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O Impacto Da Infraestrutura Logistica No Custo Brasil E As Perspectivas Financeiras Para Sua Mitigacao

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X FATECLOG
LOGÍSTICA 4.0 & A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
FATEC GUARULHOS – GUARULHOS/SP - BRASIL
31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019
ISSN 2357-9684
 
O IMPACTO DA INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA NO CUSTO BRASIL E AS PERPECTIVAS FINANCEIRAS PARA SUA MITIGAÇÃO
	
BEATRIZ F. MARÇAL LOPES (FATEC JAHU) beatriz.lopes01@fatec.sp.gov.br
VITOR LOPES DOS SANTOS (FATEC JAHU) santos_lopes_8@hotmail.com
MSc. MANUEL DE JESUS LUCAS (FATEC JAHU)
manueljlucas@gmail.com
RESUMO
Este trabalho revela como a ausência de investimentos na infraestrutura logística tem contribuído para aumentar os gargalos logísticos nacionais, impactado significativamente no chamado Custo Brasil. Nele são apresentados os conceitos de logística, quais práticas devem ser executadas para que a mesma possa ser praticada e gerenciada de forma eficiente e eficaz. Tais práticas preconizam, evidentemente, a existência de uma infraestrutura logística que seja capaz de suportar as empresas, transportadores, armazenadores e operadores logísticos a praticar suas atividades logísticas. O trabalho constata que há décadas o país apresenta condições extremamente deficitárias e não existe perspectiva de que a situação sofra alterações num curto espaço de tempo caso o governo não mude radicalmente sua postura. Para melhor esclarecer o assunto, é feita uma revisão bibliográfica sobre o assunto onde são apresentados os principais problemas existentes no país, quais os projetos propostos pelo governo para resolver o problema e também uma comparação com outros países. O trabalho se encerra com um estudo onde apresentam os valores que o país deverá investir para reverter o quadro atual, bem como sua viabilidade econômica e financeira. Os resultados permitem concluir que o impacto causado pela logística no Custo Brasil, dependendo da atuação do governo são absolutamente viáveis e possíveis de serem implantados, dando retorno ao país num intervalo que pode variar, entre 5 e 17 anos, se forem levados em consideração apenas os ganhos obtidos da adequação da infraestrutura à realidade do país e à possibilidade de executar as boas práticas logísticas pelos envolvidos.
 
PALAVRAS-CHAVE: Custo Brasil; Transporte; Logística, Infraestrutura; Competitividade
A B S T R A C T
This work reveals how the lack of investments in logistics infrastructure has contributed to increase national logistics bottlenecks, significantly impacting the so-called Custo Brasil. In it, the concepts of logistics are presented, which practices should be implemented so that it can be practiced and managed efficiently and effectively. Such practices clearly advocate the existence of a logistical infrastructure that is capable of supporting companies, transporters, warehouses and logistic operators to carry out their logistics activities. The study finds that for decades the country has extremely poor conditions and there is no prospect that the situation will change in a short time if the government doesn’t radically change its stance. To better clarify the subject, a bibliographic review is done on the subject where the main problems in the country are presented, the projects proposed by the government to solve the problem and also a comparison with other countries. The work concludes with a study where they presents the values that the country should invest to reverse the current framework, as well as its economic and financial viability. The results allow us to conclude that the impact caused by logistics in Custo Brasil, depending on the performance of the government, are absolutely feasible and possible to be implemented, giving return to the country in a range that can vary, between 5 years and 17 years, if only the gains obtained from the adequacy of the infrastructure to the reality of the country and the possibility of executing good logistics practices by involved.
Keywords: Brazil Cost; Transport; Logistics; infrastructure; Competitiveness
INTRODUÇÃO
 A infraestrutura é a junção das atividades e da estrutura de um país que são fundamentais para a realização de outros processos, como por exemplo, a produção e exportação de bens ou serviços. Para que as empresas realizem esse processo são necessários, entre outras coisas, rodovias, ferrovias, armazéns, portos e aeroportos. 
 De forma geral, pode-se afirmar que a infraestrutura, seja ela logística ou não, é essencial para que as empresas possam executar suas atividades com a maior produtividade possível e se tornem competitivas, principalmente quando se trata de atuar em mercados altamente competitivos, onde as empresas devem se destacar, além da produtividade, pela qualidade de seus produtos ou serviços.
Ao longo das últimas décadas muito se tem discutido sobre como as deficiências e dificuldades do setor de infraestrutura e logística têm contribuído ou até mesmo impedido o bom andamento da economia brasileira. Em relação a outros países com extensão territorial semelhante, o Brasil se apresenta como um dos mais deficientes em termos de infraestrutura e logística, principalmente devido à ausência de investimentos mais vultosos nesse setor nas últimas décadas. O presente estudo visa contribuir para alterar essa situação ao apresentar um diagnóstico que relata como o país chegou à condição de ter uma das piores logísticas do plano e encaminha uma proposta de investimentos que possibilite equacionar tal situação.
1.1 Metodologia
A metodologia utilizada neste trabalho contempla uma coleta de dados que permitiu diagnosticar a situação da infraestrutura logística no país. Os dados citados foram coletados em anuários, revistas e jornais especializados, livros didáticos que abordavam elementos referentes ao tema, bem como em sites especializados que dispunham de informações relativas ao assunto, como os sites das agências reguladoras, e demais órgãos governamentais. Tais dados foram postados em tabelas, assim como foram elaborados gráficos, de modo a melhorar a visualização, o desenvolvimento e a análise dos mesmos .
1.2 Objetivo Do Trabalho
Este trabalho procura demonstrar como os vários problemas enfrentados pelo Brasil em decorrência da falta de uma infraestrutura logística adequada têm contribuído para aumentar o chamado Custo Brasil e prejudicado a competitividade e a atuação das empresas e dos produtos brasileiros, tanto no país como no exterior. Depois de entender como o Brasil chegou a essa situação, foi possível apresentar uma proposta para a infraestrutura logística do país que, se implantada, pode recolocar o país no caminho do desenvolvimento e melhorar sua atuação perante os principais players globais.
EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 Custo Brasil 
Ribeiro (2004, apud COSTA E GAMEIRO, 2005) conceitua o Custo Brasil como sendo todas as despesas e custos desnecessários que ocorrem num processo que impedem o desenvolvimento do país e acabam retirando o poder de competitividade do mercado e resultando em processos mais lentos e onerosos. De uma forma mais ampla pode-se afirmar que o Custo Brasil corresponde a todos os gastos que só existem no país e que oneram os produtos e serviços brasileiros tornando-os menos competitivos em relação aos produzidos no exterior. Entre os principais podem ser citados:
· A carga tributária e os encargos trabalhistas,
· Os custos portuários e os processos aduaneiros,
· A infraestrutura logística e de transportes,
· O preço e/ou a ausência dos financiamentos.
· O preço e/ou a incapacidade de gerar e transmitir a energia elétrica,
· O preço e as deficiências das telecomunicações,
· A ausência (ou deficiência) de regulamentação governamental, 
· A burocracia estatal,
· A violência e a corrupção, etc
 Uma análise dos itens que compõem esse custo permite concluir que a falta de uma mentalidade enxuta na logística, tanto por parte das empresas brasileiras como, principalmente, do governo (que não oferece as mínimas condições estruturais para que a logística seja praticada no seu estado de arte e ainda à sobrecarrega com uma carga brutal de impostos e com o excesso de burocracia) têm contribuído significativamentepara a baixa produtividade e falta de competitividade das empresas e produtos perante seus concorrentes no exterior. Tal afirmativa é endossada por Costa e Gameiro (2005, p. 7) que relatam que “[...] o Brasil é um país com baixa qualidade de rodovias, trazendo prejuízos para toda a sociedade, dificultando a retomada do desenvolvimento e aumentando o Custo Brasil”. 
No que diz respeito aos problemas logísticos, pode-se constatar que eles são praticamente os mesmos que existem no país há mais de quatro décadas, podendo ser citados a pequena dimensão das malhas rodoviária e ferroviária, bem como o estado de conservação das mesmas, a superlotação e o baixo número de aeroportos e portos - de rio e de mar - existentes no país, a defasagem tecnológica dos portos, a elevada idade média da frota de veículos comerciais e dos navios de cabotagem, os fretes desvalorizados, etc.. 
Todos esses pontos fazem com que o Custo Brasil cresça ano após ano a taxas cada vez mais impactantes, o que leva o país a perder as vantagens competitivas que eventualmente tenha conquistado em outros setores com relação aos seus principais concorrentes internacionais. No que diz respeito à infraestrutura logística, as soluções (ou seja, o que precisa ser feito) são conhecidas há mais de três décadas, mas a falta de capacidade técnica e financeira dos sucessivos governos para investir no setor tem adiado as soluções que poderiam com facilidade dar um salto de qualidade na logística e na produtividade do país como um todo.
2.2 Custos Logísticos Brasileiros X Custos Logísticos Mundiais
É público e notório que o Brasil possui uma infraestrutura muito aquém de suas necessidades, resultado dos baixos investimentos realizados no setor desde o final da década de 70, sendo que, além disso, a mesma ainda se encontra em situação precária. 
De acordo com o Ibralog (2016) não é de hoje que o Brasil não investe o necessário em sua infraestrutura logística. Enquanto a média de investimento mundial na infraestrutura nas duas últimas décadas foi de 3,8% do PIB mundial ao ano, o Brasil investiu em média 2,2% ao ano. Na China esse investimento chegou a atingir 8,5% ao ano e na Índia, 4,7%. Um simples comparativo desses países com o Brasil permite concluir que é urgente e de extrema importância que esse quadro seja revertido o mais rápido possível. Os investimentos em relação à logística do país não têm sido planejados adequadamente e, quando os mesmos são empenhados no orçamento federal, não têm sido bem executados, o que faz com que todas as oportunidades que o Brasil teve até o momento não tenham sido bem aproveitadas por inoperância e/ou incapacidade técnica estatal de conduzir esse processo. 
A Figura 1 apresenta os dados da infraestrutura de transporte nos países que compõem o grupo denominado BRICs e nos EUA e Canadá, todos eles populosos e de grandes dimensões, fato que permite compara-los entre si nos mais diversos quesitos.
 
Figura 1: Infraestrutura logística – BR X BRICS X EUA
Fonte: World Factbook, Banco Mundial (2014, apud LIMA, 2014)
Na tabela pode-se observar que o Brasil possui uma grande extensão territorial, porém a infraestrutura de todos os modais de grande capacidade encontra-se bem abaixo de seus principais concorrentes a nível mundial. Comparando-a com os Estados Unidos, país que é considerado referência mundial em termos de custos e processos logísticos, percebe-se que os americanos possuem à sua disposição 4,375 milhões de quilômetros de rodovias pavimentadas, 225.000 quilômetros de ferrovias, 2,225 milhões quilômetros de dutovias e 41.000 quilômetros de hidrovias. Já o Brasil possui 219.000 quilômetros de rodovias pavimentadas, 29.000 quilômetros de ferrovias, 19.000 quilômetros de dutovias e 14.000 quilômetros de hidrovias navegáveis. Na comparação com os demais países a situação também é extremamente prejudicial ao Brasil. Tais números revelam a necessidade urgente de ampliar a infraestrutura logística do país caso se deseje alcançar os parâmetros de custeio, produtividade e competitividade dos principais concorrentes do país.
 Segundo Lima (2014), até 2010 o investimento na infraestrutura logística do País em relação ao PIB vinha sofrendo quedas constantes e paulatinas, postura que acarretou um retrocesso de 6 anos em termos de custos logísticos. Assim, enquanto o Brasil voltou a ter custos logísticos anuais de 11,5% do seu PIB em 2012 os Estados Unidos gastaram apenas o referente a 8,3% do seu PIB no mesmo período. O autor credita a discrepância entre os custos logísticos brasileiros e os norte-americanos ao desbalanceamento da matriz de transportes, à falta de uma cultura que obrigue o país a implantar e utilizar as boas práticas logísticas e à carência de uma maior e melhor infraestrutura no setor.
2.3 Índice Mortara
Segundo Vianna (2007) o Índice Mortara é um indicador “que permite considerar simultaneamente, em relação às rodovias, as variáveis território, população e frota de veículos automotores. Quando se trata de ferrovias e hidrovias, exclui-se, obviamente, a frota de veículos automotores. Calcula-se um índice para cada país, em relação a cada um dos modais, que é válido apenas para o grupo de países considerado. Isso quer dizer que o índice resultante é um número relativo que não tem outro significado senão estabelecer a classificação dentro da série de cada modal, podendo assim traduzir a relação proporcional existente entre os países que a compõem. Significa, também, que qualquer mudança que se fizer na tabela, com a inclusão ou exclusão de qualquer país, provavelmente alterará os índices de todos os eles”
2.3.1 Ranking do Brasil no Índice Mortara
Vianna (2007) afirma que, desde a criação do Índice Mortara, em 1977, que o Brasil sempre ocupou a última colocação em relação aos outros 20 países que compõem o índice. O autor apresenta um comparativo entre o Brasil e alguns dos países mais desenvolvidos do mundo nos modais rodoviários, ferroviários e hidroviários e revela, por exemplo, que a infraestrutura rodoviária o Brasil apresenta um índice de 0,23, o pior comparado aos demais países analisados. Esse número significa que, para cada quilômetro quadrado, o Brasil apresenta 230 metros de rodovias pavimentadas, índice bastante tímido quando comparado aos demais países e principalmente se for levado em consideração que a matriz de transportes do país é essencialmente rodoviarista. 
Viana (2007) revela também que no modal ferroviário o país encontra-se em penúltimo lugar do ranking, à frente apenas da China, com um índice de 0,53. Já no modal hidroviário o Brasil ocupa a 6ª posição com um índice de 1,83, devido ao fato de ser o dono da 3º malha hidroviária do mundo e a maior parte de nossas hidrovias serem navegáveis. Tal vantagem, contudo, não chega a resultar em vantagens competitivas porque, a infraestrutura ainda é muito pouco utilizada devido à necessidade de obras como, por exemplo, eclusas, à ausência de portos fluviais e de veículos (rebocadores, barcaças e outros) para operar nas vias. Tal fenômeno se repete no transporte de cabotagem, até hoje sub-utilizado, devido ao congestionamento dos portos e do baixo número de linhas regulares de cabotagem (15 por semana, no porto de Santos) que são oferecidos aos possíveis clientes do modal.
2.4 Investimentos Necessários Na Infraestrutura Logística 
É público e notório pela sociedade em geral e pelos estudiosos e especialistas que trabalham com logística no Brasil que o país precisa melhorar muito a sua infraestrutura para que a logística consiga fazer seu papel de forma adequada. Os investimentos no país têm se mostrado muito inferiores ao que seria necessário para aproximar seu índice Mortara ao de seus principais concorrentes no mercado internacional.
A Abdib (2016) revela que o Brasil nunca atingiu o valor dos 3% do PIB recomendado para que o país possa superar seus gargalos logísticos, pois, apesar do viés de crescimento ocorrido nas últimas duas décadas, os valores não têm sido suficientes para reverter o menos de 0,5% ao ano que o país investiu nosetor nas duas últimas décadas do século passado. A perspectiva de melhora também não é boa, por causa da atual crise político econômica que o país enfrenta, tais investimentos têm, inclusive, revertido o viés de alta, como ocorreu entre os anos de 2014 e 2015 (queda de 17%).Segundo Souza e Leal (2015), na matriz de transporte brasileira destaca-se o modal rodoviário, responsável por transportar aproximadamente 61% de toda a carga do país. A seguir vem o modal ferroviário, o aquaviário, o dutoviário e, por último, o modal aéreo. Além disso, a intermodalidade e a multimodalidade ainda são muito pouco utilizadas no país, basicamente devido à legislação vigente e à ausência de pontos de transbordo de mercadorias, fato que contribui para a perda de competitividade dos produtos brasileiros. Para tentar reverter esse quadro, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) realizou estudos que demostram que será necessário investir aproximadamente R$ 1 trilhão em projetos para eliminar os gargalos que impedem a evolução logística do país. O investimento é necessário em todos os tipos de modais de transporte, contudo como o setor rodoviário predomina na matriz de transporte brasileira com mais de 60% o foco inicial dos investimentos deverá ocorrer nesse segmento (NTC&LOGÍSTICA, 2015).
desenvolvimento da temática
Proposta De Solução Para A Infraestrutura Logística Brasileira - Pay Back Situação Atual X Situação Ideal
A CNT - Confederação Nacional do Transporte - lançou, em 2014, um estudo denominado “Plano CNT de Transporte e Logística 2014” (5ª edição) no qual apresenta um diagnóstico extremamente preciso, apesar de desanimador, sobre as atuais condições da infraestrutura de transporte e logística no país. Em uma parte do texto tal diagnóstico afirma que: 
“Uma significativa parcela da infraestrutura de transporte, em todas as modalidades, encontra-se obsoleta, inadequada ou ainda por construir. Algumas delas operam no limite ou mesmo acima da sua capacidade, enquanto outras carecem de manutenção” (...) “essa situação representa um entrave ao crescimento do país e gera reflexos negativos, como aumento do tempo de viagens, maior custo operacional, aumento do número de acidentes e dos níveis de emissão de poluentes” (CNT, 2014)
O estudo da CNT, eminentemente técnico, não se limitou a apresentar o diagnóstico da situação atual. Numa contribuição valiosíssima ao planejamento das atividades de transportes e logística do país, o estudo identificou, detalhou e quantificou e orçou 2.045 projetos prioritários relacionados à infraestrutura de transporte de todos os modais, nas áreas de carga e passageiros, dividindo-os em projetos de integração nacional e urbanos, sendo que os primeiros propõem uma série de ações ao longo de 9 eixos estruturantes multimodais e os demais referem-se a projetos de transporte público em 18 regiões metropolitanas. Para a execução de tais projetos, que colocariam o Brasil em pé de igualdade com seus principais concorrentes internacionais e a infraestrutura do país em linha com as suas inegáveis potencialidades, o país precisaria investir cerca de R$ 990 bilhões, algo equivalente a cerca de 30% do seu PIB.
A julgar pelo que tem sido investido no setor nas últimas três décadas, ou seja, entre 0,5 e 2% do PIB ao ano, parece que o país se encontra eternamente condenado a ocupar as últimas condições do ranking mundial nesse quesito. Contudo, caso o país e, mais especificamente, o governo, passe a priorizar a logística como ela necessita e saia da simples retórica para implantar os projetos de melhoria da infraestrutura na prática, percebe-se claramente que a situação não é tão drástica quanto parece, já que se constata, até com certa facilidade, que tais investimentos são auto-sustentáveis no que diz respeito ao retorno dos investimentos. Tal raciocínio é fundamentado em uma hipótese, absolutamente plausível, que supõe que, a partir do momento em que tais investimentos forem realmente executados, o país passará a ter custos logísticos de cerca de 8,5% do PIB ao ano (benchmark dos países mais desenvolvidos nessa área) ao invés dos atuais 11,5%, fato que geraria uma economia anual de cerca de 3% do PIB ao ano. Considerando que o PIB atual do país é cerca de R$ 3 trilhões de reais, essa economia representa, em números absolutos, algo como cerca de R$ 90 bilhões ao ano, o que significa que em cerca de 11 anos o investimento de quase um trilhão de reais seria efetivamente pago e retornado aos seus investidores. Apesar de ser um prazo aparentemente longo, trata-se de um investimento extremamente viável economicamente já que investimentos em infraestrutura, via de regra, não apresentam pay back inferior a 20 anos. 
 Esse prazo, contudo, ainda pode diminuir consideravelmente se forem levados em consideração outros fatores que não os simples ganhos oriundos das melhorias da área logística. De acordo com o instituto IBRALOG, que cita um estudo executado pela empresa de consultoria GO Associados (2016), atualmente a economia do país perde cerca de 150 bilhões de reais por ano em decorrência da má qualidade e baixa quantidade de sua infraestrutura logística. Esse valor é uma consequência das vendas perdidas no exterior de produtos brasileiros porque os mesmos são mais caros do que os produzidos pelos seus concorrentes e por causa dos custos de fabricação mais altos (que são obviamente incorporados ao preço final dos produtos). Tais fatores não chegam a inviabilizar totalmente sua venda, mas diminuem as margens de lucro significativamente. Além disso, outros problemas gerados por tais fatores são a queda no número de empregos no país, a diminuição da receita com impostos e a diminuição da atividade econômica. 
Se o cálculo do pay back levar em consideração esses R$ 150 bilhões, o cálculo do retorno financeiro passa a ser feito de forma diferente. Ao invés de R$ 90 bilhões ao ano, o Brasil poderia então investir cerca de R$ 210 bilhões por ano, o que resultaria num prazo de pay back inferior a cinco anos, prazo incrivelmente curto quando se trata de recolocar o Brasil no caminho dos trilhos e dar um salto significativo rumo ao futuro já que, desta forma, seria apenas uma questão de tempo para que o Brasil tenha os mesmos indicadores de desempenho que seus principais concorrentes no mercado externo.
resultados e discussão
Este trabalho demonstra que o país tem consciência de seus problemas e carências inerentes à área de logística desde a década de 70, mas, apesar disso, não consegue passar efetivamente da teoria (elaboração dos projetos de melhorias) para a prática (a execução de tais projetos), seja por incompetência técnico administrativa, pela simples incapacidade financeira para investir ou por problemas de viés ideológico ou ordem política. Uma breve análise sobre a implantação desses projetos revela que as ações ficaram na simples retórica já que é facilmente constatável que os poucos investimentos direcionados para a área tem produzido resultados pouco efetivos.
O último desses projetos - o PIL - apresenta, contudo, uma luz no fim do túnel na medida em que o governo federal passou a admitir, ainda que de forma sutil, sua incapacidade técnica, financeira e administrativa para projetar e executar as obras necessárias. Como consequência dessa nova postura começaram a ser estabelecidas as chamadas parcerias público privadas com as empresas que detém o know how e a competência para executar as obras que são necessárias e operar os sistemas de forma eficiente e eficaz. Em outras palavras, pode-se afirmar que o país chegou, ainda que um tanto quanto tardiamente, à conclusão de que, para enfrentar os problemas logísticos que impedem seu crescimento, é necessário adotar uma agenda eminentemente técnica ao invés de uma agenda política, que já se mostrou insuficiente para as necessidades do país, já que tem se mostrado um mau gestor. A julgar pelo pay back, entre 5 e 11 anos, trata-se apenas de uma questão de tempo para que o Brasil volte a assumir o lugar de destaque que merece ocupar na economia mundial.CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este trabalho mostra que o Brasil apresenta uma das mais caras e ineficientes logísticas do mundo. Expõe também como as carências do setor acabam impactando negativamente no chamado Custo Brasil e, por consequência, na competitividade dos produtos, das empresas brasileiras e na qualidade de vida dos brasileiros.
Nossa infraestrutura logística, pequena, malcuidada, obsoleta e inadequada, e até mesmo as obras que já estão em processo de construção, impactam, positiva ou negativamente, diretamente no desenvolvimento e na economia do país. Por isso está mais do que na hora de as propostas de investimento apresentadas pelo governo e pela sociedade civil organizada saiam do papel. Sabe-se, contudo que o setor público, com seus entraves administrativos, está com sua capacidade de investimento reduzida, quando comparamos as carências atuais, que não são poucas, às necessidades do país. Como os investimentos necessários são auto sustentáveis, a questão resume-se a encontrar investidores que estejam dispostos a correr tais riscos. Capital e investidores para que isso ocorra, sejam nacionais ou estrangeiros, existem. Compete ao governo, nos seus três nível, quebrar as barreiras existente atualmente e criar as condições para que isso aconteça. 
REFERÊNCIAS
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BALLOU, R. H. Logística Empresarial. Editora Atlas S.A., 2011.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial. Editora Atlas S.A., 2007.
CASTOR, B. V. J. Custo Brasil: Muito Além dos Suspeitos Habituais. Disponível em <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v2_n2/custo_brasil_muito_.pdf> Acesso em: 25 de Fevereiro de 2019. 
CNI – Confederação Nacional Da Industria. Infraestrutura Deficiente Reduz Potencial De Exportação Do Brasil Para Nove Dos 11 Parceiros Comerciais Na América Do Sul. Disponível Em <Http://Www.Portaldaindustria.Com.Br/Cni/Imprensa/2016/03/1,83132/Infraestrutura-Deficiente-Reduz-Potencial-De-Exportacao-Do-Brasil-Para-Nove-Dos-11-Parceiros-Comerciais-Na-America-Do-Sul.Html> Acesso Em: 04 De Março De 2019.
COLAVITE, A. S.; KONISHI, F. A matriz do transporte no Brasil: uma análise comparativa para a competitividade. Disponível em <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/802267.pdf> Acesso em: 05 de Março de 2019. 
COSTA, S. B. C.; GAMEIRO, A. H. Entendendo o Custo Brasil. Disponível em <http://lae.fmvz.usp.br/pdf/2005_Costa_Gameiro.pdf> Acesso em: 14 de Março de 2019.
DIDONET, S. R.; ALMEIDA, C. C.; LOPES, A. O.; LARA, L. S.; RAMASWAMI, R. Logística Global e sua Importância Estratégica: O Caso de uma Industria Meta-Mecanica. Disponível em <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2000_E0082.PDF> Acesso em: 19 de Março de 2019. 
IBRALOG – Instituto Brasileiro de Logística. Infraestrutura Ruim Tira R$ 150 bi do País. Disponível em <http://www.ibralog.org.br/index.php?option=com_content&amp;view=article&amp;id=604%3Ainfraestrutura-ruim-tira-r-150-bi-do-pais&amp;catid=42%3Ainfraestrutura-geral&amp;Itemid=13&amp;lang=br> Acesso em: 25 de Março de 2019. 
LIMA, M. Custos Logísticos no Brasil. Disponível em <http://www.ilos.com.br/web/custos-logisticos-no-brasil/> Acesso em: 26 de Março de 2019. 
Ministério do Transporte, Portos e Aviação Civil. Conheça o PNLT. Disponível em <http://www.transportes.gov.br/conteudo/2815-conheca-o-pnlt.html> Acesso em: 26 de Março de 2016. 
NTC & LOGÍSTICA. Setor de transporte necessita de grandes investimentos em 2015. Disponível em <http://www.portalntc.org.br/industria-de-transportes/setor-de-transporte-necessita-de-grandes-investimentos-em-2015/55357> Acesso em: 28 de Março de 2019.
PAC – Ministério do Planejamento. Sobre o PAC. Disponível em <http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac> Acesso em: 30 de Março de 2019.
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PADULA, R. INFRA-ESTRUTURA I: TRANSPORTES Fundamentos e propostas para o Brasil. Disponível em <http://www.confea.org.br/media/livro_transportes.pdf> Acesso em: 01 de Abril de 2019.
 
SOUZA, F. L. U.; LEAL, J. E. Panorama do Transporte de Carga no Brasil: Uma Visão do Ponto de Vista dos Operadores. Disponível em <http://www.anpet.org.br/xxixanpet/anais/documents/AC668.pdf> Acesso em: 03 de Abril de 2019. 
VIANNA, G. O mito do rodoviarismo brasileiro. Disponível em <http://www.nextrans.com.br/wp-content/uploads/2014/12/O-Mito-do-Rodoviarismo-Brasileiro.pdf> Acesso em: 03 de Abril de 2019. 
"O conteúdo expresso no trabalho é de inteira responsabilidade do(s) autor(es)."
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 FATEC GUARULHOS – GUARAULHOS/SP - BRASIL
31 DE MAIO E 01 DE JUNHO DE 2019
ISSN 2357-9684

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