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Universidade de São Paulo Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto Disciplina de Diagnóstico I Christiano de Oliveira Santos oliveirach@usp.br Doença infecciosa, multifatorial, que causa a destruição localizada dos tecidos dentais duros (esmalte, dentina e cemento) devido aos ácidos provenientes do metabolismo bacteriano. Presente em todas as populações do mundo P e te rs e n e t a l, 2 0 0 5 (CPO 12 anos) Dor Ausências no trabalho Perdas de dentes (mutilação!) Século XIX A Odontologia se estabelece como profissão da área da saúde Barba, cabelo e extração Século XX Esforços para combater a dor e restaurar dentes Enfoque no tratamento Evolução das técnicas restauradoras e materiais dentários - Cárie secundária Não parava o processo a longo prazo Anos 1930 Anos 1940 e 1950 Cárie evitada com penicilina Roedores germ-free não desenvolviam cárie Flúor na água potável menos cárie em populações Século XX – segunda metade Foco na prevenção Declínio da cárie em crianças Erradicação da cárie? Fim da Odontologia? Microorganismos Diagrama da natureza multifatorial da cárie TempoDieta C á ri e Hospedeiro Saliva (fluxo, capacidade tampão) Dente (anatomia+posição) Microorganismos Streptococcus mutans Lactobacilos sp Actinomyces sp Dieta Carboidratos (sacarose + frequência de consumo) Thylstrup e Fejerskov, 1988; Henostroza, 2008 Hospedeiro Tempo Microorganismos Natureza multifatorial TempoDieta Hospedeiro C á ri e Natureza multifatorial da cárie Idade Hábitos Dieta Microbiota Saúde geral Grau de instrução / Nível socio-econômico Funções Lavagem Solubilização de substâncias (sabor) Formação do bolo alimentar Lubrificação tecidos moles Facilitar mastigação, deglutição, fonação Funções Componentes específicos Digestão (amilase salivar) Neutralização de ácidos (capacidade tampão) Concentrações de cálcio e fosfato Formação da película adquirida Defesa antimicrobiana Origem Glândulas principais (90%) Glândulas salivares menores Fluxo crevicular gengival Produção diária 0,5 a 1,0 litro Composição 99% água 1% proteínas e eletrólitos Importância do fluxo adequado Limpeza salivar (restos de alimentos, bactérias) Diluição de substâncias cariogênicas Fluxo Salivar Hipossalivação Não estimulada ≤ 0,1 ml/min Estimulada ≤ 0,5 ml/min * Xerostomia: sensação de boca seca Hipossalivação Causas mais comuns - Efeito colateral de medicamentos (anti-depressivos, anti-histamínicos, anti-hipertensivos, antieméticos, narcóticos) - Polifarmácia - Radioterapia (cabeça e pescoço) - Doenças auto-imunes (artrite reumatóide, S. Sjögren) - Bulimia, anorexia, desnutrição, desidratação, dietas - Diabetes Hipossalivação Sinais e sintomas - Mucosa seca e dolorida - Disfonia - Dificuldade de deglutir alimentos secos - Dificuldade de usar próteses removíveis - Distúrbios no paladar - Sede - Lábios secos e queilite angular - Infecções orais (Candidíase, etc) - Padrão de cárie atípico (superfícies lisas, borda incisal, ponta de cúspide) www.capedental.com Cálcio e Fosfato inorgânico - Secretados pelas glândulas salivares -Saturação → precipitação Flúor - Sangue → Glândulas salivares - Concentração depende do flúor ambiental (principalmente água potável) Flúor Reduz a taxa de desmineralização e aumenta a incorporação mineral Fluorose dentalNão faz milagres! Natureza multifatorial da cárie TempoDieta Hospedeiro C á ri e 5 a 10 microorganismos para cada célula humana Boca: mais de 300 espécies Microbiota residente Proteção contra microorganismos patogênicos Saturação (sítios não disponíveis para adesão) Competição por nutrientes Criação de microambientes desfavoráveis Placa bacteriana -Adesão de células bacterianas simples (0-4h) -Crescimento das bactérias aderidas – formação de microcolônias distintas (4-24h) -Sucessão e co-agregação – alta diversidade (1-14 dias) -Comunidade clímax / placa madura - expulsão de espécies invasoras Necessário cerca de 2 dias para que a placa bacteriana comece a formar ácidos para desmineralização - Processo dinâmico Natureza multifatorial da cárie TempoDieta Hospedeiro C á ri e Microorganismos Carboidratos Substrato - Sacarose - Outros (amidos, novos industrializados) Padrão de consumo Frequência - Mais importante que quantidade Consistência As lesões de cárie são consideradas sinais da doença. - Destruição/desestruturação localizada dos tecidos - Processo dinâmico Doença crônica Processo geralmente ocorre de forma lenta Sem tratamento progride até destruir totalmente o dente Necrose pulpar Mancha branca Ultra-estrutural Formação de cavidade Destruição total Visível clinicamente Microscópica Tempo Perda Mineral Thylstrup; Fejerskov, 1988. Estágios progressivos da perda mineral (mancha branca) pH=6,2 Desmineralização (ação de ácidos) Condições normais Remineralização (ação tampão da saliva) pH crítico= 5,5 Ca+2 PO4- Ca+2 PO4- PO4- Ca+2 PO4- pH = 6,2 Ca+2 PO4- Ca+2 PO4-PO4-Ca+2 T h yl s tr u p e F e je rs k o v , 2 0 0 1 pH=6,2 Desmineralização (ação de ácidos) Condições normais pH crítico= 5,5 Ca+2 PO4- Ca+2 PO4- PO4- Ca+2 PO4- Thylstrup e Fejerskov, 2001. Desmineralização Ação tampão da saliva pH mais baixo Ca+2 PO4- Ca+2 PO4- PO4-Ca+2 PO4- Ca+2 PO4- Ca+2 PO4- PO4-Ca+2 PO4- Desmineralização ...com o desequilíbrio a favor da DES, a primeira manifestação clínica da cárie é uma área esbranquiçada não cavitada, conhecida como MANCHA BRANCA. Thylstrup e Fejerskov, 2001. Considerações clínicas Por que mancha branca?? Desmineralização Aumento do espaços intercristalinos Diminuição e alteração na organização dos cristais Esmalte normal translúcido Secagem com ar Esmalte Índice de refração = 1,62 Água Índice de refração = 1,33 Consolaro, 2006. Ar Índice de refração = 1,0 Mancha branca visualizada só com secagem → Metade externa do esmalte Sem secagem → Além da metade, possivelmente já em dentina https://pocketdentistry.com/1-management-of-dental-caries/. Reação pulpar Hiperemia Pulpite (reversível / irreversível) Necrose pulpar Lesão periapical (aguda / crônica) Osteomielite Lesão de cárie Ativa Inativa / controlada Processo dinâmico!! Definições importantes para o diagnóstico Lesão de cárie Primária Recorrente/Residual Definições importantes para o diagnóstico Lesão de cárie Cárie rampante Definições importantes para o diagnóstico Cárie de mamadeira Cárie de radiação w w w .b io d en th .b e w w w .a b cd as au d e. co m .b r Locais “favoráveis” Locais de difícil “acesso” Propícios à colonização bacteriana e estagnação do biofilme Propagação da lesão em superfícies proximais Segue a orientação oblíqua dos prismas de esmalte Th y ls tr u p e F e je rs k o v , 1 9 8 8 ; H e n o st ro za , 2 0 0 8 Xavier, 2007. Xavier, 2007. Xavier, 2007. Thylstrup, 2003. Thylstrup, 2003. Thylstrup, 2003. Propagação em zonas de fossas e fissuras Segue a orientação dos prismas de esmalte Thylstrup e Fejerskov, 1988; Henostroza, 2008 Lesão de cárie em dentina Túbulos dentinários Terminações nervosas Prolongamentos citoplasmáticos dos odontoblastos odontopedia.info Lesão de cárie em dentina Dentina reacional ou terciária dentaljuce.com Métodos de diagnóstico 1.Exame visual 2.Exame tátil 3.Exame radiográfico 5.Transiluminação por fibra óptica - FOTI 4.Fluorescência a laser - DIAGNOdent Fejerskov; Kidd, 2005; Pitts, 2009 6.Condutibilidade elétrica Métodos de diagnóstico Exame visual Método mais utilizado REQUISITOS FUNDAMENTAIS Dentes limpos Secagem Adequada iluminação Adaptado de Henostroza et al, 2008. Métodos de diagnóstico É necessário considerar a área do dente que será examinada Face livre Superfície radicular Face proximal Fossas e FissurasCortês, 1998; Henostroza , 2008. Exame visual Aspecto clínico do esmalte Perda de translucidez normal Perda do brilho e aspecto ligeiramente poroso São difíceis de serem detectadas em estágio precoce A. Lesões de fossas e fissuras Exame visual www.dentalaegis.com Aspecto clínico do esmalte Muitas pigmentações nessa área podem ser exógenas A. Lesões de fossas e fissuras Exame visual http://rickwilsondmd.typepad.com/ A. Lesões de fossas e fissuras Exame visual www.ucladentaliptp.files.wordpress.com A. Lesões de fossas e fissuras Exame visual http://www.diagnocam.com/EN/Productinfo/Examples.aspx A. Lesões de fossas e fissuras Exame visual Universal Visual Scoring System for Caries Detection and Diagnosis www.univiss.net Branca Branca + marrom Marrom Sinais iniciais Estabele- cida Micro- cavidade Dentina exposta Cavidade grande Exposição pulpar Translúcido acinzentado COR EVOLUÇÃO w w w .u n iv is s. n et Branca Sinais iniciais Estabelecida Micro-cavidade Dentina exposta Cavidade grande Exposição pulpar w w w .u n iv is s. n et Branca / Marrom Sinais iniciais Estabelecida Micro-cavidade Dentina exposta Cavidade grande Exposição pulpar w w w .u n iv is s. n et Marrom Sinais iniciais Estabelecida Micro-cavidade Dentina exposta Cavidade grande Exposição pulpar w w w .u n iv is s. n et Acinzentada / translúcida Estabelecida Micro-cavidade Dentina exposta Quando a lesão é ampla (ou o dente adjacente está ausente) é possível observação direta shakyasudin.com www.dentistrytoday.com B. Lesões proximais Exame visual Cunhas interproximais ou elásticos separadores ortodônticos. B. Lesões proximais Exame visual www.dentsply.es B. Lesões proximais Exame visual http://www.diagnocam.com/EN/Productinfo/Examples.aspx B. Lesões proximais Exame visual Aspecto clínico da lesão Aspecto opaco e frequentemente associada ao biofilme dental Superfície rugosa se comparada ao esmalte sadio, Forma oval com limites definidos Henostroza , 2008. C. Lesões em faces livres Exame visual Sinais iniciais Estabelecida Micro- cavidade Dentina exposta Cavidade grande EVOLUÇÃO Pigmentação por nicotina Exame visual Lesão de cárie radicular Perda de inserção periodontal Idade Exposição da JAC →Área de estagnação da placa Ativa Amolecida, amarelada/acastanhada, placa visível Inativa Brilhante, dura à sondagem, pigmentada www.paulohenriquesperio.com.br Métodos de diagnóstico Uso do fio dental em lesões proximais: detecção de rugosidade superficial. Sonda exploradora: uso restrito Método mais tradicional e associado ao exame visual. Cortês, 1998; Henostroza , 2008. Exame tátil Heinrich-Weltzien, R et al. Effects of Dental Probing on Occlusal Surfaces – A Scanning Electron Microscopy Evaluation Caries Res v.41, p.43-48, 2007. Panorama da sondagem em fissura oclusal com lesão de cárie inicial. Métodos de diagnóstico Portanto, atualmente restringe-se o uso deste método 1. Lesão na fase inicial não retém a ponta da sonda 2. Pode causar danos irreversíveis impossibilitando remineralização futura e até formação de cavitação. 3. O uso deve limitar-se somente a superfícies radiculares 4. Pode ser utilizada para eliminação de detritos que interfiram na visualização direta e não para avaliar dureza da área. Fejerskov; kidd, 2005. Exame tátil com sonda Exame Radiográfico Métodos de diagnóstico http://www.diagnocam.com/EN/Productinfo/Examples.aspx Métodos de diagnóstico ASPECTOS IMPORTANTES Exame complementar importante para o diagnóstico Risco da radiação ionizante Realizar as técnicas corretamente Uso de vestimenta plumblífera e protetor de glândula tireóide Conhecer os tipos de radiografias e fazer a solicitação correta para o caso Técnica mais indicada – interproximal ou bite-wing; Cortês, 1998; Xavier , 2007. Exame Radiográfico Métodos de diagnóstico Exame Radiográfico Métodos de diagnóstico Exame Radiográfico Métodos de diagnóstico - Sobreposição de estruturas - Subestimação da severidade da lesão - Não permite diferenciar lesões pré-cavitadas daquelas cavitadas. - Efeito burn out (radiolucência cervical) Cortês, 1998. Exame Radiográfico Limitações Efeito burn out (radiolucência cervical) Cárie oculta: Aparência intacto do exame, porém, com a dentina subjacente comprometida Restaurações unitárias - Material metálico ou não metálico Sobrecontorno (restauração com excesso) Subcontorno (restauração com falta) www.dentistrytoday.com Cárie subjacente à restauração Recidiva? Residual? www.ppdentistry.com Cárie? Tratamento endodôntico Próteses parciais (fixas e removíveis) Próteses totais d en ti st as p .c o m .b r Prótese Tratamento endodôntico Pino radicular / Retentor intracanal Implantes Agradecimento: Dra. Luciana Mascarenhas Fejerskov & Kidd, 2005 (Biblioteca) Thylstrup & Fejerskov, 2001 (Biblioteca)
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