Buscar

DireitoAdministrativo25questes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
OAB DESCOMPLICADA 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Dicas de estudos: 
Direito Administrativo é uma das matérias que mais tem questões na OAB, 
e por isso é tão importante você dominá-la para a prova. 
Se você for fazer concurso, bom… você vai ter de saber mais ainda, porque 
assim como Direito Constitucional, caem muitas questões em praticamente todos. 
Se você está em um momento de revisão para OAB, resolva muitas 
perguntas e leia muita lei seca. Se ainda tiver um tempinho para estudar, segue abaixo 
as doutrinas que consideramos importantes: 
1 – Carvalho, MATHEUS. Manual de Direito Administrativo. Editora Juspodivm. 
2 – Braga Netto, FELIPE BRAGA. Manual de Responsabilidade Civil do Estado. Editora 
Juspodivm 
3 – Rossi, LICÍNIA. Manual de Direito Administrativo de Licínia Rossi. Editora SaraivaJur 
 
Como leis importantes, dentre todas as outras, destacamos as a seguir: 
Lei de Agentes Públicos 8.112/90 
Lei de Licitações 8.666/93 
Lei de Improbidade Administrativa 8.429/92 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
OAB DESCOMPLICADA 
Sumário 
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 1 
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA .................................................................... 3 
ATOS ADMINISTRATIVOS .......................................................................................................... 4 
SERVIDORES PÚBLICOS ............................................................................................................. 5 
AGENTES PÚBLICOS ................................................................................................................. 11 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................ 15 
PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................................................. 16 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................. 17 
LICITAÇÕES .............................................................................................................................. 19 
SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................................................................................ 24 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................................................................................... 28 
BENS PÚBLICOS E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE .......................................... 29 
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................................................. 33 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ............................................................................................ 34 
GABARITO ................................................................................................................................ 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
OAB DESCOMPLICADA 
 
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA 
1) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 
No ano corrente, a União decidiu criar uma nova empresa pública, para 
a realização de atividades de relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar 
a respectiva lei autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos 
constitutivos no registro competente. Após a devida estruturação, tal entidade 
administrativa está em vias de iniciar suas atividades. 
Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a), 
assinale a afirmativa correta. 
a) A participação de outras pessoas de direito público interno, na constituição do 
capital social da entidade administrativa, é permitida, desde que a maioria do 
capital votante permaneça em propriedade da União. 
b) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitutivos no registro 
competente, na medida em que a criação de tal entidade administrativa decorre 
diretamente da lei. 
c) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica de direito 
público, que não poderá contar com privilégios fiscais e trabalhistas. 
d) Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para a entidade 
administrativa, em regra, não precisam ser precedidos de licitação. 
 
COMENTÁRIOS: 
A fundamentação da presente questão encontra respaldo no Artigo 3º, 
parágrafo único do “Estatuto das Estatais”, que é a Lei 13.303/2016: 
 
Art. 3º - Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica 
de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio 
próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos 
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. 
 
Parágrafo único - Desde que a maioria do capital votante 
permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito 
Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa 
pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito 
público interno, bem como de entidades da administração indireta 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
 
Apenas uma observação, em relação à alternativa “D”: ela está errada 
porque empresas públicas subordinam-se às licitações, conforme dispõe o Artigo 1º 
parágrafo único da Lei 8.666/93: 
 
 
 4 
OAB DESCOMPLICADA 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e 
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de 
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos 
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, 
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de 
economia mista e demais entidades controladas direta ou 
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
GABARITO: Gabarito A 
 
ATOS ADMINISTRATIVOS 
2) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Otacílio, novo prefeito do Município Kappa, acredita que o controle 
interno é uma das principais ferramentas da função administrativa, razão pela qual 
determinou o levantamento de dados nos mais diversos setores da Administração 
local, a fim de apurar se os atos administrativos até então praticados continham 
vícios, bem como se ainda atendiam ao interesse público. 
Diante dos resultados de tal apuração, Otacílio deverá 
a) revogar os atos administrativos que contenham vícios insanáveis, ainda que com 
base em valores jurídicos abstratos. 
b) convalidar os atos administrativos que apresentem vícios sanáveis, mesmo que 
acarretem lesão ao interesse público. 
c) desconsiderar as circunstâncias jurídicas e administrativas que houvessem 
imposto, limitado ou condicionado a conduta do agente nas decisões sobre a 
regularidade de ato administrativo. 
d) indicar, de modo expresso, as consequências jurídicas e administrativas da 
invalidação de ato administrativo. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” encontra-se equivocada, visto que se se tratar de vícios 
insanáveis, a medida cabível não será a revogação (que pressupõe produção de atos 
válidos, mas que não interessam mais à Administração Pública). 
A alternativa “B” também está errada, visto que a não lesão ao interesse 
público é um requisito legal para sua convalidação. Vejamos o Artigo 55 da Lei 9.784/99: 
 
"Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao 
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem 
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria 
Administração." 
 
 5 
OAB DESCOMPLICADA 
 
Nesse sentido, não há que se falar em convalidação mesmo que houvesse 
lesão ao interesse público. 
A alternativa “C” também está incorreta. Vejamos o Artigo 22, parágrafo 1º 
da LINDB: 
 
"Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão 
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as 
exigências das políticas públicasa seu cargo, sem prejuízo dos direitos 
dos administrados. 
 
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, 
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão 
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, 
limitado ou condicionado a ação do agente." 
 
A alternativa “D” está correta. Vejamos o que dispõe o Artigo 21, caput, do 
Decreto-lei 4.657/42: 
 
"Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou 
judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou 
norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas 
consequências jurídicas e administrativas. 
 
Gabarito: Alternativa “D”. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
3) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 
A sociedade empresária Beta assinou, na década de 1990, contrato de 
concessão de serviço de transporte público. Desde então, vem utilizando os 
mesmos ônibus no transporte de passageiros, não se preocupando com a 
renovação da frota, tampouco com o conforto dos usuários ou com o nível de 
emissão de poluentes. Em paralelo, com a natural evolução tecnológica, sabe-se 
que os veículos atualmente estão mais bem equipados, são mais seguros e, 
naturalmente, emitem menos poluentes. 
Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta. 
a) A renovação da frota visa a atender ao princípio da atualidade, que exige das 
concessionárias o emprego de equipamentos modernos. 
b) Constitui interesse público a utilização de ônibus novos, mais econômicos, 
eficientes e confortáveis; por isso, independentemente de lei autorizativa, pode 
 
 6 
OAB DESCOMPLICADA 
o poder concedente encampar o contrato de concessão, retomando o serviço 
público. 
c) Se a concessionária desrespeitar os parâmetros de qualidade do serviço 
estabelecidos no contrato, a concessão poderá ser extinta unilateralmente pelo 
poder concedente, aplicando-se o instituto da rescisão. 
d) Ao fim da concessão, os veículos utilizados retornam ao poder concedente, 
independentemente de expressa previsão no edital e no contrato. 
 
COMENTÁRIOS: 
De pronto, cumpre trazer o que dispõe o Artigo 6º, parágrafo 2º da Lei 
8.987/95: 
 
"Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de 
serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme 
estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo 
contrato. 
 
[…] 
 
§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do 
equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a 
melhoria e expansão do serviço." 
 
 
Ademais, Rafael Oliveira1 fala sobre o assunto: 
 
O princípio da mutabilidade ou atualidade leva em consideração o fato 
de que os serviços públicos devem se adaptar à evolução social e 
tecnológica. As necessidades da população variam no tempo e as 
tecnologias evoluem rapidamente, havendo a necessidade constante 
de adaptação das atividades administrativas 
 
 
A alternativa “B” esta errada porque a encampação pressupõe lei 
autorizativa, conforme determina o Artigo 37 da Lei 8.987/95: 
 
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder 
concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse 
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento 
da indenização, na forma do artigo anterior. 
 
 
Em relação à alternativa “C”, cumpre destacar que a concessão pode ser 
extinta unilateralmente pela Administração Pública, conforme Artigo 38 da lei 
supracitada: 
 
 
1 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Método, 2017. 
 
 7 
OAB DESCOMPLICADA 
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério 
do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou 
a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste 
artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes. 
 
 
Por fim, a retomada de bens depende de previsão do edital e do contrato, 
conforme dispõe Artigo 35 parágrafo 1º da Lei 8.987/95, conforme abaixo: 
 
"Art. 35. Extingue-se a concessão por: 
 
(...) 
 
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens 
reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário 
conforme previsto no edital e estabelecido no contrato." 
 
 
Inegável, portanto, que a alternativa “D” também está errada. 
 
GABARITO: Gabarito A 
VÍDEO AULAS INDICADAS 
Características do contrato de concessão – Prof. Dalmo Azevedo 
https://www.youtube.com/watch?v=ike4vRDtZ_0 
 
Extinção do contrato de concessão – Prof. Dalmo Azevedo 
https://www.youtube.com/watch?v=24LCBJ2Wm58 
 
 
4) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Os analistas de infraestrutura de determinado Ministério, ocupantes de 
cargo efetivo, pleiteiam há algum tempo uma completa reestruturação da carreira, 
com o aumento de cargos e de remunerações. Recentemente, a negociação com 
o Governo Federal esfriou dado o cenário de crise fiscal severa. Para forçar a 
retomada das negociações, a categoria profissional decidiu entrar em greve, 
mantendo em funcionamento apenas os serviços essenciais. Com base na 
hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) Compete à Justiça Federal – e não à Justiça do Trabalho – julgar a abusividade 
do direito de greve dos analistas de infraestrutura. 
b) A Administração Pública não poderá, em nenhuma hipótese, fazer o desconto 
dos dias não trabalhados em decorrência do exercício do direito de greve pelos 
servidores públicos civis. 
c) O direito de greve dos servidores públicos civis não está regulamentado em lei, 
o que impede o exercício de tal direito. 
 
 8 
OAB DESCOMPLICADA 
d) O direito de greve é constitucionalmente assegurado a todas as categorias 
profissionais, incluindo os militares das Forças Armadas, os policiais militares e 
os bombeiros militares. 
 
COMENTÁRIOS: 
Sobre essa questão, vamos copiar agora de maneira integral uma matéria 
publicada no site Dizer o Direito2, (instagram: @dizerodireito): 
“Os servidores públicos possuem direito à greve? 
SIM. Isso encontra-se previsto no art. 37, VII, da CF/88: 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; 
 
Quais são os requisitos para que os servidores públicos possam fazer greve? 
São requisitos para a deflagração de uma greve no serviço público: 
a) tentativa de negociação prévia, direta e pacífica; 
b) frustração ou impossibilidade de negociação ou de se estabelecer uma agenda 
comum; 
c) deflagração após decisão assemblear; 
d) comunicação aos interessados, no caso, ao ente da Administração Pública a que a 
categoria se encontre vinculada e à população, com antecedência mínima de 72 horas 
(uma vez que todo serviço público é atividade essencial); 
e) adesão ao movimento por meios pacíficos; e 
f) a garantia de que continuarão sendo prestados os serviços indispensáveis ao 
atendimento das necessidades dos administrados (usuários ou destinatários dos 
serviços) e à sociedade. 
 
Caso os servidores públicos realizem greve, a Administração Pública deverá 
descontar da remuneração os dias em que eles ficaram sem trabalhar? 
• Regra: SIM. Em regra, a Administração Pública deve fazer o desconto dos dias de 
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos. 
• Exceção: não poderá ser feito o desconto se ficar demonstrado que a greve foi 
provocada por conduta ilícita do Poder Público. 
 
Tese que foi fixada pelo STF: 
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação 
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude 
da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação 
em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível seficar demonstrado que 
a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. 
 
2 Disponível em https://www.dizerodireito.com.br/2017/09/compete-justica-comum-e-nao-
justica-do.html acesso em 05/06/2019 
 
 9 
OAB DESCOMPLICADA 
STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 
(repercussão geral) (Info 845). 
 
Suponhamos que ocorra divergência entre os servidores e a Administração Pública 
sobre a abusividade da greve realizada e a questão acabe chegando ao Judiciário. 
Neste caso, de quem será a competência para decidir se a greve é legal ou não? 
Trata-se de competência da Justiça Comum ou da Justiça do Trabalho? 
Justiça Comum. No julgamento do MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
25/10/2007, o STF já havia definido que a competência para julgar questões relativas à 
greve dos servidores públicos é da Justiça Comum. 
 
A Justiça Comum será competente mesmo que se trate de empregado público 
(vínculo celetista)? 
SIM. A Justiça Comum será competente mesmo que o vínculo do servidor com a 
Administração Pública seja regido pela CLT, ou seja, ainda que se trate de empregado 
público. 
Sobre o tema, o STF fixou a seguinte tese: 
 
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de 
greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, 
autarquias e fundações públicas. 
STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871). 
 
Assim, a Justiça Comum é sempre competente para julgar causa relacionada ao direito 
de greve de servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional, pouco 
importando se se trata de celetista ou estatutário. 
 
Vale fazer, contudo, uma importante ressalva: se a greve for de empregados públicos 
de empresa pública ou sociedade de economia mista, a competência será da Justiça do 
Trabalho. 
 
Estadual ou Federal 
• Se os servidores públicos que estiverem realizando a greve forem municipais ou 
estaduais, a competência será da Justiça Estadual. 
• Se os servidores públicos grevistas forem da União, suas autarquias ou fundações, a 
competência será da Justiça Federal. 
 
E se a greve abranger mais de um Estado? 
• Se a greve for de servidores estaduais ou municipais e estiver restrita a uma unidade 
da Federação (um único Estado), a competência será do respectivo Tribunal de Justiça 
(por aplicação analógica do art. 6º da Lei nº 7.701/88). 
• Se a greve for de servidores federais e estiver restrita a uma única região da Justiça 
Federal (ex: greve dos servidores federais de PE, do CE, do RN e da PB): a competência 
será do respectivo TRF (neste exemplo, o TRF5) (por aplicação analógica do art. 6º da 
Lei nº 7.701/88). 
• Se a greve for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da Justiça Federal, 
ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a competência para o 
 
 10 
OAB DESCOMPLICADA 
dissídio de greve será do STJ (por aplicação analógica do art. 2º, I, "a", da Lei nº 
7.701/88).” 
 
GABARITO: Gabarito A 
 
5) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Sávio, servidor público federal, frustrado com a ineficiência da 
repartição em que trabalha, passou a faltar ao serviço. A Administração Pública, 
após constatar que Sávio acumulou sessenta dias de ausência nos últimos doze 
meses, instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do 
referido servidor. 
Tendo como premissa esse caso concreto, assinale a afirmativa 
correta 
a) O processo administrativo disciplinar será submetido a um procedimento 
sumário, mais simples e célere, composto pelas fases da instauração, da 
instrução sumária - que compreende a indiciação, a defesa e o relatório - e do 
julgamento. 
b) A inassiduidade habitual configura hipótese de demissão do serviço público, 
ficando Sávio impedido de nova investidura em cargo público federal pelo prazo 
de cinco anos, a contar do julgamento. 
c) Na hipótese de ser imputada a pena de demissão a Sávio, é lícito à 
Administração Pública exigir depósito de dinheiro como requisito de 
admissibilidade do recurso administrativo, até mesmo como forma de ressarcir 
os custos adicionais que o poder público terá com o processamento do apelo. 
d) A falta de advogado constituído por Sávio no processo administrativo é causa de 
nulidade, tendo em vista que a ausência de defesa técnica prejudica o exercício 
da ampla defesa por parte do servidor arrolado. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
O caso trata sobre o que se chama de inassiduidade habitual, que ocorre 
quando o servidor público passa a faltar ao labor. Nesse caso, dispõe os Artigos 132, III 
e 139 da Lei 8.112/90 que: 
 
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem 
causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o 
período de doze meses. 
 
A inassiduidade é passível de demissão: 
 
 
"Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: 
 
 
 11 
OAB DESCOMPLICADA 
(...) 
 
III - inassiduidade habitual;" 
 
O procedimento, nesse caso, será o sumário, conforme determina o Artigo 
140 da mesma lei: 
Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também 
será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, 
observando-se especialmente que: 
 
O Artigo 133, por sua vez: 
 
Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos 
ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará 
o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar 
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência 
e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua 
apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo 
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: 
 
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a 
ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar 
a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; 
 
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório; 
 
III – julgamento 
 
GABARITO: Gabarito A 
 
AGENTES PÚBLICOS 
6) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
José, servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em 
comissão, foi exonerado, tendo a autoridade competente motivado o ato em 
reiterado descumprimento da carga horária de trabalho pelo servidor. José 
obteve, junto ao departamento de recursos humanos, documento oficial com 
extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de sua 
jornada de trabalho. 
Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado, 
que lhe informou corretamente, à luz do ordenamento jurídico, que 
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de 
exoneração, eis que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em 
comissão é de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, que 
não está vinculada ou limitada aos motivos expostos para a prática do ato 
administrativo. 
 
 12 
OAB DESCOMPLICADA 
b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de 
exoneração, eis que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à 
liberdade de ação do administrador público, razão pela qual o Poder Judiciário 
não pode se imiscuir no controle do mérito administrativo, sob pena de violação 
à separação dos Poderes. 
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, 
eis que, apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo 
discricionário de exoneração, uma vez expostos os motivos que conduziram à 
prática do ato, estes passam a vincular a Administração Pública, em razão da 
teoria dos motivos determinantes. 
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, 
eis que, por se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário 
proceder ao exame do mérito administrativo, a fim de aferir aconveniência e a 
oportunidade de manutenção do ato, em razão do princípio da inafastabilidade 
do controle jurisdicional. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa correta é a letra “C”. 
Vejamos o AgRg no RMS 32437/MG do STJ: 
ADMINISTRATIVO. EXONERAÇÃO POR PRÁTICA DE NEPOTISMO. 
INEXISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. TEORIA DOS MOTIVOS 
DETERMINANTES. 1. A Administração, ao justificar ato administrativo, 
fica vinculada às razões ali exposta, para todos os efeitos jurídicos, de 
acordo com o preceituado na teoria dos motivos determinantes. A 
motivação é que legitima e confere validade ao ato administrativo 
discricionário. Enunciadas pelo agente as causas em que pautou, 
mesmo que a lei não haja imposto tal dever, o ato só será legítimo se 
elas realmente tiverem ocorrido. 2. Constata a inexistência da razão 
ensejadora da demissão do agravado pela Administração (prática 
de Nepotismo) e considerando a vinculação aos motivos que 
determinaram o ato impugnado, este deve ser anulado, com a 
consequente reintegração do impetrante. Precedentes do STJ. 3. 
Agravo regimental não provido. (STJ – AgRg no RMS 32437 
2010/0118191-3, Relator: Ministro Herman Benjamin, data do 
julgamento: 22/02/2011) 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
7) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
José, servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em 
comissão, foi exonerado, tendo a autoridade competente motivado o ato em 
reiterado descumprimento da carga horária de trabalho pelo servidor. José 
obteve, junto ao departamento de recursos humanos, documento oficial com 
extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de sua 
jornada de trabalho. 
 
 13 
OAB DESCOMPLICADA 
Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado, 
que lhe informou corretamente, à luz do ordenamento jurídico, que 
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de 
exoneração, eis que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em 
comissão é de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, que 
não está vinculada ou limitada aos motivos expostos para a prática do ato 
administrativo. 
b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de 
exoneração, eis que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à 
liberdade de ação do administrador público, razão pela qual o Poder Judiciário 
não pode se imiscuir no controle do mérito administrativo, sob pena de violação 
à separação dos Poderes. 
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, 
eis que, apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo 
discricionário de exoneração, uma vez expostos os motivos que conduziram à 
prática do ato, estes passam a vincular a Administração Pública, em razão da 
teoria dos motivos determinantes. 
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, 
eis que, por se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário 
proceder ao exame do mérito administrativo, a fim de aferir a conveniência e a 
oportunidade de manutenção do ato, em razão do princípio da inafastabilidade 
do controle jurisdicional. 
 
COMENTÁRIOS: 
Ainda que a exoneração se trate de um ato administrativo discricionário, a 
administração fica vinculada às razões expostas. É a motivação que legitima e confere 
validade para que eles ocorram. Nesse caso, José pode provocar o poder judiciário para 
demonstrar a ilegitimidade do ato, visto que o motivo da exoneração é equivocado, uma 
vez que seus cartões de ponto demonstravam que ele não praticava os atos que 
motivaram sua exoneração. 
Vejamos a ementa do AgRg no RMS 32437/MG do STJ: 
ADMINISTRATIVO. EXONERAÇÃO POR PRÁTICA DE NEPOTISMO. 
INEXISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. TEORIA DOS MOTIVOS 
DETERMINANTES. 1. A Administração, ao justificar o ato 
administrativo, fica vinculada às razões ali expostas, para todos os 
efeitos jurídicos, de acordo com o preceituado na teoria dos motivos 
determinantes. A motivação é que legitima e confere validade ao ato 
administrativo discricionário. Enunciadas pelo agente as causas em 
que se pautou, mesmo que a lei não haja imposto tal dever, o ato só 
será legítimo se elas realmente tiverem ocorrido. 2. Constada a 
inexistência da razão ensejadora da demissão do agravado pela 
Administração (prática de nepotismo) e considerando a vinculação aos 
motivos que determinaram o ato impugnado, este deve ser anulado, 
com a consequência reintegração do impetrante. Precedentes do STJ. 
3. Agravo Regimental não provido. (STJ – AgRg no RMS 32437/MG 
2010/0118191-3, Relator: Min. Herman Benajmin). 
 
Gabarito: Alternativa C 
 
 14 
OAB DESCOMPLICADA 
 
8) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Maria foi contratada, temporariamente, sem a realização de concurso 
público, para exercer o cargo de professora substituta em entidade autárquica 
federal, em decorrência do grande número de professores do quadro permanente 
em gozo de licença. A contratação foi objeto de prorrogação, de modo que Maria 
permaneceu em exercício por mais três anos, período durante o qual recebeu 
muitos elogios. Em razão disso, alunos, pais e colegas de trabalho levaram à 
direção da autarquia o pedido de criação de um cargo em comissão de professora, 
para que Maria fosse nomeada para ocupá-lo e continuasse a ali lecionar. 
Avalie a situação hipotética apresentada e, na qualidade de 
advogado(a), assinale a afirmativa correta. 
a) Não é possível a criação de um cargo em comissão de professora, visto que tais 
cargos destinam-se apenas às funções de direção, chefia e assessoramento. 
b) É adequada a criação de um cargo em comissão para que Maria prolongue suas 
atividades como professora na entidade administrativa, diante do justificado 
interesse público. 
c) Maria tem estabilidade porque exerceu a função de professora por mais de três 
anos consecutivos, tornando desnecessária a criação de um cargo em comissão 
para que ela continue como professora na entidade autárquica. 
d) Não é necessária a criação de um cargo em comissão para que Maria 
permaneça exercendo a função de professora, porque a contratação temporária 
pode ser prorrogada por tempo indeterminado. 
 
COMENTÁRIOS: 
Assim determina o Artigo 37, V da CF/88: 
Art. 37 (...): V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a 
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e 
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento;" 
 
Ademais, o STF já declarou a inconstitucionalidade de leis estaduais que 
criam cargos de comissão para funções técnicas e rotineiras da administração na ADI 
3.706/MS de relatoria de Gilmas Mendes e o RE 376.440/DF de relatoria do Dias Toffoli. 
ADI 3.706/MS ementa: AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL QUE CRIA CARGOS 
EM COMISSÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 37, INCISOS II E V DA 
CONSTITUIÇÃO. 2. Os cargos em comissão criados pela Lei 
1.939/1998 do Estado do Mato Grosso do Sul, possuem atribuições 
meramente técnicas e que, portanto, não possuem o caráter de 
assessoramento, chefia ou direção exigido para tais cargos, nos 
termos do art. 37, V, da Constituição Federal. 3. Ação julgada 
procedente. 
 
 15 
OAB DESCOMPLICADA 
RE 376.440/DF ementa: Embargos de declaração em recurso 
extraordinário. Conversão em agravo regimental, conforme pacífica 
orientação da Corte. Lei distrital que criou cargos em comissão para 
funções rotineiras da Administração Pública. Impossibilidade. 1. A 
decisão ora atacada reflete a pacífica jurisprudência da Corte a 
respeito do tema, a qual reconhece a inconstitucionalidade da criação 
de cargos em comissão para funções que não exigem o requisito da 
confiança para seu preenchimento. 2. Esses cargos, ademais, 
deveriam ser preenchidos por pessoas determinadas, conforme 
descrição constante da aludida lei. 3. Embargos de declaração 
recebidoscomo agravo regimental, ao qual é negado provimento.3 
 
Gabarito: Alternativa A 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
9) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Após comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, 
sem prévia licença, avançando para além dos limites de sua propriedade e 
ocupando parcialmente a via pública, inclusive com possibilidade de 
desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres. 
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o 
poder público municipal, observadas as formalidades legais, valendo-se da 
prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza-o a restringir o uso e 
o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do interesse da 
coletividade, determinou que Roberto demolisse a parte irregular da obra. 
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município 
é o poder 
a) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a 
obedecer às ordens emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de 
superioridade hierárquica e podem usar meios indiretos de coerção para fazer 
valer a supremacia do interesse público sobre o privado. 
b) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração 
Pública, em razão do atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e 
imprescindível chancela por parte do Poder Judiciário. 
c) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos 
para aplicar a lei, ainda que tenham que se valer do atributo da 
autoexecutoriedade, a fim de concretizar suas determinações, 
independentemente de prévia ordem judicial. 
d) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do 
qual os agentes públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, 
que, face à transgressão da norma de polícia, redunda na aplicação de uma 
sanção. 
 
3 Disponível http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7236152 
 
 16 
OAB DESCOMPLICADA 
 
COMENTÁRIOS: 
O fundamento para a questão encontra-se no Artigo 78 do CTN: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, 
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder 
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA D 
 
PROCESSO ADMINISTRATIVO 
10) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Luciana, imbuída de má-fé, falsificou documentos com a finalidade de 
se passar por filha de Astolfo (recentemente falecido, com quem ela não tinha 
qualquer parentesco), movida pela intenção de obter pensão por morte do 
pretenso pai, que era servidor público federal. Para tanto, apresentou os aludidos 
documentos forjados e logrou a concessão do benefício junto ao órgão de origem, 
em março de 2011, com registro no Tribunal de Contas da União, em julho de 2014. 
Contudo, em setembro de 2018, a administração verificou a fraude, por meio de 
processo administrativo em que ficou comprovada a má-fé de Luciana, após o 
devido processo legal. 
Sobre essa situação hipotética, no que concerne ao exercício da 
autotutela, assinale a afirmativa correta. 
a) A administração tem o poder-dever de anular a concessão do benefício diante 
da má-fé de Luciana, pois não ocorreu a decadência. 
b) O transcurso do prazo de mais de cinco anos da concessão da pensão junto ao 
órgão de origem importa na decadência do poder-dever da administração de 
anular a concessão do benefício. 
c) O controle realizado pelo Tribunal de Contas por meio do registro sana o vício 
do ato administrativo, de modo que a administração não mais pode exercer a 
autotutela. 
d) Ocorreu a prescrição do poder-dever da administração de anular a concessão 
do benefício, na medida em que transcorrido o prazo de três anos do registro 
perante o Tribunal de Contas. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
 17 
OAB DESCOMPLICADA 
Em regra, o prazo decadencial da administração pública é de 5 anos. 
Contudo, há exceções, como por exemplo os que são eivados de má-fé, como no caso 
da questão. Isso está previsto no Artigo 54 da Lei 9.784/99, que diz: 
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de 
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco 
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada 
má-fé. 
 
Vejamos as seguintes decisões do STF: 
Nos termos da jurisprudência do STF, o ato de concessão de 
aposentadoria [e pensão] é complexo, aperfeiçoando-se somente após a 
sua apreciação pelo TCU, sendo, desta forma, inaplicável o art. 54, da Lei 
nº 9.784/99, para os casos em que o TCU examina a legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 2. Inexiste afronta 
ao princípio do contraditório e da segurança jurídica quando a análise do ato 
de concessão de aposentadoria, pensão ou reforma for realizada pelo TCU 
dentro do prazo de 5 anos, contados da entrada do processo adm. na 
Corte de Contas. 3. Os princípios do ato jurídico perfeito e da proteção ao 
direito adquirido não podem ser oponíveis ao ato impugnado, porquanto a 
alteração do contexto fático implica alteração dos fundamentos pelos quais o 
próprio direito se constitui. O STF adota o entendimento de que a alteração 
de regime jurídico garante ao servidor o direito à irredutibilidade dos 
proventos, mas não à manutenção do regime anterior. [MS 31.704, rel. min. 
Edson Fachin, 1ª T, j. 19-4-2016, DJE 98 de 16-5-2016.] 
Direito Administrativo. MS. TCU. Negativa de registro à pensão por 
morte. Alegada decadência e violação ao contraditório e à ampla defesa. 
Revogação de liminar. Efeitos prospectivos. 1. Afastamento da alegada 
decadência o direito de o TCU rever o ato concessivo da pensão e da alegada 
violação ao contraditório e à ampla defesa, nos termos da jurisprudência 
consolidada deste Tribunal. 2. Não se aplica ao TCU, no exercício do 
controle da legalidade de aposentadoria, reforma e pensão, a 
decadência prevista na Lei nº 9.784/99, devendo, no entanto, ser 
assegurado o contraditório e a ampla defesa somente se decorridos 
mais de 5 anos desde a entrada do processo no Tribunal de Contas. [MS 
30.843, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 11-10-2017, DJE 65 
de 6-4-2018.] 
 
GABARITO: Alternativa A 
 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
11) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 
Após a contratação, sob o regime de empreitada por preço unitário, da 
sociedade empresária Faz de Tudo Ltda. para a construção do novo edifício-sede 
de uma agência reguladora, a Administração verifica que os quantitativos 
constantes da planilha orçamentária da licitação – e replicados pela contratada – 
são insuficientes para executar o empreendimento tal como projetado. Por isso, 
 
 18 
OAB DESCOMPLICADA 
será necessário aumentar as quantidades de alguns serviços. Em termos 
financeiros, o acréscimo será de 20% – que corresponde a R$ 2.000.000,00 – em 
relação ao valor inicial atualizado do contrato. 
Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
a) O acréscimo de serviços poderá ser combinado apenas verbalmente, não sendo 
necessária sua redução a termo. 
b) Por se tratar de cláusula exorbitante, mesmo que a sociedade empresária Faz 
de Tudo Ltda. não concorde com o acréscimo, a alteração poderá ser 
determinada unilateralmente pela Administração. 
c) O contratado só está obrigado a aceitar os acréscimos de até 15% (quinze por 
cento) em relação ao valor inicial atualizado do contrato; superado esse limite, a 
alteração só pode ocorrer com o consentimento da sociedade empresária Faz 
de Tudo Ltda. 
d) Diante da deficiência do projeto básico, a Administração deve obrigatoriamenteanular o contrato após serem oportunizados o contraditório e a ampla defesa à 
sociedade empresária Faz de Tudo Ltda. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” está errada, tendo em vista que o aditamento do contrato 
deve sim ser reduzido a termo, conforme dispõe o Artigo 60 da Lei 8.666/93: 
 
"Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas 
repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos 
seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos 
a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento 
lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo 
que lhe deu origem." 
 
 
A alternativa “B” está correta por força do Artigo 65, parágrafo 1º da Lei de 
Licitações (mencionada acima): 
 
"Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com 
as devidas justificativas, nos seguintes casos: 
 
(...) 
 
Parágrafo 1º - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas 
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se 
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco 
por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso 
particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% 
(cinquenta por cento) para os seus acréscimos." 
 
 
A alternativa “C” também está equivocada, pois, como vimos, o limite é de 
25%, e não 15%. 
 
 19 
OAB DESCOMPLICADA 
Por fim, a alternativa “D” também está errada, tendo em vista que a 
insuficiência do projeto não implica necessariamente na anulação do contrato, conforme 
prevê o Artigo 57, parágrafo 1º da Lei 8666/93: 
 
"Art. 57 (...) 
 
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de 
entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do 
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, 
devidamente autuados em processo: 
 
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;" 
 
GABARITO: Gabarito B 
 
LICITAÇÕES 
12) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 
Com a finalidade de contratar obras públicas relacionadas à melhoria 
da mobilidade urbana, o Estado X optou pela adoção do Regime Diferenciado de 
Contratação. Após a abertura das propostas, constatou-se que houve empate 
entre as sociedades Ômega S/A e Gama S/A, duas grandes empresas que atuam 
no setor de referência, sendo, a primeira, empresa brasileira e, a segunda, 
sociedade estrangeira com sede no Brasil. 
Considerando a ordem de critérios de desempate estabelecida na 
legislação específica, assinale a afirmativa correta. 
a) O Estado X deverá, de plano, proceder a sorteio para promover o desempate. 
b) A preferência por serviços realizados por empresa brasileira, em nenhum 
momento poderá ser utilizada como critério de desempate. 
c) As sociedades deverão ser consideradas vencedoras e ratear, igualmente, o 
objeto do contrato, mediante a constituição de consórcio. 
d) Os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta fechada, em ato 
contínuo à classificação. 
 
COMENTÁRIOS: 
Para resolvermos a questão, devemos, antes, trazer o que diz o Artigo 25 
da Lei 12.462/2001: 
 
Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais propostas, serão utilizados 
os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: 
 
 
 20 
OAB DESCOMPLICADA 
I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão 
apresentar nova proposta fechada em ato contínuo à 
classificação;" 
 
II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde 
que exista sistema objetivo de avaliação instituído; 
 
III - os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de 
outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho 
de 1993; e 
 
IV – sorteio 
 
Por determinação legal expressa, em caso de empate, os seguintes critérios 
utilizados deverão seguir uma ordem, e é exatamente por isso que a alternativa “A” está 
equivocada. O sorteio poderia sim acontecer, mas é a última opção. 
A alternativa “C” não encontra qualquer respaldo legal, e a alternativa “D”, 
correta neste caso, encontra fundamento no Artigo 25, I mencionado acima. 
Em relação à alternativa “B”, cumpre mencionar que o Artigo 3º, parágrafo 
2º da Lei de Licitações (8.666/93), diz que “em igualdade de condições, como critério de 
desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: I – 
produzidos no país; II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras. 
Estamos indicando abaixo uma aula de mais de três horas do Gran Cursos 
Online, mas vale a pena ver, pois fala de licitações e contratos administrativos, e essas 
matérias despencam na OAB e em Concursos Públicos. 
 
GABARITO: Gabarito D 
VÍDEO AULA INDICADA 
Licitações e Contratos Administrativos – Gran Cursos Line 
https://www.youtube.com/watch?v=ZZpJnS_vlHg 
 
13) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
O Município Sigma pretende realizar obras de restauração em uma 
praça e instalar brinquedos fixos de madeira para o lazer das crianças. A obra foi 
orçada em R$ 100.000,00 (cem mil reais), razão pela qual o ente federativo optou 
pela modalidade convite, remetendo o respectivo instrumento convocatório para 
três sociedades cadastradas junto ao registro pertinente e, para uma quarta, não 
cadastrada. Além disso, a carta-convite foi afixada em local apropriado para o 
conhecimento dos demais interessados. 
Na sessão de julgamento, compareceram apenas duas convidadas, 
certo que a sociedade Alfa apresentou a melhor proposta e preencheu os 
requisitos para a habilitação. 
Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. 
 
 21 
OAB DESCOMPLICADA 
a) O Município Sigma não poderia ter se utilizado da modalidade convite para a 
situação descrita. 
b) A licitação é inválida, pois o resumo do instrumento convocatório deveria ser 
publicado em jornal de circulação no Município Sigma. 
c) Se o Município Sigma não justificar a presença de apenas duas licitantes, diante 
da existência de limitações de mercado ou pelo desinteresse dos convidados, 
deverá repetir o convite. 
d) Não é cabível realizar o convite de sociedades que não estejam cadastradas no 
registro pertinente. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” está errada em virtude do que está disposto no Artigo 1º, I 
do Decreto 9.412/2018, que alterou o Artigo 23, I e II da Lei 8.666/93, passando a 
constar que para obras e serviços de engenharia a modalidade convite é aceita até R$ 
330.000,00. 
A alternativa “B” está equivocada porque a modalidade convite não 
necessita de publicação de avisos contendo os resumos dos editais, conforme Artigo 
21, III da Lei de Licitações: 
 
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das 
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos 
leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão 
ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: 
 
(...) 
 
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se 
houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será 
realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o 
bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, 
utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de 
competição 
 
 
A alternativa “C” está correta por expressa previsão do Artigo 22, parágrafo 
7º da Lei de Licitações: 
 
Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos 
convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de 
licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão 
ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do 
convite. 
 
Por fim, a alternativa “D” está equivocada em virtude do parágrafo 3º do 
dispositivo mencionado acima, que diz: 
 
3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo 
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e 
 
 22 
OAB DESCOMPLICADA 
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidadeadministrativa, 
a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório 
e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente 
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de 
até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. 
 
GABARITO: Gabarito C 
 
14) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Determinada empresa pública estadual, com vistas a realizar a 
aquisição de bens necessários para o adequado funcionamento de seus serviços 
de informática, divulgou, após a devida fase de preparação, o respectivo 
instrumento convocatório, no qual indicou certa marca, que é comercializada por 
diversos fornecedores, por considerá-la a única capaz de atender ao objeto do 
contrato, e adotou a sequência de fases previstas na lei de regência. 
No curso da licitação, a proposta apresentada pela sociedade 
empresária Beta foi considerada a melhor, mas a sociedade empresária Alfa 
considerou que houve um equívoco no julgamento e apresentou recurso 
administrativo para impugnar tal fato, antes da habilitação, que não foi aceito. Foi 
dado prosseguimento ao certame, com a inabilitação da sociedade Beta, de modo 
que a vencedora foi a sociedade empresária Sigma, consoante resultado 
homologado. 
Considerando o regime licitatório aplicável às empresas estatais e as 
circunstâncias do caso concreto, assinale a afirmativa correta. 
a) Existe vício insanável no instrumento convocatório, pois é vedada a indicação 
de marca, mesmo nas circunstâncias apontadas. 
b) A homologação foi equivocada, na medida em que a empresa pública não 
observou a sequência das fases previstas em lei ao efetuar o julgamento das 
propostas antes da habilitação. 
c) O recurso da sociedade Alfa foi apresentado em momento oportuno e a ele 
deveria ter sido conferido efeito suspensivo com a postergação da fase da 
habilitação. 
d) A homologação do resultado implica a constituição de direito relativo à 
celebração do contrato em favor da sociedade empresária Sigma. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “a” encontra-se equivocada, visto que não há proibição de 
indicação de marca em procedimento licitatório, conforme disposto no Artigo 47, I da Lei 
13.303/16. 
A alternativa “b” também está equivocada, visto que a lei 13.303/16 traz uma 
inversão de fases em relação à lei de licitação. O Artigo 51 da referida lei dispõe a 
seguinte sequencia: 
I - preparação; 
 
 23 
OAB DESCOMPLICADA 
II - divulgação; 
III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de disputa 
adotado; 
IV - julgamento; 
V - verificação de efetividade dos lances ou propostas; 
VI - negociação; 
VII - habilitação; 
VIII - interposição de recursos; 
IX - adjudicação do objeto; 
X - homologação do resultado ou revogação do procedimento. 
 
A alternativa C também está equivocada, conforme dispõe o Artigo 59 da 
Lei 13.303/16. 
A alternativa “d” está correta. Vejamos o disposto no artigo 60 da Lei 
13.303/16: 
Art. 60. A homologação do resultado implica a constituição de direito 
relativo à celebração do contrato em favor do licitante vencedor. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA D 
 
15) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 
Determinado Estado da Federação passa por grave problema devido à 
superlotação de sua população carcerária, tendo os órgãos de inteligência estatal 
verificado a possibilidade de rebelião e fuga dos apenados. 
Visando ao atendimento do princípio constitucional da dignidade da 
pessoa humana e tendo em vista a configurada situação de grave e iminente risco 
à segurança pública, o ente federativo instaurou processo administrativo e, em 
seguida, procedeu à contratação, mediante inexigibilidade de licitação, de certa 
sociedade empresária para a execução de obras de ampliação e reforma de seu 
principal estabelecimento penal. Diante das disposições da Lei nº 8.666/93, no que 
tange à obrigatoriedade de licitação, o Estado contratante agiu 
a) corretamente, diante da impossibilidade fática de licitação decorrente do 
iminente risco de rebelião e grave perturbação da ordem pública. 
b) corretamente, haja vista que, apesar de ser possível a licitação, seu demorado 
trâmite procedimental acarretaria risco à ordem social. 
c) erradamente, eis que as circunstâncias do caso concreto autorizariam a 
dispensa de licitação, observados os trâmites legais. 
d) erradamente, uma vez que a prévia licitação é obrigatória na espécie, diante das 
circunstâncias do caso concreto. 
 
 
 24 
OAB DESCOMPLICADA 
COMENTÁRIOS: 
A hipótese descrita no caso indica licitação dispensável, nos termos do 
Artigo 24, XXXV da Lei 8.666/96: 
Art. 24. É dispensável a licitação: 
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento 
de estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave 
e iminente risco à segurança pública. 
 
Além disso, o Artigo 26 prevê: 
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III 
e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 
25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do 
parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro 
de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na 
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a 
eficácia dos atos. 
 
GABARITO: ALTERNATIVA C 
 
SERVIÇOS PÚBLICOS 
16) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
O Governo do Estado Alfa, para impulsionar o potencial turístico de 
uma região cercada de belíssimas cachoeiras, pretende asfaltar uma pequena 
estrada que liga a cidade mais próxima ao local turístico. Com vistas à melhoria 
do serviço público e sem dinheiro em caixa para arcar com as despesas, o Estado 
decide publicar edital para a concessão da estrada, com fundamento na Lei nº 
8.987/95, cabendo ao futuro concessionário a execução das obras. Com base na 
hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) O edital poderá prever, em favor da concessionária, outras fontes de receita além 
daquela oriunda do pedágio; a renda adicional deve favorecer a modicidade 
tarifária, reduzindo a tarifa paga pelos usuários. 
b) Um grande investidor (pessoa física) pode ser contratado pelo poder 
concedente, caso demonstre capacidade de realização das obras. 
c) A concessão pode ser feita mediante licitação na modalidade tomada de preços, 
caso as obras necessárias estejam orçadas em até R$ 1.500.000,00 (um milhão 
e quinhentos mil reais). 
d) O poder concedente não poderá exigir no edital garantias do concessionário de 
que realizará as obras a contento, dado que a essência do contrato de 
concessão é a delegação de serviço público. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
 25 
OAB DESCOMPLICADA 
Neste caso, também há dispositivo legal que fala expressamente sobre o 
caso narrado, qual seja: 
Lei nº 8.987/95: Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada 
serviço público, poderá o poder concedente prever, em favor da 
concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras 
fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, 
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com 
vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no 
art. 17 desta Lei. 
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão 
obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio 
econômico-financeiro do contrato. 
Notem, pessoal, que a leitura do Artigo 23 da referida lei também é de 
fundamental importância, sobretudo: 
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as 
relativas: 
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da 
concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades 
de futura alteração e expansão do serviço e conseqüente 
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das 
instalações; 
§ único. Os contratos relativos à concessão de serviço público 
precedido da execução de obra pública, deverão,adicionalmente: 
[...] 
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das 
obrigações relativas às obras vinculadas à concessão. 
É por isso que sempre dizemos que, além de muitos exercícios, você 
também deve dedicar quantidade razoável de seu tempo à leitura de lei seca. A OAB e 
os Concurso Públicos adoram esse tipo de questões em se tratando de primeira fase. 
Assista a vídeo aula do Gran Cursos que indicamos a algumas questões 
atrás. 
 
GABARITO: Gabarito A 
 
17) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
O Município Alfa planeja estabelecer uma parceria público-privada para 
a construção e operação do metrô, cujo contrato terá vigência de trinta e cinco 
anos. Como a receita com a venda das passagens é inferior ao custo de 
 
 26 
OAB DESCOMPLICADA 
implantação/operação do serviço, o ente local aportará recursos como 
complementação da remuneração do parceiro privado. 
Sobre a questão, assinale a afirmativa correta. 
a) Como o parceiro privado será remunerado pela tarifa do serviço de transporte e 
por uma contrapartida do poder público, a concessão será celebrada na 
modalidade administrativa. 
b) A contrapartida do parceiro público somente pode se dar em dinheiro, não sendo 
permitido qualquer outro mecanismo, a exemplo da outorga de direitos em face 
da Administração Pública. 
c) A vigência do futuro contrato é adequada, mas, por se tratar de negócio com 
duração de trinta e cinco anos, não poderá haver prorrogação contratual. 
d) Independentemente da proporção da contrapartida do parceiro público frente ao 
total da receita auferida pelo parceiro privado, não haverá necessidade de 
autorização legislativa específica. 
 
COMENTÁRIOS: 
A questão fica fácil de ser compreendi com os Artigos abaixo elencados da 
Lei 11.079/04: 
Lei nº 11.079/04, art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria 
público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei nº 8.987/95, 
no que couber, devendo também prever: 
I - o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos 
investimentos realizados, não inferior a 5, nem superior a 35 
anos, incluindo eventual prorrogação; 
Complementando: 
Lei nº 11.079/04, art. 2º Parceria público-privada é o contrato adm. de 
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. 
§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou 
de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver, 
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação 
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. (A) 
§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de 
serviços de que a AP seja a usuária direta ou indireta, ainda que 
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. 
Art. 6º A contraprestação da AP nos contratos de parceria público-
privada poderá ser feita por: III - outorga de direitos em face da 
AP; (B) 
Art. 10, § 3º As concessões patrocinadas em que mais de 70% da 
remuneração do parceiro privado for paga pela AP dependerão 
de autorização legislativa específica. 
 
 
 27 
OAB DESCOMPLICADA 
GABARITO: Alternativa C 
 
18) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
O Município Beta concedeu a execução do serviço público de veículos 
leves sobre trilhos e, ao verificar que a concessionária não estava cumprindo 
adequadamente as obrigações determinadas no respectivo contrato, considerou 
tomar as providências cabíveis para a regularização das atividades em favor dos 
usuários. 
Nesse caso, 
a) impõe-se a encampação, mediante a retomada do serviço pelo Município Beta, 
sem o pagamento de indenização. 
b) a hipótese é de caducidade a ser declarada pelo Município Beta, mediante 
decreto, que independe da verificação prévia da inadimplência da 
concessionária. 
c) cabe a revogação do contrato administrativo pelo Município Beta, diante da 
discricionariedade e precariedade da concessão, formalizada por mero ato 
administrativo. 
d) é possível a intervenção do Município Beta na concessão, com o fim de 
assegurar a adequada prestação dos serviços, por decreto do poder 
concedente, que conterá designação do interventor, o prazo, os objetivos e os 
limites da medida. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” encontra-se incorreta. A encampação é uma forma de 
extinção de uma concessão, com fundamento no interesse público (conveniência 
administrativa). Nesse caso, deveria haver indenização ao delegatário. Vejamos o Artigo 
37 da Lei 8.987/95: 
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder 
concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse 
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento 
da indenização, na forma do artigo anterior. 
 
 
A alternativa “B” também está equivocada, visto que embora a caducidade 
fosse aplicável ao caso em virtude da má prestação de serviço, ainda assim seria 
necessário apurar previamente a inadimplência do concessionário com processo 
administrativo, conforme determina o Artigo 38, parágrafo 2º da Lei 8.987/95: 
 
"Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério 
do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a 
aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste 
artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes. 
 
 
 28 
OAB DESCOMPLICADA 
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida 
da verificação da inadimplência da concessionária em processo 
administrativo, assegurado o direito de ampla defesa." 
 
 
A alternativa “C” também está errada, visto que a concessão de serviço 
público tem natureza contratual, não podendo se falar em precariedade, possibilidade 
de revogação ou sustentar que seria caso de ato administrativo. Vejamos o Artigo 4º da 
Lei 8.987/95: 
 
"Art. 4º - A concessão de serviço público, precedida ou não da 
execução de obra pública, será formalizada mediante contrato, que 
deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do 
edital de licitação." 
 
 
A alternativa “D” está correta. Vejamos o Artigo 32 e seu parágrafo único da 
Lei 8.987/95: 
 
"Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim 
de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel 
cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais 
pertinentes. 
 
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder 
concedente, que conterá a designação do interventor, o prazo da 
intervenção e os objetivos e limites da medida." 
 
 
Gabarito: Alternativa D 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
19) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
Rafael, funcionário da concessionária prestadora do serviço público de 
fornecimento de gás canalizado, realizava reparo na rede subterrânea, quando 
deixou a tampa do bueiro aberta, sem qualquer sinalização, causando a queda de 
Sônia, transeunte que caminhava pela calçada. 
Sônia, que trabalha como faxineira diarista, quebrou o fêmur da perna 
direita em razão do ocorrido e ficou internada no hospital por 60 dias, sem poder 
trabalhar. 
Após receber alta, Sônia procurou você, como advogado(a), para 
ajuizar ação indenizatória em face 
a) da concessionária, com base em sua responsabilidade civil objetiva, para cuja 
configuração é desnecessária a comprovação de dolo ou culpa de Rafael. 
 
 29 
OAB DESCOMPLICADA 
b) do Estado, como poder concedente, com base em sua responsabilidade civil 
direta e subjetiva, para cuja configuração é prescindível a comprovação de dolo 
ou culpa de Rafael. 
c) de Rafael, com base em sua responsabilidade civil direta e objetiva, para cuja 
configuração é desnecessária a comprovação de ter agido com dolo ou culpa, 
assegurado o direito de regresso contra a concessionária. 
d) do Município, como poder concedente, com base em sua responsabilidade civil 
objetiva, para cuja configuração é imprescindível a comprovação de dolo ou 
culpa de Rafael. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” encontra-se correta com fundamento no Artigo 25 da Lei8.98795, bem como do Artigo 37, parágrafo 6º da CF/88: 
 
"Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, 
cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder 
concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização 
exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa 
responsabilidade." 
 
"Art. 37 (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que 
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o 
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa." 
 
 
Gabarito: Alternativa A 
 
BENS PÚBLICOS E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA 
PROPRIEDADE 
20) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
Determinado Município fez publicar decreto de desapropriação por 
utilidade pública de determinada área, com o objetivo de construir um hospital, o 
que incluiu o imóvel de Ana. A proprietária aceitou o valor oferecido pelo ente 
federativo, de modo que a desapropriação se consumou na via administrativa. 
Após o início das obras, foi constatada a necessidade, de maior 
urgência, da instalação de uma creche na mesma localidade, de modo que o 
Município alterou a destinação a ser conferida à edificação que estava sendo 
erigida. Ana se arrependeu do acordo firmado com o poder público. 
Diante dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) de Ana, 
assinale a afirmativa correta. 
 
 30 
OAB DESCOMPLICADA 
a) Ana deverá ajuizar ação de retrocessão do imóvel, considerando que o Município 
não possui competência para atuar na educação infantil, de modo que não 
poderia alterar a destinação do bem expropriado para esta finalidade. 
b) Cabe a Ana buscar a anulação do acordo firmado com o Município, que deveria 
ter ajuizado a indispensável ação de desapropriação para consumar tal 
modalidade de intervenção do estado na propriedade. 
c) O ordenamento jurídico não autoriza que Ana impugne a desapropriação 
amigável acordada com o Município, porque a nova destinação conferida ao 
imóvel atende ao interesse público, a caracterizar a chamada tredestinação 
lícita. 
d) Ana deverá ajuizar ação indenizatória em face do ente federativo, com base na 
desapropriação indireta, considerando que o Município não pode conferir 
finalidade diversa da constante no decreto expropriatório. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A tredestinação lícita ocorre justamente quando o Poder Público desapropria 
um bem privado com certa destinação, como por exemplo a construção de uma escola, 
mas, por motivos diversos, acaba destinando aquele imóvel para outra finalidade 
pública, como a construção de um hospital. 
Nesse caso, não há que se falar em anulação ou nulidade da 
desapropriação, visto que, por motivos relevantes (urgentes), a destinação ainda assim 
é de interesse público. 
Para elucidar, vejamos o seguinte julgado do STJ: 
 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO POR 
UTILIDADE PÚBLICA. AÇÃO DE RETROCESSÃO. DESTINAÇÃO 
DIVERSA DO IMÓVEL. PRESERVAÇÃO DA FINALIDADE PÚBLICA. 
TREDESTINAÇÃO LÍCITA. 
 
1. Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada 
destinação que atende ao interesse público, ainda que diversa da 
inicialmente prevista no decreto expropriatório. 
2. A Primeira Turma desta Corte, no julgamento do REsp 710.065/SP 
(Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.6.2005), firmou a orientação de que 
a afetação da área poligonal da extinta "Vila Parisi" e áreas contíguas 
(localizadas no Município de Cubatão/SP) - cuja destinação inicial era 
a implantação de um parque ecológico -, para a instalação de um pólo 
industrial metal-mecânico, um terminal intermodal de cargas 
rodoviário, um centro de pesquisas ambientais, um posto de 
abastecimento de combustíveis, um centro comercial com 32 módulos 
de 32 metros cada, um estacionamento, e um restaurante/lanchonete, 
atingiu, de qualquer modo, a finalidade pública inerente às 
desapropriações. 
3. Recurso especial desprovido. 
(RESP - RECURSO ESPECIAL - 847092 2006.01.24261-5, rel. 
Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJ 
DATA:18/09/2006) 
 
 31 
OAB DESCOMPLICADA 
 
 
Vale destacar que se a nova destinação não for de interesse público, 
poderíamos aplicar o Artigo 519 do Código Civil: 
 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se 
desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, 
caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa. 
 
GABARITO: Alternativa C 
NOTÍCIA INDICADA 
https://liciniarossi.com.br/informativos-stf-stj/desapropriacao-tredestinacao-e-
retrocessao/ 
 
21) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
Virgílio é proprietário de um imóvel cuja fachada foi tombada pelo 
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, autarquia federal, 
após o devido processo administrativo, diante de seu relevante valor histórico e 
cultural. 
O logradouro em que o imóvel está localizado foi assolado por fortes 
chuvas, que comprometeram a estrutura da edificação, a qual passou a apresentar 
riscos de desabamento. Em razão disso, Virgílio notificou o Poder Público e 
comprovou não ter condições financeiras para arcar com os custos da respectiva 
obra de recuperação. 
Certo de que a comunicação foi recebida pela autoridade competente, 
que atestou a efetiva necessidade da realização de obras emergenciais, Virgílio 
procurou você, como advogado(a), para, mediante orientação jurídica adequada, 
evitar a imposição de sanção pelo Poder Público. 
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a 
orientação correta. 
a) Virgílio poderá demolir o imóvel. 
b) A autoridade competente deve mandar executar a recuperação da fachada 
tombada, às expensas da União. 
c) Somente Virgílio é obrigado a arcar com os custos de recuperação do imóvel. 
d) As obras necessárias deverão ser realizadas por Virgílio, independentemente de 
autorização especial da autoridade competente. 
 
COMENTÁRIOS: 
O gabarito da referida questão encontra-se no Artigo 19 do Decreto Lei 25 
de 1937: 
Decreto-lei nº 25/37, art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não 
dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e 
 
 32 
OAB DESCOMPLICADA 
reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do 
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das 
mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da 
importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa. 
§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o 
diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as 
mesmas ser iniciadas dentro do prazo de 6 meses, ou 
providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. 
 
GABARITO: Alternativa B 
 
22) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 
O poder público, com fundamento na Lei nº 8.987/1995, pretende 
conceder à iniciativa privada uma rodovia que liga dois grandes centros urbanos. 
O edital, publicado em maio de 2018, previu a duplicação das pistas e a obrigação 
de o futuro concessionário desapropriar os terrenos necessários à ampliação. Por 
se tratar de projeto antigo, o poder concedente já havia declarado, em janeiro de 
2011, a utilidade pública das áreas a serem desapropriadas no âmbito do futuro 
contrato de concessão. 
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) O ônus das desapropriações necessárias à duplicação da rodovia não pode ser 
do futuro concessionário, mas sim do poder concedente. 
b) O poder concedente e o concessionário só poderão adentrar os terrenos 
necessários à ampliação da rodovia após a conclusão do processo de 
desapropriação. 
c) O decreto que reconheceu a utilidade pública dos terrenos caducou, sendo 
necessária a expedição de nova declaração. 
d) A declaração de utilidade pública pode ser emitida tanto pelo poder concedentequanto pelo concessionário. 
 
COMENTÁRIOS: 
É importante saber que caduca em 5 anos a expedição de declaração de 
utilidade pública. No caso, como se vê, a expedição foi em 2011 e o edital em 2018, ou 
seja, 7 anos depois! 
Vejamos os seguintes dispositivos legais: 
Decreto-lei nº 3.365/41, art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se 
mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de 5 anos, 
contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os 
quais este caducará. (Vide Decreto-lei nº 9.282/46). Neste caso, 
somente decorrido 1 ano, poderá ser o mesmo bem objeto 
de nova declaração. 
§ único. Extingue-se em 5 anos o direito de propor ação que vise 
a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público. 
 
 33 
OAB DESCOMPLICADA 
Complementando: 
Lei nº 8.987/95, art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo 
poder concedente, observados, no que couber, os critérios e as 
normas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos 
e conterá, especialmente: XII - a expressa 
indicação do responsável pelo ônus das 
desapropriações necessárias à execução do serviço ou da obra 
pública, ou para a instituição de servidão adm.; 
Decreto-lei nº 3.365/41, art. 15. Se o expropriante alegar urgência e 
depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do CPC, o 
juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens; 
Decreto-lei nº 3.365/41, art. 6º A declaração de utilidade pública far-
se-á por decreto do PR, Governador, Interventor ou Prefeito. 
Lei nº 8.987/95, art. 29. Incumbe ao poder concedente: VIII 
- declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do 
serviço ou obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente 
ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será 
desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis; 
 
GABARITO: Alternativa C 
 
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
23) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 
A autoridade competente, em âmbito federal, no regular exercício do 
poder de polícia, aplicou à sociedade empresária Soneca S/A multa em razão do 
descumprimento das normas administrativas pertinentes. Inconformada, a 
sociedade Soneca S/A apresentou recurso administrativo, ao qual foi conferido 
efeito suspensivo, sendo certo que não sobreveio qualquer manifestação do 
superior hierárquico responsável pelo julgamento, após o transcurso do prazo de 
oitenta dias. 
Considerando o contexto descrito, assinale a afirmativa correta. 
a) Não se concederá Mandado de Segurança para invalidar a penalidade de multa 
aplicada a Soneca S/A, submetida a recurso administrativo provido de efeito 
suspensivo. 
b) O ajuizamento de qualquer medida judicial por Soneca S/A depende do 
esgotamento da via administrativa. 
c) Não há mora da autoridade superior hierárquica, que, por determinação legal, 
dispõe do prazo de noventa dias para decidir. 
d) A omissão da autoridade competente em relação ao seu dever de decidir, ainda 
que se prolongue por período mais extenso, não enseja a concessão de 
Mandado de Segurança. 
 
 34 
OAB DESCOMPLICADA 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” encontra-se correta. Vejamos o que determina o Artigo 5º, 
I da Lei 12.016/2009: 
Art. 5º - Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução; 
 
Por que as demais alternativas estão equivocadas? 
Em relação à alternativa “B”, pelo fato de que a exigência do esgotamento 
da via administrativa (para somente depois ter acesso à judicial) viola o princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional (Artigo 5º, XXXV da CF/88). 
A alternativa “C” está incorreta porque assim determina o Artigo 59, 
parágrafo 1º da Lei 9.784/99: 
"Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para 
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou 
divulgação oficial da decisão recorrida. 
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo 
deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do 
recebimento dos autos pelo órgão competente." 
 
Veja, portanto, que o prazo é de 30 dias para decisão de recurso 
administrativo, salvo se houver disposição legal diversa. 
A alternativa “D” está incorreta em virtude do entendimento firmado pela 
Súmula 429 do STF: 
"Súmula 429. A existência de recurso administrativo com efeito 
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra 
omissão da autoridade." 
 
Gabarito: Alternativa A 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
24) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 
A União celebrou convênio com o Município Alfa para a implantação de 
um sistema de esgotamento sanitário. O Governo Federal repassou recursos ao 
ente local, ficando o município encarregado da licitação e da contratação da 
sociedade empresária responsável pelas obras. Após um certame conturbado, 
cercado de denúncias de favorecimento e conduzido sob a estreita supervisão do 
 
 35 
OAB DESCOMPLICADA 
prefeito, sagrou-se vencedora a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. Em 
escutas telefônicas, devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário, comprovou-
se o direcionamento da licitação para favorecer a sociedade empresária Vale Tudo 
Ltda., que tem, como sócios, os filhos do prefeito do Município Alfa. Tendo sido 
feita perícia no orçamento, identificou-se superfaturamento no preço contratado. 
Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
a) Não compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar o emprego dos recursos 
em questão, pois, a partir do momento em que ocorre a transferência de 
titularidade dos valores, encerra-se a jurisdição da Corte de Contas Federal. 
b) O direcionamento da licitação constitui hipótese de frustração da licitude do 
certame, configurando ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da Administração Pública e, por isso, sujeita os agentes públicos 
somente à perda da função pública e ao pagamento de multa civil. 
c) Apenas os agentes públicos estão sujeitos às ações de improbidade, de forma 
que terceiros, como é o caso da sociedade empresária Vale Tudo Ltda., não 
podem ser réus da ação judicial e, por consequência, imunes à eventual 
condenação ao ressarcimento do erário causado pelo superfaturamento. 
d) Por se tratar de ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário, 
os agentes públicos envolvidos e a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. estão 
sujeitos ao integral ressarcimento do dano, sem prejuízo de outras medidas, 
como a proibição de contratar com o Poder Público ou receber incentivos fiscais 
por um prazo determinado. 
 
COMENTÁRIOS: 
A alternativa “A” está errada tendo em vista que, em se tratando de convênio 
com repasse de recursos federais, o TCU tem competência para fiscalização, conforme 
prevê o Artigo 71, VI: 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será 
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual 
compete: 
 
(...) 
 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela 
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos 
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município. 
 
Para reforçar, segue precedente do STF: 
 
Administrativo. ADI. Fundo Nacional de Assistência Social. Lei n.º 
9.604/98. Procedência parcial. 1. É inconstitucional o art. 1º da Lei n.º 
9.604/98, que fixou a competência dos Tribunais de Contas Estaduais 
e de Câmaras Municipais para análise da prestação de contas da 
aplicação de recursos financeiros oriundos do Fundo Nacional de 
Assistência Social, repassados aos Estados e Municípios. A 
competência para o controle da prestação de contas da aplicação 
 
 36 
OAB DESCOMPLICADA 
de recursos federais é do Tribunal de Contas da União, conforme 
o art. 70 e incisos da Constituição. 2. O art. 2º da mesma lei, por sua 
vez, é compatível com a Constituição. A previsão de repasse 
automático de recursos

Continue navegando