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TCC 2020

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UNIVERSIDADE Estácio de sá
Coordenação Logística Empresarial 
MBA logística empresarial
Claudemir Oliveira rodrigues
logística no mercado de autopeças do brasil
tcc logística empresarial
uberlândia
2020
claudemir oliveira rodrigues
logística empresarial – logística no mercado de autopeças do brasil
Trabalho de Conclusão de Curso de MBA em logística empresarial pela universidade Estácio de Sá. 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo de Moura
UBerlândia
2020
Resumo
RODRIGUES, Claudemir. Logística no mercado de autopeças no Brasil. 2020 Trabalho de Conclusão de Curso MBA em Logística Empresarial- Universidade Estácio de Sá – Campus Uberlândia, 2020. 
A logística dos primórdios aos dias atuais. Conceitos e aplicações da logística. O mercado de autopeças no Brasil. A logística na cadeia de distribuição de autopeças no Brasil. Início, mudanças, tecnologia, gargalos e tendências. 
1 - Introdução ……………………………………………………………………………….5
2 - Logistica em Território Nacional……………………………………………………..6
3 - Desenvolvimento do Setor Automotivo Nacional…………………………………6
4 - Mercado de Autopeças no Brasil…………………………………………………….7
5 - Desenvolvimento da Indústria de Auto Peças no Brasil…………………………8
6 - Logistica de Autopeças no Brasil……………………………………………………9
6.1 - As Dimensões Continentais do Brasil e os Impactos na Logística……………….10
6.2 - A Indústria Nacional de Auto Peças…………………………………………………10
6.3 - A Malha Logística Nacional…………………………………………………………..10
6.4 - A Legislação e a Carga Tributária da Logística Nacional…………………………12
7 - Rota 2030 - Mobilidade e Logística…………………………………………………13
8 - Cenário Atual…………………………………………………………………………...13
9 - Conclusão……………………………………………………………………………....15
Referências…………………………………………………………………………………16
introdução
LOGÌSTICA
De acordo com Maximiano, “Introdução á Administração, 6ª Edição 2004” – a Logística começou á mais de 3000 mil anos, quando os exércitos romanos viram a necessidade de criar soluções para a administração de grandes contingentes de pessoas envolvidas em operações complexas e arriscadas. Surgiram assim os primeiros conceitos sobre estratégias, planejamento, logística, e hierarquia.
O papel da logística nesse momento era garantir que pessoas, mantimentos, equipamentos e todo o aparato necessário ás tropas estivessem disponíveis no local correto e dentro do período necessário. 
Nesse processo arcaico, um dos fatores mais determinantes para que as operações realmente funcionassem era o respeito ás hierarquias.
Já Tarcisio Salgado, na sua obra “Logística, práticas, técnicas e processos, 3ª Edição, nos trás uma definição mais recente – a logística empresarial iniciou-se no ocidente, com a revolução industrial, na Inglaterra no século XVIII e se espalhou pelo mundo. A revolução industrial substituiu a mão de obra humana pelas máquinas, produzindo em grande escala, reduzindo o custo de produção e gerando a necessidade de se estocar matéria prima, insumos e produtos. E também a necessidade de movimentação de grandes volumes.
Algumas décadas depois, após o fim da segunda guerra mundial, o Japão foi o precursor de mais uma inovação na área da logística. O país que estava destruído e com possibilidades remotas de retomada do desenvolvimento econômico e industrial. A população e os empresários cientes das dívidas e da escassez conseguiram em duas décadas tornar o país uma potencia mundial.
As metodologias, disciplina e melhores práticas aumentaram a produtividade e melhoraram o desempenho garantindo alta produtividade e desperdícios mínimos com a redução de estoques.
	Para Fleury (2000), a Logística é um paradoxo, ao mesmo tempo uma das atividades mais antigas do mundo, e ao mesmo tempo um dos conceitos gerenciais mais modernos. A logística é uma atividade antiga e seu surgimento se confunde com a origem da atividade econômica organizada.
	Já Ballou (1987) traz um conceito mais específico para a logística empresarial, e que segundo ele é o estudo de como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade com o pleno atendimento do mercado e satisfação completa do cliente, garantindo retorno ao empreendedor através de planejamento, organização e controles efetivos para as atividades de armazenagem, programas de produção e distribuição de produtos e serviços.
LOGÍSTICA EM TERRITÓRIO NACIONAL
	No Brasil, apesar de a logística existir desde o seu descobrimento, com a vinda dos Portugueses, trazendo e escravos e levando a produção de minérios e especiarias, o que envolvia um intenso e contínuo processo de transporte e movimentação, a logística tornou-se mais proeminente á partir da década de 80, após a explosão tecnológica da informação. Nesse período algumas entidades empresariais deram uma ênfase maior aos processos logísticos e foram responsáveis por disseminar entre as organizações esse novo conceito. Nesse período o foco eram as metodologias, modais de transporte e armazenagem.
	Á partir de década de 90, os estudos sobre o assunto já se aprofundavam e as análises de cálculos, dispersões e movimentos com foco na movimentação, distribuição, armazenagem e planejamento de materiais já estavam ativas.
	Todas essas evoluções aliadas ao processo de industrialização do país trouxeram novos desafios, além disso, a globalização criou um ambiente extremamente hostil aos mercados locais que precisavam se adequar ás novas premissas da indústria e do mercado como um todo, sob o risco de serem engolidos pela concorrência do mercado externo, que em alguns países estava muito á frente do mercado Brasileiro, e um ponto que gerava essa diferença era a tecnologia empregada e o planejamento logístico com o foco em redução de custos e maximização dos lucros. Garantindo assim uma forma de redução nos preços dos produtos acabados.
	Nesse período muitas empresas não conseguiram acompanhar o mercado e acabaram quebrando e abrindo espaço para que empresas internacionais se instalassem em solos Brasileiros, surgindo assim as primeiras multinacionais.
DESENVOLVIMENTO DO SETOR AUTOMOTIVO NACIONAL
	O setor automotivo nacional tem início no Brasil por volta do século XX, já nos anos 50 desse mesmo século. Segundo o site, “https://campoeste.org.br/a-historia-do-setor-automotivo-no-brasil/”, em 1984 chegava ao Brasil o primeiro automóvel, um Peugeot Type 3, que veio importado de navio até a cidade de Santos em SP, pelo jovem Alberto Santos Dumont. A partir de então a frota nacional de veículos cresceu, e entre 1920 e 1939 o número de carros saltou de 5mil para 43 mil unidades na capital paulista.
	A primeira indústria automobilística a se estabelecer no Brasil, mais propriamente na capital paulista foi a Ford, em meados de 1919. Logo após, 6 anos passados veio a General Motors em 1925 que também se instalou na capital paulista. Porém nesse período o mercado nacional de automóveis ainda era dominado pelos importados. O desenvolvimento industrial ocorreu mesmo após o presidente Getúlio Vargas proibir a importação de veículos, dando assim ás indústrias locais a chance de se desenvolver e comercializar os seus bens em solos nacionais. A partir desse momento o Brasil deu um grande passo rumo á industrialização.
	Logo em seguida foi a vez de outro presidente, o Juscelino Kubitschek dar mais um passo rumo a industrialização e dar condições ás indústrias do Brasil de desenvolverem localmente qualquer tecnologia estrangeira. 
	Em 1959, foi a vez da Volkswagen se instalar em SP e iniciar a produção dos Fuscas e Kombi nacionais, modelos que ainda hoje circulam por nossas ruas. A Volks foi líder de mercado até o início dos anos 90. O mercado era dominado por 4 grandes marcas, Ford, GM, Volks e Fiat.
	Os consumidores passaram a ser mais exigentes e a melhora na qualidade dos itens e dos próprios veículos passa a ser diferenciais importantes na concepção dos modelos.
	Já nos anos 90 a importação dos veículos passa a ser estimulada, assim o mercado nacional, bem como a indústria se vêem novamente sob a pressão externa, modelos inovadores, com qualidade de materiais e acabamentos superioresinvadem o mercado nacional, causando uma retração súbita na produção interna, porém dando a oportunidade das indústrias locais buscarem o norall das indústrias externas, á fim de se desenvolverem.
	A partir dos anos 90, com a abertura de mercado, o acesso aos veículos foi facilitado, principalmente com a entrada no mercado dos modelos populares, veículos compactos de com um custo inferior, que garantiu á grande parte da população o acesso ao tão sonhado e em alguns casos necessário automóvel.
O MERCADO DE AUTOPEÇAS NO BRASIL
	Com a abertura do mercado nos anos 90 e com o advento da globalização, o mercado nacional precisou enfrentar grandes desafios, exigindo uma gestão mais eficiente que no passado. A busca pela melhoria continua passa a ser uma necessidade, e alcançar a maturidade organizacional pode ser o divisor de águas entre o sucesso ou a decadência.
	Um dos pontos chave para se obter um melhor resultado é justamente a logística, onde obtendo o aumento da eficiência operacional, a redução dos custos, e melhorando o nível de serviço aos clientes, pode se ganhos nos lucros atuais e futuros das organizações. A integração das atividades que compões os processos logísticos é de extrema importância para que se alcance o sucesso.
	Um dos maiores desafios da área de autopeças é conseguir oferecer ao cliente um serviço de qualidade, com precisão nos prazos de entrega e com preço justo.
	O Brasil é um país de dimensões continentais e que conta com uma malha logística precária. O principal foco de todos os nossos governos foi priorizar a construção da malha rodoviária, e que o hoje é o principal meio de movimentação logística. No entanto a ineficiência do estado em manter os serviços primários acabou por sucatear as nossas estradas, as poucas rodovias que temos são privadas e acabam onerando os serviços logísticos.
	Temos dois pólos distintos, o industrial que geralmente fica nas grandes capitais, onde também estão os principais, portos e aeroportos e os pólos agro agrícolas, onde ocorre a produção de insumos e alimentos. Insumos e alimentos estes que são os principais bens de importação, os nossos commodities. Hoje os maiores problemas e que geram grandes custos ao nosso plano logísticos são justamente as dificuldades em fazer com que a produção agrícola chegue aos portos e aeroportos, e da mesma forma fazer os itens importados chegarem aos confins do Brasil.
	Após a industrialização e a abertura de mercado, a introdução de marcas e modelos diversificados criou um mercado de fácil capitalização e alta necessidade. Trata-se do mercado de autopeças, ou peças de reposição. O crescimento da frota automobilística abriu mais um nicho de mercado. O grande problema é que esse mercado precisa acompanhar os usuários finais o mais perto possível.
	Surgiu então uma grande e complexa cadeia logística, formada por grandes fabricantes de automóveis, grandes indústrias de peças e partes e seus centros de distribuição, distribuidores de autopeças, varejistas e redes de oficinas mecânicas, que trabalham em sincronia para atender a demanda por peças de reposição. No Brasil a frota de veículos tem uma idade média de uso avançada, o que favorece o mercado de autopeças.
	Há alguns anos atrás, o mercado consumidor de automóveis estava restrito aos grandes centros urbanos. Porém com a chegada de modelos mais específicos e com possibilidade de atender as diversificadas classes sócias, os grandes centros estão superlotados de veículos, mas as cidades menores e mais distantes também já conseguem manter uma frota ativa de veículos, havendo assim a necessidade de se estruturar uma cadeia logística que atenda o Brasil de ponta a ponta.
	Para atender esse mercado, as empresas precisaram buscar alternativas que tornasse viável e lucrativo o negócio. Hoje temos espalhados pelo Brasil diversos distribuidores de autopeças, que compram dos fabricantes e distribuem essas peças, aos prestadores de serviços e em alguns casos aos consumidores finais diretamente. Diversos tipos de serviços são oferecidos, desde lojas físicas, centros de distribuição e lojas online, esta ultima que vem ganhando força com o surgimento das novas tecnologias. O mercado de autopeças pode ser entendido conforme o fluxo abaixo:
INDÚSTRIA CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIDOR AUTOPEÇAS 
	 CONSUMIDOR FINAL OFICINAS MECANICAS
	Aparentemente é um processo simples de compra e venda, mas por trás desse processo existe uma operação complexa, que exige muito planejamento e controle, além de parcerias e desenvolvimento tecnológico, e sobre isso que falaremos á partir de agora.
DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS NO BRASIL
	Com a proibição da importação de carros inteiros em meados de 1953, alguns fabricantes de automóveis que vieram para mercado nacional acabaram se nacionalizando e se tornando as primeiras fábricas nacionais de veículos.
	A previsão era de que até 1960, cerca de 90% dos caminhões e utilitários vendidos em solos nacionais fossem produzidos no Brasil, esses objetivos foram alcançados e ultrapassados bem antes com o fortalecimento da indústria nacional automobilística. Os grandes fabricantes deram início á fabricação de veículos mais modernos e compatíveis com as demandas dos Brasileiros.
	Nesse período, década de 60, as fábricas focaram seus pátios industriais produtivos no ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano), já em meados dos anos 70, outras montadoras se estabeleceram em outras regiões, Fiat em MG, Agrale no Rio Grande do Sul e Volvo no Paraná.
	Já nos anos 90, com a estimulação do mercado de importação de veículos muitas outras indústrias automotivas se instalaram em solos tupiniquins, e se espalharam por outros estados, hoje temos praças industriais automobilísticas em 11 estados, diversificando a indústria de peças automotivas e aumentando as possibilidades logísticas de distribuição de peças. Além disso, temos a entrada de veículos, peças e acessórios importados, que concorrem diretamente com a produção nacional. 
	Alguns mercados externos conseguem produzir em larga escala, com custos extremamente reduzidos, embora em alguns casos com qualidade inferior, mas que atendem as normas técnicas, o que de certa forma pressiona a indústria nacional a buscar melhorias em processos produtivos e de distribuição. Aqui entra o planejamento estratégico da logística empresarial.
	A logística passou a ter um papel extremamente importante no processo de industrialização da cadeia automobilística, desde a sua concepção até os dias de hoje, o processo logístico dita o ritmo da produção e as margens de lucro podem sofrer alterações consideráveis de acordo com a acertibilidade ou não dos processos. Vejam o modelo de Toyota de produção, que foca totalmente no processo produtivo e que tem como focos principais os controlem de compra, estocagem, produção e distribuição, e que o processo logístico é a base principal pra fazer a engrenagem funcionar. A metodologia Toyota de produção hoje é amplamente aplicada e melhorada em todos os processos industriais e produtivos. Principalmente na cadeia automobilística.
	
LOGÌSTICA DE AUTOPEÇAS NO BRASIL
	Alguns fatores precisam ser levados em consideração para termos uma noção da complexidade da cadeia logística de autopeças em solo nacional. Como já vimos anteriormente alguns principais são:
· O Brasil possui um território com dimensões continentais.
· As indústrias automobilísticas estão concentradas nas capitais dos respectivos estados, próximos de grandes centros urbanos. As indústrias de autopeças, visando atender a demanda dos fabricantes de automóveis focaram suas praças produtivas o mais próximo possível das indústrias automobilísticas.
· A nossa principal malha logística é a rodoviária, que possui péssima qualidade e quando são pedagiadas e oferecem uma qualidade melhor tem um custo muito alto e acabam gerando um custo extra ao processo logístico. As peças e veículos importados entram no país na sua grande maioria atravésdo transporte marítimo, que fica restrito á poucos portos, que além da burocracia, não possuem estrutura física que suportem os volumes de importação e exportação criando gargalos que, além de gerar custos, acabam atrasando processos produtivos.
· O Brasil conta com uma complexa carga tributária, que varia de estado para estado e impede ou facilita em alguns casos a instalação de pólos industriais, ou até mesmos geram custos aos processos de distribuição.
Vamos á partir de agora ver os pontos acima, e os impactos de cada um na cadeia logística de autopeças.
As dimensões continentais do Brasil e os impactos na logística:
Realizar um processo logístico no Brasil pode não ser uma tarefa fácil, principalmente se tiver que atender uma localidade distante dos grandes centros.
Se tiver que tirar uma mercadoria do porto de Santos em SP e entregá-la em uma localidade no extremo norte do Brasil, como Rondônia, por exemplo, pode acreditar que enfrentará vários problemas e dificuldades, muitas delas causadas pelas péssimas condições das estradas, pelos impactos dos tributos ou até mesmo pela falta de opções de transporte, além do alto custo no valor do frete, gerado por todos os fatores mencionados acima.
Conseguir realizar um transporte de qualidade e de baixo custo para atender regiões remotas do Brasil é um desafio muitas vezes intransponível. Ou teremos um serviço de má qualidade ou teremos um serviço de alto custo. 
Hoje o serviço de autopeças esta espalhado por todos os confins do Brasil, há regiões consumidoras em todo o território. Nos locais mais distantes os veículos estão presentes e já são equipamentos indispensáveis para o dia a dia. O desafio de atender esse mercado consumidor fez com que fossem criadas várias redes de serviços e distribuição de autopeças, oficinas, autopeças, distribuidoras de autopeças, CDs de distribuição das Fábricas e as próprias fábricas de autopeças.
A indústria nacional de autopeças:
Importante aqui frisarmos que, conforme já citado acima, as indústrias de autopeças na sua grande maioria estão com suas praças produtivas próximas ás indústrias de automóvel, e que por sua vez foram focadas nos grandes centros urbanos, ou nas capitais de seus respectivos estados. Assim, atender o mercado de reposição e manutenção de autos passou a ser um processo bem complexo, e em alguns casos devido ao custo Brasil, um processo desafiador. Conforme vimos na página 16, Foi criando uma intensa e pujante cadeia logística, iniciando com o fornecimento de matéria prima > Produção em larga escala > disponibilização aos CDs > Entregas ás Distribuidoras > Atendimentos ás Autopeças e Oficinas > Atendimento ao consumidor final. E temos agregado a esse processo o Pós venda e a logística reversa.
A malha logística nacional:
	Durante muitos anos o foco dos governos federais e estaduais foi abrir estradas, dando foco ao transporte rodoviário. Os demais modais rodoviários como ferroviários, hidroviários, duto viários e aeroviários foram esquecidos ou deixados de lado. Hoje sofremos o reflexo desse mau planejamento. Hoje a malha rodoviária é responsável pela movimentação de mais de 60% de toda a produção nacional.
	Conforme dados da CNT (Confederação Nacional de Transportes), divulgados em um levantamento de 2018, “https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/somente-12-da-malha-rodoviaria-brasileira-pavimentada”. Apenas 12,5% dos quase 2 milhões de quilômetros de estradas e rodovias do Brasil são pavimentadas. E, dos 12,5% de estradas pavimentadas pouco menos de 1/3 possuem estrutura que suportem o fluxo logístico. As más condições das estradas impactam diretamente na qualidade e custo dos serviços. Para se ter uma idéia, conforme pesquisa realizada pela CNT em 2018, apenas no estado de São Paulo as estradas foram consideradas de boa qualidade, conforme avaliação dos próprios usuários, todo o restante das estradas foram avaliadas como médias, ruins ou péssimas, salvo algumas exceções de estradas regionais das capitais.
	Até 2018, a frota nacional de veículos havia crescido mais de 68% chegando a quase 100 milhões de veículos. Enquanto que a administração pública não conseguiu oferecer serviços de novas estruturas, ou de manutenção das estruturas já existentes, hoje grande parte das nossas vias está sucateada, em alguns locais até mesmo impossibilitando o escoamento das cargas.
	Vê se atualmente, mesmo apesar da pandemia, um esforço do governo federal com o intuito de melhorar algumas vias federais, com reformas e implantação e a liberação de verbas para estados e municípios para a ampliação de novas malhas rodoviárias e com o leilão de algumas linhas ferroviárias, principalmente focadas no escoamento das safras de grãos e produção agrícola.
Apesar de o Brasil ser banhado em toda a sua costa por partes navegáveis do oceano e de contar com muitos rios navegáveis, pouco se fala em projetos de infra-estrutura portuária, talvez aplicando a logística de cabotagem, (“transporte de cargas realizadas entre os portos ou cidades do território brasileiro, utilizando a via marítima ou vias navegáveis interiores").
A vias férreas são muito limitadas, utilizadas na sua grande maioria para o transporte de minérios de ferro das áreas de extração para os portos e de pessoas através de metrô e trens de passageiros nos grandes centros, não há em atividade nenhuma linha interestadual de transporte ferroviário de passageiros. O transporte de grãos vem ganhando força mas está muito aquém da real necessidade.
O modal duto viário, que consiste no transporte através de tubulações, é de longe o menos utilizado, por mais econômico e seguro que seja, alguns fatores como lentidão no transporte e baixa flexibilidade de destinos e produtos acabam que limitando a implantação e utilização desse modal. Hoje ele fica restrito á poucas malhas que transportam principalmente gazes, óleos e minérios.
O modal aéreo é pouco utilizado em solo nacional, tanto pela limitação operacional, quanto pelo custo. Aqui falamos do modal mais caro, utilizado somente em casos de extrema urgência ou em caso de limitações operacionais.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a divisão dos transportes no Brasil segue da seguinte forma: 60% do transporte é realizado por rodovias, 20% por ferrovias, 13% por hidrovias e 4% por duto vias.
Verifica-se então uma conjuntura de fatores que deixa fácil entender o peso do transporte rodoviário em nossa economia, e o quanto precisamos desenvolver e melhorar outros modais de transporte com a finalidade de desafogarmos a malha rodoviária e garantirmos melhores serviços e melhores preços aos consumidores finais.
A legislação e a carga tributária da logística nacional:
	A legislação tributária de transportes logísticos é bastante específica e além dela, a empresa precisa estar atenta aos detalhes da tributação de transportes logísticos, isso vai garantir que ele cumpra as leis e diretrizes dos seguimentos.
	A lei 11.442 regulamenta as atividades de transporte rodoviário de cargas; O descumprimento das regulamentações pode levar a empresa a sofrer sanções, multas e perda de autorizações para prestação de serviços de transportes. Uma delas as NR11 – Norma regulamentadora 11 trata dos procedimentos de segurança em atividades que envolvam o transporte, manuseio, e movimentação de produtos dentro do território nacional. Através dela são definidos padrões de trabalho e equipamentos utilizados tanto para o transporte quanto para o armazenamento de mercadorias.
	Outra diretriz da lei 11.442 indica que o contrato firmado entre empresas e clientes deve ter todos os dados sobre as partes e serviços contratados. Define ainda que, a responsabilidade pelos danos ou prejuízos relacionados á movimentação da carga desde o ponto de coleta até o ponto de entrega é de total responsabilidade de quem a transporta. Prevê-se então a contratação de seguradoras pelas empresas interessadas em se resguardar de possíveis prejuízos causados por danos, roubos acidentes e outras formas de incidentes ou acidentes.
	Incide também a lei 12.619(Lei do descanso) que regulamenta o transporte rodoviário, com a finalidade de manter a segurança das estradas. A lei rege o exercício da função de motorista profissional de veículos automotores e dispõem sobre a remuneração e carga horária de trabalho. Essas normas geraram impactos imediatos e importantes nos custos das operações logísticas, e principalmente no nível de serviços oferecidos pelas empresas do segmento. Ao implantar essa lei foi necessária uma readequação total no planejamento das operações logísticas.
	Tratando-se de impostos, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), incide sobre itens de natureza importadas ou nacionais que passem por um ambiente de industrialização, transformação ou beneficiamento e os valores cobrados variam de acordo com a natureza de cada item. O IPI é calculado sobre o valor total, incluindo seguros, fretes e outros, e em se tratando de produtos com alíquota zero de IPI os mesmos devem ser mencionados na NF da carga.
	Das tributações ocorridas no sistema logístico, as principais e mais incidentes são o ISS (imposto sobre Serviços) e o ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços).
	Quando a prestação de serviço se dá dentro do município ocorre o ISS, com a alíquota que varia de 2% a 5%, de acordo com a legislação municipal.
	Já quando a prestação de serviços é de transporte rodoviário de cargas ocorre em âmbito interestadual incide a cobrança do ICMS, com alíquota de 12% a 18%, de acordo com a legislação de cada estado.
	Há ainda a incidências de mais dois tributos, o PIS Programa de integração social e o COFINS Contribuição para o financiamento da seguridade social. São tributos cobrados de forma não cumulativa e tem alíquotas de 1,65% PIS e 7,6% COFINS, respectivamente.
ROTA 2030 – Mobilidade e Logística: Site; mdic.gov.br
	O Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística faz parte de um programa estratégico do governo federal para desenvolvimento do setor automotivo no país. O programa visa inserir o Brasil no mercado de autopeças e automobilístico mundial, dentro dos parâmetros ambientais e de cidadania. De forma complementar as políticas de pesquisa e desenvolvimento visam dotar as empresas nacionais de instrumentos que possam alcançar as metas a serem estabelecidas e lhes conferir condições de competitividade com o mercado internacional.
	Assim o programa visa tratar dificuldades da indústria automotiva nacional, tais como:
· A baixa competitividade junto ao mercado global
· A defasagem tecnológica, eficiência energética e desempenho estrutural
· A baixa aplicação de tecnologias de pesquisa e desenvolvimento
· Os baixos investimentos em novos projetos de empresas instaladas no país
· O desenvolvimento de novas tecnologias com uso de bicombustíveis que impactem na cadeia produtiva.
O programa Rota 2030 é bastante complexo e sendo bem aplicado vai impactar positivamente a cadeia produtiva de autopeças e o mercado da indústria automotiva. Esses impactos serão sentidos a médio e longo prazo, e agora com a crise causada com a Pandemia do Covid-19, é provável que possa se alcançar resultados além dos esperados.
O Cenário Atual:	
	Estamos em meados de agosto de 2020. Cercados pelas incertezas do mercado que foi fortemente impactado pela pandemia do COVID-19, estamos vendo um impacto de nível mundial nunca vivenciado por essa geração. Grandes potências mundiais estão assistindo a ruína da economia e precisando aplicar medidas drásticas para conter a disseminação do vírus.
	Aqui no Brasil não tem sido diferente, apesar de cada estado ou município ficar livre para atuar de forma imparcial no controle da pandemia, o que temos visto é uma total desordem total, e por fim o impacto na economia já começa a mostrar seus malefícios.
	O mercado de reposição de autopeças sofreu um primeiro impacto em meados de março e abril, mas vem se recuperando gradativamente e atualmente já começa a despontar um crescimento nas vendas.
	Alguns pontos são favoráveis a esse mercado nacional. O fato de o Brasil contar com uma grande frota de veículos usados, aqui não temos programas de descarte de veículos antigos ou usados, outro fator é que a crise reduziu em muito a aquisição de novos veículos, de forma que aumentou a manutenção dos veículos usados, e essa situação pode perdurar entre um e dois anos, ou até que a economia volte a padrões de normalidade.
	Como fatos negativos têm se o desabastecimento dos estoques de peças importadas. A redução das jornadas de trabalho, ou até mesmo do quadro de colaboradores impacta diretamente no nível de produção e atendimento á demanda, principalmente os itens importados que já contem com outros fatores que tornam morosos os processos de nacionalização.
	De acordo com site Automotive Business; O Mercado mundial de autopeças deve registrar uma queda de 15% em 2020. Causados pela pandemia, e que podem perdurar por até 5 anos, conforme estudos da BAIN & COMPANHY, segundo a projeção, de janeiro a abril o mercado nacional de autopeças teve um recuo de 30%, puxado principalmente pela baixa demanda das montadoras.
Vale lembrar que a análise acima refere se ao mercado de autopeças como um todo, sendo que em algumas áreas pode haver variação do impacto.
· Indústria automotiva sofre diretamente os impactos causados pelo encolhimento da economia e pela redução do consumo.
· Indústria de partes e peças sofre indiretamente os impactos causados pela redução do consumo de peças por parte das indústrias automobilísticas, mas tem um crescimento na demanda pelo consumo das distribuidoras de peças automotivas.
· Distribuidoras de peças automotivas sofrem os impactos da falta de peças ou do aumento no custo operacional, principalmente puxados pelos itens importados, mas vêm suas vendas aumentarem devido á necessidade de manutenção da frota automotiva em operação no Brasil. A redução no consumo de veículos novos leva conseqüentemente ao aumento na manutenção de veículos usados,
· Lojas de autopeças e setores de manutenção sofrem impactos nos preços dos produtos, puxados principalmente pelos itens importados, e principalmente pela queda da qualidade na prestação de serviços, no caso o transporte, que tem sua estrutura operacional reduzida. Em contrapartida contam com o crescimento na demanda de peças e serviços para manutenção da frota de veículos usados.
Algumas empresas do ramo de distribuição de autopeças, valendo-se do momento atual e apostando no crescimento das vendas, já buscam novas alternativas para melhorarem os níveis de serviços, tais como, investimentos em tecnologias de ponta, sistemas operacionais, ERPs e equipamentos, manutenção de estruturas e formação de parcerias com fabricantes, fornecedores, transportadores e prestadores de serviço. O foco principal, além de conseguirem o aumento dos lucros é manterem o nível de serviço e aumentarem a praça de atendimento.
Conclusão
A logística em âmbito nacional e bastante complexa e exige um acompanhamento contínuo, principalmente no que diz respeito á normas técnicas, jurídicas, tributárias e tecnologias.
A dimensão do nosso país já é um desafio, não bastasse ainda temos todos os gargalos que fazem parte da rotina logística de produção, armazenagem e distribuição. A cada dia é um novo desafio, a cada fronteira que rompemos deparamos com novos desafios, questões e particularidades de cada local. Na atualidade os desafios se tornaram ainda maiores, o velho fazer mais com menos é a bola da vez, e garantir a qualidade na prestação de serviços é lei.
Ambientes altamente hostis e desafiadores foram criados com o advento da Covid-19. No entanto em algumas áreas esse ambiente pode ser muito promissor e se tornar o motor de arranque para o crescimento e desenvolvimento da empresa, que, através de investimentos em estruturas, tecnologias e pessoas pode se alcançar resultados promissores e por fim atender mercados ainda não explorados. O fortalecimento de parcerias com fornecedores e prestadores de serviços é um grande diferencial nesse momento de crise.
A minha análise é feita como profissionalatuante na área de distribuição de autopeças e levo em consideração os números apresentados pela empresa na qual atuo, além de uma análise de materiais variados da internet e de revistas especializadas no negócio. 
Nos momentos de crise, o papel do profissional de logística é extremamente importante, melhorar processos, controlar e garantir disponibilidade de estoques, melhorar os níveis de serviço, formar parcerias com fornecedores e prestadores para reduzir custos, motivar equipes operacionais, buscar novas tecnologias e etc... são apenas uma parte do que o profissional de logística pode e deve fazer pela organização. 
Alinhado com a visão global, vejo que a área de autopeças deve e vai sofrer uma retração que poderá durar de 2 a 5 anos, dependendo da reação do mercado global de consumo de automóveis e partes e peças.
Friso porém que minha visão otimista da situação pode e vai contrastar com profissionais de outras áreas ou até mesmo empresas do mesmo ramo, mas que por um motivo ou outro não consigam alcançar resultados positivos.
REFERÊNCIAS
As referências constituem-se de elementos descritivos que permitem a identificação e a localização do documento original[footnoteRef:1]. O estilo utilizado é: “Formatação das Referências”. [1: Para as regras gerais de apresentação das referências, ver página 77 das Normas para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos da UTFPR, disponível em: http://www.utfpr.edu.br/documentos/normas_trabalhos_utfpr.pdf] 
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BARROS, A. J. S; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Makron, 2000. (modelo de referência de livro com subtítulo e edição)
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Sistema de Bibliotecas. Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos. Curitiba: UTFPR, 2009. Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/documentos/normas_trabalhos_utfpr.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2011. (modelo de referência de material disponível na versão eletrônica).

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