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ARTE @vestibularesumido Capítulos de Arte 1. ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA……………………………….………………….………………………PÁG. 5 2. ARTE DA MESOPOTÂMIA………………………….……………………………..………………PÁG. 8 3. ARTE EGÍPCIA…………….……………………………………………………………………..……PÁG. 10 4. ARTE GREGA…….……………………………………………………………………………………PÁG. 13 5. ARTE ROMANA…….……………………………………………………………..…………………PÁG. 16 6. ARTE BIZANTINA……………………………………………………………………………………PÁG. 18 7. ARTE RENASCENTISTA NA IDADE MODERNA……………………………………..……PÁG. 21 8. ARTE BARROCA E ROCOCÓ…………………………………………………..………………PÁG. 26 9. ROMANTISMO………………………………………………………………………………….……PÁG. 28 10. REALISMO……………………………………………………………………………………………..PÁG. 31 11. PAUL CÉZANNE, UM PRECURSOR………………………………………………………..…PÁG. 34 12. CUBISMO…………………………………………………………………………………………..….PÁG. 35 13. FUTURISMO………………………………………………………………………………………..…PÁG. 37 14. VINCENT VAN GOGH E O EXPRESSIONISMO……………………………………….…PÁG. 38 15. EXPRESSIONISMO ALEMÃO…………………………………………………………………. PÁG. 39 16. EXPRESSIONISMO NO TEATRO…………………………………………………………..…PÁG. 42 17. O CINEMA EXPRESSIONISTA………………………………………………………………...PÁG. 43 18. EXPRESSIONISMO NA DANÇA……………………………………………………….….…..PÁG. 44 19. BAUHAUS………………………………………………………………………………..….………..PÁG. 45 20. NOVOS SISTEMAS……………………………………………………………………..…...…..PÁG. 46 2 @vestibularesumido 21. A AVENTURA DADAÍSTA…………………………………………………………………..…..…PÁG. 47 22.A EXPERIÊNCIA SURREALISTA…………………………………………………………….…. PÁG. 52 23.MARIA MARTINS E O SURREALISMO NO BRASIL…………………………………..…PÁG. 55 24.SURREALISMO NO MÉXICO…………………………………………………………….……...PÁG. 56 25.CAMINHOS DA ABSTRAÇÃO………………………………………………………………..…PÁG. 58 26.ARTE REVOLUCIONÁRIA……………………………………………………………………...…PÁG. 60 27. TRANSGRESSÕES………………………………………………………………………..….……..PÁG. 62 28.MODERNISMO NO BRASIL……………………………………………………………………...PÁG. 63 29.TROPICALISMO……………………………………………………………………..….…………...PÁG. 69 30. NOVAS RUPTURAS PELO MUNDO…………………………………………………………..PÁG. 70 31. ARTE E COTIDIANO……………………………………………………………………..….………PÁG 72 32. OP ART……………………………………………………………………..….……………………….PÁG. 73 33. POP ART……………………………………………………………………..….……………………..PÁG. 75 34. REFLEXOS NO BRASIL……………………………………………………………………..…....PÁG. 78 35.MÚSICA PÓS-SEGUNDA GUERRA……………………………………………………………PÁG. 80 36. A MÚSICA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1950 E 1960……………………….….PÁG. 82 37. CONCEITO E AÇÃO……………………………………………………………………..….……..PÁG. 84 38.REPRESENTAÇÕES DO CORPO PELO MUNDO………………………………………...PÁG. 85 39.PERSPECTIVAS ESTÉTICAS NA IDENTIDADE NACIONAL…………………….…….PÁG. 87 40. O CORPO TRANSGRESSOR….…………………………………………………….………...PÁG. 89 41. ARTE FEMINISTA……………………………………………………………………...….………...PÁG. 92 3 @vestibularesumido 42.A ESCULTURA AMPLIADA……………………………………………………………………...PÁG. 94 43. A EXPRESSIVIDADE NOS ANOS 1980: O PÓS-MODERNISMO………………...PÁG. 95 44. 1980: A DÉCADA DO ROCK BRASILEIRO….…………………………………………….PÁG. 96 45. A ARTE CONTEMPORÂNEA E OS NOVOS SISTEMAS VISUAIS…………………PÁG. 97 46. O SAMBA……………………………………………………………………………………………..PÁG. 99 47. AS FESTAS POPULARES NA CULTURA BRASILEIRA………………………………..PÁG. 100 48.RITMOS REGIONAIS BRASILEIROS…………………………………………………………PÁG. 102 4 @vestibularesumido 5 ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA A arte na pré-história constitui uma das maneiras mais eficazes para que os pesquisadores possam reconstituir a cultura existente nos primórdios da humanidade. Essa foi justamente a época em que os homens ainda não haviam inventado a escrita. Portanto, os desenhos, esculturas e objetos encontrados nos dão pistas de como as pessoas viviam e se organizavam em um passado muito distante. A pré-história está dividida em três grandes períodos, sendo que em cada um deles a arte apresenta caraterísticas peculiares. Para facilitar o estudo, confira abaixo as divisões da Pré-História: • Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (do surgimento da humanidade até 8000 a.C.); • Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida (de 8000 a.C. até 5000 a.C.); • Idade dos Metais (5000 a.C. até o surgimento da escrita, por volta de 3500 a.C.). Período Paleolítico Nessa fase, a arte era realizada nas cavernas ou próximas delas, as quais eram chamadas de arte parietal e arte rupestre. Desenho de cavalo na caverna de Altamira A arte parietal recebe esse nome pois está relacionada com o suporte em que foi desenvolvida, ou seja, as paredes das cavernas. Já a Arte Rupestre era realizada fora das cavernas e das grutas. Nesse período, as pinturas eram feitas nas rochas e sua principal característica era o naturalismo. Além de figuras abstratas, foram desenvolvidas figuras de animais e homens. Geralmente, demostravam imagens de caça. Ademais da arte representada nas paredes das cavernas, foram desenvolvidos os primeiros instrumentos e ferramentas com pouca sofisticação: facas, machados, arpões, lanças, arcos, flechas, anzóis. As técnicas de produção eram simples e os materiais utilizados eram pedra, madeira, ossos, chifres e peles de animais. Nessa época, também foram produzidas esculturas, geralmente figuras femininas. Vênus de Willendorf (11 cm). Encontrada na Áustria, essa escultura data do período paleolítico Vale lembrar que o homem do paleolítico (caçador e coletor) era nômade, ou seja, vivia em busca de comida e abrigo, portanto, não se fixavam nos territórios. Período Neolítico A arte no período neolítico já pode ser vista fora das cavernas. Com um clima mais ameno, o homem do neolítico começa a viver próximo dos rios. @vestibularesumido 6 Peças de metal encontradas nos Bálcãs, datam de 5.300 a.C. A Idade dos Metais está dividida de acordo com o metal mais utilizado, a saber: • Idade do Bronze • Idade do Cobre • Idade do Ferro Também encontradas nos Bálcãs, figura feminina sem cabeça e pedaços de madeira e metal Nesse período, destacam-se os utensílios, instrumentos e ferramentas fabricados com o intuito utilitário. Por exemplo, os instrumentos de cozinha, objetos artísticos, armas, ferramentas para a agricultura, caça e pesca. Havia ainda esculturas em metal representando mulheres com roupas detalhadas e também guerreiros. É desse período a invenção da roda e o arado de bois utilizado na agricultura. Nesse momento, também começam a surgir os primeiros experimentos na escrita. Arte na Pré-História no Brasil Esse período marcou o sedentarismo da raça humana, que deixa de ser nômade e passa a construir vilas. A agricultura e a criação de animais foram as principais características desse período. Embora também fossem desenvolvidas com pedras, tal qual no Paleolítico, nota-se nesse período a evolução da arte, que apresentava um cuidado maior, como o polimento do material. Também destacam-se os objetos feitos de cerâmica e a confecção de tecidos de lã e linho, em substituição aos trajes confeccionados com peles de animais. Exemplar de peça de cerâmica do período neolítico Importante destacar ainda a construção de monumentos megalíticos, que são grandes pedras dispostas em composições únicas. Acredita- se que o objetivo dessas construções era para a realização de rituais e celebrações. Cromeleque de Almendres, Évora, Portugal. Monumento megalítico importante na Península Ibérica Idade dos Metais Com a descoberta dos metais, a arte começa a adquirir outro aspecto. Nesse período, ela esteve marcada pelo desenvolvimento da metalurgia e da expansão das técnicas de fundição. @vestibularesumido 7 Pintura Rupestre no Parque Nacional da Serra do Capivara, Piauí No Brasil, existem alguns sítios arqueológicos, sendo encontradas pinturas rupestres em vários locais nos estados de Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Um exemplo das pinturas rupestres que podem ser encontradas no parque. Detalhe de um dos conjuntos de pinturas rupestres do Parque Nacional do Catimbau. Inscrições rupestres entalhadas em uma parte da rocha. Vaso Cilíndrico marajoara, Coleção H. Law. @vestibularesumido 8 Grandes murais, artigos utilitários e de adornoforam desenvolvidos pelos mesopotâmicos. Muitas pinturas eram produzidas para adornarem os templos e palácios como os murais. Utilizavam diversas cores (com maior incidência do preto, branco, vermelho e amarelo) e mosaicos para retratar sobretudo, cenas cotidiano, de guerra, rituais, cerimônias, deuses e também a história desses povos. Arquitetura Mesopotâmica Zigurate de Ur, na província de Dhi Qar, no Iraque As construções arquitetônicas foram marcadas pela grandiosidade nas quais incluíam arcos, pinturas murais, esculturas e decorações em baixo relevo, sobretudo nos templos e palácios. Os principais materiais utilizados para erguer essas construções eram a argila e os tijolos queimados e cozidos ao sol. Com principal exemplo, podemos citar o “Zigurate de Ur”, uma espécie de templo em forma de piramidal criado pelos sumérios para adoração dos deuses. Escultura Mesopotâmica Rainha da Noite, Antiga Deusa da Mesopotâmia ARTE DA MESOPOTÂMIA A arte mesopotâmica representa as diversas manifestações artísticas (pintura, escultura, arquitetura, artesanato, literatura, etc.) que foram desenvolvidas pela civilização mesopotâmica durante cerca de 4.000 anos. Eles habitavam as terras férteis do vale dos rios Tigre e Eufrates, territórios que hoje pertencem a Turquia e a o I r a q u e . O s p r i n c i p a i s p o v o s mesopotâmicos foram: os sumérios, os acádios, os assírios, os caldeus e os babilônicos. Principais Características Ainda que seja difícil reunir as diversas características que marcaram a arte mesopotâmica, visto a infinidade de povos e culturas que se desenvolveram na região, no geral, a arte mesopotâmica reflete a história, a política, a religião, as forças da natureza e as diversas conquistas dos povos que habitaram o local até o século VI a.C., ou seja, até a conquista dos persas. Os principais materiais utilizados para a produção da arte mesopotâmica eram a argila, o adobe, a terracota, a cerâmica, o cobre, o bronze, o basalto, o ouro, a prata, o estanho, o alabastro, o junco, o marfim e ainda, diversas pedras preciosas. A arquitetura mesopotâmica foi a mais desenvolvida das artes desse período, sendo marcada pela grandiosidade das formas. A escultura e a pintura possuíam a mesma finalidade decorativa, ou seja, elas foram produzidas para decorar os espaços arquitetônicos. Pintura Mesopotâmica Mosaico de Leão da Babilônia, fragmento do portão de Ishtar em Istambul, Turquia @vestibularesumido 9 Muitas esculturas tinham o objetivo de ornar os grandes espaços arquitetônicos, tal qual as pinturas, e seguiam padrões naturalistas e/ou realistas. Tinham como principal característica a ausência de movimento, constituindo assim, esculturas rijas e estáticas. Literatura Mesopotâmica Tabuleta de argila com escrita cuneiforme do assírio antigo Os mesopotâmicos se destacaram também na literatura com a criação de poemas e narrativas épicas, como a “Epopeia de Gilgamesh”, inspiradora da descrição do dilúvio em Acádio. @vestibularesumido 10 ARTE EGÍPCIA A Arte Egípcia nasceu há mais de 3000 anos a.C. e está ligada à religiosidade, visto que a maior parte das suas estátuas, pinturas, monumentos e obras arquitetônicas se manifesta em temas religiosos. Assim, o interior dos templos, bem como as peças ou espaços relacionados com o culto dos mortos, eram artisticamente elaborados. Os túmulos são um dos aspectos mais representativos da arte egípcia. Isso porque os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e que ela poderia sofrer eternamente, caso o corpo fosse profanado. Daí decorre a mumificação e o caráter monumental do local onde as múmias eram colocadas, cujo objetivo estava voltado para protegê-las pela eternidade. A arte funerária era de extrema importância no Antigo Egito Pintura Egípcia: O faraó contratava artistas para desenhar e pintar nas paredes das pirâmides, que viriam a ser os seus túmulos. Essas pinturas detalhavam a vida deles e seu entorno, de modo que essa arte registra parte da história do Egito. Pinturas de 4,4 mil anos encontradas na tumba da Sacerdotisa Hetpet representam a sociedade da época Nessa sociedade, a arte era produzida de forma padronizada e não dava espaço para a criatividade. Dessa maneira, foi realizada uma arte anônima, pois o importante era a perfeita realização das técnicas executadas e não o estilo dos artistas. A dimensão das pessoas e objetos não caracterizava uma relação de proporção e distância, mas sim os níveis hierárquicos daquela sociedade. Assim, o faraó era sempre o maior dentre as figuras representadas numa pintura. Cores e tintas na Arte do Egito Antigo As tintas utilizadas nessas pinturas eram extraídas na natureza: • Preto (kem): associado à noite e à morte, a cor preta era obtida do carvão de madeira ou de pirolusite (óxido de manganésio do deserto do Sinai). • Branco (hedj): extraído do cal ou gesso, o branco simbolizava a pureza e da verdade. • Vermelho (decher): representava a energia, o poder e a sexualidade e era encontrado em substâncias ocres. • Amarelo (ketj): estava associado à eternidade e era extraído do óxido de ferro hidratado (limonite). • Verde (uadj): simboliza a regeneração e a vida e era obtido da malaquite do Sinai. • Azul (khesebedj): extraído do carbonato de cobre, o azul estava associado ao rio Nilo e ao céu. Características da Pintura Egípcia Existiam muitas normas a serem seguidas na pintura e no baixo-revelo produzidos no Antigo Egito: • Ausência de três dimensões; • Ausência de sombra; • Utilização de cores convencionais. Lei da Frontalidade A lei da frontalidade é a característica mais marcante na pintura egípcia. Essa regra determinava que o tronco das pessoas deveria ser representado de frente, enquanto a cabeça, pernas e pés exibidos de perfil. Os olhos também são retratados de frente. Essa maneira de representação cria uma combinação visual lateral e frontal. @vestibularesumido 11 Pintura no Templo de Tebas exemplificando a lei da frontalidade na arte egípcia Escultura Egípcia Exemplares de esculturas encontradas no Egito A maior parte das esculturas do Egito Antigo são representações dos faraós e dos deuses, apresentados em formas frontais, estáticas e sem qualquer expressão facial. As esculturas dos faraós eram representadas sempre na mesma posição: homem de pé e com o pé esquerdo a frente, homem sentado de pernas cruzadas ou sentado com a mão esquerda apoiada na coxa. Características da Escultura Egípcia • Formas estáticas; • Formas isentas de expressão facial; • Seguimento da convenção: em pé ou sentado. Esfinges Egípcias Com corpo de leão (representado a força) e cabeça humana (representando a sabedoria), as esfinges são, sem dúvida, as esculturas egípcias mais famosas. Elas eram colocadas nas entradas dos templos com o intuito de afastar os maus espíritos. Grande Esfinge de Gizé Arquitetura Egípcia Pirâmides de Gizé A arquitetura deste período reflete a funcionalidade, o que lhe conferia solidez e durabilidades incomparáveis para época. As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas da arquitetura egípcia. É também na região de Gizé que se localiza a esfinge mais famosa, a Grande Esfinge de Gizé. Enquanto o mastaba era o túmulo dos egípcios, as pirâmides eras os túmulos dos seus faraós, que eram considerados os representantes de Deus na terra. É importante referir que a base do triângulo representava o faraó e a sua ponta representava a sua ligação com Deus. @vestibularesumido 12 @vestibularesumido 13 Pintura Grega Jovem dança ao som da flauta A arte da pintura era desenvolvida em cerâmicas, bem como nas paredes das grandes construções. Os vasos nem sempre foram peças de decoração, sendo utilizados no trabalho diário ou para guardar mantimentos, tais como vinho e azeite. As pinturas mostravam harmonia e rigor nos detalhes. No que respeita às cores, seguia-se o seguinte padrão: figurasnegras sobre fundo vermelho ou figuras vermelhas e douradas sobre fundo negro ou fundo branco. Os principais pintores foram: Clítias, Exéquias e Sófilos. Arquitetura Grega Aspecto exterior do Panteão de Atenas, na capital da Grécia Os grandes templos erguidos pelos gregos tinham o propósito de prestar culto aos seus deuses. Uma das suas características é a utilização das colunas e a simetria entre a entrada e os fundos do templo. Igualmente, as praças eram importantes dentro da polis grega, pois eram um local de encontro e de passagem para seus habitantes. A arte grega abarca todas as manifestações artísticas e revela a história, a estética e mesmo a filosofia desta civilização. O povo grego foi na antiguidade um dos que exibiam manifestações culturais mais livres, rendendo-se pouco às ordens de reis e sacerdotes, pois acreditavam que o ser humano era a concepção mais incrível do universo. A arte grega passou pelos períodos arcaico, clássico e helenístico, e cada uma dessas fases históricas, influenciou a elaboração das obras. Detalhe de escultura grega Características da Arte Grega Os gregos se destacaram especialmente na pintura, na arquitetura e na escultura. Vejamos algumas características: • Simetria; • Perfeição; • Obras realizadas a partir de modelos vivos; • Uso religioso, doméstico ou funerário; • Valorização do ser humano. As pinturas e esculturas eram concebidas a fim de serem belas e assim perfeitas, de acordo com os princípios da filosofia grega. Esta, talvez, seja a principal característica da arte grega, o que a torna singular e cujas influências são visíveis até os nossos dias. As artes foram ainda influenciadas pelas próprias civilizações com as quais a Grécia se relacionava. Afinal, a Magna Grécia, compreendeu possessões na costa da Turquia, Macedônia, e sul da Itália. ARTE GREGA @vestibularesumido 14 Esta arte se manifesta nas esculturas dos deuses e dos atletas cuja perfeição dos detalhes dos corpos tornam os gregos excepcionais nessa manifestação artística. As esculturas, chamada de kouros - homem jovem e korés - mulher jovem, eram inicialmente feitas de mármore. Encontravam-se numa posição rígida e simétrica com o objetivo de dar-lhes equilíbrio. No entanto, com a necessidade de retratar movimentos, o mármore foi substituído pelo bronze por se tratar de um material mais leve. Assim, reduzia a probabilidade de a esculturar se partir. Com o tempo, as esculturas femininas que eram vestidas, passaram a se apresentar sem roupa. Da mesma forma, as estátuas não tinham grandes expressões facia is e passaram a retratar sentimentos. As esculturas gregas que chegaram até o dias de hoje são cópias feitas pelos romanos. Poucos exemplos, como a Vênus de Milo são originais. Os principais nomes da escultura grega foram: Fídias, Lisipo, Miron, Policleto e Praxíteles. Teatro Grego O teatro teve início com as festas em honra aos deuses, mais precisamente com o culto à Dionísio e se constituíam numa parte das celebrações religiosas. Além dos atores, contavam com o coro que comentavam a cena e explicavam as sutilezas das tramas para o espectador. A tragédia grega constitui uma das maiores heranças artísticas desse povo e são encenadas até hoje. Representação de uma apresentação de teatro na Grécia Antiga Outras obras de interesse na arquitetura grega foram a Acrópole de Atenas, Colosso de Rodes, Estátua de Zeus, Farol de Alexandria, Templo de Ártemis. A princípio, apenas as obras públicas recebiam atenção e imponência, entretanto, no século V a.C., as moradas também começam a ser realizadas de forma mais confortável e espaçosa. Estilos Arquitetônicos Gregos Podemos definir três estilos arquitetônicos gregos: • Coríntio: rico em detalhes;• Dórico: simples e maciço, representa o masculino; • Jônico: luxuoso, representa o feminino. Os principais artistas da arquitetura grega foram: Calícrates, Fídeas e Ictinos. Escultura Grega Exemplos das primeiras esculturas gregas onde a mulher estava vestida e o homem, nu @vestibularesumido 15 O desenvolvimento artístico do teatro está intimamente ligado à arquitetura dos anfiteatros gregos que aproveitavam o máximo a acústica para que todos pudessem ouvir o texto. Mais tarde, o teatro passou a retratar o cotidiano através da comédia. Os principais artistas do teatro grego foram: Choerilus, Phrynichus e Pratinas. Arte Grega e Romana Frequentemente ouvimos falar em arte greco- romana e isto ocorre pois a arte grega influenciou a arte romana. Os romanos tentaram imitar a arte grega porque ficaram impressionados com ela por ocasião do domínio da Grécia. A arte grega, por sua vez, também sofreu a ação da arte romana. Uma prova disso é o uso de arcos em detrimento das colunas na construção dos templos e palácios. @vestibularesumido 16 A arte romana foi produzida pelo povo pertencente à Roma Antiga e perdurou aproximadamente do século VIII a.C. ao século IV d.C. Foi fortemente influenciada pelos etruscos e gregos, sendo que as manifestações artísticas mais significativas remontam ao estabelecimento da República no ano de 509 a.C. Apesar disso, conhecemos poucos nomes de seus artistas e arquitetos, posto que era uma arte coletiva ou feita para seus mecenas. A arte desse período é dividida em arte da Roma Republicana (antes de 27 a.C.) e a da Roma Imperial (do ano 27 a.C. em diante). Características da Arte Romana • Influência da arte etrusca: expressão realista; • Influência da arte grega: expressão de ideal de beleza; • Uso de arcos e abóbodas na arquitetura; • Representação realista na escultura; • Colorido, delicadeza e precisão nos detalhes da pintura. Pintura romana na Vila dos Mistérios, em Pompeia (séc I a.C.) Os romanos aproveitaram a bagagem cultural dos etruscos, cuja arte era bastante desenvolvida, bem como deixaram-se influenciar pelos padrões estéticos gregos, que admiravam. Quando os romanos conquistaram a Grécia, ficaram fascinados com a sua arte e começaram a imitar os gregos. Daí resulta que muitas das características da arte grega são encontradas na arte romana. Como é o caso também da mitologia. A arquitetura foi a maior de todas as expressões artísticas dos romanos. Nela, a característica que mais se destaca é o uso dos arcos. As esculturas romanas, por sua vez, são essencialmente cópias das originais gregas. Nelas, o realismo é uma característica marcante. A pintura romana, classificada em quatro estilos, caracteriza-se ora pelo colorido das paredes, ora pelo ilusionismo ou pela riqueza de detalhes. Arquitetura Romana Coliseu, anfiteatro romano, acomodava mais de 40 mil pessoas para assistir os espetáculos Na arquitetura romana tem destaque a construção de portais, aquedutos, prédios, monumentos e templos. Eles foram erigidos com praticidade e inovação, como no caso do uso do arco e da abóbada nas construções. Essas estruturas amorteceram o emprego das colunas gregas e acrescentaram os espaços internos. Nas casas romanas não era diferente, posto que as plantas eram rigorosamente desenhadas em formas retangulares. Vale lembrar que os monumentos tinham o objetivo de homenagear os seus mecenas. Ademais, foram levantados anfiteatros que, com a tecnologia das abóbadas e arcos, abrigavam um grande número de pessoas, do qual grande exemplo é o Coliseu, em Roma. Os templos romanos, por sua vez, partem da fusão de elementos gregos e etruscos. Possuem planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres e uma escada na frente dando entrada à base. ARTE ROMANA @vestibularesumido 17 Escultura Romana Escultura romana. Fragmento do Altar da Paz, dedicado à deusa Pax A escultura romana era de caráter realista, posto que eles não representavam o "belo", mas as pessoas retratadas fidedignamente. Entretanto, os artistas romanos, por terem intenso contato com a arte grega, acabaram sendo influenciados por ela também na escultura. Ocorreu, então,uma junção entre o estilo grego com novas concepções romanas. As esculturas e relevos escultóricos costumavam adornar os prédios públicos e privados. Elas primavam pelo realismo e ocupavam espaços especiais em obras arquitetônicas, enriquecendo e complementando-as. Pintura Romana Nessa pintura romana, o centauro Quíron ensina Aquiles a tocar a lira. Afresco, Itália Os artistas romanos trabalharam uma grande variedade de temas, como acontecimentos históricos e cotidianos, lendas, conquistas militares, efígies e natureza-morta. As pinturas romanas eram realizadas em murais (afrescos) e possuíam tridimensionalidade. Os materiais utilizados variavam de metais em pó, vidros pulverizados, substâncias extraídas de moluscos, pó de madeira e até seivas de árvores. Além dos afrescos, encontramos mosaicos romanos por todas as partes do Império. Eles variam de modelos contemplativos de tesselas brancas e negras até as composições figurativas de várias cores. @vestibularesumido 18 Características e Manifestações da Arte Bizantina Em decorrência do período histórico, a Arte Bizantina expressa especialmente o caráter religioso. Além disso, o imperador era uma figura de referência sagrada uma vez que desempenhava o seu papel de governante em nome de Deus, tal como era propagado na época. Assim, muitas vezes se encontra mosaicos que retratavam o imperador e sua esposa entre Jesus e Maria. Os artistas da época não tinham liberdade para se expressar, não podiam usar sua criatividade; deviam apenas cumprir com a elaboração da obra, tal como lhes era solicitado. Podemos, dessa forma, destacar as seguintes características da arte bizantina: • Caráter majestoso que demostra poder e riqueza; • Ligação direta com a religião católica; • Demonstração clara da autoridade do imperador - ao considerá-lo sagrado; • Frontalidade - representação das figuras em posição frontal e rígida; Deste modo, Constantinopla viu muitos dos seus artistas migrarem para o Império Romano do Ocidente, cuja capital era Roma. Arquitetura Bizantina Basílica de São Vital, em Ravena, Itália A Arte Bizantina é uma arte cristã que surge no período em que o Cristianismo passa a ser reconhecido como religião. Jesus, considerado uma ameaça para o Império Romano, foi perseguido e morto pelos romanos. Após sua morte, seus adeptos se escondiam em catacumbas para rezar, pois continuaram sendo perseguidos . Até que em 313 o imperador Constantino outorgou o Édito de Milão, que proibia a perseguição aos cristãos e, então, o Cristianismo começa a crescer. Surgem assim, as igrejas cristãs e um novo estilo de arte, a Arte Bizantina. Arte Paleocristã e Arte Bizantina A Arte Bizantina se contextualiza na Arte Paleocristã, que tem origem nas expressões artísticas dos convertidos na fé em Jesus Cristo. Eram manifestações feitas especialmente através das pinturas nas catacumbas e nos sepulcros. Pintura paleocristã na Catacumba de Santa Priscila, Roma, séc II A Arte Bizantina, por sua vez, surge após a aceitação do Cristianismo e, assim, revela a exuberância de uma arte que pretende ser vista, divulgada e que tinha como propósito instruir os devotos, neles incutindo a devoção ao Cristianismo. Desse modo, a Arte Bizantina pode ser considerada o primeiro estilo de arte cristã ARTE BIZANTINA @vestibularesumido 19 Os ícones eram encontrados sobretudo nas igrejas, entretanto era possível também encontrá- los nos ambientes familiares, em oratórios. Foi na Rússia que essa expressão teve maior reconhecimento, principalmente na região de Novgorod. Foi lá que viveu o renomado artista André Rublev, no início do século XV. Ícones de André Rublev. À esquerda, Solenidade da Santíssima Trindade; à direita, Nossa Senhora da Misericórdia Iconoclastia e Arte Bizantina A pintura, todavia, não foi muito além do contexto religioso, uma vez que no Império Bizantino surgiu um movimento chamado de iconoclastia. Segundos os iconoclastas, figuras humanas não podiam ser adoradas, pois a adoração cabia apenas a Deus. De acordo com a prática monoteísta a veneração dos santos consistia no pecado da idolatria. Assim, para acabar com o culto a figuras humanas, o imperador proibiu a reprodução de toda representação humana, ordenando, inclusive, a destruição das obras artísticas que existissem nessas condições. Mosaico Bizantino Exemplo de mosaico bizantino O imperador mandou construir igrejas onde os convertidos pudessem se reunir para rezar. A arquitetura se destaca como expressão artística desse período pela construção de grandes e ricas igrejas, na verdade basílicas, dada a sua amplitude e riqueza expressa no revestimento de ouro e decoração com mosaicos. Os exemplos mais conhecidos de arquitetura da Arte Bizantina são: • As Basílicas de Santo Apolinário e São Vital, em Ravena; • A Igreja de Santa Sofia, em Istambul - obra da autoria do matemático Antêmio de Tralles e de Isidoro de Mileto, cuja construção foi feita entre os anos 532 e 537; • A Basílica da Natividade, em Belém - construção ordenada pela mãe do imperador Constantino na cidade onde Jesus nasceu. Foi construída entre os anos 327 e 333 e incendiada cerca de dois séculos depois. Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia. Construída para agradar as classes mais abastadas Pintura Bizantina A predominância dos temas religiosos dá destaque às pinturas feitas nas igrejas. Nessa época foi criado o ícone, uma vertente da pintura bizantina. Ícone em grego significa imagem e nesse contexto representavam personagens religiosas como a Virgem e Cristo, além de santos. Uma das técnicas bastante utilizadas pelos pintores bizantinos foi a têmpera, que consiste em preparar os pigmentos junto a uma goma feita de material orgânico (como a gema de ovo) a fim de fixar melhor as cores à superfície. @vestibularesumido 20 Os mosaicos foram bastante destacados no período e constituem a expressão máxima da arte bizantina, atingindo nesse momento a mais impecável realização. Entre outras coisas, eles retratavam o imperador, bem como profetas. Eram aplicados no interior das igrejas e exibiam cores intensas e materiais nobres que refletiam a luz, concedendo suntuosidade aos templos. Eram criados a partir de pequenos pedaços de pedras em cores distintas, colocados sobre cimento fresco em uma parede e que compunham, assim, um desenho. @vestibularesumido 21 ARTE RENASCENTISTA NA IDADE MODERNA O Renascimento Artístico representou uma das vertentes do período renascentista com a profusão de diversas obras. Lembre-se que o Renascimento foi um movimento artístico, intelectual e cultural que teve início no século XV na Itália. Foi com o declínio do sistema feudal e de diversas caraterísticas associadas ao período medieval, que surgiu a Renascença, um período de efervescência cultural, artística e científica que se espalhou pela Europa. A Adoração dos Reis Magos (1475) de Sandro Botticelli Características do Renascimento nas Artes Diferentemente da arte medieval, o renascimento artístico esteve inspirado na antiguidade clássica, ou seja, nas artes greco-romana, que haviam sido esquecidas durante séculos. Para os artistas do renascimento, o contexto associado ao período medieval impossibilitou a evolução da arte em diversos aspectos. Isso porque, o medievo esteve intimamente relacionado a uma cultura religiosa, de onde o teocentrismo (Deus no centro do Universo) regia a vida das pessoas. Foi a partir do avanço científico, social e cultural que surge o movimento do renascimento, o qual foi marcado sobretudo pelo caráter humanista. Assim, o teocentrismo medieval dá lugar ao antropocentrismo renascentista, com a chegada da Idade Moderna. A grande contribuição da arte renascentista foi a descoberta da perspectiva e da profundidade. Assim, do plano reto e bidimensional da arte medieval, a arte da renascença promoveu um outro olhar. Outros aspectos, não menos importantes, exploradospelos artistas do renascimento, foram o equilíbrio das formas e a busca da harmonia, fundamentadas na arte clássica. Vale lembrar que o renascimento artístico incluiu a evolução da pintura, escultura, arquitetura e literatura, valorizando aspectos humanos e da natureza. Ainda que muitos temas explorados pelos artistas do renascimento estejam associados ao plano religioso e espiritual, a mudança de mentalidade da época proporcionou incluir uma variedade de temáticas. Os assuntos abordados variavam desde os costumes, a mitologia, as paisagens, dentre outros. Principais Artistas e Obras Segue abaixo os principais artistas e obras do período renascentista, os quais foram grandes destaques na área da pintura, arquitetura, escultura e literatura. Leonardo da Vinci (1452-1519) Sem dúvida, Leonardo foi um dos principais artistas do Renascimento. n @vestibularesumido 22 A última ceia (1495-1498) Pintor, escultor, arquiteto e literato renascentista, de suas principais obras destacam-se: • Mona Lisa (La Gioconda); • A Última Ceia; • A Virgem das Rochas; • Homem Vitruviano. Michelangelo (1475-1564) Michelangelo foi pintor, escultor, arquiteto e escritor renascentista. Pietà (1498-1499) Considerado o “Gigante do Renascimento”, destacou-se com a produção de sua escultura de diversas obras, entre elas, destacam-se: • David; • Pietà; • Moisés; • Teto da Capela Sistina, com destaque para a pintura A Criação de Adão. Donatello di Niccoló (1368-1466) Donatello foi um escultor italiano nascido em Florença, teve grande destaque na arte renascentista. David (1430-1440) De seus trabalhos destacam-se as esculturas: • David; • Gattamelata; • São Marcos; • Tabernáculo de São Jorge. Sandro Boticcelli (1445-1510) Pintor e desenhista italiano, Boticcelli foi um dos principais nomes do renascimento italiano. O nascimento de Vênus (1485-1486) De suas obras destacam-se: • O Nascimento de Vênus; • Adoração dos Reis Magos; • Primavera e Virgem com o Menino; • São João Batista Criança. Rafael Sanzio (1483-1520) Pintor italiano que, em suas obras, utilizou a técnica do contraste de luz e sombras, sendo reconhecido como um dos principais nomes do movimento renascentista. https://www.todamateria.com.br/homem-vitruviano/ https://www.todamateria.com.br/david-de-michelangelo/ https://www.todamateria.com.br/pieta-de-michelangelo/ https://www.todamateria.com.br/teto-da-capela-sistina/ https://www.todamateria.com.br/a-criacao-de-adao-michelangelo/ https://www.todamateria.com.br/o-nascimento-de-venus/ @vestibularesumido 23 Madona do Prado (1506) De suas obras merecem destaque as diversas pinturas de Madonas e O Casamento da Virgem. Masaccio (1401-1428) Pintor italiano considerado o primeiro grande pintor do renascimento artístico. O pagamento do tributo (1425) De suas obras merecem destaque: • Sagrada Trindade; • A Natividade; • Tríptico de San Giovenale; • Expulsão do Paraíso; • O pagamento do tributo. Filippo Brunelleschi (1377-1446) Arquiteto e escultor italiano. Cúpula da Catedral Santa Maria del Fiore (1438) em Florença Suas principais obras arquitetônicas foram: • Domo (cúpula) da catedral de Santa Maria del Fiore; • Hospital do Inocentes; • Palácio Pitti; • Capela Pazzi. Tintoretto (1518-1594) Jacopo Comin, mais conhecido como Tintoretto, foi um pintor italiano da última fase do renascimento artístico (denominada de alto renascimento). A última ceia (1592-1594) Considerado precursor do movimento do barroco, suas obras mais notáveis são: • Marte e Vênus surpreendidos por Vulcano; • O Milagre de São Marcos; • A Última Ceia; • São Jorge lutando contra o Dragão. Paolo Veronese (1529-1588) Pintor italiano pertencente à última fase do renascimento, a obra de Veronese abrange aspectos da escola maneirista. @vestibularesumido 24 As bodas de Caná (1562-1563) De suas pinturas mais notáveis destacam-se: • As Bodas de Caná; • A Batalha de Lepanto; • O Sacrifício de Isaac; • Adoração pelos Magos. Andrea Mantegna (1431-1506) Pintor e gravador italiano, Andrea contribuiu com a técnica do ilusionismo espacial. Lamentação sobre o Cristo Morto (1480) De suas principais obras merecem destaque: • Quarto dos esposos; • Lamentação sobre Cristo Morto; • Judite e Holofernes; • A Circuncisão de Jesus. Fra Angelico (1387-1455) Guido di Pietro Trosini, mais conhecido pelo nome Fra Angelico, foi um pintor italiano beatificado pela Igreja Católica em 1982. A anunciação (1437-1446) Um dos precursores da pintura renascentista, destacou-se com suas obras: • O Juízo Final; • Adoração dos Reis Magos; • A Anunciação; • A Coroação do Virgem. Donato Bramante (1444-1514) Arquiteto e pintor Bramante foi discípulo de Andrea Mantegna. Cristo na coluna (1479) Contribuiu para as construções arquitetônicas da Igreja de São Pedro, em Montorio, e da Basílica de São Pedro. Na pintura, merecem destaque as obras: • Cristo na Coluna; • Homens de Armas. @vestibularesumido 25 Dante Alighieri (1265-1321) Escritor italiano, considerado um dos primeiros e dos maiores escritores de língua italiana. Dante e seus Poemas (1460), por Domenico di Michelino. Além da literatura, foi um estadista e político da época da renascença. De suas obras merece destaque: • A Divina Comédia; • Sobre a Eloquência Vernácula; • Vida Nova e Monarquia. Francesco Petrarca (1304-1374) Escritor italiano considerado o "Fundador do Humanismo Renascentista" e criador da forma fixa literária, os sonetos. Francesco Petrarca na obra Ciclo dos Famosos Homens e Mulheres (1450), por Andrea di Bartolo di Bargilla. De suas obras destacam-se: • Cancioneiro e o Triunfo; • Meu Livro Secreto; • Itinerário para a Terra Santa; • Remédios para os Trancos e Barrancos. Giovanni Boccaccio (1313-1375) Escritor e humanista italiano, Boccaccio foi um estudioso da obra de Dante. Representação de Boccaccio, autor desconhecido Suas obras de destaque, são: • Decameron (grande obra que inclui cerca de 100 novelas); • Mulheres famosas; • Rima e Visão Amorosa. Nicolau Maquiavel (1469-1527) Escritor, historiador e político italiano, Maquiavel foi um dos grandes nomes da literatura renascentista. Retrato de Nicolau Maquiavel feito na segunda metade do século XVI, por Santi di Tito Considerado o “Pai do Pensamento Político Moderno” sua principal obra é O Príncipe, que aborda sobre o tema da unificação italiana. https://www.todamateria.com.br/a-divina-comedia/ https://www.todamateria.com.br/o-principe-de-maquiavel/ @vestibularesumido 26 A Arte Barroca teve início em Roma no ano 1600 d.C. e durou até 1750. O Barroco marcou a história da Arte, tendo sido o estilo mais esplendoroso, imponente e ornamentado de todos os tempos. Com a introdução do Barroco, a Arte, que era racional durante o Renascimento, passou a ter mais emoção e dinamismo. Um elemento comum da Arte Barroca foi o domínio da luz que era usado para efetuar fortes contrastes de luz e sombra, efeitos dramáticos, impactos emocionais e sensibilidades nas pinturas. Na Itália, a religião influenciou vários aspectos da Arte Barroca, devido ao fato que a Igreja Católica financiava catedrais. A Igreja italiana esperava voltar a atrair fiéis com gloriosas obras de arquitetura. Na França, reis construíam palácios magníficos para mostrar o poder e a glória da Monarquia. No norte da Europa, nos países onde o Protestantismo era a principal religião, imagens religiosas eram proibidas. Temas frequentes em quadros eram retratos, natureza- morta e paisagens. O estilo Barroco se espalhou por toda Europa e pelas colônias espanholas e portuguesas das Américas, incluindo o Brasil. Barroco Italiano - Caravaggio O Barroco teve início em Roma. O artista Caravaggio (1571-1610) se tornou um símbolo do Barroco italiano. Caravaggio - Bacchus A arte de Caravaggio foi influenciada por Michelangelo. As pinturas religiosas de Caravaggio eram de santos que pareciam ser pessoas comuns e de milagres que pareciamser eventos do cotidiano. Por esse motivo, muitas igrejas e pessoas que encomendaram altares de Caravaggio se recusaram a aceitar o seu estilo. Barroco Espanhol - Velázquez A arte do espanhol Diego Velázquez (1599-1660), no começo de sua carreira, atraiu a atenção do Rei Felipe IV. O rei escolheu Velázquez para ser o único artista a pintar seus retratos. Velázquez passou trinta anos de sua carreira pintando para a corte espanhola. Velázquez era diferente de outros artistas barrocos, pois não pintava quadros ostentosos. Em suas obras, ele retratava a corte com dignidade e realismo, apresentando as pessoas em poses mais naturais. Diego Velázquez - As Meninas O quadro "As Meninas" de Velázquez foi eleito inúmeras vezes como a maior obra de arte da história. O quadro retrata a princesa Margarita aos cinco anos de idade, rodeada por damas de honra e anãs. O quadro é minucioso, mostrando os detalhes da sala em que estava a princesa. O quadro também inclui detalhes como o próprio reflexo do artista no espelho, ARTE BARROCA E ROCOCÓ @vestibularesumido 27 Rococó O estilo Rococó ocorreu durante a segunda metade do século XVIII, quando reinava Luís XV da França. O estilo nasceu em Paris e se espalhou pela Europa. Era utilizado na decoração de castelos, igrejas e casas e na arte de quadros, talheres, roupas e porcelanas. O estilo rococó foi essencialmente um estilo de arte decorativa com ornamentos de linhas curvadas, como desenhos de flores e conchas. As pinturas do estilo Rococó retratavam a aristocracia da época se divertindo. A arte era leve, cheia de vida e superficial. As linhas retas dos estilos anteriores foram substituídas por curvas e as cores usadas eram prata, ouro ou cores leves. Amantes Felizes - Jean-Honoré Fragonard Barroco Francês - Palácio de Versalhes A política influenciou a arte e a arquitetura barroca. As monarquias da França e da Espanha encomendavam obras de artes e edificações que refletiam o esplendor e a riqueza monárquica. Palácio de Versalhes Jardim do Palácio de Versalhes A construção do Palácio de Versalhes teve início em 1669. O palácio foi construído em honra e a mandado do rei francês Luís XIV, o Rei Sol. O Palácio de Versalhes é a construção da época barroca mais significante da França. Ele é extremamente luxuoso, tendo centenas de aposentos decorados com mármore, móveis de prata e decorações em ouro. Os jardins do palácio também refletiam o luxo exigido por Luís XIV. @vestibularesumido 28 O romantismo é um movimento artístico e cultural caracterizado pelo sentimentalismo, subjetivismo e fuga da realidade. Esse movimento surgiu no século XVIII na Europa, durante a revolução industrial, e logo se espalhou por diversos países como: França, Alemanha, Inglaterra, Brasil e Portugal. Ele durou até meados do século XIX, quando começa o realismo. Contrário aos valores clássicos de equilíbrio e harmonia, ele se manifestou em diversos campos: literatura, pintura, escultura, arquitetura e música. A adoração dos Magos (1828), pintura romântica de Domingos Sequeira A arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a valorizar o folclórico e o nacional. Ela ultrapassa as barreiras da Corte e começa a ganhar a atenção do povo. Na literatura, o romantismo teve como marco inicial a publicação da obra Os sofrimentos do jovem Werther (1774), do escritor alemão Goethe. No Brasil, a literatura romântica tem início com a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães. Já em Portugal, ele começa em 1825 com a publicação da obra poética Camões, escrita por Almeida Garrett. Características do romantismo • Sentimentalismo: supervalorização das emoções pessoais, com destaque para a melancolia. • Subjetivismo: oposto ao objetivismo, há valorização das sensações do ser humano e da liberdade de pensamento. • Egocentrismo: foco no indivíduo, que passa a ser o centro das atenções. • Escapismo: desejo de evasão para escapar da realidade como ela se apresenta, criando um mundo idealizado. • Idealizações: idealização da sociedade, do amor e da mulher, buscando uma realidade diferente. • Oposição ao modelo clássico: valorização da arte popular e folclórica, oposta à arte erudita da antiguidade clássica. • Nacionalismo: forte exaltação da natureza e da pátria, com temas relacionados com a grandiosidade da natureza e o sentimento de pertença. • Retorno ao passado: a Idade Média passa a ser a referência para os artistas, que apreciavam as tradições e a fé humana. O romantismo no Brasil No Brasil, o Romantismo começa anos depois da Independência do país, que aconteceu em 7 de setembro de 1822. Livre do controle estabelecido pela metrópole portuguesa, o país começa a buscar uma identidade mais brasileira que o afastasse dos moldes europeus. É notório na literatura romântica do país a presença de elementos mais brasileiros, com características do povo, da cultura e de uma linguagem regionalista. O marco inicial do movimento romântico no Brasil é a publicação do livro de poesias Suspiros poéticos e saudades, em 1836, de Gonçalves de Magalhães. Nesse mesmo ano, foi publicada em Paris a Revista Niterói, que reuniu um grupo de estudantes interessados em divulgar a cultura brasileira, do qual fazia parte Gonçalves de Magalhães. Por esse motivo, essa publicação é tida também como precursora do ROMANTISMO @vestibularesumido 29 Principais autores do Romantismo no Brasil O romantismo no Brasil contou com uma produção literária muito vasta que englobou a poesia lírica e épica, o romance e o teatro. Alguns escritores que tiveram grande destaque no romantismo foram: • Na poesia lírica e épica: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Sousândrade. • No romance: José de Alencar, Joaquim manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães. • No teatro: José de Alencar, Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo e Martins Pena. As fases do romantismo no Brasil O romantismo no Brasil foi dividido em 3 fases, também chamadas de gerações: • Primeira geração romântica (1836 a 1852): nacionalista, indianista e religiosa. • Segunda geração romântica (1853 a 1869): egocentrismo exacerbado e pessimismo. • Terceira geração romântica (1870 a 1880): cunho social e libertário. Primeira fase do romantismo (1836 e 1852) A primeira fase do romantismo é chamada de Geração nacionalista-indianista. Inspirados pela ideia de uma nação livre e autônoma, os escritores desse período se empenharam em consolidar alguns aspectos da identidade nacional. Tendo como foco uma literatura nacionalista, eles exploraram temas relacionados com a valorização da natureza, o povo brasileiro, a cultura popular, o folclore brasileiro e o passado histórico. Uma das marcas mais relevantes da literatura dessa fase é o indianismo, onde o índio, eleito herói nacional, torna-se símbolo da pureza e da inocência, sendo apontado de maneira idealizada. Iracema (1884), obra de José Maria de Medeiros (1849-1925) Iracema (trecho da obra de José de Alencar) “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.” Autores e obras da primeira fase do romantismo no Brasil • Gonçalves de Magalhães (1811-1882) - Obras: Suspiros poéticos e saudades (1836), A Confederação de Tamoios (1857) e Os Indígenasdo Brasil perante a História (1860). • Gonçalves Dias (1823-1864) - Obras: Canção do exílio (1843), I- Juca- Pirama (1851) e Os Timbiras (1857). • José de Alencar (1829-1877) - Obras: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Segunda fase do romantismo (1853 a 1869) Diferente da primeira fase, focada na busca de uma identidade nacional, a segunda geração romântica, chamada de ultrarromântica ou de mal do século, foi marcada pelo egocentrismo e o negativismo. Influenciada pela poesia pessimista do inglês George Gordon Byron (1788-1824), um dos principais escritores do romantismo europeu, essa geração também ficou conhecida como Byroniana. Numa atitude de protesto contra o mundo e a realidade social e política do país, os escritores desse período mostram desinteresse pela vida. Assim, eles exploram temas como a frustração, a desilusão, o tédio, o negativismo, a fuga da realidade e a morte. https://www.todamateria.com.br/primeira-geracao-romantica/ https://www.todamateria.com.br/segunda-geracao-romantica/ https://www.todamateria.com.br/terceira-geracao-romantica/ @vestibularesumido 30 O Navio Negreiro, tragédia no mar (trecho do poema de Castro Alves) “Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite… Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...” Autores e obras da terceira fase do romantismo no Brasil Os escritores de maior destaque na terceira fase romântica foram: • Castro Alves (1847-1871) - Obras: O Navio Negreiro (1869) e Espumas flutuantes (1870). • Tobias Barreto (1839-1889) - Obras: Amar (1866), A Escravidão (1868) e Dias e noites (1893). • Sousândrade (1833-1902) - Obras: Harpas Selvagens (1857) e O Guesa (1858 e 1888). Minha desgraça (trecho do poema publicado na obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo) “Minha desgraça, não, não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco, E meu anjo de Deus, o meu planeta Tratar-me como trata-se um boneco.... Não é andar de cotovelos rotos, Ter duro como pedra o travesseiro.... Eu sei.... O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro....” Autores e obras da segunda fase do romantismo no Brasil Os escritores que tiveram grande destaque na segunda fase romântica foram: • Álvares de Azevedo (1831-1852) - Obras: Lira dos Vinte anos (1853), Noite na taverna (1855) e Macário (1855). • Casimiro de Abreu (1839-1860) - Obra: publicou somente um livro de poesias As primaveras (1859). • Fagundes Varela (1841-1875) - Obras: Noturnas (1861), Cântico do Calvário (1863) e Cantos e fantasias (1865). Terceira fase do romantismo (1870 a 1880) A terceira fase do romantismo é chamada de Geração condoreira, pois está relacionada com a ave condor, uma ave solitária que voa alto e é símbolo dos Andes. Os escritores dessa fase são inspirados pela poesia do poeta francês Victor Hugo, que também ficou conhecida como Geração hugoana. Nesse período, surge a poesia social, relacionada, sobretudo, com o tema do abolicionismo. Castro Alves, o “poeta dos escravos”, foi a principal figura do momento, cuja poesia esteve voltada para os problemas humanos, sem apresentar uma visão idealizada do mundo. Temas como a escravidão e a opressão são os mais abordados pelo poeta. @vestibularesumido 31 O realismo é uma tendência estética surgida na Europa durante a segunda metade do século XIX. Do ponto de vistas das artes plásticas, desponta sobretudo na pintura francesa, entretanto, também se desenvolve na escultura, arquitetura e no meio literário. O contexto histórico em que ocorre é o do sucessivo crescimento industrial e científico das sociedades. Naquele momento, passou-se a acreditar que, com a natureza "dominada", era preciso haver maior objetividade e realismo também nas expressões artísticas, rejeitando todo tipo de visão subjetiva e ilusória. Características da Arte Realista • objetividade; • rejeição a temas metafísicos (como mitologia e religiosidade); • representação da realidade "crua": as coisas como elas são; • realidade imediata e não imaginada; • politização; • caráter de denúncia das desigualdades. • Moças peneirando trigo (1853-54), de Gustave Coubert, mostra o trabalho braçal feminino Na arte realista predominam temas do cotidiano. Os artistas se ocupam em retratar as pessoas como aparentam, sem idealizações. Dessa forma, por conta do amadurecimento da industrialização e da crescente desigualdade e pobreza, os trabalhadores serão assunto de destaque. Pintores realistas Na pintura, os artistas realistas de maior destaque são: Gustave Courbet (1819-1877) Autorretrato de Courbet, produzido aproximadamente em 1843 O pintor Gustave Courbet (1819-1877) é considerado o mais importante artista dessa vertente e criador da estética realista na pintura social. Courbet demonstrava interesse e empatia pela parcela mais pobre da população do século XIX, e isso transparece em suas telas. A preocupação do artista era também com a superação das tradições clássica e romântica, além dos temas que essa sugeria, como a mitologia, religião e fatos históricos. À esquerda, Os quebradores de pedra (1849). À direita, Os camponeses de Flagey (1848) REALISMO @vestibularesumido 32 Manet, diferentemente de Coubert e de outros pintores realistas, não tinha como mote a vida rural e dos trabalhadores, tampouco a intenção de fazer uma crítica social com sua arte. Esse artista pertencia à elite burguesa e seu realismo destacava o estilo de vida aristocrático. Rompeu com a tradição academicista da pintura no que diz respeito à técnica e foi criticado por curadores na época. Mais tarde, dá impulso a uma nova corrente, o impressionismo, que seria o precursor da arte moderna. Realismo na Escultura Na escultura, o realismo também se manifestou. Da mesma forma que na pintura, os escultores buscavam retratar as pessoas e situações sem idealizações. A preferência era por temas contemporâneos e, muitas vezes, assumiam uma postura política. O artista que mais se destacou nessa vertente foi August Rodin (1840-1917), que ocasiona muitas polêmicas. A idade do Bronze (1877), de Rodin. À direita, detalhe da escultura Logo em seu primeiro grande trabalho, A Idade do Bronze (1877), Rodin causa alvoroço. O enorme realismo do trabalho chegou a gerar dúvidas quanto à sua produção, se teria sido feita a partir de moldes de modelos vivos. Quando se fala em Rodin, é importante citar também a artista Camille Claudel, que foi sua assistente e amante. Sabe-se hoje que Camille auxiliou e finalizou muitas das obras do famoso escultor. Da mesma forma, vale lembrar também que muitos estudiosos classificam August Rodin como um precursor do estilo modernista. Cabe dizer que Courbet era admirador das teorias anarquistas de Proudhon que despontavam na época, ele também teve intensa participação durante a Comuna de Paris.Dessa forma, seu posicionamento político teve grande impacto em sua produção. Jean-François Millet (1814-1875) Angelus (1858) é uma das obras que retrata com maior fidelidade o compromisso de Millet com o realismo Millet também foi um importante pintor realista. Juntamente com Camille Corot e Théodore Rousseau, organizou um movimento artístico chamado Escola de Barbizon, no qual eles retiram-se de Paris e se estabelecem no povoado rural de Barbizon. Lá, o grupo de pintores se dedica a representação de paisagens e cenas rurais. Para Millet, mais importava a representação humana do que o cenário em si. Ele dedicou-se, sobretudo, a retratar camponeses e a integração da natureza com o ser humano. Édouard Manet (1832-1883) Almoço na relva (1863) causou polêmica no Salão dos Artistas Franceses e foi rejeitada, sendo exposta mais tarde no Salão dos Recusados https://www.todamateria.com.br/manet/ https://www.todamateria.com.br/arte-moderna/ https://www.todamateria.com.br/arte-moderna/@vestibularesumido 33 Realismo no Brasil O violeiro (1899), de Almeida Júnior No Brasil, o movimento realista não se dá da mesma maneira que na Europa. Aqui, o realismo expresso em temas de paisagem é produzido por artistas como Benedito Calixto (1853-1927) e José Pancetti (1902-1958). Na representação do povo simples e de temas rurais, temos Almeida Júnior (1850-1899). No que se refere ao caráter social, podemos citar Cândido Portinari (1903-1962). https://www.todamateria.com.br/candido-portinari/ @vestibularesumido 34 O francês Paul Cézanne (1839-1906) é considerado precursor de importantes movimentos da Arte Moderna, como o Cubismo e outras vanguardas que surgiram a partir de então. Era filho de uma família abastada e manteve-se distante das agitações culturais parisienses, vivendo isolado em sua propriedade em Aix-en-Provence, no sul da França. Recluso, dedicou sua vida ao trabalho com a pintura. Em suas obras, Cézanne demonstrou pioneirismo ao geometrizar as formas, fossem elas paisagens, elementos da natureza ou figuras humanas, procurando a simplificação e a fragmentação da realidade. Figura 2. Paul Cézanne. The François Zola Dam. 1877-1878. Óleo sobre tela. 54,2 x 74,2 cm. PAUL CÉZANNE, UM PRECURSOR Na composição da paisagem apresentada na figura 2, o artista procurou equilibrar formas e cores. Os elementos são transformados em massas compactas que resultam do movimento das pinceladas e da simplificação da estrutura e da forma de árvores, casas e telhados. Os sucessivos planos são percebidos pelos contrastes das cores e pelas variações de tonalidades. Toda a composição sugere uma natureza sólida e harmoniosa. @vestibularesumido 35 O Cubismo surgiu das experiências de Pablo Picasso e do francês Georges Braque (1882-1963) entre 1906 e 1909. Eles procuravam reproduzir um objeto sob todos os ângulos, propondo a simultaneidade dos pontos de vista imaginados. Para alcançar esse objetivo, buscavam maior geometrização das formas e decomposição da perspectiva. Assim, acabaram por desconstruir a sintaxe tradicional na pintura, o que se refletiu também em outras manifestações, como a escultura, a arquitetura e a literatura. O movimento teve duas fases: a primeira é chamada de Cubismo Analítico; a segunda, Cubismo Sintético. A partir de então, torna-se necessário um maior esforço intelectual por parte do público para interpretação do objeto artístico, o que traz profundas consequências para as artes visuais. Cubismo Analítico No Cubismo Analítico, os artistas buscavam a representação de um objeto decomposto em vários ângulos num mesmo plano. Figura 3. Georges Braque. Violino e jarro. 1910. Óleo sobre tela. 117 × 73 cm. Em Violino e jarro (Figura 3), Georges Braque apresenta sob vários ângulos simultâneos os objetos que dão nome à obra. Valendo-se de uma escala reduzida de cores, quase monocromática, o pintor se preocupa mais com as formas do que com a representação naturalista da cena. As regras de perspectiva são desconsideradas, privilegiando-se a sucessão a sobreposição de formas e planos até quase se perder o imediato reconhecimento da imagem. Braque e Picasso se conheceram em 1907 e trabalharam juntos até 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Devido a um ferimento na cabeça ocorrido em 1915, quando lutava na guerra, Braque se viu obrigado a afastar-se da pintura por dois anos. Cubismo Sintético No Cubismo Sintético, as formas tendem a ficar mais reconhecíveis e menos fragmentadas. Os artistas passam a adicionar às telas colagens de impressos, letras e elementos reais relacionados ao tema pintado. Durante essa fase, o espanhol Juan Gris (1887-1927) e os franceses Robert Delaunay (1885-1941) e Fernand Léger (1881-1955) também se destacaram. Figura 4. Juan Gris. Copos e jornal. 1914. Colagem, tinta guache, tinta a óleo e lápis. 24 ×15cm. Na obra Copos e jornal (Figura 4), Juan Gris decompõe os objetos em vários ângulos sem que, no entanto, percam a relação com sua forma original. Sobre a tela, recortes de jornais são colados em vez de serem representados. As palavras do texto atuam como elementos composicionais, pois as letras, nesse contexto, adquirem potência de imagem. CUBISMO @vestibularesumido 36 Figura 5. Fernand Léger. Três mulheres. 1921-1922. Óleo sobre tela. 183,5 x 251,5 cm. Em Três mulheres (Figura 5), Fernand Léger pinta formas femininas usando uma geometrização tão esquemática que o corpo aparenta ser um conjunto de conexões tubulares, o que dá certa aparência mecânica. Com exceção da mesa vermelha, em primeiro plano, e de outra menor, no canto superior direito, quase não existem indicadores de perspectiva, e o elaborado fundo geométrico pouco se distingue das figuras femininas, não havendo rigorosa separação entre forma e fundo, como ocorria tradicionalmente em movimentos anteriores. @vestibularesumido 37 O movimento teve duas fases distintas. Na primeira delas, privilegiavam- se técnicas de pintura que se assemelhavam às do Divisionismo e às do Fauvismo, como o uso de cores vibrantes e de pinceladas separadas. É dessa fase a tela Poste de iluminação (Figura 6), do italiano Giacomo Balla (1871-1958), que escolheu como tema a luz elétrica, que começava a ser difundida e era vista com encantamento e como sinal de modernidade. Por meio de pinceladas curtas, o pintor tenta reproduzir a sensação de intensa claridade provocada pela lâmpada elétrica. Figura 7. Umberto Boccioni. Dinamismo do ciclista. 1913. Óleo sobre tela. 70 x 90 cm. Na segunda fase do movimento, os artistas passaram a aplicar os princípios do Cubismo Analítico e Sintético por meio da simplificação e da geometrização de formas. A tela Dinamismo do ciclista (Figura 7), de Umberto Boccioni (1882-1916), parece inicialmente ser abstrata, mas, após análise atenta, revela formas que lembram um ciclista e partes de uma bicicleta. O artista usa o contraste entre as cores para dar luminosidade ao quadro e à posição do ciclista com o corpo apontado para a esquerda, o que confere sentido de direção. A paisagem ao fundo é simplificada e esquematizada. Futurismo O movimento futurista surgiu na Itália, idealizado por Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944). Em 1909, foi publicado no jornal parisiense Le Figaro o Manifesto futurista, que preconizava o fim das tradições consideradas corrompidas pelos signatários, apelando para a violência juvenil como instrumento de transformação. Os artistas adeptos exaltavam as virtudes do progresso científico e técnico e viam na guerra o meio de regeneração da sociedade. Marinetti ingressou no Partido Nacional Fascista em 1919, do qual foi militante ativo. Figura 6. Giacomo Balla. Poste de iluminação. 1909. Óleo sobre tela.174,7 x 114,7 cm. As principais características do Futurismo são o desejo de rompimento com o passado e a exaltação da eletricidade, da máquina, do automóvel, dos trens, da velocidade e do frenesi da vida urbana. Dessa forma, os artistas buscavam criar efeitos d i n â m i c o s p o r m e i o d a representação dos corpos em movimento e das sensações v i sua i s provocadas pe la agitação dos centros urbanos. Boccioni também se destacou como escultor futurista ao criar volumes distorcidos que sugerem a ideia de movimento e de força, como o que se apresenta n a e s c u l t u r a Formas únicas de continuidade no espaço (Figura 8). FUTURISMO Figura 8. Umberto Boccioni. Formas únicas de continuidade no espaço. 1913. Escultura em bronze. 111 × 88 cm. @vestibularesumido 38 Figura 9. Vincent van Gogh. Noite estrelada. 1889. Óleo sobre tela. 92,1 x 76,7 cm. Com uma vida curta e trágica, o pintor holandês Vincent van Gogh (1853-1890) é considerado um dos precursores do Expressionismo. Após várias tentativas malsucedidas para se estabelecer em diversas profissões, Van Gogh inicia o estudo do desenho e da pintura frequentando cursos esparsos ou de maneira independente. Em 1886, entra em contato com o trabalho dospintores impressionistas em Paris, onde vivia seu irmão Theo van Gogh, o que influencia sobremaneira sua forma de trabalhar as cores, que até então eram predominantemente sombrias, com grande ocorrência de tons amarronzados e escuros. O acesso às gravuras japonesas - com suas figuras e fundos planos, sem a representação da perspectiva tal qual era praticada desde o Renascimento na Europa - foi determinante para a concepção da obra de Van Gogh. Suas pinturas eram constituídas pela sequência de empastes - camadas grossas de tinta que se avolumavam nas telas, reforçando a expressividade - e pelo uso de cores fortes e contrastantes. Durante toda sua vida, Vincent van Gogh trocou correspondência com seu irmão Theo, que o patrocinava. Nessas cartas, o pintor discorre várias vezes sobre o uso intencional das cores com a finalidade de expressar suas emoções e estados interiores. Em Noite estrelada (Figura 9), o artista usa pinceladas bem marcadas para reforçar o movimento espiralado das nuvens e os reflexos circulares das luzes das estrelas e da lua. Há intensa movimentação na metade superior do quadro, contrastando com a calma e a regularidade da metade inferior, onde se encontra uma cidade adormecida. Essa disposição em expressar os estados da alma por meio da pintura posteriormente apareceu na produção artística expressionista. VINCENT VAN GOGH E O EXPRESSIONISMO @vestibularesumido 39 EXPRESSIONISMO ALEMÃO Expressionismo alemão O movimento expressionista originou- se na Alemanha em 1905 e foi bastante heterogêneo, não havendo qualquer organização. Era composto por vários grupos de artistas que tinham produções diversas, de modo que o que os unia era o desejo de romper com os padrões e a utilização da pintura como meio de expressão do universo íntimo, com ênfase nos aspectos emocionais e psicológicos. Para tanto, empregavam formas distorcidas e cores com forte carga emocional que não correspondiam ao natural, procurando fazer com que as imagens fossem um reflexo dos sentimentos diante do conturbado contexto em que viviam. Depois da ascensão do imperador Guilherme I, em 1861, e da unificação política e administrativa da Alemanha, em 1871, uma série de conflitos foram desencadeados e culminaram na eclosão da Primeira Guerra. Os reflexos desse conflito, por sua vez, foram determinantes para a Segunda Guerra (1939-1945), pois, derrotada, a Alemanha se viu obrigada a pagar os prejuízos. O país perdeu territórios e viveu sob forte instabilidade econômica, social e política, além de enfrentar crises de desemprego e inflação. Esse contexto permitiu também a ascensão do partido nazista. As obras dos artistas desse período refletiam o desespero e a descrença da população por meio de imagens densas e angustiantes. A Ponte Um dos g rupos de a r t i s t a s expressionistas que se formaram foi o Die Brücke, nome alemão para "A Ponte", criado em Dresden no ano de 1905. Esse grupo apresentava semelhanças com o Fauvismo no emprego das cores, porém o fazia deforma mais radical, usando-as de maneira até então impensável, distorcendo as figuras. Do grupo participaram Erich Heckel (1883-1970), Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976) e Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938). Figura 10. Ernst Ludwig Kirchner. Meninas que se banham no lago. 1909. Oleo sobre tela. 91,2 x 120 cm. Em Meninas que se banham no lago (Figura 10), Kirchner usa, de forma inusitada, o vermelho e o laranja para representar a tonalidade da pele, e o verde para as sombras nos corpos femininos. As cores são praticamente puras, quase sem variação de saturação, ou seja, sem o acréscimo do preto ou do branco para, respectivamente, diminuir ou aumentar a luminosidade. Na composição, o desenho tem função secundária, pois o que predomina é a expressividade atingida por meio do emprego das cores. O Cavaleiro Azul Outro grupo que se destacou foi o Der Blaue Reiter - em português, "O Cavaleiro Azul" -, organizado em 1911, em Munique, que buscava a expressão por meio de uma orientação mais mística e espiritual. Faziam parte dele os alemães Franz Marc (1880-1916) e Auguste Macke (1887-1914), além do russo Wassily Kandinsky (1866-1944). Figura 11. Wassily Kandinsky. Composição IV. 1911. Óleo sobre tela. 159,5 x 250,5 cm. @vestibularesumido 40 Nova Objetividade No início da década de 1920, o grupo Neue Sachlichkeit, em português, "Nova Objetividade", surgiu com uma proposta de crítica à sociedade burguesa. Devido a seu caráter profundamente crítico e contestador, os artistas passaram a ser perseguidos pelo Estado Nazista até se dissiparem, em 1930. Otto Dix (1891-1969) e George Grosz (1893-1959) são considerados os expoentes desse movimento. Em 1915, Otto Dix partiu como voluntário para as trincheiras da Primeira Guerra. Inspirado pela série de gravuras Os desastres da guerra, produzida entre 1810 e 1815 por Francisco Goya durante a invasão napoleônica na Espanha, o artista alemão retratou os horrores que presenciou nos campos de batalha. A série, composta de 50 gravuras, foi apresentada em 1924 e é considerada uma das maiores obras produzidas como crítica às guerras. Figura 12. Otto Dix. O vendedor de fósforos. 1921. Óleo e colagem sobre tela. 144 x 166 cm. Na pintura O vendedor de fósforos (Figura 12), trabalho anterior ao Nova Objetividade, Otto Dix retrata a indiferença e o descaso das pessoas diante de um ex-soldado cego e mutilado que vende fósforos. Figura 13. Otto Dix. Metrópolis. 1928. Têmpera sobre madeira. 181 × 400 cm. Um dos trabalhos mais contundentes de Dix é Metrópolis (Figura 13), que traz uma crítica à sociedade burguesa, característica do movimento. Na parte central da tela, uma banda de jazz toca para um público sofisticado. Na cena, veem-se indivíduos da sociedade da época. Nos dois planos laterais, as cenas de rua se contrastam. A falta de pernas do soldado no plano lateral esquerdo se contrapõe ao glamour decadente das prostitutas à direita, com o sapato da mulher em primeiro plano. A forte crítica à sociedade alemã do período fez com que a arte de Dix fosse considerada degenerada e condenada pelo Partido Nazista, que prezava o ideal romântico e heroico do passado alemão. George Grosz também participou da Primeira Guerra como soldado do exército alemão. A experiência o levou a desenvolver uma obra marcada pela produção de ilustrações e caricaturas satíricas que eram críticas severas e mordazes à sociedade e à guerra. Muitos de seus trabalhos foram realizados em caneta nanquim e reproduzidos em jornais, atingindo um grande número de pessoas. Figura 14. George Grosz. Cena de rua em Berlim. 1930. Óleo sobre tela. 60 x 46 cm. Em Cena de rua em Berlim (Figura 14), George Grosz critica a alta sociedade berlinense, retratando um casal abastado que flerta na rua, indiferente à miséria que atingia grande parte da população após a Primeira Guerra. Alguns de seus trabalhos também foram condenados pela sociedade, como "Ecce Homo", série de aquarelas e litografias em que denuncia os costumes e hábitos decadentes das classes mais elevadas em obras consideradas pornográficas. Na década de 1930, o artista mudou-se para os Estados Unidos, onde lecionou e continuou a produzir até a sua morte. Egon Schiele Egon Schiele (1890-1918) nasceu em Viena, na Áustria, e é considerado um dos mais importantes artistas expressionistas. Ainda jovem, iniciou seus estudos na Escola de Arte de Viena. Aos 17 anos, conheceu o pintor Gustav Klimt (1862-1918), que, por admirar o trabalho do jovem artista, passou a fazer o papel de mecenas comprando e indicando seu trabalho a outros potenciais clientes. @vestibularesumido 41 A obra de Schiele apresenta forte carga erótica, com prostitutas e trabalhadores de classes baixas como modelos preferenciais. O artista buscava captar os estados de alma dos retratados, entre os quais se incluía. O ato de pintar a si mesmo é recorrente em sua obra, mostrando-se, por vezes, com aspecto repulsivo. Sem pudor emse expor, seus autorretratos apresentam a forma como se via e como enfrentava a realidade. Esses trabalhos exibem diversas fases da sua curta vida. Em muitos deles, expõe frontalmente seu corpo nu e esquelético. Em Autorretrato cabisbaixo (Figura 15), Schiele olha para quem está do outro lado da tela como quem olha para o espelho. O que o observador encontra na face do artista é uma espécie de desafio ou convite a enfrentar a realidade. Figura 15. Egon Schiele. Autorretrato cabisbaixo.1912. Oleo sobre tela. 42,2 x 33,7 cm. @vestibularesumido 42 O Expressionismo também se manifestou em outras linguagens. No teatro, as produções buscavam "limpar" as cenas, utilizando cenários em que o espaço era reduzido ao mínimo, e os figurinos pareciam distantes da realidade, com o objetivo de atingir o espectador na essência do drama. Por se opor ao ilusionismo, o teatro expressionista era contra a representação fidedigna da realidade, uma vez que estava focado em dramas subjetivos e na exposição de questões emocionais das personagens. Por isso buscava, também, diminuir a distância física entre espectador e autor. Os artistas deveriam interpretar de maneira que fugissem ao natural. Eram priorizados o simbolismo dos objetos e a iluminação dramática, com intensos contrastes entre claro e escuro. Para isso, as cenas ora eram mantidas na penumbra, ora entrecortadas por feixes de luz intensos. As sombras eram exageradas e implicavam caráter sobrenatural, aumentando a tensão emocional das cenas. Da mesma forma, as falas apresentavam frases curtas carregadas de simbolismos e metáforas. A movimentação dos atores seguia as mesmas premissas com gestos e expressões faciais que tencionavam representar o estado de alma e as características fundamentais das personagens, por isso os movimentos eram abruptos ou mesmo interrompidos. Os reflexos do movimento expressionista no teatro resultaram numa dramaturgia inovadora tanto na forma, com cenas sequenciais independentes, nas quais se misturavam ficção e realidade, quanto nos conteúdos, com a proposição de temas até então pouco usuais, como a guerra. Explorando a profundidade dos sentimentos, as personagens eram seres complexos em eterno conflito consigo mesmas. O grupo teatral Nova Objetividade apostou no processo de politização e na busca de novas alternativas contra a realidade do mundo que se impunha no período pós-Primeira Guerra. Os autores teatrais, ou dramaturgos, em sua maioria alinhados com partidos considerados de esquerda, acreditavam na função social e política do teatro para a construção de uma sociedade mais justa e melhor. Figura 16. Cena de Transformation (1918-1919), do autor Ernst Toller. EXPRESSIONISMO NO TEATRO @vestibularesumido 43 O CINEMA EXPRESSIONISTA No cinema, o Expressionismo se manifesta valendo-se de elementos das artes plásticas, do teatro e da literatura, transformados por meio da construção de uma elaborada atmosfera. O resultado são obras compostas por linguagem corporal expressiva, cenários pintados à mão e figurinos e maquiagens contrastando luz e sombra, que são fundamentais no cinema expressionista, sendo responsáveis pela ilusão de óptica. O aspecto formal é retorcido, e a atmosfera criada é dramática, onírica, com uma sensação constante de desconforto, deformação e suspense, antecipando o que se tornaria o gênero terror no cinema. O filme O Gabinete do Dr. Caligari (1920), do diretor polonês Robert Wiene (1873-1938), é considerado um marco do cinema expressionista e um dos mais importantes na história do cinema. É tido como o primeiro filme de terror, tendo influenciado várias gerações de cineastas. Os cenários são, em sua maioria, construídos de papel, com sombras pintadas e formas distorcidas. A maquiagem é forte, e os gestos são exagerados pelos atores. Colaborando para o clima de tensão e mistério, a trilha sonora pontua as cenas de forma intensa e dramática. Pensando no contexto histórico, fica mais fácil entender a estética sombria do cinema expressionista: a memória traumática de um povo que acabara de sair derrotado da Guerra, com uma perspectiva incerta de futuro, e cujos sinais obscuros já anunciavam a Segunda Guerra. Por causa de seu teor sociopolítico, ganha destaque a ficção científica Metrópolis (1927), do alemão Fritz Lang (1890-1976), que mostra uma cidade futurista distópica. Figura 17. Cena do filme Metrópolis. @vestibularesumido 44 O balé expressionista usa de movimentação brusca, com gestos fortes e grotescos que evocam o disforme e o extravagante, em oposição ao balé clássico, cujos movimentos são harmônicos e suaves. A dança expressionista carrega forte efeito cênico, de distorções formais e cromáticas, com a coreografia dos dançarinos sendo uma interpretação pessoal da natureza, e não uma representação próxima da imitação. Mary Wigman Para a bailarina, coreógrafa e professora alemã Mary Wigman (1886-1973), a dança não deveria ser mera interpretação da música, o que, a seu ver, era uma forma de subordinação; portanto música e movimentos deveriam ser elaborados em conjunto. Com base nessas ideias, Wigman buscava com suas coreografias apresentar simbolismos que fossem além do simples ato de contar uma história. Como professora, Wigman incentivava os alunos a sentirem os próprios movimentos e não repetirem ou imitarem movimentos predeterminados. Algumas máscaras usadas em suas coreografias foram produzidas pelo pintor expressionista Emil Nolde (1867-1956). Figura 18. Mary Wigman, em 1922. Assim como outras obras expressionistas, seu trabalho também foi considerado degenerado pelo regime nazista e sua escola foi fechada, já que Hitler determinou que todas as obras assim classificadas fossem proibidas ou destruídas. Após a derrocada nazista, Mary Wigman reabriu sua escola em 1945. Chinita Ullmann Filha de pai alemão e mãe brasileira, Chinita Ullmann (1904-1977) é apontada como a pioneira da dança moderna no Brasil. Ainda na adolescência foi enviada pelos pais à Alemanha para estudar piano. Lá descobriu seu interesse pela dança e matriculou-se na escola de dança de Mary Wigman, em Dresden. Após trabalhar dois anos, lançou-se na carreira de coreógrafa. Juntamente com Carletto Thieben, um colega da Escola de Dresden, apresentou-se em turnês pela Europa, Estados Unidos e América Latina. Em 1932, retornou ao Brasil e abriu em São Paulo a primeira escola de dança moderna, onde procurava difundir seus ensinamentos inspirados em movimentos da natureza e em culturas ancestrais com base na ideia de que a dança expressionista era fundamentada no ato de criar, e não de aprender. Figura 19. A dançarina teuto-brasileira Chinita Ullmann. O EXPRESSIONISMO NA DANÇA @vestibularesumido 45 Nas primeiras décadas do século XX, diversos movimentos de vanguarda tomaram como valores estéticos elementos que sintetizavam o que significava a vida moderna, a industrialização e a tecnologia. A geometria euclidiana, a abstração formal e a síntese das formas, as máquinas e a fabricação industrial são alguns desses valores. Nesse contexto, surge, em 1919, da fusão da Escola de Belas Artes de Weimar com a Escola de Artes Aplicadas de Weimar, a escola Bauhaus, numa tentativa de articular arte, artesanato, arquitetura e design. Sua direção foi entregue ao jovem arquiteto alemão Walter Gropius (1883-1969) que era ligado à ala modernista da arquitetura alemã e à organizaçãodo Conselho dos Trabalhadores para a Arte. A fundação da Bauhaus se dá num período político pós-guerra de uma Alemanha derrotada e tomada por diversos conflitos internos, como greves e motins. Nessa época, foi criada uma nova república alemã, cuja capital era Weimar, cidade pequena que ficava longe da turbulência de Berlim. É nesse contexto que Walter Gropius propõe ao estado a reformulação do ensino artístico público. Gropius pretendia formar novas gerações de artistas para uma sociedade ideal, sem hierarquias e na qual todas as funções fossem complementares.
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