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Apostila - História e Crítica Musical da Antiguidade ao Barroco

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA 
ANTIGUIDADE AO BARROCO
Meu nome é João Paulo Costa do Nascimento. Sou compositor, pesquisador e educador musical. Sou graduado 
em Música com habilitação em Composição e Regência pelo Instituto de Artes da Unesp (2004) e doutorando em 
Música pelo Instituto de Artes/Unesp. Sou autor de “Abordagens do pós-Moderno em Música” (Ed. Unesp/ Selo 
Cultura Acadêmica) e professor da escola de música Espaço Musical. Atuo, especialmente, nas áreas de música 
contemporânea, filosofia da música e pós-modernismo.
E-mail: jpcn@yahoo.com.br
Meu nome é Mariana Galon. Sou mestre em educação pela UFSCar (2015), licenciada em Educação Artística 
com habilitação em Música pela USP (2006) e especialista em Arte e Educação e Tecnologias Contemporâneas 
pela UNB (2012). Tenho experiência com ensino de música na Educação Básica, na qual atuei como regente 
de um coro infantil e coordenadora da área de música. Atualmente, sou docente de um curso de Artes 
Visuais, educadora musical (violoncelo) do Projeto Guri, docente do curso de Licenciatura em Música do 
Claretiano – Centro Universitário e tutora de um curso de Educação Musical. Além disso, desenvolvo 
pesquisas na área de Criação Musical Coletiva, Práticas Sociais e Processos Educativos e em Educação 
Musical Humanizadora.
E-mail: marianag.claretiano@gmail.com
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
João Paulo Costa do Nascimento
Mariana Galon da Silva 
Batatais
Claretiano
2016
HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA 
ANTIGUIDADE AO BARROCO
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio 
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de 
banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • 
Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • 
Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses 
Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana 
Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita 
Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis 
Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami 
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
  780.9 N195h 
 
 Nascimento, João Paulo Costa do 
        História e crítica musical: da Antiguidade ao Barroco / João Paulo Costa do  
Nascimento, Mariana Galon da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2016. 
                 215 p.   
 
                 ISBN: 978‐85‐8377‐501‐0 
       1. História da música. 2. Antiguidade. 3. Idade‐Média. 4. Renascimento. 
       5. Barroco. I. História e crítica musical: da Antiguidade ao Barroco.  
         
 
 
 
 
                                                                                                                                                     CDD 780.9 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: História e Crítica Musical: Da Antiguidade ao Barroco
Versão: ago./2016
Formato: 20x28 cm
Páginas: 215 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................9
1.1. QUAL HISTÓRIA VOCÊ ESTUDARÁ? .......................................................................................................................9
1.2. E QUAL O PERCURSO NECESSÁRIO PARA SE CONTAR ESSA HISTÓRIA? ............................................................10
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ...........................................................................................................................................13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ..............................................................................................................................16
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................16
5. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................16
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................19
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................19
2.1. A MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA..............................................................................................................................19
2.2. A ALTA IDADE MÉDIA: CONTEXTO HISTÓRICO.....................................................................................................31
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................52
3.1. HISTÓRIA GERAL: GRÉCIA ANTIGA ......................................................................................................................52
3.2. FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA .............................................................................................................................53
3.3. TEORIA E PRÁTICA MUSICAL NA GRÉCIA ANTIGA ...............................................................................................53
3.4. FILOSOFIA MUSICAL NA ALTA IDADE MÉDIA .......................................................................................................54
3.5. CANTOCHÃO E CANTO GREGORIANO ..................................................................................................................54
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................55
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................56
6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................56
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................57
UNIDADE 2 – MÚSICA NA BAIXA IDADE MÉDIA
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................61
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA............................................................................................................................61
2.1. A BAIXA IDADE MÉDIA: A MONOFONIA SACRA NÃO LITÚRGICA E A MONOFONIA SECULAR ........................61
2.2. MÚSICA INSTRUMENTAL E INSTRUMENTOS .......................................................................................................70
2.3. ARS ANTIQUA: O SURGIMENTO DA POLIFONIA ..................................................................................................73
2.4. MÚSICA NO SÉCULO 14: ARS NOVA ......................................................................................................................91
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................102
3.1. MONOFONIA MEDIEVAL SACRA NÃO LITÚRGICA E SECULAR............................................................................102
3.2. ORGANUM ..............................................................................................................................................................103
3.3. CONDUCTUS E MOTETES .......................................................................................................................................104
3.4. 3.4. ARS NOVA .........................................................................................................................................................104
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................104
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................106
6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................107
UNIDADE 3 – MÚSICA NA RENASCENÇA
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................111
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................111
2.1. O RENASCIMENTO: CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL ...................................................................................111
2.2. A TRANSIÇÃO DA MÚSICA MEDIEVAL PARA A RENASCENTISTA: VIRADA DO SÉCULO 14 ...............................113
2.3. A AFIRMAÇÃO DO ESTILO RENASCENTISTA: A DIFUSÃO DA POLIFONIA FRANCO-FLAMENGA ......................119
2.4. OS ESTILOS NACIONAIS NO RENASCIMENTO ......................................................................................................128
2.5. MÚSICA INSTRUMENTAL .......................................................................................................................................139
2.6. MÚSICA SACRA NO RENASCIMENTO: REFORMA E CONTRARREFORMA ..........................................................141
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................146
3.1. RENASCENÇA ..........................................................................................................................................................146
3.2. ESTILOS NACIONAIS E MADRIGAL ........................................................................................................................147
3.3. MÚSICA INSTRUMENTAL RENASCENTISTA ..........................................................................................................147
3.4. MÚSICA NA REFORMA E NA CONTRARREFORMA...............................................................................................148
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................148
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................150
6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................150
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................................................151
UNIDADE 4 – O PERÍODO BARROCO EUROPEU E A MÚSICA COLONIAL BRASILEIRA
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................155
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................155
2.1. O BARROCO: CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL ..............................................................................................155
2.2. PRIMEIRO BARROCO ..............................................................................................................................................158
2.3. BARROCO MÉDIO ...................................................................................................................................................167
2.4. BARROCO TARDIO ..................................................................................................................................................176
2.5. MÚSICA INSTRUMENTAL NO BARROCO...............................................................................................................176
2.6. MÚSICA NO BRASIL COLONIAL .............................................................................................................................194
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................208
3.1. ÓPERA BARROCA ....................................................................................................................................................208
3.2. CANTATAS, ORATÓRIOS E PAIXÕES .......................................................................................................................208
3.3. SONATAS, CONCERTOS E SUÍTES ...........................................................................................................................209
3.4. MÚSICA NO BRASIL COLONIAL .............................................................................................................................209
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................210
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................212
6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................212
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................214
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo 
Introdução aos aspectos históricos da música ocidental, compreendendo características 
estilísticas e estruturais, desde a sua origem até o período barroco. A música na tradição gre-
ga; música na Idade Média,canto litúrgico e canto secular; primórdios da polifonia no século 
13, organum, modos rítmicos, conductus e motete; a música francesa e italiana do século 14, 
ars nova, trecento italiano, música ficta; a era renascentista; correntes musicais do século 16; 
música sacra no Renascimento tardio; música do primeiro Barroco; ópera e música vocal na 
segunda metade do século 16; música instrumental no Barroco tardio; a primeira metade do 
século 18. Música no Brasil colonial.
Bibliografia Básica
BENNETT, R. Uma breve história da música. Tradução de Maria Teresa Resende Costa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. Historia de la música occidental. Tradução de Ana Luisa Faria. Lisboa: Gradiva, 1997.
STOLBA, K. M. The Development Of Western Music: a history. Nova Iorque: MacCgraw-Hill Companies, 1998.
Bibliografia Complementar
BROWN, H. M. Music In The Renaissance. New Jersey: Prentice-Hall, Inc. 1976.
BUKOFZER, M. La música en la época barroca. Madrid: Alianza, 1986.
FUBINI, E. Estética da música. Lisboa: Edições 70, 2008.
LANG, P. H. Music in Western Civilization. New York: W.M. Norton & Company, 1997.
PALISCA, C. Baroque Music. 3. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1991.
TARUSKIN, R.; WEISS, P. Music In The World: a Historical in Documents. Boston: Thomson Learning, 1984.
TOMAS, L. Música e filosofia: estética musical. São Paulo: Irmãos Vitale, 2005.
8 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das 
competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais 
conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etioló-
gico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Univer-
sitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é 
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência 
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a den-
sidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.
9© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo!
Você iniciará o estudo de História e Crítica Musical: da Antiguidade ao Barroco, por meio 
do qual obterá importantes informações a respeito do desenvolvimento histórico da música 
ocidental. 
Será abordado neste estudo um período de mais de dois mil anos, que abrange da An-
tiguidade Grega ao Período Barroco. Por esse motivo, o conteúdo foi elaborado de modo a 
contribuir para uma visão panorâmica da história da música no ocidente, tendo como foco os 
principais acontecimentos e conceitos construídos durante a história. Esta visão é de extrema 
importância para diversas reflexões a respeito dos destinos da música, quer seja na produção 
artística ou na educação musical. 
Desse modo, você terá a oportunidade de, por meio dessa visão panorâmica dos pe-
ríodos aqui apresentados, localizar no tempo fatos importantes que compõem a história da 
música. Esse conhecimento contribuirá para a construção de uma visão crítica da música do 
nosso passado e, consequentemente, da música do presente. 
Esta obra destina-se à formação de futuros educadores. É preciso salientar que a visão 
crítica sobre a música que o estudo da história proporciona irá colaborar nas tomadas de deci-
sões sobre o que fazer com nossas obras, as obras dos alunos, como contextualizar as aprecia-
ções e criações produzidas no ambiente escolar e também refletir sobre as possibilidades de 
músicas que poderão ser apresentadas aos seus educandos em sala de aula. 
1.1. QUAL HISTÓRIA VOCÊ ESTUDARÁ?
Ao contar a história de um determinado fazer humano, percebe-se, desde o início, os 
limites que tal tarefa impõe. Especialmente, quando se aborda os acontecimentos de um perí-
odo longo, pois torna-se impossível estudar todos os temas por completo. 
Antes de iniciar seus estudos, é importante pensar nas seguintes questões: 
• Quando começa a história da música? 
• Em tempos remotos, como ela foi documentada? 
• Quem documentou essas práticas?
Pode-se dizer que a história da música se inicia no período pré-histórico, quando o ho-
mem buscou se comunicar pela primeira vez por meio da música. As práticas musicais deste 
período até a idade média, embora sejam anteriores à escrita, fazem parte da nossa história. 
A arqueologia traz informações a respeito das evidências da presença musical na hu-
manidade desses períodos. Em geral, são informações a respeito dos utensílios musicais e 
do modo como a música estaria presente e relacionada com as estruturas sociais e culturais. 
Imagens rupestres e utensílios levam a concluir que a música daquele momento estava ligada 
aos rituais de honra aos deuses.
10 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Figura 1 Pintura rupestre que sugere um ritual com música e dança.
Figura 2 Flauta pré-histórica feita de osso de abutre.
Apesar desses registros e descobertas arqueológicas, faltam meios para avaliar com pre-
cisão como tais músicas eram construídas, organizadas e realizadas, justamente porque faltam 
indícios e registros de seu resultado sonoro concreto, por meio de grafia musical ou gravação. 
Portanto, sempre que a história é recontada, aqui a história da música, há um recorte, ou seja, 
uma escolha de quais dados, informações e fatos devem ser elencados. 
No caso deste estudo, a escolha dos conteúdos foi feita para proporcionar uma visão pa-
norâmica da história da música relacionada à sua documentação por meio da escrita. Esse pro-
cesso se dá, especialmente, na história da música ocidental. Isso não significa que não tenha 
ocorrido escrita musical em outras civilizações, mas em nenhuma outra situação globalmente 
conhecida até o presente a escrita musical adquire a importância, a dimensão e o alto grau de 
detalhe que atinge no decorrer da música europeia. E essa mesma escrita contribuiu muito 
para o surgimento de inúmeras das formas atuais de realização e interação musical. 
1.2. E QUAL O PERCURSO NECESSÁRIO PARA SE CONTAR ESSA HISTÓRIA?
Como você pôde perceber, será um longo percurso histórico para percorrer. Este estudo 
utilizará a divisão de períodos históricos e conceituações do estudo tradicional da história.
Esses períodos são:
• Pré-história: abrange desde o surgimento do homem na terra até, aproximadamente, 
4000 a.C.. 
11© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
• Idade Antiga: cerca de 4000 a.C. até 476 d.C. (fato de referência: queda do Império 
Romano do Ocidente).
• Idade Média: entre 476 d.C. até 1453, (fato de referência: tomada de Constantinopla 
pelo Império Turco Otomano).
• Idade Moderna: entre 1453 até 1789 (fato de referência: Revolução Francesa). 
• Idade Contemporânea: a partir de 1789 até os dias atuais. 
Você percorrerá um caminho que começa na antiguidade: na Grécia Antiga. Então, deve 
estar se questionando: se estudarei a história da música ocidental, por que iniciarei este estu-
do na Grécia Antiga?
O motivo disso vem do fato de a civilização grega ser considerada o berço do pensa-
mento ocidental, especialmente, no que diz respeito ao legado filosófico que ela deixou para 
o mundo; por meio deste legado, noções ocidentais modernas que fazem partedo nosso coti-
diano como a ideia de democracia, ciência e beleza chegaram até nós. 
O pensamento grego moldou as bases da civilização ocidental e a música grega também 
influenciou em grande grau o pensamento musical ocidental.
Após conhecer a história da música da Grécia antiga, você seguirá em direção à Idade 
Média e à Idade Moderna. 
Paralelamente a esta divisão por períodos da história geral, lembre-se de que a história 
da música também desenvolve sua própria divisão, que auxilia na compreensão do desenvol-
vimento de diferentes tipos de organizações musicais; a essa divisão, damos o nome de estilos 
de época.
O que é um Estilo de Época? 
Segundo Bennett:
Empregamos a palavra estilo para designar a maneira pela qual compositores de épocas e países dife-
rentes apresentam [os] elementos básicos – ‘melodia’, ‘harmonia’, ‘ritmo’, ‘timbre’, ‘forma’ e ‘textura’ 
– em suas obras (1986, p. 11). 
Nesta definição, Bennett prioriza a observação dos estilos a partir das composições mu-
sicais. Você verá, no decorrer do estudo, que a ideia de composição – uma música de autoria 
de uma pessoa – não é uma ideia que sempre existiu. Mesmo assim, você poderá compreen-
der tais estilos, também a partir de suas diferentes práticas musicais, de seus diferentes hábi-
tos e de seus diferentes modos de relacionar músicas e músicos a outras esferas da vida, como 
a religião, o entretenimento, a filosofia, a ciência e a moral. 
Dessa forma, um estilo de época compreende certa homogeneidade e tem característi-
cas comuns no modo de se fazer música dentro de um determinado período de tempo. 
Veja um gráfico de tais estilos:
12 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Figura 3 Períodos da história geral e estilos de época.
O estudo dos estilos de época deve ser combinado com os períodos da história geral, 
de modo que, em alguns momentos, um único período da história geral compreenderá um ou 
mais estilos de época. Este é o caso, por exemplo, da Idade Moderna, que compreende, em 
termos musicais, os estilos Renascentista e Barroco. 
Neste momento, o nosso estudo de história e crítica musical se concentrará nos perío-
dos da Antiguidade (4000 a.C.- 476 d.C.), da Idade Média (476 - 1450), do Renascimento (1450 
– 1600) e do Barroco (1600 – 1750).
Os estilos de época nas Unidades de estudo
Na Unidade 1, você estudará uma pequena parcela do que sobrou de registros da música 
da Idade Antiga e, posteriormente, a música da Alta Idade Média (compreendida, aproximada-
mente, entre os séculos cinco e 10). 
Estudará, também, como a herança musical grega foi absorvida pela música medieval 
nas práticas do canto no início da igreja cristã medieval; como a ideia de escrita musical já 
estava presente na Grécia Antiga, mas pouco dessa escrita sobreviveu, o que praticamente 
impossibilitou um conhecimento eficiente de seu funcionamento. 
No estudo sobre Alta Idade Média, você verá o laço entre música e igreja cristã. E tam-
bém terá a oportunidade de conhecer mais sobre o surgimento da escrita musical que, neste 
período, está atrelado às necessidades de transmissão da música litúrgica cristã.
13© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Na Unidade 2, você estudará o período histórico da Baixa Idade Média (compreendida, 
aproximadamente, entre os séculos 11 e meados do século 15). Neste período, existirá uma 
significativa mudança da escrita musical medieval, acompanhada do surgimento de um canto 
polifônico, da noção de composição musical (autoria) e da apropriação da escrita musical pela 
música profana. 
Na Unidade 3, já dentro do que se convencionou chamar de Idade Moderna, você estu-
dará o estilo de época denominado Renascimento (1450-1600), marcado pelo afastamento da 
música da religião, pelo crescimento da documentação da música profana, pelo surgimento 
de estilos musicais nacionais, por uma mudança significativa no estilo de polifonia desenvolvi-
da, entre outras modificações. Além do mais, todos esses fatores serão ligados a importantes 
mudanças nas estruturas sociais, bem como às navegações, à reforma protestante, ao fortale-
cimento da música nas cortes e ao início da revolução científica.
Na Unidade 4, ainda dentro da Idade Moderna, você estudará a música do estilo de 
época denominado Barroco (1600-1750), marcada pelo surgimento da ópera, por um cresci-
mento significativo da música instrumental e pelo surgimento de uma organização harmônico-
-musical à qual é dado o nome de tonalismo. Justamente por este último fator, o tonalismo, 
o período Barroco marca o fim do que se chama música antiga (Antiguidade Clássica, Idade 
Média, Renascimento e Barroco). 
Atenção! ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Fique atento ao seguinte fato: um intérprete de músicas escritas anteriormente a 1750 pode designar seu reper-
tório, simplesmente, por música antiga, e isso não significa, necessariamente, música do período da história geral 
denominado de Antiguidade.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
 
Ainda na Unidade 4, você conhecerá a música colonial brasileira, na qual poderá obser-
var as práticas musicais oriundas da Idade Média, do Renascimento e, até mesmo, do próprio 
Barroco europeu.
É importante ter em mente que, para compreender o conteúdo aqui apresentado, 
você deve escutar todas as obras sugeridas no decorrer deste estudo e analisar as partituras 
indicadas. 
O entendimento das particularidades de cada estilo, de cada compositor só é possível 
por meio do processo de escuta consciente e analítica das obras apresentadas. 
Você percorrerá os corredores deste museu no qual encontrará músicas monumentais 
de parte da história da humanidade. 
Seja bem-vindo ao “Museu Imaginário das Obras Musicais” (GOEHR, 1994)!
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados.
14 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1) Antiguidade: período da história geral que se inicia com a invenção da escrita, por 
volta de 4000 a.C., e estende-se até 476 d.C. com a queda do Império Romano. Na 
História da música, será destacada a produção musical da Antiguidade Grega.
2) Ars Nova: movimento musical ocorrido na França do século 14, entusiasta da siste-
matização do uso da polifonia escrita na música sacra e na música secular.
3) Alta Idade Média: período histórico compreendido entre os séculos 5 e 10. Em mú-
sica, é marcado pela sedimentação da música cristã e do cantochão.
4) Baixa Idade Média: período histórico compreendido entre os séculos 10 e 15. Em 
música, é marcado pelo surgimento da polifonia escrita e pelo início da utilização da 
escrita para música secular.
5) Barroco: estilo de época compreendido, aproximadamente, entre 1600 e 1750, e 
marcado pela sedimentação do tonalismo, pela utilização da melodia acompanhada, 
pela invenção da ópera e pelo desenvolvimento da música instrumental.
6) Cantochão: tipo de canto monofônico no qual a melodia privilegia o andar por 
graus conjuntos e a existência de saltos de pequena extensão. Seu ritmo é medido 
pela rítmica do texto que utiliza. Foi o principal tipo de música das igrejas cristãs 
na Idade Média. Em geral, era cantado em uníssono e sem acompanhamento de 
instrumentos. 
7) Contraponto: é uma técnica de composição (escrita) e combinação de duas ou mais 
melodias simultâneas. Desenvolveu-se nos finais da Idade Média, mas é utilizada 
até hoje. Seus critérios e características variam de acordo com a época e a estilística 
de um determinado compositor.
8) Contraponto imitativo: é um tipo de contraponto que enfatiza a imitação demo-
tivos melódicos entre as vozes. Um motivo melódico é executado por uma voz do 
conjunto coral ou instrumental e copiado, em seguida, de forma literal ou variada 
por outra voz. Exemplo de utilização de contraponto imitativo é o cânone, da fuga e 
das invenções, bem como sua vasta utilização pelos compositores da música sacra 
renascentista e dos primeiros madrigais renascentistas. 
9) Estilos de época: são características musicais de composição, interpretação, impro-
visação que possuem certa homogeneidade dentro de um determinado período his-
tórico. Na história da música, os estilos de época (Renascimento, Barroco, Classicis-
mo etc.) ajudam a pensar grupos de obras e músicos que possuem certa afinidade 
entre si, organizando-se, assim, uma narrativa de evolução de tais estilos.
10) Homofonia: textura polifônica marcada pela homogeneidade rítmica entre as vozes. 
Em geral, a homofonia possui diferentes melodias cantadas com o mesmo ritmo 
(homorrítmico), possibilitando pequenas variações rítmicas entre as vozes. Na Re-
nascença, a homofonia favoreceu o aparecimento de uma harmonia com acordes.
11) Heterofonia: textura musical na qual uma melodia é executada por várias vozes ou 
instrumentos simultâneos, mas que cada voz ou instrumento realiza os ritmos com 
pequenas diferenças entre si. Possui um aspecto perceptivo de que uma mesma 
melodia está sendo executada de forma “desencontrada”.
12) Modalismo: sistema de organização das alturas musicais (notas) que predominou, 
hegemonicamente, desde a antiguidade até o Renascimento. Ele está baseado em 
15© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
uma ampla variedade de escalas que podem ser identificadas por diferentes modos 
de distribuição de tons e semitons a partir de uma tônica. O modalismo também se 
caracteriza por uma prática musical baseada na melodia, sem o acompanhamento 
de acordes. Isso se diferencia da sistema tonal, ou tonalismo, no qual o acompa-
nhamento das melodias com acordes cria um discurso harmônico. Além do mais, o 
campo de acordes utilizados está baseado em apenas duas escalas principais, uma 
chamada de maior e outra de menor.
13) Monodia Acompanhada: textura musical baseada em uma melodia principal e acom-
panhamento com acordes ou com melodias de caráter subordinado e secundário. 
14) Monofonia: textura musical baseada em uma única melodia, executada em unísso-
no ou em dobras de oitavas. A monofonia permite a utilização de acompanhamen-
tos, desde que ele não atrapalhe a percepção de uma única melodia sendo cantada 
ou tocada.
15) Movimento de vozes: são os movimentos realizados por duas ou mais melodias 
dentro de uma textura polifônica. Podem ser classificados em paralelo, contrário e 
oblíquo.
16) Movimento oblíquo: movimento entre duas melodias de uma polifonia na qual uma 
das melodias se movimenta ascendente ou descendentemente, enquanto a outra se 
mantém na mesma nota.
17) Movimento paralelo: movimento entre duas melodias de uma polifonia no 
qual as duas melodias se movimentam na mesma direção, seja ascendente ou 
descendentemente.
18) Movimento contrário: movimento entre duas melodias de uma polifonia no qual 
uma melodia se movimenta descendentemente enquanto a outra se movimenta 
ascendentemente.
19) Renascimento: movimento cultural de retomada dos referências culturais da Grécia 
e Roma antiga, durante os séculos 14, 15 e 16. Em música, significa um estilo de 
época delimitado entre, aproximadamente, 1450 e 1600.
20) Textura: é um conceito musical aberto que tende a designar o tipo de organiza-
ção do material musical de acordo com seu comportamento harmônico, rítmico, 
melódico e timbrístico. Como exemplo de texturas, há a polifonia, a heterofonia, a 
homofonia ou a massa sonora, dentre outras. Pode-se também dizer que uma de-
terminada música tem uma textura contrapontística, ou uma textura imitativa, bem 
como podemos dizer que ela tem uma textura tonal ou modal. 
21) Tonalismo: é um sistema de organização das alturas musicais que predominou hege-
monicamente na música ocidental entre o século 17 e fins do século 19. O tonalismo 
está baseado nos acordes resultantes da escala maior ou menor (privilegiando-se 
suas variantes harmônica e melódica), ao qual chamamos de campo harmônico. 
Seu princípio fundamental é a organização destes acordes em funções, com alguns 
acordes assumindo funções de tensão (ou suspensão) e outros assumindo função 
de repouso. Com isso, tal sistema propiciou recursos para se construir um discurso 
musical mais narrativo e direcional, evidenciando uma percepção de percurso do 
material musical dentro de uma determinada obra. 
16 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste 
estudo. 
Figura 4 Esquema de Conceitos-chave de História e Crítica Musical: da Antiguidade ao Barroco.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENNETT, R. Uma breve história da música. Tradução de Maria Teresa Resende Costa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
GOEHR, L. The imaginary museum of musical works: an essay in the Philosophy of Music. Oxford: Oxford University Press, 
1992.
5. E-REFERÊNCIAS
BINDER, F. Histórias da música – estudo dirigido. Disponível em: <http://fernandobinder.wordpress.com>. Acesso em: 16 abr. 
2015.
Lista de Figuras
Figura 1 Pintura rupestre que sugere um ritual com música e dança. Disponível em: <https://meninasemarte.files.wordpress.
com/2012/02/danccca7a-na-precc81-histocc81ria.jpg>. Acesso em: 16 abril. 2015.
Figura 2 Flauta pré-histórica feita de osso de abutre. Disponível em: <http://inconscientecoletivo.net/ouca-a-musica-da-
flauta-mais-antiga-do-mundo/#>. Acesso em: 16 abril. 2015.
17
MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Objetivos 
• Formular uma visão panorâmica sobre a música na Grécia Antiga e na Alta Idade Média com consciência das 
datas aproximadas de início e encerramento dos períodos. 
• Identificar os principais conceitos sobre o pensamento e prática musical na Grécia Antiga e na Idade Média.
• Reconhecer algumas estruturas musicais históricas.
• Reconhecer a variedade de tipos de cantochão e de canto gregoriano
Conteúdos 
• A tradição musical grega: filosofia-teoria e prática musical.
• A música da Alta Idade Média: Agostinho e Boécio.
• Cantochão litúrgico.
• Canto gregoriano: evolução histórica; estrutura dos ritos católicos; sistema de modos eclesiásticos; notação 
neumática; Guido D’Arezzo; categorias de canto gregoriano.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográ-
ficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal 
é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gradativa dos assuntos, observando a 
evolução deste estudo. 
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador, no qual esta-
rão tanto os exemplos musicais quantos os vídeos, textos e sites que ajudarão na compreensão de detalhes 
do conteúdo.
4) Ouça, com a maior frequência possível, os exemplos musicais sugeridos buscando saboreá-los, inicialmente, 
de forma prazerosa; posteriormente, busque perceber os aspectos comentados sobre os conteúdos aos quais 
eles estão ligados. 
UNIDADE 1
18 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
19© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
1. INTRODUÇÃO 
Você iniciaráa primeira unidade de estudo. Está preparado? 
Esta unidade abordará a música na tradição grega antiga e as dificuldades trazidas pela 
escassez de documentação de sua prática musical, além dos benefícios trazidos por uma refle-
xão filosófica da música já desenvolvida.
A seguir, entrará no domínio da música da Alta Idade Média (século cinco ao 10). Você 
poderá observar o surgimento e a evolução de uma escrita musical ligada às práticas religiosas 
medievais, bem como o desenvolvimento das bases da prática musical no ocidente.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nes-
ta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do 
Conteúdo Digital Integrador. 
2.1. A MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA
Caro aluno, o estudo da história antiga apresenta vários obstáculos, especialmente, pela 
falta de registros diretos sobre o fazer musical.
Ao tratar sobre os estudos da música da Grécia antiga, o esteta Enrico Fubini aponta as 
dificuldades encontradas.
Reconstruir um esboço que seja do pensamento musical na Antiguidade Grega apresenta várias 
dificuldades, sobretudo nos séculos mais antigos: os testemunhos são imensos, mas geralmente in-
diretos e fragmentados. Apesar de revelarem, sem dúvida, uma cultura musical bastante extensa e 
deixarem entrever uma sociedade em que a música tinha um lugar de não secundária importância, 
não são suficientes para nos fornecerem uma imagem fiel do pensamento musical na Antiguidade 
grega, na medida em que praticamente não há fontes diretas, isto é, músicas concretas (FUBINI, 
2008, p. 69).
É uma época em que não havia recursos tecnológicos como a gravação do áudio das 
músicas, por exemplo. Por esse motivo, as fontes diretas de registro musical às quais Fubini se 
refere seriam as partituras; no entanto, muito pouco delas sobreviveu ao tempo. 
Mesmo assim, faça um exercício de imaginação: o que vem à sua mente quando pensa 
sobre a cultura da Grécia Antiga, da qual a música fez parte?
Um dos itens que devem vir à sua mente, certamente, é a mitologia grega, que era uma 
forma de os gregos apresentarem sua visão de mundo. Segundo Lia Tomas:
Notícias sobre as variadas funções e significados da música na sociedade grega já são encontradas 
em diversas narrativas mitológicas e estão associadas aos personagens Orfeu, Marsias, Dioniso e 
Apolo. Na literatura, encontram-se relatos em Homero (século IX a.c., Iliada e Odisséia); em Hesí-
odo (século VIII a.c., Teogonia e Os trabalhos e os dias); e em praticamente todos os escritores das 
tragédias, como Eurípedes, Sófocles e Aristófanes (TOMAS, 2005, p. 14).
20 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Nos mitos de Orfeu e Apolo, a música é representada com poderes curativos. Orfeu mo-
vimentava a natureza por meio de sua música, demonstrando que a função da música na so-
ciedade grega ultrapassava o entretenimento e as questões estéticas. Os gregos acreditavam 
que a música era elemento fundamental na educação do cidadão, pois ela era capaz de in-
fluenciar diretamente a alma humana. 
Figura 1 Estátua de Apolo na Academia de Atenas, Grécia.
Pelas narrativas de Homero em Ilíada, sabe-se que os poemas eram cantados. Já o mito 
de Midas aponta para a valorização da música acompanhada pela poesia e uma certa rejeição 
da música instrumental virtuosística dentro da sociedade grega, pois, em um duelo musical 
entre Apolo e Pã, Midas foi o único jurado que votou na música virtuosística entoada pela 
flauta de Pã, enquanto os demais votaram na música cantada com acompanhamento da lira 
de Apolo. Por causa de seu voto em Pã, Apolo castigou Midas com grandes orelhas de burro.
Pode-se, então, dizer que uma das principais características da música grega é ser vocal 
e ligada à poesia e ao teatro.
Outro ponto que provavelmente você se lembrará é da filosofia grega, pois a Grécia An-
tiga foi o berço da filosofia ocidental e criadora de grande parte de nossa estrutura de conhe-
cimento, a partir da valorização da matemática, da lógica, da retórica, da criação do conceito 
de política e das bases para nossa noção moderna de ciência.
Há, também, diversos escritores como Heródoto, conhecido como o pai da disciplina 
História, ou como Homero, escritor da famosa Odisseia. Outro elemento, ainda, que certa-
mente povoa o imaginário de todos a respeito da Grécia Antiga é o teatro, realizado sob a 
forma da tragédia. 
21© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Quadro 1 Cronologia Grécia Antiga.
CRONOLOGIA
800-461 a.C.: acessão das cidades estados 
gregas (polis).
Século cinco a.C.: morte de Pitágoras, 
Teatro: obras de Ésquilo e Eurípedes;
Século quatro: obras de Platão, Aristóte-
les e Aristoxeno. 
46 a.C.: Início da ditadura de Júlio César
4 a. C.: Nascimento de Jesus
54 a.C.: Nero, imperador de Roma.
312: Cristianismo como religião oficial ro-
mana.
330: Constantinopla, nova capital do Im-
pério Romano
Fonte: adaptado de Grout e Palisca (2007, p. 16).
Música na Antiguidade Grega ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A música de um período reflete o espírito de seu tempo. A cultura e os valores morais e éticos de uma época são 
expressados direta ou indiretamente pela arte.
Para compreender a música na Antiguidade Grega, você precisa conhecer um pouco mais sobre esse período 
histórico. Para isso, acesse o link indicado a seguir: 
•	 IESDE. Vídeo aula completa: Grécia – História. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=3KYGz0Dpw9U>. Acesso em: 28 abril. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você pôde notar que poucas fontes diretas (partituras) sobreviveram, e as que resistiram 
ao desgaste do tempo, atualmente, são alvo de intensas pesquisas de decifração. Isso ocor-
re porque a prática de utilização dessas partituras não sobreviveu ao início da Idade Média 
(GROUT; PALISCA, 2007, p. 16-17). Elas pouco, ou talvez nada, tem a ver com o nosso modo 
atual de produção de partituras. E mesmo os escritos sobre teoria musical da antiguidade 
pouco tratam deste assunto. 
No entanto, sabe-se que o que se entendia por música na Grécia Antiga era um fenôme-
no misturado a outros elementos culturais, conforme afirma Lia Tomás:
O que se pode dizer em linhas gerais é que a música era compreendida de um modo complexo, 
pois ela possuía vínculos diretos com a medicina, a psicologia, a ética, a religião, a filosofia e a vida 
social. O termo grego para música, mousiké (pronuncia-se mussikê), compreendia um conjunto de 
atividades bastante diferentes, as quais se integravam em uma única manifestação: estudar música 
na Grécia consistia também em estudar a poesia, a dança e a ginástica. Esses campos, entretanto, 
não eram entendidos como áreas específicas, com saberes e atuações próprios como se os conce-
bem hoje, mas sim como áreas que poderiam ser pensadas simultaneamente e que seriam, assim, 
equivalentes. Todos esses aspectos, quando relacionados com a música, tinham uma igual impor-
tância e, portanto, não existia uma hierarquia entre eles (TOMÁS, 2005, p. 13).
Desse modo, pode-se concluir que, na Grécia antiga, o termo mousiké se relacionava à 
arte em geral e não somente ao fazer musical.
Três frentes principais para abordar a música grega serão privilegiadas:
• Na sua relação com o teatro: a tragédia grega era um drama teatral. A música era 
parte integrante desse teatro. Sabe-se que boa parte da música grega foi produzida 
como trechos das tragédias, o que reforça sua ligação com a ginástica, com a poesia 
22 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
e a dança. Alguns dos fragmentosde partituras que chegaram ao conhecimento do 
mundo contemporâneo são de trechos dessas tragédias.
Orestes Tragedy –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é importante você ouvir a música que faz parte da tragédia Orestes disponível nos links a seguir:
•	 HALARIS, C. Music of Ancient Greece – Orestes Tragedy. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=eim-n4n0tX0>. Acesso em: 28 abr. 2015.
•	 HALARIS, C. Music of Ancient Greece – Orestes Tragedy 2. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=eim-n4n0tX0&list=RDeim-n4n0tX0&index=1> Acesso em: 28 abril. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
• Na sua relação com os cultos religiosos: neste caso também se sabe que boa parte 
das partituras gregas remanescentes eram hinos dedicados a alguma divindade.
Hino Grego ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A seguir, ouça um exemplo de hino grego:
•	 HALARIS, C. Music of Ancient Greece – First Delphic Hymn. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=4gyTx7-l3MM>. Acesso em: 28 abril. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
• Na sua relação com a filosofia: a função da música na sociedade grega ultrapassava 
as questões meramente artísticas. A música era tomada como parte integrante da 
formação da sociedade. Isso pode ser observado nos escritos filosóficos gregos. Pou-
cos são os textos que tratavam da questão prática musical, a ênfase era nos efeitos 
que a música causava no homem e, consequentemente, na sociedade de forma geral. 
Quando nesses escritos as questões musicais práticas eram abordadas, a ênfase dada 
era nos sistemas harmônicos e nas estruturas de afinação dos intervalos entre as 
notas, e não eram abordadas questões técnicas, sejam elas instrumentais, vocais ou 
composicionais.
Você pôde ouvir reconstruções de músicas gregas e deve estar se perguntando: como 
essas reconstruções foram possíveis? Elas representam fielmente a música da antiguidade 
grega?
Embora o que tenha sobrevivido ao tempo foram, em sua maioria, os estudos filosóficos 
sobre música grega, atualmente, é possível encontrar grande número de musicólogos empe-
nhados em reconstruir algo da prática musical da Grécia Antiga, o que envolve um trabalho 
relacionado às outras ciências como a história, a arqueologia e a filosofia. 
Algumas gravações de partituras gregas antigas estão disponíveis no mercado fonográfi-
co há, pelo menos, 30 anos. Mesmo que existam muitas incertezas nestas reconstituições, elas 
possibilitam, de maneira inovadora, uma noção da sonoridade da música descrita por teóricos 
e filósofos.
23© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Reconstrução de música grega –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
 
Antes de prosseguir com a sua leitura, ouça a reconstrução de uma música grega:
•	 PANIAGUA, G. Eurípedes, Stasimon Chorus For Oretes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=Gn7jvHI2kU4&list=PLGq2imTdyEnnYNm4BK8yUWKZ5KFc9Onxt>. Acesso em: 28 abril. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As leituras indicadas no Tópico 3.1. tratam de aspectos 
gerais da história e cultura da civilização grega. Você deve re-
alizar essas leituras para aprofundar seu conhecimento sobre 
o tema abordado.
Música e Filosofia na Grécia Antiga
A música na Grécia antiga estava intrinsecamente ligada ao pensamento filosófico da 
época. 
Um do principais filósofos gregos que discorreu sobre as questões musicais foi Pitágoras 
(entre 571-570 a.C. e 497-496 a.C.). As ideias de Pitágoras nos chegaram indiretamente por 
outros autores continuadores de sua filosofia, uma vez que não se conhece nenhum escrito 
verdadeiramente seu. No entanto, ele influenciou diretamente toda uma geração de filósofos 
gregos.
Figura 2 Busto em mármore de Pitágoras.
Seus estudos encaminhavam para a compreensão da harmonia do universo. Compreen-
dia que a natureza, bem como os astros vibravam e eram regidos por uma harmonia numérica. 
Essas alegações surgiram da própria observação da natureza, como a mudança de lua ou das 
estações do ano, que sempre seguem o mesmo padrão numérico de período. Desse modo, 
Pitágoras acreditava que o universo, o cosmo, o mundo e os seres humanos eram regidos por 
essa harmonia matemática. 
Seu conceito de harmonia estava ligado à crença de que tais proporções poderiam ser 
descritas matematicamente, revelando o segredo do equilíbrio harmônico do universo (AB-
BAGNANO, 2007, p. 764). 
24 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Assim como o cosmos a música também era regida pelas relações numéricas das vibra-
ções do som. Pitágoras comprovou seu pensamento utilizando um monocórdio. Ele dividiu as 
suas cordas em várias partes iguais, definindo, assim, as relações intervalares entre uma nota 
e outra. Desse modo compreendia que “música e aritmética não eram disciplinas separadas” 
(GROUT; PALISCA, 2007, p. 19). Desde então, é atribuída a ele uma primeira tentativa de se 
calcular a razão entre as vibrações dos intervalos a partir da divisão em partes iguais de uma 
corda, utilizando o instrumento monocórdio.
Pitágoras e o monocórdio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para compreender o experimento de Pitágoras com o monocórdio, acesse o link indicado a seguir:
•	 ARTE E MATEMÁTICA. Programa 8: Matemática e Música. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=V0qBNpJGueM>. Acesso em: 30 abril. 2015.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A relação entre música e matemática levou à definição do ethos na música pelos 
pitagóricos.
Doutrina do Ethos
Baseava-se na ideia de que a música afeta o caráter e os diferentes tipos de música o 
afetam de diversas formas (GROUT; PALISCA, 2007). A doutrina do ethos era a crença de que a 
música teria o poder de induzir disposições éticas, afetivas e morais. 
Essa associação, que já se encontrava nas narrativas mitológicas e que também fora desenvolvida 
e firmada por Pitágoras, se justifica com base na convicção de que a música exerce uma influência 
profunda e direta sobre os espíritos, e consequentemente, na sociedade em seu conjunto. Esse 
poder da música se fundamenta na crença de que cada harmonia provoca no espírito um determi-
nado movimento, pois cada modo musical grego era associado a um éthos específico, ou seja, a um 
caráter particular de ser (TOMÁS, 2005, p. 17).
 A visão pitagórica de que as relações matemáticas musicais refletiam as relações numé-
ricas do cosmo levou à crença de que a música era uma força capaz de afetar o universo e a 
alma humana.
Acreditava-se que, bem como todo o universo, a alma humana também possuía vibra-
ções e, consequentemente, relações numéricas; e que o encontro dos números musicais (in-
tervalos) com os números da alma suscitava mudanças.
Desse modo, a música, dependendo de suas relações intervalares (modos), poderia des-
pertar no homem coragem, brandura, ira etc. Por isso, era vista como uma importante ferra-
menta educativa, uma vez que ela poderia afetar o caráter humano (GROUT; PALISCA, 2007).
Cada modo (dórico, frígio, lídio, jónio, eólio) tinha seu ethos específico e, consequente-
mente, afetava de uma maneira a alma humana.
É possível fazer uma analogia para que você compreenda melhor tal doutrina: imagine 
a situação de um guerreiro prestes a marchar em direção a uma batalha. Qual seria a música 
mais adequada a se ouvir para que ele se dotasse de coragem e disposição física? Ou, pelo 
25© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
contrário: imagine um culto religioso.Qual tipo de música seria mais propícia ao estado de 
introspecção de um determinado culto? 
Ao pensarem em questões parecidas, os teóricos gregos acreditavam que era possível 
respondê-las por meio das relações numéricas. 
Atualmente, pensa-se de forma semelhante na escolha de determinados tipos de músi-
ca para algumas cerimônias sociais. Isso também ocorre, quando uma trilha de cinema utiliza 
uma determinada música com o intuito de estimular certa interpretação afetiva do enredo de 
um filme. Até mesmo a visão de que tipos específicos de música são capazes de curar alguns 
sofrimentos ainda existe em certas culturas contemporâneas.
Por isso diz-se que doutrina do ethos foi dominante no pensamento musical grego, em-
bora ela fosse mais comum na corrente derivada de Pitágoras, que incluía Platão e Aristóteles 
como você verá adiante.
Outro filósofo de grande importância que tratou das questões musicais foi Platão (428-
427 a.C. – 348-347 a.C.).
Platão é um dos filósofos fundadores da filosofia do ocidente, tendo sido muito influen-
ciado pelo pitagorismo e por Sócrates.
Figura 3 Busto em mármore de Platão.
Segundo Tomás:
A música em Platão ocupa um lugar importante no conjunto de sua filosofia. Mesmo sem ter escri-
to uma obra específica sobre o tema, é comum se encontrar nos mais diversos diálogos, tais como 
República, Fédon, Górgias, I’odro, Leis e Timeu, alusões e comentários sobre ela (TOMÁS, 2005, p. 
19).
Segundo Fubini, Platão “parece oscilar”, em seus escritos, entre uma “condenação ra-
dical da música e uma exaltação desta como forma de beleza e verdade” (2008, p. 74). Isso 
se deve, em parte, ao fato de que a visão platônica de música incluía dois entendimentos 
diferentes:
• o primeiro entendimento é o da música sonora, aquela realizada pelos músicos práti-
cos, mas que possui menos interesse no desenvolvimento espiritual.
26 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
• o segundo é de uma música entendida no sentido conceitual e abstrato, que não 
pode ser ouvida, mas é a pura harmonia dos cosmos. Esta segunda ideia ficou histo-
ricamente conhecida por harmonia – ou música – das esferas. 
Platão acreditava que a música era um componente fundamental na educação do ci-
dadão da polis (a cidade grega), junto à ginástica. O primeiro entendimento relacionava-se à 
educação do espírito, e o segundo à do corpo (GROUT; PALISCA, 2007). Para ele, era possível 
produzir pessoas “boas” por meio da música adequada e da ginástica. Considerava que so-
mente determinados tipos de músicas eram aconselháveis para a educação do homem grego.
Por isso, Platão preocupou-se, em seus escritos, com a definição de critérios a respei-
to da boa e da má música. Como exemplo, ele sugere que determinadas “harmonias” (hoje 
podemos entender que ele se referia a determinadas escalas modais) eram mais propícias a 
estimular determinadas condutas nos ouvintes que outras. Discute sobre o ethos na música e 
a importância de se escolher o ethos correto para cada divisão da sociedade. 
Desse modo, determina que os modos frígio e dórico são aconselháveis na educação dos 
governantes, por exemplo, pois suscitam na alma humana a coragem e a temperança.
Por acreditar nessa influência musical à formação do homem, Platão desconsidera o uso 
da música como meio de entretenimento e lazer.
Aluno de Platão, Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) também refletiu sobre as questões 
musicais gregas.
Em seu escrito Política, também reconhece o papel da educação musical na formação do 
cidadão grego a partir do “hedonismo, ou seja, o prazer imediato proporcionado pela escuta” 
(TOMÁS, 2005, p. 25) e efeitos psíquicos, éticos e afetivos. 
Aristóteles expande o conceito de ethos de Pitágoras e Platão. Diferentemente de Platão, 
Aristóteles “era menos restritivo (...) concebia que a música pudesse ser usada como fonte de 
divertimento e prazer intelectual, e não apenas na educação” (GROUT; PALISCA, 2007, p. 21). 
Figura 4 Busto em mármore de Aristóteles.
Embora ainda considerasse que a música influenciava a alma humana, Aristóteles acre-
ditava que um certo modo grego poderia ter diferentes reações em diferentes pessoas. Para 
27© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
ele, a alma de cada homem era distinta e, por isso, as relações numéricas de uma mesma mú-
sica poderiam influenciar de maneira diferente os diferentes indivíduos.
Considerava que todas as harmonias (modos) poderiam ser usadas, desde que isso ocor-
resse de forma adequada. Com essa visão mais flexível das reações musicais define seu con-
ceito de catarse.
Catarse, para ele, é a purificação da alma por meio da música e da tragédia. A música, 
por suscitar piedade, temor, entre outros sentimentos, liga-se à alma humana promovendo 
uma catarse (purificação) dessas paixões. Assim, um ouvinte poderia utilizar a música como 
purificadora – como um “remédio” – na medida em que ouve uma música que imita um deter-
minado sentimento do qual ele queira se libertar ou se purificar (FUBINI, 2008, p. 81). 
As leituras indicadas no Tópico 3.2. tratam da filosofia 
grega ligada aos aspectos musicais. Você deve realizar essas 
leituras para aprofundar o tema abordado.
Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. 
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Antiguidade ao Barroco – Vídeos Complementares – Complementar 1. 
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Os sistemas musicais gregos e a prática musical na Grécia Antiga
Você pôde ver como alguns importantes filósofos teorizaram a respeito da música e, 
também, que essas teorias se distanciavam da efetiva prática musical.
A partir de agora, será abordado um pouco sobre a teoria musical grega no que diz res-
peito à prática musical propriamente dita.
Aristoxeno (354 a.C. – 300 a.C.) foi discípulo de Aristóteles e “filho de um músico” 
(BAKER, 2004, p. 119). Em seus escritos tratou sobre questões teóricas, práticas e funcionais 
da música e, por esse motivo, afasta-se da característica dos filósofos gregos estudados até o 
momento. Aristoxeno “estudou música de um ponto de vista empírico, opondo-se à aborda-
gem matemática” (BORCHET, 2006, p. 189) de linha platônico-pitagórica. 
Ele é o teórico musical grego que mais se aproxima da prática musical. Graças aos seus 
escritos, como o Elementa Harmonica, é possível se compreender, atualmente, todo o sistema 
de organização das alturas (notas), as montagens das escalas e os recursos de combinação das 
notas na música de seu tempo. 
28 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Em seus escritos aborda as notas, intervalos, gêneros, sistemas de escalas, tons, modu-
lação e composição melódica da música grega.
Os intervalos que faziam parte da música grega eram os tons e os meios-tons e os dito-
nos. Eles se combinavam em sistemas escalares sobre sua base que era os tetracordes forma-
do por quatro notas.
Os tetracordes poderiam ser diatônicos, cromáticos ou enarmônicos.
Figura 5 Tetracorde.
A junção de mais de um tetracorde em um sistema foi denominada por Aristoxeno como 
teleion ou sistema perfeito. Dentro desse sistema, os tetracordes poderiam se combinar de 
maneira conjunta, na qual a nota emque terminava um tetracorde era também a nota inicial 
do próximo tetracorde, ou disjunta, em que havia um tom separando dois tetracordes.
Figura 6 Tetracordes conjuntos.
Figura 7 Tetracordes disjuntos.
Teleion Meson –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Aristoxeno ampliou o seu sistema escalar combinando 4 tetracordes, ao invés de dois, e chamou-o de Grande 
Sistema Perfeito ou Teleion Meson. 
O grande sistema perfeito era formado por dois tetracordes conjuntos, uma disjunção chamada de Mese e mais 
dois tetracordes conjuntos. Observe na imagem a seguir.
29© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Fonte: Acervo pessoal do autor.
Figura 8 Sistema perfeito.
O local da Mese (disjunção) poderia mudar alterando, assim, os intervalos da escala, ou seja, mudando de modo.
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Após conhecer os sistemas gregos, agora você conhecerá exemplos de músicas compos-
tas na Grécia Antiga com o intuito de que conheça um mínimo possível de sua prática. Grout e 
Palisca elencam dois exemplos desta produção:
• Orestes: trata-se de um fragmento escrito em papiro, cujo conteúdo é um trecho do 
coro da tragédia Orestes, do autor Eurípides. Tal obra é datada, aproximadamente, 
de 408 a.C. e “é possível que a música tenha sido composta pelo próprio Eurípides, 
que ficou famoso pelos seus acompanhamentos musicais” (GROUT; PALISCA, 2007, p. 
31). Este trecho seria “uma ode cantada”, o que se denomina por stasimon (GROUT; 
PALISCA, 2007, p. 31).
Figura 9 Papiros com a tragédia Orestes.
• Seikilos: o epitáfio de Seikilos foi encontrado em uma pedra funerária na região de 
Aidine, na Turquia, e data, aproximadamente, do século 1 d.C. Ele despertou grande 
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UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
interesse pela clareza de seus sinais rítmicos. Foi composto dentro da antiga escala 
frígia, o que era equivalente a uma escala de ”Ré a Ré” (nos modos modernos seria 
dórica) nas notas brancas do piano (GROUT; PALISCA, 2007). 
Figura 10 Epitáfio de Seikilos.
A seguir, você pode ver uma réplica da inscrição original deste epitáfio.
Figura 11 Réplica da inscrição original do epitáfio de Seikilos.
É possível ver, também, a sua transcrição para a notação musical moderna, realizada 
pelo musicólogo e intérprete Christodoulos Halaris:
Figura 12 Transcrição para a notação musical moderna do epitáfio.
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UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Interpretação musical do Epitáfio de Seikilos –––––––––––––––––––––––––––––––––––
Agora, escute a gravação do Epitáfio de Seikilos, interpretado a partir de pesquisas musicológicas de restauração 
da partitura grega, disponível no link a seguir: 
•	 HALARIS, C. Music of Ancient Grecce – Epitaph of Sikelos. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=WIBF-2k9wfw>. Acesso em: 05 maio 2015.
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No tópico Tópico 3.3., você encontrará artigos que apro-
fundarão os estudos sobre os sistemas gregos. Confira!
2.2. A ALTA IDADE MÉDIA: CONTEXTO HISTÓRICO
Antes de iniciar os estudos sobre a música da Idade Média, é importante você se contex-
tualizar nos principais acontecimentos históricos do início deste período. 
O início da Idade Média é marcado pela deposição de Rómulo Augusto, o último im-
perador do Império Romano do Ocidente, em 476 (LOYN, 1997, p. 512). A parcela oriental 
do Império Romano deu origem ao que se conheceu por Império Bizantino, com capital em 
Constantinopla.
Sabe-se que, desde o primeiro século da era cristã, as regiões dominadas pelo Império 
Romano receberam populações de cristãos. Após a conversão ao cristianismo do Imperador 
Constantino, em 312, essa passa a ser a religião oficial do Império. E este foi um fato decisivo 
para se definir a cultura, incluindo a música, da Idade Média. 
Um pouco mais de História ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para compreender o contexto histórico da Alta Idade Média, assista ao vídeo disponibilizado no link a seguir:
•	 AULALIVRE.NET. História – Aula 08: Alta Idade Média. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=wTQQu5XTV0w>. Acesso em: 05 maio 2015.
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A Igreja Cristã Romana manteve certa coesão com a Igreja de Constantinopla até 1054, 
quando ocorreu o Grande Cisma do Oriente, que ocasionou a separação entre a Igreja Católica 
Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa (LOYN, 1997, p. 138). Tal coesão possibilitou a existên-
cia de um canto religioso romano e bizantino que se influenciaram mutuamente durante certo 
tempo, com o predomínio do canto romano no ocidente e, posteriormente, sua transforma-
ção no que reconhecemos hoje como canto gregoriano. 
O percurso da música na igreja cristã medieval é de suma importância para a história da 
música até os dias de hoje. Destaca-se seu papel na construção das bases da escrita musical, 
na transmissão de parte do pensamento musical antigo (assuntos desta Unidade 1) e na cons-
trução da noção de autoria composicional (assunto da Unidade 2). 
32 © HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Quadro 2 Cronologia Alta Idade Média.
CRONOLOGIA
386: introduzida em Milão, no bispado de 
Ambrósio, a Salmodia em estilo responso-
rial.
395: separação dos impérios Romanos do 
Ocidente e do Oriente.
354-430: Santo Agostinho
480-425: Boécio
529: fundação da Ordem Beneditina
540-604: Papa Gregório Magno
789: Carlos Magno, rei dos Francos, 
impõe o rito romano.
840-850: Aureliano de Réome: primei-
ro tratado sobre o canto gregoriano.
Século 9: primeiro antifonário para 
ofícios sem notação musical. Primeiros 
manuscritos do Gradual com notação 
musical.
1054: Cisma entre as Igrejas do Orien-
te e do Ociente.
1071: cantochão Visigótico substituído 
pelo Gregoriano em Espanha.
Fonte: adaptado de Grout; Palisca (2007, p. 39).
Músicas na Alta Idade Média: os patriarcas da Igreja Cristã
O império romano, ao tornar-se cristão, repudiou tudo que remetesse às culturas pagãs, 
isso incluía os cultos às divindades, os rituais de danças, a música como entretenimento, os es-
petáculos públicos etc. Apesar disso, aspectos da música e da filosofia grega foram absorvidos 
pela igreja cristã nos seus primeiros séculos de existência (GROUT; PALISCA, 2007).
São chamados “patriarcas da igreja cristã” os primeiros pensadores que desenvolveram 
a filosofia cristã do início da igreja. Nos escritos desses patriarcas, é possível verificar grande 
influência do pensamento pitagórico, segundo o qual a música tem influência direta à alma 
humana. Assim como para os filósofos gregos a música era fundamental para a formação do 
cidadão, agora, no início da igreja, a música era vista como fundamental para a educação e a 
elevação da alma do novo cristão.
Segundo Tomás (2005), pensadores como Clemente de Alexandria (150-220), São Basílio 
(330-378), Crisóstomo (345-407) e São Jerônimo (340-420), “os primeiros escritores, parti-
lham de que a música é um instrumento de propagação da fé” (TOMÁS, 2005, p. 31-32). Esses 
pensadores acreditavam que a música poderia influenciar para melhor ou para pior o caráter 
de quem a ouvia; assim, a música não poderia ser um meio de prazer humano mundano, e sim 
remeter à beleza da criação divina. Havia a necessidade de converter ao cristianismo toda a 
nação europeia, por isso era fundamental afastar das pessoas a influência pagã.
A filosofia desse período considerava a música como serva da religião, abrindo a alma 
do fiel aos ensinamentoscristãos e para os pensamentos santos. (GROUT; PALISCA, 2007). A 
música nesse período era, em sua maioria, vocal, sendo executada sem acompanhamento de 
instrumentos musicais, para que a ênfase na palavra de Deus, que estava sendo cantada, fosse 
mantida.
Para alguns pensadores, a utilização de instrumentos musicais contribuía para o paga-
nismo e remetia à dança, aproximando-se mais do mundo terreno e da vida passageira do que 
do sentimento religioso. Por isso a música instrumental não era permitida dentro da igreja.
33© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Dois dos filósofos-teólogos mais importantes da fundamentação da Igreja Romana, San-
to Agostinho e Boécio, teorizaram sobre música. Eles foram responsáveis por grande parte da 
passagem do legado teórico musical grego antigo para o mundo medieval (TOMAS, 2005, p. 
32). 
Santo Agostinho (354-430) possui passagens sobre música em seu livro Confissões, nas 
quais relata o papel decisivo do canto em sua conversão ao cristianismo, como um interme-
diário entre o prazer, como um elemento sedutor, mas que se volta à palavra de Deus, trans-
formando um prazer mundano em acesso à espiritualização (TOMAS, 2005; FUBINNI, 2008; 
AGOSTINHO, 1997). 
Ele escreveu, também, o Tratado de Música, composto por seis livros, nos quais expõe 
a tese de que a música é a “ciência do bem medir”, apresentando influências do pensamento 
pitagórico-platônico que relaciona ciência, com proeminência à matemática, ao belo e à reli-
gião (TOMÁS, 2005). 
A compreensão intelectual, a compreensão matemática e a noção de beleza convergem 
para o fortalecimento da centralidade de Deus do cristianismo. Assim, a beleza do canto é um 
elemento que deve seduzir para a palavra divina e, também, para o entendimento da ordem 
matemática que governa o universo como obra da criação de Deus.
Já Boécio (480-524) é autor de De Instituitione Musica e foi a autoridade mais respeita-
da do campo da música de seu período. Seus escritos foram baseados nos tratados gregos e 
abordam a música a partir de concepções filosóficas e matemáticas. Considera, assim como 
os gregos, que a música exerce forte influência no caráter humano, sendo fundamental na 
educação dos jovens. Divide a música em três categorias: mundana, humana e instrumentalis 
(TOMÁS, 2005, p. 41; FUBINNI, 2008, p. 90).
A música mundana é a música do cosmos, produzida pelas relações numéricas fixas pre-
sentes na movimentação dos planetas, nas mudanças das estações do ano que sempre segue 
a mesma periodicidade, nas mudanças de lua, na harmonia que ordena o mundo. A música 
produzida pelo cosmos é uma música perfeita, e sendo o ser humano imperfeito, torna-se 
incapaz de ouvi-la. Desse modo, a música mundana é inaudível. 
Você consegue perceber como o conceito de música mundana é equivalente à música 
platônica que estudamos?
Já música humana é o modo como a alma humana espelha a música cósmica. Trata-se 
do modo como o ser humano, como parte da natureza, reflete as proporções do universo. A 
música humana também é inaudível.
A música intrumentalis é aquela que se manifesta por meio do som concreto e da prática 
musical dos cantores e instrumentistas. É a música que conhecemos hoje. Boécio considerava 
a música instrumentalis a menos importante, já que é fruto somente do exercício mecânico 
que, segundo ele, até um animal é capaz de produzir. 
A desvalorização das práticas musicais perdurou durante muitos séculos nos escritos 
filosóficos medievais, uma vez que a música prática era desvalorizada como formação intelec-
tual, sendo tratada apenas como tarefa artesanal e corpórea ou como uma capacidade física 
e não um saber superior.
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UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
Tanto Boécio quanto Agostinho evidenciam uma forte influência do pensamento de 
matriz platônica (inclusive no que tange à herança pitagórica dentro do platonismo) que é 
repassada ao pensamento musical medieval. A música conceitual, aquela música inaudível, 
continua sendo mais valorizada do que a música prática, pois possui uma dimensão espiritual 
que a música prática, como manifestação do mundo carnal, apenas imita.
Como no ethos musical grego (em que determinadas escalas musicais induzem o caráter 
humano), no início da igreja cristã, esse raciocínio também embasou a escolha dos materiais 
musicais privilegiados para a construção do canto utilizado nos rituais cristãos, gerando, por 
uma lado, uma enorme restrição na variedade de escalas que poderiam ser utilizadas. 
As leituras indicadas no Tópico 3.4. tratam dos aspectos 
ideológicos da música da Idade Média, baseadas em textos te-
óricos e filosóficos. Neste momento, você deve realizar essas 
leituras para se aprofundar no tema abordado.
Estrutura dos ritos católicos e o canto
O culto católico era organizado segundo uma ordem chamada de liturgia. Tal liturgia 
seguia um calendário organizado segundo épocas do ano. Ao contrário do que se pensa mais 
comumente, a Liturgia Católica (conjunto de textos sagrados, práticas rituais e calendário re-
ligioso) não foi uniforme durante os séculos. Ela sofreu um longo processo de estabilização e 
acomodação, com mudanças significativas definidas pelos Concílios da Igreja Católica. 
Como foi dito anteriormente, a música dentro da igreja cristã era vista como meio de 
educar o novo cristão. Por esse motivo, toda missa era cantada. O canto utilizado era o chama-
do cantochão ou canto gregoriano.
Você aprofundará seus estudos sobre esses cantos no próximo tópico, já que no momen-
to a intenção é apresentar a estrutura da missa e do ofício das horas, principais ritos católicos 
deste período.
Embora os primeiros manuscritos dos textos sagrados do cristianismo estejam escritos 
em língua grega antiga, o idioma oficial do catolicismo é o latim. Assim, todos os cantos dos 
ofícios eram feitos em latim.
Os textos estão distribuídos em ritos de dois principais tipos: as Missas e os Ofícios.
• Ofícios das horas: são chamados, também, de horas canônicas devido ao fato de 
serem celebrados em horas específicas durante o dia todo. Ou seja, durante todas 
as horas do dia Deus era louvado por meio do canto. Tais horas receberam o nome 
de: matinas (antes do sol nascer), laudas (ao alvorecer), prima (6 da manhã), terça (9 
da manhã), sexta (meio-dia), nona (3 da tarde), vésperas (ao pôr do sol) e completas 
(geralmente, logo a seguir das vésperas). É celebrado, especialmente, em mosteiros 
onde os religiosos se alternam para cumprir todas as horas canônicas. Seu repertório 
é composto de orações, salmos, cânticos, antífonas, responsos, hinos e leituras.
35© HISTÓRIA E CRÍTICA MUSICAL: DA ANTIGUIDADE AO BARROCO
UNIDADE 1 – MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA E NA ALTA IDADE MÉDIA
• Missa: é o serviço mais comum e difundido da Igreja Católica. É dividida em três gran-
des partes: o Intróito (introdução), a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia. A 
missa está baseada em um calendário litúrgico anual que seleciona, para diferentes 
épocas do ano, temáticas textuais diferentes. 
Os cantos que compunham a missa se dividiam em:
• Ordinário: cantos que não podiam ser alterados, e que estavam presentes durante 
todos os dias do ano.
• Próprio de Tempo: cantos que variavam de acordo com a data e o tema do calendário 
litúrgico.
A seguir, você notará como estão distribuídos os tipos de canto de acordo com as partes 
da missa:
Quadro 3 Missa Solene (partes).
PRÓPRIO DE TEMPO ORDINÁRIO
Introdução
Intróito
Kyrie
Gloria
Colecta
Liturgia da 
palavra
Epístola
Gradual
Aleluia/Tracto (raro hoje em dia, mas 
comum na Idade Média)
Evangelho
(Sermão)
Credo
Liturgia do 
ofertório
Ofertório
Prefácio
Sanctus
Agnus dei
Comunhão
Pós-comunhão

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