Slides - Aprendizado e Memória - 2023.02

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Aprendizado e Memória
Curso: Psicologia.
Semestre: 1º.
Componente Curricular: Neuroanatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso.
Período: 2023.02.
Facilitadora: Elisângela Souza.
Salvador - Bahia
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APRESENTAÇÃO
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APRENDIZADO E MEMÓRIA
APRENDIZADO E MEMÓRIA
Como os eventos do ambiente modelam o comportamento?
Aprendizado – é o processo pelo qual adquirimos conhecimento sobre o mundo;
Memória – retenção ou armazenamento deste conhecimento;
Qualquer animal tem capacidade de apreender informações do seu ambiente, mas nos humanos esta capacidade atinge sua forma mais elaborada;
A maioria dos comportamentos humanos depende do aprendizado.
MEMÓRIA
Depende de várias regiões cerebrais, mas existem vários tipos de memória e determinadas regiões que são mais importantes para um tipo que para outro;
Diferentes tipos de memória são armazenados em sistemas neurais distintos (ex: estimulação elétrica durante neurocirurgia de lobo temporal, resposta experiencial: recordação coerente de vivência anterior);
A memória não é unitária e pode ser classificada como implícita ou explícita, baseada em como a informação é armazenada e recuperada.
MEMÓRIA - PACIENTE HM
MEMÓRIA - PACIENTE HM
O primeiro e mais bem estudado caso dos efeitos sobre a memória da remoção de partes dos lobos temporais foi o de um operário de linha de montagem com 27 anos que sofria de crises epilépticas intratáveis por mais de 10 anos. As crises ficaram muito reduzidas após ablação da parte medial dos lobos temporais, nos dois lados do cérebro.
MEMÓRIA - PACIENTE HM
Imediatamente após a cirurgia, H.M passou a apresentar um devastador déficit de memória - perdeu a capacidade de formar memórias a longo prazo. Todavia, conservava suas memórias para os eventos de sua vida que haviam precedido a operação. Lembrava-se de seu nome, conservava um uso perfeitamente adequado da linguagem e mantinha seu vocabulário normalmente variado e seu QI na faixa normal superior. Lembrava-se dos eventos que precederam a cirurgia e, vividamente, dos eventos de sua infância. Além do que, a memória a curto prazo de H.M estava perfeitamente intacta.
MEMÓRIA - PACIENTE HM
O que faltava a H.M, e faltava intensamente, era a capacidade de transferir a maior parte dos tipos de aprendizado da memória a curto prazo, durando segundos a minutos, para a memória a longo prazo, durando dias ou mais. Quando aprendia uma nova tarefa, ele era incapaz de reter essa informação por mais de 1 minuto. Instruído a se lembrar do número 584, era capaz de repeti-lo imediatamente por muitos minutos. Contudo, quando era distraído, até mesmo por breve instante, ele esquecia o número. 
MEMÓRIA - PACIENTE HM
Como resultado dessa dificuldade na transferência de informação da memória de curto prazo para a memória de longo prazo, H.M era incapaz de reconhecer as novas pessoas a que era apresentado, mesmo quando as encontrava com frequência. Também apresentava séria dificuldade em sua orientação espacial. Quando se mudou para uma nova casa, levou cerca de 1 ano para aprender a andar por ela. Todos os pacientes com lesões bilaterais extensas do lobo temporal apresentam deficiências semelhantes da memória.
MEMÓRIA - PACIENTE HM
Inicialmente, Milner pensou que o déficit de memória após lesões bilaterais do lobo temporal era aplicado de forma igual para todas as formas de aprendizado e de memória a longo prazo. Mas foi demonstrado não ser esse o caso. Muito embora os pacientes com lesões dos lobos temporais apresentem profundos déficits de memória, Milner verificou que eles são capazes de aprender e de se lembrar de determinados tipos de tarefas, como o fazem as pessoas normais, por longos períodos de tempo.
MEMÓRIA - PACIENTE HM
Essa capacidade residual da memória foi revelada pela primeira vez quando se descobriu que o paciente H.M podia aprender, normalmente, novas habilidades motoras. Por exemplo, ele aprendeu a desenhar o contorno de uma estrela, enquanto olhava sua mão e a estrela por meio de um espelho. 
MEMÓRIA - PACIENTE HM
Como as pessoas normais ao aprenderem essa tarefa, H.M cometeu, inicialmente, muitos erros, mas seu desempenho atingiu nível satisfatório, após treinamento de vários dias. Subsequentemente, outros pacientes foram testados e mostraram-se capazes de reter diversas formas de aprendizado reflexivo simples, incluindo a habituação, a sensitização, o condicionamento clássico e o condicionamento operante.
MEMÓRIA - PACIENTES AMNÉSICOS
Todavia, os pacientes amnésicos não ficam limitados ao aprendizado de habilidades motoras. Também são capazes de melhorar seu desempenho em determinadas tarefas perceptivas. Por exemplo, têm bom desempenho na forma de aprendizado chamado de “priming”, no qual o reconhecimento de palavras e objetos é facilitado por exposição prévia das palavras ou de indícios visuais. Assim, os sujeitos podem relembrar melhor dos itens a que se referiam os indícios do que de outros itens para os quais não foram apresentados indícios.
MEMÓRIA - PACIENTES AMNÉSICOS
As tarefas que os sujeitos com lesão do lobo temporal tem capacidade de aprender são as que tem uma capacidade automática (só precisa responder a um estímulo ou indício); ou que não exigem o recordar consciente, nem capacidades cognitivas complexas, como comparação e avaliação.
MEMÓRIAS - EXPLÍCITA E IMPLÍCITA
Explícita: o que é o mundo, conhecimento sobre coisas e pessoas, lugares, que é acessível à consciência.
Implícita: como fazer as coisas, habilidades motoras ou perceptivas a que a consciência não tem acesso.
MEMÓRIA EXPLÍCITA
Codifica informação sobre eventos autobiográficos e o conhecimento de fatos;
Depende de processos cognitivos, tipo: avaliação, comparação e interferência;
Podem ser recuperadas por ato deliberado de recordação;
Depende do lobo temporal medial (novas memórias);
Podem ser expressas por freses declarativas: “ no feriado, fui a ...” (autobiografia); O azeite e a água não se misturam” (conhecimento);
MEMÓRIA EXPLÍCITA
O hipocampo faz parte do sistema temporal medial, mas parece ser apenas um repositório temporário para memória de curto prazo. Ele as transfere para o córtex, onde são armazenadas permanentemente;
O hipocampo pode funcionar também como facilitador para armazenamento em outras regiões cerebrais.
MEMÓRIA - NEUROANATOMIA
TRANSFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS EXPLÍCITAS
Quão precisa é a Memória Explícita? 
Esta questão foi explorada em uma série de estudos na qual os sujeitos eram instruídos a lerem estórias e, depois, recontá-las. Quando essas estórias recontadas foram analisadas, ficou demonstrado que eram mais curtas e mais coerentes que as estórias originais. Desse modo, as estórias recontadas refletiam reordenação, reconstrução e condensação do original. Os sujeitos desconheciam que estavam editando as estórias originais e, muitas vezes, demonstravam mais certeza sobre sua própria versão editada que sobre o texto original. 
TRANSFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS EXPLÍCITAS
Os sujeitos não estavam confabulando; simplesmente estavam interpretando o material original, de modo a ter sentido quando recordado. Observações desse tipo nos levam a acreditar que a memória explícita para eventos passados é um processo criativo, refletindo um processo sintetizador ou reconstrutor. 
TRANSFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS EXPLÍCITAS
A informação armazenada como memória explícita é o produto do processamento por nosso aparelho perceptivo. Como vimos anteriormente, a própria percepção sensorial não é um registro fiel do mundo externo. É um processo de transformação, no qual a informação que chega é sintetizada de modo inerente às vias aferentes do cérebro. Também um processo no qual a pessoa interpreta o ambiente externo, não só do ponto de vista de um ponto específico do espaço, mas também, do ponto de vista de um momento específico de sua história.
TRANSFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS EXPLÍCITAS
As ilusões de óptica ilustram muito bem a diferença entre percepção e estímulos objetivamente quantificados. De igual modo, uma vez que a informação sensorialseja armazenada, sua recuperação futura não vai ser uma reprodução fiel da informação originalmente armazenada. 
TRANSFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS EXPLÍCITAS
Essa recuperação (ou recordação) depende de um processo no qual as representações das experiências passadas são usadas como indícios que ajudam o cérebro a reconstruir um evento passado. Durante essa recordação, usamos diversas estratégias cognitivas para gerar uma memória consistente e coerente, incluindo comparação, inferências, palpites astutos e suposições.
MEMÓRIA IMPLÍCITA
A Memória Implícita não exige recordação deliberada e depende de diversas vias perceptivas reflexas;
É automática e reflexiva;
Não depende de ter ou tomar conhecimento ou de processos cognitivos;
Se acumula lentamente no curso de repetições;
Não pode, em condições usuais, ser expressa por palavras:
Ex: habilidades perceptivas e motoras, regras gramaticais;
Formas implícitas de aprendizado podem ser não-associativos e associativos.
MEMÓRIA IMPLÍCITA NÃO ASSOCIATIVA
Habituação: decréscimo da resposta a estímulos benignos repetidos;
Sensitização (pseudo condicionamento); aumento da resposta após estímulo nocivo intenso: pode sobrepujar os efeitos da habituação;
Outros mais complexos: imitação, etc..
MEMÓRIA IMPLÍCITA ASSOCIATIVA
Clássica não depende do aprendizado da relação entre dois estímulos (Pavlov):
Respostas condicionadas e incondicionadas (inatas);
Operante não depende do aprendizado da relação entre o estímulo e a resposta do organismo;
Atenção, muitas experiências de aprendizado contêm elementos de aprendizado implícito e explícito;
A repetição pode transformar memórias explícitas
em implícitas. Ex: dirigir, tocar etc...
LOCALIZAÇÃO ENCEFÁLICA DA MEMÓRIA IMPLÍCITA 
Cerebelo; algumas formas do aprendizado motor:
Ex: piscar e olhos, condicionando sopro de ar (incondicionado) e ruído; após lesão cerebelar, o auditivo não provoca resposta, mas o sopro sim;
Amígdala: medo condicionado.
BASE NEURAL DA MEMÓRIA
BASE NEURAL DA MEMÓRIA
Etapas da Memória
A entrada no cérebro é processada por um depósito de memória de curto prazo que tem capacidade muito pequena (12 itens). A informação é depois transformada, por algum processo em depósito a longo prazo, mais duradouro:
Alguns estudiosos dividem em intermediária (relativamente sensível a perturbações) e a longo prazo (relativamente insensível a perturbações);
BASE NEURAL DA MEMÓRIA
Etapas da Memória
Um sistema de busca e recuperação procura um depósito de memória e faz com que fique disponível para tarefas específicas;
Lesões afetam os “depósitos” de memória, ou o sistema de busca e recuperação.
Modelo simplificado dos processos de memória durante uma tarefa de aprendizado
Armazenamento da memória a curto prazo
Armazenamento da memória a longo prazo
Busca e recuperação
Saída
Entrada
ARMAZENAMENTO DA MEMÓRIA
Exemplos:
Pacientes submetidos à ECT para tratamento de depressão, foram instruídos a relembrar nomes programas de televisão de até 16 anos atrás. Antes e após a ECT a recordação foi melhor para programas mais recentes, mas após os pacientes apresentaram perda significativa, mas transitória da memória recente (1 a 2 anos), enquanto a recordação permanecia relativamente intacta para programas mais antigos;
Também foram realizados experimentos com fármacos;
O tempo é um fator importante – o processo de memória sofre uma alteração constante por conta deste.
LOCALIZAÇÃO DA MEMÓRIA
A memória não fica localizada em uma só estrutura cerebral;
É processada em paralelo;
O cérebro tem a capacidade de, a partir de quantidade limitada de informação, reconstruir uma reprodução bastante significativa, comparada ao original;
O cerebelo e o hipocampo desempenham papel importante e específico, com relação a memória implícita e explícita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem diferentes tipos de processos de memória;
A memória ocorre em etapas;
A memória de longo prazo é representada em múltiplas regiões cerebrais;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A memória implícita e explícita podem depender de circuitos neuronais distintos:
Explícita: lobo temporal;
Implícita: cerebelo e amígdala e para as formas simples dos sistemas sensoriais e motores recrutados para a tarefa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAR, Mark F; Connors, Barry W; Paradiso, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 3ºed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
SCHMIDT, Arthur G. ; C. PROSDÓCIMI, Fábio. Manual de Neuroanatomia Humana - Guia Prático. São Paulo: ROCA/GEN, 2014.
 
MACHADO, Ângelo; HAERTEL, Lucia Machado. Neuroanatomia Funcional. 3ed. São Paulo: Ateneu, 2013.
ATÉ NOSSO PRÓXIMO ENCONTRO!!!
elisangela@cairu.br