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Aconselhamento e Orientação em Psicologia PROF. ALESSANDRO AGUIAR DE PAULA Introdução ao aconselhamento psicológico DEFINIÇÕES HISTÓRICO 2 O QUE VOCÊ JÁ OUVIU SOBRE ESSE TEMA? 3 O que é aconselhamento? 4 Definição O termo aconselhamento foi usado em conexão a várias situações, tais como: fornecer informações, dar conselhos, criticar, elogiar, encorajar, apresentar sugestões e interpretar ao cliente o significado do seu comportamento. A palavra aconselhamento foi empregada na sua evolução para designar atividades que variavam de punição e coerção a relação permissiva que proporciona a liberação emocional do indivíduo e facilita seu desenvolvimento. 5 Definição À medida que as suas técnicas se tornaram mais elaboradas e a sua aplicação ampliada, constituindo, como já dissemos, um novo ramo da psicologia científica, as definições de aconselhamento sofreram idêntica evolução. As primeiras definições eram concisas (breves) e estáticas (sem progresso). Como, por exemplo, a de Garrett que definia aconselhamento como “uma conversa profissional”. 6 Definição Foi Carl Rogers que definiu o aconselhamento em termos mais dinâmicos e operacionais. Ele o definiu como “uma série de contatos diretos com o individuo com o objetivo de lhe oferecer assistência na modificação de suas atitudes e comportamentos”. Outras definições têm sido dados ao aconselhamento. Mac Kinney (5,p.22) apresenta a seguinte: “trata-se de uma relação interpessoal na qual o conselheiro assiste o indivíduo na sua totalidade psíquica a se ajustar mais efetivamente a si próprio e ao seu ambiente”. 7 Definição Nessa definição nota-se a planejar o aconselhamento em termos de ajustamento do indivíduo na sua totalidade ao tipo de ambiente em que deve viver. Tolberg (12 p. 3) se refere ao aconselhamento como uma relação pessoal entre duas pessoas, na qual o conselheiro, mediante a relação estabelecida e a sua competência especial, proporciona uma situação de aprendizagem, na qual o sujeito, uma pessoa normal, é ajudado a se conhecer a si próprio e as suas possibilidades e as suas possibilidades e prospecções futuras, a fim de fazer uso adequado de suas potencialidades e características de uma forma satisfatória. 8 Definição É necessário compreender na definição de Tolberg dois aspectos: Primeiro, o aconselhamento é encarado como uma situação de aprendizagem. Segundo, considerado como aplicável a pessoas normais. 9 Desenvolvimento Histórico O aconselhamento originou-se com Frank Parsons, em 1909, com o objetivo de promover ajuda a jovens em processo de escolha da carreira e em face à emergência de novas profissões e ocupações devido à Revolução Industrial. 10 Desenvolvimento Histórico O foco do aconselhamento era, portanto, conhecer as principais inclinações desses jovens para que eles pudessem ser encaminhados para ocupações consideradas adequadas a esses perfis profissionais (Patterson e Eisenberg, 1988), tanto no cenário escolar como no organizacional, em uma clara referência à teoria de traço e fator. 11 Desenvolvimento Histórico Para essa teoria, muito empregada no contexto da orientação escolar e profissional à época, os indivíduos poderiam ser diferenciados entre si em termos de habilidades físicas, aptidões e interesses, de modo que essas características estariam mais diretamente relacionadas a determinadas profissões e ocupações. O processo de escolha deveria ser racional, encaminhando as pessoas para as profissões consideradas ideais a partir do exame dessas características apresentadas por cada um. 12 Desenvolvimento Histórico Tal teoria alinhava-se aos princípios da psicometria e do positivismo, que priorizava a adaptação e o ajustamento do indivíduo ao mundo do trabalho, por meio do reconhecimento das habilidades e competências de cada um e dos processos de aprendizagem, distanciando o aconselhamento do campo da psicoterapia (Scheeffer, 1980; Schmidt, 2012). CITE ALGUNS EXEMPLOS! 13 Em quais áreas da vida é possível se utilizar aconselhamento? 14 Desenvolvimento Histórico Com o tempo, o campo do aconselhamento se ampliou, passando a designar uma relação de ajuda na qual o cliente, ou a pessoa em busca de atendimento, buscava alívio para suas tensões, esclarecimentos para suas dúvidas ou acompanhamento terapêutico. 15 Desenvolvimento Histórico Em face de problemáticas enfrentadas em diversos domínios da vida, como o educacional, o profissional e o emocional, não envolvendo apenas o fornecimento de informações, a aplicação de testes psicológicos e a orientação considerada diretiva (Hutz-Midgett e Hutz, 2012; Morato, 1999; Pupo e Ayres, 2013) 16 Desenvolvimento Histórico Foi o estudo de Carl Rogers (1942) que promoveu essa ampliação no campo do aconselhamento e a sua maior aproximação com a área da Psicologia Clínica e da psicoterapia, que já tinha bastante tradição à época. É por esse motivo que as discussões existentes na literatura científica que aproximam aconselhamento e psicoterapia possuem como ponto de referência os estudos de Carl Rogers. 17 Desenvolvimento Histórico Rogers traz a abordagem centrada na pessoa, como forma de possibilitar a aproximação desses campos de saber e intervenção psicológica. Para Rogers, havia semelhanças e diferenças entre esses campos, embora não devesse ser tarefa fundamental delimitar os objetivos de cada uma dessas atuações, pois ambas se colocavam a serviço de pessoas em sofrimento que buscavam ajuda. 18 Aconselhamento Psicológico O aconselhamento psicológico é uma das disciplinas consideradas básicas na formação do psicólogo e tem sua prática regulamentada no Brasil, sendo, muitas vezes, utilizado como forma de aproximar o aluno do universo clínico e dos atendimentos nos estágios específicos supervisionados (Scorsolini-Comin e Santos, 2013). 19 Aconselhamento Psicológico A prática do aconselhamento esteve tradicionalmente atrelada a diversas possibilidades de atuação, como fornecimento de informações, feedback positivo, direcionamento, orientação, encorajamento e interpretação. 20 Aconselhamento Psicológico Essa diversidade pode ser constatada no modo como são conhecidos os profissionais que atuam nessa área: psicólogos, terapeutas, conselheiros, aconselhadores, orientadores, profissionais de saúde, entre outros (Corey, 1983; Schmidt, 2012). 21 Aconselhamento Psicológico Há diversas formas de definir o aconselhamento psicológico: Desde a adoção de referenciais generalistas que focam na explicitação do processo de aconselhamento sem menção direta a abordagens psicológicas. Até mesmo de posicionamentos que partem exclusivamente de uma dada abordagem teórica para explicitar o que se concebe como aconselhamento psicológico. 22 Aconselhamento Psicológico Genericamente, trata-se de uma experiência que visa a ajudar as pessoas a planejar, tomar decisões, lidar com a rotina de pressões e crescer, com a finalidade de adquirir uma autoconfiança positiva. Pode ser considerada uma relação de ajuda que envolve alguém que busca auxílio, alguém disposto a ajudar e apto para essa tarefa, em uma situação que possibilite esse dar e receber apoio (Hackney e Nye, 1977). 23 Aconselhamento Psicológico Outra definição clássica é de uma “relação face a face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional, profissional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais” (Scheeffer, 1980, p. 14). 24 Aconselhamento Psicológico Ainda em termos das abordagens genéricas acerca do aconselhamento, é compreendido por Patterson e Eisenberg (1988, p. 20): “Processo interativo, caracterizado por uma relação única entre conselheiro e cliente, que leva este último a mudanças em uma ou mais das seguintes áreas”: comportamento, construtos pessoais, capacidade para ser bem-sucedido nas situações da vida ou conhecimento e habilidade para a tomada de decisão. 25 Aconselhamento Psicológico Para Corey (1983), aconselhamento é o processo pelo qual se dá a oportunidade de os clientes explorarem preocupações pessoais, ampliando a capacidade de tomar consciência e das possibilidades de escolha. Santos (1982, p. 6), um dos pioneiros do aconselhamento psicológico no Brasil e cujo pensamento esteve fortemente alinhado à abordagem centrada na pessoa, define a tarefa de aconselhar como o “processo de indicar caminhos, direções e de procedimentos ou de criar condições para que a pessoa faça, ela própria, o julgamento das alternativas e formule suas opções”. 26 Aconselhamento Psicológico Em termos dos elementos comuns a todos os aportes teóricos relacionados ao aconselhamento psicológico, Hackney e Nye (1977) destacam seis: (1) trata-se de um processo que envolve respostas aos sentimentos e pensamentos do cliente; (2) envolve uma aceitação básica das percepções e dos sentimentos do cliente, independentemente da avaliação externa do aconselhador; 27 Aconselhamento Psicológico (3) caráter confidencial e existência de condições ambientais (setting) para que se estabeleça a relação de ajuda; (4) a demanda pelo aconselhamento deve partir da pessoa que busca ajuda; (5) o foco está na vida daquele que busca ajuda, não na figura do aconselhador; (6) foco nos processos comunicativos entre aconselhador e cliente. 28 Aconselhamento Psicológico O processo de aconselhamento possui determinadas etapas nas quais algumas tarefas estão presentes e contribuem para uma intervenção bem-sucedida: (a) identificar e analisar problemas específicos; (b) ampliar a compreensão da pessoa acerca do problema; (c) avaliar os recursos pessoais existentes e que podem ser desenvolvidos para resolver o problema; 29 Aconselhamento Psicológico (d) definição do potencial de mudança dessas condições e atitudes pessoais; (e) utilização de ações específicas e que podem contribuir para o processo de mudança e/ou transformação referente ao problema relatado. 30 Aconselhamento Psicológico Desse modo, também considerando as diferenças existentes entre as abordagens teóricas, Pupo e Ayres (2013, p. 1091) sumarizam, a partir da literatura científica, que o aconselhamento é uma: “tecnologia de ajuda, de cuidado, e como uma prática instrumental que oferece auxílio estruturado e personalizado para o manejo de situações difíceis e de crise que exigem ajustamentos e adaptações, para a solução de problemas específicos e para a tomada de decisões”. 31 Aconselhamento Psicológico Ainda, há que se considerar a importância da relação entre conselheiro e cliente, considerada como um dos fatores de sucesso para uma intervenção. O profissional precisa ser autêntico, posicionar-se de modo positivo e sem avaliações ou julgamentos, além de manifestar um elevado grau de empatia nesse relacionamento (Rogers, 1942, 2001). 32 Aconselhamento Psicológico No contato entre esses dois agentes, deve-se possibilitar a expressão dos sentimentos daquele que busca ajuda. 33 Aconselhamento Psicológico O conselheiro deve ser capaz de facilitar o processo de autoconhecimento por parte de seu cliente, a fim de que possa buscar, por si mesmo, o seu crescimento pessoal e a autorrealização: [. . . ] a consulta psicológica [counseling] eficaz consiste numa relação permissiva, estruturada de uma forma definida que permite ao paciente alcançar uma compreensão de si mesmo num grau que o capacita a progredir à luz da sua nova orientação (Rogers, 1973, p. 29). 34 Aconselhamento Psicológico Erickson (3, p. 5) atribuiu as seguintes características a entrevista e aconselhamento: É uma relação entre duas pessoas; Um dos participantes (o entrevistador) assumiu ou foi levado a assumir a responsabilidade de ajudar o outro; O entrevistando têm possíveis necessidades, problemas, bloqueios ou frustrações que deseja tentar satisfazer ou modificar; 35 Aconselhamento Psicológico O bem-estar do entrevistando constitui o interesse central da situação; Ambos os participante desejam e estão interessados em tentar encontrar soluções para as dificuldades apresentadas pelo entrevistando. 36 Aconselhamento e Entrevista O termo aconselhamento tem sido usado como sinônimo de entrevista, talvez porque seja feito sob essa forma. Bingham e Moore definiam aconselhamento como “uma conversação com objetivos”. Entretanto a entrevista nem sempre visa atingir os objetivos do aconselhamento como nos casos das entrevista de pesquisa, de opinião pública, de seleção, cujas finalidades não são de prestar ajuda ao entrevistando. 37 Aconselhamento e Orientação Educacional O termo aconselhamento é usado muitas vezes com relação à orientação educacional e profissional. Na realidade, embora não sejam a mesma coisa, têm finalidade comum, porque ambos visam ajudar o orientando. O aconselhamento é parte integrante e imprescindível da orientação educacional e profissional. 38 Aconselhamento e Orientação Educacional A orientação educacional e o aconselhamento têm como finalidade um melhor ajustamento do estudante a fim de que ele possa desenvolver as suas potencialidades. Na orientação esse objetivo é realizado de maneira mais variada e através de outros recursos: abrange um campo mais amplo e têm recursos mais variados. 39 Aconselhamento e Orientação Educacional Visa, entre outros objetivos, a: Remover as causas de atrito entre aluno e professor; Promover atividades extracurriculares; Classificar e distribuir os alunos nas classes e promover currículo adequado às suas necessidades e possibilidades; Ajudar os alunos a utilizar melhor seus recursos individuais; 40 Aconselhamento e Orientação Educacional Promover serviço de diagnóstico e aconselhamento psicológico; Encaminhar os alunos profissionalmente e até proporcionar-lhes oportunidades de colocação. 41 Aconselhamento e Orientação Educacional Portanto o aconselhamento é um espaço do processo de orientação educacional e mesmo profissional, porém não pode ser confundido com esses conceitos. 42 Se eu posso falar com um amigo, porque vou pagar por um aconselhamento profissional? 43 Referências Bibliográficas SANTOS, O.B. 1982. Aconselhamento psicológico e psicoterapia: Auto-afirmação – um determinante básico. São Paulo, Pioneira, 150 p. ROGERS, C.R. 1973. Tornar-se pessoa. Lisboa, Moraes Editores, 348 p. SOUZA, L.V.; SCORSOLINI-COMIN, F. 2011. Aconselhamento de carreira: Uma apreciação construcionista social. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 12(1):49-60. 44 Referências Bibliográficas TRINDADE, I.; TEIXEIRA, J.A.C. 2000. Aconselhamento psicológico em contextos de saúde e doença – Intervenção privilegiada em Psicologia da Saúde. Análise Psicológica, 18(1):3-14. 45 Sugestão 46 Sugestão Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos (Fabio Scorsolini-Comin) Link: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S1983-34822014000100002
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