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Litíase Urinária INTRODUÇÃO …………………………………………….. → Cerca de 12% da população irá desenvolver cálculos urinários durante a vida → Acomete indivíduos jovens e em fase produtiva, tendo pico de incidência por volta dos 30 anos - Taxa de incidência nos homens: 30-69 anos - Taxa de incidência nas mulheres: 40-79 anos → Prevalência 2-3 vezes maior em homens do que em mulheres, devido ao estilo de vida e ingesta hídrica FATORES DE RISCO …………….………………….. Altas temperaturas Baixa ingesta hídrica Sedentarismo Obesidade Síndrome metabólica Diabetes mellitus → As altas temperaturas promovem maior perda líquida por transpiração e formação de urina mais concentrada - Por isso, populações que vivem em climas mais quentes e secos, têm maior chance de desenvolver cálculo - Atividades ocupacionais que envolvem altas temperaturas também se associam a taxas mais altas de litíase - A incidência de litíase é maior em meses mais quentes do ano e em populações mais expostas aos raios solares → Doenças como a obesidade, o diabetes mellitus e a síndrome metabólica estão associadas à formação de cálculos no sistema urinário pois o aumento da resistência à insulina deixa o pH urinário mais ácido pela precipitação de ácido úrico, gerando hipercalciúria → Embora não bem estabelecidos, hipertensão arterial e ingesta de sódio em níveis elevados também podem ser considerados fatores de risco FISIOPATOLOGIA……………………………………….. → Ocorrem 3 processos: 1- Supersaturação 2- Nucleação 3- Agregação 1. Supersaturação: maior quantidade de soluto em relação ao solvente 2. Nucleação: o excesso do soluto precipita-se, formando o núcleo inicial do cálculo 3. Agregação/crescimento: a partir do núcleo inicial e do ambiente supersaturado, novos cristais se decantarão e se agregarão ao núcleo inicial, levando ao crescimento do cálculo → Existem fatores inibidores e indutores da formação de cálculos que podem interferir direta ou indiretamente nessas etapas FATORES PROTETORES/INIBIDORES: - Proteínas Tamm-Horsfall: produzidas na alça de Henle e no túbulos contorcidos distais, inibem a ligação de cálcio e oxalato - Citrato: formação de citrato de cálcio ao invés de oxalato de cálcio - Magnésio: formação de oxalato de magnésio ao invés de oxalato de Ca OBS.: Citrato de Ca e oxalato de Mg possuem pKa elevado. Portanto, têm maior capacidade de se dissolverem na mesma quantidade de soluto @med_._easy - Laura Minghe & Pedro Nakamura FATORES INDUTORES: - Cálcio - Sódio - Oxalato - Ácido úrico - Fosfato - Cistina - Bactérias produtoras de urease OBS.: o Ca e o oxalato permitem a formação do principal composto de cálculos urinários. O Na permite o aumento da excreção renal de Ca. Ácido úrico, fosfato e cistina são componentes diretos. Bactérias produtoras de urease se relacionam com a produção de cálculos infecciosos de estruvita. FISIOPATOLOGIA……………………………………….. → 80% dos cálculos contêm Cálcio e 60% deles são formados por oxalato de Cálcio → Ácido úrico (7%) → Estruvita (7%) → Cistina (1-3%) OBS.: quanto mais Cálcio em sua composição, mais duro e radiopaco é o cálculo, e mais difícil de tratar LOCALIZAÇÃO DO CÁLCULO…………… MAIS COMUNS⇒ rins e ureteres INCOMUNS⇒ uretra e bexiga CÁLCULOS NOS RINS → Podem ocupar os cálices superiores, médios ou inferiores, e também a pelve renal Cálculos que estão localizados nos cálices superiores ou médios: também conhecidos como grupamento calicial não inferior, são mais facilmente tratados Cálculos nos cálices inferiores: ou grupamento calicial inferior. O planejamento do tratamento nesses casos dependem do ângulo infundíbulo-piélico, do comprimento e a largura do infundíbulo → Cálculos de estruvita (de infecção) podem se tornar muito volumosos e atingir um ou mais cálices e a pelve renal → Cálculos que acometem acometem a pelve renal e pelo menos um cálice é denominado coraliformes incompletos → Cálculos que acometem acometem todos os cálices e a pelve renal são conhecidos como coraliformes completos CÁLCULOS NOS URETERES: → Podem impactar nos 3 pontos de estreitamento fisiológico do ureter, que são: URETER PROXIMAL: JUP = junção ureteropiélica URETER MÉDIO: cruzamento do ureter com os vasos ilíacos URETER DISTAL: JUV = junção ureterovesical CÁLCULOS NA BEXIGA: → Geralmente formados dentro da bexiga → Fisiopatologia se dá por dificuldade de esvaziamento e estase de urina, consequente a uma obstrução infravesical, como ocorre na na HPB URETRA: → Raramente formados na própria uretra, maioria das vezes são cálculos que impactam TAMANHO DO CÁLCULO……………………… → Quanto maior o tamanho de um cálculo, mais difícil sua eliminação → Para o tratamento de cálculos renais, tamanhos diferentes são considerados de acordo com o grupo calicial em que se localiza o cálculo - Grupamento superior/médio: cálculos até 2 cm são tratados de forma menos invasiva, e aqueles > 2 cm merecem tratamentos mais agressivos - Grupamento inferior: até 1 cm são passíveis de tratamento menos invasivo, enquanto que estratégias mais invasivas estão indicadas para > 1 cm → Para os cálculos ureterais, aqueles de até 0,5 cm têm chance de 80% de serem eliminados espontaneamente, com ou sem auxílio de medicamentos específicos - A cada 1 mm no tamanho, diminui-se 10% na chance de eliminação espontânea DIAGNÓSTICO……………………………………………... SINAIS E SINTOMAS: Cólica renal Hematúria Náuseas Cólica ureteral Infecção urinária Vômitos OBS.: também pode ocorrer sudorese, síncope, taquicardia, hipertensão arterial, principalmente como consequência de quadros de cólica renal intensa. @med_._easy - Laura Minghe & Pedro Nakamura → Os cálculos só provocam dor quando causam obstrução do fluxo de urina - A dor da cólica renal é localizada na região lombar do lado acometido e ocorre pela dilatação da cápsula renal - A dor de origem ureteral é também tipo cólica (cólica ureteral), mas provocada pelo aumento do peristaltismo do ureter, com o intuito de eliminar o cálculo → Cálculos ureterais impactam nos três pontos de constrição e provocam quadros álgicos diferentes: - No ureter proximal causam dor lombar com irradiação para o testículo/parede vaginal ipsilateral - No ureter médio geram dor na região do flanco - No ureter distal provocam dor em fossa ilíaca ipsilateral, com irradiação para o escroto/lábios vaginais → Cálculo ureteral impactado em qualquer posição pode promover dilatação de todo o sistema coletor e promover dor de origem renal por distensão capsular → A hematúria pode ser micro ou macroscópica, e é causada pelo aumento da peristalse do ureter associado ao dano da mucosa pelo deslocamento do cálculo → A infecção urinária é decorrente da impactação do cálculo e estase urinária no sistema coletor → Sinal de Giordano positivo EXAMES LABORATORIAIS: Hemograma: geralmente não apresenta alteração - Quando apresenta leucocitose com ou sem desvios à esquerda está relacionado à obstrução urinária associada à infecção Urina I: quase sempre apresenta alteração - Hematúria e leucocitúria são frequentes - Bacteriúria e sais da composição do cálculo podem estar presentes Urocultura: negativa, a menos que haja uma infecção ou presença de cálculo coraliforme Creatinina: geralmente normal, exceto em paciente desidratado, com obstruções bilaterais ou unilaterais em pacientes com rim único EXAMES DE IMAGEM: → É capaz de fornecer o número, a localização, e o tamanho dos cálculos, além de fornecer informações como a presença de obstrução (dilatações) e o diagnóstico de complicações (pionefrose, abscessos renais) Radiografia de abdome: permite visualizar cálculos que contêm Cálcio, que são radiopacos - Quanto maior a concentração de Ca em sua composição, mais radiopaco - Cálculos sem Ca também podem aparecer no RX, mas são menos radiopacos - Cálculos de ácido úrico são radiotransparentes, não aparecendo no RX USG dos rins e vias urinárias: a característica que consolida o diagnóstico é a presença da sombra acústica posterior, que aparece geralmente em cálculos ≥ 5 mm - Cálculos mais distais podem não ser visualizados,porém pode constatar hidronefrose (dilatação) em consequência à obstrução - Melhor exame para as grávidas TC de abdome total não contrastada: exame de imagem padrão-ouro e mais utilizado na prática - Sem contraste pois tanto o contraste como o cálculo são radiopacos na imagem TRATAMENTO CLÍNICO……………………….… 1- Terapia expulsiva 2- Tratamento específico e prevenção 3-Medidas gerais 1- TERAPIA EXPULSIVA: → Utilização de uma ou mais medicações para eliminar o cálculo sem necessidade de intervenção cirúrgica Bloqueadores Alfa-1-adrenérgicos: relaxam a musculatura lisa ureteral, facilitando a passagem do cálculo até a bexiga. Exemplo: Tansulosina 0,4 mg/dia - Os cálculos que mais se beneficiam desse tipo de tratamento são aqueles ≤ 5 mm localizados no ureter distal @med_._easy - Laura Minghe & Pedro Nakamura 2- TRATAMENTO ESPECÍFICO/PREVENÇÃO: → Cálculos de oxalato de cálcio geralmente são formados a partir de hipercalciúria e hipocitratúria - Nesses casos, a hidroclorotiazida pode ser usada para bloquear a bomba de Na+/Ca++, permitindo uma excreção menor de Cálcio na urina → Reposição de citrato na forma de citrato de potássio por via oral → Dissolução química: a alteração do pH urinário associada à formação de cálculos de ácido úrico - A alcalinização da urina com bicarbonato de sódio pode evitar a formação e reduzir o tamanho dos cálculos já formados 3- MEDIDAS GERAIS → Hidratação venosa: deve ser instituída quando paciente está desidratado (náuseas e vômitos importantes), também quando houver indicação de analgesia parenteral → Analgesia: AINE. Os opióides são utilizados somente quando os pacientes não respondem ou que não toleram os AINE (DRC) TRATAMENTO CIRÚRGICO……………..…… → A escolha do tratamento depende de dois componentes importantes: tamanho e localização do cálculo CÁLCULOS RENAIS: Cálice não inferior - menor ou igual a 2 cm: - LECO - Ureterolitotripsia flexível Cálice não inferior - maior ou igual a 2 cm: - Cirurgia percutânea Cálice inferior - menor ou igual a 1 cm: - Avaliar a via de saída - LECO (litotripsia extracorpórea) - Ureterolitotripsia flexível Cálice inferior - maior ou igual a 1 cm: - Cirurgia percutânea - Ureterolitotripsia flexível Cálculos coraliformes completo ou não: - Cirurgia percutânea ou nefrolitotomia - Tratamento desafiador pois são de grandes volumes e, ainda, infecciosos - Sempre ser tratados cirurgicamente e envolvem formas agressivas para sua resolução completa TRATAMENTO DE CÁLCULOS RENAIS Não inferior < 2 LECO ou FLEX Não inferior > 2 Cirurgia percutânea Inferior < 1 LECO ou FLEX Inferior > 1 Cirurgia percutânea ou FLEX Coraliforme Cirurgia percutânea ou nefrolitotomia (aberta) @med_._easy - Laura Minghe & Pedro Nakamura CÁLCULOS URETERAIS: → Cálculos ≤ 1 cm localizados nas porções distais são mais facilmente tratados, por conta da facilidade de acesso ureteral por via endoscópica Ureter superior: - LECO - Ureterolitotripsia flexível - Ureterolitotripsia semirrígida para casos selecionados Ureter médio/distal: - Ureterolitotripsia semirrígida - LECO (somente ureter médio) CIRURGIA PERCUTÂNEA……………………… → Realizada através de um trajeto cirúrgico a partir da pele, com o paciente sob anestesia geral → Através desse canal, um aparelho denominado nefroscópio acessa o sistema coletor e identifica o cálculo → O nefroscópio permite a entrada de uma fonte de litotripsia intracorpórea (laser) que fragmenta o cálculo → Suas principais complicações incluem sangramento, infecção, perfuração de outros órgãos abdominais e torácicos e dificuldade ou impossibilidade de acesso ao cálculo LECO…………………………………………………………………… → A Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque é um tratamento minimamente invasivo, e não um procedimento cirúrgico propriamente dito → É aplicada através de uma máquina em regime ambulatorial e com o paciente sob sedação e analgesia → A máquina possui um foco que é direcionado sobre o cálculo que se deseja tratar e ondas de choque mecânico são liberadas → Esses impulsos atravessam a pele, a parede muscular, a cápsula e o parênquima renal, incidindo sobre o cálculo, permitindo a sua vibração e fragmentação → Os fatores mais importantes para a indicação da LECO são o tamanho e a posição do cálculo, a via de saída favorável (cálice inferior), a distância pele-cálculo (não deve ser maior que 10 cm) → Complicações como hematúria, infecção, fragmentação incompleta e cólica renal podem ocorrer URETEROLITOTRIPSIA…………………..……… → Realizada através do ureteroscópio, um aparelho fino e comprido → O paciente pode ser submetido à anestesia geral ou raquianestesia → Cálculos de ureter médio e inferior são de acesso mais fácil e o ureteroscópio semirrígido é o mais adequado e o paciente sob raquianestesia →Cálculos localizados em ureter superior, principalmente em homens, são tratados com o ureteroscópio flexível sob anestesia geral → Quando existe dano ureteral ou presença de múltiplos fragmentos após a litotripsia, um cateter de drenagem ureteral chamado duplo J é implantado no ureter com o objetivo de evitar cólica ureteral pós-operatória, facilitar a cicatrização do ureter e a eliminação dos fragmentos residuais @med_._easy - Laura Minghe & Pedro Nakamura
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