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Resumo Cariologia T H A L I T A M U R A R O C A R I O L O G I A Esmalte: - É considerado o tecido mais duro do organismo humano, devido a seu alto conteúdo de sais minerais - Material inorgânico (96%) e somente uma pequena porcentagem de material orgânico e água (4%) - Mineral denominado apatita, que pode ter agregado a ele o cloreto (Cl–), fluoreto (F–) ou hidróxido (OH–) Dentina: - Tecido conjuntivo diferenciado recoberto pelo esmalte na superfície coronária e pelo cemento na superfície radicular - Produzida pelos odontoblastos, as quais estão localizados em torno da polpa - Consiste em 30% de matéria orgânica e 70% de material inorgânico. A substância orgânica é constituída fundamentalmente de fibras colágenas, e a porção mineralizada é composta de cristais de apatita - A dentina primária é depositada durante a formação do dente, até o fechamento do ápice ou até entrar em oclusão - A dentina secundária é depositada lentamente no decorrer da vida Aspectos normais da saliva: - Produzido predominantemente por três pares de glândulas salivares (parótida, submandibular e sublingual) - Composta, principalmente, de água (99,5%), de matéria orgânica (0,3%) e inorgânica (0,2%) - Funções: digestão de carboidratos, lubrificação dos tecidos duros e moles da cavidade oral, facilitar a mastigação, formação do bolo alimentar e a deglutição, neutralização e tamponamento dos ácidos dos alimentos ou produzidos pelo biofilme, saturação de íons cálcio e fosfato inorgânico - Atua na formação da película adquirida por meio da adsorção de glicoproteínas salivares sobre os dentes, a película protege os dentes da agressão química e mecânica, entretanto, funciona, também, como substrato para a colonização bacteriana - O fluxo salivar e a composição da saliva podem variar devido à influência de diversos fatores como sexo, idade, estado emocional, influências hormonais, doenças agudas, disfunção mastigatória, grau de hidratação do corpo, dieta, má nutrição, ação de drogas, radioterapia, estímulo mecânico, gustatório e psicológico e a duração do estímulo Biofilme dentário: - Aglomerado de microrganismos que colonizam a superfície dentária - A diversidade da microflora oral aumenta durante os primeiros meses de vida, com a erupção dos dentes, criam-se novos nichos para a colonização microbiana - Streptococcus mutans e S. sanguis só são encontrados na boca, após a erupção dos dentes - Efeitos diretos: a diminuição da imunidade pode levar ao aumento de bactérias não orais (estafilococos e enterobactérias) - Efeitos indiretos: uso de próteses dentárias em idosos promove a colonização de fungos, a ingestão de medicações de uso contínuo podem levar a redução do fluxo salivar, o que promove a colonização por lactobacilos. - A boca é notoriamente aeróbica e, ainda assim, bactérias anaeróbias e anaeróbias facultativas são capazes de persistir na profundidade de biofilmes sobre as superfícies (língua e dentes) - Saliva : • Ajuda a manter o pH em valores em torno de 6,75 à 7,25, e a temperatura em torno de 35 à 36ºC, a qual é ideal para muitos microrganismos • Contém glicoproteínas e proteínas que atuam como fonte primária de carboidratos, peptídeos e aminoácidos para crescimento bacteriano • Libera um espectro de fatores inatos e específicos de defesa imunológica do hospedeiro Etiologia e patogênese da cárie: C A R I O L O G I A Etiologia e patogênese da cárie: - Consumo frequente de açúcar, em especial a sacarose, ocorre uma alteração no balanço da microbiota residente no biofilme, processo denominado DISBIOSE (desequilíbrio), o que pode levar ao desenvolvimento da doença e a lesão cariosa - Disbiose do biofilme dentário vem acompanhada pelo domínio de bactérias acidogênicas (produtoras de ácidos a partir do metabolismo anaeróbico do açúcar), acidúricas (vivem bem em ambiente ácido) e produtoras de polissacarídeos extracelulares (PEC- aumentam o potencial de aderência entre bactérias, servem como reserva energética, protegem as bactérias contra agentes antimicrobianos e dificultam a remoção mecânica pela higienização) Doença cárie dentária: - Doença complexa causada pelo desequilíbrio no balanço entre o mineral do dente e o fluido do biofilme - A produção de ácido por meio da metabolização de nutrientes pelas bactérias do biofilme e consequente baixa do pH é o fator responsável pela desmineralização do tecido dentário que pode resultar na formação da lesão de cárie Risco cárie: - Probabilidade de um indivíduo desenvolver certo número de lesões cariosas, atingindo um determinado estágio de progressão durante um período específico Lesão de cárie: - É o sinal clínico da doença cárie, podendo ser distribuídos em uma escala que inicia com a perda mineral em nível ultraestrutural até a total destruição do dente Atividade ou incidência de cárie: - É a velocidade da progressão das lesões cariosas C A R I O L O G I A Papel da saliva no desenvolvimento da lesão de cárie: - Limpeza fisiológica através de seu fluxo: as taxas de fluxo normais para saliva total não estimulada encontram-se entre 0,2 e 0,5 mℓ/min • Xerostomia: redução de fluxo salivar, altera o processo normal de remineralização favorecendo a desmineralização - Equilíbrio da microbiota bucal: ação combinada de proteínas antimicrobianas da saliva, tal como a lisozima, que é capaz de hidrolisar a parede celular bacteriana; lactoferrina, que tem atividade bacteriostática, bactericida, fungicida, antiviral e anti- inflamatória, as aglutininas levam à agregação de diversos microrganismos, e as imunoglobulinas atuam na adesão e fagocitose bacteriana • Película adquirida: serve para a adesão ou repulsão de microrganismos num momento seguinte, acredita-se ainda que é capaz de favorecer à remineralização, por manter o cálcio e fosfato próximos à superfície dentária durante a exposição aos ácidos • A profilaxia profissional, o condicionamento ácido e clareamento são capazes de remover a película adquirida, já a escovação pode influenciar no atraso da adsorção de novas proteínas quando é utilizado o Lauril Sulfato de Sódio (LSS), o que pode deixar a superfície mais vulnerável aos ácidos da dieta - Efeito-tampão: propriedade de a saliva manter o seu potencial Hidrogeniônico (pH) constante de 6,9 à 7,0, graças aos seus tampões mucinato/mucina (bicarbonato) e (fosfato) - Participação no processo DES-RE: • Esmalte pH crítico: 5,5 , onde haverá predomínio da desmineralização. Com o uso do flúor, o “pH crítico” é mais baixo, de aproximadamente 4,5, atrasando o processo • Dentina o pH crítico: 6,2-6,3 Biofilme: - A cavidade oral de um recém-nascido é estéril, com o passar dos meses a quantidade de microrganismos aumenta gradativamente. Os pioneiros são: Streptococcus salivarius, mitis e oralis. Em seguida surgem anaeróbios gram-negativos: Prevotella melaninogenica, Fusobacterium nucleatum e Veillonella spp. Mais tarde, com a erupção dos dentes, surgem os Streptococcus mutans e sanguinis. Essa flora bacteriana permanece em equilíbrio, sendo influenciada pela dieta, higiene e alterações hormonais - Capacidade acidogênica: pré-requisito essencial para que um microrganismo seja considerado cariogênico - Capacidade acidúrica: sobrevivência do microrganismo em pH ácido, permitindo que desenvolva as suas atividades metabólicas em ambientes de pH baixo, tais como sulcos e fissuras dos dentes F A T O R E S D A D O E N Ç A Dieta: - Carboidratos podem ser armazenados na forma de Polissacarídeos Intracelulares (PIC) e Extracelulares (PEC) - PIC: formados por diversos açúcares e são reservas utilizadas no metabolismo bacteriano em momentos de escassez - PEC: advêm da metabolização exclusiva da sacarose e atuam na adesão bacteriana, aumentando a porosidade da matriz do biofilme, o que confere à sacarose o título de açúcar mais cariogênico Alimentos e sua cariogênicidade: - Os alimentos mais rapidamente metabolizados pelas bactérias do biofilme são os açúcares - Leite e os seus derivados, principalmente o queijo, possuem efeito protetor contra a cárie, em razãoda presença de cálcio, fosfato e caseína Acesso aos fluoretos: - Um dos responsáveis pelas reduções da cárie e o seu uso considerado eficiente é pela fluoretação da água e compondo os dentifrícios, a fim de que haja disponibilidade de íons nos fluidos bucais (saliva, fluido do biofilme) F A T O R E S D A D O E N Ç A Classificações das lesões cariosas: - De acordo com a localização anatômica: lesão de cárie coronária e lesão de cárie radicular - Quanto ao sítio anatômico: lesão de superfície lisa e lesão de fossas e fissuras, observando que lesões de superfície lisa podem iniciar no esmalte (cárie de esmalte) ou em cemento (cárie de cemento) - Quanto à presença de cavidade: lesão de cárie não cavitada e lesão de cárie cavitada - Quanto ao tecido envolvido: lesão de cárie em esmalte, lesão de cárie em dentina e lesão de cárie em cemento - Quanto à atividade: podendo ser lesão de cárie ativa (aguda) ou lesão de cárie inativa (crônica) - Quanto à presença ou não de restauração prévia na superfície dentária: lesão primária de cárie é aquela que atingiu a superfície pela primeira vez e lesão secundária de cárie é aquela que ocorre ao redor de uma restauração realizada anteriormente, denominada recorrente ou recidiva - Quanto à profundidade: incipiente, penetra parcialmente no esmalte, moderada, penetra mais profundamente no esmalte, mas ainda não atinge a junção amelodentinária, avançada, atravessa a junção amelodentinária, mas não atinge a câmara pulpar e profunda, penetra o esmalte e a dentina, aproximando-se da polpa Características das lesões cariosas: - Nos primeiros 4 anos após a erupção dentária, o dente sofre a maturação pós- eruptiva do esmalte, aquisição de íons de cálcio e fosfatos pela saliva. Nesse período ele apresenta um risco maior de desenvolver lesões de cárie, pela incompleta maturação do esmalte, após a aquisição desses íons, o esmalte dentário apresenta maior dureza, portanto, maior resistência aos ataques ácidos - O período de maior risco para o aparecimento de lesões cariosas é entre o início da erupção até atingir a oclusão funcional Alterações no esmalte no início da lesão cariosa: - Áreas de estagnação: depósitos ao longo da margem gengival, nos nichos interproximais, nos sistemas de fossas e fissuras, em ranhuras e outros locais de difícil acesso para higienização - Após permanecerem 14 dias com biofilme completamente inalterado, as alterações do esmalte tornam-se macroscopicamente visíveis após secagem com ar, alterações esbranquiçadas e opacas, representando o primeiro sinal clínico da cárie dentária - Após 3 a 4 semanas com biofilme inalterado, as alterações clinicamente detectáveis podem ser imediatamente visualizadas, sem a secagem com ar - É possível remineralizar a mancha branca, sendo necessário o aumento de potencial Hidrogeniônico (pH) do meio e a desorganização constante do biofilme - Lesões ativas: manchas rugosas e opacas - Lesões inativas: manchas lisas e brilhantes A S P E C T O S D A S L E S Õ E S Progressão da lesão cariosa em dentina: - Alterações da dentina são progressões da lesão no esmalte, sendo que a reação de defesa inicial e mais comum do órgão pulpar é a esclerose dentinária, que corresponde à deposição de minerais ao longo e no interior dos túbulos dentinários, resultando em uma obliteração gradual - Esclerose tubular: • relacionada à idade e ao resultado de estímulos leves do ambiente bucal • a cárie é outro estímulo que acelera a esclerose tubular • mineralização inicial do espaço peritubular seguida por calcificação do processo odontoblástico, ou por calcificação intracitoplasmática inicial seguida de mineralização secundária periodontoblástica - Zona de destruição: após a exposição da dentina às massas de bactérias na cavidade, a parte mais superficial da dentina será decomposta em virtude da ação dos ácidos e das enzimas proteolíticas - Tratos mortos da dentina: processos odontoblásticos são destruídos sem terem produzido esclerose tubular - Quando uma lesão de esmalte atinge a junção amelodentinária, a parte superficial da dentina sofre desmineralização, que pode ser vista como descoloração amarelo- acastanhada dos tecidos moles, resultado das mudanças bioquímicas da dentina colágena em razão da desmineralização - Dentina reacional, reparativa ou terciária: pode se formar antes mesmo da invasão bacteriana na dentina, é menos mineralizada e contém túbulos irregulares - Se os microrganismos invadirem o tecido pulpar, uma resposta inflamatória aguda será criada, com acúmulo de leucócitos e neutrófilos, há o início da formação de microabscessos – neste momento será atingido um ponto sem retorno e tratamentos endodônticos estarão indicados - Lesões radiculares: • conforme a margem gengival sofre retração, a junção amelocementária fica exposta, essa região do dente é altamente irregular e representa um local específico de retenção bacteriana – portanto, é o local de desenvolvimento da maioria das lesões de cárie na raiz dentária • zona radiolúcida em cemento radicular, a escovação inadequada ou raspagem das superfícies radiculares causa danos ou remove o cemento, expondo, assim, a dentina fase inicial • fase inicial, a superfície pode parecer amolecida, não sendo indicada a sondagem da zona superficial vulnerável • raspagem das superfícies radiculares em pacientes com lesões de cárie ativas não deve ser realizada antes que se verifique se as lesões cariosas ativas foram paralisadas, em estágios mais avançados da destruição, a desmineralização se difunde para a dentina subjacente e o complexo dentinopulpar responde com uma zona de aumento do conteúdo mineral profundo, da mesma maneira, a dentina terciária (reacional) pode ser formada em direção à polpa, correspondente aos túbulos envolvidos A S P E C T O S D A S L E S Õ E S Características clínicas das lesões de cárie: - Primeiros sinais clínicos: aumento da porosidade do esmalte, alterações na cor e textura do esmalte - Ativa: opaca e rugosa - Inativa: lisa e brilhante - Cárie em dentina do tipo aguda: cor clara, variando de amarelo a castanho claro, com consistência macia, friável e como uma massa de aparência necrótica, mostra-se sensível aos doces, ao frio e aos ácidos, com progresso rápido que normalmente expõe a polpa, pois a dentina sob a camada superficial é descalcificada e sensível - Cárie crônica: superfície escura e de consistência endurecida, progresso da lesão é lento e intermitente, a dentina sob a superfície é indolor, esclerótica e pigmentada. A sua cor escura decorre da presença de produtos bacterianos, da proteólise, bem como advindos do meio bucal, promove a formação da dentina esclerótica, quanto mais pigmentada menor será sua permeabilidade - Lesão ativa da superfície radicular: é uma área amolecida bem definida, na superfície radicular que mostra uma descoloração amarelada ou marrom-clara, a lesão é provavelmente recoberta por placa visível - Lesão paralisada (inativa) da superfície radicular: brilhante, relativamente lisa e dura à sondagem com pressão moderada, a cor pode variar de amarela à marrom ou preta. Em lesões ativas e inativas, a formação de cavidade pode ser observada, mas nesta última as margens parecem lisas e depósitos microbianos não são observados recobrindo tais lesões Fundamentos da prática de mínima invasão: - Atualmente, a remoção parcial do tecido cariado objetivando a manutenção da integridade da polpa tem sido considerada a terapia de escolha no tratamento de lesões agudas e profundas - Capeamento pulpar indireto: é um procedimento clínico que se baseia no mecanismo de defesa do complexo dentinopulpar - A remoção parcial do tecido cariado seguido do selamento definitivo da cavidade é capaz de paralisar o processo carioso e possibilitar a remineralização da dentina cariada residual - Dentina infectada: massa amolecida e úmida, colonizada por bactérias, não tem capacidade de remineralização, devendo ser completamente removida • amarela ou amarelo-escura, umedecida, amolecida e friável, não remineralizável, sem dentina peritubulare processos odontoblásticos - Dentina afetada ou contaminada: é a mais profunda, menos úmida, com aspecto de couro, com maior resistência ao corte do instrumento manual, de modo que quando removida, apresenta forma de lasca, é parcialmente desmineralizada e passível de remineralização, podendo ser preservada no interior da cavidade • acastanhada, seca, textura firme, passível de remineralização, semelhante a peritubular e fibras colágenas íntegras A S P E C T O S D A S L E S Õ E S 3 Objetivos: análise dos sintomas, avaliação dos sinais, exame clínico e exames complementares Avaliação do risco individual de cárie: - Perspectiva de incidência da doença (número de novas lesões incipientes ou cavitadas) por determinado período - Atividade de cárie é o grau de progressão ou a velocidade da doença Identificação das lesões de cárie: - É necessário realizar uma profilaxia profissional para a remoção do biofilme dental e é essencial que a superfície dentária esteja limpa, seca e bem iluminada Inspeção visual: método mais antigo, porém mais indicado Inspeção tátil - visual: - Associação da inspeção visual combinada com a sondagem, para remover o biofilme das superfícies dentárias e examinar a textura das lesões - Uma alternativa viável à substituição da sonda exploradora foi a sonda OMS, sua ponta ativa é esférica, não provocando danos em superfícies desmineralizadas ICDAS: - Para a realização do ICDAS a superfície dental necessita estar limpa e iluminada, primeiramente, os dentes são avaliados úmidos e depois são secos por apenas 5 segundos com a seringa tríplice e reexaminados - Inicialmente, identifica se o dente está hígido, selado, restaurado, se apresenta coroa ou se está ausente. Em seguida, as superfícies são analisadas com o auxílio da sonda OMS (e classificadas em relação à severidade das lesões cariosas, utilizando uma escala ordinal de 0-6, indicando de superfície hígida até cavitação extensa D I A G N Ó S T I C O D A S L E S Õ E S ICDAS: - Score 0: dente não pode apresentar alteração na translucidez do esmalte após a secagem - Score 1: lesões iniciais sem cavitação em esmalte - Score 2: lesões iniciais sem cavitação em esmalte, detectada com o dente úmido, mais ampla e profunda que a score 1 - Score 3: microcavidade ou perda de contorno do sulco, porém, sem atingir a dentina - Score 4: já atingiram dentina, mas ainda estão recobertas por esmalte - Score 5: lesões com exposição de dentina, apresenta esmalte opaco ou escurecido, e com menos da metade da superfície com dentina evidenciada - Score 6: lesões com exposição de dentina, cavidade bastante extensa, com perda de estrutura e dentina evidente Métodos radiográficos de detecção: - Apresenta maior estimativa relacionada à profundidade da lesão e auxilia na identificação de cáries interproximais e oclusais que já atingiram dentina, possibilitando um monitoramento mais confiável da lesão - Detecção de lesões de cárie oclusais, proximais posteriores e lesões secundárias, a técnica radiográfica mais apropriada é a interproximal - Condição fundamental: bom contraste e uma densidade escura, garantindo a identificação dos tecidos duros, além disso, precisam mostrar o formato real dos dentes, sem sobreposições nas superfícies proximais - A radiografia não detecta lesões em estágios iniciais, pois tende a minimizar a real perda mineral das lesões, não avalia atividade das lesões de cárie e não especifica se há ou não a presença de cavidade, além disso, expõe o paciente ao risco das radiações ionizantes Eletrocondutividade: - Esmalte mais poroso e imaturo é mais transmissor de corrente elétrica do que o es- malte maduro - Em um dente saudável, quando se aplica uma corrente elétrica, a condutância se apresenta baixa e a resistência, alta. Entretanto, em um dente com lesão de cárie, a condutância ficará alta e a resistência, baixa - Boa precisão no diagnóstico de lesões profundas em dentina, mas diminuída em lesões em esmalte e cárie rasa que já ultrapassou o limite amelodentinário D I A G N Ó S T I C O D A S L E S Õ E S Métodos baseados na luz: - No dente, a luz que reflete penetrará e será absorvida ou disseminada em seu interior - A dispersão é mais provável do que a absorção em um dente saudável, a aparência esbranquiçada acontece porque a absorção é mais baixa do que a dispersão, um leve aumento na porosidade do esmalte altera as propriedades ópticas, difundindo cada vez mais a luz - Em lesões do tipo mancha branca, a dispersão é mais intensa, com isto aparecem mais brancas do que as outras partes saudáveis do dente. Lesões de coloração amarronzada são resultantes de pigmentações exógenas e/ou presença de substâncias que absorvam luz Transiluminação: - Utiliza a luz alógena do fotopolimerizador e mensura a diferença na transmissão da luz entre esmalte sadio e poroso, devido à lesão de cárie - O esmalte cariado apresenta um índice mais baixo de transmissão de luz em comparação ao tecido sadio e como consequência na área da lesão observa-se uma sombra escura - Lesões proximais em esmalte, quando transiluminadas, aparecem como cinzas e opacas, e em dentina apresentam-se como uma sombra de cor marrom-alaranjada no interior do dente Fluorescência: - Visualiza a diferença entre a fluorescência dos tecidos dentários saudáveis e das lesões de cárie - O tecido cariado emite maior fluorescência que o tecido hígido D I A G N Ó S T I C O D A S L E S Õ E S Fluoretos: - Quando o açúcar é convertido em ácidos pela placa dental, atinge-se pH crítico para a dissolução dos minerais à base de apatita, mas devido à presença de flúor, certa quantidade desses minerais é simultaneamente uma resposta na forma de fluorapatita. Em acréscimo, quando o pH retorna ao normal, a saliva naturalmente tenta repor os minerais perdidos pelo dente, sendo essa propriedade remineralizante ativada pela simples presença de flúor no meio (saliva, placa ou fluido do esmalte-dentina). Como resultado do efeito do flúor reduzindo a desmineralização e ativando a remineralização, há perda mineral menor do que se não houvesse flúor presente Água fluoretada: - Produtos mais frequentemente empregados no Brasil são o fluorsilicato de sódio e o ácido fluorsilícico, eficácia da medida está em torno de 60% de redução na prevalência da cárie dentária - No Brasil, o Valor Máximo Permitido – VMP de fluoreto é 1,5ppm, na maior parte do território brasileiro, contudo, o teor ideal de flúor na água é 0,7ppm de flúor por litro e na Região Sul, o teor ideal é 0,8ppm de flúor por litro A B O R D A G E M P R O M O Ç Ã O E P R O T E Ç Ã O Métodos de aplicação profissional: - Géis: sua eficácia indica de 19% a 37% de redução de cárie quando do uso individual - Vernizes: • São materiais que aderem à superfície dentária reagindo com ela e mantêm uma liberação de flúor para o ambiente bucal por um período maior de tempo. Apresentam eficácia, em estudos controlados, que indicam 46% de redução de cáries Métodos para autoaplicação: - Bochechos: • Para uso diário (NaF a 0,05%), semanal ou quinzenal (NaF a 0,2%) • Indicada a utilização de bochechos semanais (NAF 0,2%) para: exposição à água de abastecimento sem flúor; exposição à água de abastecimento com teores de fluoretos a seguir da concentração indicada (até 0,54ppm f); CPOD médio maior que 3 aos 12 anos de idade; menos de 30% dos indivíduos do grupo são livres de cárie aos 12 anos de idade; populações com condições sociais e econômicas que indiquem baixa exposição a dentifrícios fluoretados • Bochechos diários de NaF a 0,05%, em combinação com dentifrícios fluoretados, são recomendados para indivíduos de alto risco de cárie - Dentifrícios: • O uso de dentifrício fluoretado aumenta a concentração de flúor na saliva por cerca de 40 minutos após a escovação e fica retido na cavidade bucal • Nas superfícies dentais limpas pela escovação, o flúor reage com o dente, formando regularmente pequena quantidade de fluoreto de cálcio na superfície do esmalte- dentina • Nos residuais de placa não removidos pela escovação, o flúor sedifunde e se deposita na forma de reservatórios com Ca, orgânico ou mineral • Dentifrícios de concentração convencional (1.000-1.100ppm F) A B O R D A G E M P R O M O Ç Ã O E P R O T E Ç Ã O Tratamento não invasivo - remineralização: - Não incluem remoção de tecido dentário - Controle do biofilme dental e de dieta cariogênica, além da utilização de agentes potencializadores de remineralização - Uso de fluoretos, aplicação tópica de verniz de fluoreto de sódio a 5%, equivalente a 22.600 ppm de flúor Tratamento minimamente invasivo: - Selante de fóssulas e fissuras: materiais adesivos com base de resina ou cimento de ionômero de vidro, cujo objetivo é proporcionar uma barreira mecânica que dificulte o acúmulo de biofilme dental nas superfícies oclusais dos dentes, facilitando a higienização • Indicação: A B O R D A G E M D E C Á R I E • Técnica de selante resinoso: Isolamento do campo operatório (absoluto ou resinoso); Limpeza da superfície coronária; Condicionamento ácido do esmalte (ácido fosfórico 37%) por 30 segundos; Lavagem e secagem do dente; Aplicação do selante nas fossas e fissuras; Polimerização – quimicamente ativados (de 2 a 3 minutos) e fotoativados (40 segundos); Verificação do selante; Avaliação e ajuste oclusal; Aplicação tópica de flúor – flúor fosfato acidulado 1,23% (1 minuto); Avaliação periódica - Infiltrantes: • A infiltração é uma possibilidade para superfícies não cavitadas remineralizadas ou não, objetivando o tratamento precoce das lesões sem a necessidade de preparo cavitário, preservando e protegendo os tecidos sadios em torno das áreas afetadas • É um material resinoso com baixa viscosidade, que penetra no interior da lesão de cárie por forças capilares, preenchendo a porosidade formada pela desmineralização • Eficiente em lesões nas superfícies proximais e de mancha branca em crianças, adolescentes e adultos jovens • Técnica: Limpeza da superfície coronária; Condicionamento da superfície do esmalte utilizando Icon Etch (ácido clorídrico 15%) por 2 minutos; Lavagem e secagem do dente; Isolamento do campo operatório; Aplicação do Dry-Icon durante 30 segundos e secagem com seringa tríplice durante 30 segundos; Aplicação do infiltrante Icon durante 3 minutos; Fotopolimerização por 40 segundos; Reaplicação do infiltrante Icon por 1 minuto e fotopolimerização por 40 segundos Tratamento restaurador atraumático: - Utilizam-se instrumentos manuais para a remoção de tecido cariado e materiais adesivos, sendo o mais comum o cimento de ionômero de vidro, para selar a cavidade - Restaurações: dentes decíduos e permanentes com lesões cariosas envolvendo dentina - Selantes: dentes recém-irrompidos ou que apresentem fossas e fissuras profundas em pacientes de alto risco à cárie dentária - Remoção parcial (dentina infectada) apenas no fundo da cavidade, pois reduz o risco de exposição pulpar. Remoção total do tecido cariado nas paredes circundantes para garantir uma boa adesão e selamento marginal do material restaurador - Cimento de Ionômero de Vidro convencional (CIV) Atraumático modificado: - Uso dos ionômeros modificados por resina Restaurações adesivas conservadoras: - Remoção apenas da dentina cariada, amolecida e lesada irreversivelmente é removida; aquela parcialmente desmineralizada deve ser mantida. Uso tanto de instrumentais de remoção mecânica como rotatórios, anestesia e isolamento absoluto, já que o material utilizado é a resina, que possui alta sensibilidade à umidade A B O R D A G E M D E C Á R I E Dentística operatória: - De todas as técnicas invasivas apresentadas, a remoção parcial de dentina cariada com confecção da restauração em sessão única é eleita a mais adequada, por preservar ao máximo a estrutura dental, além de minimizar o risco de exposição pulpar Plano de tratamento: A B O R D A G E M D E C Á R I E CERQUEIRA, D. F. 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