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Planejamento urbanoPlanejamento urbano ambientalambiental AUTORIA Claudinéia Conationi da Silva Franco Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto dessa disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais do planejamento urbano e meio ambiente. Além de conhecer seus principais conceitos e de. nições, vamos explorar as mais diversas aplicações das ferramentas do planejamento urbano. Na Unidade I iniciaremos nossos estudos pelo conceito de planejamento urbano. Re�etiremos sobre o planejamento urbano ambiental, faremos uma breve discussão sobre a história das cidades, até a revolução industrial e primeira legislação urbanística (sanitária). Essa noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade da apostila, que versará sobre Técnicas de Planejamento. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as Técnicas de Planejamento. Para isso, vamos estudar o pré-urbanismo e as cidades modelos, os conceitos de urbanismo, a estrutura socioeconômica da cidade moderna, segregação urbana. Por �m, também abordaremos sobre o Plano Diretor que pode ser considerado a principal política pública de ordenamento do território urbano. Depois, nas Unidades III e IV vamos tratar especi�camente da metodologia para elaboração de planos urbanos e do plano diretor e as diretrizes básicas. Ao longo da Unidade III, vamos discursar sobre o diagnóstico de problemas urbanos ambientais e o Estatuto das cidades. Na Unidade IV vamos estudar a intervenção urbana como controle e ordenação do crescimento e componente de saúde ambiental. Além de discutirmos a infraestrutura como componente do plano diretor. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigado e bom estudo! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Planejamento urbano ambiental Unidade 2 Técnicas de planejamento Unidade 3 Metodologia para elaboração de planos urbanos Unidade 4 Plano diretor: diretrizes básicas Planejamento urbano ambiental AUTORIA Claudinéia Conationi da Silva Franco Sumário Introdução 1 - Introdução e conceitos 2 - Planejamento urbano ambiental: questões para re. exão 3 - Breve história das cidades: até a revolução industrial 4 - Primeira legislação urbanística (sanitária) Considerações Finais Introdução Caro(a) aluno(a), nesta unidade você irá estudar sobre o planejamento urbano, sua importância e objetivos, assim como irá conhecer a primeira legislação urbanística. O planejamento urbano é um ramo da arquitetura e, como tal, a forma e a função são tão importantes em uma cidade quanto na concepção de um novo edifício. Planejamento Urbano é o estudo ou pro. ssão que lida com o crescimento e funcionamento de cidades e vilas, incluindo preocupações ambientais, áreas urbanas, infraestrutura, entre outros. Assim, o planejamento busca oferecer aos cidadãos uma vida agradável, segura e organizada, seja ela doméstica e pro�ssional, para os moradores de cidades novas ou já estabelecidas. Atualmente os aspectos mais preocupantes do planejamento urbano são: o aspecto de uma cidade, a construção de locais, o zoneamento e o transporte. Além disso, uma das preocupações do planejamento é focar na preservação do ambiente natural local, tentando eliminar as áreas degradadas e/ou impedindo seu desenvolvimento. Plano de Estudo: 1. Introdução e Conceitos. 2. Planejamento Urbano Ambiental: Questões para Re�exão. 3. Breve história das cidades: até a revolução industrial. 4. Primeira legislação urbanística (sanitária). Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar planejamento urbano. 2. Compreender a importância do planejamento urbano. 3. Relacionar os principais objetivos do planejamento ambiental urbano. 4. Estabelecer a importância da legislação urbana. Introdução e conceitos A palavra planejamento é oriunda do verbo planejar, que signi�ca prever com antecedência um conjunto de ações a serem realizadas. Trata-se de uma organização antecipada de atividades futuras com a �nalidade de evitar ou resolver problemas. Em outras palavras, o planejamento urbano nada mais é do que uma atividade que se preocupa em planejar para melhorar a qualidade das cidades. É um conceito que abrange muito mais do que o simples desenhar espaços nas cidades, compreendendo aspectos de infraestrutura, investimentos, leis, zoneamento, impactos sociais do ambiente urbano, entre outros. O planejamento urbano é o processo que lida com o controle e o desenvolvimento das cidades e vilas, por meio de regulamentações locais e intervenções diretas, buscando atender alguns objetivos, como qualidade de vida, sustentabilidade e mobilidade, ou seja, o planejamento urbano é uma parte da arquitetura que estuda a organização de áreas metropolitanas. Devido aos diversos problemas ocasionados pela crescente expansão das cidades sem planejamento, desenvolveu-se essa prática formada por diferentes áreas, desde engenharia até ciências sociais. O planejamento da cidade busca oferecer aos cidadãos uma vida agradável, segura e organizada, seja ela doméstica ou pro�ssional, para os moradores de cidades novas e estabelecidas. Atualmente os aspectos mais preocupantes do planejamento urbano são: o aspecto de uma cidade, a construção de locais, o zoneamento e o transporte. Além de focar na preservação do ambiente natural local, tentando eliminar as áreas degradadas e/ou impedindo seu desenvolvimento. Até a metade do século XIX as cidades metropolitanas eram criadas de maneira espalhadas, por exemplo, Londres, Paris e Tóquio iniciaram como pequenas cidades e foram crescendo à medida que as pessoas se mudavam para elas. Dessa forma, como não existia um planejamento, as ruas e os endereços nas partes mais antigas dessas cidades podem ser confundidos, até mesmo pelos nativos, pois foram criados sem a devida re�exão sobre como a área poderia mudar e crescer no futuro. Como as pessoas sempre se instalaram nas cidades ou até mesmo em organizações das cidades, seja em lugares mais altos, buscando alto autodefesa, ou próximo a corpos d'água, pensando na melhor forma de sobrevivência, o �nal do século XIX é quando o planejamento urbano começou a se desenvolver e, como quase em todas disciplinas, foi criado para resolver um problema. O governo local, em parcerias com engenheiros e arquitetos, iniciará a busca pela resolução de problemas existentes em áreas urbanas, a �m de impedi-los de se desenvolver em outras novas áreas. No planejamento urbano, a especi�cação de determinadas áreas em uma cidade, como a localização dos edifícios, zonas residenciais, áreas comerciais e setores industriais, é extremamente importante. Por exemplo, a instalação de um hospital em um local central de uma cidade pode literalmente salvar vidas, enquanto a instalação de uma estação de tratamento de água traria muitos problemas as pessoas ali vizinhas. A criação de um bom planejamento urbano leva em consideração todos esses fatores e muitos outros ao determinar os locais para os edifícios, e estabelece as zonas apropriadas de acordo. Além da determinação de todas essas áreas supracitadas, a existência de estradas e rodovias su�cientes, assim como o transporte público de fácil acesso, também é uma prioridade do planejamento urbano, por exemplo, para que a equipe de socorristas e policiais seja e�caz, eles precisam conseguir chegar a qualquer lugar da cidade em questão de minutos, dessa forma as estradas devem ser projetadas para tornar a locomoção em qualquer lugar o mais rápido possível,ainda não esquecendo de mencionar que as estações necessitam estar localizadas centralmente e espalhadas por toda a área da cidade. Os planejadores urbanos geralmente consideram como o crescimento futuro afetará o �uxo de tráfego, assim, prever o crescimento e as necessidades de tráfego para uma cidade grande é extremamente importante. Com essa informação, eles geralmente tentam eliminar possíveis pontos problemáticos antes que se tornem um problema. Em relação aos aspectos ambientais, além de garantir a saúde e a segurança dos moradores, o planejamento urbano também leva em conta o aspecto da cidade, desde projetos de construção especí�cos até a incorporação de espaços verdes e paisagísticos à área, buscando tornar a expansão sustentável e prática. Ao planejar as estradas, a qualidade do ar e a poluição sonora são dois aspectos que podem ser levados em consideração, visando criar empreendimentos habitacionais menores para limitar o impacto que os moradores têm em seu ambiente imediato. Atualmente, cidades recém planejadas buscam a incorporação de espaços verdes e o uso de fontes de energia ecologicamente corretas e transporte. O mesmo pode ser pensado pelos gestores ao planejar a expansão das cidades já existentes. A base do planejamento urbano é uma combinação de diferentes áreas, como arquitetura, economia, relações humanas e engenharia. Por esse motivo existem diferentes teorias sobre o desenvolvimento de favelas e a ocorrência de decadência urbana. As favelas, de�nidas como superlotadas, atropelam seções de uma cidade ocupada por pessoas na faixa socioeconômica mais baixa, frequentemente estão na vanguarda do campo. Um dos grandes desa�os das autoridades municipais e planejadores urbanos é a busca pela eliminação ou melhoraria das favelas existentes e ainda garantir que novas não se desenvolvam. Entretanto existem muitos fatores sociais, políticos e econômicos envolvidos não só no desenvolvimento de tais áreas, mas em sua existência continuada. Com o intuito de eliminar ou melhorar áreas de moradias precárias, várias medidas diferentes são propostas. Uma delas é tentar eliminar toda a área degradada de uma cidade, substituindo as habitações antigas, em condições precárias, por habitações modernas �nanciadas pelo governo ou por organizações privadas. No entanto alguns países apresentam problemas com os “direitos de posseiros”, o que signi�ca que a polícia não pode exigir que os habitantes das favelas se mudem para que a área possa ser limpa. Ainda no quesito de melhorias das favelas, os planejadores urbanos frequentemente trabalham para localizar escolas, hospitais e outros estabelecimentos socialmente bené�cos e geradores de empregos próximo das favelas, com o objetivo de melhorar o clima econômico da região. A realização do planejamento urbano de uma cidade proporciona tanto o desenvolvimento de áreas abertas, ou seja, locais com áreas verde, quanto a revitalização de partes já existentes da cidade, abarcando a de�nição de objetivos, coleta e análise de dados, previsão, design, pensamento estratégico e consulta pública. Uma ferramenta muito utilizada para mapear o sistema urbano já existente e projetar as consequências das mudanças é a tecnologia de sistemas de informação geográ�ca. O termo Desenvolvimento Sustentável, no �nal do século XX, passou a representar uma peça fundamental na soma de todas as metas de planejamento. Fatores como equidade social, crescimento econômico, sensibilidade ambiental e apelo estético são as demandas con�itantes que os planejadores contemporâneos buscam equilibrar no planejamento. O planejamento pode ser um plano mestre formal para uma cidade inteira ou área metropolitana, ou um conjunto de alternativas de política. A implementação de um plano bem sucedido geralmente requer ações empreendedoras e habilidades políticas por parte dos planejadores e de seus patrocinadores, apesar dos esforços para isolar o planejamento da política. No entanto, mesmo baseado no governo, o planejamento envolve cada vez mais a participação do setor privado em “parcerias público-privadas”. Pensando na origem do planejamento urbano como uma disciplina acadêmica, ele surgiu nos anos 1900. Na Grã-Bretanha, o primeiro programa de planejamento acadêmico começou na Universidade de Liverpool em 1909 e o primeiro programa norte-americano foi estabelecido na Universidade de Harvard em 1924. É ensinado principalmente no nível de pós-graduação e seu currículo varia muito de uma universidade para outra. Planejamento urbano ambiental: questões para re�exão Atualmente, o aumento da expansão dos aglomerados urbanos e o surgimento de novas cidades têm propiciado a evolução das discussões e pesquisas na área ambiental. Por outro lado, a expansão urbana está fortemente relacionada com desenvolvimento econômico do homem, e necessita cada vez mais de espaços maiores para desenvolver suas relações político-econômicas, sociais e culturais, gerando um confronto com o meio ambiente quando o desenvolvimento sustentável não é levado em consideração. Dessa forma, esse confronto pode provocar desequilíbrios na natureza. as práticas sociais especialmente no que se refere ao processo econômico e tecnológico, vem imprimindo também, de maneira generalizada, uma marca especial no meio urbano, o desrespeito à base natural e, como consequência, ambientes desequilibrados ecologicamente (MILANO; DALCIN, 2000, p. 6). A partir da década de 70, grandes conferências ambientais foram realizadas como resposta às discussões e pesquisas ambientais contemporâneas. Nos dias atuais, essas conferências ocorrem regularmente, devido à intensi�cação de ocorrência dos problemas ambientais. Segundo Scotto, Carvalho e Guimarães (2010) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (2001), a primeira conferência que discute sobre o homem e o meio ambiente foi realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo, na Suíça, no ano de 1972. Nessa conferência foram criados 26 princípios para a melhoria e preservação do meio ambiente. Logo após, em 1988, no Canadá, foi realizada a primeira conferência a nível global sobre o clima, que resultou na criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que objetiva avaliar o risco das mudanças climáticas in�uenciadas pela atividade humana. Em 1990, em Genebra, na Suíça, foi divulgado o primeiro relatório do IPCC, que evidenciou que a temperatura do planeta estaria aumentando, determinando a necessidade de um acordo climático internacional, que resultou em um encontro no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, denominado de Eco-92 e originou os tratados da Agenda 21. Das 25 conferências realizadas, destaca-se a COP-3, no ano de 1997, em Quioto no Japão. Nessa conferência foi �rmado entre a comunidade internacional um acordo denominado de Protocolo de Quioto, o qual sugeriu a redução de emissões de gases do efeito estufa nos países que assinaram o acordo. Também vale destacar a Rio+20 ocorrida em 2012 no Rio de Janeiro, 20 anos depois da realização da Eco-92, em que setores privados, representantes de governos, organizações não governamentais (ONGs) e outras organizações trabalharam para que a segurança ambiental fosse assegurada em um planeta que sofre com o crescimento populacional e urbano. Até a conferência Rio-92 foi possível observar apenas discussões referentes a problemas ambientais e alterações climáticas em escala global, não sendo considerados até então os problemas de degradação ambiental que ocorriam em escalas locais. Na conferência de 1992, com a criação da Agenda 21, um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis a nível local foi idealizado e formulado. Assim, pela primeira vez, a escala local passou a ser discutida nos fóruns ambientais de maneira intensi�cada, como, por exemplo, a discussão sobre a importância que as áreas verdes exercem a nível local nos grandes centros urbanos, assim como a nível global se a quantidade fosse uma fração considerável nas grandes metrópoles. Isso não ocorre,infelizmente, pois a implementação e ampliação das áreas verdes é uma das alternativas mais baratas e viáveis para reduzir a poluição proveniente dos combustíveis fósseis e a formação das ilhas de calor. Segundo Mazzei, Colesanti e Santos (2007, p. 36), “Tais discussões e situações só rea�rmam a necessidade de áreas protegidas nos (e entre os) espaços intensamente ou medianamente urbanizados, não só para o equilíbrio ecológico”. Além dos motivos supracitados sobre a valorização das áreas protegidas em relação ao quesito ambiental e social, existe também a importância em função dos interesses econômicos oriundos ICMS ecológico, um mecanismo tributário que foi criado para recompensar os municípios que contribuem conservando ou produzindo serviços ambientais (áreas verdes) por meio de maneiras que ajudam com a manutenção de bioma, proporcionando aos órgãos municipais parcelas maiores de arrecadação. Ao falarmos da necessidade de expansão urbana e consequentemente do crescimento econômico, não podemos esquecer da importância das áreas verdes com ênfase nas unidades de conservação de proteção integral, que sempre existiram no local antes de qualquer sinal de civilização, no entanto só não eram reconhecidas com tal importância. A partir do evidente crescimento da urbanização, as áreas �orestais foram sendo reduzidas a pequenas manchas de mata nativa, que, por necessidade, foram incluídas no programa nacional de conservação dos remanescentes �orestais, denominado de Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (BRASIL, 2000). Até 1950 o Brasil era um país com uma população quase que totalmente rural, e em um período de 20 anos se tornou, primordialmente, urbana. Essa mudança de cenário de forma não planejada provocou alterações no meio natural, originando impactos negativos de degradação que modi�caram a paisagem (NUNES; COSTA, 2010; RUBIRA, 2014, 2016 a e b). O crescimento contínuo das áreas urbanas, muitas vezes de forma desordenada, vem ocorrendo em detrimento da paisagem, causando a deterioração do meio natural. Nas cidades, a cor cinza do concreto substitui o verde da vegetação que compunha, anteriormente, a paisagem local, contribuindo para um ambiente desconfortável no ponto de vista natural (PANCHER; ÁVILA, 2012, p. 1663). Atualmente a valorização imobiliária no entorno das áreas verdes tem se mostrado como atrativo para valorização de terreno, tendo como marketing a ideia de se vender o verde, deixando, assim, o homem mais uma vez de agir de maneira ecologicamente correta, pensando só no �nanceiro, ou seja, no econômico, mas não de forma viável e ambientalmente vivível. Para que a sustentabilidade seja alcançada de modo a promover a qualidade ambiental, é necessário que ocorra “um equilíbrio entre elementos da paisagem urbana através de um ordenamento do espaço, conciliando principalmente os benefícios da vegetação com os diversos tipos de usos do solo através de um planejamento” (LIMA; AMORIM, 2005, p. 748). Logo, para que ocorra a conservação e a CONCEITUANDO Troppmair (2008, p. 138), a�rma que “as áreas verdes desempenham um papel importante no mosaico urbano, porque constituem em espaço encravado no sistema urbano cujas condições ecológicas mais se aproximam das condições normais da natureza”. manutenção das áreas verdes, principalmente para as unidades de conservação de proteção integral, a elaboração de plano de manejo é imprescindível para que possam desenvolver suas funções quanto à melhoria da qualidade ambiental. Loboda (2003, p. 32) menciona que: As áreas verdes urbanas possuem uma importância de caráter fundamental, devendo estar relacionada entre os elementos básicos da moderna estruturação das cidades. A disponibilidade de áreas verdes urbanas para as mais variadas atividades, a conservação e manutenção de todos os elementos que compõem nossas praças e parques urbanos devem merecer atenção continuada de nossos órgãos públicos, responsáveis diretamente pela gestão dessas áreas. Falando sobre a conservação e manutenção das áreas verdes não podemos deixar de salientar sobre a importância de um planejamento urbano. Segundo Mazzei, Colesanti e Santos (2007, p. 32) “O planejamento urbano deve sempre prever a existência de locais destinados ao descanso e ao contato com o meio ambiente, permitindo a integração completa entre sociedade e natureza”. Sem deixarmos de mencionar ainda que a manutenção do verde em áreas urbanas é extremamente importantes, uma vez que suas condições ecológicas estão relacionadas aos níveis de poluição do ar, ou seja, podem in�uenciar diretamente na composição atmosférica urbana, no conforto térmico e refúgio para a fauna e �ora, no equilíbrio solo-clima- vegetação, na redução dos níveis dos ruídos e na melhoria da estética urbana (TROPPMAIR, 2008). Além disso, é possível a�rmar que a presença das áreas verdes no meio urbano in�uencia diretamente a saúde física e mental da população. A existência das áreas verdes em centros urbanos pode trazer inúmeros benefícios, como, por exemplo: Controle da poluição do ar e índice de umidade no ar e acústica; Aumento do conforto ambiental; Estabilização de superfícies por meio da �xação do solo pelas raízes das plantas; Interceptação das águas da chuva no subsolo reduzindo o escoamento super�cial; Apesar dos vários benefícios citados, proporcionados pelas áreas verdes, a maioria da população infelizmente não percebe a importância que exercem e, na maioria das vezes, não solicitam e exigem melhor conservação, manutenção e �scalização do Poder Público. Em alguns casos, as áreas verdes, quando não protegidas, ao invés de proporcionarem o bem estar da população, acabam promovendo situações adversas que podem originar problemas sociais e até mesmo ambientais, como, por exemplo: quando são consideradas locais de risco de disseminação de vetores contagiosos devido ao depósito indiscriminado de resíduos sólidos por empresas e até mesmo obras privadas, como casas em processo de construção e locais para a prática do uso de drogas ilícitas, entre outros exemplos, que, quando mal gerenciadas, tornam essas áreas uma ameaça para a população, ao invés de exercerem suas funções. Contudo para que estes problemas possam ser evitados é importantíssimo a existência de um plano de uso e manejo, atuando juntamente com uma �scalização por parte do poder público, para que essas áreas possam exercer função de preservação de recursos naturais e de melhoria de vida dos habitantes limítrofes. Abrigo à fauna; Proteção das nascentes e dos mananciais; Organização e composição de espaços no desenvolvimento das atividades humanas; Valorização visual e ornamental do ambiente; Recreação; Diversi�cação da paisagem construída; A vegetação tem efeitos diretos sobre a saúde mental e física da população. Breve história das cidades: até a revolução industrial Para estudarmos sobre a origem das cidades não podemos deixar de falar um pouquinho sobre a história do aparecimento do homem na Terra há vários milhões de anos e como ele foi se adaptando aos diferentes períodos da história da civilização humana, coletando seu próprio alimento e buscando abrigo no ambiente natural. A história da civilização humana, de acordo com a arqueologia, começa na pré- história e continua na história até os dias atuais. Realizar uma análise sobre a evolução do homem na conquista pelo ambiente durante todo esse período histórico é complicado, pois o estudo da Pré-história, por exemplo, depende da análise de documentos não escritos, como desenhos, pinturas, restos de armas, utensílios de uso diário, entre outros. De acordo com a literatura, os estudiosos costumam diferenciar duas grandes etapas na evolução do homem. A Pré-história: a antiga Idade da Pedra ou Paleolítico Inferior (500000 - 30000 a.C.) e o Paleolítico Superior (30000 - 18000 a.C.); nova Idade da Pedra ou Neolítico (18000 – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais (5000 – 4000 a.C.) (ARRUDA, 1993). O marco na divisão entre História e Pré-história foi a invenção da escrita,ocorrida por volta do ano 4000 a.C. No período da Idade da Pedra (Paleolítico Inferior), o homem vivia da caça, pesca e alimentos recolhidos da própria natureza. Nesse período inicia-se a fabricação dos primeiros instrumentos (arcos e setas, objetos de pedra etc.). Durante o período Paleolítico Superior o hábito da alimentação a base de carne é diminuída, em consequência possivelmente de períodos extremos de frio e calor, secas e chuva que marcaram esse período. Dessa forma, para subsistir, o homem passa a realizar a atividade de colheita em grupos. Logo, a necessidade do homem em conseguir seu alimento, devido às condições inóspitas citadas, leva essas comunidades a deixarem de realizar a prática do nomadismo para a �xação em locais especí�cos. Esse período já é marcado por um progresso considerável na fabricação de instrumentos, segundo escavações realizadas, e utensílios encontrados que pertenciam a essa época. Assim, quando o homem começa a desenvolver técnicas de pastoreio e agricultura e sai do estágio da colheita, inicia-se o período neolítico ou a nova Idade da Pedra. No período neolítico, o homem começa a domesticar um pequeno número de animais, a fabricar utensílios de cerâmica, preparar o solo, irrigar o solo, selecionar sementes, cultivar algumas plantas comestíveis e conhecer as estações do ano, ou seja, passa a organizar o espaço em que vive e, consequentemente, começa a modi�car o meio ambiente. No �nal do período Paleolítico Superior existiu uma fase de transição para o período Neolítico, chamado Mesolítico. Nesse período a precisão dos trabalhos em osso aumentou, predispondo a verdadeira revolução que ocorreria na fase neolítica. Com todas essas conquistas, descobertas e evolução, �cou difícil realizar as atividades agrícolas e a criação de gado na mesma área. Logo, houve a necessidade de as atividades pastoreiras da agricultura, o que marcou a primeira divisão social do trabalho, pastor e o agricultor. Essa divisão social do trabalho proporcionou o aparecimento de locais para troca, permitindo que pastores e agricultores permutassem os seus produtos, pois o pastor necessitava dos produtos agrícolas e o agricultor, por outro lado, precisava dos produtos animais. No entanto nem sempre a troca podia acontecer, pois muita das vezes não era época de colheita ou os produtos animais não estavam disponíveis. Pode-se a�rmar que a escrita e a moeda foram criadas durante essa fase, pela necessidade de registros e facilitação das trocas combinadas e entregas de produtos, respectivamente. No início do período histórico, �m do período neolítico, ou seja, cerca de 4000 a.C., os primeiros agrupamentos humanos começam a se formar, com características de cidade. O aumento da densidade demográ�ca foi aos poucos, transformando as antigas aldeias em cidades, tendo como resultado alterações na esfera da organização social. Segundo Benevolo (1993, citado por Abiko, 1995, p. 7), a cidade – local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade – nasce da aldeia, mas não é apenas uma aldeia que cresceu. Ela se forma quando os serviços já não são executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total. Nasce, assim, o contraste entre dois grupos sociais, dominantes e subalternos: os serviços já podem se desenvolver através da especialização, e a produção agrícola pode crescer utilizando estes serviços. A sociedade se torna capaz de evoluir e de projetar a sua evolução. A cidade, centro maior desta evolução, não só é maior do que a aldeia, mas se transforma com uma velocidade muito maior. Com o crescimento populacional, junto à consolidação da prática da agricultura intensiva, surge um novo estilo de vida, que provocou mudanças fundamentais na economia e nas ordens social, tecnológica, ambiental e ideológica. A Idade dos Metais (5000 - 4000 a.C.) iniciou com a descoberta da técnica de fundição dos metais, quando o homem abandonou de maneira progressiva as ferramentas de pedra. Essa fase foi marcada inicialmente com a produção de cobre, do estanho e do bronze (3000 a.C. no Egito e Mesopotâmia). Mais tarde (1500 a.C.) apareceu o ferro na Ásia Menor, ganhando preferência na fabricação das armas. A cidade, considerada núcleo dessa evolução, não é apenas maior que a aldeia, ela apresenta uma velocidade de transformação muito maior, determinando um salto civilizador e a conquista de novos horizontes para a sociedade, com mudanças signi�cativas da composição e das atividades da classe dominante, que in�uem sobre toda a sociedade. Os principais locais de surgimento das cidades foram ao longo dos vales dos rios Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia; do Nilo, no Egito; do rio Indo, na Índia; do Yang- Tsé- Kiang e Hoang-HO na China; e do San Juan, na Meso-América. Devido à complexidade de atividades executadas a partir da criação das cidades, foi necessário criar Estados para a defesa militar e a construção de grandes obras (de irrigação, templos, canais etc.), culminando no processo de formação das civilizações. A primeira civilização destaque no território europeu foi a grega, cujos registros das cidades-Estado remontam aos séculos VIII a VI a.C. Na América pré-colombiana, podemos destacar as cidades de Cuzco e Machu Picchu, no Peru, e a antiga cidade de Tenochtitlán, onde é localizada hoje a cidade do México. Com o renascimento comercial e urbano no interior do continente europeu, no �nal da Idade Média, as cidades voltaram a se desenvolver a partir dos burgos (centros comerciais e culturais), período que assistiu o desenvolvimento do capitalismo industrial. No caso dos ingleses, as cidades cresceram em decorrência dos cercamentos que expulsaram os camponeses de suas terras, forçando-os a se articularem nas nascentes indústrias urbanas. O Brasil, assim como os demais países da América Latina, sofreu intenso processo de urbanização, especialmente na segunda metade do século XX, o que fez surgir uma grande quantidade de construção de cidades, parte delas feita fora da lei, sem a participação dos governos, sem recursos técnicos e �nanceiros signi�cativos. A Revolução Industrial, juntamente à centralização da administração do Estado, favoreceu a rápida urbanização de vastos espaços territoriais, surgindo a necessidade da criação de políticas de planejamento e urbanização, com objetivo de sanar problemas de deslocamento, habitacionais e sanitários, e como forma do Estado evitar e combater distúrbios sociais oriundos da vida urbana contemporânea. O desenvolvimento proporcionado pelo capitalismo fez surgir as metrópoles (grandes cidades de importância nacional e regional) e megalópoles (espaços de união de metrópoles). No ano 2000 metade da população mundial vivia em cidades e a ONU esboça para o ano de 2050 a existência de dois terços de população urbana. SAIBA MAIS O planejamento urbano garante que os empreendimentos habitacionais da cidade sejam montados corretamente para maximizar os benefícios para os moradores e evitar problemas de saúde e segurança (MAZZEI; COLESANTI; SANTOS, 2007). Primeira legislação urbanística (sanitária) O surgimento dos serviços sanitários estaduais no Brasil, principalmente em São Paulo, teve forte in�uência da Proclamação da República; condição já existente desde o primeiro Código Sanitário, datado de 1894, e implantada pelo Decreto nº 233, de 2 de março de 1894, constituída de 520 artigos que regulava aspectos relacionados às condições sanitárias das moradias, cortiços e hotéis; da produção de alimentos; do esgoto e das águas; do abastecimento; do atendimento à saúde; das condições do ambiente de trabalho, do trabalho noturno e infantil; das escolas, teatros e do lazer; entre outros. Esse código, alterado e com emendas, foi a base da legislação sanitária que atravessou a virada para o século XX e acompanhou as grandes transformações da sociedade paulista no início de século, porém tornou-se, com o passar do tempo, ultrapassadoNo dia 9 de abril de 1918, pelo Decreto Estadual nº 2918, foi promulgado o novo Código Sanitário do Estado de São Paulo, constituído de 800 artigos e de nítida inspiração no modelo de polícia médica praticado na Alemanha nos séculos XVIII e XIX, conforme Rosen (1980). Esses 800 artigos, divididos em títulos e subdivididos nos capítulos e seções, procuravam regular a vida das pessoas nas cidades e na zona rural do estado de São Paulo. Pelo que se observa da sua composição, essa lei regulava o serviço sanitário estadual e municipal, bem como as questões urbanas e rurais. Porém era contrastante com uma infraestrutura de Estado insu�ciente para �scalizar seu efetivo cumprimento, pois o Serviço Sanitário do Estado, nessa época, contava apenas com pouco mais de 400 funcionários, distribuídos na Capital, nos vários Hospitais e nas seis delegacias de saúde existentes (Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Botucatu, Guaratinguetá e São Carlos). Toda a legislação urbanística no Brasil era baseada nos Códigos de Posturas de origem colonial e somente em 1920 é que começa a ser substituída por códigos de obras e por leis de zoneamento urbano. As mudanças na legislação urbanística brasileira ao longo do século XX não integraram os instrumentos urbanísticos como instrumento de regulação dos con�itos sociais urbanos, apenas desenvolveram mecanismos de preservação e regulações internas direcionadas para o mercado imobiliário. Em 1971, ocorreu a atualização da legislação urbanística no Brasil, por meio de ato institucional, como estratégia política defendida pelo governo militar de instrumentalização das administrações metropolitanas diante do marcado crescimento explosivo das cidades durante o chamado “milagre econômico”. A década de 70 também foi marcada pela produção das seguintes leis: lei de parcelamento do solo urbano (6766/77), lei de zoneamento industrial (1817/78) e o projeto de lei (775/83) que tratava do desenvolvimento urbano. O projeto de lei (775/83) encontrou di�culdade de aprovação pelo fato de introduzir vários instrumentos urbanísticos, como o controle da especulação imobiliária, �cando arquivado até a convocação da Assembleia Constituinte, em 1987. Cabe aqui explicar o signi�cado dessas leis, porque, por um lado, abriram espaço para uma atualização da legislação urbanística, mas não sugeriram nada a respeito da regulação social e da habitação popular e social. Todavia o início da década de 80 ainda foi marcado pela necessidade de introduzir instrumentos urbanísticos e uma legislação que fosse capaz de estabelecer um mínimo de ordenamento ao crescimento das cidades, especi�camente em função dos altos custos da infraestrutura urbana, como saneamento, abastecimento de água, transportes públicos e habitação. Com a elaboração da Constituição de 1988, a legislação urbanística volta à agenda política, porém a in�uência do mercado imobiliário domina a Subcomissão da Política Urbana e Transportes, sendo o setor imobiliário um dos líderes entre eles. Dessa forma, O Estatuto da Cidade, aprovado 2001, é estabelecido com um século de atraso em relação às experiências europeias no que se refere à utilização de instrumentos urbanísticos para regular socialmente o mercado imobiliário e fazer políticas de compensação social através da política urbana. @envato Assim, Constituição de 1988, por meio do artigo 182, coloca o Plano Diretor como o instrumento regulador da função social da cidade, �cando esse artigo amarrado a um projeto de lei para a sua regulamentação. A regulamentação desse artigo deu origem ao projeto de lei 5.788/90 (Estatuto da Cidade). Mais tarde, foi aprovada a Lei 10.257/01, O Estatuto da Cidade (nome original). REFLITA Planejadores urbanos estudam muitas teorias relacionadas ao desenvolvimento de favelas, de modo a evitar seu crescimento no futuro (MARICATO, 2000). Livro Filme Técnicas de planejamento AUTORIA Claudinéia Conationi da Silva Franco Sumário Introdução 1 - O pré-urbanismo e as cidades modelos 2 - Conceitos do urbanismo: Carta de Atenas, Carta dos Andes, Escola de Chicago 3 - A estrutura socioeconômica da cidade moderna 4 - Abordagens sobre as técnicas de planejamento Considerações Finais Introdução O planejamento urbano aborda uma série de processos, estudos e até mesmo áreas diferentes, mostrando sobretudo como ocorrerá o crescimento de uma cidade. Todo esse detalhamento é fundamental, a . m de promover o bem-estar e segurança de toda a população e impedir crescimento desordenado da malha urbana. O planejamento urbano está totalmente ligado ao plano diretor. A partir desse pressuposto é possível traçar diretrizes em relação ao zoneamento, ocupação e expansão da área urbana. O crescimento da população, junto com o da própria cidade, desencadeiam uma certa precariedade em relação ao todo da malha urbana pelo fato dos habitantes se apresentarem apenas na região que se relacionam com o cotidiano das pessoas, ou seja, local de residência, trabalho, escola, entre outros lugares de convívio, e não ocuparem a cidade por inteiro, devido também à divisão da estrutura urbanística existente. Além dos fatores supracitados, a desigualdade existente devido a fatores �nanceiros ou de distribuição de renda também proporcionam a divisão da cidade, concretizando o contexto do arranjo urbano. Todos esses fatores são ocasionados pela existência das desigualdades sociais na maioria dos países capitalistas, pois quanto maiores as diferenças socioeconômicas entre as classes sociais, maior é a diferença em relação aos seguintes aspectos: moradia, serviços públicos e qualidade de vida. Plano de Estudo: 1. O pré-urbanismo e as cidades modelos. 2. Conceitos do urbanismo: carta de Atenas, carta dos Andes e escola de Chicago. 3. A estrutura socioeconômica da cidade moderna (classes sociais e a segregação) e a problemática ambiental. 4. Abordagens sobre as técnicas de planejamento: plano diretor (história e resultados). Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar o pré-urbanismo e as cidades modelos. 2. Estabelecer a importância da carta de Atenas, carta dos Andes e a escola de Chicago. 3. Compreender a estrutura socioeconômica da cidade moderna e a problemática ambiental. 4. Reconhecer o Plano Diretor como um instrumento de ordenamento territorial. O pré-urbanismo e as cidades modelos O advento da Revolução Industrial provocou um crescimento acelerado das cidades durante o século XIX, desencadeando várias transformações no espaço urbano e até mesmo re�exões sobre esse tema. Assim sendo, surge um conjunto de re�exões e propostas de pensadores políticos sociais do século XIX para o problema da cidade, associando o questionamento sobre a estrutura e o signi�cado da relação social denominado de Pré-urbanismo. São contribuições anteriores ao surgimento da palavra Urbanismo. No momento do pré-urbanismo, no século XIX, o estudo da cidade assume dois aspectos diferentes: aspectos descritivos em que se observam os fatos isoladamente, tentando ordená-los de modo quantitativo (estatística), e aspectos polêmicos, que reúnem informações, integrando-as num quadro de polêmica. Consideram a cidade como um câncer. Esse último teve inspiração humanística ao denunciar as condições de vida dos proletários (denunciam o estado de deterioração física e moral em que vivem), contribuindo, assim, para gerar toda uma legislação voltada para o trabalho e para a habitação. Mas os polemistas constituem-se, também, de pensadores políticos e sua crítica inclui as questões da exploração e alienação do trabalhador, associadas à nova ordem industrial (CHOAY, 1998). Ou seja, denunciam condições da cidade (situação da classe trabalhadora distância para o trabalho). @shutterstock A re�exão sobre propostas de ordenamentos urbanos para a desordem da cidade industrial resultou-se em modelos espaciais, exemplares e reprodutíveis. Um deles assumiu a forma de uma utopia progressista e o outro, a forma de uma utopia nostálgica. O modelo progressista fundamenta sua crítica à cidadeindustrial na situação de alienação do indivíduo. Por outro lado, nesse modelo o indivíduo é tomado como um ser com necessidades, as quais o progresso técnico deveria prover os meios para atender. O tema chave nesse modelo é a higiene, por isso o espaço progressista é aberto e rompido por espaços vazios ou verdes que garantem a exposição das edi�cações ao sol. O traçado é de�nido em conformação com as funções urbanas: habitação, trabalho, cultura e lazer, separadas devidamente, o que, sugere-se, resultar em bem estar e progresso social. Nesse modelo, a beleza é associada à lógica racional, não aceitando nenhuma herança artística do passado para submeter-se às leis de uma geometria “natural”. Arranjos novos, simples e racionais substituem as disposições e ornamentos tradicionais. Dessa forma, a cidade adquire certa rigidez e, nesse aspecto, se �lia à utopia. Entre os tipos de edifícios, o alojamento tem lugar privilegiado, ou seja, a habitação coletiva e unifamiliar é considerada como modelo. O modelo progressista se caracteriza pela fragmentação (blocos que são repetidos), baixa densidade, en�m, tudo o que se opõe a uma atmosfera urbana, ou seja, tem que ser um espaço com uma disposição simples que impressione os olhos e os satisfaça, com abundância de verde e vazios, o que exclui uma atmosfera precisamente urbana (cidade campo). Embora esse modelo tenha sido originado como consequência de preocupações sociais, trata-se de um modelo autoritário e orientado no sentido do rendimento máximo. A outra forma de utopia nostálgica é representada pelo modelo culturalista, que prioriza o agrupamento humano (cidade) em detrimento do indivíduo. O grande diferencial desse modelo em relação ao modelo progressista é o desaparecimento da antiga unidade orgânica da cidade sob a pressão desintegradora da industrialização. O ponto chave desse modelo é a busca pela cultura, como o próprio nome diz, e não a ideia de progresso, mas fazer o melhor do passado reviver. Assim, o planejamento da cidade será menos rigoroso e não tão determinista. No entanto a cidade deve ser restrita a limites precisos, que estabeleçam contraste com a natureza e ter dimensões modestas. No modelo culturalista, o estético ocupa o lugar que a higiene ocupava no modelo progressista. A irregularidade e a assimetria são valorizadas enquanto as marcas de organicidade são identi�cadas com a potência geradora da vida. No interior da cidade nenhum traço de geometrismo é existente, pois o geometrismo é considerado como tabuleiros, prisões para a alma. Trata-se de uma estética totalmente ligada à tradição, que não propõe padrões ou modelos. A edi�cação valorizada é aquela de uso cultural e o clima da cidade é propriamente urbano. Se analisarmos do ponto de vista econômico, o modelo de cidade culturalista é anti- industrial e a produção bene�cia a relação harmoniosa entre os indivíduos, que gozam de uma vida feliz e plena de lazeres, ao invés do rendimento. Entretanto esse modelo é tão fechado quanto o progressista, pois também não considera as transformações próprias à temporalidade: propõe uma cidade que não sofre transformação no tempo. O que faz, nesse aspecto, também se aproximar da utopia. Nos dois modelos descritos, os pensadores imaginam a cidade do futuro de forma ideal. Ao invés de ser pensada como um problema ou processo a ser resolvido, é sempre colocada como uma coisa, um objeto reprodutível, sendo tirada da temporalidade concreta e torna-se utópica, quer dizer, de lugar nenhum. Alguns exemplos foram realizados, mas fracassaram, principalmente por seu rompimento com a realidade socioeconômica contemporânea e pelo caráter limitador e repressivo de sua organização. Conceitos do urbanismo: Carta de Atenas, Carta dos Andes, Escola de Chicago O urbanismo difere-se do pré-urbanismo essencialmente porque não é obra de pensadores (�lósofos, economistas, historiadores, entre outros), mas de especialistas, de pro�ssionais que visam colocar em prática suas ideias, geralmente arquitetos. No entanto conserva-se o lugar do imaginário, já que a cidade mesma é substituída por uma ideia, fazendo do urbanismo um herdeiro direto do momento anterior, mantendo, inclusive, as duas tendências ideológicas, o urbanismo progressista e o urbanismo culturalista. Mas, a despeito de estar fundado no pensamento socialista do século XIX, o discurso do urbanismo é essencialmente despolitizado. Entre os Urbanistas Progressistas temos: Tony Garnier, Walter Gropius e Charles- Edouard Jeanneret (Le Corbusier - mais importante dos urbanistas progressistas). Esses urbanistas buscavam adaptar a cidade às necessidades modernas, englobando a indústria e o novo modo de vida. No Urbanismo Culturalista temos: Camillo Sitte, Ebenezer Howard, Raymond Unwin, que buscavam uma nova forma de vida, resgatando valores e costumes passados (CHOAY, 1992). No Brasil, ao �nal da década de 30 e início da década de 60 ocorreu um processo de rede�nição da habitação enquanto questão urbanística. O controle sanitário e policial das moradias das classes pobres começa a ser repensado e alterado. A associação entre habitação e planejamento passa a ser formulada, tendo como base as especi�cidades da urbanização dos grandes centros latino-americanos. Assim, essa nova formulação foi o fator determinante para inserção do Brasil no circuito da cooperação interamericana promovida por organismos internacionais. Além dos documentos utilizados como base, como a Carta de Atenas, Carta dos Andes e Escola de Chicago, ao dar linhas de orientação sobre o exercício e o papel do urbanismo dentro da sociedade, servindo de inspiração à arquitetura contemporânea.A Carta de Atenas é um documento de compromisso, datado de 1933, elaborado e assinado por grandes arquitetos e urbanistas internacionais do início do século XX, entre os quais se destaca Le Corbusier, que na época já se apresentava como um dos mais importantes idealizadores da arquitetura e urbanismo modernos. A Carta foi escrita como conclusão do Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Históricos que teve lugar em Atenas, na Grécia, em outubro de 1931 (Infopédia, 2020). Considera-se que a Carta de Atenas assentava em quatro funções básicas na cidade: habitação, trabalho, diversão e circulação. A Carta de Atenas propunha, em termos sociais, que cada indivíduo tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem-estar do lar e à beleza da cidade. Em 1998, foi elaborada pelo Conselho Europeu de Urbanistas (composto por representantes de Portugal, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália e Reino Unido) a Nova Carta de Atenas. A redação da Nova Carta de Atenas pretendeu ser mais adequada às gerações vindouras do que as de 1933, dando o papel principal ao cidadão na hora de tomar decisões organizativas. Segundo a nova carta, a evolução das cidades deve resultar da combinação de distintas forças sociais e das ações dos principais representantes da vida cívica. O papel dos urbanistas pro�ssionais passou a ser o de proporcionar e coordenar o desenvolvimento. A Carta dos Andes é um documento com as conclusões e recomendações resultantes do Seminário de Técnicos e Funcionários do planejamento urbano que expressa o processo que ocorre nos programas de cooperação interamericanas a partir do �nal da década de 30 até o �nal da década de 50 (MELLO, 1960). A Carta dos Andes corrobora a ideia da qual o planejamento é a ferramenta mais adequada para superar as grandes di�culdades em consequência do baixo nível de desenvolvimento econômico, político, social e cultural. @ freepik O início do século XX foi marcado por uma série de reuniões e conferências com o objetivo de identi�car os itens fundamentais que dariam forma a uma concepção comum do conceito de cidade. Dessa forma, um diagnóstico da situação das cidades foi realizado por urbanistas e arquitetos de renome, identi�cando debilidades e problemas, bem como as respetivas soluções. Foram redigidas normas a respeitar a partir de um diagnóstico prévio. Duranteesse diagnóstico, 33 cidades de diferentes latitudes e climas do mundo foram analisadas, de forma a responder aos problemas causados pelo rápido crescimento dos centros urbanos, devido às mudanças nos sistemas de transportes e à mecanização. Características do planejamento regional, metropolitano e urbano na América Latina: o processo geral de renovação urbana e Habilitação de áreas subdesenvolvidas são os três itens da Carta, pelo qual a realidade da metrópole da América Latina e América Central é analisada, onde as altas taxas de crescimento demográ�co, a migração, a expansão urbana dos grandes centros, a especulação, a formação de favelas e habitações precárias e a falta de serviços públicos são problemas que podem ser superados por meio da combinação de políticas de planejamento e habitação. Ainda no campo das investigações dos fenômenos sociais que ocorriam especi�camente no meio urbano em todo território mundial e na grande metrópole norte-americana, surge, como resposta, a Escola de Chicago, nos Estados Unidos, na década de 10, por iniciativa de sociólogos americanos que faziam parte do corpo docente do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, fundada pelo historiador e sociólogo Albion W. Small. Tanto o Departamento de Sociologia, como a Universidade de Chicago receberam inestimável ajuda �nanceira do empresário norte-americano John Davison Rockefeller. Entre 1915 e 1940 a Escola de Chicago produziu um vasto e diversi�cado conjunto de pesquisas em relação aos fenômenos sociais, como: o crescimento da criminalidade, da delinquência juvenil, o aparecimento de gangues de marginais, os bolsões de pobreza e desemprego, a imigração e, com ela, a formação de várias comunidades segregadas (os guetos) que aconteciam em resposta ao processo de expansão urbana e crescimento demográ�co da cidade de Chicago no início do século XX, resultado do acelerado desenvolvimento industrial das metrópoles do Meio-Oeste norte-americano. O mais importante é evidenciar que os estudos dos problemas sociais proporcionaram a elaboração de novos procedimentos metodológicos e o surgimento de novas teorias e conceitos sociológicos. A estrutura socioeconômica da cidade moderna (classes sociais e a segregação) e a problemática ambiental No mundo contemporâneo, as diferentes áreas que compõem os grandes centros urbanos apresentam-se de maneira fragmentada, isso nos remete a ideia de um arranjo espacial, composto por vários fragmentos, cada qual com suas características e aspectos diferenciados, mas que, juntos, constituem o todo. Nas cidades, essa distribuição é de�nida com base na atuação de cada área, por exemplo, centros comerciais, bairros industriais, �nanceiros, residenciais, bairros com grande número de casas, além de bairros que abrigam uma grande quantidade de estabelecimentos de diversão, como boates, bares e restaurantes. Em uma grande cidade a estrutura é composta por vários polos, e cada um deles é considerado uma região constituída de um centro e uma rua com maior evidência por apresentar muitas atividades ali desenvolvidas, como comércio, serviços, entre outros. Ao analisarmos desse ângulo podemos dizer que a população de baixa renda depende exclusivamente da qualidade dos serviços públicos nos diferentes setores, sejam eles na área da saúde, transporte coletivo, educação, entre outros, para que possam desfrutar de uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, para que esses serviços ocorram de forma adequada e de maneira mais humana possível, é necessário existir uma organização, com o objetivo de requisitar as necessidades comunitárias ou di�cilmente este cenário será mudado. A segregação socioespacial também chamada de segregação urbana diz respeito a marginalização ou periferização de alguns grupos sociais ou pessoas por determinados fatores, como: econômicos, culturais, históricos e até raciais no espaço das cidades. No Brasil, habitações em áreas irregulares, como nas proximidades de cursos d'água, a formação de favelas, cortiços e áreas de invasão são alguns exemplos mais comuns de segregação urbana. Essas áreas são constituídas por pessoas com baixos salários, poucas condições de renda e que não possuem outra opção a não ser @ freepik O crescimento da população, junto com o da própria cidade, desencadeia uma certa precariedade em relação ao todo da malha urbana, pelo fato dos habitantes se apresentarem apenas na região que se relaciona com o cotidiano pessoal, ou seja, local de residência, trabalho, escola, entre outros lugares de convívio, e não ocuparem a cidade por inteiro, devido também à divisão da estrutura urbanística existente. Além dos fatores supracitados, a desigualdade existente devido a fatores �nanceiros ou de distribuição de renda também proporcionam a divisão da cidade, concretizando o contexto do arranjo urbano. Todos esses fatores são ocasionados pela existência das desigualdades sociais na maioria dos países capitalistas, pois quanto maiores as diferenças socioeconômicas entre as classes sociais, maior é a diferença em relação aos seguintes aspectos: moradia, serviços públicos e qualidade de vida. se instalarem em locais desprovidos de infraestrutura, o que caracteriza a segregação urbana. Ou seja, a segregação urbana é a reprodução dos imperativos sociais em relação à transformação do espaço das cidades. Logo, podemos a�rmar que a segregação urbana é a reprodução espacial e geográ�ca da segregação social, fato esse quase sempre relacionado com o processo de divisão de classes sociais, em que a população menos favorecida acaba se instalando em áreas menos acessíveis e mais afastadas dos grandes centros econômicos. Além disso, esses espaços segregados são desprovidos ou apresentam baixa disponibilidade de infraestruturas, como pavimentação, saneamento básico, espaços de lazer, entre outros. Para explicar a causa da segregação urbana, o principal modelo apontado pela literatura especializada a�rma que parte da oposição entre centro e periferia e constitui-se a partir da formação de novas centralidades, expandindo-se a partir de então. Dessa forma, as classes economicamente mais favorecidas tendem a se instalar próximas desse centro, uma vez que esses espaços são mais caros e valorizados. No entanto, com o tempo, esses centros principais se tornam sobrecarregados e graças a evolução de técnicas permitem que práticas e serviços migrem a partir de novos subcentros, fazendo com que estes se tornem mais valorizados, encarecendo os preços dos terrenos e elevando os custos sociais, o que proporciona a ocupação desse espaço pela população mais rica e leva ao afastamento da população mais pobre. Nesse aspecto, o estado atua oferecendo a esses centros as melhores condições de infraestrutura, com uma maior diversidade de transportes, praças, áreas de lazer, entre outras, proporcionando para essas áreas: maior empregabilidade, mobilidade e atividade em seus espaços do que as demais, incluindo os trabalhadores que moram nas periferias e que precisam deslocar-se em grandes distâncias, para exercerem seus trabalhos. O crescimento desordenado dos bairros periféricos, além das favelas e das casas em áreas irregulares, representa a segregação involuntária, aquela que não ocorre de forma planejada por parte de seus atores, mas é forjada pelas condições sociais e econômicas da população. Esse tipo de segregação não pode ser confundido com a autossegregação, também chamada de segregação voluntária, que é aquela praticada por grupos economicamente favorecidos que se afastam do inchamento das cidades, passando a residir em locais mais ou menos isolados, geralmente em grandes condomínios residenciais luxuosos. Portanto, a segregação urbana, como podemos observar, mostra as contradições econômicas e sociais da sociedade contemporânea sobre o espectro do espaço geográ�co. Abordagens sobre as técnicas de planejamento: plano diretor (história e resultados) O rápido crescimento das cidades sem nenhum planejamento fez surgir preocupações em relação ao bem-estar dos cidadãos.Alguns fatos, como a ocupação desordenada em área de risco, a falta de cuidados com os recursos naturais, a poluição do ar, água e paisagens, falta de infraestrutura, saneamento, saúde, transporte de qualidade, associados à falta de planejamento, colaboram ainda mais para a agravar a situação. Diante desse cenário surgem discussões de políticas públicas que têm por objetivo o equilíbrio das práticas econômicas, sociais e ecológicas no território urbano, possibilitando a implantação de um instrumento denominado Plano Diretor, “[...] previsto constitucionalmente e regulamentado no Estatuto da Cidade, mostrando como esse instrumento de planejamento urbano pode ser um importante aliado na gestão ambiental e na promoção da sustentabilidade do espaço urbano” (SAYAGO; PINTO, 2005, p. 2). Segundo Ascher (2012, p. 14), o Plano Diretor pode ser considerado a principal política pública de ordenamento do território urbano: A complexidade do tecido urbano em expansão necessita de diretrizes para se ordenar o espaço urbano conforme os diferentes usos do solo (residencial, lazer, equipamentos urbanos, comercial, industrial, entre outros), que abarca a dinâmica do espaço urbano em constante incerteza, essa própria do processo de mundialização do capital, o que fomenta a necessidade de um compromisso urbano. Conforme Sayago e Pinto (2005, p. 9), o Plano Diretor é um documento que visa “[...] balizar o desenvolvimento e a expansão do espaço construído, de modo a mudar a realidade urbana, trazendo melhor qualidade de vida à população.” Ele está previsto no art. 182, §1º da Constituição Federal de 1988 e deve englobar toda a área do município, urbana ou rural, sendo considerado um importantíssimo instrumento básico da política urbana e fundamental para o planejamento das cidades. O Plano Diretor é um instrumento que elabora os objetivos a serem alcançados, o prazo em que estes devem ser atingidos (muito embora o plano, em geral, não precise . xar prazo no que concerne às diretrizes básicas), as atividades a serem implementadas e quem deve executá-las. É diretor por �xar as diretrizes do desenvolvimento urbano do município. É por meio do plano que se de�ne o melhor modo de ocupar um município ou região, prever as áreas onde se localizarão os pontos de lazer, as atividades industriais e todos os usos do solo, não somente no presente, mas também no futuro. Isso permitirá a consolidação de valores com vista à qualidade de vida urbana (SILVA, 2000, p. 93). O Plano Diretor trata do ordenamento do espaço municipal (aspecto físico), do aspecto social, ligado à melhoria da qualidade de vida das cidades, e do aspecto administrativo, que se refere à atuação do poder público. De acordo com o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), o Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana e deve ser aprovado por lei municipal. Ainda devemos frisar que o Plano é obrigatório para cidades com as seguintes características: § 1º O Plano Diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. § 2º O Plano Diretor deverá englobar o território do Município como um todo. § 3º A lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. § 4ºNo processo de elaboração do Plano Diretor e na �scalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos (BRASIL, 2001). Além disso, segundo a lei (BRASIL, 2001, art. 42), o plano deve conter, no mínimo, “[...] a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edi�cação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infraestrutura e de demanda para utilização [...]”. Para que o plano diretor possa ser um instrumento útil ao desenvolvimento local, é preciso identi�car e mapear as atividades econômicas existentes na zona urbana e rural e veri�car em que condições essas atividades estão se desenvolvendo. É necessário analisar alguns aspectos essenciais, como: abastecimento d’água, energia elétrica, infraestrutura existente (sistema viário, rede telefônica, saneamento etc.), potencialidades econômicas, mobilidade e acessibilidade e compatibilidade de uso do território por meio da elaboração de mapas temáticos (SCOPEL, 2018). Segundo sua potencialidade econômica, cada município deve adotar as diretrizes e instrumentos necessários ao fortalecimento da economia local, por exemplo: municípios com predominância no agronegócio podem tratar das questões relacionadas às vias de escoamento da produção. Além disso, podem também criar um programa que destina áreas para as agroindústrias coletivas ou individuais nas comunidades rurais. Já no caso de municípios turísticos, podem discutir sobre temas ligados à preservação do patrimônio histórico ou natural, entre outros. I – com mais de vinte mil habitantes; II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no 4o do art. 182 da Constituição Federal; IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico; V – inseridas na área de in�uência de empreendimentos ou atividades com signi�cativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional (BRASIL, 2001). SAIBA MAIS Le Corbusier foi um arquiteto atuante no século XX, não só no campo teórico-acadêmico, mas também como pro�ssional da arquitetura, deixando inúmeras obras de arquitetura e urbanismo que, até os dias de hoje, são paradigmáticas: suscitam muitas críticas ao mesmo tempo que ainda servem de modelo para as cidades. Os cincos pontos da Carta de Atenas de 1933 (Habitação, Lazer, Trabalho, Circulação e Patrimônios históricos das cidades) e o modelo teórico da Ville Radieuse podem ser considerados síntese do seu pensamento. A Ville Radieuse, em português, cidade radiosa, é um projeto urbano teórico não construído, mas que servia de base para a exposição material dos conceitos que, três anos mais tarde, se encontrariam na Carta de Atenas. O modelo recebeu o nome de cidade radiosa porque tinha uma preocupação central com as condições de salubridade da habitação, portanto, essas deveriam receber a maior quantidade de luz solar possível. Os edifícios habitacionais projetados por Corbusier, denominados unidade habitacional, con�guravam-se como arranha-céus de 50 metros de altura, de alta densidade, similares entre si, pré-fabricados, isolados um dos outros, organizados em uma grade cartesiana que deveria estar em volta de um grande espaço verde, além de se situar em uma zona da cidade apenas dedicada à habitação. Essas unidades deveriam acomodar 2.700 habitantes e se portariam como edifício autossu�ciente, com equipamentos de serviços no próprio edifício, como refeitório e lavanderia coletivos, escola de educação infantil e piscina (GIAMBASTIANI et al., 2019). REFLITA O relatório sobre aumento da população urbana, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), destaca que em 2030 duas a cada três pessoas no mundo irão morar em cidades, ultrapassando a proporção de 2015, que era uma a cada duas. Tóquio, a maior potência econômica global, apesar das restrições geográ�cas, é a cidade mais populosa do mundo e, conforme o estudo da ONU, continuará sendo por, no mínimo, mais 15 anos (GIAMBASTIANI et al., 2019). Livro Filme Metodologia para elaboração de planos urbanos AUTORIA Claudinéia Conationi da Silva Franco Sumário Introdução 1 - Metodologia para elaboração de planos urbanos 2 - Diagnósticos de problemas urbanos ambientais 3 - Estatuto das cidades 4 - O plano diretor sob a ótica do estatuto da cidade e a abordagem de intervençãourbana pela engenharia ambiental Considerações Finais Introdução Ao analisarmos a literatura, a elaboração de planos urbanos, tendo como base o Estatuto da Cidade, pode gerar benefícios ambientais aos grandes centros urbanos ao estimular a instalação da população de baixa renda em áreas dotadas de infraestrutura, evitando, assim, a ocupação de áreas consideradas ambientalmente frágeis, como encostas de morros, zonas inundáveis e mangues. Com a aprovação do Estatuto da Cidade, a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, uma série de instrumentos foram criados para que a cidade pudesse buscar seu desenvolvimento urbano, sendo o principal deles o plano diretor, que proporciona a articulação da implementação de planos diretores participativos, de. nindo uma série de instrumentos urbanísticos que têm no combate à especulação imobiliária e na regularização fundiária dos imóveis urbanos. Além do Estatuto de�nir uma nova regulamentação para o uso do solo urbano, ele também prevê a cobrança de IPTU progressivo de até 15% para terrenos ociosos, ou seja, inocupados, a simpli�cação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a aumentar a oferta de lotes, a recuperação e a proteção do meio ambiente urbano (BRASIL, 2001). Plano de Estudo: 1. Metodologia para Elaboração de Planos Urbanos: Coleta, Estruturação e Análise de Dados Urbanos. 2. Diagnósticos de Problemas Urbanos Ambientais: De�nição de Diretrizes e Planos de Ação. 3. Estatuto das Cidades: Conceitos e Conteúdo. 4. O Plano Diretor sob a Ótica do Estatuto da Cidade e a Abordagem de Intervenção Urbana pela Engenharia Ambiental. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar Metodologia para Elaboração de Planos Urbanos: Coleta, Estruturação e Análise de Dados Urbanos. 2. Compreender os tipos de Diagnósticos de Problemas Urbanos Ambientais: De�nição de Diretrizes e Planos de Ação. 3. Estabelecer a importância do Estatuto das Cidades e do Plano Diretor. Metodologia para elaboração de planos urbanos: coleta, estruturação e análise de dados urbanos Com a aprovação do Estatuto da Cidade Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, o Plano Diretor passou a ser o instrumento legal básico da política de desenvolvimento e expansão urbanos (BRASIL, 2001). Apesar de já estar instituído na Constituição Federal Brasileira de 1988, no Capítulo II, artigo 182 e 183, a elaboração do Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para as cidades com mais de 20 mil habitantes, sendo considerado como o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. Também são estabelecidas pela Constituição algumas diretrizes a serem observadas pelos Estados e Municípios, como a garantia do bem-estar de seus habitantes, o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, a participação popular e a proteção ao meio ambiente, histórico e cultural. Para elaboração e revisão de Planos Diretores Municipais, tão importante quanto a lei em si é a forma de sua elaboração, contando com a participação efetiva da população e das entidades organizadas, segundo expresso no artigo 43, da gestão democrática do Estatuto da Cidade, consolidando, desta forma, um compromisso de todos na execução das diretrizes e ações estratégicas incluídas no plano. As Constituições Federal e Estadual destacam nitidamente esta importância, �cando a cargo da Administração Municipal promover a participação ampla da população. Ao sistematizar a proposta e de�nir a estrutura do plano diretor, a próxima etapa é a elaboração e aprovação da metodologia descrita no plano que é composta essencialmente pelos respectivos itens: diagnóstico que considera duas leituras, uma técnica realizada por equipe especializada, com a participação dos membros da comissão e a leitura comunitária. @ freepik Para a elaboração do Plano Diretor, é indispensável ouvir a opinião de moradores das diferentes regiões da cidade e partes organizadas da sociedade. As diferentes visões sobre a cidade construída de forma organizada por segmentos devem ser apresentadas, trazendo para a esfera pública os interesses que embasam as visões. O morador observa o conjunto dos bairros a partir do lugar onde vive. No entanto, o desa�o maior é sensibilizar a população para o assunto e obter a opinião do maior número de moradores sobre os anseios de conquista e as expectativas em relação à cidade, rompendo com a não visualização dos processos urbanos que acontecem nas periferias e revelando a diversidade e a desigualdade nas diferentes partes compõem uma cidade. Dessa forma, as pautas assim levantadas orientam a de�nição das propostas (HARVEY, 2011). Durante o processo de discussão participativa de um Plano Diretor, muitas pessoas são envolvidas, inclusive: sociedade civil organizada, movimentos sociais e Executivo. No âmbito dos delegados, são claras as divergências de ideias e de interesses, que, durante o processo, diluem-se e ganham força por meio da aproximação entre segmentos distintos e consensos que vão se construindo durante a discussão. Na esfera do governo, duas frentes se mostram na correlação de forças políticas entre governantes e partidos. Governos de coalizão que reúnem legendas partidárias de posições extremas entram em rota de colisão nesses processos, divergindo sobre aspectos técnicos da proposta do Plano Diretor. A ideologia do patrimonialismo re�ete-se no serviço público, no comportamento dos técnicos e nos procedimentos administrativos que ainda trazem a antiga compreensão da propriedade privada no Brasil, aceitando como natural a soberania do direito do proprietário sobre a função social da cidade e da propriedade. Segundo Fernandes (2013, p. 223): Esse processo de mercantilização das cidades tem demandado o reforço da cultura jurídica individualista e patrimonialista tradicional, vigente e dominante pré-Estatuto da Cidade, com a propriedade imobiliária concebida quase que exclusivamente como mercadoria, seu valor de troca prevalecendo sobre qualquer valor de uso, e a possibilidade de usar/gozar/dispor do bem imóvel sendo também interpretada como a possibilidade livre de não usar/gozar/dispor do bem — em outras palavras, de especular. As alianças formadas em função do voto, dentro e fora do Executivo, polarizam decisões incluídas no Plano Diretor, mudando rumos das propostas. O prefeito tem o papel central de decisão, no sentido de mediar o diálogo intersecretarial, decidindo quando há divergências, administrando con�itos entre secretarias. Em relação ao processo sobre questões trazidas pelos setores econômicos e sociedade, relacionadas a utilização e à ocupação do solo, o prefeito também tem o aval, remetendo-as à esfera pública de discussão. CONCEITUANDO A leitura técnica pode conter dimensões especiais como: os estudos de caracterização socioeconômica e demográ�ca, estudos acerca do desenvolvimento econômico e do turismo e os estudos de caracterização físico-espacial. A leitura comunitária é dedicada à participação da comunidade. O Judiciário também exerce papel de extrema importância, na medida em que, acompanhando o processo, pode ser chamado para garantir sua continuidade. Processos com essa grandeza exigem equipes quali�cadas, dedicadas exclusivamente à condução do Plano Diretor. É necessário investimento em construir um processo de elaboração dos documentos técnicos contando com equipes multidisciplinares, mas também processos de discussão pública que envolvam pro�ssionais especializados para essa tarefa e que conheçam os conteúdos relacionados ao planejamento urbano. Dessa forma, caso haja contratação de pro�ssionais para essa tarefa, deve-se de�nir uma equipe mínima especializada nos temas de gestão urbana e do planejamento, do direito urbanístico e da participação social. Infelizmente, no Brasil, ainda existe a cultura de pouca importância às atividades de planejamento, gerando estruturas e equipes fracas e restrição de recursos para contratação de consultorias. A experiência da consultoria para processos, e não somente para produtos,tem resultado na melhoria dos quadros técnicos das Prefeituras, sem que esse resultado seja formalmente reconhecido pelos gestores, muitas vezes inexperientes ou pouco habituados ao planejamento territorial. Diagnósticos de problemas urbanos ambientais: de�nição de diretrizes e planos de ação O crescimento das cidades brasileiras de maneira desordenada, sem o devido planejamento, principalmente a partir da segunda metade do século XX, tem propiciado o aumento dos impactos ambientais negativos, tais como o excesso de resíduos sólidos e de ruídos, deterioração da qualidade dos recursos hídricos e o aumento da geração e lançamento de esgotos nos cursos d’água (MOTA, 1999). No entanto é comum no Brasil comentários de que a legislação urbana é moderna, mas, de fato, na sociedade poucos integrantes sabem como funciona todo esse aparato do planejamento urbano e como esses mecanismos podem contribuir para conduzir os centros urbanos para um futuro melhor e mais sustentável, garantindo uma mínima condição de vida aos habitantes (SOUZA, 2004). Durante a primeira metade do século XX a mudança de um Brasil rural para o urbano caminhou junto com o desenvolvimento industrial e a crise agrícola. A partir da década de 50, mais da metade da população foi para as cidades, totalizando em torno de 85% dos brasileiros que vivem até hoje. Logo, ,os municípios não estavam preparados para essa transição, faltando planejamento, estrutura administrativa e até mesmo instrumentos jurídicos para lidar com toda essa modi�cação. Ações buscando ordenamento jurídico e administrativo sobre o processo da urbanização vinham se fortalecendo desde 1970, mas apenas em 1988, na Assembleia Nacional Constituinte, é que ocorreu a inclusão da função social da propriedade na Constituição Federal. O artigo 182 foi o mecanismo formal para a transição de um conceito de propriedade privada, tido como absoluto e incondicional, para o direito público, que privilegia os interesses coletivos, estabelecendo os Planos Diretores como instrumentos para cumpri-lo no âmbito municipal. ATENÇÃO Essa modi�cação de cenário e falta de planejamento estrutural fez surgir a ocupação de espaços, na maioria das vezes sem acesso ao serviço básico, como: educação, lazer, cultura, saneamento básico, saúde e transporte. Mais de uma década se passou e, somente em 2001, os artigos 182 e 183 da Constituição Federal foram regulamentados pelo Estatuto da Cidade (lei 10.257), que procura garantir o direito a cidades sustentáveis, com participação social nas decisões, cooperação entre o setor público e privado no processo de urbanização, planejamento, controle do uso do solo para evitar especulação imobiliária, preocupação com impactos ambientais, mecanismos para o Estado recuperar investimentos em infraestrutura que valorize terrenos e imóveis privados, regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por pessoas de baixa renda. Com o estabelecimento do Estatuto da Cidades, as gestões municipais ganharam as ferramentas e mecanismos para melhor administrar o seu território, garantir o interesse coletivo sobre o privado e, com a participação da população, construir uma visão de cidade para ser trabalhada através do planejamento. Em 2003, também foi criado no Brasil o Ministério das Cidades, fortalecendo a capacidade do governo federal de planejar e orientar as questões urbanas em âmbito local e regional. Em 2015 é lançado o Estatuto da Metrópole, lei que estabelece as diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse comum, tanto em regiões metropolitanas quanto em aglomerações urbanas instituídas pelos estados, para completar a legislação urbana brasileira. Segundo o Estatuto da Cidade (2001), o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana dos municípios é o Plano Diretor. No entanto somente o Plano Diretor não garante um bom planejamento, que inclui a integração e a obrigatória compatibilização com os planos setoriais e o planejamento metropolitano, no caso do município que faz parte de uma Região Metropolitana ou aglomeração urbana. @ freepik Logo após a criação do Estatuto da Cidades (2001) e do Ministério das Cidades (2003) surgiram as políticas nacionais por setores, primeiro a Política Nacional de Habitação (2005), depois a de Saneamento Básico (2007), de Resíduos Sólidos (2010) e a de Mobilidade Urbana (2012). Todas elas exploram em detalhes, atualizam alguns aspectos do Estatuto da Cidade e estabelecem a exigência para os municípios de elaboração de planos setoriais. Dessa forma, faz-se necessário discutirmos a seguir os diferentes planos de ação e como eles se comunicam. Por exemplo, os Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado devem se comunicar com os Planos Diretores dos vários municípios da Região Metropolitana envolvida, assim como os Planos Setoriais de cada município devem ser compatíveis com seus Planos Diretores. O Plano Diretor deve ser criado por municípios com mais de 20 mil habitantes, integrantes de Regiões Metropolitanas e aglomerações urbanas, integrantes de áreas de especial interesse turístico, inseridos em área de in�uência de empreendimentos com signi�cativo impacto ambiental etc. Sendo o prazo estabelecido pelo Estatuto da Cidade: cinco anos para que os municípios publiquem seus planos, sendo depois adiado para 2008. Os planos devem ser revisados a cada dez anos e em 2018 se encerrou o prazo mínimo de dez anos para diversos municípios. O não cumprimentos dos prazos pelos prefeitos pode resultar em improbidade administrativa, assim como o não atendimento a alguns requisitos do processo, como a participação da população, a publicação dos documentos e informações produzidas e o acesso a isso por qualquer cidadão interessado. Um outro plano de ação é o Plano de Mobilidade Urbana, um instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, baseada em princípios como o desenvolvimento sustentável das cidades, equidade no acesso dos cidadãos ao transporte coletivo e uso do espaço público de circulação. Apresenta como diretrizes importantes: a prioridade dos modos de transporte ativos sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual; a mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos (custos externos) dos deslocamentos urbanos, em especial do tráfego rodoviário; além do incentivo ao desenvolvimento cientí�co-tecnológico e ao uso de energias renováveis menos poluentes. Inclui uma CONCEITUANDO O Plano Diretor é um instrumento de planejamento urbano municipal que apresenta como principal objetivo ordenar o desenvolvimento da cidade sob o ponto de vista urbanístico, econômico e social. É fundamental para regular a ocupação dos espaços urbanos em benefício da população, estabelecendo estratégias para garantir a qualidade de vida, tornando viável a função social da propriedade urbana (pública e privada). Todos os demais planos setoriais desenvolvidos pelos municípios devem necessariamente estar compatibilizados com seu respectivo Plano Diretor. visão para a mobilidade urbana do município, com metas de curto, médio e longo prazo. Também é um plano que deve ser feito por municípios com mais de 20 mil habitantes e demais exigidos por lei a terem Planos Diretores. Essa Lei Federal de Mobilidade Urbana entrou em vigor a partir de janeiro de 2012 e estabeleceu um prazo de três anos para os municípios elaborarem seus planos. Após ser prorrogado para 2018 e logo mais adiado para abril de 2019, conforme estabelecido pela Lei 13.640, de 2018. Igual aos Planos Diretores, precisa ser revisada a cada dez anos. Outro instrumento é o Plano Local de Habitação de Interesse Social, aplicado no nível local da Política Nacional de Habitação, que entre suas diretrizes a principal é garantir o direito à moradia digna e o princípio da função social da propriedade, estabelecido na Constituição e no Estatuto da Cidade, além de promover ações coordenadas no território para garantir acesso a moradia e a própria cidade,
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