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Impostos de Importação e Exportação APRESENTAÇÃO O tema impostos não traz satisfação a muitas pessoas, visto que a carga tributária incidente traz complexidades no seu trato e peso sobre o valor do que é comercializado. Os tributos alcançam a sociedade nos mais variados meios e situações. No comércio exterior encontramos tributação na importação e exportação de mercadorias. Nesse sentido, torna-se importante avaliar sua forma de aplicação no Brasil e conhecer os benefícios fiscais que possam minimizar o peso da tributação. O planejamento quanto a tributação e benefícios fiscais pode ser uma importante ferramenta de gestão, podendo resultar no possível sucesso ou fracasso de uma atividade empresarial. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a identificar os diferentes tipos de impostos sobre importação e exportação de mercadorias, avaliar a forma como os impostos são aplicados na movimentação de cargas, e saber como elaborar o planejamento do recebimento e expedição de cargas de acordo com o sistema tributário aduaneiro. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os diferentes tipos de impostos que incidem sobre a importação e exportação de mercadorias. • Avaliar as formas de impostos brasileiros aplicados na movimentação de cargas importadas e exportadas. • Elaborar o planejamento de recebimento e expedição de cargas de acordo com o sistema tributário aduaneiro. • DESAFIO Atualmente, podemos utilizar como referência para promover o desenvolvimento do comércio internacional o sistema harmonizado, o qual foi concebido para aprimorar a coleta de dados, a comparação e a análise das estatísticas e, particularmente, a execução das operações do comércio exterior. Além disso, esse sistema tem como objetivo facilitar as negociações comerciais internacionais e a elaboração de tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias, impostos e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional. Com base nesse contexto e no sistema de harmonização (SH), o qual facilita a execução das operações de importação e exportação, uma empresa importadora de mercadorias provenientes da China de nome fantasia Importa Fácil necessita organizar as suas operações melhorando a apuração dos seus principais impostos: Imposto de Importação (II), Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS-Importação e Cofins-Importação. Você, como profissional de comércio exterior da empresa Importa Fácil, precisa calcular os impostos dispostos acima utilizando, de acordo com as fórmulas disponibilizadas, as taxas e o Valor Aduaneiro como parâmetros para apurar os valores do II, IPI, PIS e Cofins incidentes sobre a importação da mercadoria: CIGARROS QUE CONTENHAM TABACO. Obs.: Vale lembrar que, desde 08/10/2014, a base de cálculo do PIS e Cofins passou a ser apenas o valor aduaneiro, excluindo assim o ICMS, bem como as próprias alíquotas de PIS e Cofins. Base de cálculo: Valor CIF PIS = VA x Alíquota PIS Cofins = VA x Alíquota Cofins. INFOGRÁFICO Os impostos de importação são diferentes dos impostos de exportação, bem como os tributos que incidem sobre eles. Por isso, é importante que você conheça a diferença entre eles e também compreenda como se dá a classificação final das mercadorias (NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul) sobre as quais incidirão os tributos. É relevante apontar que a NCM deverá ser de conhecimento tanto do exportador quanto do importador. O infográfico apresenta as diferenças entre impostos de importação e exportação e exemplifica a NCM. CONTEÚDO DO LIVRO O capítulo a seguir aborda os tributos incidentes sobre o comércio exterior, ou seja, importação e exportação. Neste momento, você poderá conhecer todos os tipos de tributos que são verificados e possivelmente aplicados sobre as operações voltadas ao comércio exterior. Leia o capítulo Impostos de importação e exportação, da obra Logística aduaneira, que serve de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Patricia Ines Schwab Impostos de importação e exportação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os diferentes tipos de impostos que incidem sobre a im- portação e exportação de mercadorias. Avaliar as formas de impostos brasileiros aplicados na movimentação de cargas importadas e exportadas. Elaborar o planejamento de recebimento e expedição de cargas de acordo com o sistema tributário aduaneiro. Introdução O tema “impostos” não traz satisfação a muitas pessoas, visto que a carga tributária incidente traz complexidades no seu trato e peso sobre o valor do que é comercializado. É sempre muito interessante que todos nós tenhamos um bom conhecimento sobre esse assunto, pois no mínimo devemos saber o quanto temos que pagar de imposto e qual o limite máximo do que nos pode ser cobrado. Os tributos alcançam a sociedade nos mais variados meios e situações. No comércio exterior encontramos tributação na importação e exportação de mercadorias. Neste sentido, torna-se importante também avaliar sua forma de aplicação no Brasil e conhecer os benefícios fiscais que podem minimizar o peso da tributação. O planejamento quanto à tributação e benefícios fiscais pode ser uma importante ferramenta de gestão, podendo resultar no possível sucesso ou fracasso de uma atividade empresarial. Neste capítulo você aprenderá a identificar os diferentes tipos de impostos sobre importação e exportação de mercadorias, avaliar a forma como os impostos são aplicados na movimentação de cargas e como elaborar o planejamento do recebimento e expedição de cargas de acordo com o sistema tributário aduaneiro. Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 1 23/02/2018 15:07:05 Tipos de impostos que incidem sobre a importação e exportação de mercadorias no Brasil O conceito de tributos é o nosso ponto de partida. Sua defi nição é apresentada no código tributário nacional (CTN), na Lei nº 5.172/66 como segue: “Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). Principais características dos tributos: Há uma prestação pecuniária, ou seja, um dever de entregar ao governo os recursos monetários correspondentes às características próprias da transação de compra ou venda realizada. É importante ressaltar que existe o direito do poder público de buscar estes valores, visto que a obrigação de pagamento está prevista em lei. Os pagamentos dos tributos são compulsórios; visto que, sendo deter- minados por lei não são provenientes de um ato de escolha própria ou de um acordo com esferas governamentais. O pagamento do tributo é proveniente de um ato lícito constante na lei; portanto, não é uma pena infligida devido a alguma ilicitude cometida pelo contribuinte; sendo assim, são exigidos os tributos que possuem previsão legal. Na Constituição verifica-se que os tributos são classificados em cinco espécies: impostos; taxas; contribuições de melhoria; empréstimos compulsórios; contribuições sociais. Vamos nos deter apenas na definição de impostos como uma das cinco espécies de tributos diretamente relacionada a este capítulo. Sobre os impostos, são espécies de tributos que incidem sobre uma ativi- dade, e que não estão relacionados à atuação do poder público; neste caso não há uma contrapartida diretamente relacionada, do poder público, na aplicação dos recursos dos impostos como uma forma de retorno ao contribuinte (ser- Impostos de importação e exportação2 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 2 23/02/2018 15:07:05 viços públicos e demais). Portanto, para instituir e cobrar um imposto não é necessáriauma contrapartida. O imposto tem sua abrangência sobre: 1. comércio exterior; 2. patrimônio e renda; 3. produção e circulação. Vamos verificar os tributos incidentes sobre o comércio exterior, ou seja, a importação e a exportação. Características do imposto de importação (II): somente a União tem competência para instituir o imposto de importa- ção, pois trata-se de um tributo de ordem federal previsto na Constituição (BRASIL, 1988, art.153); a incidência do imposto de importação se dá sobre a entrada de produtos estrangeiros na aduana brasileira; deve adequar-se aos acordos internacionais estabelecidos, por exemplo com o Mercosul e a Organização Mundial do Comércio; está previsto no Decreto-lei nº 37/66; está previsto no regulamento aduaneiro (BRASIL, 2009); está presente no código tributário nacional (BRASIL, 1966); o imposto de importação não precisa ser instituído por lei e tem caráter extrafiscal, que permite a sua cobrança imediatamente após sua criação e não somente no exercício financeiro seguinte; a alíquota pode ser alterada por decisão do Poder Executivo sem a necessidade de aprovação ou o exame de outras esferas do Poder (Le- gislativo ou Supremo Tribunal Federal). Quanto a incidência do imposto de importação, ele incide sobre a entrada de produtos estrangeiros no território brasileiro, gerando a necessidade de pagar tributo como consequência. Existem três critérios para sua determinação: critério material; critério temporal; critério espacial. Critério material é a ação que enseja o tributo, ou seja, trazer para dentro do território nacional produtos estrangeiros; critério temporal é o momento no tempo em que o tributo passa a ser devido, devido a partir da entrada física do 3Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 3 23/02/2018 15:07:06 produto na aduana e/ou a partir do registro da declaração de importação (DI) no Siscomex; critério espacial é o local onde surge a obrigação tributária, ou seja, qualquer local do território brasileiro onde possa ocorrer o registro de entrada do produto estrangeiro. Sobre o recolhimento do imposto de importação, acontece após o preen- chimento da DI no sistema Siscomex, sendo o imposto gerado e recolhido via sistema enquanto o débito ocorre na conta corrente do sujeito importador. O recolhimento do imposto é a condição que libera a ação de desembaraço aduaneiro, sendo que este não significa a nacionalização do produto, visto que durante a conferência realizada pela autoridade da Fazenda pode ocorrer a retificação da DI com possíveis acréscimos, multas e juros. A retenção da mercadoria permanece enquanto perdurar a obrigação tributária. Em primeiro lugar vamos falar sobre o imposto sobre produtos industria- lizados (IPI), sua principal característica é que esse imposto é um tributo federal que incide sobre a produção interna do país e sobre as operações de importação. As operações de importação são aquelas que se referem a produtos industrializados e não industrializados, porém a incidência do IPI ocorre apenas em relação aos industrializados e industrializados reimportados. Características relacionadas ao IPI na importação: O importador é obrigado ao pagamento do imposto como contribuinte em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira. Base de cálculo na importação: o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou deste exigíveis. Alíquota: são várias e estão presentes na tabela de incidência do imposto sobre produtos industrializados (TIPI). Prazo de recolhimento do IPI: antes da saída do produto da repartição que processar o despacho, nos casos de importação. PIS/Pasep e Cofins: incidem sobre as operações de importação o pro- grama de integração social (PIS), o programa de formação de patri- mônio do servidor público (PASEP) e a contribuição social para o financiamento da seguridade social (Cofins). A Constituição Federal estabelece o Poder Executivo como tendo competência exclusiva para criar e alterar essas contribuições: Impostos de importação e exportação4 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 4 23/02/2018 15:07:06 Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profis- sionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observando o disposto nos artigos. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Parágrafo único. Os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores para o custeio, em benefí- cio destes, de sistemas de previdência e assistência social (BRASIL, 1988). Importante ressaltar que a Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004 dispõe sobre a contribuição para os programas de integração social e de formação do patrimônio do servidor público, e a contribuição, para o financiamento da seguridade social incidente sobre a importação de bens e serviços, dá outras providências. Diferentemente ao que se dá no imposto de importação e do imposto sobre produtos industrializados as contribuições de que tratamos aqui ocorrem também sobre a importação de serviços. Lembrando que elas também incidem nas hipóteses previstas no II e no IPI. Outros tributos: AFRMM é um tributo que acontece quando há contratação de frete marítimo, denominado adicional ao frete para renovação da marinha mercante. Cide – combustíveis – ocorre nos mesmos moldes do AFRMM e é denominada de contribuição de intervenção no domínio econômico. IOF é um tributo de competência federal e que não incide diretamente sobre as operações de comércio exterior, porém causa impacto sobre elas, visto que essas operações envolvem pagamento ou recebimento em moedas estrangeiras. Taxa do Siscomex é um tributo federal previsto na Lei nº 9.716/1998 e cobrado devido ao uso pelo usuário do sistema Siscomex. Taxa de utilização do mercante ocorre devido ao uso do sistema de controle eletrônico de arrecadação do AFRMM, instituído pelo art. 37 da Lei nº 10.893/2004. ICMS é um imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços de âmbito estadual e incide sobre a importação, circulação de mercadorias iniciada no exterior, sobre a circulação dentro do território nacional e sobre os serviços de transporte. 5Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 5 23/02/2018 15:07:06 Conheça melhor a incidência do imposto de importação e suas características e, também, a respeito do imposto IPI nos sites a seguir. https://goo.gl/vPKhtZ https://goo.gl/TiHxlQ Características do imposto de exportação (IE) O imposto de exportação tem como fato gerador a saída da mercadoria do território aduaneiro (BRASIL, 1977, art. 1º). Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro do RE no sistema integrado de comércio exterior – Siscomex (BRASIL, 1977, § 1º, art. 1º; BRASIL, art. 213, § único). A base de cálculo do imposto é definida no artigo 2º do Decreto-lei nº 1.578, de 1977: Art. 2º. A base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da Camex – câmara de comércio exterior. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001.) § 1º – O preço à vista do produto, FOB ou posto na fronteira, é indicativo do preço normal. De acordo com a circular Bacen nº 2.767/97, a base de cálculo do imposto é o valor da mercadoria constante do campo 18-b (preço total no local de embarque)do registro de exportação efetivado no Siscomex. No caso do RE registrado no Sistema Novoex, é o valor constante do campo “preço total – no local de embarque” na aba “4. Dados da mercadoria”. Para a determinação do valor em reais da base de cálculo do imposto, deve ser utilizada a taxa de câmbio disponível no Sisbacen, transação PTAX800, opção 5, relativa ao dia útil imediatamente anterior ao da ocorrência do fato gerador do imposto. Segundo a Portaria MF nº 674/94, é necessário que o exportador apresente o comprovante de pagamento (Darf) juntamente com os documentos que instruem o despacho. Não poderá ser autorizado o embarque ou a transposição Impostos de importação e exportação6 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 6 23/02/2018 15:07:06 de fronteira da mercadoria cujo imposto de exportação incidente não tenha sido pago. O prazo para pagamento do imposto é de quinze (15) dias contados da data do registro da DE. A Camex é o órgão responsável pela edição de normas relativas às mer- cadorias sujeitas ao imposto de exportação. No caso de mercadoria gravada com imposto de exportação, haverá indicação de forma automática no RE e na DE (realizada no grande porte – tela de recepção dos documentos). Na elaboração de DE, via web, em que haja vinculação de RE com mercadoria classificada em NCM passível de incidência do imposto de exportação, ao se inserir o RE na DE, aparecerá de forma automática a aba “imposto de exportação”. Caso o usuário informe que o imposto de exportação se aplica à mercadoria, deverá também informar a base legal e a alíquota para que o sistema calcule o imposto. Nos dados do recolhimento, haverá a opção para se registrar o pagamento por meio de Darf, e/ou a compensação por meio de declaração de compensação (Dcomp), e/ou o valor contestado judicialmente. Confira o Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. https://goo.gl/JVKIu Impostos brasileiros aplicados na movimentação de cargas importadas e exportadas A aplicação das alíquotas necessita de parâmetros a fi m de se obter um bom controle das negociações e das operações de trocas de mercadorias que ocorrem diariamente no comércio exterior. Assim, o sistema harmonizado (SH) foi criado pelos membros que participam desse comércio para promover o desen- volvimento do comércio internacional, para aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o sistema também tem a função de facilitar as negociações comerciais internacionais, a elaboração de tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações 7Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 7 23/02/2018 15:07:06 utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional, conforme informado no manual de importação da UNESP (UNIVERSIDADE ESTA- DUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO, 2003). De acordo com esse manual (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO, 2003), é por meio da classificação de mercadorias que se define o percentual dos impostos (II. e IPI) a ser pago, e qual o órgão competente para autorizar a importação do produto, sendo estas informações valiosíssimas na hora de se importar e exportar mercadorias, favorecendo a padronização e aumentando a qualidade das transações inter- nacionais. Sabe-se que para cada produto classificado em determinada NCM/ SH será necessária a emissão de licença de importação específica. Então, se em uma mesma fatura constar produtos com classificações diferentes será necessária a emissão de uma L.I. para cada produto. A Figura 1 ilustra como funciona a descriminação das informações de acordo com a NCM/SH. Figura 1. Demonstração da classificação de uma mercadoria conforme NCM/SH. Fonte: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003). Conheça melhor os códigos e as nomenclaturas das mercadorias, nomenclatura comum do Mercosul (NCM) e regime tarifário comum acessando o link a seguir. https://goo.gl/xVUivJ Vamos verificar que os impostos aplicados na movimentação de cargas importadas e exportadas no âmbito das leis brasileiras podem ser estudados sob um importante aspecto, o dos benefícios fiscais. Impostos de importação e exportação8 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 8 23/02/2018 15:07:07 Impostos de importação Na Figura 2 podemos verifi car quais são os principais impostos que incidem sobre a importação de mercadorias. Figura 2. Impostos incidentes sobre importação. Fonte: IBSolutions (2018?). É possível perceber que os benefícios fiscais tratam de acordos de comér- cio, como, por exemplo: a OMC, SGPC, o Aladi e Mercosul (NCM). Esses acordos podem ser de ordem multilateral com uma grande quantidade de países; os regionais, com uma quantidade menor de países; e os bilaterais, envolvendo dois países. Vamos entender um pouco sobre alguns acordos que o Brasil participa: Acordos multilaterais: neste tipo de acordo você vai verificar que vários países fazem parte e a ideia é a de que esse grande conjunto possa criar regras básicas para o comércio de mercadorias entre si. A organização mundial do comércio (OMC) é o principal acordo multilateral existente. Cada um dos 153 países membros da OMC tem uma lista de concessões tarifárias constantes no acordo geral de tarifas aduaneiras e comércio (GATT) que estabelece a tarifa máxima sobre a importação de determinado produto. 9Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 9 23/02/2018 15:07:07 Sistema global de preferências comerciais: o sistema global de preferências comerciais (SGPC) diferentemente da OMC é um tipo de acordo que possibilita, aos países em desenvolvimento, algumas preferências comerciais que não se es- tendem aos países desenvolvidos. Encontraremos neste caso tarifas de importação diferenciadas; portanto, ao importar de um país em desenvolvimento é cobrada uma taxa inferior e de um país desenvolvido uma taxa superior comparativa- mente. O SGPC visa estimular o comércio entre os países em desenvolvimento. Acordos regionais: têm como finalidade a promoção da integração e do comércio entre países de uma mesma região com a redução ou a eliminação de barreias de ordem tarifárias e não tarifárias entre eles. Esses acordos tendem a ser mais abrangentes, pois são realizados por um número menor de países e com interesses mais próximos. Nesse tipo de acordo, o Brasil tem participação na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e no Mercosul. No caso da Aladi, o benefício fiscal é concedido pelo Brasil no âmbito do imposto de importação proporcionando aos países participantes alíquotas menores e uniformes. São participantes os seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. O Mercosul é um acordo realizado com alcance parcial, inserido no Aladi, porém abrange apenas alguns países da América do Sul, prevê-se em um cronograma entre esses que ocorra a redução de barreiras no comércio dentro do bloco. Diferentemente da Aladi, o Mercosul já estabelece tarifa zero no imposto de importação para a maioria dos produtos que circula entre os países. São membros do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Sobre a movimentação – trânsito aduaneiro, vejamos o que estabelece nossa legislação em relação ao valor aduaneiro na movimentação de cargas: No artigo 77, incisos I e II e artigo 79, inciso II, do Decreto nº. 6.759/2009, integram o valor aduaneiro: I – o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II – os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao trans- porteda mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; Art. 79. Não integram o valor aduaneiro, segundo o método do valor de transa- ção, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, na respectiva documentação comprobatória; e os custos de transporte e seguro, bem como os gastos associados ao transporte, incorri- dos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos no inciso I do art. 77. Impostos de importação e exportação10 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 10 23/02/2018 15:07:07 No link a seguir, você poderá conhecer o GATT, acordo geral de tarifas aduaneiras e comércio, estabelecido na Lei n° 313, de 30 de julho de 1948, que autoriza o Poder Executivo a aplicar, provisoriamente, o acordo geral sobre tarifas aduaneiras e comércio, a reajustar a tarifa das alfândegas e dar outras providências. https://goo.gl/4wzqgc Exportações – impostos relacionados e isenções ICMS: a exportação de produtos industrializados é imune ao ICMS (BRASIL, 1988, artigo 155, § 2º, X, a). De acordo com o artigo 3º da Lei Complementar nº 87/96, apesar de não ser imune, a exportação de produtos primários e se- mielaborados constituirá hipótese de não incidência. Em virtude da edição da LC nº 87/96, as leis ordinárias estaduais que previam a sua tributação deixam de ser aplicáveis. Afi nal, não são tributáveis as operações de que decorra a exportação de produtos: industrializados, em virtude de imunidade; semielaborados, em virtude de não incidência; primários, em virtude de não incidência. É importante saber que é admitido o crédito do ICMS relativo a maté- rias-primas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos destinados à exportação ou às mercadorias e serviços que venham ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior. Conforme parágrafo único, artigo 3°, da LC nº 87/96, dispõe que se equi- param às operações de exportação as saídas de mercadorias realizadas com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabele- cimento da mesma empresa; armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro. 11Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 11 23/02/2018 15:07:07 Os créditos acumulados do ICMS decorrentes da exportação, após exame de sua legitimidade pelo fisco, poderão ser transferidos para outros estabe- lecimentos da mesma empresa e o saldo remanescente poderá ser repassado para outros contribuintes, dependendo de previsão legal regulamentada no regulamento do ICMS de cada unidade da Federação. IPI: são imunes da incidência do imposto, os produtos industrializados desti- nados ao exterior (BRASIL, 1988, artigo 153, § 3º, inciso III), contemplando todos os produtos, de origem nacional ou estrangeira. Além disso, o estabelecimento ex- portador pode creditar-se do IPI pago na aquisição dos insumos que industrializou. PIS: as exportações são isentas do PIS, de acordo com o artigo 14, § 1º, da Medida Provisória nª 2.158-35/2001. Com relação ao PIS não cumulativo, instituído pela Lei nº 10.637/2002, o artigo 5º da mesma estipula a não incidência sobre as receitas decorrentes das exportações de mercadorias ou serviços. Observa-se que, para os contribuintes que apuram o PIS pelo sistema não cumulativo (Lei 10.637/2002), existe o direito ao crédito, nas condições fixadas pela lei. Cofins: o artigo 7° da Lei Complementar nº 70/91 concedeu isenção de Cofins sobre as receitas oriundas da exportação de mercadorias, mesmo quando reali- zadas através de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes, bem como as empresas comerciais exportadoras, nos termos do Decreto-lei nº 1.248/72, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior. Com relação ao Cofins não cumulativo, instituída pela Lei nº 10.833/2003, o artigo 6 da mesma estipula a não incidência sobre as receitas decorrentes das exportações de mercadorias ou serviços, admitido, ainda, o crédito das referidas aquisições. ISS: o ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior do país (BRASIL, 2003, artigo 2º, inciso I). São tributáveis os serviços desen- volvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior. IRPJ e contribuição social sobre o lucro: deverão ser calculados normal- mente, sobre as operações de exportação, exceto quando as empresas forem beneficiadas com programas específicos do lucro de exploração (tipo Befiex, etc.). Simples nacional: as ME e as EPP optantes pelo simples nacional deverão considerar, destacadamente, mensalmente e por estabelecimento, para fim de pagamento, as receitas decorrentes da exportação de mercadorias para o exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico. No entanto, observe que a exportação de serviços está sujeita à tributação integral pela alíquota do simples nacional. Impostos de importação e exportação12 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 12 23/02/2018 15:07:08 Receita de exportação: a receita bruta de vendas nas exportações de produtos manufaturados nacionais deve ser determinada pela conversão, em reais ($), de seu valor expresso em moeda estrangeira à taxa de câmbio fixada no boletim de abertura pelo Banco Central do Brasil, para compra em vigor na data de embar- que dos produtos para o exterior e entendida a data averbada, pela autoridade competente, na guia de exportação ou documento equivalente (BRASIl, 1988). Entende-se como data de embarque dos produtos para o exterior (mo- mento da conversão da moeda estrangeira) aquela averbada pela autoridade competente, na guia de reexportação ou no documento de efeito equivalente (BRASIL, 1988, item I.1). Contribuição previdenciária – vendas de produtos rurais ao exterior: não incide INSS sobre as receitas decorrentes de exportação de produtos rurais, cuja comercialização ocorra a partir de 12 de dezembro de 2001, por força do disposto no inciso I, parágrafo 2º, do art. 149, da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional 33/2001. Diferenças decorrentes de alteração na taxa de câmbio: as diferenças decorrentes de alteração na taxa de câmbio, ocorridas entre a data do fecha- mento do contrato de câmbio e a data do embarque, devem ser consideradas como variações monetárias ativas ou passivas (BRASIL, 1988). Sobre os impostos que incidem em um determinado produto, sendo este importado, a Figura 3 apresenta o cálculo dos impostos realizado pelo simulador da Receita sobre a mercadoria. Figura 3. Cálculo de impostos sobre importação. O IPI é calculado pela aplicação das alíquotas fixadas na TIPI = 300% (tabela de incidência) sobre a base de cálculo. Na quase totalidade dos casos, a alíquota do IPI é ad valorem e o imposto devido é igual a: 13Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 13 23/02/2018 15:07:08 base de cálculo: valor CIF fórmulas para cálculos: ■ II = TEC (%) x valor aduaneiro ■ IPI = TIPI (%) x (valor aduaneiro + II) ■ PIS = VA x alíquota PIS ■ Cofins = VA x alíquota Cofins A base de cálculo do imposto de importação é o valor aduaneiro da mer- cadoria. O imposto de importação é calculado pela aplicação das alíquotas fixadas na TEC = 20% (tarifa externa comum) sobre essa base de cálculo. Na quase totalidade das importações, a alíquota aplicável do PIS é de 2,10% e a da Cofins é de 9,65%. Não podemos deixar de lembrar que desde 08 de outubro de 2014 a base de cálculo do PIS e Cofins passou a ser apenas o valor aduaneiro, excluindo assim o ICMS, bem como as próprias alíquotas de PIS e Cofins. Conforme apresentado na Tabela 1, utilizando as fórmulas para o cálculo desses impostos, podemos chegar nestes resultados. Código NCM: 2402.20.00 – Cigarros que contenham tabaco II = TEC (%) x Valor aduaneiro II = R$ 20.220,00x (20%/100) >. Transformar % em decimal. II = R$ 20.220,00 x 0,20 II = R$ 4.040,00 IPI = TIPI (%) x (Valor aduaneiro + II) IPI = (R$ 20.220,00 + R$ 4.040,00) x 300% IPI = R$ 24.240,00 x 300% IPI = R$ 72.720,00 PIS = Alíquota PIS x VA PIS = R$ 20.220,00 x (2,10%/100) PIS = R$ 20.220,00 x 0,021 PIS = R$ 424,20 Cofins = Alíquota Cofins x VA Cofins = R$ 20.220,00 x (9,65%/100) Cofins = R$ 20.220,00 x 0,965 Cofins = R$ 1.949,30 Tabela 1. Cálculo dos impostos de importação sobre cigarros. Impostos de importação e exportação14 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 14 23/02/2018 15:07:08 O cálculo dos impostos incidentes sobre as mercadorias importadas pode ser fa- cilmente executado por meio da ferramenta “simulador do tratamento tributário e administrativo das importações”. Isso está disponível no site da Receita Federal, que possui um simulador para ajudar a calcular os impostos de importação. https://goo.gl/rPKTPI Planejamento de recebimento e expedição de cargas de acordo com o sistema tributário aduaneiro São necessários alguns cuidados em relação ao recebimento e expedição de cargas para que sejam cumpridas as questões relacionadas ao sistema tributário. Para isso é necessário planejar. O importador necessita estar atento aos docu- mentos a serem apresentados à Receita Federal, que como regra, são aqueles expressos no artigo 18 da Instrução Normativa nº 680/2006, da secretaria da Receita Federal do Brasil. De acordo com o art. 18, a DI será instruída com os seguintes documentos: I – via original do conhecimento de carga ou documento equivalente; II – via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; III – romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e IV – outros, exigidos exclusivamente em decorrência de acordos internacionais ou de legislação específica (BRASIL, 2006). No momento em que o produto está em deslocamento para ser entregue no destino, deverá chegar ao importador a documentação do artigo 18 da mencionada Instrução Normativa, que deverá ser apresentada no momento do desembaraço aduaneiro. Ao ser registrada a declaração de importação e apresentados os documentos para a Receita Federal do Brasil, são recolhidos os tributos após a conferência de regularidade da importação (BRASIL, 2006). Confirmando-se a correção das informações e o recolhimento dos tributos, finaliza-se o despacho aduaneiro e os produtos são desembaraçados e disponi- bilizados para que o importador possa realizar a retirada sem a necessidade de pagamento por período de armazenagem. O pagamento da mercadoria ocorre da forma acordada entre o importador e o exportador estrangeiro, podendo 15Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 15 23/02/2018 15:07:08 ser antecipado, à vista ou a prazo, mediante interveniência do Banco Central, que fará as conversões de moedas segundo contrato de câmbio. A declaração de importação, instruída com os documentos relacionados no artigo 18 da Instrução Normativa nº 680/2006 da secretaria da Receita Federal do Brasil e com outros possíveis documentos que venham a ser exigidos, deve ser registrada no Siscomex. Uma vez registrada a declaração de importação, é procedida a seleção e distribuição das mercadorias para os canais de para- metrização de conferência aduaneira. O termo “canais de parametrização” é justificado conforme o grau de profundidade da conferência das mercadorias no Brasil ocorrer em razão de parâmetros traçados pela Receita Federal, que, segundo seu entendimento, ensejam uma verificação mais rigorosa ou não das mercadorias que entram no território brasileiro. Algumas situações levam a uma conferência mais rigorosa da DI. Esses parâmetros levam em conta a proteção do mercado interno e concorrência leal, a proteção da população contra a nocividade de alguns produtos, a possibi- lidade de fraudes e a possibilidade de fraudes contra o fisco, tomando como base as características do importador, da mercadoria, o tratamento tributário utilizado, os volumes e valores a serem importados. A Receita Federal fornece algumas diretrizes que servem para fomentar as boas condutas das empresas que realizam regularmente operações de comércio exterior, essas diretrizes estão expressas no primeiro parágrafo do artigo 21 da Instrução Normativa nº 680/2006, da secretaria da Receita Federal do Brasil: Conforme disposto no art. 21 – após o registro, a DI será submetida à análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: § 1º – A seleção de que trata este artigo será efetuada por intermédio do Sis- comex, com base em análise fiscal que levará em consideração, entre outros, os seguintes elementos: I – regularidade fiscal do importador; II – habitualidade do importador; III – natureza, volume ou valor da importação; IV – valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação; V – origem, procedência e destinação da mercadoria; VI – tratamento tributário; VII – características da mercadoria; VIII – capacidade operacional e econômico-financeira do importador; e IX – ocorrências verificadas em outras operações realizadas pelo importador (BRASIL, 2006). Impostos de importação e exportação16 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 16 23/02/2018 15:07:09 A análise dessas diretrizes permite concluir que quanto mais transparente e segura a operação, menor rigor haverá na fiscalização. Sobre os procedimentos adotados em cada um dos canais de parametriza- ção, segundo descrito no art. 21, após o registro, a DI será submetida à análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira (BRASIL, 2006): I – canal verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensado o exame documental e a verificação da mercadoria; II – canal amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, é efetuado o desembaraço aduaneiro e dispensada a verificação da mercadoria; III – canal vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e IV – canal cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica. Sendo assim, o Brasil, em nome da viabilidade do comércio internacional entre o Brasil e o restante do mundo, absteve-se de fiscalizar minuciosamente todas as mercadorias que entram no país, concentrando seus esforços naquelas mercadorias e operações que considera mais importantes ou com um grau maior de risco para o mercado nacional. Para entender no que consiste a conferência aduaneira, vamos verifi- car o artigo 564 do regulamento aduaneiro, de acordo com o Decreto n° 6.759/2009. No art. 564, diz que a conferência aduaneira na importação tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas à sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. No canal vermelho, por exemplo, ocorre o exame dos documentos de importação, a verificação física da mercadoria, porém não há uma inves- tigação detalhada sobre a empresa e os produtos importados. O fiscal da Receita Federal verifica a documentação, avalia a correção dos dados dos documentos e se as mercadorias correspondem ao que consta na documenta- ção. Essas ações constam do artigo 29 da Instrução Normativa nº 680/2006, da secretaria da Receita Federal: 17Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 17 23/02/2018 15:07:09 Art. 29 – A verificação física é o procedimento fiscal destinado a identificar e quantificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro, a obter elemen- tos para confirmar sua classificação fiscal,origem e seu estado de novo ou usado, bem assim para verificar sua adequação às normas técnicas aplicáveis. § 1º – O importador prestará à fiscalização aduaneira as informações e a assistência necessárias à identificação da mercadoria. § 2º – A fiscalização aduaneira, caso entenda necessário, poderá solicitar a assistência de técnico credenciado para proceder à identificação da mercadoria. A Receita Federal terá à sua disposição, também no canal vermelho de parametrização, todas as informações a respeito da mercadoria, assim como verificará pessoalmente através de seus fiscais a mercadoria e todas as suas características. No canal amarelo de parametrização realiza-se o exame documental da mercadoria, em que são descritas todas as características da mercadoria, como a classificação fiscal, os tributos recolhidos, as características do importador, exportador, fabricante, o local de origem, e demais informações, que permitirão ao fiscal da Receita Federal a perfeita identificação do produto. Art. 25 – O exame documental das declarações selecionadas para conferência nos termos do art. 21 consiste no procedimento fiscal destinado a verificar: I – a integridade dos documentos apresentados; II – a exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive no que se refere à origem e ao valor aduaneiro da mercadoria; III – o cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar corres- pondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados; IV – o mérito de benefício fiscal pleiteado; e V – a descrição da mercadoria na declaração, para verificar se estão presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de descrição incompleta da mercadoria na DI, que exija verificação física para sua perfeita identificação, com vistas a confirmar a correção da classificação fiscal ou da origem declarada, o AFRF responsável pelo exame poderá condicionar a conclusão da etapa à verificação da mercadoria (BRASIL, 2009). Se a documentação apresentada for suficiente para sanar todas as dúvidas da fiscalização e não for constatada nenhuma irregularidade, será efetuado o desembaraço aduaneiro sem a necessidade de verificação da mercadoria. Por outro lado, se ainda restar alguma dúvida a respeito da mercadoria ou se houver dúvida referente a algum dado informado nos documentos apresentados, é facultado ao fiscal mudar o canal amarelo para vermelho Impostos de importação e exportação18 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 18 23/02/2018 15:07:09 com a finalidade de se promover a verificação física da mercadoria. Ao liberar a mercadoria após a sua verificação documental, conclui-se que os dados constantes desses documentos foram satisfatórios e suficientes para a verificação da regularidade da importação. Verificadas as peculiaridades dos diversos canais de parametrização, constata-se que a qualidade da informação e a transparência da relação entre o importador e o fisco são determinantes para a maior facilidade de realização do desembaraço aduaneiro. Porém, estando as informações apresentadas insuficientes, para a formação da convicção do auditor-fiscal da Receita Federal ou indicativas de fraudes contra o comércio exterior brasileiro, o mesmo deverá alterar o canal de fiscalização para um outro cuja verificação seja mais minuciosa, de acordo com a situação. Saiba mais sobre canais de parametrização e sobre o que é canal verde, vermelho, amarelo e cinza na importação no link a seguir. https://goo.gl/rLXggE BRASIL. Banco Central. Circular nº 2.767, de 11/7/1997. Brasília: Banco Central, 1997. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tip o=Circular&data=1997&numero=2767>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Brasília: Presidência da República, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ decreto/d6759.htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. 19Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 19 23/02/2018 15:07:09 BRASIL. Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Brasília: Presidência da República, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0037. htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Decreto-lei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972. Brasília: Presidência da República, 1972. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1248. htm>. Acesso em: 24 jan. 2018. BRASIL. Decreto-lei nº 1.578, de 11 de outubro de 1977. Brasília: Presidência da República, 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1578. htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 680, de 02 de outubro de 2006. Diário Oficial da União, Brasília, p. 38, 05 out. 2006. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov. br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=15618>. Acesso em: 24 jan. 2081. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Brasília: Presidência da República, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10637.htm>. Acesso em: 24 jan. 2018. BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 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Medida provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2158-35. htm>. Acesso em: 24 jan. 2018. BRASIL. Portaria MF nº 356, de 05 de dezembro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, p. 3133, 07 dez. 1988. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/ sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=27008>. Acesso em: 24 jan. 2018. Impostos de importação e exportação20 Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 20 23/02/2018 15:07:09 BRASIL. Portaria MF nº 674, de 22 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União, Bra- sília, p. 20304, 23 dez. 1994. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/ sijut2consulta/link.action?idAto=29153&visao=anotado>. Acesso em: 23 jan. 2018. IBSOLUTIONS. Importação de Cerveja de Malte. São Paulo: IBSolutions, [2018?]. Disponível em: <http://www.ibsolutions.com.br/como-importar-produtos-2/importacao-de- -cerveja-de-malte>. Acesso em: 13 dez. 2017. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Manual de importação da UNESP. São Paulo: Pró-Reitoria de Administração, 2003. Disponível em: <file:///C:/ Users/anynh/Downloads/manual-importacao.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Fazenda. Tarifa externa comum Brasil. Atualizada até a resolução CAMEX nº 123de 30/12/2015 (D.O.U. de 31/12/2015). Brasília: MF, 2015. Disponível em: <https://www.sefaz.mt.gov.br/portal/download/arquivos/Tabela_NCM.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. CARDOSO, D. G. Limites da tributação do comércio internacional e desenvolvimento econômico. São Paulo: Quartier Latin, 2010. CORTIÑAS LOPEZ, J. M.; GAMA, M. Comércio exterior competitivo. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Importação: passo a passo. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, [2018]. Disponível em: <http://www.dirad.fiocruz.br/?q=node/143>. Acesso em: 13 dez. 2017. HILÚ NETO, M. Imposto sobre importações e imposto sobre exportações. 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Acesso em: 13 dez. 2017. 21Impostos de importação e exportação Cap_3_Logistica_Aduaneira.indd 21 23/02/2018 15:07:09 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Falar em tributos pode gerar uma grande confusão, porque, quando falamos em tributo, estamos falando de um elemento que comporta algumas espécies. Precisamos abordar e conhecer os principais tributos existentes para poder diferenciá-los entre si, entendendo a conceituação de tributo e compreendendo as espécies que a compõem. O vídeo da Dica do Professor aborda questões relevantes sobre a conceituação e os principais tipos de impostos incidentes na importação e exportação de mercadorias no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Conforme o art. 21, do regulamento aduaneiro, após o registro, a DI (Declaração de Importação) será submetida a análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira. Sobre o canal verde, é correto afirmar: A) É o canal pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria. B) É o canal pelo qual será realizado o exame documental e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria. C) É o canal pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria. D) É o canal pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica. E) Tem como finalidade a promoção da integração e comércio entre países de uma mesma região com a redução ou eliminação de barreiras de ordem tarifária e não tarifária entre eles. 2) Quais são os tipos de impostos que podem incidir sobre a importação de mercadorias? Assinale a alternativa correta. A) TEC, TIPI e VA. B) CMS, IPI, PIS, Cofins, ISS, IRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro. C) IPI, PIS/Pasep, Cofins, AFRMM, Cide, IOF, Taxa Siscomex e Taxa de Utilização do Mercante. D) Canal verde, amarelo, vermelho e cinza. E) Via original do conhecimento de carga, via original da fatura comercial, romaneio de carga e outros. 3) Têm como finalidade a promoção da integração e comércio entre países de uma mesma região com a redução ou eliminação de barreiras de ordem tarifária e não tarifária entre eles. Tendem a ser mais abrangentes, pois são realizados(as) por um número menor de países e com interesses mais próximos. Assinale a alternativa que corresponde à afirmação acima. A) Acordos multilaterais. B) Receitas de exportação. C) Acordos regionais. D) Contribuições previdenciárias. E) Diferenças decorrentes de alteração na taxa de câmbio. 4) O imposto de importação incide sobre a entrada de produtos estrangeiros no território brasileiro. Como consequência, gera a necessidade de pagar tributo. Quais são os três critérios existentes para a sua determinação? A) Critério material, critério temporal e critério espacial. B) Critério local, critério de parametrização e critério DI. C) Critério espacial, critério local e critério de parametrização. D) Critério aduaneiro, critério da Receita Federal e critério do Siscomex. E) Critério de importação, critério de exportação e critério de impostos. 5) Algumas situações levam a uma conferência mais rigorosa da DI (Declaração de Importação). Nessa perspectiva, qual seria a finalidade dessa ação? Assinale a alternativa correta. A) Proteção do mercado interno e da concorrência leal, proteção da população contra a nocividade de alguns produtos e prevenção da possibilidade de fraudes contra o fisco. B) A integridade dos documentos apresentados e a exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constantes nos documentos que a instruem. C) Exame dos documentos de importação e verificação física da mercadoria. D) Exame documental, verificação da mercadoria e aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro. E) Gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada. NA PRÁTICA O sistema de importação e exportação de mercadorias é composto por formulários, tributos e impostos. Os formulários são documentos que acompanham as mercadorias, desde a origem até o destino; o tributo é um tipo de gênero que comporta cinco espécies: o imposto, a taxa, a contribuição de melhorias, as contribuições sociais e empréstimos compulsórios; os impostos são um tipo de tributo que pode ser coletado e dividido entre a União, os Estados e os Municípios. Sabendo de tudo isso e prestes a iniciar seu primeiro processo de importação e exportação de mercadorias, José (dono de uma empresa de sapatos) contratou Beatriz para lhe orientar quanto aos processo de importação e exportação. Beatriz lhe apresentou o seguinte relatório: Após a explicação de Beatriz, e contando com seu conhecimento em importação e exportação, no que tange aos processos, mas também aos tributos e impostos pagos, sentiu-se seguro para aventurar-se nesses processos e expandir seu negócio. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Imposto de Importação - Cálculo dos Custos em 4 Passos Assista ao vídeo e observe as etapas de como executar o cálculo do Imposto de Importação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Custo Brasil Assista ao vídeo e entenda um pouco mais sobre a complexidade do mercado de comércio exterior e as oportunidades de redução de tributos com o uso de Regimes Aduaneiros Especiais, como Recof, Recof-Sped e Drawback Suspensão. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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