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RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL E ÓBITO FETAL P R O F. N ATÁ L I A C A R VA L H O J U L H O D E 2 0 2 1 Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 2OBSTETRÍCIA APRESENTAÇÃO: PROF. NATÁLIA CARVALHO @profnataliacarvalho Olá, Estrategista, Hoje vamos aprender sobre restrição de crescimento fetal (RCF), uma das principais complicações da gestação, associada à elevada morbimortalidade perinatal. Apesar de ser um assunto pouco abordado nas provas de Residência Médica, a restrição de crescimento fetal foi um tema que apareceu em provas importantes nos últimos 5 anos, como você verá ao longo deste material. Para ganhar tempo, selecionei o que você mais precisa saber sobre restrição de crescimento fetal, dando atenção especial aos tópicos mais cobrados: diagnóstico e conduta. Vamos começar? https://www.instagram.com/profnataliacarvalho/ https://www.instagram.com/profnataliacarvalho/ Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 3 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal SUMÁRIO 1.0 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL 4 1.1 DEFINIÇÃO 4 1.2 CRESCIMENTO FETAL 5 1.3 ETIOLOGIA 6 1.4 FISIOPATOLOGIA 7 1.5 CLASSIFICAÇÃO 8 1.6 PREDIÇÃO E PREVENÇÃO DA RCF 10 1.7 DIAGNÓSTICO 12 1.8 CONDUTA 17 1.9 PROGNÓSTICO 20 2.0 ÓBITO FETAL 21 2.1 DEFINIÇÃO 21 2.2 CLASSIFICAÇÃO 23 2.3 FATORES DE RISCO 24 2.4 CAUSAS 25 2.5 MANEJO MATERNO APÓS MORTE FETAL 26 2.5.1 INVESTIGAÇÃO DA CAUSA 26 2.5.2 CUIDADOS PSICOLÓGICOS 27 2.5.3 RESOLUÇÃO DA GESTAÇÃO 27 3.0 LISTA DE QUESTÕES 29 4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 4.1 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL 30 4.2 ÓBITO FETAL 30 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31 Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 4 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal APÍTULO 1.0 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL 1.1 DEFINIÇÃO A restrição de crescimento fetal ( RCF), também conhecida como restrição de crescimento intrauterino (RCIU), é um termo usado para descrever o feto que não está crescendo em todo seu potencial, devido a algum processo patológico. Para a definição correta de RCF, é necessário avaliar o peso fetal, a circunferência abdominal fetal e a Dopplervelocimetria obstétrica. Peso estimado na ultrassonografia < percentil 10 para a idade gestacional RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL Dopplervelocimetria fetal alterada Circunferência abdominal na ultrassonografia < percenti10 para a idade gestacional Quando o peso fetal está abaixo do percentil 10 para a idade gestacional, podemos estar diante de um feto pequeno para idade gestacional (PIG) constitucional ou de um feto com restrição de crescimento. O que ajuda essa diferenciação é a presença de alterações do Doppler, circunferência abdominal abaixo do percentil 10 para idade gestacional e diminuição da velocidade de crescimento fetal nos fetos com restrição de crescimento. Atenção, Estrategista! É muito importante que você saiba como diferenciar um feto com RCF de um PIG constitucional, por isso vamos nos aprofundar nisso quando falarmos de diagnóstico. Fique ligado! Estratégia MED 5Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA 1.2 CRESCIMENTO FETAL A fase inicial do crescimento fetal ocorre nas primeiras 16 semanas e caracteriza-se pelo crescimento rápido do número de células (hiperplasia). Na segunda fase (até 32 semanas), há hiperplasia e hipertrofia celular. Já, na última fase de crescimento fetal, ocorre hipertrofia celular e maior acúmulo de gordura e glicogênio fetal. A velocidade de crescimento fetal é maior no terceiro trimestre, atingindo o pico por volta de 35 semanas. Com 15 semanas, o feto cresce aproximadamente 5g/dia e, com 32 semanas, o crescimento diário é de 30 a 35 g/ dia. Por isso, fetos com alteração de crescimento são diagnosticados principalmente no terceiro trimestre, como veremos a seguir. Estrategista, para melhor compreensão da fisiopatologia, das causas e dos tipos de RCF que serão estudados mais adiante, é fundamental primeiramente você apreender como ocorre o crescimento fetal normal. 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 HIPERTROFIAHIPERPLASIA E HIPERTROFIAHIPERPLASIA HIPERPLASIA E HIPERTROFIA HIPERTROFIA Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 6 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 1.3 ETIOLOGIA Estrategista, este tópico cai com bastante frequência das provas de Residência Médica, então preste bastante atenção! As causas de restrição de crescimento fetal (RCF) podem ser placentárias, fetais ou maternas, porém, em grande parte dos casos, a etiologia permanece desconhecida. A causa mais comum de RCF é a insuficiência placentária, que pode ocorrer principalmente em decorrência de distúrbios hipertensivos da gestação, mas também pelo uso de álcool, cigarro ou drogas, diabetes com vasculopatia, colagenoses e trombofilias. Aneuploidias, malformações fetais e infecções congênitas também podem levar à RCF, mas são causas mais raras que as de origem materna e placentária. A tabela a seguir resume as principais etiologias da restrição de crescimento fetal. ETIOLOGIA DA RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL Fetais Maternos Placentários Malformação fetal Desnutrição, baixo ganho de peso na gestação Insuficiência placentária Cromossomopatias Hipertensão arterial Inserção baixa de placenta Infecção congênita Anemia, cardiopatias, pneumopatias Placenta circunvalada Gestação múltipla Estresse Corangioma Uso de drogas, tabagismo e etilismo Inserção velamentosa do cordão Doenças autoimunes (lúpus e SAAF) Artéria umbilical única Lembre-se: uma das principais complicações do tabagismo, etilismo e uso de drogas é a restrição de crescimento fetal! Estratégia MED 7Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA 1.4 FISIOPATOLOGIA Aqui iremos focar na fisiopatologia da principal causa de RCF, que é a insuficiência placentária. Diante de alguma situação que leva à insuficiência placentária, ocorre deficiência crônica de nutrientes e oxigênio maternos fornecidos pela placenta, evento conhecido como hipóxia fetal crônica. Na presença de hipóxia fetal crônica, o feto desenvolve respostas adaptativas na tentativa de sobreviver ao ambiente com menos nutrientes e oxigênio. O fluxograma abaixo resume a sequência de respostas adaptativas sofridas pelo feto com hipóxia crônica. • Deficiência de oxigênio e nutrientes • Conservação de energia fetal - Diminuição da movimentação fetal e da reatividade cardíaca • Diminuição da taxa de crescimento fetal • Redistribuição circulatória - Diminuição da resistência da artéria cerebral média - Aumento da resistência da artéria umbilical e aórtica. • Hipóxia → acidose respiratória → acidose metabólica • Fluxo diastólico ausente ou reverso da artéria umbilical • Diminuição do liquido amniótico → oligoâmnio • Ausência de movimentação fetal • Ausência de reatividade e variabilidade da FCF • Desacelerações tardias persisdentes ESTRESSE MORTE FETAL DESCOMPENSAÇÃO PROGRESSIVA SEGUNDA RESPOSTA ADAPTATIVA PRIMEIRA RESPOSTA ADAPTATIVA Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 8 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Portanto, diante de RCF por insuficiência placentária, pode-se observar, na ultrassonografia obstétrica e na Dopplervelocimetria, os seguintes achados: aumento da resistência da artéria umbilical, diminuição da resistência da artéria cerebral média, aumento da resistência do ducto venoso e diminuição do líquido amniótico. Por isso, esses exames são importantes para o diagnóstico e conduta dos fetos com restrição de crescimento, como veremos mais adiante. 1.5 CLASSIFICAÇÃO A restrição de crescimento é classificada em precoce ou tardia, a depender da idade gestacional de seu surgimento.Se a RCF aparecer antes de 32 semanas, considera-se RCF precoce, se surgir após 32 semanas, considera-se RCF tardia. A RCF precoce é mais grave, está mais associada à alteração da artéria umbilical e à pré-eclâmpsia. Esses casos tendem a seguir uma sequência mais previsível de mudanças no Doppler da artéria umbilical e do ducto venoso. A RCF tardia, por sua vez, é mais comum e apresenta quadro mais leve e menos relacionado com pré-eclâmpsia e com alteração do Doppler da artéria umbilical. Por isso, há mais dificuldade em fazer o diagnóstico e acompanhamento dos casos de RCF tardia, sendo necessário utilizar o Doppler da artéria cerebral média e a relação cérebro-placentária para ajudar na diferenciação de PIG constitucional. RCF Precoce < 32 semanas Mais grave Mais raro RCF Tardia ≥ 32 semanas Menos grave Mais frequente Alteração ACM e Relação C/P Alteração AUM e DV Estratégia MED 9Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA A restrição de crescimento também pode ser classificada como: simétrica (tipo I), assimétrica (tipo II) ou mista (tipo III), conforme a tabela a seguir: CLASSIFICAÇÃO DA RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL TIPO I - SIMÉTRICO TIPO II- ASSIMÉTRICO TIPO III- MISTO 20 % dos casos 75% dos casos 5-10% dos casos Causas presentes desde o início da gestação Agressão ocorre mais tardiamente na gravidez Agressão na fase de hiperplasia e hipertrofia celular Feto com crescimento proporcional Desproporção entre o polo cefálico e o restante do corpo fetal Pode ser proporcional ou despro- porcional Malformações fetais Insuficiência placentária Desnutrição materna Alterações cromossômicas Hipertensão arterial Uso de drogas Infecção congênita Doenças autoimunes Tabagismo e etilismo Sem hipóxia fetal Pode levar à hipóxia fetal Pode levar à hipóxia fetal Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 10 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 1.6 PREDIÇÃO E PREVENÇÃO DA RCF A identificação precoce de gestantes com risco aumentado de RCF permite que essas mulheres recebam intervenções preventivas e tenham um acompanhamento rigoroso durante a gestação. Por isso, no primeiro trimestre, todas as gestantes devem ser estratificadas quanto ao risco de desenvolver RCF por meio dos fatores de risco clínicos e obstétricos. Considera-se gestante de alto risco para desenvolver RCF aquela que apresenta os fatores de risco listados na tabela a seguir: FATORES DE RISCO PARA RCF Idade materna avançada Gestante com baixo peso Gestantes que vivem em altas altitudes Anemia severa, hemoglobinopatias Fatores ambientais: poluição do ar, metais pesados Hipertensão arterial crônica Doença renal crônica Lúpus eritematoso sistêmico Doença inflamatória intestinal Síndrome do anticorpo antifosfolípides Diabetes pré-gestacional Gestação anterior com RCF ou pré-eclâmpsia Estratégia MED 11Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Alguns marcadores bioquímicos estão sendo associados a um risco aumentado de RCF: baixos níveis de PAPP-A e PIGF no primeiro trimestre e níveis aumentados de alfafetoproteína (AFP) no segundo trimestre. Contudo, o uso desses marcadores não está indicado de forma rotineira para predição de RCF, mas eles podem ser utilizados para estratificar o risco dessa patologia, quando indicados para o rastreamento de aneuploidias. O aumento da resistência da artéria uterina e a presença de incisura protodiastólica no primeiro e no segundo trimestre também estão associados ao maior risco de RCF, assim como de pré-eclâmpsia, porém seu uso de forma rotineira para predizer RCF também não está indicado. A seguir, temos a imagem Dopplervelocimétrica de uma artéria uterina normal (esquerda) e uma artéria uterina alterada (direita). MARCADORES BIOQUÍMICOS PAPP-A e PIGF baixos AFP alta MARCADORES BIOFÍSICOS Artérias uterinas com IP>95 Incisura protodiastólica das artérias uterinas Fonte: Arquivo Pessoal Fonte: Arquivo Pessoal Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 12 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 1.7 DIAGNÓSTICO Investiga-se RCF quando a gestante apresenta alto risco para desenvolver essa patologia ou quando há suspeita no pré- natal de crescimento abaixo do esperado para a idade gestacional. Como dito anteriormente, gestantes de alto risco para RCF devem fazer ultrassonografia seriada a partir de 24-28 semanas, a fim de diagnosticar precocemente essa patologia. Porém, o ultrassom no terceiro trimestre para detectar RCF não deve ser solicitado de forma rotineira em gestantes que não são de alto risco, nesses casos a suspeita de RCF dá-se pela medida da altura uterina. Sendo assim, suspeita-se de RCF quando a medida da altura uterina ou o peso fetal na ultrassonografia estão abaixo do esperado para a idade gestacional. A medida da altura uterina é feita durante toda consulta de pré-natal para avaliar de forma indireta o crescimento fetal e o volume de liquido amniótico. Quando a altura uterina está menor do que o esperado para idade gestacional, isto é, abaixo do percentil 10 para idade gestacional, devemos suspeitar de RCF ou oligoâmnio e solicitar uma ultrassonografia para avaliação de peso e liquido fetal. Após identificar as mulheres com risco aumentado para RCF, elas devem ser acompanhadas com ultrassonografia seriada a partir de 24-28 semanas de gestação. Além disso, deve-se orientar a suspensão do tabagismo, do etilismo e do uso de drogas ilícitas. As gestantes também devem ser informadas que o ganho de peso adequado na gestação reduz os riscos de RCF (veja no Livro Assistência ao pré-natal). O uso de aspirina na prevenção da restrição de crescimento fetal deve ser feito na dose 100-150 mg e iniciado antes de 16 semanas em gestantes com alto risco de RCF por insuficiência placentária ou de pré-eclâmpsia. A heparina, por sua vez, não está indicada para prevenção de RCF. Prevenção de RCF gestantes de alto risco Ultrassom seriado 24-28 semanas Suspensão tabagismo, etilismo e drogas ilícitas Ganho de peso adequado na gestação Aspirina 100-150mg antes de 16 sem. até o parto Estratégia MED 13Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Uma regrinha pratica para saber se a altura uterina está dentro do normal é usar a idade gestacional como referência, somando ou subtraindo o número 3. Se a altura uterina estiver dentro desse intervalo, provavelmente ela está normal. MEDIDA DA ALTURA UTERINA NORMAL Entre o percentil 10-90 ALTERADA Abaixo do percentil 10 RCF? Oligoâmnio? REGRINHA PRÁTICA: IG-3cm IG=30 AU normal: 30-3=27 AU alterada: <27cm Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 14 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Quando o peso fetal ou a circunferência abdominal estimados na ultrassonografia estão abaixo do percentil 10, suspeita-se de RCF ou feto PIG constitucional. Para estimar o peso fetal pela ultrassonografia, utiliza-se a medida de alguns parâmetros biométricos, que, em conjunto, fornecem uma estimativa do peso fetal, são eles: diâmetro biparietal, circunferência craniana, circunferência abdominal e comprimento do fêmur. Parâmetros biométricos para estimativa de peso fetal. A - diâmetro biparietal e circunferência fetal. B - circunferência abdominal. C - comprimento do fêmur. A circunferência abdominal é o indicador biométrico mais sensível de RCF, pois a depleção de gordura e glicogênio leva à redução do tecido abdominal e do tamanho hepático, respectivamente, fazendo com que a circunferência abdominal fique com tamanho menor do que o esperado para idade gestacional. Como já dito, há uma grande dificuldade em diferenciar o feto que é PIG constitucionaldaquele que tem RCF, mas essa diferenciação é muito importante, uma vez que os fetos com RCF apresentam elevados índices de morbidade e mortalidade perinatal e infantil, além de doenças crônicas na vida adulta. A história materna e o acompanhamento ultrassonográfico seriado, com avaliação do líquido amniótico e da Dopplervelocimetria da artéria umbilical, ajudam a distinguir o feto com restrição de crescimento fetal daquele constitucionalmente pequeno para a idade gestacional, mas, muitas vezes, esse diagnóstico somente é possível após o nascimento. RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL (RCF) • Dopplervelocimetria • Ultrassonografia Seriada • Índice de Líquido Amniotíco PEQUENO PARA A IDADE GESTACIONAL (PIG) Fonte: Arquivo Pessoal Estratégia MED 15Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Fetos PIG geralmente apresentam peso entre o percentil 3 e 10, velocidade de crescimento normal, líquido amniótico normal, Dopplervelocimetria normal e tamanho compatível com as características maternas, como peso, altura e etnia. Por outro lado, fetos com restrição de crescimento podem apresentar alterações na velocidade de crescimento, no volume de líquido amniótico e na Dopplervelocimetria obstétrica. Os principais parâmetros para diferenciar PIG de RCF são circunferência abdominal e Doppler da artéria umbilical Além disso, para o diagnóstico de RCF, deve-se saber com exatidão a idade gestacional, tanto pela data da última menstruação quanto pela ultrassonografia inicial. O melhor parâmetro ultrassonográfico para datar com exatidão a idade gestacional é a medida do comprimento cabeça-nádegas no primeiro trimestre, quando essa medida se encontra entre 7 e 60 mm. Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 16 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Gestante de baixo risco para RCF Pré-natal de rotina Altura Uterina < percentil 10 Gestante de alto risco para RCF Ultrassom seriado 24-28 semanas Ultrassom Obstétrico Peso Fetal estimado < percentil 10 Diferenciar PIG de RCF • Dopplervelocimetria • Avaliação do Líquido Amniótico • Ultrassom Seriado • PFE entre percentil 3 e 10 • Doppler e LA normais • PFE < percentil 3 • Doppler alterado • Oligoâmnio PIG constitucional RCF O fluxograma a seguir resume como é feito o diagnóstico de RCF. Estratégia MED 17Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA É muito importante lembrar que, diante de um feto com peso abaixo do percentil 10, a primeira conduta deve ser solicitar Dopplervelocimetria obstétrica, ultrassonografia seriada e avaliar o índice de liquido amniótico para diferenciar se estamos diante de um feto PIG ou uma RCF. 1.8 CONDUTA Atenção, Estrategista! Agora que já sabemos como fazer o diagnóstico de RCF, vamos aprender qual é a conduta diante dessa patologia. Fique atento, pois este tópico é bastante cobrado nas provas. A primeira conduta diante de uma gestante com RCF deve ser a investigação da etiologia da restrição de crescimento, que inclui realizar: • História clínica e obstétrica detalhada • Avaliação ultrassonográfica detalhada da morfologia fetal • Avaliação da Dopplervelocimetria obstétrica Investigação de infecções congênitas: toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, herpes, sífilis, malária e Zika vírus. Na presença de alguma alteração na morfologia fetal associada a fatores genéticos ou infecciosos, indica-se a realização de amniocentese para cariótipo ou PCR de agentes infecciosos. Excluindo as causas genéticas e infecciosas, a conduta deve ser focada para os casos de RCF por insuficiência placentária. A conduta na restrição de crescimento fetal (RCF) por insuficiência placentária tem como objetivo identificar os fetos que apresentam risco maior de morte perinatal e que podem se beneficiar da antecipação do parto, uma vez que não há tratamento efetivo para essa patologia na gestação. Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 18 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Para isso, deve-se fazer avaliação ultrassonográfica seriada da velocidade de crescimento fetal e avaliação da vitalidade fetal pelo perfil biofísico, Dopplervelocimetria obstétrica e cardiotocografia (Veja o Livro - Avaliação da vitalidade fetal). • Ultrassonografia seriada • Dopplervelocimetria obstétrica • Cardiotocografia • Perfil biofísico fetal • Amniocentese para cariótipo ou • PCR de agentes infecciosos Conduta na RCF • História clínica e obstétrica • Avaliação morfológica fetal • Dopplervelocimetria obstétrica • Investigação de infecções congênitas Investigar Etiologia RCF por insuficiência planetária RCF por infecção e alterações genéticas Estratégia MED 19Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA O intervalo entre o acompanhamento dos fetos com restrição de crescimento varia de acordo com a situação da Dopplervelocimetria obstétrica. O momento ideal do parto depende da combinação de diversos fatores, como a idade gestacional, a Dopplervelocimetria da artéria umbilical, do ducto venoso e o perfil biofísico fetal. Existem diversos protocolos de conduta para fetos com RCF. O protocolo a seguir segue o preconizado pela FIGO 2021. ACHADOS CONDUTA PIG constitucional (Doppler normal da artéria umbilical Peso fetal entre o percentil 3 e 9) Parto entre 37-39 semanas Indução do parto Doppler a cada 1-2 semanas PBF e CTG 1-2x por semanas ≥ 37 semanas Peso fetal < percentil 3 com Doppler e ILA normal Parto entre 36-38 semanas Indução do parto Doppler 1-2 x por semana PBF e CTG 1-2x por semanas ≥ 37 semanas IP artéria umbilical > percentil 95 IP artéria uterina > percentil 95 IP artéria cerebral média < percentil 5 Relação cerebroplacentária < percentil 5 Oligoâmnio Parto entre 34-37 semanas Indução do parto ou cesárea Doppler 1-2 x por semana PBF e CTG 1-2x por semanas Diástole ausente da artéria umbilical Parto entre 32-34 semanas Cesárea Doppler a cada 1-2 dias PBF e CTG 1-2x por dia Diástole reversa da artéria umbilical Parto entre 30-32 semanas Cesárea Doppler a cada 1-2 dias PBF e CTG 1-2x por dia Ducto venoso alterado PBF < 6/10 Parto entre 26-30 semanas Cesárea Doppler diário PBF e CTG 1-2x ao dia PBF < 4/10 CTG alterada Risco de vida materno (ex.: pré-eclâmpsia) Resolução da gestação independentemente da idade gestacional Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 20 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Deve-se fazer corticoterapia para maturação pulmonar e sulfato de magnésio para neuroproteção em fetos prematuros, seguindo o protocolo de prematuridade (Veja no Livro Prematuridade e trabalho de parto prematuro). Diante da necessidade de resolução da gestação, quando há diástole da artéria umbilical, com PFB e CTG normais, deve-se optar pela indução do parto, mesmo que o colo não seja favorável. Pode-se utilizar prostaglandinas ou cateter-balão de Foley para a maturação cervical (Veja no Livro Indução do parto). Diante de cardiotocografia, PBF ou artéria umbilical com diástole ausente/reversa ou ducto venoso alterado, as chances de o feto não tolerar o trabalho de parto são maiores, por isso, nesses casos, recomenda-se cesárea eletiva para resolução da gestação. Por fim, é importante encaminhar a placenta para avaliação anatomopatológica, a fim de ajudar na identificação da causa e na programação de uma gestação futura. 1.9 PROGNÓSTICO O risco de morte fetal e neonatal é em torno de 8x maior em fetos com restrição de crescimento do que naqueles com peso adequado para a idade gestacional. Além disso, há maior chance de síndrome do desconforto respiratório, problemas relacionados à prematuridade, sepse e atraso no neurodesenvolvimento, incluindo paralisiacerebral, sendo a morbidade perinatal cerca de 5x maior nos casos de RCF. Na vida adulta, essas crianças terão maior risco de desenvolver doenças como obesidade, disfunções metabólicas, resistência insulínica, diabetes tipo 2, doenças renais e cardiovasculares. A chance de recorrência da RCF em uma gestação futura é grande, a depender da causa relacionada. Por isso, na gestação subsequente, deve-se eliminar todos os riscos potenciais de RCF, como tabagismo, etilismo, uso de drogas e deficiência de nutrientes maternos. Estratégia MED 21Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Morte do produto conceptual antes da sua expulsão ou extração completa do corpo materno, independentemente da duração da gravidez. OMS Óbito a partir da 22ª semana completa de gestação ou 154 dias, ou fetos com peso igual ou superior a 500g ou estatura a partir de 25 cm. Ministério da Saúde Essas definições variam conforme a literatura, sendo que alguns autores consideram óbito fetal a partir de 28 semanas ou 1000g, outros consideram óbito fetal quando o concepto pesa 350g ou mais. Nesta seção, aprenderemos sobre algumas particularidades relacionadas ao óbito fetal (OF), uma das complicações da gestação de maior impacto na Obstetrícia. Esse tema cai com pouca frequência nas provas, por isso abordaremos aqui o que você realmente precisa saber para acertar toda as questões, dando ênfase ao tópico mais cobrado: manejo no óbito fetal. Então, vamos começar? 2.1 DEFINIÇÃO A Organização Mundial da Saúde (OMS) define óbito fetal como a morte do produto conceptual antes de sua expulsão ou extração completa do corpo materno, independentemente da duração da gravidez. A 10ª revisão da Classificação internacional de doenças (CID-10) e o Ministério da Saúde no Brasil, por sua vez, definem como morte fetal (natimorto) o óbito ocorrido a partir da 20ª-22ª semana completa de gestação ou 154 dias, ou fetos com peso igual ou superior a 500g ou estatura a partir de 25 cm. CAPÍTULO 2.0 ÓBITO FETAL Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 22 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal VAMOS LEMBRAR! Abortamento: óbito intrauterino antes de 20-22 semanas ou menos de 500g ou menos 25 cm. O produto do abortamento é chamado de aborto. Óbito fetal/Natimorto: óbito intrauterino a partir de 20-22 semanas ou 154 dias de gestação ou feto com peso igual ou superior a 500g ou a partir de 25 cm de estatura. Óbito neonatal/Neomorto: óbito do concepto após o nascimento e até 28 dias de vida. • Óbito neonatal precoce : óbito do concepto de 0-6 dias de vida. • Óbito neonatal tardio: óbito do concepto de 7-27 dias de vida Óbito perinatal: refere-se à junção dos óbitos fetais com os óbitos neonatais. Esses óbitos refletem a assistência pré- natal e neonatal. As taxas de mortalidade perinatal têm sido recomendadas como o indicador mais apropriado para a análise da assistência obstétrica e neonatal dos serviços de saúde. Óbito pós-natal: óbitos que ocorrem a partir de 28 até 364 dias de vida. Óbito infantil: refere-se à união dos óbitos neonatais com os óbitos pós-natais. Nascido vivo: é o concepto expulso ou extraído do corpo materno, independentemente da duração da gravidez, que respira ou apresenta qualquer sinal de vida, como batimentos do coração, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta. Precoce Óbito Fetal/Natimorto Tardio 20/22 semanas 28 semanas Nascido Vivo 0 dias 7 dias 28 dias 364 dias Óbito Neonatal /Neomorto Óbito pós-natal Precoce Tardio Óbito Perinatal Óbito Infantil Abortamento Estratégia MED 23Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Nos casos de óbito fetal, é obrigatório fornecer a Declaração de óbito à família; já, nos abortamentos, a Declaração de óbito não deve ser fornecida. Precoce Natimorto a partir de 28 semanasTardio 20-28 semanas 2.2 CLASSIFICAÇÃO Os natimortos podem ser classificados conforme a idade gestacional em natimortos precoces (entre 20 a 28 semanas) ou natimortos tardios (acima de 28 semanas). Também considera-se óbito fetal tardio quando o feto apresenta 1000g ou mais, ou 35 cm ou mais. A taxa de mortalidade fetal após 28 semanas tem-se reduzido com as melhorias na assistência pré-natal, porém o óbito fetal abaixo de 28 semanas tem-se mantido estável ao longo dos últimos anos. O óbito fetal também pode ser classificado em óbito fetal anteparto, que ocorre antes da gestante entrar em trabalho de parto ou intraparto, quando o óbito acontece durante o trabalho de parto. Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 24 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 2.3 FATORES DE RISCO Os principais fatores de risco associados ao OF estão listados na tabela a seguir: FATORES DE RISCO PARA ÓBITO FETAL Afrodescendência Nuliparidade Idade materna avançada Hipertensão arterial Diabetes Tabagismo, etilismo e uso de drogas Gestações múltiplas Parto prematuro Restrição de crescimento fetal Pré-eclâmpsia Estratégia MED 25Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA 2.4 CAUSAS As causas de OF podem ser divididas em causas fetais, placentárias e maternas. Apesar dos avanços da obstetrícia, 25% dos óbitos fetais ainda são classificados como causa indefinida. A tabela a seguir resume as principais causas de óbito fetal. CAUSAS DE ÓBITO FETAL Causas fetais – 25 a 40 % Anomalias hereditárias e cromossômicas Infecções congênitas Aloimunização Rh Hidropisias não imunes Causas placentárias e anexiais – 15 a 25 % Descolamento prematuro de placenta Insuficiência placentária Síndrome de transfusão feto-fetal Corioamnionite Prolapso de cordão Rotura de vasa prévia Causas maternas – 5 a 10 % Hipertensão Diabetes Síndrome anticorpo antifosfolípide Trombofilias hereditárias Traumas maternos Causas indeterminadas – 25 % Não foi possível descobrir a causa do óbito Algumas causas podem ser prevenidas ou tratadas ao longo do pré-natal, evitando o óbito fetal, como nos casos de infecções congênitas, aloimunização Rh e diabetes; outras, contudo, não são preveníveis ou tratáveis, por isso o óbito fetal não pode ser evitado, como no caso de anomalias hereditárias e cromossômicas. Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 26 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal 2.5 MANEJO MATERNO APÓS MORTE FETAL Atenção, Estrategista! A conduta diante de um óbito fetal é o tópico mais cobrado sobre esse tema nas provas. Então, fique atento! Diante de uma mulher com óbito fetal, a conduta deve envolver a investigação da causa do óbito fetal, os cuidados psicológicos e a resolução da gestação. 2.5.1 INVESTIGAÇÃO DA CAUSA Para identificar a causa do óbito fetal, é necessário avaliar a história clínica e obstétrica da gestante, solicitar exames laboratoriais maternos e avaliar o natimorto através de exame físico, autópsia e testes genéticos. Além da revisão dos exames laboratoriais e ultrassonográficos realizados durante o pré-natal, os exames laboratoriais maternos listados na tabela a seguir podem ajudar a identificar a causa do óbito. EXAMES LABORATORIAIS NECESSÁRIOS PARA INVESTIGAÇÃO DO ÓBITO FETAL Geral Hemograma completo Tipagem sanguínea e Coombs indireto Metabólicos Glicemia Hormônios tireoidianos Sorologias Parvovírus B19 Sífilis Citomegalovírus Toxoplasmose Rubéola Anticorpos autoimunes (trombofilias adquiridas) Anticoagulante lúpico Anticardiolipina Investigação de trombofilias hereditárias (somente nos casos de história familiar ou materna de trombose) Mutação do fator V Leiden Mutação do gene da protrombinaNíveis de antitrombina III Atividade da proteína C e S Estratégia MED 27Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA Deve-se realizar o exame físico do natimorto, sua placenta, membranas e cordão umbilical. Os testes cromossômicos e gênicos são necessários principalmente frente a natimorto com restrição de crescimento de causa não identificada no pré-natal, características dismórficas, anomalias ou hidropisia não imune, perdas embrionárias e fetais recorrentes ou pais portadores de translocação balanceada e mosaicismo. Os testes genéticos podem ser feitos por amniocentese no momento do diagnóstico do OF ou, após o nascimento, através da análise de segmentos da placenta, do cordão umbilical, da junção costocondral ou da patela. 2.5.2 CUIDADOS PSICOLÓGICOS Uma parte importante da conduta diante de um natimorto é o cuidado psicológico dos pais e familiares, a fim de minimizar os danos causados por essa perda. Algumas medidas importantes que devem ser tomadas: • Permitir que haja contato entre a mãe e o natimorto. • Conversar sobre os medos e as angústias. • Responder a todos os questionamentos dos pais e familiares. • Tentar elucidar a causa do óbito • Oferecer acompanhamento psicológico prolongado. 2.5.3 RESOLUÇÃO DA GESTAÇÃO O método e o momento do parto após o OF dependem da idade gestacional do natimorto, da causa do óbito, da história obstétrica pregressa e do desejo materno. Deve-se priorizar o parto normal, seja espontâneo ou induzido. O parto cesáreo é reservado para casos excepcionais, pois os riscos maternos do procedimento cirúrgico não são compensados por beneficio fetal. A conduta expectante deve ser priorizada, uma vez que 75-90% das gestantes entram em trabalho de parto espontâneo em até 2 semanas. Por isso, caso a família concorde, deve-se aguardar o trabalho de parto espontâneo por até 4 semanas. Sabe-se que o óbito fetal aumenta o risco de coagulopatias na gestante, em decorrência da liberação gradual de tromboplastina da placenta para a circulação materna. O risco de coagulação intravascular disseminada é em torno de 2% e aumenta quanto maior for o tempo entre o OF e a resolução da gestação. Por isso, nos casos de conduta expectante, está indicado o acompanhamento com coagulograma, de preferência semanal. A maioria das mulheres prefere a resolução imediata da gestação diante de um diagnóstico de OF. Nesses casos, deve-se optar pela indução do parto. Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 28 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal Como na maioria das vezes o colo uterino ainda está imaturo, primeiramente realiza-se a maturação cervical, dando preferência ao uso das prostaglandinas (misoprostol ou dinoprostone), por sua ação mais rápida e mais efetiva. O uso do misoprostol para a maturação cervical nos casos de OF vai depender da idade gestacional. As doses recomendadas pela FIGO estão na tabela a seguir: 13-26 semanas: 200 mcg a cada 6 horas 27-28 semanas : 100 mcg a cada 6 horas acima de 28 semanas : 25 mcg a cada 6 horas Alguns estudos demonstram segurança no uso de misoprostol na indução de fetos menores de 28 semanas e cicatriz de cesárea anterior. Já, em gestações com mais de 28 semanas, essa medicação deve ser evitada pelo risco aumentado de rotura uterina. Por isso, diante de cesárea anterior, deve-se dar preferência para os métodos mecânicos de maturação cervical, como a sonda de Foley. A cesárea deve ser indicada somente se houver alguma contraindicação absoluta ao parto normal, como no caso de placenta prévia, massa tumoral prévia, cicatriz uterina longitudinal ou miomectomia prévia. Além do acompanhamento psicológico, as puérperas devem ser orientadas a enfaixar a mama e tomar cabergolina ou bromocriptina para inibição da lactação. No caso de gestação futura, essas mulheres devem ser acompanhadas em pré-natal de alto risco, pois a chance de acontecer um novo OF é maior. Baixe na App StoreBaixe na Google Play Aponte a câmera do seu celular para o QR Code respec�vo ou busque na sua loja de apps Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 29 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA https://estr.at/Yqoh https://estr.at/Yqoh https://estr.at/Yqoh Estratégia MED Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 30 OBSTETRÍCIA Restrição de Crescimento Fetal e Óbito Fetal CAPÍTULO 4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL 1. Zugaib obstetrícia 4 ed. Manole 2020. 2. Cunningham, F. Gary. Obstetrícia de Williams. 24 ed. AMGH editora 2016. 3. Society for Maternal-Fetal Medicine (SMFM). Martins JG, Biggio JR, Abuhamad A. Society for Maternal-Fetal Medicine Consult Series #52: Diagnosis and management of fetal growth restriction: (Replaces Clinical Guideline Number 3, April 2012). Am J Obstet Gynecol 2020; 223:B2. 4. Fetal Growth Restriction: ACOG Practice Bulletin, Number 227. Obstet Gynecol 2021; 137:e16. 5. Ganzevoort W, Thornton JG, Marlow N, et al. Comparative analysis of 2-year outcomes in GRIT and TRUFFLE trials. Ultrasound Obstet Gynecol 2020; 55:68. 6. Melamed N, et al. FIGO (international Federation of Gynecology and obstetrics) initiative on fetal growth: best practice advice for screening, diagnosis, and management of fetal growth restriction. Int J Gynaecol Obstet. 2021 Mar;152 Suppl 1:3-57. doi: 10.1002/ijgo.13522. PMID: 33740264. 4.2 ÓBITO FETAL 1. Zugaib obstetrícia 4 ed. Manole 2020. 2. Cunningham, F. Gary. Obstetrícia de Williams. 24 ed. AMGH editora 2016. 3. Wojcieszek AM, Shepherd E, Middleton P, et al. Interventions for investigating and identifying the causes of stillbirth. Cochrane Database Syst Rev 2018; 4:CD012504. 4. Management of Stillbirth: Obstetric Care Consensus No, 10. Obstet Gynecol 2020; 135:e110. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual de Vigilância do Óbito Infantil e Fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 96 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) https://www.uptodate.com/contents/fetal-growth-restriction-evaluation-and-management/abstract/1 https://www.uptodate.com/contents/fetal-growth-restriction-evaluation-and-management/abstract/1 https://www.uptodate.com/contents/fetal-growth-restriction-evaluation-and-management/abstract/10 https://www.uptodate.com/contents/fetal-growth-restriction-evaluation-and-management/abstract/50 https://www.uptodate.com/contents/fetal-growth-restriction-evaluation-and-management/abstract/50 about:blank about:blank about:blank Estratégia MED 31Prof. Natália Carvalho| Resumo Estratégico | Julho 2021 Restrição de Crescimento Fetal e Óbito FetalOBSTETRÍCIA CAPÍTULO 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de mais um resumo, você conseguiu! Para fixar seus conhecimentos, não deixe de resolver as questões deste tema em nosso sistema de questões. Se quiser se aprofundar mais, veja nosso livro digital sobre Restrição de Crescimento fetal e Óbito Fetal. Lembre-se de que, aqui no Estratégia MED, temos o Fórum de dúvidas! Se tiver qualquer dúvida ou dificuldade, tanto com a teoria quanto com a resolução das questões, pode se comunicar comigo sempre que achar necessário, estarei a postos para ajudá-lo. Conte comigo nessa jornada! Natália Carvalho 1.0 RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL 1.1 DEFINIÇÃO1.2 Crescimento fetal 1.3 Etiologia 1.4 Fisiopatologia 1.5 Classificação 1.6 Predição e Prevenção da RCF 1.7 Diagnóstico 1.8 Conduta 1.9 Prognóstico 2.0 ÓBITO FETAL 2.1 DEFINIÇÃO 2.2 CLASSIFICAÇÃO 2.3 FATORES DE RISCO 2.4 CAUSAS 2.5 MANEJO MATERNO APÓS MORTE FETAL 2.5.1 Investigação da causa 2.5.2 Cuidados psicológicos 2.5.3 Resolução da gestação 3.0 LISTA DE QUESTÕES 4.0 Referências Bibliográficas 4.1 Restrição de Crescimento Fetal 4.2 Óbito Fetal 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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