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Estudo Dirigido P2

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Resolução do Estudo Dirigido para a P2
1) Discuta os conceitos cooperação, manufatura e grande indústria e sua relação com:
a) a produtividade do trabalho
b) a qualificação do trabalhador empregado
R:	O termo cooperação simples se refere à reunião de um número expressivo de trabalhadores num mesmo local de trabalho, num mesmo processo de trabalho ou em processos distintos, mas concatenados. Mesmo existindo antes do capitalismo, a cooperação simples é o elemento básico para a produção capitalista, pois aumenta a produtividade do trabalho. O trabalho cooperativo tem uma produtividade maior do que o trabalho individual (artesanato), fazendo surgir uma força produtiva nova: o trabalho coletivo. 
	Quando as vantagens da cooperação simples somam-se às vantagens da divisão do trabalho, surge um novo tipo de produção: a manufatureira, que apresenta mais produtividade que a cooperação simples. Isto porque a divisão do trabalho permite a especialização do trabalho, a redução do tempo de transição entre as etapas de produção (tempo de não trabalho) e a inovação técnica (especialização de ferramentas). A produção manufatureira precede o advento do capitalismo. Não foi o capitalismo que “inventou a manufatura”. Contudo, o desenvolvimento de um setor produtivo baseado na manufatura e no trabalho assalariado foi um processo importante para a emergência e consolidação do modo de produção capitalista.
	Tanto na manufatura quanto no artesanato, trabalhadores e suas ferramentas apresentam uma unidade técnica. A ferramenta é um apêndice do trabalhador. O trabalhador é o que move a ferramenta, é qualificado, embora a divisão do trabalho afete negativamente sua qualificação. O sistema de trabalho é realizado pelo trabalhador, a força motriz utilizada é a humana. As vantagens da manufatura em relação ao artesanato advêm da organização do trabalho (cooperação e divisão do trabalho).
	A grande indústria (indústria moderna) resulta do surgimento da máquina-ferramenta (possibilitado pela especialização técnica da manufatura) e da cooperação entre máquinas. Enquanto a manufatura se baseia na cooperação entre homens, a grande indústria se baseia na cooperação entre máquinas. Trata-se do surgimento do capitalismo plenamente constituído. A máquina subjuga completamente o trabalhador, e agora a produtividade é ditada pelas máquinas. Há então a desqualificação do trabalhador. A força motriz não é mais o trabalhador e sua ferramenta, mas sim a máquina-ferramenta. Nesse momento, o trabalhador passa a ser alienado. A grande-indústria apresenta a maior produtividade dentre os modelos de produção citados.
2) Do ponto de vista de Marx há uma correspondência entre o desenvolvimento das forças produtivas e o desenvolvimento de relações de sociais de produção. Discuta essa afirmação com base na passagem da produção manufatureira para a produção grande industrial.
R:	A produção manufatureira tem o trabalhador e sua ferramenta como unidade técnica, e, dessa maneira, ele não foi separado dos meios de produção (separado do ponto de vista da propriedade, mas não no processo de trabalho), sendo a ferramenta uma extensão do trabalhador. Nesse tipo de processo de trabalho, o trabalhador é quem move a ferramenta e a força motriz é humana. A produção depende, portanto, da qualidade do trabalhador e o ritmo de trabalho é composto e determinado pelo trabalhador. No caso da produção manufatureira capitalista, o trabalhador já se encontra separado dos meios de produção do ponto de vista da propriedade. Porém, agora o trabalhador é separado também no processo de trabalho. Os meios de produção, agora, usam o trabalhador para seu fim: gerar mais-valia. Assim, o processo de produção é uma unidade entre o processo de trabalho, ligado à produção de valores de uso, e o processo de valorização, ou de produção de mais valia, que utiliza o trabalho assalariado, sendo o trabalho a fonte de excedente de mais-valia. No caso do processo de valorização, o trabalhador é o objeto e o meio de produção o sujeito. Mas, no caso do processo de trabalho, o trabalhador ainda é o sujeito e controla o ritmo da produção. Na produção manufatureira, o trabalhador torna-se parcialmente desqualificado, ocorrendo a subsunção formal do trabalhador ao capital. A principal forma de acumulação é a extração de mais-valia absoluta, visto que no período manufatureiro havia a utilização de longas jornadas de trabalho. Há ainda a extração de mais valia relativa, ainda que limitada, devido à parcial desqualificação do trabalhador. A extração de mais valia relativa também pode ser alcançada através da redução da cesta de consumo, ainda que também de forma limitada, pois a maior parte dos bens de consumo não produzida pela manufatura. 
	Na produção grande-industrial há a separação definitiva do trabalhador de sua ferramenta (tanto no ponto de vista da propriedade quanto do processo de trabalho). O trabalhador é objeto e o meio de produção o sujeito, tanto no processo de valorização quanto no de trabalho. A força motriz passa a ser a máquina ferramenta. A subjunção do trabalho não é mais formal como na produção manufatureira, e sim real. Há a subjunção real do trabalho ao capital, o que constitui o capitalismo plenamente constituído. Há a obtenção de mais-valia relativa devido a uma desqualificação ainda maior do trabalho. É possível portanto observar que a mudança da produção manufatureira para a grande industrial é acompanhada da mudança nas relações de produção entre trabalhador e máquina, no qual a força motriz deixa de ser o trabalhador e passa a ser o maquinário.
3) A emergência da Grande Industria e sua generalização para todos os setores da produção material representam, para Marx, o momento final da constituição das forças especificamente capitalistas. Qual o efeito desse processo sobre a regulação salarial e sobre o que Marx chama de “sorte da classe trabalhadora”? (Em sua resposta compare a questão da regulação dos salários na manufatura e na grande indústria).
R:	A manufatura, caracterizada por uma acumulação sem progresso técnico, apresenta uma composição constante. Composição orgânica é a razão entre acumulação (c) e demanda por trabalho (v). Neste caso, c/v=1. Logo, um aumento na acumulação é acompanhado por um aumento da demanda de trabalho, pois o trabalhador é a força-motriz da produção manufatureira. Tendo em vista que a acumulação e demanda por trabalhadores crescem na mesma proporção, e a oferta de trabalhadores à disposição não aumenta, já que esta é uma variável independente da acumulação, existe um aumento do salário real e um esmagamento da taxa de lucro, pois, nesse caso, não há aumento da produtividade visto que não há desqualificação do trabalho. Dessa forma, conforme a acumulação avança, há pressão no mercado de trabalho fazendo subirem os salários e diminuir a taxa de lucro, de forma que a acumulação desacelera, causando um efeito na distribuição de renda. Com o crescimento desse tipo de acumulação, o desemprego tenderia a ser mínimo. Este tipo de acumulação não destrói formas não capitalistas de produção.
	A grande indústria, por outro lado, é caracterizada por uma acumulação com progresso técnico, apresentando uma elevação na composição orgânica (c/v>1). Ou seja, o crescimento da acumulação tem um impacto menor sobre o aumento da demanda por trabalho. Há um desemprego relativo, visto que a acumulação não é acompanhada pela demanda por trabalho, que é cada vez menos qualificada. A acumulação passa a ter efeito sobre a oferta de trabalho. Marx traça o conceito de Exército Industrial de reserva para explicar o fenômeno do desemprego relativo, uma vez que a oferta de trabalhadores à disposição do capital é sempre maior que o emprego industrial. O tamanho do exército industrial de reserva é o regulador de salários (uma vez que a oferta de trabalho é desqualificada e a demanda é ditada pelo ritmo da indústria, ocorrendo uma elevação dos empregos e salários em épocas de ascensão e superprodução e retração de ambos durante as estagnações e recessões). Como o modo de produçãonão tem limitação para os ganhos sobre a produtividade, existe uma tendência de expansão dessa busca de desenvolvimento das forças produtivas para todos os setores, o que constitui a consolidação de um sistema de produção capitalista. A indústria começa a sua expansão no departamento 2, de produção dos bens de consumo, e se alastra por todo o sistema até que enfim se alastra para o departamento 1, dos meios de produção. É então que máquinas passam a produzir máquinas, e o trabalhador passa a ser ainda mais desqualificado nos setores mais intensivos da economia. É a constituição final das formas especificamente capitalistas. Essa forma de acumulação destrói as formas de produção não capitalistas.
4) Em que sentido a expansão da produção manufatureira pode ser entendida como um dos elementos da acumulação primitiva de capital, discutida por Marx?
R:	O processo de acumulação primitiva caracteriza-se pela exploração do bem do trabalho, da terra e, com o passar do tempo, nas manufaturas e no comércio, há uma concentração de excedente nas mãos de uma classe social: os proprietários dos meios de produção. Tendo em vista que a produção manufatureira foi um período antes do capitalismo plenamente constituído pela grande indústria, tal processo forneceu uma base de concentração de excedente para a acumulação capitalista posterior. Devido à divisão do trabalho no modelo manufatureiro-capitalista, houve uma maior produtividade, o que possibilita a extração de mais-valia relativa. Além disso, as longas jornadas de trabalho inerentes à tal modelo possibilitam também a extração de mais-valia absoluta. Tais características da produção manufatureira explicam a produção de excedente, permitindo uma acumulação primitiva do capital, fazendo com que os detentores dos meios de produção subjuguem os trabalhadores.
5) Do ponto de vista de Marx a emergência e a generalização da Grande Industria fazem surgir as forças produtivas especificamente capitalistas. Defina os conceitos de Manufatura e Grande Industria comparando em seguida a relação entre acumulação e demanda efetiva nos dois casos (manufatura e grande indústria).
R:	O modelo de produção manufatureiro é uma junção do modelo de cooperação simples com o modelo de divisão do trabalho. No modelo manufatureiro, o produto é uma unidade entre o processo de trabalho e o processo de valorização. O trabalhador é objeto no processo de valorização, enquanto o meio de produção é o sujeito. No processo de trabalho, o trabalhador é o sujeito e o meio de produção o objeto. Portanto, a ferramenta é um apêndice do trabalhador e, apesar de separados no que diz respeito à propriedade, eles estão unidos no processo de trabalho, constituindo uma unidade técnica. A força motriz do processo é humana. A subjunção do trabalhador ao capital é apenas formal. 
	No modelo de produção da grande indústria, a força motriz passa a ser a máquina-ferramenta. O trabalhador passa a ser objeto tanto no processo de valorização quanto no processo de trabalho. A subjunção do trabalhador ao capital agora é real (separados no que diz respeito à propriedade e ao processo de trabalho). É a forma do capitalismo plenamente constituído. 
	Na manufatura, a acumulação se dá sem progresso técnico, ou seja, ainda existem outras formas de produção, o que caracteriza a acumulação primitiva para Marx. O núcleo capitalista de produção (manufatura capitalista) responde apenas por uma parcela do produto, este que é resultante das várias formas de produção (manufatura capitalista, artesanato, indústria doméstica, etc.). O produto da manufatura pode ser representado como a soma do valor dos meios de produção utilizados (c), salários (v), e excedente (m). As decisões dos capitalistas manufatureiros de produzir geram uma oferta agregada de mercadorias cujo valor é c+v+m. A hipótese trabalhada no modelo é de que os trabalhadores gastem todo o salário em consumo. O gasto dos capitalistas se resume a consumo (demanda de bens de consumo) e investimento (demanda por meios de produção). Para que o produto agregado se venda, o gasto do capitalista deve ser igual à m. No entanto, é necessário lembrar que a manufatura capitalista convive com outros modelos de produção. Portanto, nem toda demanda comprará produtos de manufaturas capitalistas. Isso implica que a manufatura “compre fora do seu âmbito de produção”. Se isso é verdadeiro, para a produção manufatureira ser totalmente vendida é necessário vender para mercados externos.
	Já na grande indústria, as formas de produção não capitalistas são praticamente extintas. Todos os bens-salário, bens de consumo capitalista e meios de produção passam a ser produzidos pelo segmento capitalista da economia. Nesse caso, o principal mercado para a produção capitalista passa a ser a demanda dos trabalhadores (gasto de salários) e o gasto dos capitalistas (demanda por bens de consumo e investimento-demanda por meios de produção). Mercados internos passam a ser os principais mercados geradores de demanda, que possibilitam à economia reproduzir-se e ampliar-se.
6) Descreva os esquemas de reprodução (simples e ampliada) comentando:
a) qual o sentido teórico de sua construção (o que Marx quer mostrar por seu intermédio?)
b) em que medida tais são, ou não, uma confirmação da lei de Say
R:	
a)	Segundo o modelo de esquemas de produção simples, uma economia pode reproduzir-se sem crescimento (reprodução simples) e com crescimento (reprodução ampliada). O modelo considera uma economia fechada e sem governo. A economia é representada por dois departamentos, onde o departamento 1 (D1) produz meios de produção e o departamento 2 (D2) produz bens de consumo. A soma dos valores de produção de ambos os departamentos resulta na oferta agregada da economia. Segundo as equações representativas da oferta agregada, temos: D1 = C1+V1+M1 e D2 = C2+V2+M2; onde C1=valor dos meios de produção gastos na produção em D1, V1=massa de salários paga na produção em D1, M1=excedente gerado na produção de D1, C2=valor dos meios de produção gasto em D2, V2=massa de salários paga na produção em D2 e M2=excedente em D2.
	No modelo de reprodução simples, considera-se a hipótese de que o gasto dos trabalhadores é representado por tudo o que ganham (V1+V2). Além disso, os capitalistas precisam manter a capacidade produtiva de suas empresas, de forma que reponham os meios de produção depreciados (C1+C2). Por fim, o consumo dos capitalistas é dado pelo total do excedente (M1+M2), que representa o gasto dos capitalistas em bens de consumo, não havendo poupança dos capitalistas. Temos então as seguintes equações de demanda: D1=C1+C2 (valor da oferta de meios de produção tem que ser igual ao valor da demanda por meios de produção), e D2=V1+V2+M1+M2 (valor da oferta de bens de consumo tem que ser igual ao valor da demanda agregada de bens de consumo). A condição para a reprodução equilibrada do sistema considera ainda a equação de trocas entre departamentos, dada por C2=V1+M1.
	No esquema de produção ampliada, as mesmas hipóteses do modelo de reprodução simples são consideradas, exceto que o consumo dos capitalistas não mais é dado pela totalidade do excedente (M1+M2), podendo haver acumulação de capital. Agora, M1 é dado por M1=aM1+bM1+cM1 e M2=aM2+bM2+cM2, onde a+b+c=1, e a=compra adicional dos meios de produção, b=compra de bens salário e c=compra de bens salário de consumo capitalista. O valor da demanda dos departamentos passa a ser: D1=C1+C2+aM1+aM2 e D2=V1+V2+bM1+bM2+cM1+cM2. Para que haja o equilíbrio (oferta agregada=demanda agregada), temos a seguinte equação de troca entre departamentos: V1+aM1+cM1=C2+bM2. A diferença deste modelo para o de reprodução simples é que neste, parte do excedente dos capitalistas não é inteiramente gasto no consumo capitalista, mas é acumulado e reinvestido em demanda de meios de produção, tornando possível o crescimento da economia.
	Por meio destes esquemas de produção, Marx busca mostrar que no modelo de produção capitalista plenamente consolidado (grande indústria), todos os bens-salários, bensde consumo dos capitalistas e meios de produção passam a ser produzidos pelo segmento capitalista da economia e, nesse caso, o principal mercado para a produção capitalista passa a ser a demanda dos trabalhadores e o gasto dos capitalistas. Os mercados internos passam a ser os principais geradores de demanda que possibilitam à economia reproduzir-se e ampliar-se, diferentemente do modelo manufatureiro capitalista, no qual a expansão da economia dependia de mercados externos.
b)	Dentro do estudo dos esquemas de reprodução, foram apresentadas duas hipóteses: os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas querem, no mínimo, conservar suas capacidades produtivas (reprodução simples), podendo inclusive ampliá-las (reprodução ampliada). Para que a oferta agregada seja igual a demanda agregada, o capitalista deve gastar M, e para Say esse gasto é automático sempre, gerando essa igualdade. O gasto é possível e torna o equilíbrio possível, fazendo valer a Lei de Say. Como as decisões de produzir geram uma renda do trabalho igual a V, que irá constituir a demanda, assim como gera também gastos por meios de produção iguais a C, ao associarmos a demanda dos capitalistas por bens de consumo V, a demanda será igual a oferta agregada. Oferta Agregada = C + V + M = Demanda Agregada.
7) A produção total de mercadorias numa determinada economia, num determinado período de tempo pode ser descrita da seguinte maneira:
- Departamento Produtor de Meios de Produção (D1)
Gasto total em Meios de Produção (C1): 150 libras
Composição orgânica do capital (C1/V1): 3/1
- Departamento Produtor de Meios de Consumo (D2)
Gasto total com pagamento de salários (V2): 200
Composição orgânica do capital (C2/V2): ½
- Taxa de exploração de D1 (M1/V1)=taxa de exploração de D2 (M2/V2)
Em condições de reprodução simples (D=C+V+M), calcule:
R:
Equações representativas da oferta agregada:
D1=C1+V1+M1 (1), D2=C2+M2+V2 (2); onde:
D1(2) = Departamento 1(2); C1(2) =Valor dos meios de produção gastos na produção em D1(D2); V1(2) = massa de salários paga na produção de D1(D2); M1(2) = excedente gerado na produção de D1(D2).
Hipótese: Considerando uma reprodução simples, em uma economia fechada, os meios de produção gastos na produção em ambos os departamentos são repostos.
Demanda do sistema:
Gasto dos trabalhadores (consomem tudo em bens de consumo) = V1+V2
Gasto dos capitalistas (consomem tudo o que ganham em meios de produção e consumo): 
Em meios de produção = C1+C2, em consumo = M1+M2.
Condição para o sistema se reproduzir: Oferta de meios de produção deve ser igual a demanda de meios de produção; oferta de bens de consumo deve ser igual a demanda de bens de consumo. 
Temos então as seguintes equações de demanda:
D1=C1+C2 (3)
D2=V1+V2+M1+M2 (4)
Combinando (1) e (3) ou (2) e (4), temos a seguinte equação de troca:
C2=V1+M1 (5).
a) o consumo dos capitalistas de D1 e dos capitalistas de D2;
C1=150, C1/V1=3. LOGO, V1=50.
V2=200, C2/V2=1/2. LOGO, C2=100.
Como os capitalistas gastam repondo a capacidade produtiva em D1 e D2 e gastando a massa de mais valia em meios de produção e bens de consumo, temos que o consumo dos capitalistas em D1 se dá por C1+M1 em D2 se dá por C2+M2.
C1=150, V1=150, C2=100, V2=200. Sabemos por (5) que C2=V1+M1.
100=50+M1. M1=100-50. M1=50.
Assim, visto que o consumo de capitalistas em D1 se dá por C1+M1, o consumo dos capitalistas em D1 é = 150+50=200.
A taxa de exploração em D1, dada por M1/V1, e a taxa de exploração em D2, dada por M2/V2, são iguais. Logo, 50/50=M2/200=1. Para que a igualdade seja correta, M2=200.
Logo, o consumo dos capitalistas de D2 (C2+M2) é dado por 100+200=300.
b) o investimento líquido da economia;
O investimento líquido é o capital aplicado nos 2 departamentos (C1+C2).
Portanto, é dado por 150+100=250.
c) a taxa de exploração de cada um dos departamentos.
A taxa de exploração é dada por M1/V1=50/50=M2/V2=200/200=1. A taxa de exploração é 100%.
d) o custo de produção total da economia e o excedente total da economia.
O excedente total é dado por M1+M2=50+200=250.
O custo de produção da economia é dado por C1+C2+V1+V2=150+100+50+200=500.
8) Suponha uma economia que produza apenas duas mercadorias (ferro e trigo). Nestes setores (produtor de ferro e produtor de trigo), por hipótese, o capital constante é constituído inteiramente de ferro e o capital variável inteiramente de trigo. A produção anual de ferro consome uma quantidade de ferro e de trigo cujos tempos de trabalho socialmente necessários são, respectivamente 15 e 5 horas. A produção anual de trigo consome, por sua vez, quantidades de ferro e trigo produzidas em 5 horas e 5 horas, respectivamente. Supondo que a taxa de mais valia é idêntica nos dois setores e igual a 100%, calcule:
a) um sistema em valores onde estejam presentes:
- o valor da produção total de trigo;
- o valor da produção total do ferro;
- as taxas de lucro dos dois setores;
- a relação de troca entre o produto do setor ferro e o produto do setor trigo.
b) um sistema em preços de produção (utilizando a rotina teórica utilizada por Marx) onde estejam presentes:
- o preço de produção da produção total de trigo;
- o preço de produção da produção total do ferro;
- as taxas de lucro dos dois setores;
- a relação de troca entre o produto do setor ferro e o produto do setor trigo.
Discuta, a partir dos itens anteriores, qual o problema teórico encontrado na passagem.
a) C=ferro, v=trigo
Tx. Mais valia = m/v = 1
Na produção de ferro, m/5=1 .: m = 5
Na produção de trigo, m/5=1 .: m = 5
Valor contido em ferro = c+v+m = 25
Valor contido em trigo = c+v+m = 15
Sistema em valores
	
	c
	v
	m
	Valor contido
	Razão de troca
	Tx. De lucro
	Ferro
	15
	5
	5
	25
	15/25 = 3/5
	25%
	Trigo
	5
	5
	5
	15
	1
	50%
	Total
	20
	10
	10
	
	
	
Tx. Lucro = M/(c+v) = (m/v)/((c/v)+1)
Tx. Lucro do ferro = (5/5)/((15/5)+(5/5) = 1/4 = 25%
Tx. Lucro do Trigo = (5/5)/((5/5)+(5/5) = ½ = 50%
Razão de trocas do ferro = 15/25 = 3/5 / Razão de trocas do trigo = 1
b)
Sistema em Preços de Produção
	
	c
	v
	Lucro Médio
	Preços de Produção
	Razão de Troca
	Tx. Lucro
	Ferro
	15
	5
	6,6
	26,6
	2
	33%
	Trigo
	5
	5
	3,3
	13,3
	1
	33%
M=m1+m2=10
C=c1+c2=20
V=v1+v2=10
Tx. Lucro Médio = r = M/C+V = 10/30 = 1/3 = 0.33 = 33%
Lucro Médio Ferro = r(C+V) = 1/3(20) = 20/3 = 6.6 = 666 %
Lucro Médio Trigo = r(C+V) = 1/3(10) = 10/3 = 3.33 = 333%
Preço de Produção Ferro = (C+V)(1+r) = 20(4/3) = 80/3 = 26,3
Preço de Produção Trigo = (C+V)(1+r) = 10(4/3) = 40/3 = 13,3
R:	O capital adiantado (meios de produção e força de trabalho), no sistema de preços de produção, permanece contabilizado a seus valores, quando deveria estar contabilizado em preços de produção. Os capitalistas não compram meios de produção a seus valores, mas sim a seus preços de produção.
	Então, para calcular a taxa de lucro média, é necessário conhecer o capital adiantado calculado a seus preços de produção, e não a seus valores. Marx continua contabilizando o capital adiantado em valores, mesmo no sistema de preços de produção.
	Há ainda o problema da circularidade: Para determinar a taxa de lucro média é necessário conhecer os custos do capital em preços de produção, ao mesmo tempo que para conhecer os preços de produção é necessário conhecer a taxa de lucro médio.
9) Discuta o conceito de exército industrial de reserva e o seu papel na teoria dos salários proposta por Marx.
R: 	Para iniciar a discussão da formação do exército industrial de reserva (EIR) é preciso caracterizar a acumulação (crescimento econômico) com progresso técnico. No caso do crescimento sem progresso, a composição orgânica (c/v) é constante, o que pressiona o salário para cima, via demanda de mão de obra como consequência do crescimento sem progresso. Com progresso técnico, por outro lado, a composição orgânica c/v é crescente, de forma que o capital cresce mais proporcionalmente do que a força de trabalho na participação do produto nacional. Aqui, a pressão se dá sobre a oferta de trabalho, constituindo um desemprego relativo. Mas se dá também sobre a demanda, masmenor proporcionalmente ao crescimento econômico. Parte dessa oferta é vinda dos novos elementos do mercado de trabalho, vindos da destruição de outras formas de organização da produção e da incorporação de mulheres e crianças no mercado. A diferença entre a população disponível no mercado de trabalho e a efetivamente empregada pela grande indústria é o que marx chama de EIR. Se antes, na manufatura, o mecanismo de controle dos salários era a demografia (taxa de natalidade é inversamente proporcional a taxa de variação do salário), agora a massa de EIR passa a regular o salário. Em momento de crescimento econômico, por exemplo, o EIR tenda a reduzir-se, o que leva a um leve aumento do salário. O contrário acontece: pouca acumulação leva ao aumento do EIR, e finalmente a queda no salário.
10) Com base na lei geral da acumulação capitalista discuta se, no longo prazo, o capitalismo pode encontrar como barreira intransponível a elevação dos salários reais ou a escassez de trabalhadores para o emprego industrial. Justifique a resposta.
R:	Para se aprofundar neste tema, é necessário conhecer contexto da primeira metade do século XIX, com o surgimento da grande indústria. A grande indústria se alastra por todo o sistema produtivo, até mesmo para o setor de produção de meios de produção. É neste momento que o capitalismo se torna plenamente constituído, e, a partir deste ponto, variáveis cruciais para o desenvolvimento capitalista passam a ser determinadas pela acumulação de capital: os salários e os mercados. 
	A relação entre acumulação e salários ocorre em duas situações: na acumulação sem progresso técnico e na acumulação com progresso técnico. No modelo de acumulação sem progresso técnico, a hipótese adotada é a de que a composição orgânica, razão entre capital constante (máquinas, c) e capital variável (mão de obra, v), é constante (c/v=1). É um modelo típico da manufatura capitalista, no qual o trabalhador é objeto no processo de valorização e sujeito no processo de trabalho (subsunção formal), A acumulação sem progresso técnico, portanto, gera um impacto muito forte sobre a demanda por trabalho, visto que há a necessidade de um trabalhador como o sujeito da produção, para manusear as máquinas/ferramentas, de forma que um aumento na produção só ocorre ao passo de um aumento na demanda por mão de obra. O modelo está, então, sujeito à escassez de mão de obra. No entanto, este tipo de acumulação não tem impacto sobre a oferta de trabalho, ao mesmo tempo que não desqualifica completamente a mão de obra. Gera, então, uma situação favorável ao aumento de salários, causando um esmagamento na taxa de lucros. Este modelo de acumulação não desqualifica o trabalho e não destrói formas não capitalistas de produção (artesanato, indústria doméstica, produção camponesa, etc.).
	O caso da acumulação acompanhada de progresso técnico é típico do capitalismo já consolidado (grande indústria). Este modelo adota a hipótese de que a composição orgânica é crescente e maior que 1 (c/v>1), implicando em que a acumulação e a demanda por trabalho não cresçam na mesma proporção. O capital fixo (meios de produção) aumenta a níveis maiores que o capital variável (mão de obra), causando um impacto na oferta de trabalho, visto que há agora um alto nível de desemprego relativo. A quantidade de trabalhadores à disposição do emprego industrial é muito maior que a quantidade efetivamente empregada. Esta diferença entre emprego efetivo e população empregável é o que Marx costuma chamar de Exército Industrial de Reserva (EIR). O EIR é, para Marx, o mecanismo de regulação de salários, e substitui o antigo problema demográfico de escassez de mão de obra. Quanto maior for o EIR, menor será o salário, visto que haverá mais gente procurando emprego e, devido à desqualificação de mão de obra inerente ao modelo, aceitando trabalhar a salários menores. Esta situação é típica de momentos de crise e de recessão. O oposto acontece quando a demanda por emprego aumenta e o EIR diminui, fazendo o nível de salários subir, situação comumente observada em períodos crescimento acelerado. Não é possível afirmar, portanto, que o capitalismo pode encontrar como barreira intransponível a elevação dos salários reais ou a escassez de mão de obra, visto que o salário real está sujeito de forma inversamente proporcional à variação do EIR e este, por sua vez, nunca vai deixar de existir, visto que, na grande indústria, a composição orgânica do capital é crescente e maior que 1, além do fato de o modelo da grande indústria desqualificar a mão de obra.
11) Descreva a lei de tendência à queda da taxa de lucro construída por Marx enfatizando:
a) sua relação com a lei do desenvolvimento das forças produtivas;
b) os fatores que atuam contrariamente a lei.
C) uma critica habitualmente dirigida à lei.
a) 	A taxa de lucro pode ser representada pela função (m/v)/[(c/v)+1), onde m é o excedente, v o salário pago pela participação do trabalhador e c o valor dos meios de produção gastos na produção. m/v é a taxa de mais valia, enquanto c/v é chamada de composição orgânica do capital. Dito isto, é possível notar que a taxa de lucro é função direta da taxa d mais valia (taxa de exploração) e função inversa da composição orgânica do capital. Elevações na taxa de mais valia afetam positivamente a taxa de lucros, enquanto elevações na composição do capital orgânico afetam negativamente.
	A lei de tendência a queda da taxa de lucro se baseia na tendência à elevação da composição orgânica. Isto porque o progresso técnico aumenta a composição técnica do capital, fazendo com que iguais quantidades de trabalho consumam cada vez mais meios de produção. O progresso técnico é um poupador natural de trabalho, de forma que haverá uma gradual substituição de trabalho por capital, gerando um aumento na composição orgânica. A elevação da composição orgânica é também resultado da competição capitalista. A lei do desenvolvimento das forças produtivas, que é a busca constante dos capitalistas pela mais valia relativa, na qual um inovador traz sucessivas inovações técnicas obrigando a concorrência a generalizar a inovação no setor, também contribuem para o quadro de elevação na composição orgânica do capital, esta que está evidentemente na raíz da tendência à queda da taxa de lucro.
	A tendência à queda da taxa de lucro é, no entanto, contraditória. Isto porque o aumento da produtividade do trabalho de certa forma desvaloriza elementos componentes do capital, fazendo com que os meios de produção cresçam menos em valor do que em massa. Portanto, os preços dos meios de produção e do salário devem cair de forma equilibrada conforme o aumento da produtividade, tornando o efeito sobre a taxa de lucro imprevisível. Além disso, a competição, que se baseia na busca pela mais valia extra, permite a redução do valor da força de trabalho, fazendo com que m/v aumente e c/v também aumente, tornado mais uma vez o efeito sobre a taxa de lucro imprevisível. Marx trata esta elevação da mais valia como fator contrário à lei, porém, incapaz de impedir a manifestação dela no longo prazo. De acordo com tais fatores, alguns críticos consideram o comportamento da lei indeterminado, visto que os efeitos positivos da inovação e aumento da produtividade sobre taxa de mais valia e composição orgânica do capital tornam imprevisíveis o comportamento da taxa de lucro.
12) Discuta os conceitos de subsunção formal e real do trabalho ao capital de sua relação com os conceitos de mais valia absoluta e relativa.
R:	Para entender os conceitos de subsunção formal e real do trabalho ao capital é necessário entender a relação entre tais conceitos e o desenvolvimento das forças produtivas. O modelo de produção manufatureira é anterior ao capitalismo, e começa a surgir a partir dos primeiros modelos de cooperação simples. Esta manufatura pré-capitalista que utiliza trabalho assalariado foi um processo importante para a emergência e consolidação do modelo de produção capitalista. Com a evolução dos modelos de divisão do trabalhoe sua inevitável concatenação com os modelos de coordenação simples, surge uma produção manufatureira com maior produtividade: a manufatura capitalista. Existe uma desqualificação do trabalhador devido à divisão do trabalho, ainda que parcialmente. A desqualificação é parcial pois, apesar de ser separado da ferramenta do ponto de vista da propriedade (no que diz respeito ao processo de valorização o trabalhador é objeto e meio de produção sujeito), no processo de trabalho o trabalhador ainda é o sujeito da produção, sendo a ferramenta o objeto. O ritmo da produção ainda é imposto pelo trabalhador, ele é a força motriz do sistema. Por este motivo a subsunção do trabalhador neste modelo é dita como formal, visto que ele é a força motriz do processo apesar de não ser possuidor dos meios de produção. Devido à importância do trabalhador na produção manufatureira, a obtenção de mais valia relativa neste modelo é muito limitado, visto que o trabalhador ainda necessita de um elevado nível de qualificação para produzir. No entanto, o modelo manufatureiro, caracterizado pelas longas jornadas de trabalho, facilita a extração de mais valia absoluta.
	Na transição do modelo de produção manufatureiro para o modelo capitalista plenamente consolidado (grande indústria), a máquina-ferramenta e a cooperação entre máquinas surgem no setor de produção de bens de consumo e rapidamente se alastram pelo sistema até o ponto em que as máquinas são utilizadas até mesmo no setor de produção de meios de produção (máquinas que constroem máquinas). Neste momento o trabalhador perde de vez o controle do processo produtivo, passando a ser mero objeto tanto no processo de valorização quanto no de trabalho, enquanto a máquina passa a ser a força motriz. Tem-se então a subsunção real do trabalhador ao capital. Com o aumento de produtividade proporcionado pelas inovações e com a consequente desqualificação da mão de obra, a mão de obra fica mais barata e a necessidade de longas jornadas de trabalho se torna obsoleta devido ao grande papel da máquina no processo produtivo. Portanto, neste modelo de grande indústria no qual há uma subsunção real do trabalhador, a mais valia absoluta diminui, ao passo que a mais valia relativa cresce junto com cada inovação trazida ao processo produtivo.

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