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ISSN: 1984-7688 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ Leonardo Lucas Bueno Correa1*; Sara Sebastiana de Jesus2; Yanka Costa Abreu3; Rodrigo Junio Rodrigues Barros4 RESUMO: A Alopecia Androgenética (AAG) é um distúrbio comum de perda de cabelo causado por fatores genéticos e hormonais, que são caracterizados pelo afinamento progressivo do couro cabeludo relacionado aos andrógenos em um padrão definido. O presente estudo teve como objetivo avaliar as alternativas de tratamento atuais, incluindo sua eficácia, perfil de segurança e qualidade das evidências. Através de uma revisão integrativa da literatura da base de dados PubMed. (10) artigos foram utilizados de um total de (1047) artigos encontrados e (30) artigos lidos. Os tratamentos abordados foram intradermoterapia que é um tratamento com injeções intradérmicas de solução para crescimento capilar, o laser de baixa intensidade que auxilia no aumento da circulação local e crescimento de novos fios, o plasma rico em plaquetas que é um produto derivado do sangue rico em fatores de crescimento que promove regeneração e reparação do tecido lesado, é a carboxterapia que é a aplicação de gás carbônico no couro cabeludo que estimula os folículos capilares. Embora a AAG seja uma condição muito prevalente, as opções terapêuticas aprovadas são limitadas, sendo necessário maiores estudos. PALAVRAS-CHAVE: “Tratamento da alopecia androgenética”. Intradermoterapia. "Laser de baixa intensidade”. Carboxiterapia. “Plasma rico em plaquetas” ABSTRACT: Androgenetic Alopecia (AAG) is a common hair loss disorder caused by genetic and hormonal factors, which are characterized by the progressive thinning of the scalp related to androgens in a defined pattern. The present study aimed to assess current treatment alternatives, including their efficacy, safety profile and quality of evidence. Through an integrative literature review of the PubMed database. (10) articles were used from a total of (1047) articles found and (30) articles read. The treatments addressed were intradermotherapy, which is a treatment with intradermal injections of a solution for hair growth, low-intensity laser that helps increase local circulation and growth of new hairs, platelet-rich plasma, which is a product derived from blood rich in growth factors that promotes regeneration and repair of injured tissue, is carboxytherapy which is the application of carbon Revisão Integrativa da Literatura ALOPECIA ANDROGENÉTICA: UMA REVISÃO SOBRE OS TRATAMENTOS ANDROGENETIC ALOPECIA: A REVIEW ON TREATMENTS 1. Graduando em Biomedicina, Centro Universitario de Belo Horizonte – UniBh 2022. Belo Horizonte – Minas Gerais, leolucasbc@gmail.com 2. Graduanda em Biomedicina, Centro Universitario de Belo Horizonte – UniBh 2022. Belo Horizonte – Minas Gerais, saravitoria493@gmail.com 3. Graduanda em Biomedicina, Centro Universitario de Belo Horizonte – UniBh 2022. Belo Horizonte – Minas Gerais, yankacabreu@hotmail.com 4. PhD em Bioquímica e Imunologia, Universidade Federal de Minas Gerais, 2018. Professor adjunto do Centro Universitário de Belo Horizonte. Belo Horizonte, Minas Gerais. rodrigo.barros@prof.unibh.br * autores para correspondência: Leonardo Lucas Bueno Correa: leolucasbc@gmail.com Sara Sebastiana de Jesus: saravitoria493@gmail.com Yanka Costa Abreu: yankacabreu@hotmail.com 2 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ dioxide on the scalp that stimulates hair follicles. Although AGA is a very prevalent condition, approved therapeutic options are limited, and further studies are needed. KEYWORDS: “Androgenetic Alopecia treatment”. Intradermotherapy. "Low-intensity laser". Carboxytherapy. "Platelet-rich plasma" 1. INTRODUÇÃO A alopecia androgenética (AAG) é uma desordem multifatorial causada por interações entre vários genes e fatores ambientais. Os cabelos desempenham uma função imprescindível na vida do ser humano. Compõe - se de um órgão envolvido na percepção sensorial, com funções diferentes, como proteção química, mecânica e orgânica (termo regulação, defesa física, renovação e regeneração tecidual), sendo muito utilizado como um meio de comunicação psicossocial (SEI; BRANDÃO, 2020). Anatomicamente, o folículo piloso é definido como um pelo que está aderido a uma glândula sebácea. O ciclo biológico do pelo é dividido em três fases principais e bem distintas ao longo do seu desenvolvimento: a anágena ou de crescimento, a catágena ou de involução e a telógena ou de repouso, culminando com a sua regeneração em sucessivos ciclos, que ocorrem após a queda e substituição por um novo fio anágeno. Tais alterações culminam em distúrbios de crescimento, como por exemplo da Alopecia (PEREIRA et al; 2016; LOUZADA, MENDES; LEITE, 2019). De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queixa de alopecia está entre as dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos em pacientes de 15 a 39 anos. A alopecia androgenética (AAG) é a causa mais comum de alopecia em ambos os sexos. Em pacientes com diagnóstico de alopecia androgenética, ocorre uma alteração no ciclo biológico do pêlo, responsável pelo processo de miniaturização de todo o aparelho folicular. A fase anágena ou de crescimento tem sua duração reduzida, enquanto a persistência na fase telógena permanece constante ou prolongada, levando a transformação de cabelos terminais em velo (pelo pequeno) com consequente perda da densidade do cabelo (KEANEY, 2015; CASERINI et al; 2016; ROSSI et al; 2016). A AAG afeta ambos os sexos, com mais de 50% dos homens apresentando algum grau de calvície acima dos 50 anos. As estimativas em relação às mulheres são variadas, e o pico de incidência ocorre após os 50 anos, com cerca de 30% de acometimento por volta dos 70 anos. Dados epidemiológicos variam em diferentes etnias, com relatos de prevalência menor em asiáticos e afrodescendentes em relação aos caucasianos (MULINARI-BRENNER, SEIDEL; HEPP 2011; ADIL; GODWIN, 2017; LEE, JUHAZ, MOBASHER; EKELEM; MESINKOYSKA, 2018). O diagnóstico pode ser feito inicialmente por exame geral do couro cabeludo e cabelo, com o objetivo de identificar se a perda de cabelo é padronizada ou não. Com teste de tração para avaliar a gravidade da queda de cabelo. A tricoscopia para avaliar a diversidade do diâmetro do cabelo, a pigmentação e pontos amarelos. Fototricograma (PTG), um método não invasivo que envolve a produção de fotografias em série, close-up de áreas definidas específicas para avaliar a taxa de crescimento do cabelo, densidade do folículo piloso e espessura da haste capilar. Exames laboratoriais e biópsia do couro cabeludo também podem ser consideradas. (STOUGH D, STENN K, HaABER R, PARSLEY WM, VOGEL JE, WHITING DA, et al). A literatura descreve os tipos de classificação da alopecia androgenética utilizados na prática clínica. As mais usadas são as de Hamilton (1951), Eric Ludwing (1977) e Sinclair (2005) (figura 1). Ludwing (figura 2) diferenciou o processo de perda capilar em três estágios, descritos como graus de alopecia. Porém, essa escala apresenta limitações por impossibilitar classificações em estágios intermediários (KLEINHANS, 2012). O diagnóstico correto é imprescindível para a escolha do tratamento. É preciso saber diferenciar os tipos de alopecias existentes para se obter mais resultados satisfatórios no tratamento (BREENER, 2011). 3 Figura 1. Classificação de evolução da alopecia feminina, segundo Sinclair Nota: As figuras indicadas como I, II, III, IV, e V indicam o tipo de queda capilar na alopecia feminina. Fonte: RAMOS (2013). Figura 2. Classificação dos graus de alopecia androgenética de Ludwig Nota: Asfiguras indicadas como I, II e III indicam o tipo de queda capilar na alopecia androgenética. Fonte: LUDWIG (2016). A queda de cabelo pode afetar a qualidade de vida do paciente, pois gera prejuízos estéticos e, consequentemente, acarretam um desconforto emocional direcionando estes pacientes a buscarem o tratamento (MACHADO; MARQUES,2017; LOUZADA, MENDES; LEITE, 2019). Considerando o impacto psicológico que é causado pela alopecia, o aconselhamento adequado do paciente é um aspecto essencial do tratamento. Como a Alopecia Androgenética é uma condição que não possui cura, somente tratamentos estão à disposição para impedir a sua progressão, deve-se explicar a necessidade de um tratamento ao longo da vida e destacar a melhora relativamente lenta em alguns casos. É de extrema importância que o paciente receba expectativas realistas. Em vista disto, o presente estudo teve como objetivo apresentar, através de uma revisão integrativa da literatura, os melhores tratamentos para Alopecia Androgenética. 2. METODOLOGIA O presente estudo se caracteriza como uma revisão integrativa da literatura, realizada através de pesquisas na base de dados PubMed. Os descritores empregados na busca são: “Androgenetic Alopecia treatment”; Intradermotherapy; "Low-intensity laser"; Carboxytherapy; "Platelet-rich plasma". Os critérios de inclusão foram artigos originais, com período de publicação de 2005 a 2022, disponíveis em inglês, que tratavam de alopecia androgenética. Os critérios de exclusão foram artigos que não se incluíam no período selecionado, disponíveis em outras línguas que não inglês, artigos que se tratavam apenas de animais, artigos que se tratavam de outros tipos de alopecias e artigos de revisão. 3. RESULTADOS A busca de artigos na base de dados Pubmed resultou em 1.047 resultados. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 30 artigos, e após a leitura, 12 artigos foram utilizados para a construção da revisão. O processo de busca e seleção pode ser visualizado na figura 3. Figura 3: Fluxograma apresentando o processo de busca e seleção dos artigos utilizados Fonte: Autoria própria. 4. DISCUSSÃO 4.1. ALOPECIA ANDROGENÉTICA A alopecia androgenética é uma condição que acontece predominantemente em indivíduos com predisposição genética para queda, sendo caracterizado pela miniaturização folicular progressiva em áreas geneticamente suscetíveis a andrógenos. A testosterona é o principal andrógeno circulante que é convertido em di-hidrotestosterona (DHT), uma reação catalisada pela enzima 5aR, que tem cinco vezes mais afinidade para o receptor de andrógeno, o DHT se liga a receptores, e ativa genes responsáveis pela miniaturização folicular encurtando a fase anágena de modo que o folículo não consiga alcançar a epiderme e atingir a superfície do couro cabeludo. (HO; SOOD; ZITO,2021) 4 O surgimento da alopecia androgenética acontece após a puberdade de forma gradativa, nos homens na parte frontal da cabeça ocorre um afinamento bitemporal em seguida acomete o vértice, nas mulheres percebe-se o afinamento do fio no vértice do cabelo sem afetar a linha frontal, e normalmente apresenta um couro cabeludo visível. (HO; SOOD; ZITO,2021) Dos vários hormônios que afetam o crescimento do cabelo, os mais estudados são os andrógenos, por sua participação na AAG. Uma vez que Aristóteles (400 a.C.) observou que a masculinidade e a maturidade sexual eram necessárias para a calvície, Hamilton (1942) observou que eunucos (homem castrado, que teve os testículos e/ou o pênis removidos) e homens castrados antes da puberdade não desenvolveram calvície; e que homens com história familiar de calvície submetidos a castração por injeção de testosterona desenvolviam alopecia. Todas essas observações indicavam que a testosterona, ou seus metabólitos, estavam envolvidos na evolução da AAG em indivíduos geneticamente predispostos (RAMOS, 2013; TRUEB, 2002). No couro cabeludo, a enzima 5-alfa-redutase encontra-se na matriz do bulbo capilar. A testosterona circulante é convertida em DHT (andrógeno 5 vezes mais afim do que a testosterona) e entra no núcleo através de receptores de andrógenos (AR) dispostos no 11 bulbo do folículo piloso. Os androgênios medeiam a alteração no tamanho da papila dérmica na fase anagênica, através das alterações no DNA, o que provoca mudanças da síntese proteica nas células na matriz capilar. O efeito desse evento é a miniaturização e rarefação difusa dos fios em mulheres geneticamente predispostas (KLEINHANS, 2012; REBELO, 2015). Figura 4. Ação dos andrógenos no folículo piloso, produzindo alterações no fio Nota: DHT: di-hidrotestosterona; AR: proteína “androgenetic receptor”; G: proteína; T: testosterona; DNA: ácido desoxiribonucleico. Fonte: TWIST (2008). Observou-se um aumento da expressão do gene AR no couro cabeludo de pessoas com calvície. Este gene se localiza no cromossomo X, o que não explica a semelhança entre pais e filhos calvos, uma vez que os homens herdam o cromossomo X das mães (Ramos, 2013; TRUEB, 2002; REBELO, 2015; BREENER, 2011). Dado o fato, existe a hipótese de que um gene no cromossomo Y possa contribuir para essa condição. Nesse caso, a mutação ocorreria nos genes das regiões psicossomáticas, onde ocorre a recombinação com o cromossomo X (REBELO, 2015). Ainda se tratando do gene AR, uma relação inversa entre o número de repetições CAG (número de repetições do domínio amino-terminal do gene AR) e ativação do AR foi percebida nos grupos avaliados, ou seja, isso sugere que portadores de repetições mais curtas tenham maior atividade na expressão de AR e maior risco de calvície (RAMOS, 2013, BREENER, 2011) Figura 5. Gene “androgenetic receptor” (AR) no cromossomo X Nota: p: “Petit”, do francês pequeno; q: parte longa do cromossomo. Fonte: AMERICAN (2010). 4.2. CICLO FISIOLÓGICO DO CABELO Os pelos são estruturas delgadas e queratinizadas e apresentam variações de cor, tamanho e disposição de acordo com a raça do indivíduo e a região do corpo. Cada fio de cabelo origina-se a partir de uma invaginação da epiderme chamada de folículo piloso, que apresenta uma dilatação terminal denominada bulbo piloso, formado de papilas dérmicas ricamente vascularizadas em seu interior. As papilas dérmicas, por sua vez, são recobertas por células, dando origem à raiz do pelo. No folículo piloso estão ligados o músculo eretor do pelo (porção inferior) e glândula sebácea (porção superior) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O ciclo capilar é um processo de desenvolvimento do folículo piloso em fases cíclicas alternadas de repouso e crescimento. Na fase anágena ocorre a regeneração do folículo e crescimento de novos fios. A fase catágena é quando o fio para de crescer e o folículo regride. Esta regressão é um processo altamente controlado de involução, que é caracterizado por uma apoptose difusa dos queratinócitos foliculares. A telógena inicia-se logo ao final da catágena e se refere 5 à fase de repouso. Nela, são perdidos em torno de 50 a 100 fios por dia, devido a um enfraquecimento dos fios na base do folículo. Ao fim da fase telógena, o fio original desprende-se sendo substituído por um novo, dando início a um novo ciclo. Para isso, ocorre uma regeneração da parte inferior do folículo a partir das células-tronco do bulge. No couro cabeludo, normalmente, a fase anágena dura de 2-8 anos; catágena, 2-3 semanas e a telógena, cerca de 3 meses (RAMOS, 2013; ROTA et al; 2008; KLEINHANS, 2012). Figura 6. Ciclo de vida do cabelo Nota: fase anágena: fase de crescimento capilar; fase catágena: fase de transição; fase telógena; fase de queda do pelo. Fonte: FERNANDES (2015). 5. TRATAMENTOS Os métodos de tratamentos da Alopecia Androgenética são de fundamental importância para definir um método que seja mais eficaz. Foram escolhidos 4tratamentos para fazer uma análise mais aprofundada, a fim de demonstrar os procedimentos com mais benefícios e seus resultados no tratamento da alopecia androgenética. 5.1 INTRADERMOTERAPIA A intradermoterapia capilar (mesoterapia) é um tratamento para alopecia não cicatricial como alopecia androgenética e areata, essa técnica ocorre com múltiplas injeções intradérmicas injetadas diretamente no local afetado no couro cabeludo em um intervalo de 1 cm, a uma profundidade de 2-4 mm e ângulo de 30°–60° utilizando agulha de 4 mm de comprimento, com uma ou mais substâncias como minoxidil, finasterida, biotina e pantenol, essa técnica permite uma ação mais prolongada dos ativos. (CARVALHO et al; 2020, MOFTAH et al; 2012) O estudo de Sobhy et.al ;(2013) comparou o efeito de injeções intradérmicas com dutasterida 0,005% polissorbato 80mg em cloreto de sódio, com pacientes que receberam injeções intradérmicas de solução de dutasterida 5mg, dexapantenol 500mg e biotina 20mg por frasco de 10ml, com pacientes que receberam injeções intradérmicas de solução salina 0,9%. No estudo mostrou que houve aumento expressivo do percentual de fios na fase anágena, diminuição dos fios na fase telógeno e aumento do diâmetro médio da haste capilar em pacientes que receberam a solução de dutasterida. O estudo de MOFTAH et.al; (2012) produziu um experimento com 126 pacientes dividido em dois grupos, 1 com 86 pacientes, onde foi aplicado injeções intradérmicas contendo dutasterida 0,5 mg, biotina 20 mg, piridoxina 200 mg e D-pantenol 500 mg, e o outro, contendo 40 pacientes, onde foi aplicado soro fisiológico 0,9%. Foi demonstrado no estudo que a mesoterapia com dutasterida foi expressivamente mais eficaz na avaliação fotográfica, mostrando que 62,8% dos pacientes que receberam dutasterida houve melhora evidente, enquanto no grupo controle, apenas 17,5% verificou algum tipo de melhora, no teste de diâmetro antes do tratamento o grupo 1 apresentava (25.8 ± 7.6 lm) e o grupo controle ( 24.9 ± 3.4 lm), após o tratamento o grupo 1 tinha diâmetro de (34.6 ± 11.8, P < 0.05) havendo uma melhora relevante, mas no grupo controle após o tratamento, o diâmetro foi de (26.8 ± 3.5, P > 0.05) não sendo uma considerável melhora, na auto avaliação os pacientes do grupo 1 perceberem aumento na densidade, espessura, cor e luminosidade e diminuição da queda, enquanto no grupo controle essas melhorias foram menores. Concluindo que a mesoterapia utilizando ativos com dutasterida foi eficaz no tratamento de calvície padrão feminino. 6 Figura 7. Paciente do sexo feminino com classificação Ludwig grau II Nota: Painel A e C: Imagem evidenciando a alopecia antes do tratamento com intradermoterapia; Painel de B e D: após a 18ª semanas, utilizando mesoterapia com preparação contendo dutasterida 0,5 mg, biotina 20 mg, piridoxina 200 mg e D-pantenol 500 mg, demonstrando melhoras no crescimento capilar. Fonte: MOFTAH et.al, 2012 5.2 LASER DE BAIXA INTENSIDADE A luz de baixa intensidade é um tratamento relativamente novo para alopecia androgenética que vem sendo amplamente usado, por ter custo baixo comparado ao tratamento cirúrgico de transplante capilar e por possuir facilidade de uso. Os mecanismos de ação do laser de baixa intensidade no crescimento capilar ainda não são bem esclarecidos, mas a possibilidade seria que ocorre uma reentrada dos fios da fase telógena para fase anágena ampliando a quantidade de fios nos folículos, prolongando a fase anágena e prevenindo a entrada precoce na fase de regressão (catágena). (YOON et al; 2020) Em 2018 foi realizado por Faghihi et al; um ensaio clínico randomizado,onde o grupo 1 recebeu solução tópica de minoxidil 5% duas vezes ao dia nas áreas com carência de fios e terapia utilizando luz de baixa intensidade (usando LDU 8024PN/8024BN, fabricado na Alemanha , potência de 10-50 mw e comprimento de onda de 785 nm) 2-3 sessões de 20 minutos por semana durante 24 semanas, o grupo controle recebeu apenas minoxidil 5% tópico e o aparelho de luz de baixa intensidade desligado para atuar como placebo, os resultados revelaram que houve substancialmente maior recuperação da alopecia androgenética nos pacientes do grupo 1 comparado ao grupo controle, pois o percentual a contagem média de cabelo, o diâmetro médio do fio, densidade de cabelo e satisfação dos pacientes em relação ao tratamento no grupo 1 foi maior, concluindo que a luz de baixa intensidade promove melhora nos casos de alopecia androgenética. Kim et al; (2013) conduziu um estudo randomizado comparando à terapia de luz de baixo nível com dispositivo falso, no estudo foi orientado aos pacientes do grupo teste a utilizar um dispositivo tipo capacete com uma fonte de luz composta por diodos emissores de luz (LEDs) que emitem comprimentos de onda de 630 e 660 nm e diodo laser (LDs) de 650 nm durante 18 minutos por dia por 24 semanas, e aos pacientes controle um dispositivo capacete idêntico que não emitia luz de baixa intensidade durante o mesmo período de tempo e frequência de aplicação, os resultados após 24 semanas mostraram que o grupo teste apresentou densidade capilar substancialmente maior que o grupo dispositivo simulado o diâmetro do cabelo também apresentou melhora estatística superior no grupo teste que no controle, demonstrando que o dispositivo capacete de luz de baixa intensidade pode ser um tratamento eficaz para a alopecia androgenética, e também como terapia alternativa para auxiliar a pacientes que não respondem bem a outra tipos de tratamentos. 5.3 CARBOXITERAPIA A carboxiterapia consiste na aplicação de pequenas quantidades de gás carbônico (estéril) no couro cabeludo em sete pontos, no caso de alopecia androgenética. Tais aplicações foram executadas, após a assepsia, com agulhas do tamanho 30G, sob ângulo de 15°, 2 mm de profundidade e 1 cc/s de vazão. É uma técnica segura, pouco invasiva, não cirúrgica, bem tolerada e simples. Um grupo de 40 pessoas foi testado para avaliar a eficácia da carboxiterapia na prática. Ele foi dividido em dois grupos menores de 20 pessoas cada. Cada grupo recebeu, então, um tratamento diferente, sendo 10 pessoas recebendo as aplicações do produto e as outras 10, placebo (água destilada), como forma de controle. Algumas pessoas dos grupos apresentaram dor, eritema, edema e queimação, todos de forma leve que passaram em pouco tempo. No entanto, oito pessoas que receberam a carboxiterapia apresentaram cefaléia, que regrediu em menos de 24 horas. Houveram relatos de melhora, em diversos graus, de todos os pacientes. Ao final do experimento, 30% 7 apresentaram uma melhora muito boa e 10% apresentaram uma melhora excelente. Figura 8. Distribuição dos grupos estudados segundo avaliação global após as sessões de tratamento e ao final do período de acompanhamento Nota: P: Valor de P para comparação entre as sessões após o tratamento e no final do seguimento em cada grupo. P1: Valor P para comparação entre o grupo A e o grupo B após o tratamento. P2: Valor de P para comparação entre o grupo A e o grupo B no segmento. A0, sem melhora; A1, <25% de melhora; A2, 25%-49% de melhora; A3, 50%-75% de melhoria; A4, >75% de melhoria. Fonte: DOGHAIM, et al; 2018. 5.4 PLASMA RICO EM PLAQUETAS O Plasma Rico em Plaquetas (PRP) tem sido estudado como uma alternativa no tratamento de AAG. Sabe-se que o PRP é um produto derivado do processamento laboratorial de sangue autólogo, sendo rico em fatores de crescimento que promovem a proliferação e diferenciação celular, reparando e regenerando o tecido lesado. Os fatores de crescimento podem agir como agentes mitogênicos, ou seja, melhoram a proliferação de certos tipos de células. Também estimulam a angiogênese, que favorece o aumento da microcirculação local e maior oxigenação e vitalidade aos tecidos. (VASCONCELOSet al; 2015) Foi conduzido um ensaio randomizado controlado com placebo, para avaliar a eficácia do PRP no tratamento da AAG. O estudo contou com a participação de 25 pacientes com AAG. A aplicação de PRP mostrou efeito positivo. (ALVES; GRIMALT, 2016) Em outro estudo, foram selecionados 16 indivíduos, entre homens e mulheres, de 18 a 60 anos de idade. Foram aplicados 0,2 mL de PRP intradérmico nas regiões mais acometidas pela alopecia, em três aplicações, com intervalo de 21 dias. Todos os pacientes apresentaram melhoras, numa média de 33,12%. Os voluntários apresentaram como resultados espessamento dos fios, melhora na vascularização local e aumento do número de folículos na análise dermatoscópica (VASCONCELOS et al; 2015). Giordano et al; (2017) realizaram uma pesquisa sistemática da literatura, a fim de avaliar a eficácia das injeções de PRP versus controle no tratamento da AAG. O estudo envolveu 177 pacientes, onde se observou o aumento de cabelo local por cm² após as injeções de PRP versus controle. De modo semelhante, uma secção transversal da espessura do cabelo significativamente aumentada para 10-4 mm² favorecendo o grupo PRP. Os autores concluem que a injeção local de PRP para AAG pode estar associada a um aumento no número de pelos e a alguma melhora da espessura do cabelo nas áreas tratadas com morbidade mínima, porém necessita de maiores estudos randomizados para verificar essa percepção. 6. CONCLUSÃO Embora a alopecia androgenética tenha poucos efeitos fisiológicos prejudiciais, ainda pode levar a consequências psicológicas negativas, como depressão e altos níveis de ansiedade. Por se tratar de uma patologia esteticamente desagradável, afeta a autoestima dos indivíduos mais acometidos, principalmente as mulheres, pelo significado do cabelo na beleza e na identidade pessoal. A AAG é uma patologia muito complexa que envolve múltiplos fatores e causas, dificultando o desenvolvimento de tratamentos eficazes. Ainda não existe um tratamento ideal para curá-la e, apesar de todo o trabalho, são necessários mais ensaios clínicos randomizados Embora os tratamentos medicamentosos tenham se mostrado eficazes, eles ainda apresentam inúmeros efeitos colaterais e contraindicações que limitam seu uso. A ideia dos tratamentos não medicamentosos parece promissoras e devem ser mais exploradas para minimizar os efeitos adversos, proporcionar melhores resultados e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos pela AAG. REFERÊNCIAS ALVES, R.; GRIMALT, R. Randomized placebo- controlled, Double-Blind, Half-Head Study to Assess the Efficacy of Platelet-Rich Plasma on the Treatment of Androgenetic Alopecia. Dermatologic Surgery, Hagerstown, v. 42. n. 4, p. 491-497, apr. 2016. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27035501/ acesso em 03 de maio de 2022. ALVES, R.; GRIMALT, R. Randomized placebo- controlled, Double-Blind, Half-Head Study to Assess the Efficacy of Platelet-Rich Plasma on the Treatment of Androgenetic Alopecia. Dermatologic Surgery, Hagerstown, v. 42. n. 4, p. 491-497, apr. 2016. Disponivel em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27035501/ acesso em 22 de abril de 2022. 8 Carvalho RM, Barreto TM, Weffort F, Machado CJ, Melo DF. Use of vibrating anesthetic device reduces the pain of mesotherapy injections: A randomized split- scalp study. J Cosmet Dermatol. 2021;20(2):425-428. doi:10.1111/jocd.13554. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32640097/ acesso em 13 de maio de 2022. 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