais de carga administrados pela Infraero. Nos últimos anos foram investidos R$ 35 milhões na compra de equipamentos e na viabilização dos sistemas dos terminais. O maior terminal em concentração de volume de carga do Brasil é o do aeroporto de Guarulhos. Algumas das características de serviço aéreo em um aeroporto são as seguintes. serviço público; organização em rede; serviço perecível e de exaurimento quase instantâneo; sujeito à sazonalidade; desempenho da atividade altamente correlacionada com o crescimento da economia; e altamente sensível ao preço. Videoaula - O terminal de cargas do Aeroporto de Viracopos Escaneie a imagem ao lado comum app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416220734] . A Agência Nacional de Aviação Aérea (Anac) é a autoridade nacional desse modal, sendo responsável pelas normas e controles da aviação civil. Mantém acordo com os órgãos internacionais e com outros países, representando o Brasil no que se refere ao tráfego aéreo. No campo internacional, temos a Iata (International Air Transport Association) e a Icao (International Civil Aviation Organization). Fundada em Havana, Cuba, em 1945, é sucessora da antiga Iata (International Air Traffic Association) fundada em Haia em 1919. É uma entidade de atuação mundial e tem as empresas aéreas que realizam transporte internacional como filiadas, tendo mais de 240 membros. Para o transporte nacional, a empresa aérea não precisa ser filiada à Iata. Os agentes de carga Iata são intermediários entre as empresas aéreas e os usuários de transporte. Não é comum que os embarques sejam negociados entre os usuários e as companhias aéreas a menos que se trate de grandes volumes ou afretamentos. Esses agentes são autorizados a emitir seus próprios conhecimentos de embarque aéreo. A figura 30 apresenta o esquema gráfico do sistema de aviação civil no Brasil. Espera-se que a infraestrutura aeroportuária seja adequada às necessidades das companhias que operam em suas instalações, ou seja, sejam adequada para receber as aeronaves, para carga Órgãos intervenientes no transporte aéreo5.1 Figura 30 – Esquema gráfico do sistema de aviação civil no Brasil Fonte: <slideplayer.com.br [https://slideplayer.com.br/slide/48690/] >. e descarga, tanto de passageiros, mas acima de tudo, de cargas. Os terminais alfandegários para cargas são conhecidos como Terminais de carga aérea (Teca). Trata-se de um conjunto de áreas cobertas e descobertas do aeroporto, especialmente delimitadas para recebimento, movimentação, armazenamento, guarda, controle de carga transportada ou a transportar. Eles devem propiciar condições de armazenamento para subsequente importação ou exportação, conforme apresentado na figura 31. Figura 31 – Teca Fonte: Yuri_Arcurs/iStock Videoaula - Bastidores do aeroporto- trânsito da bagagem Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416220937] . Aeroportos brasileiros5.2 No Brasil, temos 67 aeroportos e uma parte deles é administrada pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) – todos aqueles que possuem características de cargas internacionais. Além da administração dos aeroportos, também é responsável pela sua construção e manutenção. Figura 32 – Aeroportos brasileiros Fonte: <www.vidadeturista.com [http://www.vidadeturista.com/wp-content/uploads/2009/02/mapa- principais-aeroportos-brasil.jpg] >. Vamos ver agora um vídeo sobre O TERMINAL DE CARGAS DO AEROPORTO DE VIRACOPOS. Disponível em: < globo.com [http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/jornal-da-eptv- 2edicao/videos/t/edicoes/v/volume-de-cargas-no-aeroporto-internacional-de-viracopos-e-o- maior-dos-ultimos-cinco-anos/6518643/] >. Acesso em: 24 out. 2018. As cargas aéreas em geral costumam ser extremamente caras ou de enorme importância, pelo que será necessário transportar de forma rápida e eficiente. Para o melhor uso do espaço das aeronaves, os pallets e contêineres aeronáuticos têm uma função de enorme relevância. Os contêineres aeronáuticos possuem geometria de perfil compatível com a estrutura interna do avião. Na figura 33 temos alguns exemplos de pallets e contêineres aeronáuticos. Carga aérea5.3 Exemplos de pallets e contêineres aeronáuticos.5.3.1 Vantagens eficiência, rapidez e confiabilidade; seguro da carga é menor que os outros modais; contrato de transporte tem a emissão antecipada; mecanização da “ova e desova” executadas por equipamentos de alta tecnologia; muito utilizado para o transporte de objetos pequenos e leves, tais como amostras e itens de reposição de eletroeletrônicos; diferencial competitivo para cadeia de fornecimento em sistema just in time; Desvantagens custo elevado do frete; capacidade de carga inferior ao marítimo e ferroviário; custo de manutenção da infraestrutura; rotas; falta de espaço disponível para embarques destinados ao exterior; restrições para cargas perigosas. Figura 33 – Modelos de conteinêres aeronáuticos Fonte: <slideplayer.com.br [https://slideplayer.com.br/slide/1590231/] >. f Com cenas capturadas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, uma reportagem em vídeo mostra toda a movimentação desde o momento em que o avião pousa até a hora em que está liberado para uma nova decolagem. Veja, por exemplo, como é feito o trânsito da bagagem do check-in ao compartimento de cargas e a limpeza da cabine. Para mais detalhes, veja o vídeo na íntegra disponível em: www.youtube.com [http://www.youtube.com/watch?v=-PRTkzbRYKs] >. Acesso em: 24 out. 2018. Videoaula - Tipos de modais: aéreo Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416221314] . Temos basicamente três tipos de aeronaves: Aeronaves5.4 All cargo ou full cargo: uso exclusivo para transporte de carga, pois apresenta uma capacidade maior de transporte de mercadorias, utilizando o deck superior e inferior (cargo = carga, frete). Figura 34 – All cargo/Full cargo Fonte: vicspacewalker/iStock Combi: transporte misto. Utilizadas para transporte conjunto de passageiros e cargas, podendo ser tanto no andar inferior quanto no superior. As cargas são transportadas sob o piso onde ficam os passageiros e ao fundo da aeronave. Figura 35 – Combi Fonte: pierivb/iStock Full pax: avião de passageiros. O deck superior é utilizado exclusivamente para transporte de passageiros, e o inferior destinado ao transporte de bagagem. Na eventual sobra de espaço é preenchido com carga. (Pax = passageiro). Para entender a distribuição de carga e passageiros no avião, a figura 36 mostra a representação de posições e carregamentos de uma aeronave A380: Figura 36 – Representação de posições e carregamentos de uma aeronave Fonte: <blogspot.com [http://1.bp.blogspot.com/_aEgTedPqUK4/SGBsqXQRflI/AAAAAAAAG_A/_TORPE1BL- s/s1600-h/AIRBUS+A380.jpg] >. Em relação ao que pode e quanto pode ser transportado, depende do tipo, tamanho, configuração e utilização da aeronave. O espaço para carga pode variar de poucas centenas de quilos até 100 toneladas no Boeing 747 cargueiro, ou ainda outros gigantes como o Antonov e o Airbus, que podem carregar muito mais do que isso. Normalmente a carga é transportada de forma agrupada (unitizada), realizada por meio de pallets e contêineres aeronáuticos (ULD, unit load device), é o equivalente do contêiner marítimo, no transporte aéreo. Tamanho e peso5.5 A medida base é 125 × 86 pés (317 cm × 218 cm) para o comprimento e largura, sendo que a altura paletizada varia de acordo com a aeronave, sendo nos aviões passageiros cerca de 1,60 m e nos cargueiros até 3 m. As cargas são embarcadas e retiradas da aeronave por meio de elevadores, equipados com duas plataformas. Uma é utilizada para colocar a carga para ser levada à aeronave, ou depois que sai do porão dela. A outra serve para igualar a plataforma com a carga e o porão da aeronave, de maneira que a carga possa ser levada para o interior da aeronave. As figuras 37 e 38 apresentam alguns dos modelos de contêineres utilizados para o transporte aéreos de cargas, conhecidos como ULD. Figura 37 – ULD sendo transportada Fonte: Klaus Schinzel/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Germanwings_Container_03.jpg] >. O peso bruto (peso da balança) ou o peso cubado (das dimensões) das cargas definem o valor a ser pago pelo transporte, de acordo com a sua modalidade, além de ser um importante fator para o seu manuseio e o transporte das mercadorias. O transporte da carga é cobrado de acordo com o peso da mercadoriaou o espaço que ela ocupa, considerando sempre o que for maior. A figura 39 apresenta a configuração sequencial dos contêineres para carregamento em um avião. Figura 38 – Detalhes de uma ULD Fonte: <speedera.sky [http://speedera.sky-cargo.com/english/Images/AKL%20Kevlar%20ULD.jpg] >. A cubagem é calculada multiplicando-se as medidas de: comprimento × largura × altura (CLA). Exemplo: 1 volume, peso bruto 50 kg. Dimensões: 100 cm × 50 cm × 40 cm (CLA – comprimento, largura, altura). Peso cubado: = 33 kg. Peso bruto 50 kg > peso cubado 33 kg, logo, Peso taxado = 50 kg. No transporte aéreo, por regulamentação Iata, uma aeronave acomoda 166,66 kg em 1 metro cúbico, ou seja, a relação de peso/volume é de 1:6 (1 para 6). O cálculo é sempre o mesmo: X m³ × 166,66 kg Tabela 1 – Cálculo de peso/volume para transporte aéreo Tipo Peso bruto Cubado Peso cubado Caixa 5 kg 0,064 kg 10,66 kg Cilindro 1.500 kg 2,10 kg 349,98 kg Figura 39 – Configuração sequencial dos contêineres Fonte: Dtom/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Unloading_JAL_747.jpg] >. Para a aplicação das tarifas de transporte (peso taxável) sempre prevalece o peso maior. No caso da caixa será o peso cubado e no do cilindro será o peso bruto. No transporte aéreo, a relação é 1 tonelada igual a 6 m . Essa relação leva em conta a capacidade média de uma aeronave nas duas unidades. Por exemplo, um Jumbo 747 pode comportar 100 t ou 600 m . Como no transporte aéreo se trabalha com a unidade 1 quilo, a cubagem também é reduzida em mil vezes, sendo, nesse caso, equivalente a 6 mil cm , que são 6 m dividido por mil. As tarifas de frete no transporte aéreo são fiscalizadas e controladas pelo órgão internacional Iata, que estabelece os valores máximos para a cobrança de frete de acordo com a origem/destino da carga. Os cálculos são feitos de acordo com o peso/volume de mercadoria. A relação peso/volume poderá ser considerada como peso cúbico ou “cubagem” da carga, aplicando-se fórmula específica para determinar qual frete será aplicado nesses casos. Frete é a forma com que o serviço contratado de transporte de uma mercadoria é remunerado. O pagamento do frete pode ocorrer de duas formas: frete pré-pago (freight prepaid) = no local de embarque; e frete a pagar (freight collect) = no local de desembarque. Tabela 2 – Cálculo da cubagem, Iata Fonte: adaptado de Anac (2013). 3 3 3 3 Os custos do transporte são influenciados pelo tipo de carga, seu peso, o volume, a fragilidade, o tipo de embalagem, valor da mercadoria a ser transportada, distância etc. O conhecimento de embarque aéreo poderá pertencer à companhia ou ao próprio agente. Temos ainda formas diferentes de conhecimentos de embarque aéreo, os conhecidos AWB e o Mawb. AWB (air way bill): trata-se de um conhecimento da companhia aérea, emitido diretamente por ela para o exportador, em caso de cargas não consolidadas. individuais, conforme figura 40. Mawb (master air way bill): é o documento emitido para cargas .O conhecimento de embarque aéreo internacional é emitido em 14 vias, sendo 3 originais e 11 cópias. O idioma deverá ser o inglês. Veja a seguir um modelo de conhecimento. Figura 40 – Modelo do formulário AWB Fonte: <www.pdffiller.com [https://www.pdffiller.com/jsfiller-desk16/? projectId=436770701#76ab76e3fe434f4d83ae24c719b8afd0] >. Vamos ver agora um filme sobre a integração do modal aéreo com o sistema de produção em animação desenvolvida pela DHL Lead Logistics. Disponível em inglês no link: www.youtube.com [https://www.youtube.com/watch?v=dpvnzhNaiLk] . Acesso em: 24 out. 2018. Transporte aquaviário6 Agora, vamos estudar outro sistema de transporte, o aquaviário, composto conforme quadro 2. Quadro 2 – Composição do modal aquaviário Longo curso Frete marítimo internacional – entre portos de países diferentes. Cabotagem Frete marítimo nacional – entre portos de um mesmo país (navegação costeira). Navegação Interior Navegação realizada por rios (fluvial) e lagos (lacustre). Transbordo Transferência de contêineres de um navio para outro, com o objetivo de realizar um determinado trecho (origem-destino), porém no mesmo modal. Exemplo: navio para navio. Fonte: elaborado pelo autor. O porto é o espaço de terra e água onde encontramos instalações e equipamentos adequados que permitem a atracação de navios e o correto transporte da carga e descarga, bem como o armazenamento das mercadorias em suas instalações. Permite ainda o correto transbordo para modal das mesmas categorias, e para outros modais. Tais como o ferroviário, rodoviário ou dutoviário, dependendo da necessidade específica de cada cliente. Deve ainda ser um espaço que facilite o desenvolvimento de atividades comerciais ligadas ao transporte. A Lei nº 8.630/1993 – Lei de Modernização Portuária – trata da privatização dos portos brasileiros, embora o poder público ainda tenha uma grande participação na gestão desse modal. A lei estabeleceu os seguintes conceitos sobre: porto organizado; autoridade portuária (administração do porto); CAP – Conselho de Autoridade Portuária; operador portuário; OGMO – Órgão Gestor de Mão de Obra; PDZ – Plano de Desenvolvimento e Zoneamento; A função da autoridade portuária é garantir o cumprimento de objetivos gerais fixados pelo Estado, determinar e controlar os direitos de propriedade e uso do solo, planejar, pôr à disposição dos usuários a infraestrutura necessária: dragagens, ajuda à navegação, diques etc; controlar a segurança e evitar congestionamento e contaminação. Transporte marítimo6.1 Serviços prestados: sinalização, manutenção de zonas de fundeio, praticagem, amarre e desamarre, rebocagem, oferta de espaços e serviços de vigilância. Videoaula - Transporte aquaviário Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416222169] . O Brasil possui 34 portos marítimos e 130 terminais portuários privados (TUPs). A figura 41 apresenta os portos públicos marítimos brasileiros. Portos brasileiros6.2 Órgão responsável pela autorização ou proibição que navios atraquem no Porto, ele determina as zonas de fundeio, regulamenta as manobras do navio nas instalações do Porto, bem como as regulações dos serviços auxiliares prestados, tais como os práticos, os amarradores e o tipo adequado dos rebocadores utilizados, as inspeções técnicas de navios, além do controle de mercadorias perigosas. Serviço obrigatório oferecido pelo Porto inicia no momento em que o navio ingressa na zona de praticagem estabelecida para o porto, serviço esse de assessoramento e manobras do navio. Os práticos no Brasil são oficiais da Marinha Mercante ou Militares. Figura 41 – Portos brasileiros Fonte: <ambito-juridico.com.br [http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php? n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16778] >. A capitania dos portos6.2.1 Praticagem6.2.2 Pelo fato de os práticos conhecerem as características específicas do Porto onde atuam, como profundidade, bancos de areia e obstáculos, suas operações facilitam o atraque das embarcações. A figura 42 ilustra o serviço de praticagem. Figura 42 – Prático subindo a bordo para condução do navio em porto de Rotterdam Fonte: Danny Cornelissen/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Harbour_pilot_boarding.jpg] >. Os rebocadores são pequenas e potentes embarcações conhecidas como tugboats que auxiliam a operação náutica de ajuda aos práticos, conforme figura 43. Figura 43 – Rebocador prepara-se para condução do navio para a doca em porto dinamarquês Fonte: heb/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Svitzer_Freja_tug.jpg] >. Vamos ver agora um vídeo sobre a praticagem no Porto de Santos. Disponível em: <youtube.com [https://www.youtube.com/watch?v=5_zH-tGZcyA] >. Acesso em: 24 out. 2018. Para nos habituarmos com o vocabulário específicodeste modal, vamos citar algumas terminologias importantes. A figura 44 apresenta os “atores” envolvidos nas relações envolvidas no transporte de cargas nas instalações portuárias. A figura 45 apresenta as principais definições das partes de um navio. Figura 44 – Atores envolvidos no transporte em terminais portuários Fonte: elaborado pelo autor. Figura 45 – Definições das partes de um navio Fonte: Robert Blazek/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikipedia.org [https://pt.wikipedia.org/wiki/Navio#/media/File:Lod_Schema.png] >. Videoaula - A praticagem no Porto de Santos Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416223089] . Além dos intervenientes envolvidos nas operações marítimas, temos ainda outros elementos que agem comercialmente no transporte marítimo. São eles: Cargos e documentos no transporte marítimo6.3 Armador: denomina-se armador aquela pessoa que arma o navio, isto é, no sentido jurídico, que providencia uma embarcação e também a explora comercialmente em serviços de transporte. Existem várias categorias de armador: armador proprietário; armador locatário; armador gerente. Papéis de bordo: toda embarcação deve possuir, ao empreender uma viagem, determinados documentos, conhecidos como papéis de bordo, indicados em nossa legislação (Código Comercial). É responsável pela carga transportada. Responsável pelo fornecimento de conhecimento de embarque marítimo também conhecido como B/L – bill of lading; Capitão do navio: de modo geral, entende-se por capitão do navio a pessoa a quem são confiados o comando da equipagem e a direção do navio. O art. 497 do Código Comercial determina: “O capitão é o comandante da embarcação; toda a tripulação que lhe está sujeita é obrigada a obedecer e cumprir suas ordens em tudo o que for relativo ao serviço do navio” (BRASIL, 1850). Equipagem ou tripulação: o conjunto de pessoas empregadas permanente e exclusivamente no serviço do navio. Segundo dispõe o art. 564 do Código Comercial: “Entender-se-á por equipagem ou tripulação o capitão, oficiais, marinheiros e todas as demais pessoas empregadas no serviço do navio” (BRASIL, 1850). Sua composição compreende três categorias de pessoas: as que fazem a conservação do navio; as que conduzem o navio; e as que prestam serviços a bordo. Agência marítima: é a empresa representante do armador em qualquer país ou porto servindo de elo entre este e o comerciante, seja ele importador ou exportador. Reponde também pelo angariamento de carga para o espaço disponível no navio. A solicitação de espaço no navio para transporte de qualquer carga se chama reserva de praça e sua confirmação fechamento de praça. A agência marítima é também a forma de contato entre o armador e as autoridades portuárias. NVOCC – Non-Vessel Operating Common Carrier Trata-se de um “armador sem navio”, também conhecido como consolidador de carga. Esse tipo de armador opera contêineres com um único NVOCC ou com vários embarcadores e até mesmo com outros agentes NVOCC. Essa atividade surgiu com a expansão dos navios porta-contêineres, e a necessidade de transporte de cargas menores que não justificavam o custo, a estufagem ou ova parcial de um contêiner. Existem diversos tipos de navios de acordo com cada tipo de carga a ser transportada. A seguir vamos listar os principais. Navios6.4 Cargueiros (carga geral): são os navios construídos especialmente para transporte de carga geral. Normalmente seus porões são divididos em prateleiras horizontais, com o objetivo de armazenar diversos tipos de cargas podem ser devidamente preparadas para o transporte. São conhecidos ainda como navios convencionais. Figura 46 – Cargueiros (carga geral) Fonte: Corpse Reviver/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikipedia.org [https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cargo_Ship_Yu_Sung_05.jpg] >. Porta-contêiner: utilizado exclusivamente para o transporte de contêineres. Os contêineres são movimentados com equipamento de bordo ou de terra. Figura 47 – Porta-contêiner – Maersk Triple E, o maior navio do mundo Fonte: Slawos/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:M%C3%A6rsk_Mc- Kinney_M%C3%B8ller.jpg] >. Ro-Ro (Roll-on/roll-off): navios especialmente construídos para o transporte de veículos automotores das mais diversas categorias. Dispõem de rampas adequadas aos transportes sobre rodas, seja na sua proa, ou ainda popa ou em sua lateral, com objetivo de facilitar a entrada e a saída desse tipo de carga. Elevadores especiais com rampas interligam os diversos andares desses navios. Figura 48 – Navio RO-RO Fonte: urbanglimpses/iStock Multipurpose: são navios projetados para transportarem cargas diversas como: aço, tubo etc, além de transportarem contêineres, conforme apresentado pela figura 49. Figura 49 – Multipurpose Fonte: <ytimg.com [https://i.ytimg.com/vi/fdR4J-3NoZU/maxresdefault.jpg] >. Graneleiros: são navios fabricados para o transporte de granéis sólidos. Uma de suas características é o de possuir porões sem divisórias; o fundo desses porões possui cantos arredondados, o que facilita a estiva. A maioria desses navios opera sem linhas regulares. Considerando que no geral transportam mercadoria de baixo valor agregado (commodities), por esse motivo possuem baixo custo operacional, além de operarem em velocidades é inferior à dos cargueiros de outras categorias. Figura 50 – GRANELEIROS Fonte: Nsandel/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sabrina_I.jpg] >. Gaseiros: navios destinados ao transporte de gases liquefeitos de petróleo (GLP) ou outros gases. Os tanques em formato de uma calota esférica, acima do tanque principal, são uma de suas principais características (ver figura 51). Figura 51 – Gaseiros Fonte: <www.frontiernet.net [http://www.frontiernet.net/~sulindhill/LNGCapricorn.jpg] >. Tank: são navios para transporte específico de petróleo bruto e seus derivados, podendo transportar ainda produtos refinados, como por exemplo: álcool, gasolina, diesel, querosene etc. Outra característica importante são as superestruturas que ele possui, desde a sua traseira, atravessando todo o convés principal. Possui uma ponte que vai da poupa até a proa (ver figura 52). Essa ponte é construída devido à precaução com a segurança do pessoal, visto que por apresentar uma pequena borda livre, as ondas do mar quando mais revolto invadem o seu convés, ou seja, é “lavado”, podendo assim causar um acidente de trabalho por conta dessa condição insegura. Figura 52 – Navio-tanque Fonte: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Supertanker_AbQaiq.jpg] >. Porta-reefers: são navios destinados ao transporte de contêineres refrigerados. Caracterizam-se por apresentarem tomadas destinadas à conexão dos contêineres, que funcionam como refrigeradores. figura 53 - Porta-reefers Fonte: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Salica_Frigo_cropped.jpg] >. Dragas: utilizadas para manutenção do canal, garantindo a integridade dos navios que utilizam o porto. Figura 54 – Draga Fonte: Dashers/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikipedia.org [https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lakes_Entrance_Dredger_April_Hamer.JP G] >. Supercargueiros: navios especiais para transporte de plataformas, submarinos e outros navios. É exemplificado na figura 55. Figura 55 – Supercargueiros Fonte: Leland Comer/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikipedia.org [https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MV_Blue_Marlin_carrying_USS_Cole.jpg] >. Assim como no frete aéreo, no marítimo o pagamento pode ser prepaid ou collect. No caso do transporte marítimo, em relação à cubagem o cálculo é diferente. No transporte marítimo, por convenção 1 tonelada é igual a 1 m³. Frete naval6.5 Existem diversas despesas que podem ser cobradas adicionalmente ao frete, e são apresentadas a seguir (FLEIUSS, 2004): sobretaxade combustível (BAF ou bunker surcharge): percentual aplicado ao frete básico destinado a cobrir custos com combustível; taxa para volumes pesados (heavy lift charge): cargas cujos volumes individuais excessivamente pesados (acima de 1.500 ton) exigem condições especiais para embarque/desembarque; taxa para volumes com grandes dimensões (extra length charge): aplicada geralmente a volumes que excedem 12 metros de comprimento; fator de ajuste cambial (CAF ou currency adjustment fee): utilizados para moedas que se desvalorizam constantemente em relação ao dólar. sobretaxa de congestionamento (port congestion surcharge): incide sobre o frete básico para portos onde existe demora para atracação de navios; sobretaxa de risco de guerra (war risk): 15 a 20% sobre o frete básico em caso de guerra de uma forma geral nos países onde fará escala; capatazia (THC ou terminal handling charge): desmembradas do frete e cobradas à parte pela movimentação portuária. O contêiner normalmente é de propriedade do armador e, portanto, a empresa que se utiliza deste equipamento deve devolvê-lo o mais rápido possível após sua utilização. O prazo de permanência do contêiner junto com o importador é definido quando ele faz a reserva de praça do embarque. O atraso na sua devolução ao armador pode gerar uma multa diária para o importador denominada demurrage. É normal que na retirada do contêiner o importador assine um termo de responsabilidade junto com o armador quanto às condições de devolução. Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM): trata-se de um adicional que incide sobre o frete cobrado pelas empresas que operam nos portos brasileiros. O valor cobrado é de 25% sobre o valor do frete marítimo internacional (longo curso), 10% no caso da navegação de cabotagem e 40% na navegação fluvial e lacustre. Alguns produtos são isentos de AFRMM, como por exemplo: bagagem, livros, jornais, materiais destinados a eventos culturais, drawback e substituição de material em garantia. O adicional é cobrado na entrada no porto de descarga e deve ser recolhido pelo consignatário da mercadoria transportada ou por seu representante legal. O conhecimento de frete original, emitido por empresas de transporte por água, terra ou ar, prova o recebimento da mercadoria e a obrigação de entregá-la no lugar de destino, segundo o Decreto nº 19.473, de 10 de dezembro de 1930, art. 1º. O conhecimento de embarque marítimo é chamado de BL (bill of lading) O conhecimento de embarque ou conhecimento de carga é o documento emitido pelo transportador ou consolidador referente ao contrato de transporte internacional e de prova de posse ou propriedade da mercadoria para o importador. Suas funções básicas são apresentadas a seguir (FLEIUSS, 2004): servir como recibo de entrega da carga ao transportador; evidenciar um contrato de transporte entre a companhia marítima e o usuário; representar um título de propriedade da mercadoria (transferível e negociável), portanto, transmissível por endosso; o BL pode ser composto de várias vias, sendo a mais comum a emissão em 6 vias: 3 não negociáveis e 3 negociáveis. As cópias não negociáveis servem de informação a todos os agentes envolvidos e não são válidas para retirada da mercadoria, nem para receber o valor estipulado no crédito documentário. Cada companhia de navegação pode ter seu modelo de conhecimento de embarque, a ser preenchido com os dados necessários, tais como: nome do exportador (shipper); nome e endereço da companhia de navegação; nome do importador (consignee) com CNPJ; porto de embarque; porto de destino; nome de quem vai ser notificado da chegada da mercadoria (notify); total de volumes; descrição das mercadorias (NCM); peso bruto e volume cúbico; forma de pagamento do frete (prepaid ou collect); e nome do agente da companhia transportadora no porto de embarque, com o carimbo e a assinatura do responsável e carimbo do local de estiva da mercadoria. Figura 56 –Condição de fretes do ponto de vista do armador Fonte: elaborada pelo autor. Um conhecimento de embarque limpo (clean on board) é aquele que não registra nenhuma avaria ou defeito na mercadoria ou embalagem. Caso contrário, deverá ser feita uma observação relatando a avaria da mercadoria, o que torna o conhecimento sujo. O conhecimento de embarque pode ser emitido à ordem (no próprio nome do embarcador, a sua ordem ou à ordem de seu agente no porto de destino) ou nominal (em nome do consignatário). Pode ser direto (onde a mercadoria segue direto até o porto de destino final) ou indireto (onde, por ocorrer transferência (transbordo) para outro navio, deve constar o nome das duas embarcações e o valor de cada frete). A figura 57 apresenta um modelo de bill of lading. Figura 57 – Bill of lading (BL) Fonte: <aprendendoaexportar.gov.br [http://www.aprendendoaexportar.gov.br/images/Conhecimento-de- embarque-martimo.JPG] >. Rotas dos navios capesize Navios capesize são os maiores navios de carga geral. Devido ao seu tamanho estes navios precisam contornar os continentes pelo sul para passar pelo sul da América do Sul ou o Cabo da Boa Esperança (Cape of Good Hope) para passar pelo sul da África, de onde deriva o nome Capesize). Conseguem carregar até 220 mil toneladas de carga. A figura 58 apresenta as principais rotas dos navios capesize. Figura 58 – Principais rotas dos navios capesize Fonte: adaptado de Amaral (2015). Vantagens: eficiência energética; maior capacidade de carga; carrega qualquer tipo de carga; baixo custo de transporte. Desvantagens: pressupõe existência de portos; maior exigência de embalagem; menor flexibilidade – depende de rotas; velocidade – modal mais lento. Figura 59 – Terminais hidroviários do Brasil Fonte: <antaq.gov.br [http://antaq.gov.br/Portal/pdf/palestras/Mar0728SeminarioIntenBrasilFlanders.pdf] >. Rotterdam celebra avanços e portos brasileiros insistem em erros primários. Para mais detalhes, veja reportagem completa no link disponível em: <portogente.com.br [https://portogente.com.br/radar-global/95603-portos-aratu-vitoria-santos-henrique-eduardo- alves-temer-cursos-itajai-navegacao] >. Acesso em: 24 out. 2018. Exercícios de fixação O sistema terrestre é dividido em três tipos de modal. Quais são eles? Aquaviário, aéreo e ferroviário. Dutoviário, ferroviário e rodoviário. Rodoviário, aquaviário e aéreo. Dutoviário, aquaviário e rodoviário. Quais são algumas das vantagens do modal aeroviário? Custo elevado do frete. Custo do seguro maior que os outrosmodais. Emissão contrato detransporte emitido depois. Rapidez, eficiência e confiabilidade, manuseio altamente mecanizado. O serviço de transporte marítimo atendido pelos navios de um porto brasileiro para outro porto brasileiro é conhecido como: longo curso. navegação de interior. cabotagem. transporte multimodal. Transporte rodoviário7 O modal de transporte rodoviário é o mais utilizado em nosso país. É indicado para curtas e médias distâncias, sendo utilizado amplamente como opção para cargas destinadas ao Mercosul, bem como parte fundamental na integração intermodal do comércio exterior brasileiro. Sua grande vantagem é que permite a flexibilização das rotas, porém o desequilíbrio de nossa matriz de transporte vem causando vários tipos de transtornos, além do aumento dos custos de transporte decorrentes de uma baixa produtividade para grandes distâncias e alto volume das cargas. Nossa matriz de transportes é predominantemente rodoviária, gerando um aumento significativo dos custos de nossos produtos, o que provoca aumento dos preços ao consumidor. O Decreto nº 99.704, de 20 de novembro de 1990, publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de novembro de 1990, dispõe sobre a execução no Brasil do Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. São 11 as conexões fronteiriças, também chamadas de pontos aduaneiros, convencionadas por entendimentos bilaterais, exemplo apresentado pelafigura 60. Figura 60 – Transporte internacional terrestre entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai Fonte: <www.senado.leg.br [http://www.senado.leg.br/comissoes/ci/ap/AP20091214_Dr_Rodrigo_Otaviano.pdf] >. De operação bastante simples e prática, sua reserva é feita de forma direta com o transportador. Pode transportar praticamente qualquer tipo de carga, tendo como limitação o tamanho. A sua capacidade de redução de manuseios e de ir até onde a carga tenha de ser embarcada, bem como de fazer sozinho um transporte, é um grande atrativo. Os principais tipos de veículos utilizados no transporte rodoviário são os caminhões, as carretas, as cegonheiras e as plataformas. Os caminhões são veículos fixos, nos quais a cabine, o motor e a carroceria constituem uma única peça. As carretas são veículos articulados, compostos de cavalo mecânico e semirreboque em diversos modelos. São mais versáteis que os caminhões, já que um único cavalo mecânico pode “puxar” mais de um semirreboque. As cegonheiras são modelos articulados, usados especialmente para o transporte de veículos automotores. As plataformas, também conhecidas como boogies, trailers ou chassis, correspondem aos veículos articulados, apropriados para o transporte de contêineres. Estes veículos devem dispor de pinos de encaixe em suas laterais para uma melhor fixação. Além destes, podemos citar outros modelos como tanques para granéis líquidos, baús e baús refrigerados, para carga geral completa e fracionada e os graneleiros. É importante mencionar o limite de carga para trafegar nas rodovias, que no Brasil corresponde a 29 toneladas, na Argentina 25 e no Uruguai 23,5. Frete básico: tarifa × peso da mercadoria. Se a carga for volumosa, pode-se considerar o volume do que o peso. Taxa ad valorem (seguro/gerenciamento de risco): percentual cobrado sobre o valor FOB (free on board) da mercadoria, utilizado em caso de cargas valiosas que impliquem um risco adicional ao transportador e a “taxa de expediente”, que visa cobrir as despesas de emissão de documentos. Assim como em outros modais, o frete também pode ser prepaid (pago na origem) ou collect (a pagar no destino). O frete no transporte interno é cotado na base de 1 tonelada = 3,3 m³, que é uma relação baseada na capacidade de transporte do veículo quanto ao peso e volume. No transporte internacional, é normal a relação entre 1 tonelada e 3 m³. Pode ser cotado também na forma de veículo fechado/completo. O transporte rodoviário internacional de cargas é Composição do frete rodoviário7.1 contratado por meio de um conhecimento rodoviário de transporte (CRT- Figura 61), também denominado Carta de Porte Rodoviário. provar que a carga foi entregue pelo usuário (ou seu representante) ao transportador, servindo como um recibo de entrega da mercadoria; evidenciar a existência de um contrato de transporte terrestre entre o usuário e o transportador; representar um título de propriedade da mercadoria (transferível e negociável). É emitido em três vias originais. primeiro original, o único negociável, destina-se ao exportador; segundo original, acompanha a mercadoria até o destino; e terceiro original, fica com o transportador. Funções e características7.2 Tabela 3 – Peso máximo permitido Figura 61 – Modelo de conhecimento de embarque rodoviário Fonte: <blogspot.com [http://2.bp.blogspot.com/_udQk9zbGK8M/S4h579JAmvI/AAAAAAAAAB0/4R94dRI0tGs/s1600/MODELO+DE+ CRT.gif] >. Figura Tipo de caminhão Peso bruto máximoFigura Tipo de caminhão Peso bruto máximo Toco 16.000 kg Truck 23.000 kg Carreta 2 eixos 33.000 kg Carreta baú 41.500 kg Carreta 3 eixos 41.500 kg Carreta cavalo truckado 45.000 kg Carreta cavalo truckado baú 45.000 kg Bi-trem (treminhão) – 7 eixos 57.000 kg Fonte: <antt.com.br [http://rntrc-antt.com.br/imagensd/20140809112514837.jpg] >. A malha rodoviária brasileira possui uma extensão total de 1.355.000 quilômetros, dos quais aproximadamente 13% são pavimentados. O modo de transporte rodoviário é o responsável pela maior parte do transporte interno, respondendo por parcela significativa do abastecimento e da distribuição física. Devido à capilaridade da malha rodoviária, e à necessidade do transporte “porta a porta”, esse modal torna-se praticamente imbatível para pequenas e médias distâncias. Comparando-se com o transporte ferroviário, no caso de distâncias pequenas e médias (até +/- 250 km), os custos de carga e de descarga são proporcionalmente mais altos em relação ao frete, encarecendo o transporte ferroviário e favorecendo o transporte rodoviário. Malha rodoviária brasileira7.3 Principais problemas: idade da frota; falta de manutenção (veículos e estradas); jornada de trabalho excessiva; excesso de peso (permitido por lei e acima da capacidade do veículo); elevado índice de roubos (de veículos e de cargas); elevado índice de acidentes; e péssimo estado de conservação das estradas em nosso país. Vantagens: adequado para reduzido tempo de viagem; presença na “ponta” de outros modais; viabiliza o serviço porta a porta; programação das entregas; os embarques e partidas são mais rápidos; bastante flexível, facilita o abastecimento; favorece o embarque de pequenos lotes; acessibilidade – facilidade no transporte “ponta a ponta”; flexibilidade de movimentação devido à capilaridade da malha viária. Desvantagens: elevado custo do frete e dos pedágios; elevado risco de perdas e avarias; capacidade limitada de transporte de bens; problemas da tripulação para grandes percursos; inadequado para longas distâncias. Estudo sobre estradas brasileiras comprova situação de ruim a péssimo no Norte. Para mais detalhes, veja a reportagem na íntegra da Band Amazonas disponível em: <www.youtube.com [https://www.youtube.com/watch?v=0vwb259CxPc] >. Acesso em: 24 out. 2018. Videoaula - A realidade das estradas brasileiras Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416223693] . Transporte ferroviário8 No Brasil, apesar do incremento dos investimentos trazidos pelo processo de concessão, ainda ocorrem restrições ao desenvolvimento do transporte ferroviário, principalmente no referente à conexão com outros modais. Alguns fatores dificultam o transporte ferroviário no Brasil. falta de interligações entre as redes ferroviárias de países vizinhos; diferentes tipos de bitolas; falta de carga de retorno e alto custo do retorno de vagões vazios; dificuldade de formação de “carga cheia”, ou lote econômico para viabilizar o transporte; falta de superestrutura e de locais adequados para o transbordo: rodoferroviário ou ferro-rodoviário; falta de ramais/desvios junto às fontes geradoras ou receptoras de carga. A figura 63 apresenta o mapa atual das ferrovias brasileiras. Figura 62 – Transbordo de contêineres Fonte: MarkHatfield/iStock Figura 63 – Mapa das ferrovias nacionais Fonte: <appweb2.antt.gov.br [http://appweb2.antt.gov.br/carga/ferroviario/ferroviario.asp] >. Os indicadores de desempenho e a velocidade média comercial anual representam a velocidade média desenvolvida pelo trem entre sua formação e encerramento, e são apresentados pela tabela 4 e pela figura 64, considerando todos os tempos de parada, exceto os tempos excessivos (anormais), os quais são expurgados. Tabela 4 – Indicadores de desempenho (1997-2001) Indicadores de desempenho 1997 2001 Evolução Volume transportado (bilhões de 1,) 138 162 17% Distância média (km) 518 531 3% Receita líquida (R$ bilhões) 2,4 3,5 45% Algumas características8.1 Indicadores de desempenho 1997 2001 Evolução Velocidade média (km/h) 21 22 5% Produto médio (R$/mil TKU) 17,26 22,54 28% Acidentes (números/milhão de trem.km) 80 49,1 -39% Investimentos (R$ bilhões) 0,35 0,81 131% Fonte: adaptado de Fleury (2012). Figura 64 – Velocidade média das concessionárias de ferrovias (em km/h) Fonte: <www.antp.org.br [https://www.antp.org.br/noticias/clippings/trens-ficam-mais-lentos-e- ferrovias-perdem-eficiencia.html]>. Videoaula - Infraestrutura ferroviária Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/416224555] . A malha ferroviária brasileira é composta por uma rede de cerca de 30 mil km de extensão distribuídos por 22 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, divididos em quatro tipos de bitolas, sendo: 7.492 km em bitola larga/irlandesa, que é a de 1,6 metro; 23.027 km em bitola métrica, que possui 1 metro; 510 km em bitola mista. Além dessas, existem bitolas de aproximadamente 4.050 km de trilhos de bitola irlandesa (Larga) com 1,435 metro de largura e temos também bitolas com 0,6 e 0,763 metro em trechos turísticos. As bitolas e a extensão das ferrovias nacionais são apresentadas na tabela 5. Nesta tabela são demonstradas as operadoras, a origem, o tamanho da bitola e sua extensão. Tabela 5 – Extensão da malha ferroviária (em km) Extensão em km da Malha Ferroviária Operadoras Reguladas pela ANTT Origem Bitola Total1,6 1 Mista ALLMN - América Latina Logística Malha Norte - 735 - - 735 Extensão da malha ferroviária brasileira8.2 Extensão em km da Malha Ferroviária Operadoras Reguladas pela ANTT Origem Bitola Total1,6 1 Mista ALLMO – América Latina Logística Malha Oeste RFFSA - 1.953 - 1.953 ALLMP - América Latina Logística Malha Paulista RFFSA 1.533 305 269 2.107 ALLMS – América Latina Logística Malha Sul RFFSA - 7.223 - 7.223 EFC – Estrada de Ferro Carajás - 997 - - 997 EFVM – Estrada de Ferro Vitória a Minas - - 888 - 888 FCA – Ferrovia Centro-Atlântica RFFSA - 7.085 130 7.215 FNS S/A -Ferrovia Norte-Sul TRAMO NORTE (VALEC) - 745 - - 745 FERROESTE – Estrada de Ferro Paraná Oeste - - 248 - 248 FTC – Ferrovia Tereza Cristina RFFSA - 163 - 163 MRS – MRS Logística RFFSA 1.708 - 91 1.799 FTL S/A - Ferrovia Transnordestina Logística RFFSA - 4.257 20 4.277 VALEC: Ferrovia Norte-Sul TRAMO CENTRAL - 815 - - 815 Subtotal - 6.533 22.122 510 29.165 Demais Operadoras Origem Bitola Total 1,6 1 Mista Comp. Bras. de Trens Urbanos – CBTU – Passageiros - 57 149 - 206 Supervia/CPTM/Trensurb/METRO-SP RJ – Passageiros - 832 22 - 854 Trombetas/Jarí/Amapa - Carga - 70 230 - 300 Corcovado/Campos do Jordão - - 51 - 51 Subtotal - 959 452 - 1.411 TOTAL - 7.492 23.027 510 30.57 Fonte: ANTT (2015). Vantagens: capacidade de transportar (grandes lotes); baixo custo para longas distâncias (a princípio!); e reduzido índice de avarias (no trajeto). Desvantagens: tempo de viagem demorado e irregular; diferença de bitolas entre países; necessidade de investimento; e risco de roubos/perdas (vagões parados, à espera de tração). Após 150 anos do início de sua implantação na América do Sul, as ferrovias continuam cumprindo o papel de canais de exportação de produtos primários. A sua participação no transporte do crescente comércio regional é mínima, por causa de uma série de fatores, discutidos em artigo da Revista do BNDES. Para ver na íntegra, veja o link disponível em: bndes.gov.br [https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/10014/1/RB%2031%20Ferrovias%20Sul- Americanas_A%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20Poss%C3%ADvel_P_BD.pdf] . Acesso em: 25 out. 2018. Modal dutoviário9 A participação de dutovias no Brasil teve início na década de 1950. Gradativamente nos anos 1960 houve uma evolução, e somente na década de 1970 e no início de 1980 houve um aumento significativo desse modal. A construção dos oleodutos de São Sebastião/Paulínia (226 km), de Angra dos Reis/Caxias (125 km), entre outros, propiciou um incremento significativo quanto à utilização das dutovias no Brasil. O emprego no transporte de granéis sólidos, nas duas últimas décadas, ganhou o reforço com o minério de ferro e o do carvão mineral em mistura composta por água, que na forma de uma pasta auxilia o transporte via minerodutos e carbodutos. O transporte dutoviário pode ser dividido em: 1. oleodutos, cujos produtos neles transportados são: o petróleo, a gasolina, GLP, o óleo combustível, diesel, álcool, querosene e nafta etc; 2. minerodutos, cujos produtos normalmente transportados são: minério de ferro, o sal-gema, e concentrado fosfático; 3. gasodutos, cujo produto transportado é o gás natural. A figura 66 apresenta o gasoduto Brasil-Bolívia (3.150 km de extensão) é um dos maiores do mundo. Figura 65 – Modal dutoviário Fonte: MsLightBox/iStock Figura 66 – Gasoduto Brasil-Bolívia (3.150 km de extensão) Fonte: <bncamazonas.com.br [https://bncamazonas.com.br/municipios/petrobras-poe-venda-outra-reserva-de- gas-amazonas/] >. Dutovia é um termo genérico que se dá a uma instalação constituída por tubos interligados entre si. Toda dutovia é constituída da seguinte forma: os tubos de diversas formas; os terminais e os equipamentos de propulsão dos produtos; e as juntas de união para conexão das tubulações; As dutovias são subdivididas em: Conceito de dutovia9.1 Dutos subterrâneos: são instalados em valas posteriormente soterradas, visando a proteção contra intempéries, acidentes provocados por outros veículos e máquinas agrícolas, além de protegê-los da curiosidade e do vandalismo de agrupamentos populacionais instalados nas suas proximidades, conforme exemplo na figura 67. Figura 67 –Trecho subterrâneo do gasoduto Brasil-Bolívia Fonte: Sersf/Wikimedia Commons. Disponível em: <wikimedia.org [https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tbg_taquara.jpg] >. Dutos aparentes: utilizados próximo das instalações de chegadas e saídas das estações de bombeio, bem como nas estações de carregamento e descarregamento de produtos transportados por esse modal, conforme figura 68. Figura 68 – Dutos aparentes Fonte: clu/iStock Dutos submarinos: devido ao fato de as tubulações estarem submersas junto no fundo do mar, esse tipo de duto é geralmente utilizado para o transporte do petróleo até as plataformas marítimas para a produção de petróleo, conforme a figura 69. Figura 69 – Dutos submarinos Fonte: anilyanik/iStock Acidentes em dutovias geralmente estão ligados à ação de agentes externos, como tratores escavando, por exemplo, podendo ainda estar ligados às falhas técnicas, tais como ruptura nas tubulações, mecanismos das válvulas apresentando falhas etc. Risco de acidentes e preocupação com meio ambiente9.2 Dependendo da gravidade, acidentes em dutos podem ter graves impactos ambientais. Em razão disso, um estudo de aspectos e impactos ambientais é executado para os projetos de dutovias, de forma a causar o mínimo dano à natureza para suas instalações. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) devem ser elaborados para submissão e aprovação do órgão estadual competente e do Ibama. Os acidentes que podem ocorrer no modal dutoviário, durante sua implantação e operação, podem ter as seguintes consequências: a poluição do solo, águas superficiais e subterrâneas; incêndios com prejuízo ao meio biótico, morte ou intoxicação de animais; poluição atmosférica e acidentes envolvendo operários. A figura 71 apresenta os gasodutos da América Latina em funcionamento e em construção. Figura 70 – Acidentes nas dutovias Fonte: nightman1965/Istock Figura 71 – Gasodutos da América Latina Fonte: <Geopolítica do petróleo [https://geopoliticadopetroleo.files.wordpress.com/2011/02/mapa_gasodutos_brasil.gif] >. Vantagens a dutovia é uma grande solução como modal de transporte, visto que seu fluxo é constante, caracterizado pelo funcionamento 24 horas; é sem dúvida uma solução bem interessante como modal de transporte e pode melhorar muitos gargalos que existem no país. Desvantagens hoje no Brasil temos pouca inserção de dutos em comparação com outros países como EUA. existem os aspectos de manutenção que a tornam mais especializada, no entanto na prática existem poucas paradas. Transporte dutoviário no Brasil Em monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, a especialista Adriana Cristina de Lima apresenta as principais características do sistema brasileiro de dutoviasa partir de análise do funcionamento da Petrobrás e da Transpetro. Para mais detalhes, veja o trabalho na íntegra disponível em: <www.avm.edu.br [http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/T207844.pdf] >. Acesso em: 25 out. 2018. Exercícios de fixação Quais as principais características do modal rodoviário, que o tornam competitivo diante de outros modais? Capilaridade da malha, presença na ponta de outras modalidades, programação da entrega etc. Alto custo para longas distâncias, presença na ponta de outras modalidades, programação da entrega etc. Presença na ponta de outras modalidades, programação da entrega, alto índice de roubo de cargas etc. Idade elevada da frota brasileira, presença na ponta de outras modalidades, programação da entrega etc. No Brasil, apesar do incremento dos investimentos trazidos pelo processo de concessão, ainda ocorrem restrições ao desenvolvimento do transporte ferroviário que prejudicam o comércio com o Mercosul. Qual é a característica que mais prejudica esta integração do continente sul- americano? Falta de carga de retorno e alto custo do retorno de vagões vazios. Falta de superestrutura e de locais adequados para o transbordo rodoferroviário ou ferro- rodoviário. Falta de interligações entre as redes ferroviárias de países vizinhos. Falta de ramais/desvios próximos às fontes geradoras ou receptoras de carga. O transporte dutoviário pode ser dividido em: oleodutos, minerodutos e gasodutos. líquidos, sólidos e gasosos. oleodutos, graneleiros, dutos e gasodutos. aquedutos, aerodutos e gasodutos. Videoaula - A importância do processo de aquisição Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/362570224] . Perfil dos modais de carga no Brasil10 Para que possamos refletir sobre a importância dos investimentos do governo federal na multimodalidade, que infelizmente não vem ocorrendo como se devia, para nos tornarmos mais competitivos em nível global no transporte de cargas, vamos apresentar o perfil dos modais de cargas no Brasil, conforme figura 72. Na figura 73, temos um gráfico que demonstra a evolução da matriz de transporte no Brasil, e a fração percentual de cargas transportadas por cada modal. Figura 72 – Perfil dos modais de carga no Brasil Fonte: MT/Plano Nacional de logística de Transporte – PNLT (2015). Figura 73 – Evolução da matriz de transporte no Brasil Fonte: <slideshare.net [https://www.slideshare.net/crasp/semana-comrcio-exterior-e-logstica- superando-os-desafios-logsticos-no-brasil] >. Critérios básicos para definição do tipo de modal11 Os critérios básicos para definição do tipo de modal devem levar em consideração os seguintes aspectos: custo de serviço; tempo de entrega e sua variação; e perdas e danos. Interfaces entre modais12 São pontos de transição entre os transportes de carga, que oferecem resistência ao fluxo logístico em função do manuseio de carga. No caso, são divididos em terminais, pontos de controle e portos secos. São locais para carregamento/descarregamento de veículos, transbordos, armazenagem, estufagem e desova de contêineres, separação de cargas e armazéns – alfandegados ou não alfandegados; Os terminais podem ser divididos da seguinte forma: alfandegados ou não alfandegados (em zona primária ou secundária); unimodais; intermodais; rodo-ferroviário; rodo-fluvial; rodo-ferro-fluvial (ex.: Porto de Pederneiras no Rio Tietê, Estado de SP); rodo-marítimo; rodo-ferro-marítimo; rodo-ferro-marítimo-fluvial (ex.: Porto do Rio Grande, no Estado do RS); porto-ferroviário. Terminais12.1.1 Figura 74 – Transbordo porto-ferroviário Fonte: ake1150sb/iStock São locais onde o veículo ou a carga e a sua documentação estão sob controle: barreiras interestaduais, balanças rodoviárias e aduanas. Os pontos de controle podem ser: fronteiras estaduais e postos volantes: controle de notas fiscais ou de doenças/ problemas com produtos agrícolas em barreiras; balanças rodoviárias fixas ou móveis: controle de peso total e por eixo de veículos; áreas alfandegadas: controle de importações/exportações. Figura 75 – Transbordo rodo-ferroviário Fonte: BeyondImages/Istock Figura 76 – Transbordo rodo-portuário Fonte: luoman/iStock Pontos de controle12.1.2 Portos secos12.1.3 São terminais localizados na zona secundária, ou seja, fora dos terminais e executam tarefas próprias da zona primária, como: alfandegamento, vistoria, manutenção, estufagem desova de contêineres. Importantes no descongestionamento da zona primária e na redução de custos e riscos. Figura 77 – Portos secos no Brasil Fonte: adaptado de Amora (2013). Exercícios de fixação Os portos secos são terminais localizados na zona secundária que executam tarefas próprias da zona primária. Quais são essas tarefas? E que benefícios eles trazem para as zonas primárias? Apenas auxiliam no descongestionamento da zona primária e na redução de custos e riscos. Executam apenas o alfandegamento, vistoria, manutenção, estufagem e desova de contêineres. Somente a manutenção, estufagem e desova de contêineres. Importantes no descongestionamento da zona primária e na redução de custos e riscos. Alfandegamento, vistoria, manutenção, estufagem e desova de contêineres. Importantes no descongestionamento da zona primária e na redução de custos e riscos. Conclusão Há muito a ser feito em nosso país para torná-lo competitivo em nível global quanto ao transporte de cargas. Certamente a infraestrutura logística precisa ser melhorada com urgência, priorizando o transporte multimodal, o que ainda não acontece! Não exploramos os modais hidroviário e ferroviário, que são os que possuem melhor relação custo × benefício, o que, entre outros aspectos, encarece muito o transporte brasileiro, prejudicando a nossa competitividade. As ações para ampliação e adequação das estruturas para dar condições de melhor aproveitamento destes dois modais, além de ganhos financeiros teríamos também a redução expressiva de poluentes que atualmente são emitidos pelos diversos veículos do modal rodoviário. Aí vem a seguinte pergunta: apagão logístico ou oportunidade de negócios? Autoria Autor Mestre em Engenharia de Produção e Pós-Graduado em Gestão Empresarial, Controladoria, Gestão Estratégica de Pessoas, Gerenciamento de Manutenção e Administração Industrial. Graduado em Ciência da Computação e Tecnólogo em Mecatrônica. Possui 32 anos experiência de mercado, exercendo cargos de liderança nas áreas de Administração da Produção, Manutenção Industrial e Logística de Suprimentos. Desde 2016 atua como professor universitário e de pós-graduação ministrando disciplinas relacionadas à Tecnologia em Logística e Gestão de Produção, tais como Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos de Logística, Gestão da Qualidade, Gestão da Produção, Logística Reversa, Gestão da Qualidade e Engenharia Econômica. Atua na pós-graduação da USCS e USF. Lattes: <lattes.cnpq.br [http://lattes.cnpq.br/7267282290524172] >. Glauco Roberto Pereira Silva Bibliografia AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT). Ferroviária. Portal ANTT, 6 jan. 2014. Disponível em: <portal.antt.gov.br [http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/4751/Ferroviaria.html] >. Acesso em: 25 out. 2018 AMARAL, D. G. do. Soluções logísticas no agronegócio do Brasil 2015-2025. 32 slides. 2015. Disponível em: <slideshare.net [https://pt.slideshare.net/DelanoChavesGurgelAmaral/32-slides- solues-logsticas-no-agronegcio-do-brasil-2015-2025-fev] >. Acesso em: 24 out. 2018. AMORA, D. Receita usa janela de MP para autorizar 15 portos secos a operar. Folha de S. Paulo, 13 ago. 2013. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br [https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1325505-receita-usa-janela-de-mp-para- autorizar-15-portos-secos-a-operar.shtml] >. Acesso em: 26 out. 2018. BRASIL. Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. Código Comercial. Brasil, Coleção das Leis do Império, 1850. Disponível
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