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Gestão de Contratos e Convênios em Saúde - 1- 3 aulas

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A]Gestão de Contratos e Convênios em Saúde
Aula 1: Gestão de Contratos e Aspectos Gerenciais
Módulo 1:
Gestão de contrato
Ao estruturar um contrato, é de extrema importância englobar todas as atividades relacionadas ao seu acompanhamento, desde a organização de documentos comprobatórios até a padronização de termos, visualização geral dos contratos da empresa e ações para minimizar riscos.
Um dos objetivos de um contrato é trazer segurança jurídica para ambas as partes, sendo assim, é importante que seja bem redigido e que as regras, direitos e deveres sejam pontuados claramente.
Para que seja possível a aprovação no departamento jurídico, os contratos precisam ter suas etapas previamente definidas. O pedido é o ponto de partida da estruturação do contrato. Quando um departamento jurídico recebe um requerimento de outro setor, é preciso que o pedido contenha detalhes do instrumento que está sendo solicitado e, se necessário, que novas informações sejam fornecidas para esclarecer melhor o pedido.
Etapas do contrato
Elaboração e revisão do contrato
Após avaliar o pedido e ter conhecimento do tipo de contrato solicitado, este deve ser elaborado com suas respectivas cláusulas, termos e condições. Recomenda-se que o instrumento tenha linguagem clara e objetiva para fácil entendimento, permitindo que as partes envolvidas possam compreendê-lo rapidamente.
Uma vez redigido, o documento deve ser encaminhado ao responsável pela revisão, que verificará a gramática, as boas práticas contratuais e a adequação à lei.
Negociação e aprovação
Nesta etapa, cada parte envolvida deverá receber uma cópia do contrato, para que possam avaliar e dar sua opinião sobre os termos constantes no documento.
Essa fase costuma ser a mais demorada, pois é importante que as partes avaliem atentamente as cláusulas, as revisem com extrema atenção e cuidado e indiquem possíveis alterações.
Uma forma de tornar essa etapa mais rápida é utilizar aplicativos ou softwares que permitam o acesso simultâneo de ambas as partes envolvidas.
Assinatura, armazenamento, execução e fiscalização
As assinaturas eletrônicas ou digitais podem ser usadas, pois possuem validade jurídica e garantem a segurança do documento e da identidade das partes. Caso ambas as partes aceitem formalizar o contrato, ele pode ser assinado eletronicamente.
Orienta-se que o contrato seja armazenado e arquivado de forma organizada em um sistema escolhido pela empresa, para que possa ser encontrado e consultado facilmente, se necessário.
A fiscalização é importante, pois caso alguma das partes não cumpra o que foi acordado, as cláusulas de rescisão ou penalidades podem ser acionadas.
Gerenciamento e encerramento
No que diz respeito ao gerenciamento, além de possibilitar o cumprimento dos prazos, é possível gerenciar uma eventual renovação do contrato e suas obrigações. Também é possível revisar pontos como penalidades, cronogramas e formas de pagamento, como alternativas para manter o acordo contratual.
Caso ocorra alguma alteração, esta poderá ser feita por meio de um aditivo contratual e ser incluída na pasta de contratos em questão, com ambas as partes cientes e de acordo.
O contrato se encerra quando todas as obrigações e acordos dele foram cumpridos e as partes envolvidas não veem necessidade de renovação ou alteração. A maioria dos contratos tem duração determinada, seguida de um cronograma a ser cumprido.
Nas situações em que o contrato tem duração indeterminada, é importante que seja realizada a rescisão ou o cancelamento dele, sendo assim efetivamente concluído, deixando de gerar obrigações para ambas as partes envolvidas.
Extinção contratual
Extinção do contrato é quando se alcança o termo final, em que as partes cumprem o vínculo obrigatório, concluindo os objetivos, prazos, cronogramas e tudo aquilo que estava pactuado.
1. Extinção normal ou adimplemento: Ocorre quando as obrigações foram cumpridas conforme descrições e pactuações do contrato previamente assinado. As partes se comprometeram e cumpriram o que foi determinado, mantendo os prazos, cronogramas, pagamentos, sendo observado pela entrega da prestação.
2. Extinção nulidade / anulabilidade: Quando ocorre alguma situação na qual o contrato foi corrompido, ele é chamado de anulável, apresentando erros, coação, simulação ou lesão do contrato, que afetam somente as partes envolvidas. O contrato nulo, por outro lado, é mais grave, pois nele é cumprida uma condição prevista em lei ou que foi praticado por incapacidade de cumprir o que foi prometido.
3. Resilição: É a forma na qual é possível extinguir um contrato por um acordo de vontades. Existem duas formas de extinguir um contrato, a forma bilateral ou distrato e a forma unilateral, ou denúncia. Vamos compreendê-las melhor. Forma bilateral ou distrato – significa que o contrato terminou pela mesma vontade que o criou, ou seja, ambos os envolvidos demonstram vontades iguais para o desejo de encerrar o contrato. Forma unilateral ou denúncia – ocorre quando o ordenado proíbe que o término do contrato dependa somente da vontade de uma das partes. Dessa forma, é possível a exigência de cuidados, pois o sistema legal brasileiro protege a parte que foi denunciada pela extinção unilateral, podendo até mesmo o poder judiciário conceder medidas liminares para manter o acordo que fora feito ou ainda determinar indenização pela quebra do contrato.
4. Rescisão: Na rescisão, pode-se combinar um pagamento como forma de indenização à parte que foi prejudicada, englobando os prejuízos e o valor que deixou de ganhar devido ao término do contrato. Nesse caso, a parte prejudicada pode solicitar ao juiz uma medida judicial que obrigue a outra parte a cumprir o contrato e o magistrado pode fixar multas diárias. A rescisão pode ser expressa, prevista no documento contratual e independente de aprovação judicial para gerar efeitos. Também pode ser redigida de forma automática diante do não cumprimento das obrigações ou tácita, mas para ter efeito, depende de interpelação judicial. Assim, com base na cláusula de rescisão tácita, até mesmo os contratos verbais podem ser anulados.
Meios contratuais para evitar a rescisão
Cláusula penal
A cláusula é uma tentativa para que as partes respeitem e cumpram o acordo assinado, sob pena de pagar uma quantia que foi previamente pactuada com o conhecimento de ambos os lados. O único limite legal para o uso dessa multa é que o valor não pode ser superior ao valor do contrato.
Aras
É caracterizado como um princípio de pagamento feito por uma das partes. Se um lado desiste do negócio e já recebeu o valor, terá que devolver em dobro à outra parte que foi prejudicada.
Garantias pessoais
No Brasil, o patrimônio das partes se torna a garantia geral para o cumprimento das obrigações, pactuando garantias junto ao banco ou às pessoas (fiança), onde essa terceira pessoa se torna sócia da empresa e também responsável em quitar futuras dívidas. Nesse caso, as garantias reais, como imóveis, hipotecas e penhores, garantirão o cumprimento da obrigação.
Nos grandes negócios, tem aumentado a possibilidade de ser feito um seguro de adimplemento, que nada mais é do que a contratação de uma seguradora que possui esse produto. Assim, essa seguradora contratada garante a execução do contrato da forma que ficou acordado entre as partes.
Módulo 2
Modelos de gestão de contratos e convênios:
Diretrizes para a construção do modelo de gestão
O modelo de gestão deve permitir e cultivar a convivência entre o cliente e o fornecedor, com base na garantia de produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, durabilidade, desempenho e segurança. Isso deve ser alcançado por meio da conjugação dos interesses dos participantes e conciliação da proteção do consumidor com a necessidade do desenvolvimento econômico e tecnológico.
Além disso, é importante que, no modelo de contrato, a relação contratual seja descrita preferencialmente como prestação de serviço. Isso porque a administração atua como consumidor nas relações contratuais, firmando com terceiros essa execução indireta.Deve-se evitar a caracterização do fornecimento de mão de obra, para evitar a gestão dos serviços pela contratante, e não pela empresa contratada, a subordinação dos empregados da contratada à empresa que contratou, questões de capacidade de pessoas, ressarcimento de salários, despesas com viagens, transporte ou hospedagens, bem como benefícios como os de alimentação.
Pontos fundamentais em um modelo de gestão de contrato
O modelo de gestão de contrato deve seguir alguns parâmetros importantes, como veremos a seguir.
Clareza
No modelo de gestão, deve estar bem esclarecido o tipo de vínculo do contrato ao edital (ou convite) de licitação ou o termo que o dispensou e à proposta que venceu.
Além disso, deve ser estabelecida a legislação que será aplicada para a execução do contrato e principalmente aos casos omissos e assegurado o compromisso da empresa contratada de manter, durante todo o processo, o cumprimento do contrato com as suas obrigações assumidas, todas as condições habilitadas e as qualificações exigidas na licitação.
Elementos
O modelo deverá conter os procedimentos para reservas ou mudanças de profissionais, observando:
· Procedimentos de pedidos de preenchimento de posto de trabalho.
· Procedimento de verificação das análises procedidas pela empresa contratada quanto à qualificação técnica dos profissionais, antecedentes criminais, perfil psicológico, histórico de trabalho, comprovação de experiência e conhecimento de políticas e normas da contratante.
· Procedimento de pedido de substituição de profissionais em razão de uma má conduta.
· Procedimentos de solicitação para extinção de posto de trabalho.
quanto à definição dos parâmetros de gestão, como períodos de atendimento de demanda, critérios de aceitação de serviços e valores dos níveis de serviço determinado; quanto aos procedimentos para pedido de serviços e avaliação dos que foram prestados; quanto aos métodos de avaliação da qualidade dos serviços prestados e dos produtos entregues; quanto aos procedimentos de avaliação, faturamento e verificação (prazos e requisitos); quanto aos procedimentos de verificação de todas as condições de habilitação e qualidades exigidas na licitação, como a manutenção dos atributos técnicos que permitam a seleção da proposta; quantos aos procedimentos de comunicação entre os contratantes; quanto aos procedimentos de tratamento das anormalidades como falhas do serviço, problemas no cadastro etc; quanto aos procedimentos para a avaliação dos resultados do contrato e dos benefícios alcançados e quanto aos procedimentos de divulgação das informações relativas ao vínculo contratual.
Gestor
O gestor deverá acompanhar e fiscalizar toda a execução de um contrato, principalmente quando for designado para representar a administração, permitida a contratação de terceiros e solicitar informações pertinentes a essa atribuição.
Obrigações e responsabilidades do gestor
É crucial que, no modelo de gestão, as obrigações e responsabilidades do gestor estejam claramente definidas, seguindo o que sugere o Manual do Gestor de Contratos do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Garantias do modelo de contratos
Proteção patrimonial e moral
O contrato deve incluir cláusulas de proteção patrimonial e moral do contratante, tais como: ocupação da estrutura da empresa contratada, para garantir a continuidade de serviços essenciais em caso de ameaças, e bloqueio total à propaganda ou divulgação pública de quaisquer apresentações relacionadas aos contratos sem a autorização prévia do contratante.
Penalidades e rescisão
O modelo de gestão deve conter cláusulas de punição administrativa e condições para rescisão contratual, além de procedimentos para apurar desvios de normalidade, responsabilidades e tentativas de recuperação e retorno à normalidade. É necessário incluir os cálculos das sanções aplicadas e encaminhamentos à autoridade administrativa competente para aplicá-las.
Propriedade intelectual e transparência tecnológica
O contrato de gestão deve incluir cláusulas e procedimentos que garantam o direito sobre o software ou qualquer ferramenta intelectual desenvolvida em razão da contratação, bem como a transparência da tecnologia utilizada na prestação dos serviços.
Terceirização
Por volta de 1990, a terceirização chegou ao Brasil, iniciando um processo de reestruturação produtiva que caracterizou uma inovação tecnológica e organizacional. Esse novo processo teve como objetivo dar flexibilidade às empresas, possibilitando uma melhor adaptação à nova fase de mercado, que está em rápida evolução.
De acordo com a percepção de gestores de nível estratégico, a contratação de terceirizados por empresas brasileiras de grande porte não dá sinais de queda e, sim, sugere um aumento expressivo com o passar dos anos. Segundo os autores Kolko (1988), Olsen e Kalleberg (2004), a focalização no negócio da empresa, passando a subcontratar os serviços que não são atividades-fim, generalizou-se há pelo menos duas décadas.
Com isso, as organizações passaram a adotar, de forma predominante, três tipos de vínculos com seus colaboradores:
1. 
O vínculo tradicional (carteira assinada), com as garantias trabalhistas expressas, no caso do Brasil, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
2. 
Os contratos temporários, que suprem necessidades inesperadas e demandas ocasionais
3. 
 terceirização de atividades ou tarefas
Com o mercado cada vez mais competitivo, a terceirização ganha mais espaço e se apresenta como uma potente ferramenta, pois tem a pretensão de repassar a terceiros, especialistas em determinadas atividades, partes das tarefas, diminuindo os custos e maximizando a eficiência. Já as empresas menores, que são as contratadas, oferecem todo o tipo de produto às empresas que contratam, como recursos humanos, insumos, segurança, rotinas administrativas, entre outros.
De acordo com Druck (1999) e Alves (2000), a terceirização tem sido fundamental para garantir bons níveis de produtividade e lucratividade, pois:
· Consegue otimizar as escalas produtivas.
· Reduz significativamente os custos administrativos e com a força de trabalho.
· Abre maiores possibilidades de determinação de custos e preços (em virtude da diminuição do número de processos e atividades).
· Permite maior concentração em atividades consideradas como estratégicas.
· Abre um novo leque de possibilidades de controle da gestão da produção, principalmente sobre a força de trabalho, reduzindo os potenciais de luta do trabalho assalariado em razão da menor concentração de trabalhadores.
Quando as empresas optam por trabalhadores terceirizados, elas ganham maior flexibilidade gerencial. Os gestores têm a possibilidade de examinar o desempenho dos terceirizados e identificar os que atingem suas atividades para, no futuro, contratá-los diretamente. Além disso, é importante ressaltar que, em vez de demitir funcionários próprios – o que é um ato de alto custo – as empresas podem monitorar o desempenho dos terceirizados de maneira constante, identificando aqueles que não atendem aos requisitos necessários.
Entretanto, há alguns problemas associados à terceirização, como a dificuldade de encontrar empresas qualificadas para assumir as atividades terceirizadas no mercado. É comum que essas empresas não respeitem os prazos estabelecidos, cometam erros na interpretação das encomendas sobre os produtos ou apresentem serviços que não atendam às especificações solicitadas.
Gestão de convênios
Definição de convênio
Quando duas ou mais partes compartilham um objetivo em comum, podem se unir através de um convênio. Segundo o Decreto nº 8.180, de 2013, convênio é um acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos orçamentos fiscal e da Seguridade Social da União.
Esse tipo de acordo envolve, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta ou, ainda, entidades privadas sem finslucrativos.
O objetivo é a execução de um programa de governo, que pode incluir a realização de projetos, atividades, serviços, aquisição de bens ou eventos de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.
Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv) e Portal dos Convênios
O governo federal criou essa iniciativa em setembro de 2008, conhecida como Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv), responsável por gerir todo o ciclo de vida dos convênios, contratos de repasse e termos de parceria. Nesse sistema, são registrados os atos desde a formalização da proposta até a prestação de contas no final do processo.
Antes do Siconv, as transferências de recursos eram administradas por meio de processos físicos, o que acarretava problemas de ineficiência, ausência de controle, falta de transparência e padronização na gestão desses recursos.
Com a implantação desse sistema, a forma de trabalhar foi modificada, passando a ser feita na web, e essa informatização dos processos aumentou suas atividades. Isso trouxe para os gestores uma nova e melhor visão do fluxo operacional, mas também a necessidade permanente de monitoramento, aprendizagem e atualização na operação do sistema e análise dos resultados.
Módulo 3
Ferramentas de gestão de contratos e convênios.
Definição de ferramentas de gestão de contratos e convênios
São instrumentos ou modelos que auxiliam empresas ou gestores, no início de processos de trabalho, permitindo entender, organizar e controlar o sistema, pessoas e projetos de qualidade. Além disso, tem o objetivo proporcionar uma visão estratégica para a empresa, minimizando falhas, e sempre com foco na prosperidade do negócio.
Tipos de ferramentas de gestão de contrato e convênios
Plano de negócios
O plano de negócios é uma ferramenta que auxilia o empreendedor ou gestor de forma segura, pois, através do planejamento, é possível identificar falhas que, se executadas no mercado, podem causar custos indesejáveis. A criação de um bom plano define se o negócio será bem-sucedido ou não. Esse plano se torna um guia que irá conter informações sobre a viabilidade do negócio, hipóteses de lucro, rentabilidade, tempo de retorno do investimento, pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças e, principalmente, todas as características do negócio.
PDCA - Plan, Do, Check e Act
O chamado ciclo PDCA é uma ferramenta de melhoria constante, composto pelas etapas:
Plan (planejar)
Etapa para observar os problemas da organização, destacar todas as informações disponíveis do problema e estabelecer um plano de ação.
Do (executar)
Etapa voltada à execução de todo o plano de ação, na qual realizamos a meta estabelecida e colocamos em prática. Para o sucesso da execução, a etapa anterior deve ter sido bem planejada.
Check (checar)
Etapa destinada ao monitoramento do plano de ação, além de analisar se os resultados estão saindo de acordo com o planejado, idealizando que esses resultados sejam positivos.
Act (Ação)
Etapa vinculada aos resultados positivos na etapa de checagem. Nesta etapa se define a padronização dos processos de uma instituição, tendo como objetivo sempre implementar essa melhoria em situações parecidas.
CRM – Customer Relationship Management (Gestão de Relacionamento com o Cliente)
É uma ferramenta que trabalha o relacionamento com o cliente, utilizada para entender o comportamento do cliente por meio de comunicações significativas, influenciando-o a se vincular e fidelizar. O objetivo desse instrumento é estabelecer um relacionamento de longo prazo entre o fornecedor e os clientes, com base na segurança, compromisso, parceria, investimentos, colaboração e benefícios bilaterais.
Essa ferramenta oferece algumas vantagens, como:
O fornecedor se concentrar no trabalho com produtos ou serviços que serão mais convenientes para os clientes, oferecendo mais vantagens e cuidados demonstrados.
O microempreendedor terá menos custos, pois estabelecerá uma conexão e fidelidade com seus primeiros clientes, que são os mais importantes para quem está iniciando.
Atualmente, uma ferramenta que exemplifica muito bem o CRM são as redes sociais, que atuam para identificar os desejos e interesses do público-alvo, criam e divulgam publicações que visam alcançar pessoas específicas, apresentando novas possibilidades e um diferencial competitivo.
Fluxo de caixa
É uma ferramenta dinâmica que auxilia o gestor financeiro nas tomadas de decisões por meio de um conjunto de informações. Esse conjunto representa o controle, a previsão e o registro de entradas e saídas financeiras durante um período determinado. Analisando essas informações por um período, é possível verificar se a empresa/instituição tem capacidade de ampliar seus recursos ou se há necessidade de solicitar um empréstimo, por exemplo.
Matriz SWOT (strengths, weaknesses, opportunities, threats)
A matriz SWOT é uma ferramenta que contribui para a difusão do planejamento estratégico. Nessa matriz, são pontuadas as características internas da organização da empresa/instituição, como seus pontos fortes (strengths) e fraquezas (weaknesses), além das características externas da organização, como oportunidades (opportunities) e ameaças (threats). Juntos, esses aspectos formam a base da matriz, que ao final, representa o resultado de percepções sobre o ambiente organizacional. Com esse instrumento, o gestor consegue entender suas potencialidades e limitações, bem como ter uma visão mais crítica de todo o cenário em que se encontra.
Diagrama de Ishikawa
Também conhecido como “espinha de peixe” ou diagrama de causa e efeito, visa estabelecer a relação entre o efeito e todas as causas de um processo de trabalho. Cada efeito possui várias categorias de causas, que podem ser compostas por outras causas.
A imagem a seguir exemplifica um modelo do diagrama de Ishikawa.
Diagrama de Pareto
O diagrama de Pareto é uma ótima ferramenta para priorizar problemas e direcionar esforços para onde eles serão mais eficazes. Ele é baseado na chamada regra 80/20, que significa que 80% dos efeitos são causados por 20% das causas, tem o objetivo de compreender quais são os problemas do negócio, de uma forma que o gestor priorize estratégias para melhorar os resultados.
Depois da construção do gráfico, o que é recomendado a se considerar é dar prioridade para resolver as causas que cercam 80% do problema.
Como é possível observar no gráfico a seguir, a coluna nomeada como nota fiscal atrasada é a questão que precisa ser imediatamente resolvida, pois ultrapassou os 80%, sequencialmente os outros pontos avaliados também devem ser solucionados.
Plano de ação 5W2H
5W2H é uma ferramenta de gestão que consiste em responder sete perguntas básicas:
What (o quê?)
Why (por quê?)
Where (onde?)
When (quando?)
Who (quem?)
How (como?)
How much (quanto custa?)
É utilizado para mapear e padronizar os processos e usado na elaboração de planos de ação para o estabelecimento dos procedimentos associados e acompanhamento de indicadores.
Seu propósito é buscar o fácil entendimento por meio de definição de responsabilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos associados.
A seguir, observamos um exemplo com a matriz do plano de ação 5W2H.
Fluxograma
É a forma mais simples de um mapa de processo e que, por meio de símbolos, descreve as diversas etapas de uma atividade, ordenando-as em sequência lógica e de forma planejada.
O fluxograma a seguir mostra a ação para o acolhimento de mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez em uma unidade de saúde pública.
Ferramentas de gestão em saúde
As ferramentas de gestão de dados podem ajudar a fornecer dados completos e personalizados para determinadas demandas na gestão em saúde.
Business Intelligence (BI)
Funciona como uma ferramenta facilitadora da organização do processo de gerenciar, pois uma de suas ações é combinar dados armazenados em inúmeros bancos e fornecer informações mais completas e personalizadas.
Salimon e Macedo (2017), definem o Business Intelligence (BI) como:
(...) um conjunto de metodologias, processos e tecnologiasque são empregadas para coletar, integrar, analisar e disponibilizar dados transformando-os em informações significativas e úteis para permitir “insights estratégicos, táticos e operacionais” mais eficazes e tomada de decisão.
(SALIMON; MACEDO, 2017, p. 32)
Mesmo o gestor tendo disponível o uso das ferramentas de BI, ainda existe uma baixa qualidade de dados. Os arquivos em papel ainda são uma realidade em muitos municípios brasileiros, ocupando um enorme espaço físico. Essa forma de armazenamento de dados, retarda e dificulta os processos de trabalho.
Registro eletrônico em saúde (RES)
O registro eletrônico em saúde é uma ferramenta que permite registrar um conjunto de informações de saúde e assistência do usuário de forma eletrônica. O uso do RES acelera o atendimento, promove um diagnóstico mais rápido e um tratamento mais eficiente e econômico.
Embora facilite a produção e armazenamento das informações, o uso do RES também traz desafios para a segurança, que envolve a criação, o uso e o produto final dessas informações.
Dentro do registro eletrônico em saúde, existem o prontuário eletrônico do paciente (PEP) e o prontuário eletrônico do cidadão (PEC), que acumulam todas as funções e componentes que um serviço de saúde pode utilizar.
Registro eletrônico em saúde (RES) X Prontuário eletrônico do paciente (PEP)
Você sabe qual a diferença entre o RES e o PEP? Entenda a seguir:
RES
O sistema RES traz uma experiência mais generalizada em relação aos registros.
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PEP
PEP é um sistema mais específico, e que deve armazenar dados individuais dos pacientes e de seus atendimentos.
Com o RES será possível filtrar, por exemplo, a quantidade de pessoas que foram diagnosticadas com diabetes e, desse percentual, quais tiveram que ser encaminhadas para a rede hospitalar.
Já com o PEP é possível definir o quantitativo de pacientes por gênero, idade, meses de encaminhamento para a rede hospitalar, quando aconteceu o retorno desses pacientes, como está sendo a evolução da doença, se esses usuários estão usando medicamentos e quais são. Abre-se um leque de possibilidades para monitorar melhor cada caso.
Módulo 4
Benefícios e responsabilidades
Benefícios e responsabilidade gerencial
Os benefícios da organização do processo de trabalho na área da saúde incluem garantir um atendimento de qualidade à clientela, oferecendo uma assistência multidisciplinar universal, igualitária e integral que promova satisfação aos profissionais e economia à instituição. De acordo com Barros (2012), esses benefícios podem ser alcançados por meio do uso de instrumentos administrativos como o planejamento, a organização, o controle e a coordenação.
A qualidade da assistência à saúde depende da presença de profissionais tecnicamente capacitados e de ferramentas compatíveis e adequadas para determinadas ofertas de cuidado. A tecnologia é um instrumento que foi desenvolvido para facilitar a realização de atividades e é certamente o maior e melhor benefício que temos.
Com a existência de novas tecnologias e sua implementação no dia a dia, teremos pacientes cada vez mais informados e participativos, o que aplicará pressão no sistema e nos profissionais de saúde. Isso levará os médicos a terem um papel maior na prevenção e exigirá que o sistema de saúde crie condições para disponibilizar os dados de forma segura, ao mesmo tempo que investe em prevenção.
Com tantas ferramentas criadas, e que permitem que tenhamos acesso, a cada dia, a mais informações fidedignas, os benefícios para um gestor aumentam conforme evolui a tecnologia, mas cresce a responsabilidade dos profissionais sobre o que fazer com esses dados e como trabalhá-los a favor da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os desafios e necessidades dos sistemas de saúde são numerosos e diversos.
A busca por melhores resultados na saúde é semelhante ao aprimoramento profissional, em que deve ser promovido um cuidado sistematizado e de qualidade.
As novas tecnologias favorecem o desenvolvimento técnico-científico na sociedade e devem ser assimiladas no processo de ensino-aprendizagem, além de funcionarem como estratégias que permitem o empoderamento no cuidado da própria saúde (AMORIM et al., 2018).
O aumento da responsabilidade da instituição em relação aos seus acionistas, empregados, clientes e comunidade está associado a um melhor desempenho, podendo criar uma vantagem competitiva. Embora haja uma maior oferta de serviços que podem ser contratados, é importante ressaltar a importância de confirmar o padrão de qualidade, para que nem as organizações nem os usuários sejam prejudicados.
Os gestores precisam aceitar a necessidade de realizar determinadas ações e torná-las componentes regulares das operações da empresa. Isso confirma que a responsabilidade tem se caracterizado, na atualidade, por pressões para tornar as instituições de saúde mais humanizadas.
Aspectos jurídicos na saúde
As ações judiciais são utilizadas em diversas partes do mundo para garantir o acesso a bens e serviços de saúde, incentivando o cumprimento do direito à saúde. Esse tema é de extrema relevância para quem deseja entender e avaliar as leis. O processo legislativo começa com um projeto de lei, segue com a sua publicação e, ao final desse trâmite, aplica-se a lei ao caso concreto, por meio do julgamento pelo Poder Judiciário.
Comentário
No passado, a relação na saúde era praticamente entre médico e paciente, e o hospital tinha pouca relevância, sendo um local no qual as pessoas iam praticamente para morrer ou se afastar de pessoas saudáveis, evitando a contaminação dos demais. A partir da Segunda Guerra Mundial houve uma mudança importante na posição dos hospitais e a população.
A maior questão com a relevância dos hospitais é a grande dificuldade em garantir recursos, que não são inesgotáveis. É preciso gerenciá-los, e esse ponto está diretamente relacionado a questões jurídicas, à regulamentação e às consequências dessa regulamentação. Tornou-se mais constante a escassez de recursos, um problema no mundo inteiro, incluindo o Brasil, que passou por um período de inflação penoso, o que contribuiu para corromper todo o sistema jurídico, principalmente em relação à saúde.
Relações jurídicas, leis e regulamentos
Dentro desse sistema de saúde, existem algumas relações jurídicas distintas: paciente x médico; paciente x hospital; médico x hospital; operadora x paciente; operadora x médico; operadora x hospital. Também é importante destacar as indústrias farmacêuticas, os fornecedores de materiais médicos, dentre outros. Cabe ressaltar que não entraremos em todos os detalhes dessas relações, mas é fundamental apontar a dificuldade em identificar onde está o problema. Às vezes, o problema parece estar relacionado à operadora do plano de saúde, mas na verdade está diretamente ligado à relação entre o paciente e o médico. Portanto, considerando a complexidade dessas relações jurídicas na prestação de serviços de saúde, identificar onde está o problema é a primeira e mais difícil tarefa a ser cumprida.
No Brasil, a Constituição Federal (CF) de 1988 concretizou a universalidade do direito à saúde por meio de instrumentos normativos específicos e programas estratégicos. Com isso, passou a ser chamada de Constituição Cidadã. Foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), no qual a universalidade, a equidade e a integralidade da assistência à saúde de todos são preceitos básicos. Dessa forma, caracterizou-se a importante afirmação: “Saúde, direito de todos e dever do Estado”.
O Código de Defesa do Consumidor trouxe novas normas mais rígidas e controles adicionais sobre a prestação de serviços de saúde, especialmente para a área da saúde. Podemos destacar a Lei nº 9.656/98, as Resoluções da Agência Nacional de Saúde (ANS) e a definitiva condicionalidade da força dos contratos estabelecidos pelo Código Civil de 2002, em que se consolidam as empresas que prestam assistência à saúde. Na época atual, os contratos de gestão não têm mais a mesma potência que tinham antes do Código do Consumidor e do Código Civil,pois aos juízes foi dada a possibilidade de desconsiderar cláusulas contratuais pelo simples fato de considerá-las abusivas ou que possam vir a trazer algum prejuízo para ambas as partes envolvidas. Até o ano de 2003, essa regra era restrita à relação de consumo, hoje o juiz pode aplicar esse mesmo critério aos contratos comerciais.
Sistema privado
É um serviço prestado por intermédio das operadoras de planos de saúde ou de forma particular, no qual o profissional oferece seus serviços de atendimento, por ser uma pessoa jurídica.
O sistema privado ou iniciativa privada pode participar do Sistema Único de Saúde por meio de contratos ou convênios pactuados com os órgãos públicos responsáveis pelo SUS na União, nos estados, no Distrito Federal e nos municípios.
Breve história do sistema privado
Na década de 1960 surgiram as primeiras empresas de medicina, em São Paulo, no ABC Paulista, e que tinham o objetivo de atender aos trabalhadores dessa região, pois nesse local existiam muitas indústrias multinacionais. Os empresários, então, percebendo a grande fraqueza da saúde pública, preocuparam-se em buscar outros meios para oferecer atendimento médico de qualidade aos seus empregados.
Esses empresários influenciaram e estimularam médicos a formar empresas de medicina de grupo, que trabalhavam com diversos planos de saúde, com diferentes valores. Esse conceito se desenvolveu e prosperou em todo o país e, já na década de 1990, os planos de saúde assistiam cerca de 17 milhões de brasileiros.
Com o passar do tempo, surgiram outras necessidades e mudanças nas leis, e o sistema privado organizou-se em diferentes modalidades jurídicas, como cooperativas médicas, autogestão e seguro de saúde.
· Cooperativas médicas: Oferecem assistência médica aos seus beneficiários por meio de contratos coletivos, familiares e individuais. São firmadas e organizadas sob a lei do cooperativismo.
Nessa modalidade, as cooperativas dispensam a figura do sócio majoritário. Sendo assim, todo o lucro arrecadado por todas as suas ações é dividido entre os médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais da área da saúde.
· Autogestão: Grandes empresários criam e gerenciam seus próprios planos de saúde para seus funcionários, por meio da contratação ou credenciamento médico e serviços, ou pactuando convênios com hospitais e clínicas. Esses modelos não estão disponíveis no mercado, pois estão restritos a cada instituição.
· Seguro de saúde: O seguro de saúde surgiu como um plano de custeio, no qual o segurado tem a sua livre escolha garantida, podendo escolher com qual médico irá se consultar e em que local, por meio do reembolso de despesas.
Nessa modalidade, as empresas seguradoras atuam na área da saúde suplementar, assim como em outros segmentos. Observa-se uma evolução importante sobre essa modalidade além do sistema de reembolso, trabalhando com hospitais, profissionais da saúde e laboratórios referenciados, minimizando problemas decorrentes da livre escolha.
Parceria público-privada (PPP)
Os gestores do Sistema Único de Saúde, permanecem enfrentando vários desafios para se fazer cumprir o dever do Estado, especialmente devido ao subfinaciamento do SUS que prejudica a garantia da saúde pública, universal, integral e de qualidade.
Devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe limitações financeiras, optou-se por adotar a parceria público-privada (PPP), um novo modelo de gestão que vem sendo amplamente utilizado, principalmente na área hospitalar.
Essa limitação financeira controla os investimentos na construção de novas unidades, na compra de equipamentos e na manutenção da infraestrutura, além de colocar limites na contratação de profissionais. Com todas essas questões, a gestão do SUS trabalha sob a tensão dos interesses do grande capital.
A PPP permite a utilização de recursos privados para que o Estado alcance seus objetivos, que podem ser a prestação total ou parcial dos serviços, enquanto permite que o setor privado realize negócios em atividades que eram exclusivas do setor público. O mecanismo de incentivos entre as parcerias é uma garantia prestada pelo setor público ao setor privado sobre suas possibilidades de retorno.
AULA 2
Convênios em saúde
Conceitualização da modalidade de convênios
Os convênios são modalidades de acordos realizados entre partes interessadas. Essas partes envolvidas, os partícipes, são conhecidas como concedente e convenente. O concedente é o órgão interessado em algum serviço, produto ou resultado e que repassa recursos para outrem a fim de satisfazer a sua necessidade. Já o convenente é a instituição ou o órgão que recebe o recurso para atender à necessidade do concedente. Assim, os convênios são acordos realizados legalmente para que as partes interessadas possam materializar suas necessidades.
Etapas para realização de convênio público
A concretização dos convênios deve obedecer a algumas etapas. Vamos conhecer cada uma delas!
Fase 1 Proposição
Etapa em que o interessado elabora proposta de trabalho e a encaminha para órgão responsável pela política pública.
Fase 2 Celebração e formalização
Etapa em que convenente e concedente formalizam a celebração do convênio por meio de um termo de convênio, que é publicado no Diário Oficial.
Fase 3 Execução
Etapa em que o objeto do convênio é executado, seguindo as normas orçamentárias e o plano de trabalho estabelecido.
Fase 4 Prestação de contas
Etapa em que o órgão ou entidade que recebeu recursos públicos demonstra a correta aplicação do dinheiro recebido.
As obrigações entre as partes envolvidas na realização de convênio público
O firmamento de convênios pressupõe obrigações para ambas as partes. O partícipe concedente tem a obrigação de repassar o recurso. Já o partícipe convenente possui a obrigação de aplicar os recursos de acordo com as premissas do convênio, a fim de concretizar o objeto do acordo.
Essas obrigações são legais e se encontram amparadas judicialmente nos seguintes documentos: Constituição Federal; Decreto nº 7.568, de 16 de setembro de 2011; Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021; Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990; Pactos pela Vida de 2006.
Ambas as partes possuem também a obrigação de prestar contas e dar transparência à sociedade sobre a realização e o andamento de tais convênios.
A regulamentação da relação público-privada no setor saúde
As relações entre o setor público e o setor privado podem ocorrer de diferentes maneiras na saúde, sendo os convênios uma das possibilidades. Todavia, essas relações não ocorrem livremente, sendo regulamentadas por uma legislação. Em primeira instância, essas articulações são normatizadas pela Lei nº 8.080/90, que surgiu para dar materialidade aos artigos 196-200 da Constituição Federal de 1988, de modo a dispor sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e outras providências.
Essa lei foi criada a fim de organizar o SUS e determinar sua supremacia de regulamentação da saúde privada, autorizada, por força da Constituição, a existir em sua fase complementar ao SUS. Segundo o artigo 22, na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento.
Natureza dos convênios de saúde
Os convênios de saúde podem ser de natureza pública ou privada, a depender da natureza dos partícipes. Vamos conhecer as diferenças entre ambas as naturezas!
São considerados de natureza pública, quando os convênios são realizados entre:
Órgãos públicos
Órgãos públicos e entidades de direito público
Instituições públicas
Órgãos públicos/instituições públicas e serviços privados
A participação da saúde privada no SUS em caráter complementar ocorre, geralmente, por meio de convênios públicos, em que um partícipe é público e o outro privado.
Quando os convênios são feitos entre instituições/serviços/empresas e pessoas físicas, são classificadoscomo de natureza privada. Um exemplo é o convênio realizado por empresas.
Os convênios foram previstos na Constituição de 1988 de maneira ampla no artigo 241 e direcionados para o setor de saúde no artigo 199, segundo o qual os convênios podem pressupor também a modalidade de participação da iniciativa privada no sistema público de saúde. Contudo, a necessidade de universalização do acesso ao SUS a todos os brasileiros incentivou arranjos normativos, tais como as regiões de saúde, que favoreceram a realização de convênios entre órgãos públicos e instituições privadas. Essa modalidade de acordo de cooperação na gestão (convênio) foi ainda mais fortalecida no setor saúde com o surgimento dos Pactos pela Vida.
Convênios públicos de saúde
São conhecidos como acordos entre partes interessadas, sendo o concedente um órgão ou uma instituição pública. Normalmente, nesse tipo de convênio, o ente público é a parte concedente do convênio. Nessa modalidade de convênio, geralmente ocorre, após o acordo, a execução de um objetivo comum.
O objetivo comum é o produto do convênio. Esse produto pode corresponder ao fornecimento de um serviço, à execução de um projeto, à realização de atividade ou até à aquisição de bens.
Essa modalidade de convênio de saúde, quando ocorre entre o Ministério da Saúde (MS) e entidades governamentais dos demais entes da federação, ou organizações não governamentais, geralmente se dá para incentivar a produção de ações, ou fornecimento de serviços, bem como para aquisição de equipamentos e produtos para a saúde.
Um exemplo é quando o MS faz um convênio com determinado município para fornecimento de um exame específico e custeia a implantação do serviço. Por exemplo, o órgão repassa os recursos, e o município faz a aquisição do tomógrafo e realiza a instalação para fornecimento do serviço.
Desse modo, o Ministério cumpre sua responsabilidade como ente federado de proporcionar acesso aos serviços de saúde de maneira gratuita e universal, enquanto o município expande o SUS na sua região, proporcionando acesso à saúde aos seus munícipes e, por muitas vezes, à região de saúde em que está adscrito.
Convênios privados de saúde
São aqueles realizados entre empresas/instituições privadas e particulares. Quando o artigo 199 da Constituição Federal previu a participação da saúde privada no sistema de saúde nacional, considerou a participação em caráter suplementar e complementar ao SUS.
Saúde suplementar, portanto, é constituída por ações e serviços privados prestados por meio de planos de saúde ou de maneira particular. Trata-se da prestação de serviço exclusivamente na esfera privada. A saúde suplementar está voltada para assistência médica e odontológica, stricto sensu, com predominância de tecnologias duras e leves-duras em seus projetos terapêuticos e menos atuação preventiva. E é justamente sob esse caráter suplementar que ocorrem os convênios privados de saúde.
Já a saúde complementar é definida pela atuação da iniciativa privada na área da saúde pública (SUS). O serviço é feito mediante contrato de direito público ou convênio público, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Isso ocorre quando o Estado utiliza da iniciativa privada para ampliar o acesso e complementar a sua operação em prol da universalidade pública.
Regulamentação dos convênios privados de saúde
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
É uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde e criada pela Lei nº 9.961/2000. Cabe ressaltar que, antes da criação da agência, o mercado de planos privados de saúde era regulado pelo Ministério da Saúde desde 1998, a partir da Lei nº 9.656/1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.
Conforme o artigo 3º da Lei nº 9.961/2000, a ANS terá por finalidade institucional “promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País”.
Vejamos agora algumas competências que cabem à ANS, de acordo com o artigo 4º da mesma lei:
· Orientar a condução normativa do Conselho Nacional de Saúde Suplementar (CONSU).
· Orientar instrumentos contratuais utilizados na atividade das operadoras.
· Determinar o rol de procedimentos.
· Estabelecer critérios para os procedimentos de credenciamento e descredenciamento de prestadores de serviço privados.
· Avaliar a qualidade de prestadores e operadoras de saúde.
· Orientar o ressarcimento ao SUS.
· Estabelecer a segmentação das operadoras e administradoras de planos privados de assistência à saúde.
· Estabelecer garantia dos direitos assegurados nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/1998.
· Firmar critérios para cargos diretivos das operadoras de planos privados.
· Normatizar, rotinas e procedimentos para concessão, manutenção e cancelamento de registro dos produtos das operadoras de planos privados de assistência à saúde.
· Autorizar reajustes.
· Proceder o registro dos planos privados de assistência à saúde, cisão, fusão, incorporação, alteração ou transferência do controle societário.
Conforme artigo 4º da Lei nº 9.961/2000, ainda compete à agência as seguintes funções:
· Fiscalizar as atividades das operadoras de planos e os prestadores privados de assistência à saúde;
· Exercer o controle e a avaliação dos aspectos concernentes à garantia de acesso, manutenção e qualidade dos serviços prestados, direta ou indiretamente, pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde.
· Fiscalizar as coberturas.
· Avaliar os mecanismos de regulação utilizados pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde.
· Direcionar as penalidades pelo descumprimento da normatização.
· Determinar a liquidação extrajudicial e autorizar o liquidante a requerer a falência ou insolvência civil das operadoras de planos privados de assistência à saúde.
· Realizar a alienação da carteira de planos privados de assistência à saúde das operadoras.
· Determinar as atribuições e competências do diretor técnico, diretor fiscal, do liquidante e do responsável pela alienação de carteira.
Conselho de Saúde Suplementar (CONSU)
Foi criado pela Lei nº 9.656 , de 3 de junho de 1998. É um órgão colegiado constituído pelo Ministério da Saúde, pelo ministro da justiça, pelo ministro da fazenda e ministro do planejamento, orçamento e gestão, além do presidente da ANS. Segundo a legislação, cabe ao CONSU realizar as seguintes atividades:
I. Estabelecer e supervisionar a execução de políticas e diretrizes gerais do setor de saúde suplementar.
II. Aprovar o contrato de gestão da ANS.
III. Supervisionar e acompanhar as ações e o funcionamento da ANS.
IV. Fixar diretrizes gerais para a constituição, organização, funcionamento e fiscalização das empresas operadoras de produtos de que tratar a Lei nº 9.656/1998.
V. Deliberar sobre a criação de câmaras técnicas, de caráter consultivo, de forma a subsidiar as decisões.
Módulo 2
Convênio de saúde com empresas privadas.
O acesso aos serviços de saúde pode ser realizado por desembolso direto, ou seja, o indivíduo utiliza o serviço e realiza o pagamento com seu dinheiro no momento da utilização. Outra maneira é por meio da contratação de um plano de saúde, em que o beneficiário paga pelo plano mensalmente. A principal diferença entre o desembolso direto e o pagamento por plano de saúde individual (ou familiar) pela pessoa física ou por um convênio por empresa é que, no caso do plano de saúde, o pagamento mensal ocorre mesmo sem o uso dos serviços.
Com relação à contratação de serviços de saúde por meio dos planos, existem três tipos de modalidade. Vamos conferir!
Individual: Modalidade em que a pessoa física contrata, de maneira particular, um plano por meio de operadora para ela ou sua família.
No plano de saúde individual, a pessoa física escolhe uma operadora de saúde de acordo com local de residência, necessidade de uso, entre outros fatores, e efetua o pagamento de uma mensalidade que lhe dá direitoa utilizar os serviços de saúde oferecidos em rol de serviços regulados pela ANS
Coletivo empresarial: Modalidade em que a contratação se dá por intermédio de pessoa jurídica.
No plano de saúde coletivo empresarial, a contratação pressupõe a realização de um convênio de saúde empresarial que difere da aquisição do plano de saúde individual não só quanto ao tipo de contratação, mas também quanto à amplitude da cobertura, à carência, ao valor cobrado e ao sistema de regulação pela ANS.
Nesse tipo de plano coletivo, o empregado adere ao convênio de saúde já constituído pela sua empresa com determinada operadora de saúde. A mensalidade pode ser descontada na sua folha de pagamento ou o trabalhador pode ter o direito de acesso subsidiado oferecido por sua empresa, a depender da política empresarial.
Contudo, no caso de ter o desconto da mensalidade do plano de saúde em sua folha de pagamento, esse valor será bem menor do que o valor que seria pago em uma contratação do tipo individual. E é justamente nesse valor menor que reside a maior vantagem da realização desse “convênio de saúde empresarial”, de modo que, por conta do acordo de parceria entre a operadora e a empresa, a operadora pode oferecer preços mais atraentes em face da quantidade de beneficiários que será adquirida para sua carteira.
Por adesão: Modalidade em que a contratação se dá por intermédio de pessoa jurídica, de forma semelhante ao coletivo empresarial.
No plano de saúde coletivo por adesão, a pessoa física pertencente a uma entidade de classe, associação, sindicato pode usufruir de convênios de saúde firmados pelas operadoras de saúde junto a esses. Essas entidades/sindicatos/associações realizam um convênio com operadoras de planos e disponibilizam planos com melhores condições para esses determinados grupos, sendo a comprovação de vínculo condição necessária para se beneficiar desses convênios.
Convênio de saúde por empresas: planos coletivos
Os planos de saúde coletivos podem ser adquiridos por meio de convênios de saúde realizados entre as operadoras de planos de saúde (incluindo todas as modalidades de operadoras, mesmo as seguradoras de saúde) e uma empresa (que pode ser microempreendedor individual - MEI, microempresa, empresa de médio ou de grande porte) para beneficiar seus trabalhadores. Podem ainda ser coletivos por adesão quando contratados por sindicatos ou associações.
Assim, com a finalidade de proporcionar saúde a seus empregados e atrair novos colaboradores, órgãos públicos e empresas privadas incluem em seu plano de benefícios a oportunidade de contratação de plano ou seguro de saúde subsidiado. Muitas controvérsias jurídicas advêm dessa relação operadora-empregador-empregado. Entre essas controvérsias estão as discussões sobre o direito de trabalhadores demitidos ou aposentados permanecerem no plano de assistência à saúde.
No caso da aposentadoria, a Lei nº 9.656/1998, em seus artigos 30 e 31, e os normativos editados pela ANS regulamentaram o direito de permanência no plano, a manutenção no plano de saúde nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava, com a continuidade do pagamento integral pelo aposentado, mas, quando surgem dúvidas na aplicação de tais instrumentos, o judiciário é provocado a saná-las.
Retornando às distinções entre plano empresarial e individual, apesar da grande maioria achar que convênio médico empresarial e plano de saúde individual são semelhantes, na verdade, eles possuem diferenças que estão relacionadas para além do tipo de contratação e do valor cobrado. Como já mencionado, elas incidem também no tipo de contratação, na amplitude da cobertura, no tempo de carência e também ao sistema de regulação pela ANS.
Outra vantagem oferecida pelos convênios de saúde por empresas ou por adesão diz respeito à necessidade de cumprimento de carência. Como a cartela de beneficiários é extensa, os riscos da operação se diluem, e as operadoras geralmente oferecem carência zero ou reduzida para planos de saúde empresariais. Além disso, normalmente, a cobertura desse tipo de contratação empresarial é mais ampla e diferenciada, abrangendo hospitais de renome.
Portanto, conclui-se que os convênios de saúde realizados por empresa oferecem vantagens tanto aos concedentes (empresas ou entidades), que podem oferecer aos seus empregados ou associados benefícios com planos de saúde em condições mais favoráveis, quanto aos convenentes (as operadoras de saúde), que expandem de maneira expressiva suas carteiras de beneficiários. Esse tipo de contratação coletiva, quer por empresas ou por adesão, configura o maior volume de contratação de planos de saúde, como pode ser observado a seguir.
Módulo 3
Modalidades de operadoras de saúde
Existem diversas modalidades de operadoras de saúde regulamentadas e, neste momento, será apresentado a você quais são essas possibilidades de contratação de um plano de saúde.
Saiba mais
A Lei nº 9.656/1998, alterada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001, define operadora de plano de assistência à saúde como “uma pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós-estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando à assistência médica, hospitalar e/ou odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor”.
A RDC nº 39, de 27 de outubro de 2000, da ANS, classificou as operadoras de planos de saúde em 7 modalidades. Vejamos!
Administradora
Cooperativa médica
Cooperativa odontológica
Autogestão
Filantropia
 Medicina de grupo
Odontologia de grupo
Cada uma dessas modalidades guarda uma especificidade de atuação.
Primeiro vamos abordar as modalidades: cooperativa médica, cooperativa odontológica, autogestão, medicina de grupo e odontologia de grupo. Cabe ressaltar que essas modalidades serão apresentadas à parte porque guardam especificidades no seu modo de operação que as destacam das outras cinco. Vamos lá?
Medicina de grupo e odontologia de grupo
Conforme a Resolução Normativa nº 531, de 2 de maio de 2022, as empresas de medicina de grupo operam planos privados de assistência à saúde cujas peculiaridades não se assemelham às outras modalidades.
As operadoras de medicina de grupo vendem planos de saúde tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas. Essa modalidade pode contar com uma estrutura própria e/ou ser contratada pela operadora (médicos, hospitais, laboratórios e clínicas) para utilização de beneficiários. As operadoras de odontologia de grupo seguem essa mesma especificidade, mas são exclusivamente para comercialização de planos odontológicos.
Cooperativa médica e cooperativa odontológica
A Lei das Cooperativas nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, define em seu artigo 4º e 6º que uma cooperativa é uma sociedade de pessoas sem fins lucrativos, formada pela associação autônoma de pelo menos 20 pessoas que se unem voluntariamente em uma sociedade coletiva e de interesse comum.
Em consonância com a legislação, essas operadoras têm a permissão de vender planos de saúde para pessoas físicas ou jurídicas, de maneira a oferecer uma rede de serviços de saúde própria ou contratar terceiros. Assim como as operadoras de odontologia de grupo, as cooperativas odontológicas negociam apenas planos odontológicos. Um exemplo de operadora de plano de saúde que se enquadra nessa modalidade de cooperativa é a Unimed.
Autogestão
A modalidade de operadora de planos de saúde do tipo autogestão é composta por pessoa jurídica de direito privado de fins não econômicos, criada por empresas, associações de pessoas físicasou jurídicas, fundações, sindicatos, entidades de categorias profissionais ou assemelhados. Podemos citar como exemplo de operadoras de planos de saúde de autogestão: Caixa de Associação dos Magistrados de Pernambuco, Associação Beneficente de Assistência à Saúde, Associação dos Funcionários do Fisco do estado, dentre outras.
A operadora de plano de saúde de autogestão oferece assistência à saúde exclusivamente a seus empregados, associados e dependentes do grupo familiar até o 4º grau de parentesco. Não são autorizadas a negociar planos de saúde individuais e estão classificadas em três grupos, segundo a Resolução Normativa nº 148, de 3 de março de 2007. Confira!
· Autogestão vinculada a entidades públicas ou privadas patrocinadoras, instituidoras e mantenedoras. Garantem o risco financeiro e não precisam apresentar garantias financeiras a ANS.
· Autogestão constituída sob a forma de associação ou fundação, sem mantenedora, para determinada categoria profissional e seus dependentes, que sejam associados ou associados ao seu instituidor. É preciso constituir garantias financeiras na forma da Lei.
· Autogestão que opera plano de saúde por intermédio de seu departamento de recursos humanos ou órgão assemelhado.
Demais modalidades de operadoras de saúde
Filantropia
A modalidade de operadora de planos de saúde do tipo filantropia é aquela fornecida por entidades hospitalares sem fins lucrativos com certificado de entidade beneficente de assistência social e declaração de utilidade pública junto ao Ministério da Justiça, ou junto aos órgãos dos governos estaduais e municipais, na forma da regulamentação normativa específica vigente.
São exemplos de entidades que mantêm serviços de saúde beneficentes e operam planos de saúde:
1. medical_services
Santas casas da misericórdia e hospitais de congregações
2. medical_services
Associações
3. medical_services
Fundações
4. medical_services
Sociedades beneficentes
Como exemplos, podemos citar a Santa Casa de Misericórdia de Tupã, o Hospital César Leite, a Beneficência Camiliana do Sul, entre outras instituições.
Administradora de benefício
Conforme Resolução Normativa nº 515, de 29 de abril de 2022, as administradoras de benefício são empresas constituídas por pessoa jurídica que medeiam a contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que prestam serviços para pessoas jurídicas contratantes de planos privados coletivos de assistência à saúde. Um exemplo de administradora de saúde é a Qualicorp, que opera quase 3 milhões de benefícios (ANS, 2022).
Essa modalidade promove as seguintes atividades:
· Articula reuniões de pessoas jurídicas contratantes.
· Realiza a contratação de plano privado de assistência à saúde coletivo, na condição de estipulante, a ser disponibilizado para as pessoas jurídicas legitimadas para contratar.
· Fornece planos para associados das pessoas jurídicas contratantes.
Também presta apoio técnico na discussão de aspectos operacionais, tais como:
· Negociação de reajuste.
· Aplicação de mecanismos de regulação pela operadora de plano de saúde.
· Alteração de rede assistencial.
Além das modalidades organizacionais de empresas que atuam na operacionalização de planos de assistência à saúde apresentadas anteriormente, atua também no ramo de viabilização de assistência à saúde uma modalidade diferenciada denominada seguradoras especializadas de saúde.
Em 2022, 1.151 operadoras estavam cadastradas na ANS. Acompanhe, a seguir, as modalidades em que essas operadoras atuavam (ANS, 2022).
· 151 eram da modalidade autogestão.
· 273 atuavam nas modalidades de cooperativas médica e odontológica.
· 32 eram da modalidade de filantropia.
· 256 atuavam nas modalidades de medicina e odontologia de grupo.
· 8 eram da modalidade seguradora especializada em saúde.
· 80 atuavam como administradoras de benefícios.
Muitas pessoas confundem seguro e plano de saúde, mas não são serviços da mesma natureza. Na sequência, serão apresentadas as particularidades das seguradoras especializadas de saúde.
Seguradoras de saúde
A Lei nº 10.185, de 12 de fevereiro de 2001, enquadrou o seguro saúde como plano privado de assistência à saúde e a sociedade seguradora especializada em saúde como operadora de plano de assistência à saúde, para efeito da Lei nº 9.656, de 1998.
Assim, em 2001, as sociedades seguradoras, que já agiam como seguro saúde, tiveram de se tornar especializadas em saúde e passaram a ser fiscalizadas pelo CONSU e pela ANS.
As seguradoras especializadas em saúde não possuem rede própria, mas referenciam uma rede de serviços, ou seja, pagam diretamente aos prestadores de serviços integrantes da rede, em nome dos clientes que utilizam os serviços.
Essa modalidade é obrigada a permitir a escolha livre. Desse modo, os segurados têm liberdade de escolher estabelecimentos ou profissionais de saúde não referenciados pela seguradora. Assim, o beneficiário do seguro tem o direito de receber o reembolso das despesas, em até 30 dias, de acordo com limites estabelecidos. O reembolso é realizado mediante a entrega de toda a documentação solicitada pela operadora.
Cada seguradora de saúde pode ofertar diferentes tipos de coberturas, inclusive assistência odontológica. Para finalizar, apresentaremos, a seguir, principais modalidades de seguro saúde existentes:
1. Seguro saúde hospitalar: oferece garantias por prazo de diárias determinadas em contrato a internações em ambiente hospitalar com a devida cobertura dos custos.
2. Seguro saúde hospitalar com obstetrícia: possui a mesma cobertura do seguro saúde hospitalar, no entanto prevê também procedimentos e exames relacionados à gravidez e ao nascimento do bebê. Ex.: pré-natal e assistência ao parto.
3. Seguro saúde ambulatorial: esse tipo de seguro oferece cobertura de assistência médica em consultórios, ambulatórios e clínicas, além do atendimento de emergência. Oferece também a realização de exames de imagem e procedimentos especiais, caso não exijam a internação.
4. Seguro saúde hospitalar + ambulatorial: é a modalidade mais completa que garante os benefícios do seguro saúde hospitalar e seguro saúde ambulatorial.
São exemplos de seguradoras de saúde que operam no mercado brasileiro atualmente:
Bradesco seguros
Poto seguro
Sulamérica seguros
Unimed seguros
Aula 3
Licitações
Licitação é o processo administrativo destinado à obtenção da proposta mais vantajosa, com respeito à impessoalidade, bem como à promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Como regra geral, a licitação deve anteceder a celebração dos contratos administrativos.
O artigo 37, XXI, da Constituição Federal de 1988, estipula que a Administração Pública deve ter como regra que obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes; com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, permitindo somente as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
O art. 1º, da Lei Federal 8666/1993, amplia o rol de sujeitos submetidos à regra da licitação para as demais entidades controladas direta e indiretamente pela União, estados, Distrito Federal e municípios. Com isso, foi editada, pela União Federal, a Lei n. 8666/1993 com vistas a prever as normas gerais de licitações e contratos administrativos, na forma do art. 22, XXVII, da Constituição Federal de 1988. Além disso, diversas normas federais regulam o tema das licitações, como é o caso do Decreto Federal n. 10.024/2019, que trata do pregão eletrônico.
As parcerias público-privadas (PPPs) são reguladas pela Lei Federal n. 11.079/2004.
O Regime Diferenciado de Contratações Públicas encontra previsão na Lei Federal n. 12.462/2011.
Diante das peculiaridades da modalidade societária, as licitações nas empresas estatais encontram respaldo na Lei Federal n. 13.303/2016. 
As normas específicas em matéria de contratações públicas são de competência de cada um dos entes federativos,como expressão de sua autonomia.
Modernamente, tem sido destacada a função regulatória da licitação, uma vez que esta não é pautada exclusivamente em critérios econômicos, mas também, por exemplo, no desenvolvimento nacional sustentável, na inclusão de portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, fomento ao desenvolvimento de negócios conduzidos por micro e pequenas empresas.
Contudo, todos estes objetivos anexos não podem ser compreendidos como fuga ao dever de licitar, que é tido como regra geral, salvo exceções autorizadas expressamente por lei.
É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso II desse artigo na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da administração interessada, conforme autorizado no art. 9º, §1º, da lei n. 8666/1993.
Para compreensão da matéria que será exposta a seguir, é importante ter em mente os seguintes conceitos:
Projeto básico: é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento. Além de possibilitar a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os elementos dispostos no art. 6º, VIII, da lei n. 8666/1993;
Projeto executivo: o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, nos termos do art. 6º, IX, da lei n. 8666/1993.
Obra: é toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta, na forma do art. 6º, I, da lei n. 8666/1993;
Serviço: é toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais, na forma do art. 6º, II, da lei n. 8666/1993.
PRINCÍPIOS LICITATÓRIOS
Os princípios, na qualidade de normas gerais abstratas, além de possuir algum nível de densidade normativa, são vetores interpretativos fundamentais para compreensão sistemática da matéria de licitações e contratos.
Cada autor elenca um rol de princípios aplicáveis em matéria de licitações públicas, não havendo que se falar em um rol taxativo e sim meramente exemplificativo no tema. Com isso, sem prejuízo de outros, serão abordados os princípios mais consagrados na doutrina e na jurisprudência sobre a temática das licitações, não se olvidando que os princípios gerais do Direito Administrativo também serão aplicáveis.
Por fim, a premissa básica: não existe hierarquia entre princípios, nem entre princípios e regras, devendo, em cada caso, ser conferido tratamento diferenciado para conflito aparente entre essas espécies de normas.
Vamos conhecer melhor cada um dos princípios:
Objeto com interação.
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
Traduz-se na ideia de que o objetivo da licitação é sempre a busca pela proposta mais vantajosa para a Administração Pública, conforme expressamente previsto no art. 3º, §1º, I, da Lei Federal n. 8666/1993.
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Traduz-se em dizer que é obrigatória a igualdade de tratamento para todos os licitantes ou para aqueles que possam ter interesse em participar da licitação, vedada qualquer discriminação. Contudo, podem ser previstas exceções por meio de lei, mediante: (i) fixação de margens de preferência; (ii) restrição a tipo de bens e serviços; (iii) critérios preferenciais de desempate (MEDAUAR, 2016).
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
É a obrigatoriedade de que todo o procedimento licitatório se submeta integralmente às regras que forem especificamente editadas para reger a licitação, sob a forma de edital ou convite. Nenhuma decisão intermediária ou final poderá ser proferida se não estiver vinculada à Constituição, à lei, ao regulamento e aos termos desse específico ato convocatório (MOREIRA NETO, 2014).
PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL
O art. 4º, da lei n. 8666/1993, positiva o princípio, ao prever que todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou pelas entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nessa lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO
Decorrente do princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Significa dizer que o julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle, nos termos do art. 45, da Lei Federal n. 8.666/1993.
Módulo 2
MODALIDADES LICITATÓRIAS
Você sabia que existem diversos tipos de licitação, as quais chamamos de modalidades licitatórias?  Vamos entender um pouco mais sobre elas!
As modalidades das licitações são os procedimentos que orientarão a atuação da Administração na contratação pública.
As modalidades licitatórias são independentes, não podendo ser combinadas, nos termos do art. 22, §8º, da Lei Federal n. 8666/1993.
A diferença entre as modalidades pode ter um elemento identificador no grau de formalidade de cada uma delas. O art. 23, §4º, da Lei Federal n. 8666/1993 permite a utilização de modalidade licitatória mais rigorosa ao invés daquela menos rigorosa.
Segue o elenco das modalidades, que serão explicitadas nos próximos itens:
Concorrência (art. 22, I, da Lei Federal n. 8666/1993)
Tomada de Preços (art. 22, II, da Lei Federal n. 8666/1993)
Convite (art. 22, III, da Lei Federal n. 8666/1993)
Concurso (art. 22, IV, da Lei Federal n. 8666/1993)
Leilão (art. 22, V, da Lei Federal n. 8666/1993)
Pregão (presencial e eletrônico) – Decreto Federal n. 10.024/2019 e 10.520/2002)
Consulta (art. 37, da Lei Federal n. 9.986/2000)
Agora veja com detalhes cada uma delas:
Objeto com interação.
CONCORRÊNCIA
É a modalidade mais rigorosa. É obrigatória para contratações de valor mais elevado, na forma do art. 23, inciso I, alínea ‘c’, da Lei Federal n. 8.666/1993:
· Para obras e serviços de engenharia acima de R$3.300.000,00
· Para as demais compras e serviços acima de R$1.430.000,00
Em caso de consórcio entre três entes da federação, os valores acima indicados deverão ser duplicados. Caso haja a participação de quatro ou mais entes, os valores de referência serão triplicados.
Além das contratações envolvendo esses valores, será obrigatória, independentemente do valor do contrato, nos casos taxativamente previstos em lei, como é o caso das hipóteses do art. 23, §3º, da Lei Federal n. 8666/1993.
TOMADA DE PREÇO
Obrigatória para contratação de médio vulto econômico:
· Obras e serviços de engenharia até R$3.300.000,00
· Demais compras e serviços R$1.430.000,00
Nos termos do art. 22, §2º, da Lei Federal n. 8.666/1993, tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
CONVITE
É a modalidade utilizada para contratações de menor vulto econômico, com menos complexidades, sendo possível em:
· Obras e serviços de engenharia até R$330.000,00;
· Demais compras e serviços R$176.000,00.
Os legitimados a participar são:
(i) Convidados (cadastrados ou não)
(ii) Não convidados (cadastrados) que manifestem seu interesse comantecedência de até 24h da apresentação das propostas.
Nos termos do art. 22, §3º da lei n. 8666/1993, a Administração precisa convidar, no mínimo três possíveis interessados para participarem do certame. Não basta o envio do convite para três possíveis interessados. Em prol do princípio da competitividade, a interpretação majoritária tem concluído pela necessidade de o certame ter, no mínimo, três propostas.
CONCURSO
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial, com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias, na forma do art. 22, §4º, da Lei Federal n. 8.666/1993.
LEILÃO
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação, nos termos do art. 22, §5º, da lei n. 8666/1993.
PREGÃO (PRESENCIAL E ELETRÔNICO)
Utilizado para aquisição de bens e serviços comuns, nos termos do art. 1º do Decreto Federal n. 10.520/2002.
 
Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado, conforme preceituado no art. 1º, parágrafo único, do Decreto Federal n. 10.520/2002.
 
As duas modalidades são: eletrônica e presencial.
O pregão eletrônico é regulado pelo Decreto Federal n. 10.024/2019 e é utilizado para aquisição de bens e contratação de serviços comuns, incluídos os de engenharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da Administração Pública Federal, na esteira do art. 1º, caput do Decreto Federal n. 10.024/2019.
Destacam-se as seguintes peculiaridades, bem elucidadas por Rafael Oliveira (2019):
(i) independente dos valores, o seu cabimento é determinado pela aquisição de bens e serviços comuns;
(ii) a comissão de licitação é substituída pela figura do pregoeiro (e sua equipe), que deverá ser agente público, na forma do art. 3º, IV, do Decreto Federal n. 10.520/2002; (iii) na declaração de habilitação, na sessão pública, os interessados ou seus representantes apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plenamente o requisitos de habilitação e entregarão os envelopes de propostas e de habilitação (art. 4º, VII, da Lei Federal n. 10.520/2002);
(iv) tipo de licitação: a seleção da melhor proposta será realizada por meio do critério do melhor preço, “observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital” – art. 4º, X, Lei 10.520/2002; (v) Inversão das fases de habilitação e julgamento;
(vi) propostas escritas e verbais;
(vii) negociações;
(viii) recursos após a declaração do vencedor, os licitantes interessados deverão apresentar imediata e motivadamente intenção de recorrer, mas a apresentação das razões escritas do recurso pode ocorrer no prazo de 3 (três) dias.
 
Conforme as lições de Alexandre Santos de Aragão (2012), o sucesso empírico do pregão nos deve levar a – potencializado os princípios da eficiência, celeridade processual e economicidade – adotar a interpretação (desde que plausível, naturalmente) que dê maior amplitude ao âmbito de aplicação do pregão.
 
É sob essa perspectiva que concordamos com a orientação do TCU de, apesar da letra da lei, não excluir a aplicabilidade do pregão a serviços e obras de engenharia, desde que eles possam ser considerados comuns, ou seja, desde que sejam suscetíveis de serem plena e objetivamente definidos no edital de licitação. Em face dos referidos princípios, devemos ter uma postura hermenêutica de in dubio pro pregão.
 
O uso do pregão é discricionário, mesmo nos casos em que é admissível, salvo se a norma do ente restringir essa liberdade e preordenar a adoção do pregão. De fato, ressalvada eventual norma legal ou regulamentar de cada órgão ou entidade obrigando o seu gestor a adotar o pregão, a Administração poderá adotá-lo ou preteri-lo em favor de alguma das modalidades comuns de licitação prevista na lei n. 8666/1993. O fato de estar diante de bens e serviços comuns, em princípio, apenas permite (não obriga) a adoção do pregão.
 
No pregão, a habilitação é dividida em dois momentos. Primeiro, antes da abertura das propostas, os licitantes apenas declaram, sob as penas da lei, que atendem as condições do edital; em um segundo momento, e apenas em relação ao licitante vencedor, são analisados os documentos de habilitação. Se for ele inabilitado, analisam-se, então, os documentos de habilitação do segundo colocado.
 
O pregão também possui importantes especificidades procedimentais na fase de julgamento. Contém uma combinação entre propostas escritas e lances verbais. Abertos os envelopes de preço, o ofertante do menor preço e os que tiverem ofertado preços até 10% superiores (ou, se esta condição não se verificar, os que fizeram as três melhores ofertas) entrarão em uma nova competição através de lances verbais, considerado o lance mínimo o da melhor proposta escrita.
 
Em vez de serem julgados por uma Comissão de Licitação, os pregões são processados apenas por uma pessoa, o chamado pregoeiro; e o recurso contra as decisões do pregoeiro deve ser interposto oralmente na própria sessão (salvo necessidade de diligências, o pregão tem, em regra, apenas uma sessão), podendo o recorrente apresentar memoriais no prazo de três dias úteis.
 
Segundo Garcia (2018), sinteticamente podem ser resumidas quatro características diferenciadoras da modalidade pregão que a tornaram bastante eficiente:
1. Inversão da fase de habilitação, examinando apenas os documentos do licitante vencedor. Trata-se do sistema de pós-habilitação e que gera maior eficiência e celeridade, tornando-o menos suscetível a questionamentos administrativos e judiciais, mormente porque as maiores polêmicas residem na fase de habilitação. É uma tendência a ser cada vez mais utilizada nas licitações públicas. O sistema de habilitação prévia das modalidades tradicionais revela-se anacrônico e ineficiente.
2. A possibilidade de oferecimento de lances durante a sessão atende ao princípio da competitividade, estimulando a concorrência entre os participantes. Assim, ao contrário das demais modalidades, a proposta inicial de preço é apenas o início da disputa, eis que a partir dela serão ofertados lances pelos licitantes na sessão pública.
3. A otimização da fase recursal, concentrando a possibilidade de interposição de recurso administrativo apenas ao final do procedimento o que, a um só tempo, preserva o direito a ampla defesa dos licitantes e torna o pregão mais célere.
4. O julgamento do pregão também deixa de ser tarefa da Comissão de Licitação (órgão colegiado) e passa a ser função do pregoeiro (órgão singular), que conta com uma equipe de apoio para lhe dar suporte técnico administrativo. Deve ser designada pessoa que integre o quadro do órgão ou entidade que promove a licitação, salvo quando não dispuser de servidor qualificado para atuar na função, situação que justifica, em caráter excepcional, a designação de pessoa estranha aos quadros da Administração.
CONSULTA
O art. 37, caput, da Lei Federal n. 9.986/2000, dispõe que a aquisição de bens e a contratação de serviços pelas Agências Reguladoras poderá se dar nas modalidades de consulta e pregão, observado o disposto nos arts. 55 a 58 da lei n. 9.472/1997, e nos termos de regulamento próprio.
Rafael Oliveira (2019) elenca as principais características da modalidade:
(i) não tem relação com o valor estimado do futuro contrato;
(ii) somente será utilizada para aquisição de bens ou serviços que não sejam considerados comuns, isto é, para os casos de impossibilidade de utilização do pregão;
(iii) a habilitação e o julgamento das propostas

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