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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Fisiopatologia .............................................................. 5 3. Quadro clínico .............................................................. 8 4. Diagnóstico ................................................................10 5. Diagnóstico diferencial ..........................................13 6. Estadiamento:............................................................16 7. Tratamento .................................................................17 Referências bibliográficas .........................................22 3DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 1. INTRODUÇÃO A doença pulmonar obstrutiva crôni- ca (DPOC) é uma limitação do flu- xo aéreo das vias aéreas inferiores, não reversível, provocada por uma resposta inflamatória a toxinas ina- latórias, principalmente a fumaça de cigarro, no entanto diversas outras toxinas também podem desencadear esse processo. O processo inflamató- rio crônico pode provocar alterações nos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstruti- va) e parênquima pulmonar (enfise- ma pulmonar). Apesar de didática e de apresentar grande importância histórica, essa separação da DPOC em diferentes entidades clínicas a depender da área mais acometida da via aérea, tem perdido muito da sua importância e não é tão usada nas definições mais modernas da DPOC, muitos pacien- tes com DPOC apresentam patologia mista, das pequenas vias aéreas e dos alvéolos de forma concomitante. A asma também é uma doença pul- monar obstrutiva, podendo ser consi- derada um subtipo da DPOC quando o paciente apresentar limitação do não reversível do fluxo das vias aéreas inferiores. Existe também uma grande parcela de pacientes que apresentam sobreposição entre a asma e bron- quite crônica / enfisema pulmonar. São necessários estudos para definir se pacientes que apresentam a com- binação da asma com outros compo- nentes causadores de obstrução crô- nica das vias aéreas precisam de um tratamento diferenciado em relação aos outros pacientes com DPOC. ATENÇÃO! Pacientes com asma que apresentam obstrução reversível do flu- xo de ar nas vias aéreas inferiores NÃO tem DPOC. A asma só pode ser consi- derada um subtipo de DPOC quando causa obstrução não reversível com uso de broncodilatadores, ou seja, quando mesmo após o uso de broncodilatado- res, a relação VEF1/CVF < 0,7. Essa re- lação entre o volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) e capacidade vital forçada (CVF), indica existência de obs- trução, que é uma redução da capacida- de expiratória. 4DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Cerca de 15% dos tabagistas desen- volvem DPOC no decorrer da vida. Além disso, a DPOC tem uma rela- ção comprovada com atividades la- borais específicas, como exposição nas indústrias de borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de grãos, pro- dutos alimentícios, etc. Entre os fato- res genéticos que podem causar esta doença, um dos principais é a defi- ciência de alfa-1-antitripsina, que é uma causa importante de enfisema em não tabagistas. QUANDO PESQUISAR DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA Enfisema em jovens (< 45 anos) Enfisema predominantemente em bases pulmo- nares Enfisema em não tabagistas ou com pequena carga tabágica História familiar de enfisema ou hepatopatia Doença hepática associada inexplicada Em 2003, a DPOC foi a quinta maior cau- sa de internamento no sistema público de saúde no Brasil em maiores de 40 anos. Esta doença ocupa nos últimos anos en- tre a 4ª e 7ª posição entre as principais causas de morte em território nacional. Figura 1: DPOC. Fonte: https://www.medicinamitoseverdades.com.br/blog/falta-de-ar-e-cansaco-constante 5DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA ATENÇÃO! Fique atento! É notório que o tabagismo é a principal etiologia da DPOC, no entanto, cerca de 20% dos pacientes com DPOC nunca fumaram. É preciso realizar uma boa investiga- ção, e avaliar exposições ocupacionais, ambientais e fatores familiares para não deixar de suspeitar de DPOC em pa- cientes com quadro clínico compatível apenas pela ausência de história de ta- bagismo. 2. FISIOPATOLOGIA A exposição inalatória provoca uma resposta inflamatória nas vias respi- ratórias e nos alvéolos. O processo é mediado pelo aumento da atividade da protease, liberadas pelos neutró- filos e outras células inflamatórias, e pela diminuição da atividade da anti- -protease. As proteases pulmonares provocam a lise da elastina e do teci- do conjuntivo no processo normal de reparação tecidual. A atividade des- sas proteases costuma ser balance- ada por antiproteases, como alfa-1 antitripsina. Esse desbalanço entre as proteases e as antiproteases é o prin- cipal mecanismo do componente en- fisematoso da doença,a uma vez que causa hiperinsuflação e dificuldade de expiração. A inflamação causa estreitamento e obstrução das vias respiratórias, além de hipersecreção de muco, es- pasmo brônquico, fibrose peribrôn- quica e destruição das pequenas vias respiratórias. Isso normalmente cos- tuma ocorrer devido à exposição crô- nica à substâncias inalatórias irritan- tes (tabagismo sendo a causa mais comum), que induzem a uma reação inflamatória crônica nas pequenas vias aéreas, com presença de linfóci- tos CD8+, macrófagos e neutrófilos. Essa inflamação crônica resulta na proliferação das células caliciais e hi- pertrofia das glândulas submucosas, causando assim hipersecretividade de muco e estreitamento das peque- nas vias aéreas. Figura 2: Ilustração mostra o estreitamento da luz e hiperprodução de muco que é característica da bronquite crônica. Disponível em: https://dpoc.pt/bronquite-cronica/ 6DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA A maior resistência das vias respi- ratórias aumenta o trabalho de res- piração. A hiperinsuflação pulmonar, embora diminua a resistência das vias respiratórias, também aumenta o es- forço respiratório. A força expiratória depende em grande parte da elasti- cidade pulmonar, que está diminuída na DPOC. Trata-se do fenômeno do aprisionamento de ar que promove um aumento do volume residual, da capacidade residual funcional e da capacidade pulmonar total. Esse aprisionamento ocorre por cau- sa da degradação da elastina alveolar por proteases, como foi dito anterior- mente. A elastina é um componente responsável por resistir à insuflação, auxiliando o esforço expiratório, algo semelhante ao que observamos em uma bola inflável, em que o compo- nente elástico resiste à distensão e busca retornar ao seu estado de re- pouso. FISIOPATOLOGIA ↑ Protease ↓ Anti-protease Exposição inalatória Lise da elasatina e tecido conjuntivo Inflamação das vias aéreas Hiperinsuflação Hipersecreção de muco Espasmo brônquico Fibrose peribrônquica Enfisema Aumento resistência das vias aéreas Aprisionamento de ar Aumento do esforço respiratório Os espaços alveolares dilatados às vezes se fundem em bolhas, defi- nidas como espaços aéreos ≥ 1 cm de diâmetro. As bolhas podem estar totalmente vazias ou ter filamentos de tecido pulmonar que as atraves- sam em áreas de enfisema localmen- te grave e, ocasionalmente, ocupam todo o hemitórax. SE LIGA! No enfisema pulmonar, as áre- as mais acometidas pelo processo possi- bilitam a divisão do enfisema em diferen- tes subtipos, sugerindo assim a etiologia do processo. O enfisema centrolobular (ou acinar proximal), é caracterizado pela dilatação dos bronquíolos e porção cen- tral do ácino. Esse padrão sugere lesão causada pelo tabagismo, ou exposição crônica à fumaça da queima de carvão. 7DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA SE LIGA! O enfisema panacinar é ca- racterizado pela destruição e dilatação de todo o ácino, sendo uma caracterís- tica da deficiência da alfa-1-antitripsina, mas também ocorre em alguns tabagis- tas. Por último, há o enfisema acinar dis- tal (também conhecido como parassep- tal), ocorrendo a destruição dos ductosalveolares. Essa forma de enfisema é in- comum de forma isolada, apresentando associação com a ocorrência de pneu- motórax espontâneo. A troca gasosa está comprometida tanto pela lesão enfisematosa quan- to pela lesão bronquítica. Assim, os alvéolos ficam mal ventilados, po- rém, bem perfundidos (aumento do espaço morto pulmonar). Nesses alvéolos, o sangue venoso passa re- cebendo pouco O2, um mecanismo denominado shunt parcial. Com isso, a mistura de sangue mal oxigenado produzirá hipoxemia e dessaturação da hemoglobina. Em estágios tardios, esses trechos mal ventilados do pul- mão se tornam também mal perfun- didos, como resultado da hipóxia crô- nica nessas regiões. Com o tempo, o centro respiratório desses pacientes está hipossensível ao CO2 e hipersensível à hipoxe- mia. Esses pacientes começam a re- ter CO2 de forma lenta e progressiva (acidose respiratória), sendo que o rim compensa retendo HCO3- (al- calose metabólica compensató- ria), aumentando o base excess na gasometria. Assim, esses pacientes têm uma PCO2 alta, mas um pH não muito baixo (7,32 a 7,37). Porém, um novo insulto sobre os pulmões (ex: pneumonia) pode descompensar a acidose, promovendo uma retenção aguda de CO2 e uma queda expres- siva do pH. CONCEITO! Na DPOC, a bronquite crô- nica é o processo de estreitamento das vias aéreas inferiores (principalmente nos bronquíolos e brônquios) associado à hiperprodução de muco nas regiões acometidas. O componente enfisemato- so está relacionado à dilatação dos al- véolos pulmonares como consequência da degradação da elastina, causando aumento da capacitância pulmomar (ca- pacidade do pulmão de se enxer) e re- duzindo a elastância pulmonar (compo- nente elástico que exerce trabalho para que o pulmão retorne ao seu estado de repouso com a expiração). Esses dois mecanismos resultam em um processo obstrutivo, que dificulta a expiração, di- ficulta a renovação do ar nos alvéolos, causando por fim retenção do CO2 e até mesmo hipóxia. A DPOC também é uma das princi- pais causas de cor pulmonale, que significa disfunção do ventrículo di- reito consequente a um distúrbio pulmonar que causa aumento da pós-carga do ventrículo direito. Isso ocorre pela hipóxia crônica, pois as arteríolas pulmonares sofrem hiper- trofia da sua camada de músculos lisos, resultando em vasoconstricção e aumento da resistência da circula- ção pulmonar, levando, por fim, à Hi- pertensão Arterial Pulmonar. 8DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Alterações histopatológicas: • Bronquite crônica: (1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas sub- mucosas secretoras de muco as- sociadas a um aumento de células caliciformes da mucosa presen- te principalmente nas vias aéreas proximais; (2) redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônqui- ca por edema e fibrose. (3) presen- ça de linfócitos TCD8+, macrófa- gos e neutrófilos. • Enfisema pulmonar: alargamen- to dos espaços aéreos distais aos bronquíolos secundário à destrui- ção progressiva dos septos alveo- lares. 3. QUADRO CLÍNICO A tosse é o sintoma mais comum, podendo ser diária ou intermitente e pode preceder a dispneia ou aparecer junto com ela. A dispneia é o princi- pal sintoma associado à incapacida- de, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. O terceiro sintoma cardinal da DPOC é a produção ex- cessiva de escarro. É comum que os sintomas não sejam constantes no decorrer de todo o dia. Muitos pacientes relatam piora dos sin- tomas (principalmente da tosse e ex- pectoração) pela manhã, com melhora parcial no decorrer do dia. A presença de outros sintomas menos comuns pode indicar progressão da doença, como por exemplo a perda ponde- ral, que muitas vezes é um resultado da dispneia quando o paciente se ali- menta, causando redução da ingesta. A perda ponderal é um sinal de mau prognóstico em pacientes com DPOC. ATENÇÃO! Nos estágios iniciais da do- ença, muitos pacientes apresentam ape- nas tosse e expectoração mucoide, que frequentemente são negligenciadas. Esses pacientes começam a apresentar dispneia e muitas vezes limitam mais as suas atividades inconscientemente. Por isso, principalmente na atenção primá- ria, é importante que se investigue de forma ativa através de uma boa anam- nese, pacientes com alta carga tabágica ou exposição a outros agentes que as- sociados à DPOC, para avaliar se eles possuem dispneia e limitações às suas atividades a fim de realizar o diagnóstico precoce da DPOC e evitar a progressão da doença para os estágios mais avan- çados. O índice do Medical Research Coun- cil (MRC) tem boa correlação com o prognóstico da DPOC: ÍNDICE DE DISPNEIA MODIFICADO DO MRC 0 – Tenho falta de ar ao realizar exercício intenso. 1 – Tenho falta de ar quando apresso o meu pas- so, ou subo escadas ou ladeira. 2 – Preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo, ou ando mais devagar que outras pessoas de minha idade. 3 – Preciso parar muitas vezes devido à falta de ar quando ando perto de 100 metros, ou poucos minutos de caminhada no plano. 4 – Sinto tanta falta de ar que não saio de casa, ou pre- ciso de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho. 9DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Os sinais de DPOC incluem sibilos, uma fase expiratória prolongada da respiração; hiperinsuflação pulmo- nar que se manifesta pela atenuação dos sons cardíacos e pulmonares; e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax (tórax em barril). A doença avançada se manifesta com sinais de esforço respiratório (lábios cerrados, uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, batimento de asa do na- riz), retração paradoxal dos espaços intercostais (sinal de Hoover) e ciano- se. Os sinais de cor pulmonale incluem distensão das veias jugulares; desdo- bramento da segunda bulha cardíaca, com hiperfonese do componente pul- monar; sopro de insuficiência tricúspi- de; e edema periférico. Figura 3: Tórax em barril.Fonte: https://sem ioclin.files. wordpress.com/2018/01/exame-pulmonar.pdf Existem dois estereótipos dos pa- cientes com DPOC: • Pink Puffers: Corresponde aos pa- cientes enfisematosos. São magros, apresentam pletora e tórax em to- nel. A dispneia é tipo expiratória e a ausculta pulmonar revela diminui- ção dos murmúrios vesiculares. • Blue Bloaters: Corresponde aos pacientes com bronquite. Apre- sentam hipoxemia grave (cianose) associada ao cor pulmonale, que leva a insuficiência ventricular di- reita e edema. A ausculta pulmo- nar é rica em ruídos adventícios. Na maioria das vezes, os pacientes não se apresentam como um “Pink Puffer” ou “Blue Bloater” estereotípi- co, mas sim com uma combinação das duas apresentações típicas da doença. Figura 4: O paciente da esqueda representa o Pink Puffer, enquanto o da direita representa o Blue Bloater. Note que o do esteótico enfisematoso apoia os ante- braços na cadeira, posição comum em pacientes com desconforto respiratória, muito observada nos pacien- tes em estágios avançados da DPOC. Fonte: https:// thoracickey.com/definition-of-chronic-obstructive-pul- monary-disease-copd-is-the-latest-gold-classification- -of-severity-still-valid/ 10DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 4. DIAGNÓSTICO A presença de sintomas respiratórios em pacientes tabagistas deve sempre levantar a suspeita para o DPOC. A his- tória de exposição à fumaça de com- bustão da lenha, a poeiras e à fumaça ocupacional deve ser pesquisada. Não há indicação para rastreamento populacional para DPOC, no entanto alguns questionários são úteis como ferramentas na triagem de pacientes com indicação para investigação. O questionário CAPTURE (acrônimo em inglês para Avaliação na Atenção Pri- mária para identificação de risco de doença pulmonar obstrutiva crônica, doença pulmonar e exacerbações). Esse questionário questiona os pa- cientes acerca de exposição a subs- tâncias inalatórias irritantes, disp- neia, fadiga maior do que o esperado para sua idade, acometimento por in- fecções respiratóriase piora de sin- tomas respiratórios com mudanças climáticas. QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICOIntermitente Dispneia Alterações de vias aéreas e alveolares EscarroTosse Associação com dispneia Diária Pior prognósticoRedução qualidade de vida Hiperinsuflação pulmonar Esforço respiratório Sibilos Atenuação sons cardíacos e pulmonares Tórax em barril 11DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Avaliação espirométrica: A espiro- metria com obtenção da curva expi- ratória volume-tempo é obrigatória na suspeita clínica de DPOC, deven- do ser realizada antes e após admi- nistração de broncodilatador, de pre- ferência em fase estável da doença. Os parâmetros mais importantes avaliados são a capacidade vital for- çada (CVF), o volume expiratório for- çado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre esses parâmetros (VE- F1∕CVF). A limitação permanente ao fluxo aéreo é definida quando esta relação é <0,70 pós broncodi- latador. Essa limitação permanen- te é necessária para estabelecer o diagnóstico de DPOC! Alguns autores argumentam que a relação entre VEF1/CVF muda com a idade, de forma que o mais adequado seria obter o valor da relação e ava- liar em que percentil essa relação se encontra. Esses autores sugerem que limitação do fluxo aéreo seria definida quando o resultado do paciente, se encontra abaixo do percentil 5 (para a idade do paciente). Uma outra alternativa de índice para avaliar limitação do fluxo aéreo é a relação FEV1/FEV6. Nessa relação, o que é avaliado é a relação entre o fluxo expiratório após 1 segundo e 6 segundos, respectivamente. As van- tagens desse teste em relação ao teste clássico da FEV1/CVF é a maior reprodutibilidade, menor risco de sín- cope na realização do exame, não apresentando redução de sensibili- dade ou especificidade em relação ao teste FEV1/CVF. Figura 5: A ilustração mostra a realização de uma espirometria e as curvas que são formadas, indicando diversos achados como a CVF e VEF1. Avaliação radiológica: Útil para afastar outras doenças pulmonares, principalmente neoplasias e ava- liar complicações em exacerbações da doença. Solicitar nas incidências póstero-anterior e perfil. A radiogra- fia pode ainda identificar bolhas, com possível indicação cirúrgica. A to- mografia computadorizada é indica- da nos casos com suspeita de bron- quiectasias ou bolhas. A sensibilidade da radiografia para detectar DPOC é bastante baixa, de apenas 50% para casos de DPOC moderada. A maioria dos achados característicos da DPOC se apre- sentam com a evolução da doença, e são: aumento da insuflação pulmo- nar, aumento da radiotransparência pulmonar, diminuição da trama vas- cular visível no pulmão e retificação do diafragma. Na presença de Cor pulmonale, podem ser visíveis acha- dos de hipertensão pulmonar e insu- ficiência do ventrículo direito, com hilo 12DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA pulmomar congesto, artéria pulmonar proeminente e dilatação do ventrículo direito. Figura 5: Radiografia nas incidências póstero-ante- rior e perfil de uma mulher de 71 anos com enfisema, mostrando aumento do volume pulmonar com retifi- cação das cúpulas diafragmáticas. A artéria pulmonar proeminente na incidência póstero-anterior demonstra hipertensão arterial pulmonar secundária. Fonte: Han, MeiLan et al. Chronic obstructive pulmonary disease: Definition, clinical manifestations, diagnosis, and sta- ging. Uptodate, 2018. Figura 6: Radiografia de tórax mostrando uma bolha gigante bilateral em paciente jovem fumante. Fonte: Han, MeiLan et al. Chronic obstructive pulmonary dise- ase: Definition, clinical manifestations, diagnosis, and staging. Uptodate, 2018. A tomografia de tórax apresenta maior sensibilidade e especifidade para identificação da DPOC, principal- mente nos pacientes enfisematosos. No entanto, não é um exame indicado para tentar estabelecer o diagnóstico da DPOC, ao invés disso, é muito útil na avaliação de complicações como bolhas, infecções respiratórias que causam exacerbações, bronquiecta- sias e avaliação de nódulos pulmo- nares (que são prevalentes na popu- lação de pacientes com DPOC) para investigação de câncer de pulmão. Figura 7: Visualização de enfisema com pequenas bolhas em ambos os pulmões. Disponível em: https:// radiopaedia.org/articles/pulmonary-emphysema Avaliação gasométrica: A avaliação da oxigenação é realizada inicialmen- te pelo oxímetro de pulso. Se satura- ção <88% (algumas fontes recomen- dam se PO2 < 90%), redução do nível de consciência, ou presença de exa- cerbação aguda, está indicada a cole- ta da hemogasometria. 13DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Achados comuns na gasometria de pacientes com DPOC, são hipoxemia e hipercapnia, que podem apresentar graus variados a depender da gravi- dade do quadro. Acidose respiratória crônica é comum em virtude do au- mento da pressão de CO2, e pode ser acompanhada de uma alcalose metabólica compensatória. Em casos graves, de pacientes com DPOC em vigência de exacerbação causada por infecção, pode ser detectada acide- mia grave, em virtude da combinação de acidose metabólica (que pode ser causada por quadros de sepse) e aci- dose respiratória (causada pelo qua- dro de base da DPOC). Pacientes sem diagnóstico de DPOC, que buscam auxílio médico com queixa principal de dispneia podem apresentar dúvida diagóstica entre insuficiência cardíaca e DPOC (ten- do em vista que muitas vezes esses pacientes apresentam fatores de ris- co para as duas doenças). Um exame importante na diferenciação das duas etiologias, é o BNP e NT-proBNP, que normalmente se encontram elevados em quadros de dispneia por insufici- ência cardíaca. Valores de NT-proB- NP < 400 pg/ml indicam baixa pro- babilidade de dispneia por insufiência cardíaca. As avaliações eletro e ecocardiográfi- ca estão indicadas nos casos em que há suspeita de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. No ECG aparecerão sinais de sobre- carga cardíaca direita: (1) onda P alta e pontiaguda; (2) desvio do eixo do QRS para direita; (3) graus variados de bloqueio de ramo direito; (3) rela- ção R∕S maior que 1 em V1. CONCEITO! O diagnóstico da DPOC é estabelecido em pacientes com sinto- mas típicos, sendo os mais comuns a tosse crônica, associada a escarro mu- coide e dispneia (de intensidade variável a depender da gravidade da doença), que apresentam limitação não reversível ao fluxo aéreo na espirometria (VEF1/ CVF < 0,7) e que não apresentam outra explicação para os sintomas ou altera- ção espirométrica. O único exame que realmente é necessário para estabelecer o diagnóstico da DPOC é a espirometria. 5. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Asma brônquica: Ela difere da DPOC em muitos aspectos, desde a epide- miologia (infância e adolescência, as- sociado a história familiar de asma) até o processo inflamatório e, princi- palmente, pela resposta ao tratamen- to com corticoide inalatório. Tenha em mente que quando a asma causa obstrução não reversível do flu- xo aéreo, ela é considerada um subtipo da DPOC. Além disso, muitos pacien- tes podem apresentar outros subtipos de DPOC associados a asma. Bronquiolite: O que diferencia da DPOC é que a maioria dos pacien- 14DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA tes não são tabagistas, a dispneia é de progressão mais acelerada, e fre- quentemente é encontrado um pa- drão de mosaico na TC. Bronquiectasias: Quadro semelhan- te à DPOC, mas a produção copiosa de secreção levanta mais a suspei- ta de bronquiectasia, principalmente quando associada a infecções fre- quentes das vias aéreas inferiores. A confirmação é obtida pela tomografia de tórax. Tuberculose: A pesquisa de BAAR no escarro e a radiografia de tórax confirmam o diagnóstico. Insuficiência cardíaca congestiva: o exame físico com encontro de es- tertores finos em bases, aumento da área cardíaca na radiografia de tórax, exames complementares cardioló- gicos (eletro e ecocardiograma) e a espirometria permitem o diagnóstico diferencial.15DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO Avaliação gasométrica/ laboratorial Avaliação espirométrica Diagnóstico diferencialAvaliação radiológica HipercapniaHipoxemia BNP ↑ Radiotransparência ↑ Insuflação pulmonar Bronquiectasias; bolhas VEF1/CVF <0,70 pós-BDFEV1/FEV6 Bronquiectasias Bronquiolite Tuberuclose Asma brônquica ICC 16DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 6. ESTADIAMENTO: Com base na espirometria, pode-se realizar o estadiamento da DPOC: ESTÁDIO ESPIROMETRIA VEF1∕CVF PÓS BD VEF1 Estádio 1 – Doença leve <70% Normal Estádio 2 – Doença moderada < 70% ≥50% <80% Estádio 3 – Doença grave <70% ≥30% <50% Estádio 4 – Doença muito grave <70% <30% O estadiamento da GOLD (da “Ini- ciativa Global Pela Doença Pulmo- nar Obstrutiva Crônica) classifica os pacientes es estágios que vão de 1 a 4. Uma vez que esse estadiamento é realizado a partir do resultado espiro- métrico, a GOLD recomenda realiza- ção de espirometria anual para guiar a terapia dos pacientes de acordo com a evolução da doença. Os pa- cientes no estádio 1 e 2 devem ser acompanhados pelo clínico genera- lista. Os pacientes no estádio 3 (pa- cientes com hipoxemia intensa, mas sem hipercapnia) devem ser acompa- nhados por especialista. Os pacientes no estádio 4 tem mau prognóstico, devido a apresentarem hipercapnia, ou sinais de insuficiência cardíaca ou ainda dispneia incapacitante. O sistema GOLD classifica os pacien- tes em grupos A, B, C e D a depen- der de quão sintomático o paciente é e da quantidade de exacerbações da doença que ele apresentou no último ano. Utilizam-se as escalas MRC ou escala CAT para avaliar quão limitan- tes são os sintomas do paciente. Grupo A: Pacientes mini- mamente sintomáticos, com baixo risco de exa- cerbações futuras. Escala MRC 0 a 1, ou escore CAT < 10; no máximo 1 exacerbação da doença por ano, sem necessida- de de internamento. Grupo B: Sintomático, porém com baixo risco de exacerbações futu- ras. Escala MRC ≥ 2 ou escore CAT ≥ 10; Até 1 exacerbação por ano, sem necessidade de internamento. Grupo C: Minimamente sintomático, no entanto apresentam alto risco de exacerbações. Escala MRC de 0 a 1, ou escore CAT < 10; ≥ 2 exacerba- ções por ano, ou ne- cessidade de ao menos um intermanto devido a exacerbação. Grupo D: Grupo mais sintomático e com maior risco de exacerbações. Escala MRC ≥ 2 ou escore CAT ≥ 10; ≥ 2 exacerbações por ano ou necessidade de ao menos 1 hospitalização devido a exacerbação. Dessa maneira, pacientes do grupo D apresentam o prognóstico mais reservado, pois são pacientes mais sintomáticos e com maior risco de exacerbações. Os pacientes dos gru- pos A e B apresentam baixo risco de exacerbações, apesar do grupo B apresentar maiores limitações devi- do à doença pulmonar. Pacientes do grupo C são pouco sintomáticos, no entanto apresentam exacerbações frequentes. 17DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 7. TRATAMENTO Exacerbação O maior preditor de futuras exacer- bações da doença em pacientes com DPOC, são episódios prévios de DPOC, por isso o número e gra- vidade desses episódios são levados em conta na classificação do siste- ma GOLD. A infecção respiratória é a principal causa de exacerbação da DPOC, apesar de diversos outros fa- tores como a presença de doença do refluxo gastroesofágico, maior limita- ção ao fluxo aéreo na espirometria ou a presença de hipertensão pulmonar também serem considerados fatores de risco. Nos casos de infecção respiratória, ob- serva-se mudança do padrão de secre- ção do paciente e piora na dispneia. Os agentes etiológicos mais comuns são: Haemophilus influenzae, Streptococ- cus pneumoniae, Moraxella catarrha- lis e os vírus respiratórios. Deve-se suspeitar de tromboem- bolismo pulmonar quando ocorrer a exacerbação da DPOC sem causa evidente ou que não responda à tera- pêutica instituída para infecções res- piratórias. A suspeita de pneumotórax deve ser levantada quando paciente apresenta deterioração grave e rápida, o que pode ocorrer como resultado da ruptura de uma grande bolha. É recomendado iniciar a terapêutica broncodilatadora inalatória em epi- sódios de exacerbação aguda com o uso associado do brometo de ipratró- pio a um β-2 de ação curta (como sal- butamol ou fenoterol). Os corticoides reduzem a taxa de falha terapêutica e o tempo de permanência hospita- lar. A medicação mais recomendada é a prednisona via oral 40 mg∕dia ou metilprednisolona 0,5 mg∕kg∕dia por 05 dias a 14 dias. O suporte ventilatório não invasivo está indicado nas exacerbações com hipoventilação alveolar e acidemia. Ela reduz a necessidade de intubação traqueal. Se o paciente encontra- -se sonolento e não colaborativo, a intubação traqueal e a ventilação mecânica devem ser consideradas, estando indicado em caso de re- baixamento do nível de consciên- cia. Hipoxemia refratária à suplemen- tação de oxigênio não é habitual na exacerbação da DPOC, mas se ocor- rer também indica a ventilação mecâ- nica. O alvo a ser buscado é de sa- turação periférica de O2 de 88-92% e PaO2 entre 60 e 70mmHg. Trata- mento com oxigênio em alto fluxo buscando aumentar a pressão de O2 desses pacientes acima dos ní- veis previamente citados apresen- taram correlação com maior mor- talidade! Pelos dados clínicos não é possível apontar o agente causador da exa- cerbação. A gravidade pode sugerir a possível etiologia, sendo os pacientes com grave alteração da função pul- 18DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA monar (VEF1 < 50%) são mais aco- metidos por H. influenzae ou P. ae- ruginosa. Uma classificação proposta de gravidade e terapia antibiótica re- comendada está presente no Quadro a seguir: GRUPO PATÓGENOS MAIS FREQUENTES TRATAMENTO RECOMENDADO DPOC com VEF1 > 50% e sem fatores de risco H. influenzae M. catarrhalis S. pneumoniae C. pneumoniae M. pneumoniae Β-lactâmico + inibidor de Β-lactamase Cefuroxima Azitromicina∕claritromicina DPOC com VEF1 > 50% e com fatores de risco H. influenzae M. catarrhalis SPRP Os anteriores mais: Moxifloxacino∕gatifloxacina∕levofloxacina Telitromicina DPOC com VEF1 entre 35 – 50% H. influenzae M. catarrhalis SPRP Gram – entéricos Moxifloxacino∕gatifloxacina∕levofloxacina Telitromicina Β-lactâmico + inibidor de Β-lactamase DPOC com VEF 1 < 35% H. influenzae SPRP Gram – entéricos P. aeruginosa Moxifloxacino∕gatifloxacina∕levofloxacina Ciprofloxacina se suspeita de Pseudomonas Β-lactâmico + inibidor de Β-lactamase (se há aler- gia a quinolonas) SPRP = S. pneumoniae resistente a penicilina. Β -lactâmico + inibidor de Β-lactamase: Amoxicilina-clavulanato, amoxicilina-sulbactam e ampicilina-sulbactam. Os pacientes com critérios para inter- nação são aqueles que apresentam: INTERNAÇÃO NA ENFERMARIA: - Dispneia em repouso; - VEF1 < 50%; - Idade > 65 anos; - Baixo peso; - ≥ 3 exacerbações∕ano; - Incapacidade de se alimentar, dormir ou deam- bular; - Comorbidades (IC, DM, arritmias, doença renal ou hepática); - Necessidade de O2 domiciliar; - Necessidade de O2 em fluxo superior a 4L∕min; - Falta de condições socioeconômicas; - Dúvida diagnóstica; - Falha do tratamento ambulatorial. INTERNAMENTO EM UTI: - Instabilidade hemodinâmica; - Rebaixamento do nível de consciência; - Necessidade de ventilação invasiva; - Distúrbios gasométricos graves ou que pioram com o tratamento (pO2 < 40 mmHg; pCO2 > 60 mmHg; ou pH < 7,25) Tratamento DPOC estável: Mudanças dos hábitos de vida des- ses pacientes são essenciais para controles dos sintomas e redução da progressão da doença. O médico assistente deve realizar um trabalho 19DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA de conscientização do paciente acer- ca da cessação do tabagismo ou da exposição a outros agentes inalató- rios tóxicos. Além disso, é importan- te avaliar o estado nutricional desses pacientes, principalmente tendo em vista que os pacientes em estágios mais avançados frequentemente apresentam desnutrição. Os broncodilatadoressão a base do tratamento sintomático das doenças pulmonares obstrutivas. A via de ad- ministração preferencial é inalatória. • B2-Agonista: atuam aumentando a ação do sistema simpático nas vias aéreas, abrindo os canais de potássio e aumentando o AMP cíclico. Os B2-agonistas de longa duração são mais eficazes (for- moterol e salmeterol) em controlar os sintomas de pacientes fora dos períodos de exacerbações. • Anticolinérgicos: O brometo de ipaprópio é um antagonista espe- cífico dos receptores muscarínicos. O pico de ação é entre 30-90 mi- nutos e o efeito dura entre 4 a 6 horas. • Xantinas: Tendo a aminofilina e te- ofilina como principais fármacos, são consideradas a última opção de terapia broncodilatadora. Seu efeito broncodilatador é inferior as outras drogas, além de causar efeitos adversos como náuseas, tremores e arritmias. Os corticoides inalatórios são reco- mendados em pacientes com VEF1 < 50% e que tenham tido exacerbação no ano anterior e que necessitou do uso de antibiótico ou corticoide oral. Porém, a associação dessas drogas com beta-agonistas de ação prolon- gada, mostra redução da mortalida- de, das exacerbações e melhora a qualidade de vida desses pacientes. A oxigenoterapia tem se mostrado como o principal tratamento para me- lhorar a sobrevida de pacientes hipo- xêmicos portadores de DPOC, com o objetivo de manter SaO2 ≥ 90%. As indicações de oxigenoterapia pro- longada domiciliar de baixo fluxo se- guem os seguintes achados: • PaO2 ≤55 mmHg ou saturação ≤88% em repouso; • PaO2 entre 56 e 59 mmHg com evidências de cor pulmonale ou policitemia. Nos pacientes portadores de DPOC, é recomendada a vacinação antii- nfluenza. Não há evidência do be- nefício da vacina antipneumocócica. Além disso, a reabilitação respirató- ria é uma terapêutica importante para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. A cessação do tabagis- mo é essencial para evitar a piora da doença. 20DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA TRATAMENTO TRATAMENTO Estável Corticoides inalatoriosBroncodilatadores Oxigenioterapia* Broncodiatador inalatório Antibioticoterapia* Ventilação não invasiva Exacerbação 21DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA MAPA MENTAL RESUMO Diagnótico Ambientais Clínica Fatores de riscoFisiopatologia Individuais Condição socioeco. Poeira Irritantes químicos Tabagismo Hiper responsividade brônquica Prematuridade Deficiência alfa-1-antitripsina Desnutrição Oximetria de pulso Espirometria Radiografia de tórax Sintomas respiratórios crônicos SatO2 ≤ 90% VEF1/CVF <0,70 pós-BD Hipertensão pulmonar Disfunção ciliar Destruição do parênquima pulmonar Hipertrofia das glândulas mucosas e das células caliciformes Limitação ao fluxo aéreo Tosse Dispneia Sibilância Expectoração 22DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Han, MeiLan et al. Chronic obstructive pulmonary disease: Definition, clinical manifes- tations, diagnosis, and staging. Uptodate, 2019. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. II Consenso Brasileiro sobre Doen- ça Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC. Volume 30 - suplemento 5 - novembro de 2004. Wise, R. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). MSD Manuais. Laizo Artur. Doença pulmonar obstrutiva crónica: Uma revisão. Rev Port Pneumol. 2009 Nov [citado 2019 Jul 02] ; 15( 6 ): 1157-1166. 23DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
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