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FORMAÇÃO DIDÁTICA Juliana Branco EAD Editora Universitária Adventista Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima Reitor: Martin Kuhn Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes Supervisora Administrativa: Rhayane Storch Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira FORMAÇÃO DIDÁTICA 1ª Edição, 2023 Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Juliana Cordeiro Soares Branco Doutora em Educação pela UFMG Marques, Pâmela Caroline Costa Ferramentas de produtividade e gestão do tempo [livro eletrônico] / Pâmela Caroline Costa Marques. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2022. PDF Bibliografia. ISBN 978-65-5405-041-8 1. Administração 2. Gestão de negócios 3. Produtividade 4. Tempo - Administração I. Título. 22-134421 CDD-650.1 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Tempo : Produtividade : Administração 650.1 Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380 Formação Didática 1ª edição – 2023 e-book (pdf) Coordenação editorial: Nadia Menin Revisão: Gabriel A. Costa Preparação: Fernanda Lourenço Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Diagramação: Felipe Rocha Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Editora Universitária Adventista Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO CONTEXTUALIZAÇÃO DA DIDÁTICA: A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO ................................................................... 8 Introdução ..................................................................................................................................... 9 Introdução à discussão sobre didática .......................................................................................... 9 Um pouco de história .................................................................................................................. 10 Didática e trabalho pedagógico no século XXI ............................................................................ 12 Competências docentes para ensinar .......................................................................................... 13 Objetivos educacionais ................................................................................................................ 15 Formação docente ....................................................................................................................... 17 Aprendizagem por problemas e pedagogia de projetos ............................................................ 19 Projetos de trabalho na educação infantil .......................................................................... 20 Projetos de trabalho nas séries iniciais do ensino fundamental ........................................ 21 Resumo ........................................................................................................................................ 22 Referências ................................................................................................................................... 23 ORGANIZAÇÃO DO ENSINO – COMPREENDENDO O PERFIL DISCENTE E OS SABERES PRESENTES NO PROCESSO DE ENSINO ........... 24 Introdução .................................................................................................................................... 25 Uma visão geral sobre o processo educativo .............................................................................. 25 Relação estudante, saber e contexto ........................................................................................... 26 Sobre as tendências pedagógicas ............................................................................................... 30 Resumo ........................................................................................................................................ 36 Referências ................................................................................................................................... 37 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL ................................................................ 39 Introdução .................................................................................................................................... 40 As competências do processo educativo ..................................................................................... 40 Organizar e dirigir situações de aprendizagem .................................................................. 40 Administrar a progressão das aprendizagens .................................................................... 40 Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação ................................................. 41 Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho ......................................... 41 Trabalhar em equipe ........................................................................................................... 41 Participar da administração da escola ................................................................................ 42 Informar e envolver os pais ................................................................................................. 42 Utilizar novas tecnologias ................................................................................................... 42 Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão ....................................................... 42 Administrar sua própria formação contínua ...................................................................... 43 Estratégias metodológicas ........................................................................................................... 44 Critérios básicos para a escolha dos métodos de ensino ................................................... 46 O uso do livro didático ................................................................................................................. 47 Programa Nacional do Livro Didático ................................................................................. 48 Tecnologias educacionais ............................................................................................................ 51 Resumo ........................................................................................................................................52 Referências ................................................................................................................................... 54 RECURSOS PARA O TRABALHO INDIVIDUAL E EM GRUPO NA SALA DE AULA E A GESTÃO NA SALA DE AULA ..................... 55 Introdução .................................................................................................................................... 56 Gestão da sala de aula: autoridade e autoritarismo ................................................................... 56 Gestão da sala de aula ................................................................................................................. 60 Gestão da sala de aula e vigilância .............................................................................................. 64 Resumo ........................................................................................................................................ 65 Referências ................................................................................................................................... 66 VO CÊ ES TÁ A QU I EMENTA Princípios teórico e práticos do planejamento pedagógico, da avaliação educacional e diferentes estratégias de ensino, relacionando as diferentes formas culturais de ensino. A relação pedagógica: professor, aluno, conhecimento e os diferentes aspectos do ensinar e aprender. UNIDADE 3 OB JE TI VO S - Entender sobre as competências docentes para ensinar; descrever recursos para o trabalho individual e em grupo na sala de aula. - Apresentar recursos didáticos com contextualização histórica; relacionar a produção de material didático com o desenvolvimento tecnológico. EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL 40 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA INTRODUÇÃO Olá! Neste capítulo, será possível ampliar os seus conhecimentos sobre a proposta pedagógica e a prá- xis educativa. Discutiremos sobre o trabalho docente em sala de aula e sobre algumas competências do ensi- no, segundo Philippe Perrenoud. Além disso, também ampliaremos nossos conhecimentos acerca do papel do livro didático e das tec- nologias educacionais, visando ampliar a aplicabilidade da didática na prática escolar. Então, vamos começar? AS COMPETÊNCIAS DO PROCESSO EDUCATIVO No livro “Dez novas competências para ensinar”, Perrenoud (2000) enfatiza algumas práticas inovado- ras, denominando-as de competências emergentes, também com o objetivo de orientar os processos forma- tivos, de forma a lutar contra o fracasso escolar e desenvolver aspectos relacionados à cidadania junto com a prática reflexiva. Foram selecionadas dez competências de referência e, a partir de cada uma delas, foram delineadas competências específicas, como você verá a seguir. Vamos lá?! ORGANIZAR E DIRIGIR SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Essa competência trata da capacidade de ensinar bem. Para isso, o professor precisa entender que a sociedade evolui e os métodos precisam ser revistos. É preciso entender que cada educando é um ser único e vivencia a aula e o contexto social de uma forma. Para alcançar essa competência, é preciso: [...] conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem; trabalhar a partir das representações dos alunos; trabalhar a partir dos erros e dos obs- táculos à aprendizagem; construir e planejar dispositivos e sequências didáticas, envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento (PERRENOUD, 2000, p. 20). Perceba a importância de relacionar, durante a prática pedagógica, conteúdos e objetivos. Assim, será possível criar situações de aprendizagem que serão significativas. Ao fazer esse exercício, o professor identifi- ca competências importantes para organizar o processo educativo e conduzir suas aulas de modo a estabe- lecer prioridades. ADMINISTRAR A PROGRESSÃO DAS APRENDIZAGENS Perrenoud (2000) alerta à necessidade de reflexão acerca da realidade do aluno. Para isso, ele deve dominar aspectos da formação do ciclo de aprendizagem e conhecer bem as fases do conhecimento e de desenvolvimento discente. Veja como é grande a responsabilidade do educador que, ao mesmo tempo, deve avaliar cada situação de aprendizagem. Nas palavras de Perrenoud, devemos: [...] conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos; adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino; estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de apren- dizagem; observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem forma- tiva; e fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão (PERRENOUD, 2000, p. 20). O docente precisa ter ciência de que cada discente poderá alcançar os objetivos didáticos mínimos. Para isso, ele precisará conhecer bem a turma para entender o percurso de cada um e qual a melhor meto- 41 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA dologia para atingir o potencial dos alunos, ou seja, refletir sobre o nível de conhecimento de cada aluno e entender como ele poderá progredir. CONCEBER E FAZER EVOLUIR OS DISPOSITIVOS DE DIFERENCIAÇÃO Perrenoud (2000) discute a necessidade de entender e administrar as diferenças encontradas na sala de aula, pois estamos falando de turmas heterogêneas e o professor precisa ter ciência disso. Isso envolve uma gestão de sala de aula em que se trabalha com diversos níveis de aprendizagem e com alunos com necessi- dades especiais. Nesse ponto, é fundamental contar com a cooperação dos alunos. Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma; abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto; fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades; desen- volver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo (PERRENOUD, 2000, p. 20). Nesse ponto, é fundamental perceber que alunos podem cooperar uns com os outros e tornar o apren- dizado mais interessante e maior. Isso porque não se aprende sozinho. Fica o desafio para o professor: como elaborar atividades que desenvolvem verdadeira cooperação? ENVOLVER OS ALUNOS EM SUAS APRENDIZAGENS E EM SEU TRABALHO Neste tópico, vamos destacar a necessidade da definição de um projeto pessoal do aluno e, para isso, podemos indicar a ele tarefas opcionais de formação. É importante também chamá-lo para fazer parte do processo. Para isso, podemos iniciar convidando-o para a tarefa de construção de regras, rotina, cronograma. Segundo Perrenoud (2000, p. 20), devemos: [...] suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desen- volver na criança a capacidade de autoavaliação [sic]; instituir e fazer funcionar um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos; oferecer atividades opcionais de formação; favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno. Nesse ponto, um exercício que o docente pode fazer é permitir que os próprios alunos proponham atividades. E, então, é preciso deixar claro que a atividade proposta pelo discente é tão importante quanto a atividade proposta pelo docente. TRABALHAR EM EQUIPE Somos seres sociais e necessitamos viver e nos manter em grupos. É importante que o estudante per- ceba essa necessidade e entenda que o ser humano não costuma se sentir bem sozinho. O trabalho em con- junto promove o entendimento de situações complexas de forma mais efetiva. Perrenoud (2000, p. 20) destaca a necessidade de: [...] elaborar um projeto em equipe, representações comuns; dirigir um grupo de trabalho, conduzir reu- niões; formar e renovar uma equipe pedagógica; enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais; administrar crises ou conflitos interpessoais. 42 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA Trabalharem equipe não é uma tarefa simples para todos; desse modo, é preciso exercitar essa atividade. Inclusive, os professores e demais funcionários da escola devem trabalhar em equipe para serem exemplos para os alunos. Uma verdadeira equipe divide problemas e conquistas, coopera e cria espírito e cultura de cooperação. PARTICIPAR DA ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA Toda a comunidade escolar deve participar da gestão escolar, pois todos precisam conhecer e entender do projeto da instituição. Ao conhecer o projeto, poderão discutir sobre os investimentos necessários, tanto materiais como humanos e, então, contribuir para a melhoria de suas ações. Nesse sentido, é proposto: [...] elaborar, negociar um projeto da instituição; administrar os recursos da escola; coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros, organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alu- nos (PERRENOUD, 2000, p. 20). Envolver a turma de alunos nas decisões demonstra que a participação democrática é possível. Isso será uma interessante forma de educação cidadã, não é mesmo? Em uma turma, haverá opiniões diferentes, e trabalhar esse conflito de forma construtiva fará grande diferença na vida dos alunos e dos próprios docentes. INFORMAR E ENVOLVER OS PAIS Em continuidade à competência anterior, para a melhoria constante da instituição escola, é preciso envolver também a comunidade externa a ela. Para isso, deve-se: dirigir reuniões de informação e de debate; fazer entrevistas; e envolver os pais na construção dos saberes (PERRENOUD, 2000, p. 20). Ao envolver a co- munidade externa, a escola aprende a lidar melhor com conflitos, incertezas e a ouvir o outro. Essa parceria será fundamental para conquistas permanentes para os docentes, discentes e gestão escolar. UTILIZAR NOVAS TECNOLOGIAS O avanço tecnológico é presente e os alunos tendem a dominá-lo. Assim, a escola não pode ficar longe desse processo. As novas tecnologias da informação e da comunicação transformam as maneiras de se comu- nicar, de trabalhar, de conviver. Desse modo, o professor precisa: [...] utilizar editores de texto; explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino; comunicar-se à distância por meio da telemática; utilizar as ferramentas multimídia no ensino (PERRENOUD, 2000, p. 21). O desenvolvimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) provoca mudanças na so- ciedade e, consequentemente, a escola precisa trabalhar para atender novas demandas sociais. Sendo o pro- fessor uma peça-chave do processo educativo, ele precisará desenvolver novas competências para ensinar. ENFRENTAR OS DEVERES E OS DILEMAS ÉTICOS DA PROFISSÃO Neste tópico, destacamos a necessidade de conscientização acerca das diferenças, a discussão sobre discriminação e preconceito, e formas variadas de “bullying”. 43 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA Considerando outras competências já citadas, podemos dizer que, ao trabalhar em grupo e criar regras de forma colegiada, será mais fácil trabalhar questões relacionadas à discriminação. Nesse ponto, o professor também necessita saber negociar durante as ações. Perrenoud (2000, p. 21) salienta acerca da necessidade de: [...] prevenir a violência na escola e fora dela; lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étni- cas e sociais; participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta; analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula; desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça. O professor precisa entender a complexidade de sua prática, que envolve diversas atividades, diversos conteúdos e pessoas diferentes. Assim, está entre suas competências saber bem o que faz, o que seu trabalho permite e enfoca, procurando sempre ser justo. SAIBA MAIS Enriqueça seus conhecimentos sobre a temática “diversidade”. Leia o texto “Desigualdades e diversidade na educação”, disponível no link: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302012000300002. Acesso em: 09 mar. 2023. Essa discussão deve ultrapassar os muros da escola, pois é evidente que a discussão entre desigualdades e diversidade precisam ter destaque, sobretudo em um momento em que o país presencia ações de intolerância as diferenças. ADMINISTRAR SUA PRÓPRIA FORMAÇÃO CONTÍNUA Toda a discussão realizada durante este estudo demonstra a necessidade de formação contínua, não é mesmo? Somente assim, será possível que o professor se mantenha atualizado e apto a desenvolver as competências trabalhadas aqui e outras que forem necessárias. Não há como prever todas as situações que podem ocorrer em uma escola; desse modo, é importante estar preparado para enfrentar os desafios da pro- fissão. A partir dessa competência, Perrenoud (2000, p. 21) anuncia a importância de: [...] saber explicitar as próprias práticas; estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação continua; negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede); envolver--se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo; acolher a for- mação dos colegas e participar dela. Ao nos apoiarmos nas ideias de Perrenoud (2000), entendemos que saber cooperar é uma competên- cia que vai além do trabalho em equipe. Com foco nas competências de ensinar, é importante que o educa- dor incentive tarefas e desafios mais complexos para os alunos, de modo que os estimule a executar tarefas ativamente em um constante processo de ação e reflexão. Desse modo, é preciso entender que crianças maiores de 8/10 anos de idade, por exemplo, já passaram da fase dos “porquês” e necessitam ser envolvidas em atividades mais densas, importantes e com uma duração maior. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302012000300002 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302012000300002 44 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA IMPORTANTE Você concorda que a didática precisa assumir um papel significativo na formação continuada do educador? Quando o aluno vive as diferentes fases e atividades que acontecem em um projeto, ele amplia a percepção própria sobre o seu processo de aprendizagem, o que reflete na atuação do professor, ao estruturar os conteúdos escolares de modo mais flexível e aberto. Será que a informação necessária para a construção de projetos já pode ser determinada anteriormente? Ou depende da escola, do educador ou do livro? A resposta é não! As informações surgem do que cada aluno sabe sobre um tema e da informação que ele consegue relacionar tanto dentro quanto fora da escola. ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS Vamos refletir: todos aprendem do mesmo modo? Todo conteúdo interessa a todos e da mesma forma? Os alunos precisam saber de tudo? Será que é possível aplicar um método capaz de ensinar tudo e de forma igual a todos? São questões que sempre devemos pensar durante a nossa prática pedagógica. Você já ouviu falar em estratégia metodológica? Estratégia metodológica é a maneira como o professor organiza as atividades de ensino, objetivando atingir os resultados almejados. Segundo Libâneo (1991, p. 151, grifo nosso): [O método] decorre de uma concepção de sociedade, da natureza da atividade prática humana no mundo, do processo de conhecimento e, particularmente, da compreensão da prática educativa numa determina- da sociedade. As estratégias metodológicas não podem ser concebidas de forma independente de conteúdo, objeti- vos e contextos dos estudantes. Diante desse cenário, algumas premissas básicas devem ser compreendidas acerca das estratégias metodológicas: • desenvolver a capacidade intelectual dos discentes por meio de ações estruturadas, sistemáticas e científicas; • refletir acerca da prática educativa; • trabalhar as individualidades em prol da coletividade, com o intuitode que o aluno entenda e respeite a diversidade. Ao salientar as premissas, o professor opta por determinada estratégia metodológica, considerando os objetivos, os conteúdos, o contexto escolar, as particularidades de cada discente e as possibilidades de atuação do docente. Perceba que essa última premissa é caracterizada pelos meios disponíveis, dos quais o professor dispõe para a condução de seu trabalho no processo de ensino-aprendizagem. Na perspectiva de Libâneo (1991), podemos exemplificar os métodos: 45 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA Figura 4 – Métodos de um professor MÉTODO EXPOSIÇÃO DO PROFESSOR MÉTODO DE TRABALHO INDEPENDENTE MÉTODO DE ELABORAÇÃO CONJUNTA OU CONVERSAÇÃO DIDÁTICA Conhecimentos e habilidades são apresentados pelo professor. Tarefas, resolução de problemas ou desafios dirigidos e orientados pelo professor. Interação entre professor e alunos visando à obtenção de novos conhecimentos, habilidades e atitudes. O aluno é receptivo, mas não necessariamente passivo. O trabalho independente pode ser realizado em sala de aula ou em casa, como tarefas preparatórias ou de assimilação. O método não se restringe a perguntas e respostas, pressupondo o diálogo. Fonte: adaptado de Libâneo (1991) Além dos métodos citados na figura 4, ainda temos o método de trabalho em grupo, que tem por fina- lidade a aprendizagem assentada no princípio da cooperação dos discentes. Esse tipo de método pode ser conduzido nas formas descritas na sequência, confira: • Debate: os alunos podem ser divididos em grupos para a discussão de temas polêmicos, e cada grupo deve defender o seu ponto de vista; • Tempestade mental: também conhecido como brainstorming, tempestade de ideias, sendo uma atividade para explorar a criatividade dos alunos. A técnica pressupõe que os alunos se reúnam e elenquem um volume de ideias para solucionar determinado problema. Vale ressaltar que as ideias devem ser elaboradas pelos alunos sem a intervenção do professor. Ao educador, cabe anotar as refe- ridas ideias e possibilitar a análise, coletivamente, do que é relevante para prosseguir a aula; • Grupo de observação: uma parte da sala forma um círculo central para abordar e discutir uma temática. Enquanto isso, os demais alunos ficam em volta, observando a discussão, a fim de iden- tificar se os conceitos da discussão são pertinentes, se todos estão contribuindo para a discussão etc. Posteriormente às verbalizações, os alunos devem efetuar a troca de grupos; • Seminário: esta técnica pode ser realizada de forma individual ou em grupo, sendo escolhido um tema para apresentar para os colegas da turma. Os métodos e as técnicas na didática assumem uma função de potencializar a produção do conhe- cimento por meio da mediação do professor e do contexto em que os alunos estão inseridos. Em relação à escolha e à importância de métodos e técnicas de ensino, é importante que o professor também considere: • Integração: nenhum método de ensino é sozinho e suficiente, é preciso adaptar os métodos em conformidade com as circunstâncias; • Flexibilidade; • Criatividade. A seguir, conheça os critérios básicos para a escolha dos métodos de ensino. 46 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A ESCOLHA DOS MÉTODOS DE ENSINO Para dar continuidade aos nossos estudos, vamos abordar agora os critérios básicos para uma escolha asser- tiva referente aos métodos de ensino, os quais orientam a prática docente. Tais critérios são essenciais, haja vista que levam em conta a natureza da prática educativa, considerando os seus aspectos sociais e políticos, as peculia- ridades da instituição de ensino e dos alunos e as relações do processo de ensino-aprendizagem. Na prática educativa, o professor tem a função de escolher e estruturar diferentes metodologias de ensino e recursos pedagógicos, em consonância com cada conteúdo e/ou disciplina que será trabalhado. Há diversas classificações de métodos de ensino e estes possuem estreita relação com os métodos de aprendizagem, caracterizando, assim, o trabalho do educador e concretizando a construção do conhecimen- to pelos alunos. Na sequência, você pode observar dois tipos de métodos de ensino utilizados na prática pedagógica, conforme Piletti (1997). • Método de exposição pelo professor: na perspectiva de Piletti (1997, p. 104), engloba métodos e técnicas que exigem um comportamento passivo do discente. De acordo com esse método, o professor é responsável por transmitir o conhecimento. Nesse com texto, cabe ao aluno apenas ouvir, memorizar e repetir. A didática é assentada em aula expositiva e a técnica de perguntas e respostas; • Método e técnicas novas: ao compreender que as técnicas tradicionais não atendem às novas competências e habilidades para a educação, alguns educadores adotaram novos métodos e novas técnicas, visando à aprendizagem do aluno. Segundo Piletti (1997, p. 104), os novos mé- todos também foram denominados métodos ativos, e estão fundamentados na participação do aluno. Como exemplos, pode-se citar o método Montessori, centros de interesse, método de solução de problemas, método de projetos, trabalho em grupos, unidades didáticas e método psicogenético. Para que possamos entender esses novos métodos na prática, vejamos o método Montessori: ao trabalhar a alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental, o professor adota métodos diferentes dos convencionais e os alunos possuem a autonomia para seguir o seu ritmo de aprendizagem. Nesse tipo de método, o ambiente escolar é preparado para atingir determinados objetivos e resultados e os pais são envolvidos no processo, para que possam tra- balhar em conjunto com a instituição de ensino. Além dos métodos tradicionais e do uso de novas técnicas, observa-se uma tendência para o uso de técnicas de individualização do processo de ensino-aprendizagem. Na perspectiva de Lobo Neto (1978, p. 6), o ensino individualizado tem os seguintes princípios: • os objetivos a serem atingidos por um curso devem ser especificados, e o aluno deve, ao menos, conhecê-los bem; • o aluno deve envolver-se ativamente no processo de aprendizado; • devem ser organizadas as condições para assegurar um ambiente positivo para o trabalho do aluno; • o aluno deve conhecer imediatamente o seu desempenho por meio de frequente avaliação; • o conteúdo deve ser apresentado em pequenas unidades sequenciadas; 47 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA • o aluno deve dominar cada unidade antes de passar para outra; • deve ser oferecido ao aluno material escrito, como textos programados, livros etc.; • o aluno deve poder controlar a velocidade de seu progresso no curso. Ainda podemos citar o método de atividades especiais, que são aquelas que complementam os mé- todos de ensino e corroboram com a assimilação ativa dos conteúdos ministrados. Nesse método, podemos destacar o estudo do meio. Para realizar um estudo de meio, são necessárias as seguintes etapas: planejamen- to, execução e exploração de resultados e avaliação. Nesse sentido, ao escolher os métodos, é preciso considerar a experiência didática do professor e os diversos aspectos relativos aos alunos. Deve-se levar em conta o tempo disponível para a execução da prá- tica educativa, considerando as condições físicas (espaços, recursos, entre outros) e a estrutura dos assuntos abordados no processo de ensinar e aprender. Entendemos que, para o processo educacional atingir seus objetivos, é necessário que o aluno assimile a informação discutida. A partir disso, o aluno também deve ser um construtor de seu conhecimento a partir de competências e habilidades desenvolvidas no ambiente escolar. O professor é sujeito ativo do processo educativo, interage com os alunos e com o conteúdo, desenvolve estratégias de ensino e deve sempre buscar novas aprendizagens. Como você aplicaria o estímulo à buscapela aprendizagem? Qual sua estratégia para levar o educando ao conhecimento independente e autônomo? O USO DO LIVRO DIDÁTICO Vamos dar seguimento ao nosso estudo refletindo sobre o papel do livro didático. Será que eles são mesmo tão fundamentais para o professor desenvolver o conteúdo? Eles dão apoio ao processo de ensino-aprendizagem? É preciso ter cuidado com a definição de ensino como transmissão de conteúdos. Por essa definição, ensinar não envolve diálogo ou interação e se resumirá somente a um exercício de repetição e memorização. Infelizmente, esse é o tipo de ensino que acontece em grande parte das escolas, o chamado ensino tradicional. As características desse ensino são focadas na transmissão de conteúdos pelo professor e na recepção mecânica do aluno. Assim, o professor é ativo e detentor do saber, e o aluno fica com uma limitação evidente para elaborar os conhecimentos. Nesse contexto, a atividade mental dos alunos é inibida de desenvolver ha- bilidades e potencialidades de forma independente. Outra característica desse processo de ensino é a valorização do conteúdo presente no livro didático, sem aproximá-lo do aluno. O objetivo é terminar o livro até o final do ano letivo, como se ele fosse a condição essencial para a aprendizagem dos alunos. É importante considerar que o livro didático é necessário, mas deve ser encarado como um recurso auxiliar, que ganha vida com a imaginação do professor. Mais vale uma aprendizagem significa- tiva e duradoura do que uma grande quantidade de conteúdos e informações sem sentido, não é mesmo? O livro didático surge no final do século XV e está presente nas escolas, podendo ser visto como um produto cultural. Ele surge do encontro das práticas pedagógicas com a produção editorial e a imprensa. Comenius enten- deu que era necessário aos professores planejar didaticamente o saber e de acordo com cada faixa etária. No Brasil, foi por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30 de dezembro de 1938, que surgiu a definição do termo “livro didático”, ou “compêndios”. Nessa época, vivíamos em uma política educacional burocrática, que excluía o professor da seleção do livro didático. Havia uma centralidade em relação ao seu uso. No século XIX, 48 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA período imperial, um marco sobre o uso do livro didático foi a obra intitulada “Lições da História do Brazil”, de 1861. Seu autor foi Manuel de Macedo (1820-1882), professor do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro; a obra trazia atividades que os alunos deveriam executar e listava recomendações sobre como ensinar. Nesse exemplo, o livro tinha a função de formar alunos e também professores em serviço; ainda não havia cursos de formação de professores no Brasil, que passaram a existir somente a partir de 1930. Nesse contexto, o professor tinha o livro didático como manual, como regra a ser seguida. Hoje, o que queremos é que o professor seja crítico diante do livro que recebe, decida, em cada situação, se o livro é a melhor alterna- tiva didática ou se deve ser substituído por outro recurso. PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO Hoje, a seleção dos livros didáticos compõe um programa nacional, o Programa Nacional do Livro Didá- tico (PNLD). Isso permite que estudantes da educação básica recebam esse material gratuitamente. Os livros são escolhidos pelos professores das escolas e passam por uma avaliação pedagógica, além de serem apro- vados por uma comissão técnica da Secretaria de Educação Básica do MEC. Vamos falar mais desse programa na próxima seção. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foi efetivado pelo Decreto nº 7.084, de 27 de janeiro de 2010. Por esse programa, o Estado brasileiro distribui livros didáticos às escolas públicas do Brasil. Também são distribuídos dicionários e materiais de apoio docente, de forma sistemática, regular e gratuita. O PNLD segue as Diretrizes Curriculares Nacionais da educação básica, busca atender ao preceito cons- titucional de uma educação básica de qualidade e para isso está sempre se aprimorando, sobretudo no pro- cesso de avaliação e seleção de obras didáticas. O PNLD 2016 apresenta coleções para o ciclo de alfabetização – 1º, 2º e 3º anos – e coleções para os 4º e 5º anos, separadamente. Veja nas figuras 5 e 6 a seguir como estão divididos no documento os componentes para cada ano: Figura 5 – Guia de livros didáticos I CO N SU M ÍV EL Escolaridade Composição da escolha ou Composição da escolha 1o ano • Letramento e alfabetização • Alfabetização matemática • Ciências humanas e da natureza (obra integrada) • Letramento e alfabetização • Alfabetização Matemática 2o ano • Letramento e alfabetização • Alfabetização Matemática • Ciências • História • Geografia 3o ano Fonte: Guia de livros didáticos: PNLD 2016 (BRASIL, 2015, p. 8) Figura 6 – Guia de livros didáticos II 49 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA CO N SU M ÍV EL Escolaridade Composição da escolha ou Composição da escolha 4o e 5o anos • Língua Portuguesa • Matemática • Artes • Ciências Humanas e da Natureza (obra integrada) • Língua Portuguesa • Matemática • Arte • Ciências • História • Geografia 4o ou 5o anos • Livro regional • Livro regional Fonte: Guia de livros didáticos: PNLD 2016 (BRASIL, 2015, p. 9) Por esses dois quadros, é possível saber quais componentes curriculares são contemplados no PNLD. Após a regulamentação do ensino fundamental, com duração de nove anos, as instituições escolares precisa- ram se adequar. Isso envolveu a: [...] reorganização dos sistemas de ensino, do espaço escolar, da grade curricular, das práticas pedagógicas e dos materiais de ensino, de modo a garantir uma efetiva inclusão social, não somente para o aluno in- gressante, como também para os demais alunos do ensino fundamental (BRASIL, 2010, p. 12). Essa reorganização atingiu também os livros didáticos que, como visto, precisam estar adequados aos parâmetros atuais. O PNLD chama atenção para a necessidade de construir uma relação entre os conteúdos dos livros didáticos, que, muitas vezes, são trabalhados de forma fragmentada. O que se deseja são currículos integra- dos a livros didáticos que, por sua vez, estabeleçam conteúdos que sejam significativos para os educandos e favoreçam a participação ativa de alunos com habilidades, experiências de vida e interesses muito diferentes. Todas as obras submetidas ao PNLD, por meio de inscrição prévia, são avaliadas a fim de garantir um material de apoio de qualidade para as escolas, seus docentes e discentes. O PNLD também indica caminhos para a seleção do material. Antes de iniciar a escolha de novas obras, são propostas algumas questões, como: a seleção de conteúdos é adequada? A sequência em que são apresentados obedece à progressão da aprendizagem planejada por sua escola? O conjunto de conteúdos e o tratamento didá- tico dado a eles são apropriados para o seu aluno e estão de acordo com o currículo? A linguagem é adequada? O texto das explicações é acessível para os estudantes? As atividades auxiliam o aluno a entender o texto das lições? O Manual do Professor contribuiu o suficiente para um melhor uso do material? (BRASIL, 2015). Ao responder essas questões, os professores começam a pensar sobre a escolha das obras. unto a isso, a reflexão em grupo é fundamental, assim como a pesquisa sobre novas obras. Ao mesmo tempo, os professores devem registrar o que procuram, quais características serão imprescindíveis para considerarem o livro bom. Vale a pena investir tempo em discussão e reflexão para que a seleção das obras seja adequada às necessidades dos estudantes, dos professores e da cultura escolar. O livro didático é necessário, mas deve ser encarado como um recurso auxiliar, que ganha vida com a imaginação do professor. Mais vale uma aprendizagem significativa e duradoura do que uma grande quanti- dade de conteúdos e informações sem sentido, não é mesmo? 50 EXPLORANDO RECURSOSDIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA Aqui também é importante trazer a discussão sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o Re- ferencial Curricular Nacional (RCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esses documentos auxiliam a elaboração e a escolha do livro didático. Inicialmente, em 1997, foram publicados os PCNs. Estes podem ser definidos como diretrizes básicas, formuladas por comissões nacionais e promulgadas pelo Governo Federal. Dessa forma, o documento pos- suía validade nacional e deveria ser um referencial de qualidade para a educação em todo país. Ao abranger todo o território brasileiro, esses parâmetros cumpriam o papel de normatizar as questões educacionais em âmbito nacional e, sobretudo, orientar os profissionais da educação sobre como proceder em cada nível de educação e em cada disciplina. Os Parâmetros Curriculares Nacionais estavam divididos em duas partes: (1) Parâmetros Curriculares Nacionais para o primeiro e segundo ciclos, que se referiam aos anos de 1ª a 4ª Séries; e (2) Parâmetros Curri- culares Nacionais para terceiro e quarto ciclos, que se referiam aos anos de 5ª a 8ª Séries. Com a Lei nº 1.1274, de 6 de fevereiro de 2006, o ensino fundamental passa a ter nove anos de duração e essa determinação mo- difica o entendimento sobre os anos correspondentes a cada ciclo. Ademais, cada parte foi subdividida em volumes que abordam as disciplinas de cada série e os temas transversais como ética, saúde, sexualidade, meio ambiente, entre outros. Outro documento importante é o Referencial Curricular Nacional para a educação infantil. Esse do- cumento foi publicado em 1999 e nele estão definidos objetivos, conteúdos e orientações didáticas para docentes da educação infantil. Ademais, as atuais discussões sobre a educação básica brasileira têm repercutido em todos os setores da sociedade civil pela enorme importância que ela tem para a construção de uma nação desenvolvida e mais igualitária. No bojo dessas discussões, está a implementação da proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), elaborada com base na Constituição Federal de 1988, na LDB, no PNE 2014-2024 e nas Diretrizes Cur- riculares Nacionais (DCNs) da educação básica de 2013, conforme Brasil (2017, s.p.): A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB e as DCNs. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendi- zagens essenciais definidas para cada etapa da educação básica, uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade dos sistemas ou das redes de ensino e das institui- ções escolares, considerando o contexto e as características dos alunos. A BNCC propõe a efetivação de práticas educacionais de acordo com o currículo oficial, preconizado na LDB e discutido nas DCNs. Tais propostas fazem parte das aprendizagens inerentes a uma educação inclusiva, de qualidade e formadora do cidadão. Seus princípios podem ser resumidos em propósitos que direcionam a educação brasileira para uma formação humana de forma integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A base nacional comum é primordial em um país como o nosso, considerando a autonomia dos entes federados, as diferenças regionais, sobretudo em termos culturais e econômicos. Nesse contexto, a formu- lação de políticas públicas que primam pela equidade na oferta educacional é essencial, ou seja, ao mesmo tempo em que há necessidade de regulamentação nacional, é preciso perceber as diferenças de cada siste- ma, de cada rede e instituição escolar, da elaboração de currículos diferenciados que abordam as particulari- dades locais e regionais. 51 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA IMPORTANTE Como sabemos, ensinar ainda é visto, muitas vezes (não somente pelo senso comum), como a transmissão de matérias aos alunos, com exercícios repetitivos e memorização de conceitos, fórmulas e regras gramaticais. Desse modo, o professor “dá” a matéria, os alunos escutam e respondem o que for perguntado para eles, reproduzindo o conteúdo do livro didático. Com os exercícios repetitivos, realizados tanto na sala quanto em casa, os alunos podem praticar para, posteriormente, decorar tudo para o dia da prova. Você já vivenciou algo parecido durante sua formação? Sabia que esse é um exemplo do chamado ensino tradicional? Na sua opinião, quando o professor deixa de ser mediador do processo de ensino- aprendizagem, ele passa a ser um transmissor do livro didático? Nesse cenário, o aluno tem possiblidade de intervir e demonstrar seus anseios e suas necessidades? É permitido ao aluno desenvolver competências e habilidades? O que é mais importante: todo o conteúdo do livro ser trabalhado ou a construção de um percurso que se aproxime da realidade do aluno? Vamos refletir? Como futuro educador, é importante que você conheça as características do ensino tradicional e do ensino não tradicional. Ao mesmo tempo, precisa entender sobre as diversas metodologias que podem ser trabalhadas em sala de aula. Ao conhecer, será possível selecionar as que melhor se adequam ao conteúdo e à realidade da escola. É fundamental entender que o ensino precisa partir do nível de conhecimentos, das experiências e do de- senvolvimento dos alunos, em uma ação conjunta em busca dos saberes. Um ensino que favoreça a aquisição de conhecimentos é capaz de ultrapassar os muros da escola, fato que não ocorre no ensino tradicional. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS Vamos pensar agora em uma sala de aula: o que você imagina de imediato? Há carteiras? Computado- res? Quadro-negro? Lousa digital? Como é a sala de aula no imaginário social? Como é a sala de aula do século passado e como será a sala de aula do próximo século? São algumas questões para pensarmos ao longo da formação docente. O mais comum, para a sala de aula de hoje, é pensarmos em um local delimitado por quatro paredes, com porta, janela, quadro-negro, carteiras enfileiradas para alunos e uma mesa, à frente, para o professor. Cer- to? Agora, vamos tentar imaginar uma sala multimídia, como seria? Ela reproduz a organização da sala de aula tradicional? A diferença está apenas nos aparatos tecnológicos? É preciso pensar sobre isso, definir e redefinir nossa maneira de organizar e agir diante da sala de aula, seja ela com multimídia ou não. Nosso histórico se inicia com a escrita, com os materiais impressos, que são as primeiras formas de registro utilizadas na escola. Inclusive, relativo à educação a distância, as primeiras formas ocorreram por correspondência, no século XVIII. Segundo Palhares (2009), o ensino por correspondência é considerado a primeira e mais longa de todas as gerações do ensino a distância. Peters (2006, p. 49) ressalta que “[...] a corres- pondência era, na época, o meio de comunicação mais importante e que, portanto, se oferecia como solução para vencer a distância entre docentes e discentes”. Ademais, a educação começa a se utilizar também do rádio como forma de ensino-aprendizagem, que ganhou destaque devido à sua abrangência e acessibilidade. “Pelo seu alcance em todos os segmentos so- ciais, ampla cobertura geográfica e baixo custo do aparelho, o rádio oferece possibilidades para a EAD no desenvolvimento de programas de educação formal e não formal” (BIANCO, 2009, p. 57). Com o desenvolvimento tecnológico, segundo Formiga (2009), a partir da segunda metade do século XX, temos a disseminação da televisão e os programas voltados para a educação. Nesse contexto, eram ela- 52 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICAborados programas educativos com imagens, dramatização, textos, sons etc. A TV, que aos poucos chegou à casa da maioria da população, passou, então, a ser um importante meio de ensino a distância. O computador chega à casa de parte considerável da população no final do século XX. Incialmente, so- mente a máquina, ainda sem conexão à internet. Muitas pessoas usavam os computadores para fazer cursos e estudar utilizando o CD-ROM. Na década de 1990, presenciamos um enorme avanço da internet, que avançou muito seu alcance e passou a ser acessada de novos equipamentos. Aqui, vimos grandes avanços digitais que permitiram o acesso, de forma mais rápida, às tecnologias comunicativas, à telemática, às redes virtuais, às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Durante a prática pedagógica, o professor deve ficar atento ao objetivo e à capacidade de cada aparato tecnológico, qual o real sentido da utilização de cada um. Cabe aqui o trabalho do professor para tornar acessível o conhecimento e, a partir disso, ser trabalhado com os alunos. Nesse ponto, é preciso dar voz a todos os envolvidos, explorar as possiblidades dos aparatos, provocar uma discussão que faça sentido. Caso contrário, estaremos apenas reproduzindo aulas transmissi- vas tradicionais que enganam ser modernas. As mídias, como tecnologias de comunicação e de informação, invadem o cotidiano das pessoas e passam a fazer parte dele. Para seus frequentes usuários, não são mais vistas como tecnologias, mas como comple- mentos, como companhias, como continuação de seu espaço de vida (BARRETO, 2002, p. 25). A escola carrega o desafio de provocar a criticidade em relação ao uso e à apropriação das Tecnologias de Informação e Comunicação. Reconhecemos sua importância e o fato de ser meio de interferência na vida cotidiana, e reconfigurar as relações sociais e até a prática cidadã. Comportamentos, práticas e saberes são alterados rapidamente o tempo todo e isso reflete no fazer pedagógico. Os profissionais da educação não podem deixar de fazer essa discussão, esse é nosso desafio. SAIBA MAIS Pesquise sobre o jogo chamado “Aualê” na aprendizagem da criança. Esse jogo tende a estimular as aulas e promover o prazer nos estudos. É um jogo milenar e uma tradição africana. Os jogadores desenvolvem estratégias relacionadas aos valores e às tradições da África. Assista ao vídeo para entender um pouco mais e, em seguida, realize uma pesquisa sobre o tema: http://www.youtube. com/watch?v=6HHWPtenQfw&feature=related. Acesso em: 09 mar. 2023. RESUMO Neste capítulo, apresentamos dez competências para ensinar, segundo Perrenoud (2000). São elas: • Organizar e dirigir situações de aprendizagem; • Administrar a progressão das aprendizagens; http://www.youtube.com/watch?v=6HHWPtenQfw&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=6HHWPtenQfw&feature=related 53 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA • Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; • Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; • Trabalhar em equipe; • Participar da administração da escola; • Informar e envolver os pais; • Utilizar novas tecnologias; • Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; • Administrar sua própria formação contínua. Também discutimos sobre estratégia metodológica, que é a maneira como o professor organiza as atividades de ensino, objetivando atingir os resultados almejados. Foram apresentados alguns métodos de trabalho; entre eles, destacamos: • O debate; • A tempestade mental; • O grupo de observação; • O seminário; • O uso de jogos; • A construção e apresentação de peças teatrais; • O método de exposição pelo professor; • O método de técnicas novas. Além disso, discutimos ainda diversos outros temas importantes, descobrindo que: • A seleção dos livros didáticos compõe um programa nacional, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); • O PNLD permite que os estudantes da educação básica recebam o livro gratuitamente; • Os livros são avaliados e escolhidos pelos professores das escolas, além de serem aprovados por uma comissão técnica da Secretaria de Educação Básica do MEC; • O desenvolvimento tecnológico se inicia com a escrita, na escola formal, com a utilização dos materiais impressos; • A utilização do rádio, na educação, ganhou destaque devido à sua abrangência e acessibilidade; 54 EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL FORMAÇÃO DIDÁTICA • A televisão tem sua disseminação a partir da segunda metade do século XX; • No final do século XX, o computador ganha espaço na casa das pessoas; • A partir da década de 1990, ocorrem vertiginosos avanços digitais, facilitando o acesso às Tecno- logias da Informação e Comunicação (TICs); • A prática pedagógica deve sempre ressaltar o objetivo de utilização de cada aparato tecnológico; qual o sentido da utilização de cada um no papel que pode ser atribuído dentro de um projeto educativo. REFERÊNCIAS BALZAN, N. Sete asserções inaceitáveis sobre a inovação educacional. Revista Educação e Sociedade, São Paulo, Cortez, 1976. BARRETO, R. G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando velhos e novos (des) encontros. São Paulo: Loyola, 2002. BIANCO, N. R. D. Aprendizagem por rádio. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Person Education do Brasil, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário O_ cial da União, Brasília, DF, 15 dez. 2010. ______. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: Apresentação: ensino fundamental anos iniciais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2015. DICIO. Dicionário Online de Português. Dicio. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/>. Acesso em: 16 ago. 2017. FORMIGA, M. A terminologia da EAD. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Person PersonEducation do Brasil, 2009. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. LOBO NETO, F. Ensino individualizado ou personalizado. Rio de Janeiro: Tecnologia Educacional, 1978. PALHARES, R. Aprendizagem por correspondência. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Person Education do Brasil, 2009. PERRENOUD, P. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. PETERS, O. Didática do ensino a distância. Experiências e estágio da discussão numa visão internacional. São Leopoldo: Unisinos, 2006. PILETTI, C. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1997. CONTEXTUALIZAÇÃO DA DIDÁTICA: A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO À DISCUSSÃO SOBRE DIDÁTICA UM POUCO DE HISTÓRIA DIDÁTICA E TRABALHO PEDAGÓGICO NO SÉCULO XXI COMPETÊNCIAS DOCENTES PARA ENSINAR OBJETIVOS EDUCACIONAIS FORMAÇÃO DOCENTE APRENDIZAGEM POR PROBLEMAS E PEDAGOGIA DE PROJETOS PROJETOS DE TRABALHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL PROJETOS DE TRABALHO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL RESUMO REFERÊNCIAS ORGANIZAÇÃO DO ENSINO – COMPREENDENDO O PERFIL DISCENTE E OS SABERES PRESENTES NO PROCESSO DE ENSINO INTRODUÇÃO UMA VISÃO GERAL SOBRE O PROCESSO EDUCATIVO RELAÇÃO ESTUDANTE, SABER E CONTEXTO SOBRE AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS RESUMO REFERÊNCIAS EXPLORANDO RECURSOS DIDÁTICOS: A TECNOLOGIA EDUCACIONAL INTRODUÇÃO AS COMPETÊNCIAS DO PROCESSO EDUCATIVO Organizar e dirigir situações de aprendizagem Administrar a progressão das aprendizagens Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho Trabalhar em equipe Participar da administração da escola Informar e envolver os pais Utilizar novas tecnologias Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão Administrar sua própria formação contínua ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS Critérios básicos para a escolha dos métodos de ensino O USODO LIVRO DIDÁTICO Programa Nacional do Livro Didático TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS RESUMO REFERÊNCIAS RECURSOS PARA O TRABALHO INDIVIDUAL E EM GRUPO NA SALA DE AULA E A GESTÃO NA SALA DE AULA INTRODUÇÃO GESTÃO DA SALA DE AULA: AUTORIDADE E AUTORITARISMO GESTÃO DA SALA DE AULA GESTÃO DA SALA DE AULA E VIGILÂNCIA RESUMO REFERÊNCIAS
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