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3 - planejamento-urbano-e-meio-ambiente

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Prévia do material em texto

Planejamento urbanoPlanejamento urbano
ambientalambiental
AUTORIA
Claudinéia Conationi da Silva Franco
Bem vindo(a)!
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto dessa disciplina, isso já é o
início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho,
junto com você, construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais do
planejamento urbano e meio ambiente. Além de conhecer seus principais conceitos
e de. nições, vamos explorar as mais diversas aplicações das ferramentas do
planejamento urbano.
Na Unidade I iniciaremos nossos estudos pelo conceito de planejamento urbano.
Re�etiremos sobre o planejamento urbano ambiental, faremos uma breve discussão
sobre a história das cidades, até a revolução industrial e primeira legislação
urbanística (sanitária). Essa noção é necessária para que possamos trabalhar a
segunda unidade da apostila, que versará sobre Técnicas de Planejamento.
Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as Técnicas de
Planejamento. Para isso, vamos estudar o pré-urbanismo e as cidades modelos, os
conceitos de urbanismo, a estrutura socioeconômica da cidade moderna,
segregação urbana. Por �m, também abordaremos sobre o Plano Diretor que pode
ser considerado a principal política pública de ordenamento do território urbano.
Depois, nas Unidades III e IV vamos tratar especi�camente da metodologia para
elaboração de planos urbanos e do plano diretor e as diretrizes básicas. Ao longo da
Unidade III, vamos discursar sobre o diagnóstico de problemas urbanos ambientais
e o Estatuto das cidades. Na Unidade IV vamos estudar a intervenção urbana como
controle e ordenação do crescimento e componente de saúde ambiental. Além de
discutirmos a infraestrutura como componente do plano diretor.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro�ssional.
 
Muito obrigado e bom estudo! 
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.
Unidade 1
Planejamento urbano ambiental
Unidade 2
Técnicas de planejamento
Unidade 3
Metodologia para elaboração de
planos urbanos
Unidade 4
Plano diretor: diretrizes básicas
Planejamento urbano
ambiental
AUTORIA
Claudinéia Conationi da Silva Franco
Sumário
Introdução
1 - Introdução e conceitos
2 - Planejamento urbano ambiental: questões para re. exão
3 - Breve história das cidades: até a revolução industrial
4 - Primeira legislação urbanística (sanitária)
Considerações Finais
Introdução
Caro(a) aluno(a), nesta unidade você irá estudar sobre o planejamento urbano, sua
importância e objetivos, assim como irá conhecer a primeira legislação urbanística.
O planejamento urbano é um ramo da arquitetura e, como tal, a forma e a função são
tão importantes em uma cidade quanto na concepção de um novo edifício.
Planejamento Urbano é o estudo ou pro. ssão que lida com o crescimento e
funcionamento de cidades e vilas, incluindo preocupações ambientais, áreas urbanas,
infraestrutura, entre outros.
Assim, o planejamento busca oferecer aos cidadãos uma vida agradável, segura e
organizada, seja ela doméstica e pro�ssional, para os moradores de cidades novas ou
já estabelecidas. Atualmente os aspectos mais preocupantes do planejamento
urbano são: o aspecto de uma cidade, a construção de locais, o zoneamento e o
transporte. Além disso, uma das preocupações do planejamento é focar na
preservação do ambiente natural local, tentando eliminar as áreas degradadas e/ou
impedindo seu desenvolvimento.
Plano de Estudo:
1. Introdução e Conceitos.
2. Planejamento Urbano Ambiental: Questões para Re�exão.
3. Breve história das cidades: até a revolução industrial.
4. Primeira legislação urbanística (sanitária).
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar e contextualizar planejamento urbano.
2. Compreender a importância do planejamento urbano.
3. Relacionar os principais objetivos do planejamento ambiental urbano.
4. Estabelecer a importância da legislação urbana.
Introdução e conceitos
A palavra planejamento é oriunda do verbo planejar, que signi�ca prever com
antecedência um conjunto de ações a serem realizadas. Trata-se de uma organização
antecipada de atividades futuras com a �nalidade de evitar ou resolver problemas.
Em outras palavras, o planejamento urbano nada mais é do que uma atividade que
se preocupa em planejar para melhorar a qualidade das cidades. É um conceito que
abrange muito mais do que o simples desenhar espaços nas cidades,
compreendendo aspectos de infraestrutura, investimentos, leis, zoneamento,
impactos sociais do ambiente urbano, entre outros.
O planejamento urbano é o processo que lida com o controle e o desenvolvimento
das cidades e vilas, por meio de regulamentações locais e intervenções diretas,
buscando atender alguns objetivos, como qualidade de vida, sustentabilidade e
mobilidade, ou seja, o planejamento urbano é uma parte da arquitetura que estuda a
organização de áreas metropolitanas. Devido aos diversos problemas ocasionados
pela crescente expansão das cidades sem planejamento, desenvolveu-se essa prática
formada por diferentes áreas, desde engenharia até ciências sociais.
O planejamento da cidade busca oferecer aos cidadãos uma vida agradável, segura e
organizada, seja ela doméstica ou pro�ssional, para os moradores de cidades novas e
estabelecidas. Atualmente os aspectos mais preocupantes do planejamento urbano
são: o aspecto de uma cidade, a construção de locais, o zoneamento e o transporte.
Além de focar na preservação do ambiente natural local, tentando eliminar as áreas
degradadas e/ou impedindo seu desenvolvimento.
Até a metade do século XIX as cidades metropolitanas eram criadas de maneira
espalhadas, por exemplo, Londres, Paris e Tóquio iniciaram como pequenas cidades e
foram crescendo à medida que as pessoas se mudavam para elas. Dessa forma, como
não existia um planejamento, as ruas e os endereços nas partes mais antigas dessas
cidades podem ser confundidos, até mesmo pelos nativos, pois foram criados sem a
devida re�exão sobre como a área poderia mudar e crescer no futuro.
Como as pessoas sempre se instalaram nas cidades ou até mesmo em organizações
das cidades, seja em lugares mais altos, buscando alto autodefesa, ou próximo a
corpos d'água, pensando na melhor forma de sobrevivência, o �nal do século XIX é
quando o planejamento urbano começou a se desenvolver e, como quase em todas
disciplinas, foi criado para resolver um problema.
O governo local, em parcerias com engenheiros e arquitetos, iniciará a busca pela
resolução de problemas existentes em áreas urbanas, a �m de impedi-los de se
desenvolver em outras novas áreas.
No planejamento urbano, a especi�cação de determinadas áreas em uma cidade,
como a localização dos edifícios, zonas residenciais, áreas comerciais e setores
industriais, é extremamente importante. Por exemplo, a instalação de um hospital em
um local central de uma cidade pode literalmente salvar vidas, enquanto a instalação
de uma estação de tratamento de água traria muitos problemas as pessoas ali
vizinhas. A criação de um bom planejamento urbano leva em consideração todos
esses fatores e muitos outros ao determinar os locais para os edifícios, e estabelece as
zonas apropriadas de acordo.
Além da determinação de todas essas áreas supracitadas, a existência de estradas e
rodovias su�cientes, assim como o transporte público de fácil acesso, também é uma
prioridade do planejamento urbano, por exemplo, para que a equipe de socorristas e
policiais seja e�caz, eles precisam conseguir chegar a qualquer lugar da cidade em
questão de minutos, dessa forma as estradas devem ser projetadas para tornar a
locomoção em qualquer lugar o mais rápido possível,ainda não esquecendo de
mencionar que as estações necessitam estar localizadas centralmente e espalhadas
por toda a área da cidade.
Os planejadores urbanos geralmente consideram como o crescimento futuro afetará
o �uxo de tráfego, assim, prever o crescimento e as necessidades de tráfego para uma
cidade grande é extremamente importante. Com essa informação, eles geralmente
tentam eliminar possíveis pontos problemáticos antes que se tornem um problema.
Em relação aos aspectos ambientais, além de garantir a saúde e a segurança dos
moradores, o planejamento urbano também leva em conta o aspecto da cidade,
desde projetos de construção especí�cos até a incorporação de espaços verdes e
paisagísticos à área, buscando tornar a expansão sustentável e prática.
Ao planejar as estradas, a qualidade do ar e a poluição sonora são dois aspectos que
podem ser levados em consideração, visando criar empreendimentos habitacionais
menores para limitar o impacto que os moradores têm em seu ambiente imediato.
Atualmente, cidades recém planejadas buscam a incorporação de espaços verdes e o
uso de fontes de energia ecologicamente corretas e transporte. O mesmo pode ser
pensado pelos gestores ao planejar a expansão das cidades já existentes.
A base do planejamento urbano é uma combinação de diferentes áreas, como
arquitetura, economia, relações humanas e engenharia. Por esse motivo existem
diferentes teorias sobre o desenvolvimento de favelas e a ocorrência de decadência
urbana. As favelas, de�nidas como superlotadas, atropelam seções de uma cidade
ocupada por pessoas na faixa socioeconômica mais baixa, frequentemente estão na
vanguarda do campo.
Um dos grandes desa�os das autoridades municipais e planejadores urbanos é a
busca pela eliminação ou melhoraria das favelas existentes e ainda garantir que novas
não se desenvolvam. Entretanto existem muitos fatores sociais, políticos e
econômicos envolvidos não só no desenvolvimento de tais áreas, mas em sua
existência continuada.
Com o intuito de eliminar ou melhorar áreas de moradias precárias, várias medidas
diferentes são propostas. Uma delas é tentar eliminar toda a área degradada de uma
cidade, substituindo as habitações antigas, em condições precárias, por habitações
modernas �nanciadas pelo governo ou por organizações privadas. No entanto alguns
países apresentam problemas com os “direitos de posseiros”, o que signi�ca que a
polícia não pode exigir que os habitantes das favelas se mudem para que a área possa
ser limpa.
Ainda no quesito de melhorias das favelas, os planejadores urbanos frequentemente
trabalham para localizar escolas, hospitais e outros estabelecimentos socialmente
bené�cos e geradores de empregos próximo das favelas, com o objetivo de melhorar
o clima econômico da região.
A realização do planejamento urbano de uma cidade proporciona tanto o
desenvolvimento de áreas abertas, ou seja, locais com áreas verde, quanto a
revitalização de partes já existentes da cidade, abarcando a de�nição de objetivos,
coleta e análise de dados, previsão, design, pensamento estratégico e consulta
pública. Uma ferramenta muito utilizada para mapear o sistema urbano já existente e
projetar as consequências das mudanças é a tecnologia de sistemas de informação
geográ�ca.
O termo Desenvolvimento Sustentável, no �nal do século XX, passou a representar
uma peça fundamental na soma de todas as metas de planejamento.
Fatores como equidade social, crescimento econômico, sensibilidade ambiental e
apelo estético são as demandas con�itantes que os planejadores contemporâneos
buscam equilibrar no planejamento. O planejamento pode ser um plano mestre
formal para uma cidade inteira ou área metropolitana, ou um conjunto de alternativas
de política.
A implementação de um plano bem sucedido geralmente requer ações
empreendedoras e habilidades políticas por parte dos planejadores e de seus
patrocinadores, apesar dos esforços para isolar o planejamento da política. No
entanto, mesmo baseado no governo, o planejamento envolve cada vez mais a
participação do setor privado em “parcerias público-privadas”.
Pensando na origem do planejamento urbano como uma disciplina acadêmica, ele
surgiu nos anos 1900. Na Grã-Bretanha, o primeiro programa de planejamento
acadêmico começou na Universidade de Liverpool em 1909 e o primeiro programa
norte-americano foi estabelecido na Universidade de Harvard em 1924. É ensinado
principalmente no nível de pós-graduação e seu currículo varia muito de uma
universidade para outra.
Planejamento urbano ambiental:
questões para re�exão
Atualmente, o aumento da expansão dos aglomerados urbanos e o surgimento de
novas cidades têm propiciado a evolução das discussões e pesquisas na área
ambiental. Por outro lado, a expansão urbana está fortemente relacionada com
desenvolvimento econômico do homem, e necessita cada vez mais de espaços
maiores para desenvolver suas relações político-econômicas, sociais e culturais,
gerando um confronto com o meio ambiente quando o desenvolvimento sustentável
não é levado em consideração. Dessa forma, esse confronto pode provocar
desequilíbrios na natureza.
as práticas sociais especialmente no que se refere ao processo
econômico e tecnológico, vem imprimindo também, de maneira
generalizada, uma marca especial no meio urbano, o desrespeito à base
natural e, como consequência, ambientes desequilibrados
ecologicamente (MILANO; DALCIN, 2000, p. 6).
A partir da década de 70, grandes conferências ambientais foram realizadas como
resposta às discussões e pesquisas ambientais contemporâneas. Nos dias atuais,
essas conferências ocorrem regularmente, devido à intensi�cação de ocorrência dos
problemas ambientais.
Segundo Scotto, Carvalho e Guimarães (2010) e o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais - INPE (2001), a primeira conferência que discute sobre o homem e o meio
ambiente foi realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo, na
Suíça, no ano de 1972. Nessa conferência foram criados 26 princípios para a melhoria e
preservação do meio ambiente. Logo após, em 1988, no Canadá, foi realizada a
primeira conferência a nível global sobre o clima, que resultou na criação do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que objetiva avaliar o risco
das mudanças climáticas in�uenciadas pela atividade humana. Em 1990, em
Genebra, na Suíça, foi divulgado o primeiro relatório do IPCC, que evidenciou que a
temperatura do planeta estaria aumentando, determinando a necessidade de um
acordo climático internacional, que resultou em um encontro no Brasil, na cidade do
Rio de Janeiro, denominado de Eco-92 e originou os tratados da Agenda 21.
Das 25 conferências realizadas, destaca-se a COP-3, no ano de 1997, em Quioto no
Japão. Nessa conferência foi �rmado entre a comunidade internacional um acordo
denominado de Protocolo de Quioto, o qual sugeriu a redução de emissões de gases
do efeito estufa nos países que assinaram o acordo. Também vale destacar a Rio+20
ocorrida em 2012 no Rio de Janeiro, 20 anos depois da realização da Eco-92, em que
setores privados, representantes de governos, organizações não governamentais
(ONGs) e outras organizações trabalharam para que a segurança ambiental fosse
assegurada em um planeta que sofre com o crescimento populacional e urbano. Até
a conferência Rio-92 foi possível observar apenas discussões referentes a problemas
ambientais e alterações climáticas em escala global, não sendo considerados até
então os problemas de degradação ambiental que ocorriam em escalas locais. Na
conferência de 1992, com a criação da Agenda 21, um instrumento de planejamento
para a construção de sociedades sustentáveis a nível local foi idealizado e formulado.
Assim, pela primeira vez, a escala local passou a ser discutida nos fóruns ambientais
de maneira intensi�cada, como, por exemplo, a discussão sobre a importância que as
áreas verdes exercem a nível local nos grandes centros urbanos, assim como a nível
global se a quantidade fosse uma fração considerável nas grandes metrópoles. Isso
não ocorre,infelizmente, pois a implementação e ampliação das áreas verdes é uma
das alternativas mais baratas e viáveis para reduzir a poluição proveniente dos
combustíveis fósseis e a formação das ilhas de calor. Segundo Mazzei, Colesanti e
Santos (2007, p. 36), “Tais discussões e situações só rea�rmam a necessidade de áreas
protegidas nos (e entre os) espaços intensamente ou medianamente urbanizados,
não só para o equilíbrio ecológico”.
Além dos motivos supracitados sobre a valorização das áreas protegidas em relação
ao quesito ambiental e social, existe também a importância em função dos interesses
econômicos oriundos ICMS ecológico, um mecanismo tributário que foi criado para
recompensar os municípios que contribuem conservando ou produzindo serviços
ambientais (áreas verdes) por meio de maneiras que ajudam com a manutenção de
bioma, proporcionando aos órgãos municipais parcelas maiores de arrecadação.
Ao falarmos da necessidade de expansão urbana e consequentemente do
crescimento econômico, não podemos esquecer da importância das áreas verdes
com ênfase nas unidades de conservação de proteção integral, que sempre existiram
no local antes de qualquer sinal de civilização, no entanto só não eram reconhecidas
com tal importância.
A partir do evidente crescimento da urbanização, as áreas �orestais foram sendo
reduzidas a pequenas manchas de mata nativa, que, por necessidade, foram incluídas
no programa nacional de conservação dos remanescentes �orestais, denominado de
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (BRASIL, 2000).
Até 1950 o Brasil era um país com uma população quase que totalmente rural, e em
um período de 20 anos se tornou, primordialmente, urbana. Essa mudança de cenário
de forma não planejada provocou alterações no meio natural, originando impactos
negativos de degradação que modi�caram a paisagem (NUNES; COSTA, 2010;
RUBIRA, 2014, 2016 a e b).
O crescimento contínuo das áreas urbanas, muitas vezes de forma
desordenada, vem ocorrendo em detrimento da paisagem, causando a
deterioração do meio natural. Nas cidades, a cor cinza do concreto
substitui o verde da vegetação que compunha, anteriormente, a
paisagem local, contribuindo para um ambiente desconfortável no
ponto de vista natural (PANCHER; ÁVILA, 2012, p. 1663).
Atualmente a valorização imobiliária no entorno das áreas verdes tem se mostrado
como atrativo para valorização de terreno, tendo como marketing a ideia de se
vender o verde, deixando, assim, o homem mais uma vez de agir de maneira
ecologicamente correta, pensando só no �nanceiro, ou seja, no econômico, mas não
de forma viável e ambientalmente vivível.
Para que a sustentabilidade seja alcançada de modo a promover a qualidade
ambiental, é necessário que ocorra “um equilíbrio entre elementos da paisagem
urbana através de um ordenamento do espaço, conciliando principalmente os
benefícios da vegetação com os diversos tipos de usos do solo através de um
planejamento” (LIMA; AMORIM, 2005, p. 748). Logo, para que ocorra a conservação e a
CONCEITUANDO
Troppmair (2008, p. 138), a�rma que “as áreas verdes desempenham um
papel importante no mosaico urbano, porque constituem em espaço
encravado no sistema urbano cujas condições ecológicas mais se
aproximam das condições normais da natureza”.
manutenção das áreas verdes, principalmente para as unidades de conservação de
proteção integral, a elaboração de plano de manejo é imprescindível para que
possam desenvolver suas funções quanto à melhoria da qualidade ambiental.
Loboda (2003, p. 32) menciona que: 
As áreas verdes urbanas possuem uma importância de caráter
fundamental, devendo estar relacionada entre os elementos básicos da
moderna estruturação das cidades. A disponibilidade de áreas verdes
urbanas para as mais variadas atividades, a conservação e manutenção
de todos os elementos que compõem nossas praças e parques urbanos
devem merecer atenção continuada de nossos órgãos públicos,
responsáveis diretamente pela gestão dessas áreas.
Falando sobre a conservação e manutenção das áreas verdes não podemos deixar de
salientar sobre a importância de um planejamento urbano. Segundo Mazzei,
Colesanti e Santos (2007, p. 32) “O planejamento urbano deve sempre prever a
existência de locais destinados ao descanso e ao contato com o meio ambiente,
permitindo a integração completa entre sociedade e natureza”. Sem deixarmos de
mencionar ainda que a manutenção do verde em áreas urbanas é extremamente
importantes, uma vez que suas condições ecológicas estão relacionadas aos níveis de
poluição do ar, ou seja, podem in�uenciar diretamente na composição atmosférica
urbana, no conforto térmico e refúgio para a fauna e �ora, no equilíbrio solo-clima-
vegetação, na redução dos níveis dos ruídos e na melhoria da estética urbana
(TROPPMAIR, 2008). Além disso, é possível a�rmar que a presença das áreas verdes
no meio urbano in�uencia diretamente a saúde física e mental da população.
                      A existência das áreas verdes em centros urbanos pode trazer inúmeros
benefícios, como, por exemplo:
Controle da poluição do
ar e índice de umidade no
ar e acústica;
Aumento do conforto
ambiental;
Estabilização de
superfícies por meio da
�xação do solo pelas
raízes das plantas;
Interceptação das águas
da chuva no subsolo
reduzindo o escoamento
super�cial;
Apesar dos vários benefícios citados, proporcionados pelas áreas verdes, a maioria da
população infelizmente não percebe a importância que exercem e, na maioria das
vezes, não solicitam e exigem melhor conservação, manutenção e �scalização do
Poder Público.
Em alguns casos, as áreas verdes, quando não protegidas, ao invés de
proporcionarem o bem estar da população, acabam promovendo situações adversas
que podem originar problemas sociais e até mesmo ambientais, como, por exemplo:
quando são consideradas locais de risco de disseminação de vetores contagiosos
devido ao depósito indiscriminado de resíduos sólidos por empresas e até mesmo
obras privadas, como casas em processo de construção e locais para a prática do uso
de drogas ilícitas, entre outros exemplos, que, quando mal gerenciadas, tornam essas
áreas uma ameaça para a população, ao invés de exercerem suas funções.
Contudo para que estes problemas possam ser evitados é importantíssimo a
existência de um plano de uso e manejo, atuando juntamente com uma �scalização
por parte do poder público, para que essas áreas possam exercer função de
preservação de recursos naturais e de melhoria de vida dos habitantes limítrofes.
Abrigo à fauna;
Proteção das nascentes e
dos mananciais;
Organização e
composição de espaços
no desenvolvimento das
atividades humanas;
Valorização visual e
ornamental do ambiente;
Recreação;
Diversi�cação da
paisagem construída;
A vegetação tem efeitos diretos sobre a saúde mental
e física da população.
Breve história das cidades: até a
revolução industrial
Para estudarmos sobre a origem das cidades não podemos deixar de falar um
pouquinho sobre a história do aparecimento do homem na Terra há vários milhões de
anos e como ele foi se adaptando aos diferentes períodos da história da civilização
humana, coletando seu próprio alimento e buscando abrigo no ambiente natural.
A história da civilização humana, de acordo com a arqueologia, começa na pré-
história e continua na história até os dias atuais. Realizar uma análise sobre a evolução
do homem na conquista pelo ambiente durante todo esse período histórico é
complicado, pois o estudo da Pré-história, por exemplo, depende da análise de
documentos não escritos, como desenhos, pinturas, restos de armas, utensílios de uso
diário, entre outros.
De acordo com a literatura, os estudiosos costumam diferenciar duas grandes etapas
na evolução do homem. A Pré-história: a antiga Idade da Pedra ou Paleolítico Inferior
(500000 - 30000 a.C.) e o Paleolítico Superior (30000 - 18000 a.C.); nova Idade da
Pedra ou Neolítico (18000 – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais (5000 – 4000 a.C.)
(ARRUDA, 1993). O marco na divisão entre História e Pré-história foi a invenção da
escrita,ocorrida por volta do ano 4000 a.C.
No período da Idade da Pedra (Paleolítico Inferior), o homem vivia da caça, pesca e
alimentos recolhidos da própria natureza. Nesse período inicia-se a fabricação dos
primeiros instrumentos (arcos e setas, objetos de pedra etc.).
Durante o período Paleolítico Superior o hábito da alimentação a base de carne é
diminuída, em consequência possivelmente de períodos extremos de frio e calor,
secas e chuva que marcaram esse período. Dessa forma, para subsistir, o homem
passa a realizar a atividade de colheita em grupos. Logo, a necessidade do homem
em conseguir seu alimento, devido às condições inóspitas citadas, leva essas
comunidades a deixarem de realizar a prática do nomadismo para a �xação em locais
especí�cos.
Esse período já é marcado por um progresso considerável na fabricação de
instrumentos, segundo escavações realizadas, e utensílios encontrados que
pertenciam a essa época. Assim, quando o homem começa a desenvolver técnicas de
pastoreio e agricultura e sai do estágio da colheita, inicia-se o período neolítico ou a
nova Idade da Pedra.
No período neolítico, o homem começa a domesticar um pequeno número de
animais, a fabricar utensílios de cerâmica, preparar o solo, irrigar o solo, selecionar
sementes, cultivar algumas plantas comestíveis e conhecer as estações do ano, ou
seja, passa a organizar o espaço em que vive e, consequentemente, começa a
modi�car o meio ambiente.
No �nal do período Paleolítico Superior existiu uma fase de transição para o período
Neolítico, chamado Mesolítico. Nesse período a precisão dos trabalhos em osso
aumentou, predispondo a verdadeira revolução que ocorreria na fase neolítica.
Com todas essas conquistas, descobertas e evolução, �cou difícil realizar as atividades
agrícolas e a criação de gado na mesma área. Logo, houve a necessidade de as
atividades pastoreiras da agricultura, o que marcou a primeira divisão social do
trabalho, pastor e o agricultor. Essa divisão social do trabalho proporcionou o
aparecimento de locais para troca, permitindo que pastores e agricultores
permutassem os seus produtos, pois o pastor necessitava dos produtos agrícolas e o
agricultor, por outro lado, precisava dos produtos animais. No entanto nem sempre a
troca podia acontecer, pois muita das vezes não era época de colheita ou os produtos
animais não estavam disponíveis. Pode-se a�rmar que a escrita e a moeda foram
criadas durante essa fase, pela necessidade de registros e facilitação das trocas
combinadas e entregas de produtos, respectivamente.
No início do período histórico, �m do período neolítico, ou seja, cerca de 4000 a.C., os
primeiros agrupamentos humanos começam a se formar, com características de
cidade. O aumento da densidade demográ�ca foi aos poucos, transformando as
antigas aldeias em cidades, tendo como resultado alterações na esfera da
organização social.
Segundo Benevolo (1993, citado por Abiko, 1995, p. 7), 
a cidade – local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao
mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade – nasce da aldeia, mas
não é apenas uma aldeia que cresceu. Ela se forma quando os serviços já
não são executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras
que não têm esta obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o
excedente do produto total. Nasce, assim, o contraste entre dois grupos
sociais, dominantes e subalternos: os serviços já podem se desenvolver
através da especialização, e a produção agrícola pode crescer utilizando
estes serviços. A sociedade se torna capaz de evoluir e de projetar a sua
evolução. A cidade, centro maior desta evolução, não só é maior do que a
aldeia, mas se transforma com uma velocidade muito maior.
Com o crescimento populacional, junto à consolidação da prática da agricultura
intensiva, surge um novo estilo de vida, que provocou mudanças fundamentais na
economia e nas ordens social, tecnológica, ambiental e ideológica.
A Idade dos Metais (5000 - 4000 a.C.) iniciou com a descoberta da
técnica de fundição dos metais, quando o homem abandonou de
maneira progressiva as ferramentas de pedra. Essa fase foi marcada
inicialmente com a produção de cobre, do estanho e do bronze (3000
a.C. no Egito e Mesopotâmia). Mais tarde (1500 a.C.) apareceu o ferro na
Ásia Menor, ganhando preferência na fabricação das armas.
A cidade, considerada núcleo dessa evolução, não é apenas maior que a aldeia, ela
apresenta uma velocidade de transformação muito maior, determinando um salto
civilizador e a conquista de novos horizontes para a sociedade, com mudanças
signi�cativas da composição e das atividades da classe dominante, que in�uem sobre
toda a sociedade.
Os principais locais de surgimento das cidades foram ao longo dos vales dos rios
Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia; do Nilo, no Egito; do rio Indo, na Índia; do Yang-
Tsé- Kiang e Hoang-HO na China; e do San Juan, na Meso-América.
Devido à complexidade de atividades executadas a partir da criação das cidades, foi
necessário criar Estados para a defesa militar e a construção de grandes obras (de
irrigação, templos, canais etc.), culminando no processo de formação das civilizações.
A primeira civilização destaque no território europeu foi a grega, cujos registros das
cidades-Estado remontam aos séculos VIII a VI a.C. Na América pré-colombiana,
podemos destacar as cidades de Cuzco e Machu Picchu, no Peru, e a antiga cidade de
Tenochtitlán, onde é localizada hoje a cidade do México.
Com o renascimento comercial e urbano no interior do continente europeu, no �nal
da Idade Média, as cidades voltaram a se desenvolver a partir dos burgos (centros
comerciais e culturais), período que assistiu o desenvolvimento do capitalismo
industrial. No caso dos ingleses, as cidades cresceram em decorrência dos
cercamentos que expulsaram os camponeses de suas terras, forçando-os a se
articularem nas nascentes indústrias urbanas. O Brasil, assim como os demais países
da América Latina, sofreu intenso processo de urbanização, especialmente na
segunda metade do século XX, o que fez surgir uma grande quantidade de
construção de cidades, parte delas feita fora da lei, sem a participação dos governos,
sem recursos técnicos e �nanceiros signi�cativos.
A Revolução Industrial, juntamente à centralização da administração do Estado,
favoreceu a rápida urbanização de vastos espaços territoriais, surgindo a necessidade
da criação de políticas de planejamento e urbanização, com objetivo de sanar
problemas de deslocamento, habitacionais e sanitários, e como forma do Estado
evitar e combater distúrbios sociais oriundos da vida urbana contemporânea.
O desenvolvimento proporcionado pelo capitalismo fez surgir as metrópoles (grandes
cidades de importância nacional e regional) e megalópoles (espaços de união de
metrópoles). No ano 2000 metade da população mundial vivia em cidades e a ONU
esboça para o ano de 2050 a existência de dois terços de população urbana.
SAIBA MAIS
O planejamento urbano garante que os empreendimentos habitacionais
da cidade sejam montados corretamente para maximizar os benefícios
para os moradores e evitar problemas de saúde e segurança (MAZZEI;
COLESANTI; SANTOS, 2007).
Primeira legislação urbanística
(sanitária)
O surgimento dos serviços sanitários estaduais no Brasil, principalmente em São
Paulo, teve forte in�uência da Proclamação da República; condição já existente desde
o primeiro Código Sanitário, datado de 1894, e implantada pelo Decreto nº 233, de 2
de março de 1894, constituída de 520 artigos que regulava aspectos relacionados às
condições sanitárias das moradias, cortiços e hotéis; da produção de alimentos; do
esgoto e das águas; do abastecimento; do atendimento à saúde; das condições do
ambiente de trabalho, do trabalho noturno e infantil; das escolas, teatros e do lazer;
entre outros. Esse código, alterado e com emendas, foi a base da legislação sanitária
que atravessou a virada para o século XX e acompanhou as grandes transformações
da sociedade paulista no início de século, porém tornou-se, com o passar do tempo,
ultrapassadoNo dia 9 de abril de 1918, pelo Decreto Estadual nº 2918, foi promulgado o novo Código
Sanitário do Estado de São Paulo, constituído de 800 artigos e de nítida inspiração no
modelo de polícia médica praticado na Alemanha nos séculos XVIII e XIX, conforme
Rosen (1980). Esses 800 artigos, divididos em títulos e subdivididos nos capítulos e
seções, procuravam regular a vida das pessoas nas cidades e na zona rural do estado
de São Paulo. Pelo que se observa da sua composição, essa lei regulava o serviço
sanitário estadual e municipal, bem como as questões urbanas e rurais. Porém era
contrastante com uma infraestrutura de Estado insu�ciente para �scalizar seu efetivo
cumprimento, pois o Serviço Sanitário do Estado, nessa época, contava apenas com
pouco mais de 400 funcionários, distribuídos na Capital, nos vários Hospitais e nas
seis delegacias de saúde existentes (Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Botucatu,
Guaratinguetá e São Carlos).
Toda a legislação urbanística no Brasil era baseada nos Códigos de Posturas de
origem colonial e somente em 1920 é que começa a ser substituída por códigos de
obras e por leis de zoneamento urbano.
As mudanças na legislação urbanística brasileira ao longo do século XX não
integraram os instrumentos urbanísticos como instrumento de regulação dos
con�itos sociais urbanos, apenas desenvolveram mecanismos de preservação e
regulações internas direcionadas para o mercado imobiliário.
Em 1971, ocorreu a atualização da legislação urbanística no Brasil, por
meio de ato institucional, como estratégia política defendida pelo
governo militar de instrumentalização das administrações
metropolitanas diante do marcado crescimento explosivo das cidades
durante o chamado “milagre econômico”.
A década de 70 também foi marcada pela produção das seguintes leis: lei de
parcelamento do solo urbano (6766/77), lei de zoneamento industrial (1817/78) e o
projeto de lei (775/83) que tratava do desenvolvimento urbano. O projeto de lei
(775/83) encontrou di�culdade de aprovação pelo fato de introduzir vários
instrumentos urbanísticos, como o controle da especulação imobiliária, �cando
arquivado até a convocação da Assembleia Constituinte, em 1987. Cabe aqui explicar
o signi�cado dessas leis, porque, por um lado, abriram espaço para uma atualização
da legislação urbanística, mas não sugeriram nada a respeito da regulação social e da
habitação popular e social.
Todavia o início da década de 80 ainda foi marcado pela necessidade de introduzir
instrumentos urbanísticos e uma legislação que fosse capaz de estabelecer um
mínimo de ordenamento ao crescimento das cidades, especi�camente em função
dos altos custos da infraestrutura urbana, como saneamento, abastecimento de água,
transportes públicos e habitação.
Com a elaboração da Constituição de 1988, a legislação urbanística volta à agenda
política, porém a in�uência do mercado imobiliário domina a Subcomissão da Política
Urbana e Transportes, sendo o setor imobiliário um dos líderes entre eles.
Dessa forma, O Estatuto da Cidade, aprovado 2001, é estabelecido com um século de
atraso em relação às experiências europeias no que se refere à utilização de
instrumentos urbanísticos para regular socialmente o mercado imobiliário e fazer
políticas de compensação social através da política urbana.
@envato
Assim, Constituição de 1988, por meio
do artigo 182, coloca o Plano Diretor
como o instrumento regulador da
função social da cidade, �cando esse
artigo amarrado a um projeto de lei
para a sua regulamentação. A
regulamentação desse artigo deu
origem ao projeto de lei 5.788/90
(Estatuto da Cidade). Mais tarde, foi
aprovada a Lei 10.257/01, 
O Estatuto da Cidade (nome
original). 
REFLITA
Planejadores urbanos estudam muitas teorias relacionadas ao
desenvolvimento de favelas, de modo a evitar seu crescimento no futuro
(MARICATO, 2000).
Livro
Filme
Técnicas de planejamento
AUTORIA
Claudinéia Conationi da Silva Franco
Sumário
Introdução
1 - O pré-urbanismo e as cidades modelos
2 - Conceitos do urbanismo: Carta de Atenas, Carta dos Andes, Escola
de Chicago
3 - A estrutura socioeconômica da cidade moderna
4 - Abordagens sobre as técnicas de planejamento
Considerações Finais
Introdução
O planejamento urbano aborda uma série de processos, estudos e até mesmo áreas
diferentes, mostrando sobretudo como ocorrerá o crescimento de uma cidade. Todo
esse detalhamento é fundamental, a . m de promover o bem-estar e segurança de
toda a população e impedir crescimento desordenado da malha urbana.
O planejamento urbano está totalmente ligado ao plano diretor. A partir desse
pressuposto é possível traçar diretrizes em relação ao zoneamento, ocupação e
expansão da área urbana.
O crescimento da população, junto com o da própria cidade, desencadeiam uma
certa precariedade em relação ao todo da malha urbana pelo fato dos habitantes se
apresentarem apenas na região que se relacionam com o cotidiano das pessoas, ou
seja, local de residência, trabalho, escola, entre outros lugares de convívio, e não
ocuparem a cidade por inteiro, devido também à divisão da estrutura urbanística
existente.
Além dos fatores supracitados, a desigualdade existente devido a fatores �nanceiros
ou de distribuição de renda também proporcionam a divisão da cidade,
concretizando o contexto do arranjo urbano. Todos esses fatores são ocasionados pela
existência das desigualdades sociais na maioria dos países capitalistas, pois quanto
maiores as diferenças socioeconômicas entre as classes sociais, maior é a diferença
em relação aos seguintes aspectos: moradia, serviços públicos e qualidade de vida.
Plano de Estudo:
1. O pré-urbanismo e as cidades modelos.
2. Conceitos do urbanismo: carta de Atenas, carta dos Andes e escola de Chicago.
3. A estrutura socioeconômica da cidade moderna (classes sociais e a segregação)
e a problemática ambiental.
4. Abordagens sobre as técnicas de planejamento: plano diretor (história e
resultados).
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar e contextualizar o pré-urbanismo e as cidades modelos.
2. Estabelecer a importância da carta de Atenas, carta dos Andes e a escola de
Chicago.
3. Compreender a estrutura socioeconômica da cidade moderna e a problemática
ambiental.
4. Reconhecer o Plano Diretor como um instrumento de ordenamento territorial.
O pré-urbanismo e as cidades
modelos 
O advento da Revolução Industrial provocou um crescimento acelerado das cidades
durante o século XIX, desencadeando várias transformações no espaço urbano e até
mesmo re�exões sobre esse tema. Assim sendo, surge um conjunto de re�exões e
propostas de pensadores políticos sociais do século XIX para o problema da cidade,
associando o questionamento sobre a estrutura e o signi�cado da relação social
denominado de Pré-urbanismo. São contribuições anteriores ao surgimento da
palavra Urbanismo.
No momento do pré-urbanismo, no século XIX, o estudo da cidade assume dois
aspectos diferentes: aspectos descritivos em que se observam os fatos isoladamente,
tentando ordená-los de modo quantitativo (estatística), e aspectos polêmicos, que
reúnem informações, integrando-as num quadro de polêmica. Consideram a cidade
como um câncer. Esse último teve inspiração humanística ao denunciar as condições
de vida dos proletários (denunciam o estado de deterioração física e moral em que
vivem), contribuindo, assim, para gerar toda uma legislação voltada para o trabalho e
para a habitação. Mas os polemistas constituem-se, também, de pensadores políticos
e sua crítica inclui as questões da exploração e alienação do trabalhador, associadas à
nova ordem industrial (CHOAY, 1998). Ou seja, denunciam condições da cidade
(situação da classe trabalhadora distância para o trabalho).
@shutterstock
A re�exão sobre propostas de
ordenamentos urbanos para a
desordem da cidade industrial
resultou-se em modelos espaciais,
exemplares e reprodutíveis. Um deles
assumiu a forma de uma utopia
progressista e o outro, a forma de
uma utopia nostálgica. O modelo
progressista fundamenta sua crítica à
cidadeindustrial na situação de
alienação do indivíduo. Por outro
lado, nesse modelo o indivíduo é
tomado como um ser com
necessidades, as quais o progresso
técnico deveria prover os meios para
atender.
O tema chave nesse modelo é a higiene, por isso o espaço progressista é aberto e
rompido por espaços vazios ou verdes que garantem a exposição das edi�cações ao
sol. O traçado é de�nido em conformação com as funções urbanas: habitação,
trabalho, cultura e lazer, separadas devidamente, o que, sugere-se, resultar em bem
estar e progresso social. Nesse modelo, a beleza é associada à lógica racional, não
aceitando nenhuma herança artística do passado para submeter-se às leis de uma
geometria “natural”. Arranjos novos, simples e racionais substituem as disposições e
ornamentos tradicionais. Dessa forma, a cidade adquire certa rigidez e, nesse aspecto,
se �lia à utopia. Entre os tipos de edifícios, o alojamento tem lugar privilegiado, ou
seja, a habitação coletiva e unifamiliar é considerada como modelo. O modelo
progressista se caracteriza pela fragmentação (blocos que são repetidos), baixa
densidade, en�m, tudo o que se opõe a uma atmosfera urbana, ou seja, tem que ser
um espaço com uma disposição simples que impressione os olhos e os satisfaça, com
abundância de verde e vazios, o que exclui uma atmosfera precisamente urbana
(cidade campo). Embora esse modelo tenha sido originado como consequência de
preocupações sociais, trata-se de um modelo autoritário e orientado no sentido do
rendimento máximo.
A outra forma de utopia nostálgica é representada pelo modelo culturalista, que
prioriza o agrupamento humano (cidade) em detrimento do indivíduo. O grande
diferencial desse modelo em relação ao modelo progressista é o desaparecimento da
antiga unidade orgânica da cidade sob a pressão desintegradora da industrialização.
O ponto chave desse modelo é a busca pela cultura, como o próprio nome diz, e não a
ideia de progresso, mas fazer o melhor do passado reviver. Assim, o planejamento da
cidade será menos rigoroso e não tão determinista. No entanto a cidade deve ser
restrita a limites precisos, que estabeleçam contraste com a natureza e ter dimensões
modestas.
No modelo culturalista, o estético ocupa o lugar que a higiene ocupava no modelo
progressista. A irregularidade e a assimetria são valorizadas enquanto as marcas de
organicidade são identi�cadas com a potência geradora da vida. No interior da
cidade nenhum traço de geometrismo é existente, pois o geometrismo é considerado
como tabuleiros, prisões para a alma. Trata-se de uma estética totalmente ligada à
tradição, que não propõe padrões ou modelos. A edi�cação valorizada é aquela de
uso cultural e o clima da cidade é propriamente urbano.
Se analisarmos do ponto de vista econômico, o modelo de cidade culturalista é anti-
industrial e a produção bene�cia a relação harmoniosa entre os indivíduos, que
gozam de uma vida feliz e plena de lazeres, ao invés do rendimento. Entretanto esse
modelo é tão fechado quanto o progressista, pois também não considera as
transformações próprias à temporalidade: propõe uma cidade que não sofre
transformação no tempo. O que faz, nesse aspecto, também se aproximar da utopia.
Nos dois modelos descritos, os pensadores imaginam a cidade do futuro de forma
ideal. Ao invés de ser pensada como um problema ou processo a ser resolvido, é
sempre colocada como uma coisa, um objeto reprodutível, sendo tirada da
temporalidade concreta e torna-se utópica, quer dizer, de lugar nenhum. Alguns
exemplos foram realizados, mas fracassaram, principalmente por seu rompimento
com a realidade socioeconômica contemporânea e pelo caráter limitador e repressivo
de sua organização.
Conceitos do urbanismo: Carta de
Atenas, Carta dos Andes, Escola
de Chicago 
O urbanismo difere-se do pré-urbanismo essencialmente porque não é obra de
pensadores (�lósofos, economistas, historiadores, entre outros), mas de especialistas,
de pro�ssionais que visam colocar em prática suas ideias, geralmente arquitetos. No
entanto conserva-se o lugar do imaginário, já que a cidade mesma é substituída por
uma ideia, fazendo do urbanismo um herdeiro direto do momento anterior,
mantendo, inclusive, as duas tendências ideológicas, o urbanismo progressista e o
urbanismo culturalista. Mas, a despeito de estar fundado no pensamento socialista do
século XIX, o discurso do urbanismo é essencialmente despolitizado.
Entre os Urbanistas Progressistas temos: Tony Garnier, Walter Gropius e Charles-
Edouard Jeanneret (Le Corbusier - mais importante dos urbanistas progressistas).
Esses urbanistas buscavam adaptar a cidade às necessidades modernas, englobando
a indústria e o novo modo de vida. No Urbanismo Culturalista temos: Camillo Sitte,
Ebenezer Howard, Raymond Unwin, que buscavam uma nova forma de vida,
resgatando valores e costumes passados (CHOAY, 1992).
No Brasil, ao �nal da década de 30 e início da década de 60 ocorreu um processo de
rede�nição da habitação enquanto questão urbanística. O controle sanitário e policial
das moradias das classes pobres começa a ser repensado e alterado. A associação
entre habitação e planejamento passa a ser formulada, tendo como base as
especi�cidades da urbanização dos grandes centros latino-americanos. Assim, essa
nova formulação foi o fator determinante para inserção do Brasil no circuito da
cooperação interamericana promovida por organismos internacionais. Além dos
documentos utilizados como base, como a Carta de Atenas, Carta dos Andes e Escola
de Chicago, ao dar linhas de orientação sobre o exercício e o papel do urbanismo
dentro da sociedade, servindo de inspiração à arquitetura contemporânea.A Carta de
Atenas é um documento de compromisso, datado de 1933, elaborado e assinado por
grandes arquitetos e urbanistas internacionais do início do século XX, entre os quais
se destaca Le Corbusier, que na época já se apresentava como um dos mais
importantes idealizadores da arquitetura e urbanismo modernos. A Carta foi escrita
como conclusão do Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de
Monumentos Históricos que teve lugar em Atenas, na Grécia, em outubro de 1931
(Infopédia, 2020).
Considera-se que a Carta de Atenas assentava em quatro funções básicas na cidade:
habitação, trabalho, diversão e circulação. A Carta de Atenas propunha, em termos
sociais, que cada indivíduo tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem-estar do
lar e à beleza da cidade.
Em 1998, foi elaborada pelo Conselho Europeu de Urbanistas (composto por
representantes de Portugal, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia,
Holanda, Irlanda, Itália e Reino Unido) a Nova Carta de Atenas. A redação da Nova
Carta de Atenas pretendeu ser mais adequada às gerações vindouras do que as de
1933, dando o papel principal ao cidadão na hora de tomar decisões organizativas.
Segundo a nova carta, a evolução das cidades deve resultar da combinação de
distintas forças sociais e das ações dos principais representantes da vida cívica. O
papel dos urbanistas pro�ssionais passou a ser o de proporcionar e coordenar o
desenvolvimento.
A Carta dos Andes é um documento com as conclusões e recomendações resultantes
do Seminário de Técnicos e Funcionários do planejamento urbano que expressa o
processo que ocorre nos programas de cooperação interamericanas a partir do �nal
da década de 30 até o �nal da década de 50 (MELLO, 1960).
A Carta dos Andes corrobora a ideia da qual o planejamento é a ferramenta mais
adequada para superar as grandes di�culdades em consequência do baixo nível de
desenvolvimento econômico, político, social e cultural.
@ freepik
O início do século XX foi marcado por
uma série de reuniões e conferências
com o objetivo de identi�car os itens
fundamentais que dariam forma a
uma concepção comum do conceito
de cidade. Dessa forma, um
diagnóstico da situação das cidades
foi realizado por urbanistas e
arquitetos de renome, identi�cando
debilidades e problemas, bem como
as respetivas soluções. Foram
redigidas normas a respeitar a partir
de um diagnóstico prévio. Duranteesse diagnóstico, 33 cidades de
diferentes latitudes e climas do
mundo foram analisadas, de forma a
responder aos problemas causados
pelo rápido crescimento dos centros
urbanos, devido às mudanças nos
sistemas de transportes e à
mecanização. 
Características do planejamento regional, metropolitano e urbano na América Latina:
o processo geral de renovação urbana e Habilitação de áreas subdesenvolvidas são os
três itens da Carta, pelo qual a realidade da metrópole da América Latina e América
Central é analisada, onde as altas taxas de crescimento demográ�co, a migração, a
expansão urbana dos grandes centros, a especulação, a formação de favelas e
habitações precárias e a falta de serviços públicos são problemas que podem ser
superados por meio da combinação de políticas de planejamento e habitação.
Ainda no campo das investigações dos fenômenos sociais que ocorriam
especi�camente no meio urbano em todo território mundial e na grande metrópole
norte-americana, surge, como resposta, a Escola de Chicago, nos Estados Unidos, na
década de 10, por iniciativa de sociólogos americanos que faziam parte do corpo
docente do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, fundada pelo
historiador e sociólogo Albion W. Small. Tanto o Departamento de Sociologia, como a
Universidade de Chicago receberam inestimável ajuda �nanceira do empresário
norte-americano John Davison Rockefeller. Entre 1915 e 1940 a Escola de Chicago
produziu um vasto e diversi�cado conjunto de pesquisas em relação aos fenômenos
sociais, como: o crescimento da criminalidade, da delinquência juvenil, o
aparecimento de gangues de marginais, os bolsões de pobreza e desemprego, a
imigração e, com ela, a formação de várias comunidades segregadas (os guetos) que
aconteciam em resposta ao processo de expansão urbana e crescimento
demográ�co da cidade de Chicago no início do século XX, resultado do acelerado
desenvolvimento industrial das metrópoles do Meio-Oeste norte-americano. O mais
importante é evidenciar que os estudos dos problemas sociais proporcionaram a
elaboração de novos procedimentos metodológicos e o surgimento de novas teorias e
conceitos sociológicos.
A estrutura socioeconômica da
cidade moderna (classes sociais e
a segregação) e a problemática
ambiental 
No mundo contemporâneo, as diferentes áreas que compõem os grandes centros
urbanos apresentam-se de maneira fragmentada, isso nos remete a ideia de um
arranjo espacial, composto por vários fragmentos, cada qual com suas características
e aspectos diferenciados, mas que, juntos, constituem o todo.
Nas cidades, essa distribuição é de�nida com base na atuação de cada área, por
exemplo, centros comerciais, bairros industriais, �nanceiros, residenciais, bairros com
grande número de casas, além de bairros que abrigam uma grande quantidade de
estabelecimentos de diversão, como boates, bares e restaurantes.
Em uma grande cidade a estrutura é composta por vários polos, e cada um deles é
considerado uma região constituída de um centro e uma rua com maior evidência
por apresentar muitas atividades ali desenvolvidas, como comércio, serviços, entre
outros.
Ao analisarmos desse ângulo podemos dizer que a população de baixa renda
depende exclusivamente da qualidade dos serviços públicos nos diferentes setores,
sejam eles na área da saúde, transporte coletivo, educação, entre outros, para que
possam desfrutar de uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, para que esses
serviços ocorram de forma adequada e de maneira mais humana possível, é
necessário existir uma organização, com o objetivo de requisitar as necessidades
comunitárias ou di�cilmente este cenário será mudado.
A segregação socioespacial também chamada de segregação urbana diz respeito a
marginalização ou periferização de alguns grupos sociais ou pessoas por
determinados fatores, como: econômicos, culturais, históricos e até raciais no espaço
das cidades. No Brasil, habitações em áreas irregulares, como nas proximidades de
cursos d'água, a formação de favelas, cortiços e áreas de invasão são alguns exemplos
mais comuns de segregação urbana. Essas áreas são constituídas por pessoas com
baixos salários, poucas condições de renda e que não possuem outra opção a não ser
@ freepik
O crescimento da população, junto
com o da própria cidade,
desencadeia uma certa precariedade
em relação ao todo da malha urbana,
pelo fato dos habitantes se
apresentarem apenas na região que
se relaciona com o cotidiano pessoal,
ou seja, local de residência, trabalho,
escola, entre outros lugares de
convívio, e não ocuparem a cidade
por inteiro, devido também à divisão
da estrutura urbanística existente. 
Além dos fatores supracitados, a
desigualdade existente devido a
fatores �nanceiros ou de distribuição
de renda também proporcionam a
divisão da cidade, concretizando o
contexto do arranjo urbano. Todos
esses fatores são ocasionados pela
existência das desigualdades sociais
na maioria dos países capitalistas,
pois quanto maiores as diferenças
socioeconômicas entre as classes
sociais, maior é a diferença em
relação aos seguintes aspectos:
moradia, serviços públicos e
qualidade de vida. 
se instalarem em locais desprovidos de infraestrutura, o que caracteriza a segregação
urbana. Ou seja, a segregação urbana é a reprodução dos imperativos sociais em
relação à transformação do espaço das cidades.
Logo, podemos a�rmar que a segregação urbana é a reprodução espacial e
geográ�ca da segregação social, fato esse quase sempre relacionado com o processo
de divisão de classes sociais, em que a população menos favorecida acaba se
instalando em áreas menos acessíveis e mais afastadas dos grandes centros
econômicos. Além disso, esses espaços segregados são desprovidos ou apresentam
baixa disponibilidade de infraestruturas, como pavimentação, saneamento básico,
espaços de lazer, entre outros.
Para explicar a causa da segregação urbana, o principal modelo apontado pela
literatura especializada a�rma que parte da oposição entre centro e periferia e
constitui-se a partir da formação de novas centralidades, expandindo-se a partir de
então. Dessa forma, as classes economicamente mais favorecidas tendem a se
instalar próximas desse centro, uma vez que esses espaços são mais caros e
valorizados. No entanto, com o tempo, esses centros principais se tornam
sobrecarregados e graças a evolução de técnicas permitem que práticas e serviços
migrem a partir de novos subcentros, fazendo com que estes se tornem mais
valorizados, encarecendo os preços dos terrenos e elevando os custos sociais, o que
proporciona a ocupação desse espaço pela população mais rica e leva ao afastamento
da população mais pobre.
Nesse aspecto, o estado atua oferecendo a esses centros as melhores condições de
infraestrutura, com uma maior diversidade de transportes, praças, áreas de lazer,
entre outras, proporcionando para essas áreas: maior empregabilidade, mobilidade e
atividade em seus espaços do que as demais, incluindo os trabalhadores que moram
nas periferias e que precisam deslocar-se em grandes distâncias, para exercerem seus
trabalhos.
O crescimento desordenado dos bairros periféricos, além das favelas e das casas em
áreas irregulares, representa a segregação involuntária, aquela que não ocorre de
forma planejada por parte de seus atores, mas é forjada pelas condições sociais e
econômicas da população. Esse tipo de segregação não pode ser confundido com a
autossegregação, também chamada de segregação voluntária, que é aquela
praticada por grupos economicamente favorecidos que se afastam do inchamento
das cidades, passando a residir em locais mais ou menos isolados, geralmente em
grandes condomínios residenciais luxuosos.
Portanto, a segregação urbana, como podemos observar, mostra as contradições
econômicas e sociais da sociedade contemporânea sobre o espectro do espaço
geográ�co.
Abordagens sobre as técnicas de
planejamento: plano diretor
(história e resultados) 
O rápido crescimento das cidades sem nenhum planejamento fez surgir
preocupações em relação ao bem-estar dos cidadãos.Alguns fatos, como a ocupação
desordenada em área de risco, a falta de cuidados com os recursos naturais, a
poluição do ar, água e paisagens, falta de infraestrutura, saneamento, saúde,
transporte de qualidade, associados à falta de planejamento, colaboram ainda mais
para a agravar a situação. Diante desse cenário surgem discussões de políticas
públicas que têm por objetivo o equilíbrio das práticas econômicas, sociais e
ecológicas no território urbano, possibilitando a implantação de um instrumento
denominado Plano Diretor, “[...] previsto constitucionalmente e regulamentado no
Estatuto da Cidade, mostrando como esse instrumento de planejamento urbano
pode ser um importante aliado na gestão ambiental e na promoção da
sustentabilidade do espaço urbano” (SAYAGO; PINTO, 2005, p. 2).
Segundo Ascher (2012, p. 14), o Plano Diretor pode ser considerado a principal política
pública de ordenamento do território urbano:
A complexidade do tecido urbano em expansão necessita de diretrizes
para se ordenar o espaço urbano conforme os diferentes usos do solo
(residencial, lazer, equipamentos urbanos, comercial, industrial, entre
outros), que abarca a dinâmica do espaço urbano em constante
incerteza, essa própria do processo de mundialização do capital, o que
fomenta a necessidade de um compromisso urbano.
Conforme Sayago e Pinto (2005, p. 9), o Plano Diretor é um documento que visa “[...]
balizar o desenvolvimento e a expansão do espaço construído, de modo a mudar a
realidade urbana, trazendo melhor qualidade de vida à população.” Ele está previsto
no art. 182, §1º da Constituição Federal de 1988 e deve englobar toda a área do
município, urbana ou rural, sendo considerado um importantíssimo instrumento
básico da política urbana e fundamental para o planejamento das cidades.
O Plano Diretor é um instrumento que elabora os objetivos a serem
alcançados, o prazo em que estes devem ser atingidos (muito embora o
plano, em geral, não precise . xar prazo no que concerne às diretrizes
básicas), as atividades a serem implementadas e quem deve executá-las.
É diretor por �xar as diretrizes do desenvolvimento urbano do município.
É por meio do plano que se de�ne o melhor modo de ocupar um
município ou região, prever as áreas onde se localizarão os pontos de
lazer, as atividades industriais e todos os usos do solo, não somente no
presente, mas também no futuro. Isso permitirá a consolidação de
valores com vista à qualidade de vida urbana (SILVA, 2000, p. 93).
O Plano Diretor trata do ordenamento do espaço municipal (aspecto físico), do
aspecto social, ligado à melhoria da qualidade de vida das cidades, e do aspecto
administrativo, que se refere à atuação do poder público. De acordo com o Estatuto
da Cidade (BRASIL, 2001), o Plano Diretor é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana e deve ser aprovado por lei municipal.
Ainda devemos frisar que o Plano é obrigatório para cidades com as seguintes
características:
§ 1º O Plano Diretor é parte integrante do processo de planejamento
municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o
orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 2º O Plano Diretor deverá englobar o território do Município como um
todo.
§ 3º A lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a
cada dez anos.
§ 4ºNo processo de elaboração do Plano Diretor e na �scalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais
garantirão:
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade;
II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações
produzidos (BRASIL, 2001).
Além disso, segundo a lei (BRASIL, 2001, art. 42), o plano deve conter, no mínimo, “[...] a
delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edi�cação
ou utilização compulsórios, considerando a existência de infraestrutura e de
demanda para utilização [...]”.
Para que o plano diretor possa ser um instrumento útil ao desenvolvimento local, é
preciso identi�car e mapear as atividades econômicas existentes na zona urbana e
rural e veri�car em que condições essas atividades estão se desenvolvendo. É
necessário analisar alguns aspectos essenciais, como: abastecimento d’água, energia
elétrica, infraestrutura existente (sistema viário, rede telefônica, saneamento etc.),
potencialidades econômicas, mobilidade e acessibilidade e compatibilidade de uso
do território por meio da elaboração de mapas temáticos (SCOPEL, 2018).
Segundo sua potencialidade econômica, cada município deve adotar as diretrizes e
instrumentos necessários ao fortalecimento da economia local, por exemplo:
municípios com predominância no agronegócio podem tratar das questões
relacionadas às vias de escoamento da produção. Além disso, podem também criar
um programa que destina áreas para as agroindústrias coletivas ou individuais nas
comunidades rurais. Já no caso de municípios turísticos, podem discutir sobre temas
ligados à preservação do patrimônio histórico ou natural, entre outros.
I – com mais de vinte mil habitantes;
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos
previstos no 4o do art. 182 da Constituição Federal;
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V – inseridas na área de in�uência de empreendimentos ou atividades
com signi�cativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional
(BRASIL, 2001).
SAIBA MAIS
Le Corbusier foi um arquiteto atuante no século XX, não só no campo
teórico-acadêmico, mas também como pro�ssional da arquitetura,
deixando inúmeras obras de arquitetura e urbanismo que, até os dias de
hoje, são paradigmáticas: suscitam muitas críticas ao mesmo tempo que
ainda servem de modelo para as cidades. Os cincos pontos da Carta de
Atenas de 1933 (Habitação, Lazer, Trabalho, Circulação e Patrimônios
históricos das cidades) e o modelo teórico da Ville Radieuse podem ser
considerados síntese do seu pensamento. A Ville Radieuse, em
português, cidade radiosa, é um projeto urbano teórico não construído,
mas que servia de base para a exposição material dos conceitos que, três
anos mais tarde, se encontrariam na Carta de Atenas. O modelo recebeu
o nome de cidade radiosa porque tinha uma preocupação central com
as condições de salubridade da habitação, portanto, essas deveriam
receber a maior quantidade de luz solar possível. Os edifícios
habitacionais projetados por Corbusier, denominados unidade
habitacional, con�guravam-se como arranha-céus de 50 metros de
altura, de alta densidade, similares entre si, pré-fabricados, isolados um
dos outros, organizados em uma grade cartesiana que deveria estar em
volta de um grande espaço verde, além de se situar em uma zona da
cidade apenas dedicada à habitação. Essas unidades deveriam
acomodar 2.700 habitantes e se portariam como edifício autossu�ciente,
com equipamentos de serviços no próprio edifício, como refeitório e
lavanderia coletivos, escola de educação infantil e piscina (GIAMBASTIANI
et al., 2019).
REFLITA
O relatório sobre aumento da população urbana, divulgado pela
Organização das Nações Unidas (ONU), destaca que em 2030 duas a
cada três pessoas no mundo irão morar em cidades, ultrapassando a
proporção de 2015, que era uma a cada duas. Tóquio, a maior potência
econômica global, apesar das restrições geográ�cas, é a cidade mais
populosa do mundo e, conforme o estudo da ONU, continuará sendo por,
no mínimo, mais 15 anos (GIAMBASTIANI et al., 2019).
Livro
Filme
Metodologia para
elaboração de planos
urbanos
AUTORIA
Claudinéia Conationi da Silva Franco
Sumário
Introdução
1 - Metodologia para elaboração de planos urbanos
2 - Diagnósticos de problemas urbanos ambientais
3 - Estatuto das cidades
4 - O plano diretor sob a ótica do estatuto da cidade e a abordagem de
intervençãourbana pela engenharia ambiental
Considerações Finais
Introdução
Ao analisarmos a literatura, a elaboração de planos urbanos, tendo como base o
Estatuto da Cidade, pode gerar benefícios ambientais aos grandes centros urbanos
ao estimular a instalação da população de baixa renda em áreas dotadas de
infraestrutura, evitando, assim, a ocupação de áreas consideradas ambientalmente
frágeis, como encostas de morros, zonas inundáveis e mangues.
Com a aprovação do Estatuto da Cidade, a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
uma série de instrumentos foram criados para que a cidade pudesse buscar seu
desenvolvimento urbano, sendo o principal deles o plano diretor, que proporciona a
articulação da implementação de planos diretores participativos, de. nindo uma série
de instrumentos urbanísticos que têm no combate à especulação imobiliária e na
regularização fundiária dos imóveis urbanos.
Além do Estatuto de�nir uma nova regulamentação para o uso do solo urbano, ele
também prevê a cobrança de IPTU progressivo de até 15% para terrenos ociosos, ou
seja, inocupados, a simpli�cação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do
solo, de modo a aumentar a oferta de lotes, a recuperação e a proteção do meio
ambiente urbano (BRASIL, 2001).
Plano de Estudo:
1. Metodologia para Elaboração de Planos Urbanos: Coleta, Estruturação e Análise
de Dados Urbanos.
2. Diagnósticos de Problemas Urbanos Ambientais: De�nição de Diretrizes e
Planos de Ação.
3. Estatuto das Cidades: Conceitos e Conteúdo.
4. O Plano Diretor sob a Ótica do Estatuto da Cidade e a Abordagem de
Intervenção Urbana pela Engenharia Ambiental.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar e contextualizar Metodologia para Elaboração de Planos Urbanos:
Coleta, Estruturação e Análise de Dados Urbanos.
2. Compreender os tipos de Diagnósticos de Problemas Urbanos Ambientais:
De�nição de Diretrizes e Planos de Ação.
3. Estabelecer a importância do Estatuto das Cidades e do Plano Diretor.
Metodologia para elaboração de
planos urbanos: coleta,
estruturação e análise de dados
urbanos
Com a aprovação do Estatuto da Cidade Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, o
Plano Diretor passou a ser o instrumento legal básico da política de desenvolvimento
e expansão urbanos (BRASIL, 2001). Apesar de já estar instituído na Constituição
Federal Brasileira de 1988, no Capítulo II, artigo 182 e 183, a elaboração do Plano
Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para as cidades com mais de 20
mil habitantes, sendo considerado como o instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana.
Também são estabelecidas pela Constituição algumas diretrizes a serem observadas
pelos Estados e Municípios, como a garantia do bem-estar de seus habitantes, o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, a participação popular e a
proteção ao meio ambiente, histórico e cultural.
Para elaboração e revisão de Planos Diretores Municipais, tão importante quanto a lei
em si é a forma de sua elaboração, contando com a participação efetiva da população
e das entidades organizadas, segundo expresso no artigo 43, da gestão democrática
do Estatuto da Cidade, consolidando, desta forma, um compromisso de todos na
execução das diretrizes e ações estratégicas incluídas no plano. As Constituições
Federal e Estadual destacam nitidamente esta importância, �cando a cargo da
Administração Municipal promover a participação ampla da população.
Ao sistematizar a proposta e de�nir a estrutura do plano diretor, a próxima etapa é a
elaboração e aprovação da metodologia descrita no plano que é composta
essencialmente pelos respectivos itens: diagnóstico que considera duas leituras, uma
técnica realizada por equipe especializada, com a participação dos membros da
comissão e a leitura comunitária.
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Para a elaboração do Plano Diretor, é
indispensável ouvir a opinião de
moradores das diferentes regiões da
cidade e partes organizadas da
sociedade. As diferentes visões sobre
a cidade construída de forma
organizada por segmentos devem
ser apresentadas, trazendo para a
esfera pública os interesses que
embasam as visões. O morador
observa o conjunto dos bairros a
partir do lugar onde vive. No entanto,
o desa�o maior é sensibilizar a
população para o assunto e obter a
opinião do maior número de
moradores sobre os anseios de
conquista e as expectativas em
relação à cidade, rompendo com a
não visualização dos processos
urbanos que acontecem nas
periferias e revelando a diversidade e
a desigualdade nas diferentes partes
compõem uma cidade. Dessa forma,
as pautas assim levantadas orientam
a de�nição das propostas (HARVEY,
2011). 
Durante o processo de discussão participativa de um Plano Diretor, muitas pessoas
são envolvidas, inclusive: sociedade civil organizada, movimentos sociais e Executivo.
No âmbito dos delegados, são claras as divergências de ideias e de interesses, que,
durante o processo, diluem-se e ganham força por meio da aproximação entre
segmentos distintos e consensos que vão se construindo durante a discussão. Na
esfera do governo, duas frentes se mostram na correlação de forças políticas entre
governantes e partidos. Governos de coalizão que reúnem legendas partidárias de
posições extremas entram em rota de colisão nesses processos, divergindo sobre
aspectos técnicos da proposta do Plano Diretor. A ideologia do patrimonialismo
re�ete-se no serviço público, no comportamento dos técnicos e nos procedimentos
administrativos que ainda trazem a antiga compreensão da propriedade privada no
Brasil, aceitando como natural a soberania do direito do proprietário sobre a função
social da cidade e da propriedade.
Segundo Fernandes (2013, p. 223):
Esse processo de mercantilização das cidades tem demandado o reforço
da cultura jurídica individualista e patrimonialista tradicional, vigente e
dominante pré-Estatuto da Cidade, com a propriedade imobiliária
concebida quase que exclusivamente como mercadoria, seu valor de
troca prevalecendo sobre qualquer valor de uso, e a possibilidade de
usar/gozar/dispor do bem imóvel sendo também interpretada como a
possibilidade livre de não usar/gozar/dispor do bem — em outras
palavras, de especular.
As alianças formadas em função do voto, dentro e fora do Executivo, polarizam
decisões incluídas no Plano Diretor, mudando rumos das propostas.
O prefeito tem o papel central de decisão, no sentido de mediar o diálogo
intersecretarial, decidindo quando há divergências, administrando con�itos entre
secretarias. Em relação ao processo sobre questões trazidas pelos setores econômicos
e sociedade, relacionadas a utilização e à ocupação do solo, o prefeito também tem o
aval, remetendo-as à esfera pública de discussão.
CONCEITUANDO
A leitura técnica pode conter dimensões especiais como: os estudos de
caracterização socioeconômica e demográ�ca, estudos acerca do
desenvolvimento econômico e do turismo e os estudos de caracterização
físico-espacial. A leitura comunitária é dedicada à participação da
comunidade.
O Judiciário também exerce papel de extrema importância, na medida em que,
acompanhando o processo, pode ser chamado para garantir sua continuidade.
Processos com essa grandeza exigem equipes quali�cadas, dedicadas
exclusivamente à condução do Plano Diretor. É necessário investimento em construir
um processo de elaboração dos documentos técnicos contando com equipes
multidisciplinares, mas também processos de discussão pública que envolvam
pro�ssionais especializados para essa tarefa e que conheçam os conteúdos
relacionados ao planejamento urbano. Dessa forma, caso haja contratação de
pro�ssionais para essa tarefa, deve-se de�nir uma equipe mínima especializada nos
temas de gestão urbana e do planejamento, do direito urbanístico e da participação
social.
Infelizmente, no Brasil, ainda existe a cultura de pouca importância às atividades de
planejamento, gerando estruturas e equipes fracas e restrição de recursos para
contratação de consultorias. A experiência da consultoria para processos, e não
somente para produtos,tem resultado na melhoria dos quadros técnicos das
Prefeituras, sem que esse resultado seja formalmente reconhecido pelos gestores,
muitas vezes inexperientes ou pouco habituados ao planejamento territorial.
Diagnósticos de problemas
urbanos ambientais: de�nição de
diretrizes e planos de ação
O crescimento das cidades brasileiras de maneira desordenada, sem o devido
planejamento, principalmente a partir da segunda metade do século XX, tem
propiciado o aumento dos impactos ambientais negativos, tais como o excesso de
resíduos sólidos e de ruídos, deterioração da qualidade dos recursos hídricos e o
aumento da geração e lançamento de esgotos nos cursos d’água (MOTA, 1999). No
entanto é comum no Brasil comentários de que a legislação urbana é moderna, mas,
de fato, na sociedade poucos integrantes sabem como funciona todo esse aparato do
planejamento urbano e como esses mecanismos podem contribuir para conduzir os
centros urbanos para um futuro melhor e mais sustentável, garantindo uma mínima
condição de vida aos habitantes (SOUZA, 2004).
Durante a primeira metade do século XX a mudança de um Brasil rural para o urbano
caminhou junto com o desenvolvimento industrial e a crise agrícola. A partir da
década de 50, mais da metade da população foi para as cidades, totalizando em torno
de 85% dos brasileiros que vivem até hoje. Logo, ,os municípios não estavam
preparados para essa transição, faltando planejamento, estrutura administrativa e até
mesmo instrumentos jurídicos para lidar com toda essa modi�cação.
Ações buscando ordenamento jurídico e administrativo sobre o processo da
urbanização vinham se fortalecendo desde 1970, mas apenas em 1988, na Assembleia
Nacional Constituinte, é que ocorreu a inclusão da função social da propriedade na
Constituição Federal. O artigo 182 foi o mecanismo formal para a transição de um
conceito de propriedade privada, tido como absoluto e incondicional, para o direito
público, que privilegia os interesses coletivos, estabelecendo os Planos Diretores
como instrumentos para cumpri-lo no âmbito municipal.
ATENÇÃO
Essa modi�cação de cenário e falta de planejamento estrutural fez surgir
a ocupação de espaços, na maioria das vezes sem acesso ao serviço
básico, como: educação, lazer, cultura, saneamento básico, saúde e
transporte.
Mais de uma década se passou e, somente em 2001, os artigos 182 e 183 da
Constituição Federal foram regulamentados pelo Estatuto da Cidade (lei 10.257), que
procura garantir o direito a cidades sustentáveis, com participação social nas
decisões, cooperação entre o setor público e privado no processo de urbanização,
planejamento, controle do uso do solo para evitar especulação imobiliária,
preocupação com impactos ambientais, mecanismos para o Estado recuperar
investimentos em infraestrutura que valorize terrenos e imóveis privados,
regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por pessoas de baixa renda.
Com o estabelecimento do Estatuto da Cidades, as gestões municipais ganharam as
ferramentas e mecanismos para melhor administrar o seu território, garantir o
interesse coletivo sobre o privado e, com a participação da população, construir uma
visão de cidade para ser trabalhada através do planejamento. Em 2003, também foi
criado no Brasil o Ministério das Cidades, fortalecendo a capacidade do governo
federal de planejar e orientar as questões urbanas em âmbito local e regional.
Em 2015 é lançado o Estatuto da Metrópole, lei que estabelece as diretrizes gerais
para o planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse
comum, tanto em regiões metropolitanas quanto em aglomerações urbanas
instituídas pelos estados, para completar a legislação urbana brasileira.
Segundo o Estatuto da Cidade (2001), o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana dos municípios é o Plano Diretor. No entanto
somente o Plano Diretor não garante um bom planejamento, que inclui a integração
e a obrigatória compatibilização com os planos setoriais e o planejamento
metropolitano, no caso do município que faz parte de uma Região Metropolitana ou
aglomeração urbana.
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Logo após a criação do Estatuto da
Cidades (2001) e do Ministério das
Cidades (2003) surgiram as políticas
nacionais por setores, primeiro a
Política Nacional de Habitação (2005),
depois a de Saneamento Básico
(2007), de Resíduos Sólidos (2010) e a
de Mobilidade Urbana (2012). Todas
elas exploram em detalhes,
atualizam alguns aspectos do
Estatuto da Cidade e estabelecem a
exigência para os municípios de
elaboração de planos setoriais. 
Dessa forma, faz-se necessário discutirmos a seguir os diferentes planos de ação e
como eles se comunicam. Por exemplo, os Planos de Desenvolvimento Urbano
Integrado devem se comunicar com os Planos Diretores dos vários municípios da
Região Metropolitana envolvida, assim como os Planos Setoriais de cada município
devem ser compatíveis com seus Planos Diretores.
O Plano Diretor deve ser criado por municípios com mais de 20 mil habitantes,
integrantes de Regiões Metropolitanas e aglomerações urbanas, integrantes de áreas
de especial interesse turístico, inseridos em área de in�uência de empreendimentos
com signi�cativo impacto ambiental etc. Sendo o prazo estabelecido pelo Estatuto da
Cidade: cinco anos para que os municípios publiquem seus planos, sendo depois
adiado para 2008. Os planos devem ser revisados a cada dez anos e em 2018 se
encerrou o prazo mínimo de dez anos para diversos municípios.
O não cumprimentos dos prazos pelos prefeitos pode resultar em improbidade
administrativa, assim como o não atendimento a alguns requisitos do processo, como
a participação da população, a publicação dos documentos e informações produzidas
e o acesso a isso por qualquer cidadão interessado.
Um outro plano de ação é o Plano de Mobilidade Urbana, um instrumento de
efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, baseada em princípios como o
desenvolvimento sustentável das cidades, equidade no acesso dos cidadãos ao
transporte coletivo e uso do espaço público de circulação. Apresenta como diretrizes
importantes: a prioridade dos modos de transporte ativos sobre os motorizados e dos
serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual; a mitigação dos
custos ambientais, sociais e econômicos (custos externos) dos deslocamentos
urbanos, em especial do tráfego rodoviário; além do incentivo ao desenvolvimento
cientí�co-tecnológico e ao uso de energias renováveis menos poluentes. Inclui uma
CONCEITUANDO
O Plano Diretor é um instrumento de planejamento urbano municipal
que apresenta como principal objetivo ordenar o desenvolvimento da
cidade sob o ponto de vista urbanístico, econômico e social. É
fundamental para regular a ocupação dos espaços urbanos em benefício
da população, estabelecendo estratégias para garantir a qualidade de
vida, tornando viável a função social da propriedade urbana (pública e
privada). Todos os demais planos setoriais desenvolvidos pelos
municípios devem necessariamente estar compatibilizados com seu
respectivo Plano Diretor.
visão para a mobilidade urbana do município, com metas de curto, médio e longo
prazo. Também é um plano que deve ser feito por municípios com mais de 20 mil
habitantes e demais exigidos por lei a terem Planos Diretores.
Essa Lei Federal de Mobilidade Urbana entrou em vigor a partir de janeiro de 2012 e
estabeleceu um prazo de três anos para os municípios elaborarem seus planos. Após
ser prorrogado para 2018 e logo mais adiado para abril de 2019, conforme
estabelecido pela Lei 13.640, de 2018. Igual aos Planos Diretores, precisa ser revisada a
cada dez anos.
Outro instrumento é o Plano Local de Habitação de Interesse Social, aplicado no nível
local da Política Nacional de Habitação, que entre suas diretrizes a principal é garantir
o direito à moradia digna e o princípio da função social da propriedade, estabelecido
na Constituição e no Estatuto da Cidade, além de promover ações coordenadas no
território para garantir acesso a moradia e a própria cidade,

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