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Portanto, na minha visão, o lançamento de ofício deve respeitar o artigo 146 do CTN, uma vez que, como indicado no próprio enunciado, o lançamento suplementar baseou-se em uma nova interpretação jurídica (reclassificação do produto) de um fato que já era amplamente conhecido pela administração tributária. Eu acredito que haveria, de fato, uma diferença se a parametrização tivesse ocorrido no canal verde em vez do canal vermelho. No caso do canal verde, não ocorre uma análise detalhada dos produtos e documentos de importação, e o desembaraço é realizado de forma automática, ou seja, a administração tributária não tem um conhecimento completo dos fatos e eventos jurídicos relacionados à importação nesse cenário. b) A reclassificação foi assentada no alegado equívoco de interpretação das regras da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias. Porém, as consequências seriam as mesmas se a reclassificação fiscal tivesse se baseado na constatação de que o equipamento importado apresenta características diferentes das identificadas na conferência anterior? Avaliar, nas duas hipóteses, se há erro de direito ou erro de fato. No que diz respeito a essas questões, em primeiro lugar, é importante esclarecer os conceitos de erro de fato e erro de direito. A compreensão do erro de fato não é necessariamente óbvia, especialmente quando se tenta distingui-lo do erro de direito. No entanto, o erro de fato consiste em uma interpretação equivocada dos eventos da realidade ou uma falha na avaliação da ocorrência de uma situação abstratamente descrita pela lei. Geralmente, ele é evidenciado em situações em que são examinados eventos não comprovados ou desconhecidos durante o processo de lançamento. É importante destacar que a revisão baseada no erro de fato não se destina a corrigir erros resultantes da negligência da administração tributária durante o processo de lançamento. Por outro lado, o erro de direito ocorre quando o lançamento é realizado de maneira equivocada devido a uma valoração jurídica inadequada dos eventos ou a uma interpretação errônea da lei. Portanto, com base nessa explicação, fica evidente que a reclassificação fundamentada na suposta interpretação errônea das normas da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias constitui um erro de direito, pois se baseia em uma nova interpretação jurídica de um fato já conhecido. Por outro lado, a reclassificação baseada na constatação de que o equipamento importado apresenta características diferentes daquelas identificadas na verificação anterior constitui um erro de fato, pois, nesse caso, não se trata da aplicação de normas, mas sim da validade dos eventos previamente comprovados.