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Anah Zanetti DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC):--------- ---------CLÍNICA MÉDICA — - - A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é geralmente causada por danos nos pulmões ao longo do tempo, principalmente devido ao tabagismo, embora também possa ser causada por exposição prolongada a substâncias irritantes no ambiente de trabalho, como poeira, produtos químicos ou fumaça. ● Os principais componentes da DPOC são: 1. bronquite crônica: A bronquite crônica envolve a inflamação e irritação dos brônquios (as vias aéreas principais dos pulmões), levando à produção excessiva de muco e tosse persistente. 2. enfisema pulmonar. O enfisema, por outro lado, envolve a destruição gradual dos alvéolos pulmonares (pequenas bolsas de ar nos pulmões) e a perda de elasticidade pulmonar, o que dificulta a expiração do ar. ● FATORES DE RISCO ? ➜ Usualmente, a doença decorre da interação de fatores ambientais e do indivíduo. ➜ O tabagismo é o principal fator de risco ambiental. Os fatores individuais que favorecem o aparecimento da DPOC são: ➜ Alterações genéticas, em especial a deficiência de alfa-1-antitripsina ➜ Hiperresponsividade brônquica ➜Desnutrição ➜ Redução do crescimento pulmonar durante a infância ou gestação ➜ Infecções pulmonares recorrentes ● QUADRO CLÍNICO de um paciente com DPOC? ➜ Tosse crônica ➜ Produção excessiva de muco ➜ Dispneia ➜ Sibilância *** a DPOC também pode estar associada a sintomas secundários e complicações, como: ➜Perda de peso ➜ Fadiga ➜ Diminuição da capacidade de exercício ➜ Recorrência de infecções respiratórias (como pneumonia ou bronquite) ➜ Descompensação respiratória aguda (exacerbações): - Essas exacerbações são episódios agudos em que os sintomas da DPOC se intensificaram, resultando em dificuldade respiratória grave e requerendo atençãomédica imediata. Anah Zanetti ● DIAGNÓSTICO: envolve uma avaliação clínica abrangente, incluindo: ➜ histórico médico ➜ exame físico ➜ testes de função pulmonar ➜ e, às vezes, exames complementares. Anamnese: ➜ Sintomas respiratórios ➜ Exposição a fatores de risco (como tabagismo ou exposição ocupacional) ➜ Histórico familiar de doenças pulmonares ➜ Impacto dos sintomas na qualidade de vida diária. Exame físico: Durante o exame físico, o médico pode observar sinais como: ➜ Sibilos ➜ Expansão reduzida do tórax ➜ Presença de cianose ➜ Presença de tosse crônica ➜ Produção excessiva de muco. Testes de função pulmonar: ** Os testes de função pulmonar são fundamentais para confirmar o diagnóstico de DPOC e avaliar a gravidade da doença. O teste mais comum: ➜ ESPIROMETRIA (PADRÃO OURO): que mede a capacidade pulmonar, o fluxo de ar e a capacidade de exalação forçada. A espirometria mostra uma redução do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) em relação à capacidade vital forçada (CVF), confirmando a obstrução do fluxo de ar característica da DPOC. Avaliação da reversibilidade: ➜ Em alguns casos, um teste adicional chamado teste de broncodilatação pode ser realizado após a espirometria. ➜ Nesse teste, é administrado um broncodilatador (medicamento que relaxa as vias aéreas) e a espirometria é repetida para avaliar se há reversibilidade da obstrução do fluxo de ar. Avaliação de outros exames: Em alguns casos, podem ser solicitados exames adicionais, como: ➜ Radiografia de tórax: - pode mostrar sinais de hiperinsuflação como retificação das cúpulas diafragmáticas, aumento dos espaços intercostais, aprisionamento aéreo no espaço retroesternal e aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax. ➜ Tomografia computadorizada de tórax ➜ Exames de sangue Anah Zanetti ● Por que é necessário fazer o estadiamento da DPOC? ➜ O estadiamento da DPOC é importante para estabelecer o prognóstico e categorizar o tratamento. ➜ Um sistema de estadiamento ideal deve estar fortemente correlacionado com a mortalidade, morbidade e estado de saúde. ➜Tradicionalmente, a gravidade da DPOC é definida pelo grau de obstrução, avaliado pelo volume expiratório forçado no primeiro segundo após o uso de broncodilatador (VEF1 pós-BD). Os pontos de corte sugeridos para a mensuração do VEF1 para estadiamento variam, e há diferenças significativas entre as diretrizes emitidas pelas várias sociedades de prestígio em pneumologia. No entanto, o VEF1 não se correlaciona bem com a dispneia, que é o sintomamais importante em pacientes com DPOC. ● Tratamento: Quanto ao tratamento dos casos de agudização da DPOC, basicamente, se objetiva: 1. evitar a hipóxia tecidual 2. controlar ou reverter a hipercapnia e a acidose. Portanto, a PRIMEIRA medida que deve ser tomada é: ➜ Fornecimento de oxigenoterapia suplementar: reduzindo a vasoconstrição pulmonar e melhorando o nível de consciência do paciente. ➜ Após 1 hora de iniciado o suporte, uma gasometria arterial deve ser colhida para garantir que a oxigenação esteja feita de forma adequada e que não haja acidemia. ✤ Broncodilatadores: Um outro passo importante é a prescrição de broncodilatadores. ➜ Sendo os β2-agonistas de curta duração: Salbutamol ou Fenoterol. Caso os broncodilatadores não apresentem uma resposta rápida: ➜ anticolinérgico (brometo de ipratrópio) + β2-agonistas de curta duração. Exemplo: Nebulização com 3-5 ml SF 0,9% + 10 gotas Berotec (Fenoterol) + 20-40 gotas Atrovent (Ipratrópio) – Realizar 3 inalações a cada 15-20 minutos. ✤ Glicocorticosteróides: Seu uso promove umamelhora do fluxo aéreo e dos sintomas, além de diminuir o tempo de internação e de falha terapêutica. Tenha emmente que o uso por via oral é equivalente ao endovenoso, então o uso EV será indicado caso nãomelhore com o uso VO, ou caso o paciente não consiga tomar o medicamento. Exemplo: Prednisona 40mg/dia VO por 5 dias ➜ Indica-se o uso daMetilprednisolona IV, seguida pela prednisona via oral. Anah Zanetti ✤ Antibioticoterapia: ➜ Ambulatorial sem risco de Pseudomonas: Macrolídeos ou Cefalosporinas de 2ª ou 3ª geração ou Amoxicilina-Clavulanato. ➜ Ambulatorial com risco de Pseudomonas: Quinolonas ➜ Hospitalizado sem risco de Pseudomonas:Quinolonas ou Cefalosporinas de 3ª geração. ➜ Hospitalizado com risco de Pseudomonas: Cefepime ou Ceftazidime ou Piperacilina-Tazobactam ** Preferências das quinolonas: 3 geração: Levofloxacino ou Moxifloxacino Achados indicativos de gravidade: ➜ Cianose ➜ Uso demusculatura acessória ➜ Alteração do estadomental (hipercapnia ou hipoxemia) ➜ Instabilidade hemodinâmica ➜ Cor pulmonale (Edema periférico / Sinal de Kussmaul / hepatomegalia) ➜ Acidose respiratória Sintomas cardinais da exacerbação de DPOC: 1. Piora da dispneia 2. Piora da quantidade de expectoração; 3. Piora do aspecto da expectoração (purulento). **** A exacerbação deve ser classificada como: 1. LEVE: caso o paciente necessite utilizar apenas broncodilatadores de curta duração; 2. MODERADA: caso o paciente necessite de antibióticos ou corticóides via oral; 3. GRAVE: que traduz pacientes que necessitam de internação hospitalar ou vai mais de uma vez ao pronto atendimento - Exacerbação de DPOC grave (VEF1 ≤ 50%). - PaO2 < 50mmHg / PaCO2 > 70mmHg / pH < 7,3. Indicações de internação: ➜ Resposta inadequada aomanejo ambulatorial ou do departamento de emergência. ➜ Início de novos sinais (ex: cianose, confusãomental, edema periférico). ➜ Piora acentuada dos sintomas de base acompanhado de necessidade de oxigênio ou esforço respiratório. ➜ Exacerbação de DPOC grave (VEF1 ≤ 50%). ➜ Exacerbações frequentes ou hospitalização prévia. ➜ Comorbidades graves (ex: pneumonia, arritmia, insuficiência cardíaca, diabetes…). ➜ Fragilidade. ➜ Suporte domiciliar ineficiente Anah Zanetti EXEMPLO CASO CLÍNICO: Uma paciente de 71 anos de idade compareceu à emergência hospitalar com queixa de dispneia progressiva e piora da tosse produtiva havia três dias. Ela era tabagista de 50 anos/maço e morava só, sem limitações para a realização das atividades diárias habituais. Ela relatou ter sido internada em duas outras ocasiões neste mesmo ano, a despeito do uso regular de indacaterol associado ao glicopirrónio.Ao exame físico, apresentava: saturação de oxigênio em ar ambiente (SO2) de 87%, frequência respiratória de 31 irpm, pressão arterial de 108 mmHg × 62 mmHg, frequência cardíaca de 104 bpm e ritmo cardíaco regular em dois tempos sem sopros. A ausculta pulmonar revelou murmúrio vesicular diminuído globalmente, com crepitações em bases. O restante do exame físico não apresentou mudanças significativas. Os exames laboratoriais na admissão revelaram: pH 7,31; pO2 90; pCo2 53; HCO3 24; BE 1 (gasometria arterial em ar ambiente); hemoglobina 12 g%; leucócitos 7200 com 1% bastonetes, 10% de eosinófilos e creatinina 1 mg/dL. A espirometria prévia demonstrou: volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) = 48% do predito (após broncodilatador). Após três nebulização com fenoterol e ipratrópio, evoluiu com discreta melhora da dispneia, SO2 de 89% e frequência respiratória de 29 irpm. No caso clínico 1A4-II, melhor conduta inicial a ser tomada é A. instituir prednisona e azitromicina e retorno ambulatorial em uma semana. B. Recomendar fenoterol e ipratrópio de resgate e retorno ambulatorial em dois dias. C. internação hospitalar para modificação do esquema terapêutico. D. intubação orotraqueal e internação em unidade de terapia intensiva. Sobre o DPOC ou doença pulmonar obstrutiva crônica, está correto afirmar que: A. Espirometria é o teste sem utilidade clínica. B. A asma não faz parte do diagnóstico diferencial. C. A bronquite crônica é de diagnóstico fundamentalmente clínico. D. O enfisema pulmonar é de diagnóstico radiológico e gasométrico. E. No tratamento da bronquite crônica agudizada por infecção usa-se apenas mucolíticos sistêmicos. De acordo com a classificação ambulatorial da DPOC e conforme o GOLD (Global initiative for chronic Obstructive Lung Disease), um paciente que possui uma espirometria cujos parâmetros são VEF1/CVF < 70% e VEF1 ≥ 30% e < 50% é classificado como A. sem alterações. B. leve. C. moderado. D. grave. E. muito grave. Anah Zanetti Homem de 72 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), é encaminhado à UTI com quadro de insuficiência respiratória e pneumonia. Em relação ao uso de antibióticos, assinale a alternativa que apresenta amelhor opção terapêutica para o caso citado. A. Amoxicilina com clavulanato. B. Ciprofloxacina. C. Moxifloxacino. D. Ampicilina. E. Ceftriaxona. No paciente com DPOC, são sinais e sintomas frequentemente encontrados, EXCETO: A. baqueteamento digital; B. abaulamento torácico; C. sibilância; D. estertoração bibasal; E. murmúrio vesicular diminuído. Sobre a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), assinale a alternativa correta. A. Assim como na asma, a obstrução das vias aéreas é reversível. B. A carga tabágica necessária para o desenvolvimento da doença é de pelo menos 40 maços-ano. C. A deficiência de alfa1-antitripsina é uma das causas raras de DPOC que acomete indivíduosmais jovens e cursa com enfisema predominante em bases associado a hepatopatia. D. Os principais agentes responsáveis pela exacerbação aguda de DPOC são em primeiro lugar Streptococcus pneumoniae e em segundo Moraxella catarrhalis.
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