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Governo Eletrônico e Administração Pública

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DESCRIÇÃO
Introdução aos conceitos básicos de governo eletrônico. Dimensões e modelos desse governo.
Discussão sobre suas aplicações na administração pública, com apontamentos sobre as
limitações ao acesso impostas pela desigualdade. Critérios para acesso à informação.
Infraestrutura para informação.
PROPÓSITO
Descrever as questões importantes em governo eletrônico, assim como aquelas relacionadas a
aplicações desse governo na administração pública.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para
acompanhar o texto e fazer anotações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos básicos sobre governo eletrônico
MÓDULO 2
Identificar aplicações de governo eletrônico para a melhoria da administração pública
INTRODUÇÃO
A internet transformou profundamente a vida das pessoas, oferecendo aplicações cada vez
mais diversas. Isso gerou impactos na formação de identidades, no modo como os indivíduos
se relacionam e na maneira como as pessoas interagem com suas comunidades.
Parte dessas comunidades, o setor público precisa procurar interagir com os cidadãos de
maneira mais adequada diante das diversas ferramentas de informação e comunicação
existentes hoje em dia.
Tendo isso em vista, discutiremos neste tema como funciona essa interação.
MÓDULO 1
 Descrever conceitos básicos sobre governo eletrônico
O QUE É UM GOVERNO ELETRÔNICO?
A internet gerou transformações profundas no dia a dia das pessoas, alterando de maneira
definitiva a forma como elas se relacionam e consomem. Ela modificou, aliás, a rotina de todos
nós.
Suas aplicações tornaram-se cada vez mais diversas, impactando na formação de identidades
e relações interpessoais. A própria estrutura e formação das cidades foi influenciada por essa
realidade; afinal, como duas pessoas podem trabalhar juntas em lugares completamente
diferentes, a própria percepção do espaço muda substancialmente.
Nada mais natural que a internet também modificasse a forma como os governos interagem
com seus cidadãos. Surpresa seria se o Estado, diante de todas as mudanças geradas pela
internet, não utilizasse essa ferramenta.
Como podemos definir um governo eletrônico?
Podemos defini-lo como o uso de aplicativos eletrônicos conectados à rede mundial de
computadores para facilitar o acesso a serviços governamentais. Desse modo, ele
consegue prover melhores serviços à população.
Um governo eletrônico também é chamado de e-governo ou, em inglês, e-government . Há
diferentes definições para ele, embora todas envolvam o uso da internet como instrumento
para acesso a:
Informações e serviços do governo;
Mudança de processos administrativos;
Aperfeiçoamento da participação dos cidadãos na administração pública.
Sendo assim, o governo digital não pode ser visto somente como uma nova forma de a
administração disponibilizar informações online (ainda que ele também seja isso), mas também
como uma reflexão sobre a forma como o governo provê serviços e os torna mais adequados e
convenientes aos cidadãos.
Fonte: Brenda Rocha/Shutterstock
Em outras palavras, o governo digital não é um produto estático provido pelo governo e
passivamente observado pelo cidadão, e sim uma forma de envolver os cidadãos no próprio
desenvolvimento do serviço a ser prestado.
Por isso, bons governos digitais são aqueles centrados no cidadão, aumentando, com
isso, a transparência e o controle social.
Vale observar, no entanto, que nem todos os governos digitais são bons e obedecem a essa
lógica participativa e de controle social. De modo geral, os países economicamente
desenvolvidos aproximaram-se mais deste ideal: o uso da ferramenta como uma construção
conjunta entre governos e população em oposição a decisões unilaterais do setor público.
Também é evidente a seguinte realidade: os países que já tinham uma cultura de participação
social empregaram essas ferramentas online de forma mais completa.
O governo eletrônico redefiniu não somente a forma como as agências governamentais
interagem entre si, mas também a maneira como o governo interage com o público.
Há muito tipos e níveis de e-governo. Eles variam desde ações unilaterais de entrega de
apresentação de informação e dados, quando os cidadãos são consumidores passivos, até
sistemas integrados que permitem a interação dos usuários de serviços públicos e o
recebimento de insumos para os tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas.
Há três dimensões possíveis de governo eletrônico:
GOVERNO ELETRÔNICO PARA EMPRESAS (G2B) OU
GOVERNMENT TO BUSINESS
Estão incluídas nesta categoria as iniciativas que tornam o governo digitalmente acessível para
empresas: chamadas para editais online, pregões e leilões online, recebimentos e pagamentos
de recursos, além de acompanhamento digital de cadeias de suprimentos e logística.
GOVERNO ELETRÔNICO PARA O PRÓPRIO GOVERNO
(G2G) OU GOVERNMENT TO GOVERNMENT
Nesta dimensão, é ressaltada a interação entre diferentes agências e órgãos do governo, como
ocorre, por exemplo, no fluxo de informações sem o uso de papel impresso.
Com frequência, essas modernizações melhoram a acessibilidade à informação e aos dados
pelos cidadãos, aperfeiçoam a eficiência dos processos, criam uma sinergia entre os órgãos e
geram uma economia de escala no provimento de serviços governamentais.
O governo eletrônico pode, inclusive, beneficiar o funcionamento do próprio governo. Afinal, ele
tem o potencial de fomentar a democratização da burocracia pública ao promover a migração
de um modelo de gestão que estabeleça controles de forma clássica e hierárquica para
modelos mais horizontais, colaborativas e internamente democráticos.
GOVERNO ELETRÔNICO PARA OS CIDADÃOS (G2C)
OU GOVERNMENT TO CITIZENS
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Esta dimensão é a forma mais comum de governo eletrônico. Em sua categoria, enquadram-se
diversas iniciativas:
Coleta digital de impostos;
Voto eletrônico;
Pagamento de contas, multas e taxas;
Cadastro para políticas sociais, autorizações e licenças;
Registro online de empresas e automóveis;
Acesso aos resultados do censo e outros dados públicos;
Voto pela internet (uma aplicação cada vez mais comum em países com democracias
avançadas).
O acesso online ao governo facilita a obtenção de informações relevantes para os cidadãos e
diminui incertezas quanto a elas, além de reduzir a necessidade de deslocamentos e o tempo
de espera nos órgãos governamentais. Em áreas rurais remotas, o governo eletrônico oferece
vantagens para pessoas que, na ausência desse tipo de serviço, não poderiam acessar
quaisquer serviços governamentais.
Por exemplo, a telemedicina e o ensino a distância não apenas facilitam esse acesso, mas,
em muitos casos, o possibilitam para essas populações. Em muitas ocasiões, serviços do tipo
são o único contato que populações isoladas têm com serviços governamentais.
O governo eletrônico também é usado por governos locais para aumentar o apelo turístico da
região e atrair investimento estrangeiro. Sites municipais dão acesso a informações relevantes
sobre escolas, bibliotecas, horários de transportes públicos e hospitais. Ao torná-las públicas, o
e-governo promove uma maior transparência e ajuda a criar obstáculos a ações arbitrárias por
parte do Estado.
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ECONOMIA DE ESCALA
Ela ocorre quando o custo unitário de produção de um bem ou serviço diminui à medida
que o volume de produção aumenta.
TELEMEDICINA
Atendimentos médicos a distância.
Há muitas vantagens na adoção de ferramentas de governo digital.
O e-governo aperfeiçoa a entrega de serviços públicos e pode aumentar o nível de
satisfação dos cidadãos com as administrações públicas.
 EXEMPLO
No Brasil, já é possível checar a situação do nosso cadastro de pessoa física (CPF).
Se antes essa consulta só podia ser feita presencialmente em agências da Receita Federal,
ela, hoje em dia, assim como boa parte das questões relacionadas ao órgão da União, pode
ser resolvida na plataforma e-CAC (siglapara centro de atendimento virtual). Observemos a
figura a seguir:
Fonte: (Receita Federal, 2020)
 Pesquisa sobre a situação fiscal.
Por outro lado, em países cujos governos sofrem com uma corrupção crônica, a eficiência
resultante do crescimento do governo digital pode minimizar o crescimento de práticas ilícitas e
aumentar a confiança no governo.
O pagamento eletrônico de taxas e multas limita as oportunidades de corrupção, enquanto as
linhas diretas digitais permitem que os cidadãos exerçam seu direito à voz nos círculos de
governança. Alguns tipos mais delicados de denúncias até podem ganhar mais peso se forem
feitos via online do que aquelas veiculadas de forma tradicional, como a presencial e a
realizada por telefone.
VEJAMOS UM EXEMPLO DESSE TIPO DE ACESSO
A possibilidade de se fazer denúncias de violência contra mulheres foi importante no contexto
de confinamento resultante da pandemia da Covid-19.
Fonte: (Polícia Civil – DF, 2020)
 Página de denúncia da Polícia Civil do Distrito Federal.
Entre as preocupações com o governo eletrônico, destacamos duas: as possíveis invasões de
privacidade que ele pode possibilitar, inclusive aquelas com potencial para ameaçar a
segurança local e nacional (ou seja, o hackeamento de arquivos do governo), e a
desigualdade de acesso gerada pela diferença na possibilidade de acesso digital.
HACKEAMENTO
Invasão de um sistema eletrônico por parte de terceiros não autorizados.
Essa desigualdade pode ser o resultado de redes e cabeamento limitados em determinadas
regiões, incapacidade financeira de acesso a equipamentos e falta de conhecimento e
informação dos adultos (fenômeno conhecido como exclusão digital ).
O sucesso do governo eletrônico depende diretamente da inclusão digital. Com ela, os
cidadãos terão, de fato, um acesso aos serviços públicos disponibilizados de forma eletrônica.
Estudaremos essa questão em detalhes no próximo tópico.
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É preciso observar ainda que o governo eletrônico consiste em uma série de práticas diversas
que varia no tempo e no espaço, respondendo a climas políticos e contextos institucionais
variáveis.
Segundo experiências obtidas nos Estados Unidos e na União Europeia, é possível determinar
a divisão dos governos eletrônicos em três modelos:
GERENCIAL
CONSULTIVO
PARTICIPATIVO
GERENCIAL
Maximiza a velocidade e a eficiência da prestação de serviços governamentais aos cidadãos.
CONSULTIVO
Incorpora a contribuição do cidadão de várias maneiras para que as tecnologias da informação
sejam vistas como democratizantes. A votação pela internet, as pesquisas, os referendos e as
conferências eletrônicas com funcionários constituem exemplos disso.
PARTICIPATIVO
Inclui contribuições de atores não estatais, assim como as feitas por empresas e organizações
não governamentais.
As visões apresentadas apontam, na verdade, casos paradigmáticos que servem para facilitar
a nossa apresentação. No mundo real há um contínuo de possibilidades de acesso social em
que os modelos consultivo e participativo são as formas mais socialmente inclusivas.
Ainda é possível classificar os governos eletrônicos de acordo com seus diferentes estágios de
desenvolvimento. Eles variam da simples presença online aos mecanismos sofisticados de
interação com os usuários:
PRESENÇA ONLINE BÁSICA:
Uma página da web.
INTERFACES:
permitem o acesso do cidadão a dados e serviços.
INTEGRAÇÃO VERTICAL:
os cidadãos podem participar ativamente, como, por exemplo, para pedidos de licença.
INTEGRAÇÃO HORIZONTAL:
um ou alguns sites centralizados oferecem ampla gama de serviços governamentais.
Pode-se também entender o governo eletrônico como uma redefinição da gestão da
informação no governo com um forte impacto institucional. Ele também representa uma
mudança na forma como as autoridades públicas prestam serviços aos cidadãos e uma
reformulação do que se entende por normal nas formas de fazer negócios.
O e-governo é, portanto, transformador por natureza, afetando a gestão de recursos e
processos humanos, tecnológicos e organizacionais.
Por fim, as iniciativas de governo eletrônico significam: o uso de tecnologias baseadas na web
para disseminar informações aos cidadãos e, em seguida, gerar um fluxo de comunicação
de mão dupla. Com isso, o processo se inverte: eles também enviam informações ao governo.
OBSTÁCULOS NA IMPLEMENTAÇÃO
O uso da internet não é uniforme entre a população. Seu emprego é caracterizado por divisões
digitais, sociais e espaciais significativas, ou seja, há discrepâncias em termos de facilidade e
custo de acesso.
Fonte: Shawn Talbot/shutterstock

Fonte: Rawpixel.com/shutterstock
Para muitas populações econômica e politicamente marginalizadas (pobres, idosos,
analfabetos e minorias étnicas), o ciberespaço é simplesmente inacessível. Globalmente, o
acesso à internet reflete diretamente as geografias de desenvolvimento desigual e as variações
de riqueza e poder em diferentes regiões e países.
A exclusão digital é um grande obstáculo para o sucesso na adoção e implementação do
governo eletrônico.
Ele, afinal, é inútil para quem não tem acesso à internet; portanto, o governo eletrônico e a
exclusão digital são fenômenos que não podem ser dissociados.
Estão excluídas de seus benefícios pessoas sem habilidades técnicas necessárias e a renda
devida para adquirir um computador pessoal em casa, além de escolas ou empregos que
oferecem acesso à internet ou a capacidade de utilizar pontos públicos da internet, como, por
exemplo, bibliotecas, cybercafés e lan houses .
 EXEMPLO
No Brasil, 3,5% da população que reside na região denominada Amazônia Legal (englobando
os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, parte do Maranhão, Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins) não tem acesso à energia elétrica. Esse percentual pode
parecer pouco, mas ele indica a existência de 990.103 brasileiros sem energia elétrica. Eles
não possuem, informa um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) de 2019,
uma tomada sequer para ligar um refrigerador.
Analisaremos agora o seguinte caso: Uma moradora de uma comunidade afastada do
município de Igaporã, na Bahia, é beneficiada pela organização Litros de Luz, que leva energia
elétrica para comunidades isoladas. Essa organização instala postes e lampiões que
funcionam à base de luz solar.
Fonte: HQuality/Shutterstock
Infelizmente, aqueles que mais precisam de serviços governamentais geralmente são os que
têm menos oportunidades de acessá-los. Tendo em vista a exclusão digital, observa-se que
a adoção do governo eletrônico é um problema eminentemente relativo à demanda, e
não à oferta.
Segundo Warf (2016), certas pesquisas já demonstram que quem mais se vale dos serviços do
governo tem menos chances de usar a internet. Isso acontece assim porque aqueles que
precisam das informações que a internet oferece normalmente se beneficiam mais delas,
enquanto quem conta com fontes abundantes de informações não depende tanto daquelas
oferecidas virtualmente.
A divisão digital pode aumentar – e não apenas refletir – as desigualdades em torno do
governo eletrônico.
Desse modo, existe um risco de o governo eletrônico exacerbar – e não reduzir ou mesmo
refletir – as desigualdades sociais.
OS OBSTÁCULOS PARA A INOVAÇÃO DO
GOVERNO ELETRÔNICO
Neste vídeo, um especialista apontará os principais obstáculos que impedem a implementação
do governo eletrônico.
Retomemos o exemplo da moradora de Igaporã beneficiada por um programa de expansão de
energia elétrica.
Em seu município, ela conta com um portal completo que oferece informações tanto para
turistas em potencial quanto para cidadãos. Existe até uma página virtual para a geração de
boletos e pagamentos de impostos, assim como de multas e taxas online:
Fonte: (Prefeitura de Igaporã, 2020)
 Website do município de Igaporã.
Os papéis de gênero restritivos também são importantes.
No mundo desenvolvido, a exclusão digital de gênero é mais rara deser observada, porém, em
muitos países em desenvolvimento, onde as mulheres desfrutam significativamente de menos
vantagens que os homens (incluindo a alfabetização), o acesso às tecnologias é especialmente
difícil.
A renda e as taxas de alfabetização das mulheres costumam ser substancialmente menores
que as dos homens.
Se tudo isso não bastasse, ainda há a sobrecarga causada pelas demandas de cuidados
infantis e tarefas domésticas.
Nos países onde isso é uma questão, as estratégias para melhorar o acesso à rede mundial de
computadores deveriam ter as mulheres como um alvo específico.
Por fim, a fluência em uma língua não muito difundida restringe o acesso ao conteúdo da
internet. A maior parte do material que os governos colocam na web está em inglês ou em uma
língua nativa dominante.
 EXEMPLO
Para indianos que não falam hindi, filipinos que não dominam o tagalo, minorias em Mianmar
que não conhecem o birmanês e bolivianos não versados em castelhano, a língua é mais um
obstáculo ao acesso ao governo eletrônico. Nem todo país tem a unidade linguística do Brasil.
OS GOVERNOS TAMBÉM TÊM PROBLEMAS
INTERNOS QUE DIFICULTAM A IMPLEMENTAÇÃO DO
GOVERNO ELETRÔNICO:
A liderança pode ser mal coordenada ou carecer de prioridades claras.
Não deve ser desconsiderado o ressentimento de uma parcela dos funcionários públicos.
Para aqueles que ascenderam a cargos por patronagem ou indicação política, para os que
tinham a intenção de receber um suborno ou outras formas de corrupção, ou simplesmente
quem já estava acostumado a operar em uma cultura muito conservadora que considere as
mudanças desnecessárias, o governo eletrônico é uma interferência indesejável.
Muitos funcionários públicos também não possuem as habilidades de tecnologia da informação
necessárias. Agências ou secretarias inchadas podem não gostar da ideia de racionalização e
redução do tamanho.
Desse modo, vale frisar que o governo eletrônico é, em seu cerne, um processo político,
e não simplesmente técnico. Muitas vezes, ele sofre a resistência de burocracias
“entrincheiradas” que corretamente o veem como uma "tecnologia disruptiva”.
TECNOLOGIA DISRUPTIVA
Inovação tecnológica que gera mudanças relevantes em um ambiente.
QUAL É UM DOS BENEFÍCIOS DO GOVERNO
ELETRÔNICO?
RESPOSTA
RESPOSTA
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Reduzir a corrupção é um dos benefícios mais elogiados do governo eletrônico. Eis o
principal incentivo para sua implementação em muitos países, como, por exemplo, a
China.
Embora a governança baseada na internet possa reduzir a corrupção, o processo inverso
também é verdadeiro:
Hierarquias governamentais corruptas podem frustrar iniciativas de governo eletrônico.
 EXEMPLO
A corrupção está ligada ao fracasso de alguns programas de governo eletrônico na Índia, na
Indonésia, no Paquistão e Bangladesh. Trata-se de países bastante pobres que têm muito a
ganhar com aumento da eficiência do governo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A OPÇÃO QUE REPRESENTE OS TRÊS MODELOS
POSSÍVEIS DE GOVERNO ELETRÔNICO DE UM PAÍS:
A) Convidativo, consultivo e gerencial.
B) Ativo, participativo e consultivo.
C) Consultivo, gerencial e participativo.
D) Gerencial, retroativo e participativo.
E) Conservador, técnico e consultivo.
2. INDIQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTE UM OBSTÁCULO À
IMPLEMENTAÇÃO DO GOVERNO ELETRÔNICO EM MUITOS PAÍSES.
A) Grande presença de lan houses em bairros.
B) Uso de celulares em vez de computadores para navegação na internet.
C) A presença de satélites acima do território de um país.
D) Papéis de gênero restritivos.
E) Alta taxa de alfabetização.
GABARITO
1. Assinale a opção que represente os três modelos possíveis de governo eletrônico de
um país:
A alternativa "C " está correta.
Não existe modelo convidativo, ativo, conservador ou técnico. Tais características podem ou
não estar presentes em qualquer modelo: consultivo, gerencial ou participativo.
2. Indique a alternativa que apresente um obstáculo à implementação do governo
eletrônico em muitos países.
A alternativa "D " está correta.
A desigualdade de gênero compromete o acesso das mulheres às ferramentas e às
oportunidades necessárias para utilizar o governo eletrônico, como, por exemplo, nas menores
taxas de alfabetização ou de uso de computadores.
MÓDULO 2
 Identificar aplicações de governo eletrônico para a melhoria da administração pública
GOVERNO ELETRÔNICO NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A implementação do governo eletrônico levou a um aumento da informação, especialmente
daquela nascida digitalmente, o que impõe novas demandas às práticas de gerenciamento de
informações e registros.
O acesso às informações por parte do público em geral e da mídia, afinal, é fundamental para
um governo transparente.
Consta de O Guia Europeu de Acesso aos Documentos Oficiais que:
[...] O PRINCÍPIO BÁSICO É QUE UM AMPLO DIREITO
DE ACESSO AOS DOCUMENTOS OFICIAIS DEVE SER
CONCEDIDO COM BASE NA IGUALDADE E NA
APLICAÇÃO DE REGRAS CLARAS, ENQUANTO A
RECUSA DELE PRECISA SER A EXCEÇÃO E DEVE
SER DEVIDAMENTE JUSTIFICADA. NÃO SE TRATA
APENAS DE RECONHECER A LIBERDADE DO
PÚBLICO DE TER ACESSO ÀS INFORMAÇÕES QUE AS
AUTORIDADES LHES DESEJAM FACULTAR, MAS
ANTES DE GARANTIR UM VERDADEIRO “DIREITO DE
SABER” AO PÚBLICO. OS ESTADOS PRECISAM
ASSEGURAR – COM O DEVIDO RESPEITO ÀS REGRAS
QUE QUALQUER PESSOA PODE, MEDIANTE
SOLICITAÇÃO, DEMONSTRAR – ACESSO AOS
DOCUMENTOS EM PODER DAS AUTORIDADES
PÚBLICAS.
(COUNCIL OF EUROPE, 2004, p. 6, grifos e tradução nossa)
Um dos instrumentos mais importantes de controle dos cidadãos sobre as autoridades públicas
é, portanto, este:
Princípio do acesso público à informação governamental
À medida que as instituições governamentais se envolvem no desenvolvimento do governo
eletrônico e passam a usar a tecnologia da informação, elas geram muitas informações, que
serão chamadas aqui de informações do setor público.
Uma nova categoria de dados vem se destacando nos últimos anos. Trata-se do Big Data ,
que se caracteriza tanto por seu volume quanto por suas velocidades de transmissão e
variedade de formatos. O poder inovador e transformador dele, no entanto, depende de sua
qualidade, que só pode ser alcançada por meio da governança da informação.
Uma pesquisa constatou que os mercados europeus derivados do PSI acumulam um volume
de negócios cujas estimativas chegam à casa dos 30 bilhões de euros por ano.
BIG DATA
Pode ser traduzido como “grandes bases de dados”, mas é mais comum encontrar o
termo em inglês.
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COMO PODEMOS DEFINIR O PSI?
RESPOSTA
RESPOSTA
Ele pode ser definido, segundo Dragos e Neamtu (2009, p. 4), “como qualquer tipo de
informação que é produzida e/ou coletada por um órgão público e faz parte da função
obrigatória da instituição”.
O PSI pode constituir, por exemplo, dados em sistemas de informação geográfica, cadastro,
serviços meteorológicos públicos e outros tipos de informação criados por administrações
públicas.
O acesso ao PSI busca estimular o desenvolvimento dos mercados de informação e melhorar a
qualidade dos serviços de governo eletrônico. No entanto, esses dados não só oferecem
oportunidades, mas também representam riscos para as organizações. Afinal, eles são
coletados de diferentes fontes, o que pode dificultar o rastreamento de sua procedência.
javascript:void(0)
Além disso, como o volume é grande e flui em alta velocidade, ele dificilmente é submetido à
revisão humana. Dessa forma, é necessário recorrer a métodos estatísticos e computacionais
para analisar esses dados e relacioná-los com outras fontes de informação.
Desse modo, é possível gerar avaliações sobre, por exemplo, a eficiência das políticas
públicas. No entanto, ao mesmo tempo, isso também pode resultar em atividades criminosas
que façam uso de dados sigilosos, o que é potencialmente prejudicial para organizações e
Estados.
Para que o governo eletrônico cumpra seus objetivos (entrega de serviço eficaz, maior
transparência e responsabilidadepor meio do fluxo livre de informações), é preciso haver uma
infraestrutura de gerenciamento de informações adequada.
O e-government propiciou um aumento na quantidade de informações que as instituições
governamentais precisam administrar bem para garantir que elas sejam – e permaneçam –
seguras, autênticas e confiáveis.
O gerenciamento eficaz de informações é muito importante para o desenvolvimento do governo
eletrônico. Por isso, é necessário acabar com as estruturas hierárquicas e adotar abordagens
de gerenciamento de processos de negócios capazes de criar uma eficiência e de promover o
compartilhamento de informações entre instituições governamentais.
Fonte: Trueffelpix/Shutterstock
O ambiente complexo emergente requer uma colaboração entre diferentes disciplinas e – como
consequência disso – competências que terão de lidar com questões legais, informativas e de
segurança, além de desafios de sistemas.
Para garantir a promoção da transparência, procedimentos, processos e sistemas apropriados
são considerados fundamentais para fornecer e manter informações confiáveis em longo prazo.
Se a informação for usada como um recurso nacional, ela deve ser bem planejada e
estruturada.
INFRAESTRUTURA DE INFORMAÇÃO
A informação é a base para que um governo exerça suas funções.
Por isso, o gerenciamento de informações se mostra extremamente importante para o
desenvolvimento de um governo eletrônico cujo objetivo é a entrega de serviços eficazes e
com maior responsabilidade e transparência.
Alguns dos fatores críticos no desenvolvimento dele incluem o gerenciamento de informações e
dados e a colaboração organizacional. Não há como negar a importância de uma infraestrutura
de informações robusta e confiável para o bom funcionamento desse governo.
A INFRAESTRUTURA DE INFORMAÇÕES PODE
SER ENTENDIDA DE QUE MANEIRA?
RESPOSTA
RESPOSTA
Como redes computadorizadas, aplicativos e serviços que os cidadãos podem usar para
acessar, criar, disseminar e utilizar informações digitais.
A governança configura-se como um fator igualmente importante. Uma das questões centrais
que deve ser abordada durante o desenvolvimento do governo eletrônico é a filosofia de gestão
da informação.
Essa filosofia fundamenta os investimentos em tecnologia de comunicação da informação
(TIC). Uma estratégia de gerenciamento de informações apropriada precisa estar em vigor para
facilitar os processos de tomada de decisão.
Recomenda-se ainda uma exploração proativa do tesouro de informações públicas em
vez de uma mera resposta reativa aos pedidos de informações. Tal atitude será capaz de
moldar uma nova filosofia na gestão da informação pública.
QUAIS SÃO AS PREOCUPAÇÕES NO
DESENVOLVIMENTO DO GOVERNO ELETRÔNICO?
Suas maiores preocupações não são meramente técnicas. Questões de política, como, por
exemplo, a coordenação, a colaboração entre os líderes de agências e o pensamento
orientado para elas, impedem o foco nas metas gerais e na falta de comunicação.
As instituições governamentais precisam afastar-se dos modelos tradicionais de
gerenciamento de informações hierárquicas e de “feudos” para promover o
compartilhamento de informações.
Isso exigirá delas uma integração de processos e sistemas de informação para substituir
aqueles considerados ineficientes e burocráticos.
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Deve-se, portanto, mudar os processos de negócio, as estruturas organizacionais e a gestão
dos sistemas de informação para que o e-governo seja implementado com sucesso. Isso exige
uma superação dos desafios apresentados pela gestão da informação.
A gestão segura e eficaz da informação requer a colaboração entre diferentes
competências.
Embora a transparência e a responsabilidade sejam centrais para o desenvolvimento do
governo eletrônico, a questão do arquivamento e do registro eletrônico ainda é pouco
discutida pelos estudiosos desse tópico.
É um fato que o gerenciamento e o uso eficaz da informação não podem ocorrer sem essas
duas funções. A estrutura de governança aberta das instituições governamentais depende dos
processos que empreendem serem bem documentados.
Desse modo, o arquivamento e o registro eletrônico são essenciais para a prestação de
serviços de qualidade, a rastreabilidade dos casos dos cidadãos e a transparência dos
processos de tomada de decisão.
 EXEMPLO
Na Suécia, a delegação do governo eletrônico atribuiu aos arquivos nacionais suecos a
responsabilidade de desenvolver essas duas áreas. Seu projeto baseou-se na premissa de
que, sem regimes eficazes de gestão da informação, seria difícil manter o direito de acesso às
informações do governo para uso interno e externo.
O objetivo do projeto era desenvolver especificações comuns para agências governamentais a
fim de:
Facilitar a transferência de registros digitais entre os sistemas de gerenciamento de registros e
um arquivo eletrônico.
Testar e garantir a qualidade das especificações.
Propor uma organização que administrará esses registros.
Isso constitui um esforço para melhorar a recuperação, a reutilização e a transferência de
informações mantidas por autoridades públicas.
A Suécia, por exemplo, promove um acesso imediato aos registros públicos: não há separação
entre os registros atuais e os arquivísticos. As regras que regem o acesso público aos registros
do governo têm quase 250 anos! Elas datam do primeiro Ato de Liberdade de Imprensa, de
1776.
Desse modo, a Suécia proporciona um exemplo para outros países que pretendam
implementar serviços de governo eletrônico dentro da administração pública.
Atualmente, são necessárias algumas medidas para isso:
MEDIDA 01
MEDIDA 02
MEDIDA 01
É importante que as instituições colaborem além das fronteiras. Isso também suscitou o
desenvolvimento de serviços integrados para além dos limites dos Estados nacionais. Deve-se
buscar cada vez mais o desenvolvimento de especificações comuns e padronizações.
No ambiente hierárquico, os sistemas de informação foram criados para atender às funções de
determinado departamento.
MEDIDA 02
Hoje em dia, o foco está em processos e sistemas de informação. Estes, aliás, devem estar
alinhados com aqueles. Como os processos superam as fronteiras departamentais, os
sistemas de informação precisam ser implementados a fim de facilitar o
compartilhamento de informações por meio da integração.
O que está envolvido no bom gerenciamento de informações?
Ele envolve a compreensão dos tipos de informações que uma organização cria para identificar
quais delas são valiosas e o que precisa ser gerenciado em longo prazo. Isso requer auditorias
periódicas para distinguir quais informações existem, onde elas podem ser encontradas, quem
é o responsável por elas e de que modo podem ser usadas.
O gerenciamento de processos de negócios foi adotado por organizações para melhorar o
desempenho dos negócios. O BPM, portanto, promove a melhoria contínua dos processos de
trabalho.
A gestão de processos é um pré-requisito para o planejamento estratégico e a
coordenação dos negócios.
INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO
ELEITORAL
O Brasil é um caso de sucesso na implementação de processos eletrônicos de votação. Desde
1998, todo eleitor brasileiro vota em urnas eletrônicas espalhadas pelo país. Apesar disso, seu
uso ainda é limitado na maior parte do mundo.
Urnas eletrônicas têm inúmeras vantagens bem conhecidas:
1
A votação é muito mais rápida e bem mais simples: o eleitor não precisa escrever os nomes e
os números dos candidatos em uma cédula de papel.
2
A apuração é muito mais rápida e menos sujeita a erros, bastando que as autoridades
competentes garantam a segurança dos locais de votação.
No entanto, os processos eleitorais eletrônicos não se restringem às suas urnas. Em uma
democracia, é fundamental haver transparência na apuração dos votos, assim como é
necessário que as informações sobre os processos eleitorais fiquem à disposição do público.
No Brasil, é possível, em tempo real, acompanhar a apuração dos votos em todos os locaisdo
país na página eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O site do TSE oferece informações detalhadas sobre as zonas eleitorais e cada um dos
candidatos, bem como a votação obtida por eles.
Fonte: rafastockbr/Shutterstock
Essa informação fica armazenada, podendo ser recuperada até anos depois, se for necessário.
Para entendermos a importância dessa transparência, conheceremos agora dois exemplos de
problemas eleitorais ocorridos nos Estados Unidos. O país é considerado a democracia mais
antiga do mundo.
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EXEMPLO 1: ELEIÇÃO NO ANO 2000
A disputa presidencial entre George Bush (do Partido Republicano) e Al Gore (Partido
Democrata) acabou nos tribunais. Houve dúvidas a respeito da contagem de votos e, portanto,
do vencedor, no estado da Flórida.
Quem ganhasse na Flórida seria eleito presidente. A primeira contagem indicou que Bush foi o
vencedor, mas foram reportados diversos problemas na apuração. Por conta disso, uma
recontagem foi solicitada.
Resultados preliminares indicavam que Al Gore venceria, porém a recontagem foi paralisada e
começou uma disputa jurídica. Legalmente, o governador do estado deveria aprovar a
recontagem. Ele, contudo, era irmão de Bush e proibiu sua conclusão.
Dessa forma, George Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos, mesmo com a incerteza
sobre quem venceu no voto. Com o sistema de urnas eletrônicas e o acompanhamento da
apuração por toda a população pela internet, há menos espaço para esse tipo de problema.
EXEMPLO 2: ELEIÇÃO NO ANO 2020
Nos Estados Unidos, é possível votar pelo correio. No entanto, sua apuração é mais lenta e
depende do funcionamento desse serviço.
Por acreditar que os votos enviados pelo correio iriam para o seu oponente, Joe Biden, Donald
Trump criou uma série de dificuldades para seu envio. Ele pôde fazer isso por ser o presidente
da república e ter o poder para dar ordens à companhia dos correios. Além disso, Trump
alegou sistematicamente que os votos pelo correio são fraudados.
Assim como no exemplo anterior, este tipo de situação também seria evitado com a utilização
do governo eletrônico no processo eleitoral. Uma possível solução seria a substituição do voto
via correio pelo que é feito online, tomando, para isso, as devidas medidas de segurança.
Esses exemplos mostram que a transparência obtida com processos eletrônicos não é apenas
um serviço prestado diretamente ao cidadão. Mais que isso: ela é uma ferramenta para a
proteção da própria democracia.
INFORMATIZAÇÃO DA GESTÃO DE SAÚDE
Como vimos, várias aplicações do governo eletrônico em órgãos do próprio governo (G2G)
podem passar desapercebidas pelo cidadão comum.
 EXEMPLO
A gestão centralizada de leitos e de exames hospitalares no setor público.
Quando uma pessoa é atendida em um hospital ou posto de saúde, frequentemente é
necessário fazer algum exame ou procedimento que não está imediatamente disponível no
local de atendimento. Historicamente, são habituais as situações em que um paciente precisa
peregrinar por vários hospitais em busca do atendimento necessário.
Fonte: elenabsl/shutterstock
Isso pode ser reduzido com um sistema que informe a disponibilidade de todo o sistema de
saúde para determinado procedimento. Esse ganho de eficiência é baseado no bom uso das
tecnologias de informação e comunicação, podendo salvar vidas.
Fonte: Pipat Chanchiangma/shutterstock
Um caso particularmente importante ocorreu na pandemia de Covid-19, em que a
disponibilidade de leitos e de respiradores era fundamental. A implementação desse sistema
permitiu a alocação de recursos da forma mais eficiente possível e a distribuição de pacientes
entre diferentes unidades.
FINANCIAMENTO DO GOVERNO
De maneira geral, o financiamento dos governos constitui um dos processos mais importantes
da política pública em todos os países do mundo. É difícil para um cidadão comum financiar
diretamente um governo, mas, no Brasil, uma solução foi desenvolvida.
O governo federal brasileiro criou um mecanismo para conseguir obter financiamento
diretamente dos cidadãos. Como isso foi possível?
Resposta: graças à criação de uma plataforma que ofereça aos indivíduos, de forma direta,
títulos emitidos pelo governo federal. Ela os disponibiliza tanto para compra como para venda,
o que garante a liquidez desse mercado.
Ou seja, qualquer um consegue facilmente realizar um investimento ou um desinvestimento.
Além disso, é possível comprar e vender títulos de diversos valores, tornando-os acessíveis
para ampla parcela da população.
Antes dessa plataforma, o financiamento direto ao governo era, na prática, quase impossível.
As pessoas precisavam investir em bancos, os quais, por sua vez, utilizavam o conjunto de
depósitos recebidos para financiar o governo.
Com essa plataforma, o financiamento direto dos cidadãos ao governo gera vantagens para os
dois lados:
Pessoas
Têm mais uma possibilidade de investimento – e, desta vez, sem intermediário – , gerando
retornos melhores. Além disso, há uma maior transparência em relação aos valores obtidos, o
que nem sempre é o caso dos investimentos em bancos.

Governo
Passa a ter acesso a uma gama muito maior de financiadores e a ser menos dependente do
setor bancário.
Não basta, porém, haver a simples disponibilização deste tipo de investimento: é necessário
que ele seja facilmente disseminado pela população. Isso é feito por meio de uma plataforma
online denominada Tesouro Direto, possuindo uma grande transparência sobre os produtos
financeiros disponibilizados.
Podemos compará-lo a uma forma antiga de se financiar projetos específicos do setor público:
a caderneta de poupança. Ela, aliás, funciona até hoje como método de financiamento,
especialmente o de projetos habitacionais.
A poupança, no entanto, configura um produto financeiro típico, contendo toda a burocracia
associada ao setor bancário, além de uma taxa de retorno baixa e difícil de se calcular.
Fonte: Pru Studio/Shutterstock
Notamos novamente que a transparência e a eficiência geradas pelo governo eletrônico têm
um grande potencial de beneficiar tanto a população quanto o próprio governo.
Neste vídeo, um especialista abordará as consequências geradas pelas aplicações de governo
eletrônico na administração pública.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESCOLHA A ALTERNATIVA QUE REPRESENTE DA MELHOR FORMA O
PRINCÍPIO BÁSICO DE ACESSO À INFORMAÇÃO.
A) Amplo direito de acesso a documentos oficiais com prioridade para cidadãos com maior
renda.
B) Direito apenas a informações devidamente aprovadas por uma junta, sem a necessidade de
justificativa caso o acesso seja negado.
C) Amplo direito de acesso a documentos oficiais com base na igualdade e na aplicação de
regras claras.
D) A informação deve ser enviada por e-mail.
E) A informação precisa ser disponibilizada para todos os interessados.
2. APONTE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE INFRAESTRUTURA DE
INFORMAÇÃO.
A) Sistemas de informação devem ser implementados para facilitar o compartilhamento de
informações.
B) É preciso que cada parte do governo tenha o próprio padrão de organização e
gerenciamento de dados.
C) A gestão de informações precisa ser reativa.
D) Quanto maior for o número de autorizações necessárias para acessar dados, melhor será a
infraestrutura de informações.
E) A infraestrutura de informação não depende do formato em que a informação é armazenada
(digital ou em papel).
GABARITO
1. Escolha a alternativa que represente da melhor forma o princípio básico de acesso à
informação.
A alternativa "C " está correta.
Documentos oficiais precisam ser acessíveis à população segundo regras claras, as quais,
aliás, devem valer para todos. Se houver alguma restrição, ela deverá ser apresentada.
Exemplo: às vezes, dados sensíveis para questões de segurança pública podem ter acesso
restrito, mas isso tem de estar explícito nas regras.
2. Aponte a alternativa correta sobre infraestrutura de informação.
A alternativa "A " estácorreta.
Caso haja dificuldade para o compartilhamento de informações, diferentes bases de dados
ficarão isoladas, sendo, na prática, apenas depósitos de dados sem a possibilidade de
divulgação e utilização em escala relevante.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pontuamos neste tema que um dos instrumentos mais importantes de controle dos cidadãos
sobre as autoridades públicas é o princípio do acesso público à informação governamental.
Além disso, explicamos por que é fundamental um governo operar de maneira eficiente e ter
uma interface funcional com a população.
Em seguida, destacamos que o governo eletrônico busca responder a essas preocupações
com as tecnologias de informação e comunicação mais recentes. Tendo isso em vista,
caracterizamos esse governo, descrevendo seus modelos e dimensões, assim como as
dificuldades para a aplicação dele na administração pública como um todo.
Salientamos, por fim, que, conforme o desenvolvimento do governo eletrônico continua, as
estruturas hierárquicas das instituições governamentais são cada vez mais continuamente
desafiadas e esse governo, expandido.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COUNCIL OF EUROPE. Access to official documents: guide. Directorate General of Human
Rights Integrated project “Making democratic institutions work”. Strasbourg: Council of Europe,
2004.
DRAGOS, D. C.; NEAMTU, B. Reusing public sector information-policy choices and
experiences in some of the member states with an emphasis on the case of Romania.
In : European Integration online Papers (EIoP). v. 13. n. 4. 2009.
INSTITUTO DE ENERGIA E MEIO-AMBIENTE. Matriz elétrica limpa e inclusiva:
universalizar o acesso à energia elétrica e reduzir impactos socioambientais negativos da
expansão do sistema elétrico. Consultado em meio eletrônico em: 27 out. 2020.
SVÄRD, P. Enterprise content management, records management and information
culture amidst E-Government development. Amsterdam: Chandos Publishing, 2017.
WARF, B. E-Government in Asia: origins, politics, impacts, geographies. Amsterdam: Chandos
Publishing, 2016.
CONTEUDISTA
Graziella Guiotti Testa
 CURRÍCULO LATTES
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