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Doença do Refluxo Gastroesofágico 1. Entender a doença do refluxo gastroesofágico Definição: Consiste em uma afecção crônica, recidivante e remitente, decorrente do refluxo do conteúdo gastroduodenal, para esôfago e órgãos adjacentes, o qual provoca sinais ou sintomas que afetam a qualidade de vida do indivíduo, podendo provocar lesões teciduais e complicações. - O termo engloba tanto a presença de sintomas como as alterações fisiopatológicas resultantes da exposição da mucosa distal esofagiana ao suco gástrico após um episódio de refluxo. Pode se apresentar, basicamente de duas formas: a forma erosiva, caracterizada pela presença de erosões, definidas como soluções de continuidade da mucosa esofágica (rompimento da integridade mucosa), identificadas à endoscopia digestiva alta (EDA) e a forma não erosiva (no erosive reflux disease ou NERO) aquela que não apresenta alterações ao exame endoscópico. - Dados epidemiológicos vêm demonstrando que a prevalência da DRGE vem aumentando, principalmente a forma NERO. Epidemiologia - A DRGE é o distúrbio mais comum do trato gastrointestinal alto no mundo ocidental, respondendo por cerca de 75% das esofagopatias. - O sintoma “pirose” (queimação retroesternal ascendente), que nos estudos epidemiológicos é utilizado como indicativo da presença de refluxo patológico, é referido por cerca de 20% da população. - A DRGE pode aparecer em qualquer faixa etária (inclusive crianças), porém, sabemos que sua prevalência aumenta com a idade. - Não há preferência por sexo, mas os sintomas tendem a ser mais frequentes e intensos na vigência de obesidade (o IMC é fator de risco independente para DRGE, apresentando correlação direta com sua gravidade), bem como durante a gestação (relaxamento do EEI promovido pela progesterona + aumento da pressão intra-abdominal exercido pelo útero gravídico). Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico - Na criança, a DRGE predomina em lactentes, felizmente desaparecendo em 60% dos casos até a idade de 2 anos, e em quase todo o restante após a idade de 4 anos. A principal explicação para este fenômeno é a imaturidade do EEI ao nascimento aliada à permanência em posição recumbente – ambos melhorando com o passar do tempo. - A DRGE apresenta distribuição variada pelo mundo, com os países ocidentais, de um modo geral, apresentando maior incidência quando comparado aos orientais. - No Brasil evidenciou-se sintomas típicos em cerca de 11,8% da população. - O risco geral de câncer de esôfago secundário à DRGE é baixo: dos portadores de pirose diária, um em cada 2.500 pacientes/ano desenvolverá este tipo de câncer, ao passo que nos portadores de pirose mensal a incidência gira em torno de um a cada 10.000 pacientes/ano. - Todavia, na DRGE complicada com esôfago de Barrett, a chance de adenocarcinoma aumenta muito (passando para um a cada 200 pacientes/ano), o que demanda monitorização endoscópica regular. Etiopatogenia e Fisiopatologia - O refluxo gastroesofágico pode ocorrer quando a pressão da zona de alta pressão no esôfago distal é muito baixa para prevenir que os conteúdos gástricos entrem no esôfago ou quando um esfíncter com pressão normal apresenta relaxamento espontâneo, não associado a uma onda peristáltica do corpo do esôfago - Outras alterações da zona de alta pressão, como distensão gástrica de alimentos ou ar, podem também eliminar a barreira e resultar em refluxo. ➔ Mecanismos subjacentes da DRGE incluem: Relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano inferior - Normalmente, o EEI deve permanecer contraído fora dos episódios de deglutição, evitando o refluxo. Os RTEEI são mais longos do que os relaxamentos ligados à deglutição e ocorrem sem relação com distensão ou peristalse esofágicas. Ocorrem predominantemente no período pós-prandial, desencadeados pela distensão do fundo gástrico por alimentos ou gás. São comuns também no decúbito lateral direito. São fisiológicos, de curta duração e de rápida depuração. - Outra via de estímulo para o relaxamento do EIE seria a presença de gordura no bulbo duodenal, que libera colecistocinina, substância que induz ao relaxamento do EIE. Na DRGE, aparece como o mecanismo mais relevante para a ocorrência do refluxo. - A secretina também reduz o tônus do EEI. - Os relaxamentos transitórios do EEI não relacionados à deglutição representam o mecanismo patogênico mais Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico comum de DRGE (60- 70% dos pacientes), sendo característicos dos indivíduos sem esofagite ou com esofagite leve (o motivo desta última associação é: o refluxo tende a ser menos intenso e menos prolongado por este mecanismo) - Acredita-se que tais relaxamentos sejam mediados por um reflexo vasovagal anômalo (o vago é ao mesmo tempo aferência e eferência do reflexo) estimulado pela distensão gástrica. - Ao contrário dos relaxamentos desencadeados pela deglutição, os relaxamentos patológicos são mais duradouros (> 10 segundos) e não são seguidos de peristalse esofágica eficaz (a peristalse ajudaria a “limpar” os conteúdos refluídos, diminuindo a exposição da mucosa). - A pressão média do EEI costuma ser normal (entre 10-30 mmHg) em indivíduos com DRGE cujo mecanismo patogênico é o já citado relaxamento transitório não associado à deglutição. - Entretanto, alguns pacientes de fato possuem um esfíncter constantemente hipotônico (< 10 mmHg). Na grande maioria das vezes, nenhuma etiologia é identificada, porém, as seguintes condições podem justificar uma hipotonia verdadeira do EEI: esclerose sistêmica (pela fibrose e atrofia da musculatura esofagiana), lesão cirúrgica do EEI (ex.: após esofagomiotomia de Heller), tabagismo, uso de drogas com efeito anticolinérgico ou miorrelaxante (ex.: agonistas beta-adrenérgicos, nitratos, antagonistas do cálcio) e a gestação. - A própria esofagite erosiva é capaz de reduzir o tônus do EEI (agressões repetidas resultam em fibrose e atrofia da musculatura), gerando um ciclo vicioso. ➔ Hipotonia do EEI esfíncter esofagiano inferior - A hipotonia do EEI é o principal mecanismo patogênico de DRGE em pacientes que apresentam esofagite erosiva grave. O motivo desta associação é: o refluxo ocasionado por este mecanismo tende a ser mais intenso e mais prolongado (levando a uma maior exposição da mucosa e, consequentemente, maior dano) - A maioria dos pacientes com DRGE apresenta a pressão do esfíncter em limites normais, com a hipotonia do EIE relacionada apenas aos casos mais graves da doença. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico ➔ Depuração do conteúdo ácido ineficiente e dismotilidade esofagiana - A depuração esofágica do material refluído ocorre em duas etapas subsequentes, a primeira por meio da peristalse, a qual não é totalmente efetiva, deixando uma pequena quantidade de secreção, que é, em seguida, lavada e tamponada pela saliva e pelo bicarbonato esofágico. - Alterações da motilidade esofágica podem, portanto, facilitar o aparecimento da DRGE, entre elas destaque para doenças sistêmicas, como os distúrbios do colágeno que afetam o esôfago, por exemplo a esclerodermia. - Em pacientes sem alteração peristáltica, a salivação é relevante, pois costuma reduzir o volume à noite, fator que quando alterado facilita a lesão esofágica durante esse período. - Outros fatores que diminuem a produção salivar, como medicamentos anticolinérgicos, radioterapia para câncer de cabeça e pescoço, síndrome de Sjogren e tabagismo também estão relacionados com a ocorrência de DRGE. - Afecções que cursam com hiperacidez, como a síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma), podem ocasionar DRGE grave. ➔ Alterações anatômicas - hérnia hiatal - A hérnia hiatal (HH) corresponde à migração proximal da JEG, fazendo o estômago adotar uma posição intratorácica. Isso leva à perda do fator protetor exercido pela crura diafragmática, sobretudo durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal. - Nesses pacientes com HH, o suco gástrico fica armazenado na bolsa herniária, funcionando como uma espéciede reservatório de ácido, aumentando a intensidade e o tempo de exposição da mucosa esofagiana ao ácido gástrico, facilitando o fenômeno conhecido como "re-refluxo·: isto é, do mecanismo de retomo do conteúdo armazenado na câmara herniária para o esôfago - O fato é que, em geral, quando um portador de hérnia de hiato faz DRGE, esta tende a ser mais grave (ex.: maior probabilidade de esofagite erosiva e esôfago de Barrett) Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico ➔ Esvaziamento gástrico lentificado - Alguns autores sugerem que o esvaziamento gástrico lentificado aumentaria o tempo de exposição do conteúdo ácido sobre a mucosa esofágica. Outros advogam que estaria associado também à lentificação do esvaziamento esofágico (disfunção motora generalizada) ➔ Aumento da pressão intraabdominal - A obesidade central, principalmente no caso de pacientes com índice de massa corpórea (IMC) > 25 mg/kg, está associada à DRGE e às complicações como esôfago de Barrett (EB) e adenocarcinoma de esôfago. A obesidade ocasiona aumento da pressão intra-abdominal, além de pressionar a JEG de maneira proximal, predispondo a HH. - Destaca a obesidade como importante fator de risco, relacionando IMC, circunferência abdominal e ganho de peso com a presença de sintomas e complicações. ➔ Helicobacter pylori - A relação entre a DRGE e H. pylori é controversa. Ainda não existem evidências de que a infecção por H. pylori influencie na quantidade de material refluído, contudo, a infecção seria responsável pela modificação da acidez do suco gástrico, causando uma relação negativa desta bactéria com DRGE, pois a gastrite por ela provocada teria como consequência a redução da produção de ácido clorídrico. - Estudos mostram que parcela considerável dos pacientes com H. pylori erradicado desenvolveram DRGE. Outros estudos, por outro lado, mostram que a infecção por H. pylori não tem efeito sobre a gravidade ou sobre a recorrência dos sintomas e nem sobre a eficácia do tratamento da DRGE. Quadro clínico - As manifestações clínicas da DRGE dividem-se em típicas e atípicas, sendo as últimas classificadas em esofágicas e extraesofágicas. - As manifestações típicas são pirose (geralmente nas 3 horas após as refeições e ao deitar) e regurgitação, como mencionado anteriormente. A pirose é descrita pelos pacientes como sensação de queimação em localização epigástrica que irradia para região retroesternal, ocorrendo em geral 30 a 60 minutos após as refeições, especialmente quando volumosas ou ricas em gorduras. Paciente apresenta história longa de dor do tipo queimação retroesternal (pirose) e uma história mais recente de regurgitação. - Já a regurgitação significa a sensação de retomo de conteúdo ácido à boca ou hipofaringe Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico - A presença de regurgitação indica progressão da doença. Alguns pacientes são incapazes de se inclinar sem apresentar um episódio desconfortável. Deve-se fazer uma distinção entre a regurgitação de alimentos digeridos e de não digeridos. Alimentos não digeridos no conteúdo regurgitado são indicativos de um outro processo patológico, como um divertículo esofágico ou acalásia. - As manifestações atípicas geralmente decorrem tanto da ação direta do material refluído sobre a via aérea como por reflexo vagal causado pela irritação mucosa. - Elas podem ser classificadas em esofágicas, caracterizadas pela dor retroesternal não cardíaca e pelo globus faríngeo ("bola na garganta") e extraesofágicas. - Entre as extraesofágicas, encontram-se os sinais e sintomas orais (desgaste de esmalte dentário, halitose e aftas), sintomas otorrinolaringológicos (rouquidão, sinusite crônica, laringite posterior) e pulmonares (tosse crônica, asma, pneumonias de repetição). - O Esfíncter Esofágico Superior (EES) é encarregado de proteger o trato respiratório do refluxo, logo, nesses casos, há também uma incompetência deste esfíncter. - A presença de sintomas de alarme, como disfagia e odinofagia, perda de peso, sangramento gastrointestinal (hematêmese/melena), anemia crônica, náuseas e vômitos, além de idade acima de 40 anos e história familiar de neoplasias malignas do trato gastrointestinal superior predizem complicações e indicam necessidade de investigação antes do tratamento. - A anemia ferropriva por perda crônica de sangue aparece nos pacientes que desenvolvem esofagite erosiva grave, com formação de úlceras profundas. Raramente estes indivíduos evoluem com perfuração do esôfago. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico 2. Compreender o diagnóstico e Dx diferencial da DGRE Diagnóstico diferencial: 1) Esofagite infecciosa (CMV, HSV, Candida) 2) Esofagite eosinofílica 3) Dispepsia não ulcerosa 4) Úlcera péptica gastroduodenal 5) Doença do trato biliar 6) Distúrbios motores do esôfago 7) Doença coronariana - Uma queixa menos frequente – mas que assusta bastante o paciente – é a dor precordial, que pode ser indistinguível da dor coronariana, fazendo diagnóstico diferencial com angina pectoris (a DRGE é uma das principais etiologias de “dor torácica não cardíaca”). - Todas essas condições também podem coexistir com a DRGE. Um importante indício de que isso pode estar acontecendo é a ausência de resposta ao tratamento, que justamente é uma das principais indicações para a realização de exames complementares na suspeita de DRGE. Diagnóstico da DRGE - Fundamenta-se em avaliação detalhada da história clínica, incluindo tipo e características dos sintomas, como intensidade e frequência, fatores associados, desencadeantes e de melhora, a evolução ao longo do tempo e o impacto na qualidade de vida do paciente. Não esquecer de questionar sobre os sintomas de alarme já mencionados. - O exame físico pode ser útil na determinação de outras doenças. A presença de linfonodos supraclaviculares anormais em um paciente com queimação e disfagia pode sugerir câncer esofágico ou gástrico. - O diagnóstico presuntivo de DRGE pode ser estabelecido quando sintomas típicos (pirose/regurgitação) estiverem presentes mais do que duas vezes por semana, por período de quatro a oito semanas. - Nesse contexto, está indicado o tratamento empírico (teste terapêutico) com inibidor de bomba de prótons (IBP) na dose de 40 mg/dia de esomeprazol, por 8 semanas. - A resposta clínica ao teste terapêutico confirma o diagnóstico de DRGE (redução sintomática > 50% após 1-2 semanas de uso de IBP). No entanto, a ausência de sintomas típicos não exclui o diagnóstico de DRGE. - O diagnóstico da DRGE é realizado através de cuidadosa anamnese, que pode ser seguida de exames Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico complementares (endoscopia, exame radiológico contrastado do esôfago, cintilografia, manometria, pHmetria de 24 horas, teste terapêutico). - É preciso lembrar que a ausência de sintomas típicos não exclui o diagnóstico da DRGE, uma vez que outras manifestações relacionadas com o refluxo gastroesofágico têm sido descritas e consideradas como manifestações atípicas EXAMES COMPLEMENTARES Exame endoscópico e biópsia esofágica - A EDA é, geralmente, o primeiro exame a ser indicado na suspeita clínica de DRGE. - Possui baixa sensibilidade (em torno de 60%), uma vez que cerca de metade dos pacientes com DRGE e sintomas típicos apresentam EDA normal. Apresenta também a vantagem de ser amplamente disponível e de fácil execução. - É o método de escolha para avaliação da presença e da intensidade da esofagite erosiva, além de permitir a coleta de biópsias para estudo anatomopatológico. - Sua principal finalidade é identificar as complicações da DRGE, como esofagite (observada em 30- 40% dos pacientes), estenose péptica, esôfago de Barrett e adenocarcinoma. Também é útil para o diagnóstico diferencial com as condições que simulam os sintomas de refluxo - Curiosamente, nem sempre essas alterações possuem correspondência direta com as manifestações clínicas: a maioria dos pacientes sintomáticos apresenta EDA normal, enquanto outros, a despeito de umaesofagite grave, podem não referir qualquer queixa. Entenda que é justamente por este motivo que tal exame NÃO É obrigatório para o diagnóstico de DRGE. - A esofagite de importância clínica é aquela que possui erosões (definidas como soluções de continuidade limitadas à mucosa, com pelo menos 3 mm de extensão). - A realização de biópsias vem ganhando novo destaque por causa do aumento da prevalência de esofagite eosinofílica (EEO), uma vez que a apresentação clínica dessas duas entidades podem ser confundidas e a exclusão de DRGE é necessária para o diagnóstico de EEO. - As biópsias, nesse contexto, são fundamentais para o diagnóstico de EEO. Não estão indicadas nas esofagites erosivas não complicadas, mas são imprescindíveis para o diagnóstico de EB, na suspeita de adenocarcinoma esofágico e para confirmação etiológica de úlceras e estenose - Os achados anatomopatológicos mais encontrados nos casos da DRGE incluem aumento dos espaços intercelulares, em até quatro vezes, hiperplasia de células Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico das camadas basais, alongamento de papilas, as quais se aproximam da superfície mucosa e aumento do número de neutrófilos. Esses achados apresentam baixa sensibilidade, contraindicando a coleta rotineira de material para biópsias em pacientes com sintomas clínicos típicos de DRGE e ausência de alterações endoscópicas. - A EDA está sempre indicada em caso de sintomas de alarme, história familiar positiva para neoplasia do trato gastrointestinal superior, além de pacientes com mais de 45 anos, aqueles com duração dos sintomas superior a cinco anos, sintomas refratários ou ausência de resposta ao tratamento com IBP em dose plena, uma vez que é importante no diagnóstico diferencial com outras enfermidades, particularmente o câncer de esôfago. - Deve-se ressaltar que a ausência de alterações endoscópicas não exclui o diagnóstico de DRGE, já que 25% a 40% dos pacientes com sintomas típicos apresentam endoscopia normal - A técnica do exame consiste em avaliação da laringe, que pode evidenciar sinais indiretos de DRGE, como edema, seguido do exame minucioso de toda extensão do esôfago, com ênfase ao terço distal, com avaliação da cárdia por retrovisão do aparelho. - As alterações que podem ser vistas ao exame endoscópico incluem as erosões (soluções de continuidade) e as complicações da DRGE (estenose, substituição do epitélio escamoso por colunar, adenocarcinoma). A biópsia esofágica não deve ser realizada aleatoriamente e deve seguir as seguintes proposições: • Não está indicada em pacientes que se apresentam para realização do exame endoscópico na fase aguda da esofagite erosiva, sem úlcera, estenose ou suspeita de metaplasia colunar; • Deve ser realizada em todos os pacientes com úlcera e /ou estenose; • Está indicada em caso de reepitelização com mucosa avermelhada, circunferencial ou não, com extensão de pelo menos 2 cm, acima do limite das pregas gástricas. Nesse caso, o diagnóstico endoscópico deve ser anunciado como “sugestivo de esôfago de Barrett”; Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico • Está indicada nos casos de reepitelização com mucosa avermelhada, menor que 2 cm de extensão. O diagnóstico endoscópico deve ser enunciado como “sugestivo de epitelização colunar do esôfago distal”. Classificação do grau da lesão: - Em nosso meio, as classificações mais empregadas são a de Savary-Miller12 e de Los Angeles, uma vez que há a necessidade de se uniformizar o diagnóstico endoscópico das lesões esofagianas. - A classificação de Savary-Miller é historicamente a mais utilizada e possui a vantagem de incluir as complicações da DRGE no mesmo contexto. - Já a classificação de Los Angeles apresenta como grande vantagem a descrição das lesões na mucosa esofágica, graduando a gravidade da esofagite erosiva, em A, B, C e D. Atualmente é a mais utilizada com boa relação inter e intra-observador, permitindo padronização universal dos laudos endoscópicos. - Como principal desvantagem, exclui portadores de DRGE sem lesões endoscópicas ou com lesões mínimas e aqueles com complicações da doença. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Exame radiológico contrastado do esôfago - O exame radiológico, embora seja muito difundido e apresente custo relativamente baixo, não está indicado na rotina de investigação da DRGE, pois apresenta baixa sensibilidade, particularmente nos casos de esofagite leve - As principais informações que o exame radiológico pode oferecer referem-se a avaliação da anatomia esofágica, como nas lesões estenosantes do esôfago e alterações motoras pelo achado de ondas terciárias e espasmos do órgão. A indicação do método radiológico no diagnóstico da DRGE está restrita ao esclarecimento do significado da disfagia e da odinofagia. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Exame cintilográfico O exame cintilográfico apresenta indicações restritas, estando reservado para casos onde exista suspeita de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico, pacientes que não toleram a pHmetria (pediátricos por exemplo) ou nos casos em que exista necessidade de se determinar o tempo de esvaziamento gástrico. Manometria esofágica Principais indicações: • Investigação de peristalse ineficiente do esôfago em pacientes com indicação de tratamento cirúrgico; • Determinar a localização precisa do esfíncter esofágico inferior; • Investigar apropriadamente alterações motoras do esôfago; • Avaliar o peristaltismo e alterações do tônus do esfíncter esofágico inferior. Os objetivos do exame de manometria, seguindo a seqüência acima, são: • Permitir ao cirurgião considerar a possibilidade da realização de fundoplicatura parcial; • Estabelecer o ponto preciso de instalação do eletrodo de pHmetria, critério considerado essencial para avaliação do método; • Diagnóstico de doenças associadas, como doença do colágeno, espasmo esofágico difuso, “esôfago em quebra-nozes”; • Analisar a falta de resposta adequada ao tratamento clínico ou cirúrgico. pHmetria prolongada - Embora considerada como “padrão ouro” para o diagnóstico da DRGE, a pHmetria é sujeita a críticas, pois tem demonstrado existir variações significativas na sensibilidade do método. Ainda assim, se trata do melhor procedimento para caracterizar o refluxo gastroesofágico. - Por meio da avaliação pHmétrica, é possível quantificar a intensidade da exposição da mucosa esofágica ao ácido. Permite também que efetivamente se estabeleça a correlação entre os sintomas relatados pelo paciente e os episódios de refluxo. - O refluxo é considerado patológico quando o pH intra-esofágico se mantém abaixo de quatro por mais de 4% do tempo total da duração do exame Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Indica-se a realização do exame de pHmetria de 24 horas: • Pacientes com sintomas típicos de DRGE que não apresentam resposta satisfatória ao tratamento com inibidor da bomba protônica e nos quais o exame endoscópico não revelou dano à mucosa esofágica. Nesses casos, o exame deve ser realizado na vigência da medicação; • Pacientes com manifestações atípicas extra-esofágicas sem presença de esofagite. Nesses casos, recomenda-se a realização do exame pHmétrico com dois ou mais canais sensores de pH para caracterização simultânea do refluxo gastroesofágico e do refluxo supra-esofágico (laringofaríngeo); • Pré-operatório nos casos bem caracterizados, em que o exame endoscópico não revelou esofagite. - Importante lembrar que a pHmetria prolongada não se presta ao estabelecimento diagnóstico da esofagite de refluxo; serve apenas para caracterizar o refluxo propriamente dito. TESTE TERAPÊUTICO - Pacientes com menos de 40 anos de idade e que apresentam manifestações típicas (pirose e regurgitação), com freqüência inferior a duas vezes por semana, sem manifestações de alarme, e tempo de história por período não superior a quatro semanas, podem receber, como conduta diagnóstica inicial, terapêutica com inibidores da bomba protônica em dose plena(“teste terapêutico”). Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico -Devem ser promovidas também as denominadas medidas comportamentais (ver mais adiante). A resposta satisfatória permite inferir o diagnóstico de DRGE. - Embora válido, o CBDRGE recomenda a realização prévia do exame endoscópico para o estabelecimento de início do diagnóstico diferencial com outras afecções (úlcera péptica, gastrite e neoplasia). 3. Entender o �o da DGRE - A maioria dos portadores de DRGE apresenta uma forma mais ou menos branda (e sem complicações) da doença, evoluindo com melhora dos sintomas após o início de medidas gerais antirrefluxo e drogas antissecretoras gástricas. - A maioria (80%) também apresenta recidiva do quadro após a suspensão da terapia, beneficiando-se, no entanto, do retorno da mesma. - A cirurgia antirrefluxo é essencialmente reservada para os casos refratários ou com complicações (que são aqueles onde a probabilidade de alterações anatômicas na barreira antirrefluxo – que podem ser corrigidas com uma fundoplicatura – é maior), mas muitos autores (principalmente cirurgiões) advogam seu emprego nos portadores de DRGE leve e bem controlada com o tratamento clínico, desde que eles sejam jovens e se mostrem dependentes da medicação. Medidas Antirrefluxo (tto não medicamentoso) - Elas devem ser indicadas de maneira individualizada, conforme as queixas de cada paciente (ex.: a recomendação de evitar certos tipos de alimento só é válida se aqueles alimentos efetivamente provocarem sintomas no paciente) Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Tratamento Farmacológico - As classes de medicamentos empregadas no tratamento da DRGE são: (1) bloqueadores do receptor H2 de histamina (BH2); (2) Inibidores da Bomba de Prótons (IBP); (3) antiácidos. Os procinéticos (ex.: bromoprida, domperidona, metoclopramida) não são mais indicados de rotina. - Antigamente os procinéticos eram sempre prescritos como adjuvantes ao tratamento antissecretor, com o intuito de melhorar o tônus e a motilidade da região esofagogástrica, mas nunca foi demonstrado um benefício consistente para a maioria dos pacientes. - Todavia, os procinéticos podem ser prescritos para pacientes que, além dos sintomas típicos de refluxo, apresentam outras queixas dispépticas sugestivas de gastroparesia associada (ex.: náuseas, saciedade precoce, plenitude pós-prandial). Bloqueadores H2. - Bloqueiam os receptores H2 de histamina nas células parietais gástricas, inibindo, desse modo, uma das três vias de estímulo neuroendócrino à secreção ácida (as outras duas são mediadas por acetilcolina e gastrina). - São comprovadamente menos eficazes do que os IBP, não devendo, por conseguinte, ser prescritos na vigência de esofagite grave ou outras complicações (ex.: esôfago de Barrett). - Os BH2 devem sempre ser tomados 2x ao dia Inibidores da Bomba de Prótons - Inibem a H+/K+ATPase (“bomba de prótons”) bloqueando a via final para a secreção de ácido pelas células parietais do estômago. - Constituem as drogas de escolha quando o paciente é muito sintomático, e também quando apresenta esofagite ou outras complicações da DRGE. - A melhora da pirose é observada em 80-90% dos pacientes, desaparecendo por completo em cerca de 50% - A resolução da esofagite é esperada em > 80% quando a dose padrão é utilizada (1x ao dia, 30min antes do café da manhã), e quase todo o restante melhora quando a dose é Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico “dobrada” (2x ao dia, 30min antes do café da manhã e 30min antes do jantar). - Não parece haver diferenças significativas em termos de eficácia clínica entre as formulações, ficando a escolha mais por conta do potencial de interações medicamentosas e do custo (o omeprazol é o que tem maior número de interações, mas é também o mais barato). - Raramente os IBP produzem efeitos adversos. Cefaleia, Diarreia e Dor Abdominal são os paraefeitos AGUDOS mais comuns, e podem ser resolvidos com uma simples troca da medicação (ex.: trocar omeprazol por pantoprazol). - Em relação aos paraefeitos CRÔNICOS, os mais importantes são: (1) maior risco de enterocolite infecciosa, incluindo infecção por Clostridium difficile; (2) maior risco de pneumonia (por enteropatógenos Gram-negativos que passam a colonizar a mucosa gástrica e podem ser aspirados para a via aérea); (3) má absorção intestinal de ferro, cálcio, magnésio e vitamina B12, provocando anemia (ferropriva e/ou megaloblástica), hipomagnesemia e fraturas osteoporóticas, especialmente fraturas de quadril. - Usuários crônicos de IBP também estão mais propensos a desenvolver pólipos gástricos fúndicos, porém, o significado clínico deste achado ainda é incerto (não há evidências definitivas de que o risco de tumores de estômago como adenocarcinoma ou carcinoide esteja aumentado - A causa da maior ocorrência desses pólipos é a hipergastrinemia (que exerce estímulo trófico sobre as glândulas fúndicas), decorrente da hipo/acloridria gerada pelos IBP. Antiácidos - Os antiácidos (ex.: hidróxido de alumínio e/ou magnésio, como o Mylanta Plus® 10-20 ml VO) neutralizam diretamente a acidez do suco gástrico, sem interferir na secreção cloridropéptica das células parietais. - Logo, NÃO são úteis no tratamento prolongado da DRGE, pois seu efeito é de curta duração (cerca de 2h): seriam necessárias muitas tomadas diárias a fim de manter o pH gástrico controlado, uma conduta simplesmente inviável na prática (até porque, durante a noite, o paciente ficaria desprotegido). - Não obstante, podem ser utilizados como “SOS” para alívio imediato. Seja como for, antiácidos isolados não têm eficácia na cicatrização da esofagite erosiva, tampouco na presença de outras complicações. - É importante lembrar que formulações contendo magnésio devem ser evitadas em portadores de doença renal crônica, pelo risco de causar hipermagnesemia. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Procinéticos - Os procinéticos são agentes que aumentam o tônus do esfíncter inferior, além de aumentar o peristaltismo esofágico e o esvaziamento gástrico. Incluem agonistas dos receptores 5-HT, agonistas dos receptores GABA e antagonistas dos receptores da dopamina. - A associação de procinéticos com a terapia-padrão parece melhorar a qualidade de vida dos pacientes de uma maneira global, porém não está associada a um alívio significativo dos sintomas ou alterações na resposta endoscópica em relação ao uso de somente IBP, além de aumentarem os efeitos colaterais, não estando, portanto, indicada de rotina, ficando restrita a casos selecionados. O tempo ideal da terapêutica da DRGE é de 6 a 12 semanas. Em princípio, apenas os pacientes cujo diagnóstico inicial é de esofagite graus 3 a 5 da classificação Savary-Miller e C e D da classificação de Los Angeles, que representam intensidades moderadas ou graves, devem ser considerados para a realização de exame endoscópico de controle. - Os pacientes que não apresentam resposta totalmente satisfatória ao tratamento com IBP por 12 semanas devem ter a dose de IBP dobrada por mais 12 semanas, antes de se determinar um insucesso terapêutico. - No tratamento de manutenção, deve-se considerar cada caso separadamente, sendo alternativas válidas o uso de IBP em dose decrescente até a mínima dose eficaz para manter o paciente assintomático ou o procedimento cirúrgico10,28(D). Deve-se considerar a possibilidade, por exemplo, de redução da dose de medicação anti-secretora gástrica para a mínima eficaz (meia dose tem sido sugerida nos casos de esofagites não erosivas) e, inclusive, a tentativa de supressão do uso de fármacos com manutenção das medidas comportamentais 4. Conhecer o esôfago de Barre� - O esôfago de Barrett é definido como a substituição do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado do esôfago pelo epitélio colunar com células intestinalizadas ou Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico mistas, em qualquer extensão do órgão. O diagnóstico de esôfago de Barrett independe de extensãoda área metaplásica. Quando, no entanto, esse segmento é inferior a 3 cm, dá-se a denominação de “Barrett curto” - Vimos que quando o refluxo gastroesofágico é acompanhado por esofagite erosiva, a cicatrização das áreas lesadas pode se dar pela substituição do epitélio escamoso normal por um epitélio colunar de padrão intestinal, altamente resistente ao pH ácido (metaplasia intestinal). Trata-se do famoso epitélio ou Esôfago de Barrett (EB). - O EB é encontrado em 10-15% dos pacientes submetidos à EDA devido a sintomas de refluxo. É uma doença principalmente de homens brancos, e sua prevalência aumenta com a idade até um pico entre 45-60 anos, podendo estar presente cerca de 20 anos antes de ser reconhecida. Sabemos atualmente que a obesidade também é fator de risco independente para EB. - A dificuldade no diagnóstico é justificada pela ausência de queixas específicas: os sintomas, quando presentes, são oriundos da DRGE subjacente, e muitos pacientes são oligo ou mesmo assintomáticos. - Aqui valem algumas observações curiosas: o epitélio colunar pode realmente diminuir os sintomas da DRGE (até 25% dos pacientes com EB são insensíveis ao ácido); o consumo de vinho tinto, a infecção crônica por H. pylori e a raça negra são fatores de proteção contra o esôfago de Barrett. - O diagnóstico é suspeitado pela inspeção do endoscopista, que visualiza no terço inferior do órgão as típicas “línguas” de coloração vermelho- salmão. A confirmação é feita pela biópsia, sendo sua principal característica histopatológica (que define a presença de metaplasia do tipo “intestinal”) o encontro de células caliciformes (repletas de mucina), melhor identificadas pelo corante alcian-blue, que as torna azuis claras. - O grande problema do EB é que ele representa uma lesão precursora do Adenocarcinoma (AC) de esôfago. Portadores de EB têm risco de AC 40x maior do que a população geral, o que equivale a 0,5% ao ano ou 10% no total. Todavia, é preciso entender que, embora exista um risco definido de adenocarcinoma nos próximos anos, esse risco não é suficientemente grande para indicar uma abordagem intervencionista (ablação endoscópica ou esofagectomia) em TODOS os casos. - Note que 90% dos pacientes não evoluirão com câncer, até pelo fato de serem idosos e o tempo de instalação do Adenocarcinoma ser relativamente longo. Logo, na maioria das vezes, os riscos do tratamento superam os potenciais benefícios. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Tratamento do Esôfago de Barrett - Até o momento, não há nenhum tratamento eficaz para o esôfago de Barrett, quando o objetivo é a regressão do epitélio metaplásico. - Tanto a terapêutica clínica como a cirúrgica são eficazes somente para controlar o refluxo, diminuindo, consequentemente, o processo inflamatório. - Pacientes com esôfago de Barrett sem displasia devem ser acompanhados com exame endoscópico e biópsias seriadas a cada 24 meses. - Pacientes com displasia de baixo grau precisam de acompanhamento a cada seis meses; - os pacientes com displasia de alto grau devem ter o diagnóstico confirmado por outro patologista, sendo indicada intervenção cirúrgica. - Se o paciente não tiver sido operado, o acompanhamento sugerido é a cada três meses. (Federação brasileira de gastroenterologia) - Todo portador de esôfago de Barrett deve realizar múltiplas biópsias endoscópicas à procura de displasia ou neoplasia. Na ausência de displasia, a EDA com biópsias pode ser repetida a cada 3-5 anos. - Na presença de displasia de baixo grau, duas opções são aceitáveis: (1) EDA anual; (2) terapia endoscópica. A maioria dos autores modernos têm preferido a última opção. - O encontro de displasia de alto grau (carcinoma in situ) indica terapia endoscópica ou esofagectomia (é o procedimento cirúrgico que pode ser realizado tanto para a remoção total, quanto de uma porção do esôfago). Dada a elevada morbidade e mortalidade da cirurgia (40% e 1-5%, respectivamente), além da elevada eficácia da terapia endoscópica (90% de cura do EB, quando associada ao uso Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico de IBP), a maioria dos autores agora prefere a terapia endoscópica em detrimento da cirurgia, mesmo nesses pacientes. - Cumpre mencionar que a terapia endoscópica abrange duas técnicas distintas: (1) ressecção da mucosa; (2) ablação com ondas de radiofrequência. - A ressecção é indicada na presença de nódulos ou irregularidades superficiais, já que permite um estudo histopatológico ainda mais focado. A ablação por radiofrequência pode ser empregada para eliminar o restante do epitélio metaplásico. Quais os tipos de esofagectomia? A cirurgia pode ser feita de duas maneiras diferentes, sendo elas a esofagectomia pelo tórax ou pelo abdômen. Ambas podem ainda ser realizadas por via convencional (também chamada de aberta) ou por técnica minimamente invasiva (laparoscópica ou robótica) Esofagectomia transdiafragmática (também chamada de transhiatal) Essa técnica é muito utilizada no Brasil, principalmente nos pacientes com adenocarcinoma de junção esofagogástrica. Esofagectomia transtorácica Essa técnica é mais utilizada no carcinoma espinocelular com linfadenectomia torácica. 5. Identificar quando é indicação cirúrgica e como é realizada Cirurgia da DRGE: - As indicações para tratamento cirúrgico mudaram desde o advento de IBP. Certamente, pacientes com evidência de lesão esofágica grave (p. ex., úlcera, estenose, mucosa de Barrett) e resolução incompleta dos sintomas ou recaídas Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico durante o tratamento médico são candidatos à cirurgia. Outros pacientes com sintomas de longa duração ou aqueles nos quais os sintomas persistem em tenra idade são inicialmente considerados para operação. Nesses pacientes, a cirurgia é considerada uma alternativa à terapia clínica, em vez de um tratamento de último recurso. - Alguns pacientes não têm absolutamente nenhuma resposta dos seus sintomas com o uso de IBP. Eles precisam ser analisados antes de serem encaminhados para tratamento cirúrgico, em vez de serem considerados como falhas médicas que poderiam se beneficiar da cirurgia. Pelo fato de os IBP serem tão eficazes para diminuir a produção ácida do estômago, o diagnóstico de DRGE nesses pacientes é questionável e deve ser demonstrado com testes objetivos. - Desde a aplicação de técnicas minimamente invasivas para o tratamento da DRGE, o custo da cirurgia tem diminuído. Isso tem alterado como o tratamento cirúrgico é visto. Considerando o custo do uso do IBP e o custo do tratamento cirúrgico com sua taxa de sucesso aceita, o período de tempo necessário para a terapia médica tornar-se mais cara do que a cirurgia é de aproximadamente 8 a 10 anos. Isso pressupõe que o paciente use a menor dose do medicamento. - Além disso, para pacientes com expectativa de vida acima de 8 anos e que precisarão de terapia indefinidamente para um esfíncter mecanicamente defeituoso, a intervenção cirúrgica deve ser considerada o tratamento de escolha. Obs: Com relação à cirurgia, pacientes jovens, não obesos, muito sintomáticos, que respondem bem ao uso de medicação e que apresentam exames alterados (EDA, pHmetria ou impedanciopHmetria esofágica) poderão se candidatar à cirurgia antirrefluxo, conhecida como fundoplicatura. A cirurgia consiste em envolver a parte superior do estômago em volta do esfíncter esofágico inferior para criar uma barreira que impeça o refluxo. (SBMDN - Sociedade bras. de motilidade digestiva e neurogastroenterologia) Tipos: Válvula de 360 Graus (Abordagem pelo Pilar Esquerdo) Fundoplicatura de Nissen ou completa - Essa técnica aqui descrita é a abordagem pelo pilar esquerdo para uma válvula de 360 graus (fundoplicatura à Nissen), que deve ser o procedimento de escolha para a maioria dos doentes. Essa abordagem tem a vantagem de fornecer acesso direto e precoce aos vasos gástricos curtos e ao baço. Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo Gastroesofágico Amanda Melo P5 FITS Doença do Refluxo GastroesofágicoComplicações da DRGE Amanda Melo P5 FITS
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