Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Esclerose Múltipla e Síndrome de Guillan-Barré Esclerose Múltipla: Introdução: É uma doença autoimune, de caráter desmielinizante, crônica e evolutiva que atinge a substância branca do SNC. A autoimunidade representa o processo de agressão à bainha de mielina do SNC por uma resposta inflamatória exacerbada e contínua. Em geral, o curso clínico da doença ocorre com eventos recorrentes e período de remissões, fato que determina o padrão sintomatológico e grau de incapacitação dos pacientes acometidos. Predomina em regiões temperadas e frias e em indivíduos caucasianos. Predomina também em adultos jovens, na faixa etária entre 20 e 40 anos e prevalência no sexo feminino (3:1). Fisiopatologia: Agressão inflamatória autoimune (geralmente linfócitos T) sobre a bainha de mielina dos axônios do SNC.Lembre-se de que quem sintetiza mielina no SNC são os oligodendrócitos, enquanto a síntese de mielina no sistema nervoso periférico fica a cargo das células de Schwann! A perda da mielina envolve perda de fatores tróficos produzidos por essa camada protetora, levando à degeneração axonal permanente (o que explica porque após alguns anos as sequelas da EM acabam se tornando irreversíveis). Quadro Clínico: Os sintomas neurológicos são transitórios e focais e variam de acordo com o tipo de lesão em curso. O surto é caracterizado pela perda de funções que podem ser sensitivas, motoras, visuais e/ou como síndromes medulares. Sua ocorrência e cessação podem ocorrer de forma súbita ou até mesmo durar alguns dias ou semanas. Essa perda de função ocorre de maneira transitória e há remissão das manifestações durante certo período de tempo até que um novo surto seu evidenciado. Dentre as alterações sensitivas destacam-se a hipoestesia que é caracterizada por perda ou diminuição de sensibilidade em um determinado segmento corporal, parestesia que é a sensação de formigamento e dormência e até mesmo dor. Alterações motoras são percebidas pelo acometimento do primeiro neurônio motor superior como a espasticidade, hiperreflexia, clônus e presença do sinal de Babinski. Há agressão ao nervo óptico levando a neurite óptica com acometimento visual unilateral e perda parcial da acuidade visual (visão ventral), além de dor retro-ocular. O fenômeno de Uhthoff é caracterizado pela piora da condição nervosa relacionada à elevação da temperatura corporal. O paciente torna-se intolerante a elevação de temperaturas cursando com desencadeamento de sintomas preexistentes. Outra manifestação é o sinal de Lhermitte que é a sensação de choque iniciada das costas com irradiação para região lombar e MMII após a flexão formada ou passiva do pescoço. Diagnóstico e Exames Complementares: É dado pelo quadro clínico, podendo ser complementado – ou não – pela RNM e pela punção lombar. O principal critério é o envolvimento de duas ou mais áreas distintas do SNC, com intervalo ≥ 1 mês entre o surgimento de cada lesão, na ausência de outras explicações para o quadro. Ressalte-se que a presença isolada de sintomas não basta. É preciso demonstrar objetivamente a existência de deficit neurológico ou lesão (daí a grande utilidade da RNM e dos potenciais evocados). Os dados complementares que corroboram o diagnóstico são: (1) RNM: envolvimento da substância branca, geralmente, periventricular, bilateral e simétrico, além de ser típico o acometimento UNILATERAL do nervo óptico, bem como a presença de “placas” póstero-laterais da medula espinhal; (2) Exame de potenciais evocados: pesquisa de condução neuronal alterada em regiões cujo acometimento pela EM é típico, porém não há relato de sintomas (ex.: potenciais evocados no campo visual evidencias alterações não antes percebidas pelo paciente); (3) Punção lombar: o liquor mostra bandas oligoclonais de IgG, porém esse achado não é sensível e tampouco específico (indica apenas a ocorrência de produção intratecal de anticorpos, o que pode ser observado nas infecções do SNC). A grande utilidade da punção lombar é, portanto, o diagnóstico diferencial com outras condições, especialmente as infecciosas. Tratamento: Síndrome de Guillan-Barré: Introdução: Caracterizada como um distúrbio autoimune adquirido, marcada pela perda da bainha de mielina e dos reflexos tendinosos e engloba as polineuropatias agudas imunomediadas, podendo ser divididas em desmielinizantes e adonais. A Sindrome desmielinizante ocorre quando alguma doença atinge e danifica a bainha de mielina prejudicando a condução de mais nos nervos que foram afetados. Podendo causar prejuízos nos movimentos, cognição, sensação, entre outros. A SGB tem uma evolução rápida, como pico de gravidade máxima entre duas ou três semanas após o aparecimento dos primeiros sintomas e se manifesta por meio de uma inflamação aguda dos nervos. Fisiopatologia: Fenômeno autoimune desencadeado por uma infecção respiratória ou gastrointestinal. Os agentes infecciosos mais relacionados são o Campylobacter jejuni (intestinal), o citomegalovírus e o EBV (respiratórios). Em cerca de 75% dos casos, pode-se detectar a infecção 1-3 semanas precedendo a doença. A patogênese provavelmente depende da imunidade humoral, já que em até 50% d o s c a s o s p o d e m s e r detectados autoanticorpos anti-GM1 (glicofosfolipídeo 1). Na síndrome de Miller- Fisher (uma variante da SGB), mais de 90% dos casos têm autoanticorpos anti-GQ1b. Quadro Clínico: Caracterizado por paralisia flácida, mais comumente apresentada por uma fraqueza que pode variar de uma leve dificuldade para caminhar, até uma completa paralisia das extremidades da face ou dos músculos respiratórios. Essa paralisia normalmente é ascendente, bilateral, começando nos MMII seguindo para os MMSS. É também esperado encontrar hipo ou arreflexia, que nada mais é do que diminuição ou ausência dos reflexos. A doença segue por uma linha de tempo que é precedida de IVAS, uma gastroenterite ou um distúrbio autoimune que dentro de 1 a 4 semanas induz uma resposta autoimune berrante que atinge os nervos periféricos e suas raizes espinhais. Diagnóstico e Exames Complementares: É dado principalmente pelo quadro clínico, às vezes necessitando da exclusão de uma síndrome medular pelo exame de imagem. O exame de l iquor apresenta uma al teração caracter ís t ica: dissociação albuminocitológica (aumento de proteínas sem aumento da celularidade). Tal achado só estará presente após uma semana do início dos sintomas. Entretanto, quando a SGB estiver associada à infecção pelo HIV, pode haver pleocitose com hiperproteinorraquia! A eletroneuromiografia mostra uma polineuropatia com padrão desmielinizante na maioria dos casos. Tratamento: O tratamento para a síndrome pode vir de duas formas, a primeira que trabalhará com a prevenção das possíveis complicações que podem surgir com o tempo, e a segunda já para tratar a progressão de doenças e déficits que surgiram com o passar do tempo. Por isso, os pacientes que são portadores de SGB devem passar pelo hospital para uma avaliação precisa das características de sua doença e o nível no qual essa se encontra. A classificação da gravidade clínica foi proposta por Hughes e colaboradores, classificando-a como leve, moderada ou grave e variando em parâmetros de 0 a 6, sendo que nos parâmetros de 0 a 3, a doença se encontrará em sua forma leve, enquanto que nos de 4 a 6 estará classificada como moderada-grave. Dessa forma, a determinação da gravidade irá auxiliar no encaminhamento para o tratamento adequado ao paciente. Referências Bibliográficas: 1. SanarFlix - SuperMaterial - Esclerose Múltipla 2. SanarFlix - SuperMaterial - Síndrome de Guillan Barré 3. MedCurso 2019 - Apostila Neurologia 4. Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia 5. Resumos da Med
Compartilhar