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EMERGÊNCIAS ENDÓCRINAS EM UTI Maria Gorete Teixeira Morais 2021 Insuficiência Adrenal PRIMÁRIA • Decorrente da destruição adrenal. • Induzida por drogas. SECUNDÁRIA • Desordem do eixo hipotálamo-hipófise. • Uso crônico de corticóides. • Insuficiência adrenal relativa ->resposta adrenal inadequada para situação de estresse. SINAIS E SINTOMAS • Corticoides em baixas doses (hidrocortisona 200 – 300mg/dia) -> diminui o tempo de choque e a necessidade de vasopressor. • A melhor resposta ocorre em paciente mais graves (risco de óbito >44%) e em uso de altas doses de vasopressor. • O início deve ser precoce (primeiras 24h de choque) e deve ser evitado se a reposição volêmica for suficiente para restabelecer a hemodinâmica. • Não deve ser usado com objetivo de prevenir o choque. • Efeitos adversos: hiperglicemia e hipernatremia. CORTICOTERAPIA NA SEPSE Crise Tireotóxica • Complicação mais grave do hipertireoidismo (mortalidade 30%). • Exacerbação aguda de todos os sintomas de um estado hipertireoidiano prévio. • 1 a 2% das internações hospitalares por hipertireoidismo. • Perfil: sexo feminino, idade entre 30e 60 anos e portador de doença de Graves. CAUSAS ASSOCIADAS A HIPERFUNÇÃO DA GLÂNDULA CAUSAS NÃO ASSOCIADAS A HIPERFUNÇÃO DA GLÂNDULA FATORES DESENCADEANTES • Infecção • Cirurgia (mesmo não tireoideana) • Traumas • Cetoacidose diabética • Suspensão da medicação antitireoidiana • Tratamento com iodo radioativo • Parto • Palpação vigorosa da tireoide • AVE • TEP • ICC • Mais comuns: febre alta (> 39°C), tremores, ansiedade, confusão, delírios, sudorese profusa, hiperventilação, perda de peso, náuseas, vômitos, diarreia, desidratação e até coma. • Sintomas cardiovasculares: taquicardia sinusal, taquiarritmia (FA) e ICC. • Sintomas neurológicos: Ansiedade, agitação, psicose, status epilepticus, torpor, coma. • Lesão hepática: lesão por ação dos hormônios tireoidianos ou por congestão. Icterícia é sinal de mau prognóstico. • Outros sinais e sintomas sistêmicos: incluem dor torácica, abdome agudo, acidente vascular cerebral, rabdomiólise e insuficiência renal aguda. MANIFESTÃÇÕES CLÍNICAS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (BURCH E WARTOFSKY) AVALIAÇÃO LABORATORIAL Investigar e tratar o fator desencadeante. Beta Bloquedores: • Propranolol EV 1 mg/min até o betabloqueio -> VO 60 a 80 mg 4/4h • Atenolol 50 a 100 mg 12/12h, • Metoprolol 50 a 100 mg 12/12h ou • Esmolol ataque de 250 a 500 µg/kg -> 50 a 100 µg/kg/min. Tionamidas • Bloqueiam a síntese de novos hormônios tireoidianos após 1 ou 2h da administração. Não têm efeito nos hormônios já formados. • Metimazol 30 mg a cada 6 horas ou • PTU 200 mg a cada 4 horas por via oral (ataque 600 a 1000 mg). TERAPIA MEDICAMENTOSA Contraste iodado • Usualmente não estão disponíveis. • Potente inibidor da conversão T4-T3. • Dose:0,5 a 1g VO 1xdia. Uma hora após a tionamida para prevenir que o iodo seja utilizado na síntese de hormônios. Iodo • O iodo bloqueia a liberação de T3 e T4 da glândula. • Dose: lugol 10 gotas 3 vezes ao dia. • Glicocorticoides -> reduzem a conversão periférica de T4 em T3. Dose: hidrocortisona 100 mg, EV 8/8h. • Litium -> bloqueia a síntese hormonal, entretanto, sua toxicidade renal e neurológica limitam sua utilização. • Plasmaférese: sem evidência de benefício. • Cirurgia -> invasivo, caro, induz hipotireoidismo permanente e sujeito várias complicações. Reservado para grandes bócios, reações adversas as tionamidas e severa oftalmopatia. Coma Mixedematoso • É a forma mais grave de hipotireoidismo (mortalidade 50%). • Perfil: mulheres idosas que apresentam alterações do nível de consciência, principalmente no inverno. • A tríade de diagnóstico: • alteração do estado de consciência, • alteração da termorregulação • presença de um fator precipitante. • Todas as vias metabólicas estão lentificadas. • Os principais consciência, achados são: rebaixamento hipotermia, hipotensão, do nível de bradicardi a,hiponatremia, hipoglicemia e hipoventilação. FATORES DESENCADEANTES • Infecção (ausência dos sinais clássicos). • Infarto agudo do miocárdio. • Exposição ao frio. drogas• Administração de sedativas (opioides). DIAGNÓSTICO • Nível elevado de TSH e valores baixos de T4 livre. • 5% apresentam causa central, estando o TSH normal ou baixo. • Suspeitar adrenal hipotensão, de insuficiência associada -> hipoglicemia, hiponatremia e hipercalemia. TERAPIA MEDICAMENTOSA • T3 -> biologicamente ativo e ação mais rápida do que a do T4. • Dose 10 µg de 4/4h por 24h, em seguida, 10 mg de 6/6h ou 8/8h. • T4 EV -> ataque de 200 a 400 µg (ajustes: idade, peso e comorbidades). Manutenção: 50 a 100 µg/dia. • Administração conjunta: • T4 200 a 300 µg, seguido por 50 mg/dia e • T3 5 a 20 µg, seguido por 2,5 a 10 µg a cada 8h. TERAPIA SUPORTE • Aquecimento corporal. • Hidrocortisona: 100 mg, EV, 8/8h até ser descartada associação com insuficiência adrenal. • Tratar doenças concomitantes / fatores precipitantes. • Disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide na sepse e na doença grave e pode levar a um hipotireoidismo central transitório adquirido. • Hipotiroxinemia é preditor de mortalidade nos doentes críticos. • Até o presente momento não existe evidência de benefício da terapia empírica com T4. SÍNDROME DO EUTIREÓIDEO DOENTE DIABETES MELLITUS • Cetoacidose corresponde a 4-9% das internações por DM, com mortalidade < 5%. • EHH é pouco frequente, mas tem taxa de mortalidade de 15%. EPIDEMIOLOGIA Cetoacidose CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS • Glicemia > 250 mg/dL • pH < 7,3 • Bicarbonato <18 mEq/L • Ânion gap aumentado • Cetonúria / Cetonemia Parâmetros Cetoacidose Leve Glicemia (mg/dl) > 250 pH arterial 7,25 – 7,3 Bicarbonato de sódio 15-18 Cetonúria Positiva Cetonemia Positiva Osmolaridade efetiva Variável Ânion gap > 10 Nível de consciência Alerta Parâmetros Cetoacidose Leve Moderada Glicemia (mg/dl) > 250 > 250 pH arterial 7,25 – 7,3 7,00 – 7,24 Bicarbonato de sódio 15-18 10-14,9 Cetonúria Positiva Positiva Cetonemia Positiva Positiva Osmolaridade efetiva Variável Variável Ânion gap > 10 > 12 Nível de consciência Alerta Alerta ou sonolento Parâmetros Cetoacidose Leve Moderada Grave Glicemia (mg/dl) > 250 > 250 > 250 pH arterial 7,25 – 7,3 7,00 – 7,24 < 7,00 Bicarbonato de sódio 15-18 10-14,9 < 10 Cetonúria Positiva Positiva Positiva Cetonemia Positiva Positiva Positiva Osmolaridade efetiva Variável Variável Variável Ânion gap > 10 > 12 > 12 Nível de consciência Alerta Alerta sonolento Estupor ou coma Booth 2001 CAUSAS OU FATORES DESENCADEANTES Incidência Infecção 30-50% Tratamento inadequado do DM 20-30% Diabetes recém-diagnosticado 20-25% Doença aguda (IAM, TEP, AVC, pancreatite, IRA, isquemia mesentérica, hipotermia, diálise peritoneal, grandes queimados) 10% Drogas (cocaína, lítium, olanzapina, corticosteróides, B-bloqueadores, diuréticos tiazidicos, fenitoína, NPP) <10% CARACTERÍSTICAS R e s p ir a ç ã o R e s p ir a ç ã o • Pacientes jovens • Evolução rápida • Primodescompensação • Hálito cetônico • Dor abdominal • Respiração de Kussmaul Normal Kussma ul PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO Motivo da descompensação Hidratação Potássio Insulina Outros Hidratação Avalie a hidratação Hipovolemia Severa Hipovolemia leve Choque Cardiogênico SF0,9% 1L/h Avalie o Na corrigido Monitorização hemodinâmica e vasopressores Na corrigido Elevado Na corrigido Normal Na corrigido Baixo SF 0,45% 250-500ml/h SF 0,9% 250-500ml/h Glicemia < 200mg/dl Iniciar SG5% + 0,45% NaCl ->150-250ml/h Gaso + K a cada 2-4h, função renal + eletrólitos a cada 12h até estabilidade. Identificar e tratar fator precipitante. Na corrigido = Na medido + (Δglicemia ÷ 42) Insulina Insulina Endovenosa Regular 0,1U/Kg EV bolus Insulina de ação rápida 0,3 U/kg e 0,2 U/kg 1h depois 0,1 U/Kg/h EV em BIC 0,2 U/Kg SC a cada 2h Se glicemia não reduzir 50 – 70mg/dl dobrar a dose de insulina EV ou SC Quando glicemia < 200mg/dl reduzir infusão 0,02- 0,05U/kg/h EV e a insulina de ação rápida para 0,1U/kg SC a cada 2h Manter glicemia entre 150 e 200 até resolução da cetoacidose Iniciar SG5% + 0,45% NaCl 150-250ml/h Gaso + K a cada 2-4h, função renal + eletrólitos a cada 12h até estabilidade. Iniciar esquema multidose 0,5 a 0,8 U/kg/dia e continuar insulina EV por 1-2h. Identificar e tratar fator precipitante. Potássio Potássio Avalie função renal (débito urinário >50ml/h) K < 3,3mEq/L -> NÃO administre insulina 20 – 40mEq/h no soro de hidratação até K> 3,3 mEq/L K > 5,3 mEq/L -> NÃO administre K Monitore K a cada 2h K entre 3,3 e 5,3 mEq/L -> Inicie 20 – 30mEq K no soro de hidratação Manter K entre 4-5mEq/L Bicarbonato Bicarbonato pH < 6,9 100ml de BIC 8,4% + 400ml AD + 20mEq KCl Infundir em 2h Repetir solução até pH > 7 Monitorar K a cada 2h pH > 6,9 Não administrar BIC CUIDADOS : •Queda paradoxal do pH SNC •Velocidade de recuperação da cetose •Alcalose metabólica pós-tratamento •Hipocalemia Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico Glicemia > 600 mg/dL pH > 7,3 Bicarbonato > 18 mEq/L Osmolaridade > 320 mOsm DIAGNÓSTICO Na(c) Na 1,6x (Glicemia100) 100 Osm 2x[Na] Glicemia Ureia 18 6 Na(c) = Na medido + (Δglicemia ÷ 42)= Parâmetros Cetoacidose Estado Hiperosmol ar Leve Moderada Grave Glicemia (mg/dl) > 250 > 250 > 250 > 600 pH arterial 7,25 – 7,3 7,00 – 7,24 < 7,00 > 7,30 Bicarbonato de sódio 15-18 10-14,9 < 10 > 18 Cetonúria Positiva Positiva Positiva Fracament e positiva Cetonemia Positiva Positiva Positiva Fracament e positiva Osmolaridade efetiva Variável Variável Variável > 320 Ânion gap > 10 > 12 > 12 Variável Nível de consciência Alerta Alerta ou sonolent o Estupor ou coma Estupor ou coma • Evolução insidiosa. • Poliúria, polidipsia e perda de peso. •Alteração do estado mental (confusão, letargia, convulsões, sinais focais e coma). • Desidratação profunda. SINAIS E SINTOMAS • Fatores precipitantes. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS • Hiperglicemia acentuada • Hiperosmolalidade • Ausência de cetose grave • Nível de consciência alterado Particularidades do tratamento Hidratação: •Semelhante à cetoacidose, mas com maior déficit de água livre •Cuidado com hipervolemia Insulina •Iniciar soro glicosado 5% a partir da glicemia de 300 mg/dl •Manter glicemia entre 250 e 300 mg/dl até o paciente estar alerta Potássio: • Restabelecer e monitorar função renal •As complicações mais comuns são relativas ao próprio tratamento. • Hipoglicemia (esquema intensivo). • Hipocalemia (insulina e bicarbonato). • Hiperglicemia (interrupção da insulina endovenosa). • Hipercloremia (infusão de soluções hiperclorêmicas). • Edema cerebral. • Hipoxemia. • Edema pulmonar não cardiogênico. Complicações Hipoglicemia • Glicemia < 70 mg/dl • Controle rígido do DM • Hipoglicemia de jejum • Hipoglicemia pós-prandial • ↑ Mortalidade (53 x 15%) Diagnóstico e fatores de risco CAUSAS •Diabetes •Infecção •Antidiabéticos orais (sulfonilureias) •Insulinomas •Insuficiência adrenal •Hepatopatia e etilismo •Factícia • Liberação adrenérgica • Neuroglicopenia • Rebaixamento de nível de consciência • Sinais focais • Cefaleia Achados clínicos • GCS 15 Açúcar VO • Alteração do nível de consciência • Se acesso venoso: 15-20 g de glicose EV • Se não tiver acesso: Glucagon 0,5 a 2 mg SC ou IM (E) • Risco de Wernicke-Korsakoff: tiamina 100 mg IM • Pacientes com 1 ou + episódios de hipoglicemia severa devem aumentar os níveis glicêmicos alvo por algumas semanas. (B) Tratamento Controle Glicêmico na UTI • Prospectivo, randomizado, centro único, não cegado. • População: 1548 doentes adultos em ventilação mecânica admitidas na UTI cirúrgica no período de 1 ano (2000- 2001). • Grupo controle intensivo=> insulina se Glicemia > 110 mg/dl com objetivo entre 80-110. • Grupo convencional=> insulina se glicemia maior que 215 mg/dl com objetivo entre 180-200 mg/dl. Desenho • ↓ Duração ventilacão mecânica • ↓ Necessidade de diálise • ↓ Infecção de corrente sanguínea • ↓ Polineuropatia do doente crítico • ↓ Transfusões de hemoderivados • Mostrou que o benefício da intervenção advinha do controle glicêmico apropriado e não de eventuais efeitos metabólicos da insulina administrada. • Hiperglicemia no doente crítico mudou de mero marcador para importante causador de mortalidade. Análise post-hoc Resultados Outros Estudos VISEP ⬜ 80-110 mg/dl x 180-200 mg/dl ⬜ 488 pacientes ⬜ Suspenso devido elevada incidência de hipoglicemia ⬜ Sem diferença de mortalidade em 28 dias GLUCONTROL ⬜ 80-110 mg/dl x 140-180 mg/dl ⬜ 1101 pacientes ⬜ Suspenso devido elevada incidência de hipoglicemia ⬜ Sem diferença de mortalidade na UTI • Quão rigoroso precisa ser o controle glicêmico? • Prospectivo, randomizado com 6104 pacientes, não cegado, multicêntrico, em UTIs clínicas e cirúrgicas de 42 hospitais (Austrália). • Objetivo: verificar o benefício do controle intensivo (81 a 108mg/dl) em relação ao tratamento convencional (<180mg/dl). 1. A hiperglicemia, em especial maior do que 180mg/dl é deletéria para os pacientes críticos. 2. Em geral, quanto mais grave ou maior a permanência na UTI, maior o impacto positivo do controle glicêmico. 3. Deve-se continuar o controle glicêmico com o objetivo de manter a glicemia entre 140 – 180mg/dl ao invés do controle restrito (80 – 110mg/dl) (1A) Conclusões
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