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contrato de transporte

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Transporte
1. Conceito e generalidades 
A própria lei se encarregou de definir o contrato de transporte.
Código Civil
Art. 730. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas.
Distingue-se da locação de coisa e da prestação de serviços e da empreitada, porque não se convenciona o uso do bem, nem a realização de uma atividade, mas sim o transporte de pessoa ou coisa de um lugar para outro (Rizzardo, 795). Há quem o relacione com o depósito, porém, neste o depositário recebe a coisa para guardar, no transporte, o transportador recebe a coisa para transportá-la.
O objeto do contrato deve ser o deslocamento de pessoa ou coisa de um lugar para outro. Para se caracterizar não pode ser uma obrigação acessória, como ocorre na compra e venda, onde o vendedor vende e se compromete a levar a coisa até o adquirente (Gonçalves, 477). Neste caso, o translado da coisa é feito pelo vendedor, não pelo transportador.
2. Características
2.1. Bilateral ou sinalagmático
Gera obrigações recíprocas, ou seja, tanto para o transportador como para o passageiro ou expedidor (Diniz, 498).
2.2. Oneroso
De regra tem fim lucrativo, daí a onerosidade, mas pode ser gratuito.
2.3. Comutativo
As prestações são certas e determinadas, ou seja, não ficam na pendência de um evento futuro e incerto (Diniz, 499).
2.4. Consensual
Aperfeiçoa-se com a simples manifestação de vontade
2.5. Não solene
Não depende de formalidade especial (Rizzardo, 796);
2.6. De adesão
O transportador é que impõe as condições uniformes e tarifa invariáveis (Diniz, 499).
3. Espécies de transporte: 
O transporte pode ser:
3.1. Quanto ao objeto: 
a) transporte de pessoas
b) transporte de coisas
3.2. Quanto ao meio empregado:
a) Terrestre: rodoviário e ferroviário
b) Aéreo
c) Marítimo ou fluvial
3.3. Quanto à extensão coberta
a) Urbano
b) Intermunicipal
c) Interestadual
d) Internacional
4. Transporte de pessoas 
No contrato de transporte de pessoas, o transportador ‘obriga-se, mediante remuneração, a remover uma pessoa e sua bagagem’ (Rizzardo). 
“Nessa modalidade de contrato há dois contraentes: o transportador, que é pessoa que se compromete a fazer o transporte, e o passageiro, que se propõe a ser transportado, pagando certo preço, ao adquirir um bilhete de passagem.”(Maria Helena). 
Embora o Decreto Legislativo nº 2.681, de 1912, a primeira lei que cuidou da responsabilidade civil, chamada Lei das Estradas de Ferro - que foi, por analogia, estendida a outros meios de transporte terrestre -, falasse em culpa presumida, “melhor doutrina e jurisprudência evoluíram no sentido de reconhecer responsabilidade objetiva ao transportador, fundada na teoria do risco” (Cavalieri). 
Contudo o transporte coletivo de passageiros, diz Sérgio Cavalieri Filho, passou a ser regido pelo Código de Defesa do Consumidor, em virtude da abrangência do seu artigo 3º, § 2º, e da previsão específica do seu artigo 22 e parágrafo único, estabelecendo responsabilidade dos órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, pelos danos que causarem aos usuários. 
E hoje, continua Sérgio Cavalieri, a responsabilidade, que já era objetiva, com o advento do Código de Defesa do Consumidor, mudou o seu fundamento, deixando de ser o contrato de transporte, para ser a relação de consumo. E ‘mudou também o seu fato gerador, deslocando-o do descumprimento da cláusula de incolumidade para o vício ou defeito do serviço, consoante art. 14 do Código de Defesa do Consumidor’.
Exclusão da responsabilidade do transportador 
A força maior
O Código Civil consolidou essa evolução jurídica no texto do seu artigo 734, que dispõe: “O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade”. 
Pelo que dispõe o artigo, diz Arnaldo Rizzardo que “parece proposital a referência (...) apenas à força maior, que se gabarita para afastar a responsabilidade do transportador, ou a insólita e inesperada conduta de um indivíduo que venha a causar um dano aos passageiros”. 
Sérgio Cavalieri Filho, depois de reafirmar que a responsabilidade do transportador é objetiva, refere que “o artigo 734, num primeiro exame, permite concluir que a responsabilidade do transportador só pode ser elidida por força maior, inadmitidas as demais causas de exclusão do nexo causal – o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro -, o que alçaria a responsabilidade do transportador aos níveis do risco integral”. Contudo, o Código Civil disciplinou a matéria em outros artigos, como no artigo 735, que se refere à culpa de terceiro, e no artigo 738 e parágrafo único, que trata da culpa exclusiva da vítima. 
Em seguimento, Cavalieri, assinalando que não há uniformidade de entendimento acerca da diferença entre caso fortuito e força maior, havendo quem sustente não haver diferença alguma, o que parece ser a posição do nosso código (art. 393,§ único), faz uma divisão do caso fortuito em interno e externo. Antes, explica ele que o fortuito é caracterizado pela imprevisibilidade, e a força maior, pela inevitabilidade. 
Discorrendo sobre o tema, esclarece Cavalieri que “entende-se por fortuito interno o fato imprevisível, e, por isso, inevitável, que se liga à organização da empresa, que se relaciona com os riscos da atividade desenvolvida pelo transportador”. Cita, como exemplos, o estouro de um pneu do ônibus, o incêndio do veículo, o mal súbito do motorista etc. “ O fortuito externo é também fato imprevisível e inevitável, mas estranho à organização do negócio. É o fato que não guarda nenhuma relação com a empresa...”. São exemplos os fenômenos naturais, como tempestades, enchentes etc. O fortuito externo é chamado por alguns autores, como Agostinho Alvim, de força maior. 
Assim, prossegue Sérgio Cavalieri, “tão forte é a presunção de responsabilidade, que nem mesmo o fortuito interno o exonera do dever de indenizar; só o fortuito externo, isto é, o fato estranho à empresa, sem ligação alguma com a organização do negócio”. Esse entendimento é que está inserido no artigo 734, pois a responsabilidade do transportador só é excluída “no caso de força maior, ou seja, fortuito externo. No mesmo sentido, segue o CDC, pois, conforme seu artigo 14, “para que se configure a responsabilidade do fornecedor de serviço, basta que o acidente de consumo tenha por causa um defeito do serviço, sendo irrelevante se o defeito é de concepção, de prestação ou comercialização, e nem ainda se previsível ou não”. 
Culpa exclusiva do passageiro 
O dano decorrente de fato exclusivo do passageiro afasta a responsabilidade do transportador, porque, neste caso, quem dá causa ao evento é a própria vítima. Salienta-se, a conduta do passageiro deve ser a única causa determinante do dano. Isso está no artigo 738, sendo que, em seu parágrafo único, consagra-se a culpa concorrente. 
Nos grandes centros urbanos, muitas pessoas são transportadas penduradas em portas e janelas de trens e ônibus, tornando-se, muitas vezes, vítimas fatais. São os chamados pingentes. Essa circunstância, tem entendido o STJ (Resp. nº 25.533-1), quando alguém é vitimado, não elide a responsabilidade do transportador, porque decorre da péssima qualidade dos transportes coletivos oferecidos à população, ‘quer pela má conservação dos veículos, quer pela superlotação’ (Cavalieri). 
Por outro lado, tratando-se de surfismo ferroviário, em que o passageiro, por exibicionismo, viaja no teto do trem, entendeu-se que houve culpa exclusiva da vítima (AC nº 6.387/1992, TACivRS; Resp. nº 35.103-4). 
O Fato de terceiro
Terceiro é aquele que não é o transportador nem o passageiro e não guarda vínculo algum com o transportador. A circunstância de o passageiro sofrer dano por fato causado por terceiro não exonera o transportador da responsabilidade pela indenização, “apenas lhe dá direito de regresso contra o causador do dano”, dizJosé de Aguiar Dias, citado por Sérgio Cavalieri. 
Esse entendimento já havia sido pacificado pelo STF, que editou a Súmula nº 187, “in verbis”: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. 
Tal súmula deu origem ao artigo 735 do Código Civil. No entanto, como refere Sérgio Cavalieri Filho, tanto a súmula quanto o artigo só fala em culpa de terceiro, e não em dolo. Assim, o transportador, proprietário de um ônibus que colide com um caminhão que, na contramão, invadiu a sua pista, embora o seu motorista não tenha agido com culpa alguma, responde perante os passageiros vitimados no acidente. “E assim se tem entendido porque o fato culposo de terceiro se liga ao risco do transportador, relaciona-se com a organização do seu negócio, caracterizando o fortuito interno, que não afasta a sua responsabilidade, ...” (Cavalieri). 
Todavia, se o fato de terceiro for doloso, o transportador não responde, pois não se trata de fortuito interno, não guarda nenhuma ligação com os riscos do transportador; é fato estranho à organização do seu negócio, pelo qual não pode responder. Por isso, a melhor doutrina caracteriza o fato doloso de terceiro, vale dizer, o fato exclusivo de terceiro, como fortuito externo,(...) que “exclui o próprio nexo causal, equiparável à força maior, e, por via de consequência, exonera de responsabilidade o transportador” (Cavalieri). Esse entendimento encontra base legal no artigo 14, § 3º, inc. II, do CDC, que inclui o fato exclusivo de terceiro como causa exonerativa da responsabilidade do prestador de serviço.
Arremesso de pedra contra trem ou ônibus e assalto no curso da viagem
A jurisprudência, nesses casos, já obrigou o transportador a indenizar os passageiros, fundamentando-se na súmula nº 187 do STF. No entanto, com o decorrer do tempo, esse entendimento mudou, sob argumento “de que o fato exclusivo de terceiro, mormente quando doloso, caracteriza o fortuito externo, inteiramente estranho aos riscos do transporte” (Cavalieri). 
Sergio Cavalieri Filho, defensor dessa ideia, ressalta: “Não cabe ao transportador transformar o seu veículo em carro blindado, nem colocar uma escolta de policiais em cada ônibus para evitar os assaltos. A prevenção de atos dessa natureza cabe ao Estado, inexistindo fundamento jurídico para transferi-la ao transportador”. O autor cita, ainda, o Resp. nº 13.351-RJ, que trata de uma passageira de um trem que foi atingida por uma pedrada jogada de fora.
Tratando-se de assalto, Arnaldo Rizzardo – e também Sérgio Cavalieri - cita o Resp. nº 435.865/RJ, julgado em 09.10.2002, que, segundo o autor, ‘uniformizou entendimento no sentido de que constitui força maior, excludente de responsabilidade da empresa transportadora, assalto a mão armada ocorrido dentro de veículo coletivo.’
A jurisprudência, diz Sérgio Cavalieri “tem responsabilizado o transportador por assaltos, pedradas e outros fatos de terceiros ocorridos no curso da viagem somente quando fica provada a conivência dos seus prepostos, omissão ou qualquer outra forma de participação que caracterize a culpa do transportador, ...”
O transporte aéreo internacional 
O transporte aéreo internacional era regido pela Convenção de Varsóvia, de 12 de outubro de 1929, recepcionada no direito brasileiro pelo Decreto nº 20.704, de 24/11/1931. Todavia, a Convenção de Varsóvia foi substituída pela Convenção de Montreal, de 28 de maio de 1999, aprovada, no Brasil, em 18/09/2006, por meio do Decreto Legislativo nº 59, e promulgada pelo Decreto nº 6.910, de 27 de setembro de 2006. A partir desta data, então, a Convenção de Montreal é o novo diploma regulador da responsabilidade do transporte aéreo internacional. 
A responsabilidade do transportador aéreo internacional, pela Convenção de Varsóvia, era subjetiva, com culpa presumida. Veja-se: “O transportador não será responsável se provar que tomou, e tomaram os seus prepostos, todas as medidas necessárias para que se não produzisse o dano, ou que lhes não foi possível tomá-las (art.20,nº1). 
Agora, pela convenção de Montreal, a responsabilidade é objetiva com base no risco da atividade (Cavalieri), como dispõe o artigo 17, 1: “O transportador é responsável pelo dano causado em caso de morte ou lesão corporal de um passageiro, desde que o acidente que causou a morte ou a lesão haja ocorrido a bordo da aeronave ou durante quaisquer operações de embarque ou desembarque”. 
Todavia, essa responsabilidade objetiva da Convenção de Montreal é limitada ao valor de 100.000 (cem mil) DES (Direitos Especiais de Saques) por passageiro, que corresponde aproximadamente a U$ 133.000,00, consoante artigo 21, da nova Convenção: “O transportador não poderá excluir nem limitar sua responsabilidade, com relação aos danos previsto no número 1 do artigo 17, que não exceda de 100.000 Direitos Especiais de Saque por passageiro”.
Em suma, até 100.000 Direitos Especiais de Saque, a responsabilidade é objetiva, “mas não fundada no risco integral”, pois o seu artigo 20, permite que a responsabilidade seja afastada ou reduzida, se houver culpa exclusiva ou concorrente da vítima. .A partir do limite de 100.000 DES, a responsabilidade é subjetiva, com culpa presumida, porque o transportador poderá se eximir da indenização, demonstrando que não agiu culpa (Cavalieri). 
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, surgiu a discussão sobre qual regramento jurídico é aplicável - se a convenção de Varsóvia, agora Convenção de Montreal – ou o Código de Defesa do Consumidor. De um lado, sustentando a aplicação do CDC, afasta-se a responsabilidade tarifada da Convenção; do outro, diante do conflito entre a lei interna e o tratado, afirma-se que prevalece o tratado. 
Contudo, escreve Sérgio Cavalieri Filho, o STF, “desde o julgamento do RE.80.004, que se desenrolou de fins de setembro de 1975 a meados de 1977, firmou entendimento no sentido de que a Convenção, embora tenha aplicabilidade no Direito Interno Brasileiro, não se sobrepõe às leis do País”. Nesse sentido, também, depois de modificar o seu entendimento, o STJ, como se vê dos REsps nºs 169.000-RS, j.04/04/2000., e 154.943-DF.
Embora o Brasil seja signatário da Convenção de Montreal, Sergio Cavalieri sustenta que nada mudou, porque subsiste a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que proíbe a limitação da indenização. E este mesmo posicionamento foi adotado pelo Código Civil, em seu artigo 732, que recepciona as convenções internacionais, desde que não contrarie suas disposições, e o artigo 734, expressamente, considera nula a cláusula de não indenizar ou que estabeleça limite.
Por conseguinte, lembra Sergio Cavalieri que “quando o transporte aéreo gera relação de consumo, como de regra ocorre, o fato imprevisível e inevitável ocorrido no momento da realização do serviço, por ínsito ao risco do empreendimento, caracteriza o defeito do serviço, fortuito interno, cabendo ao transportador a responsabilidade”.
Transporte aéreo nacional 
Pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, artigos 246 e 257, a responsabilidade, tal qual a Convenção, é limitada ou tarifada. Todavia, “o Código do Consumidor derrogou esses dispositivos que estabelecem responsabilidade limitada para as empresas de transporte aéreo. Como prestadoras de serviços públicos, estão submetidas ao regime daquele Código (arts. 3º, § 2º, e 6º, X), que estabelece responsabilidade objetiva integral, conforme se vê do seu art. 22 e parágrafo único” (Cavalieri). 
A responsabilidade do transportador aéreo “se estende aos passageiros gratuitos que viajarem por cortesia, e aos tripulantes, diretores e empregados que viajarem na aeronave acidentada, sem prejuízo da eventual indenização por acidente de trabalho, consoante expressa disposição do § 2º, “a” e “b”, do já citado art. 256 do Código Brasileiro de Aeronáutica” (Cavalieri). 
Direitos do transportador (Gonçalves, 493).
a) Exigir o pagamento do preço, já que o contrato é oneroso (art. 730).
b) Reter a bagagem e objetos pessoaisdo passageiro se a passagem não for paga (art. 742).
c) Reter 5% da importância a ser restituída ao passageiro, quando ele desistir da viagem (art. 740, § 3º).
d) Estabelecer norma de disciplina da viagem (art. 738).
e) Recusar os passageiros nos casos permitidos (art. 739).
f) Exonerar-se da responsabilidade por danos pessoais e materiais e descumprimento de horário ou itinerário, alegando força maior (art. 737).
Deveres do transportador
a) Transportar o passageiro no tempo e no modo convencionados (art. 737).
b) Responder de forma objetiva pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens (art. 734).
c) Concluir a viagem contratada e, se interrompida, suportar as despesas experimentadas pelos passageiros (art. 741).
d) Não recusar passageiros, exceto nos casos previstos nos regulamentos ou por condições higiene, saúde do interessado ou segurança.
Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior.
Direitos do passageiro
a) Exigir o cumprimento do contrato de transporte. Se, de um lado, o passageiro paga a passagem, de outro, o transportador se obriga a transportá-lo. 
b) Rescindir o contrato
O passageiro, mesmo depois de haver adquirido o bilhete, pode desistir da viagem, desde que em tempo de a passagem ser renegociada. O Código Civil prevê a possibilidade da desistência, mas não prevê o prazo para o passageiro desistir. O Decreto n. 2.521, de 20/03/1998, estabelece o prazo de três horas antes da partida (art. 69), para o transporte interestadual e internacional de passageiros, mas também vem sendo aplicado para o transporte intermunicipal.
O passageiro que, desistindo de viajar, não avisa previamente a empresa, terá direito à restituição se comprovado que outra pessoa foi transportada em seu lugar.
O transportador, no caso de restituição, tem direito de reter, a título de multa, até 5% (cinco por cento) do valor.
Código Civil 
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da passagem, desde que feita a comunicação ao transportador em tempo de ser renegociada. 
§ 1o Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar. 
§ 2o Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário que deixar de embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi transportada em seu lugar, caso em que lhe será restituído o valor do bilhete não utilizado. 
§ 3o Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito de reter até cinco por cento da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa compensatória. 
c) Ser conduzido são e salvo ao destino convencionado 
Trata-se da denominada cláusula de incolumidade, pela qual o transportador assume a obrigação de conduzir o passageiro incólume ao seu destino. Se, no trajeto, ocorrer um acidente, por exemplo, que causa danos ao passageiro, o transportador é responsável, mesmo que não tenha agido com culpa (Gonçalves, 496). E hoje, como refere Sérgio Cavalieri, tratando-se de relação consumerista, os prejuízos sofridos pelos passageiros, no curso da viagem, decorrem não mais da cláusula de incolumidade, mas do vício ou defeito do serviço, consoante art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. 
d) Exigir que o transportador conclua a viagem, interrompida por motivo alheio à sua vontade, em outro veículo da mesma categoria, ou não se houver concordância, e ainda responda por todas as despesas decorrentes.
Código Civil
Art. 741. Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio à vontade do transportador, ainda que em consequência de evento imprevisível, fica ele obrigado a concluir o transporte contratado em outro veículo da mesma categoria, ou, com a anuência do passageiro, por modalidade diferente, à sua custa, correndo também por sua conta as despesas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de novo transporte.
Deveres do passageiro
a) pagar o preço ajustado, no início, no final ou parcelado. Se não for a prazo, a falta de pagamento autoriza o transportado a reter a bagagem e outros objetos do passageiro (arts. 730 e 742).
b) Sujeitar-se às normas estabelecidas pelo regulamento do transportador.
c) Não causar perturbação ou incômodo aos outros passageiros (art. 738, ‘caput’).
d) Estar no local da partida no horário estabelecido ou avisar da desistência (art. 740, §§). 
5. Transporte de coisas ou mercadorias 
“Trata-se de uma modalidade de contrato de transporte que também pode ser executado por via terrestre, aérea e marítima” (Cavalieri). 
“É aquele em que o expedidor ou remetente entrega ao transportador determinado objeto para que, mediante pagamento de frete, seja remetido a outra pessoa (consignatário ou destinatário), em local diverso daquele em que a coisa foi recebida” (Maria Helena). 
“É a convenção pela qual uma pessoa se obriga, mediante remuneração, a entregar, em certo lugar, uma coisa que lhe foi confiada”, define Fernando Mendonça, citado por Arnaldo Rizzardo. 
O remetente pode ser o próprio destinatário, como ocorre quando alguém ‘se muda de um lugar para outro’ e envia os móveis de sua residência (Maria Helena), ou ‘como se a casa matriz expede mercadorias às suas filiais, ou se o remetente as expede em seu nome para lugar diverso, onde se pretende receber por si ou por mandatário’ (Rizzardo). 
Há, também, a figura do comissário de transporte, que é quem assume a obrigação de fazer transportar a mercadoria. Não é ele, pessoalmente, quem transporta. O transporte é feito por outra pessoa. ‘O comissário vem a ser a empresa de expedição’, que, no caso de pessoas, são as agências de viagens e de turismo (Rizzardo). 
Mercadorias são o objeto da prestação de transporte e constituem a expedição. São as bagagens que acompanham o passageiro; as encomendas, coisas remetidas com tarifa especial, transportadas de forma mais rápida; cargas; animais. 
O transportador, por ocasião do recebimento da mercadoria, emite um documento, denominado ‘conhecimento de transporte’ ou ‘conhecimento de frete’ ou ‘conhecimento de carga’, que contém todas as especificações e é “a prova do recebimento da mercadoria e da obrigação do transportador de entregá-la no lugar do destino”, explica Franz Martins, citado por Arnaldo Rizzardo. Quanto à responsabilidade, Arnaldo Rizzardo, comentando o artigo 750 do Código Civil, conclui: “Está-se diante de uma norma que consagra a responsabilidade objetiva, ...”.
Segue os mesmos princípios gerais do transporte de pessoas (Cavalieri), e a responsabilidade só é afastada pelo fortuito externo, respondendo o transportador pelo fortuito interno. 
Aqui, também, não responde o transportador pelos danos decorrentes de assaltos, roubos, que frequentemente ocorrem, principalmente, de cargas. Equipara-se ao fortuito externo, elidindo a responsabilidade do transportador, diz Sérgio Cavalieri Filho. Nesse sentido, Arnaldo Rizzardo, afirmando que o “roubo de mercadorias durante o transporte caracteriza-se como força maior”, cita os Resp. nºs 218.852-SP, DJU de 03.09.2001; e 222.821-SP, j. 17.06.2004. 
Transporte aéreo de mercadorias
Está disciplinado nos artigos 234 a 245 do Código Brasileiro de Aeronáutica. ‘Os princípios são os mesmos’ (Cavalieri). A comprovação do contrato de transporte aéreo é dada pelo conhecimento, que contém todas as especificações. A responsabilidade do transportador aéreo começa com o recebimento da mercadoria e persiste enquanto a mercadoria estiver em seu poder. Havendo avarias na mercadoria, o destinatário deve fazer o protesto, mediante ressalva lançada no documento de transporte, ou por escrito no prazo de 07 dias, contados do recebimento. Em caso de atraso, o prazo é de 15 dias. 
Transporte marítimo de mercadorias
O transportador marítimo também é chamado de armador. Nesse contrato há a figurada entidade portuária, a quem a mercadoria é entregue e guardada em seus armazéns, antes do embarque e depois do desembarque. 
A responsabilidade do navio começa com o recebimento da mercadoria a bordo e termina com a sua entrega à entidade portuária.
“A responsabilidade é de resultado e só pode ser afastada por caso fortuito ou força maior” (Cavalieri).
6. Transporte Gratuito 
a) Aparentemente gratuito 
“É quando o transportador tem algum interesse patrimonial no transporte, ainda que indireto, como ocorre, por exemplo, no transporte que o patrão oferece aos empregados para levá-los ao trabalho; do corretor que leva o cliente para ver o imóvel que está à venda, etc.” (Cavalieri). 
A responsabilidade é objetiva, “só pode ser elidida pelo fato exclusivo da vítima, pelo fortuito externo e pelo fato exclusivo de terceiro” (Cavalieri). 
b) Puramente gratuito 
“É o transporte que é feito no exclusivo interesse do transportado, por mera cortesia do transportador, como no caso de alguém que dá uma carona para um amigo, socorre uma pessoa que está ferida na estrada ou sem meio de condução” (Cavalieri).	
Sérgio Cavalieri Filho sustenta que, para o contrato puramente gratuito, devem ser aplicados os princípios que regem a responsabilidade aquiliana ou extracontratual.

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