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Estruturas de Mercado e Tomada de Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Bruno Leonardo Silva Tardelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Monopólio • Introdução • O monopólio • Origens do poder de mercado • Considerações Finais · Apresentar o monopolista e suas fontes de manutenção como tal, bem como mostrar a forma pela qual ele decide o quanto produzir e o preço de venda. Além disso, explicar o poder de mercado exercido pelo monopolista. OBJETIVO DE APRENDIZADO Na orientação de estudos, constam as informações gerais para direcionar a respeito das atividades a serem desempenhadas, até mesmo para que o estudo tenha o rendimento ideal. Siga os seguintes passos na ordem: 1) Em primeiro lugar, observe a representação visual da unidade. Na representação esquemática, poderá ter uma visão geral dos conceitos que serão trabalhados nesta unidade. 2) Em segundo lugar, no tópico de contextualização, há uma imagem sobre a difi culdade de “derrubar” monopólios. 3) Em terceiro lugar, ao longo do material teórico, busque aprender cada conceito abordado. Além do material teórico, você terá acesso à apresentação narrada sobre o texto. 4) Em quarto lugar, acompanhe a videoaula ligada a esta unidade. Ela auxiliará em algum ponto específi co que ainda tenha dúvida. 5) Em quinto lugar, realize a atividade de aprofundamento, que está no formato de aplicação. 6) Em sexto lugar, na atividade de sistematização, você irá responder o que será pedido, com o intuito de fi xar o conteúdo. Verifi que também se existe alguma solicitação adicional do professor-tutor. 7) Em sétimo lugar, verifi que o material complementar da unidade. ORIENTAÇÕES Monopólio UNIDADE Monopólio Contextualização Observe a charge no link abaixo: Fonte: http://goo.gl/SfTYYV Ex pl or Uma série de fatores faz com que os monopólios persistam. Dentre elas, as patentes, questões políticas, os custos de entrada no mercado, a presença natural do monopólio. Portanto, derrubar um monopólio pode não ser algo tão simples. Surge, então, a questão: até que ponto um monopólio pode interferir no mercado? 6 7 Introdução Esta unidade pretende analisar a estrutura de mercado de monopólio. O texto está estruturado em 6 seções, além desta introdução. • A primeira seção trata de apresentar de forma geral o monopólio, a partir de suas características marcantes; • A segunda seção descreve as curvas de receita média e receita marginal, como também, mostra a curva de demanda da empresa; • A terceira seção lhe convida para acompanhar o processo de decisão da quantidade ofertada pelo monopolista, com o objetivo de maximizar o lucro; • A quarta seção, apresenta uma regra de determinação de preço pelo monopolista; • A quinta seção fornece subsídios para conseguir mensurar o poder de monopólio, por meio do Índice de Lerner; e, por fim, a sexta seção descreve as fontes de monopólio. O monopólio Da mesma forma que a concorrência perfeita, o monopólio também é uma estrutura de mercado. Como tal, possui algumas particularidades que a caracteriza. Ao contrário da concorrência perfeita, na qual o mercado é dito atomizado, no monopólio só existe um único ofertante. Assim, a formação de preços não será dada pelo mercado para todos os agentes, mas sim na interação entre os demandantes (consumidores) e o único ofertante (produtor). Ao longo da unidade será visto que o preço do bem quando existe monopólio é superior ao preço do mesmo bem se fosse considerada a estrutura de concorrência perfeita. Se é assim, haverá, lucro acima do normal no mercado do bem sob monopólio mesmo no longo prazo, de modo que seria natural incentivar a entrada de concorrentes. Entretanto, se estes não existem, é porque deve existir algum tipo de barreira que impede a entrada deles. Desta forma, uma característica adicional à estrutura de mercado de monopólio é que existem barreiras à entrada. A origem destas barreiras será comentada mais adiante. Para que o monopólio de fato exista, outra condição deve ser atendida: a inexistência de substitutos próximos ao bem analisado. Por quê? Imagine que exista um monopólio da produção de manteiga. Apesar de a margarina ter sabor particular, se houver um único produtor de manteiga que tente cobrar um preço pelo produto muito elevado, é esperado que os consumidores recorressem a bens próximos de sua preferência, como margarina, requeijão, creme de ricota, cream cheese, entre outros. Assim, a condição de monopólio da manteiga seria derretida. 7 UNIDADE Monopólio O monopólio e a curva de demanda No que diz respeito ao monopólio, uma primeira pergunta surge: o monopolista, sendo o único ofertante de um bem sem substitutos próximos, pode definir qualquer preço de mercado? A resposta é não. Apesar de ter poder de barganha para definir um preço acima do definido sob concorrência perfeita, o monopolista muito provavelmente não terá muitos adeptos se o preço for muito elevado. Mesmo que houvesse um monopolista no mercado de carros, caso os preços dos mesmos fossem muito elevados, muitos consumidores poderiam aceitar a ideia de realizar suas viagens diárias até o trabalho de ônibus, mesmo não sendo um substituto tão próximo. Sob monopólio, a curva de demanda do mercado poderia ser dada, como exemplo – extraído de Pindyck e Rubinfeld (2010, p.308), para manter a qualidade dos gráficos – por: P Q= −6 É importante lembrar que, como o monopolista é o único ofertante do mercado, as curvas de demanda da empresa e a do mercado (setor) são as mesmas. A receita total de qualquer empresa pode ser simplificadamente dada por: R PQ= Onde R é a receita total, P é o preço de mercado e Q é a quantidade de mercado. A receita total está descrita na tabela 1. Pode-se perceber que conforme o preço de mercado se reduz, a quantidade demandada se eleva, o que já é uma característica normalmente aceita para a curva de demanda. Entretanto, fica fácil observar, também, que o monopolista encara um tradeoff entre preço e quantidade demandada. O desejo do monopolista seria elevar ambos ao mesmo tempo. Entretanto, a lei da demanda acaba por descrever um comportamento inversamente proporcional entre eles. Tabela 1 – Exemplo de receitas do monopolista Preço (P) Quantidade (Q) Receita Total (R) Receita Marginal (RMg) Receita Média (RMe) 6 0 0 - - 5 1 5 5 5 4 2 8 3 4 3 3 9 1 3 2 4 8 -1 2 1 5 5 -3 1 Fonte: Pindyck e Rubinfeld, 2010, p. 309. 8 9 Diante da relação inversamente proporcional entre preço e quantidade demandada, a receita total relacionada com a função de demanda apresentada anteriormente cresce num primeiro momento e, posteriormente, declina. O declínio da receita total, a partir de determinado patamar, indica que os preços, mesmo se tornando bastante baixos, não foram capazes de estimular uma entrada substancial de consumidores – ou seja, para cobrir a parte da queda da receita total vinculada a um preço menor. A receita marginal do monopolista é a receita adicional de uma unidade a mais que é vendida, ou seja: Rmg R Q = ∆ ∆ Para identificar a receita marginal pelo exemplo da função de demanda P = 6 – Q, pode-se partir de uma quantidade vendida de 1 unidade. Quando uma unidade é vendida, a receita total da empresa é $5 e quando duas unidades são vendidas, a receita total é de $8. Assim, a receita marginal entre uma e duas unidades é de $3. A receita média pode ser formalizada como a “[...] variação de receita resultante do aumento da produção em uma unidade.” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 308). Pela tabela 1 é possível identificar a receita média para o exemplo da função de demanda P = 6 – Q. A receita média acompanha o comportamento da receita marginal. Ao elevar a receita marginal, a receita média também se eleva e, ao reduzir, a receita média também se reduz. O gráfico 1 mostra as curvas com os valores apresentados na tabela 1. Gráfico 1 – Receita Marginal e Receita Média (Demanda) Fonte: Pindycke Rubinfeld (2010, p. 309)/ Fernando e Ivonn Quijano (2010) Caso o objetivo da empresa fosse a maximização da receita total, o nível de produção definido seria de 3 unidades, pois resulta na maior receita possível entre as demais alternativas. Entretanto, o objetivo maior de qualquer empresa é a maximização de lucro e, para alcançá-lo, o monopolista precisa levar em consideração, também, os custos de produção. 9 UNIDADE Monopólio O lucro total (π) é dado por: � � �RT CT Para o monopolista alcance a maximização de lucro, é preciso respeitar a regra de produzir a quantidade de bens, no ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal (RMg = CMg), ou seja, onde a curva de receita marginal cruza a curva de custo marginal. Por que a maximização de lucro ocorre quando Receita Marginal igual a Custo Marginal? A receita adicional proveniente de uma unidade a mais que é produzida chama-se Receita Marginal (RMg) e o custo adicional de uma unidade a mais produzida é o Custo Marginal (CMg). Assim, a linha de entendimento técnico é que enquanto RMg for maior que CMg valerá a pena para a empresa continuar produzindo. Como CMg irá se elevar após um patamar de produção, então compensará para a empresa gerar bens até o momento em que receita marginal (RMg) for igual ao custo marginal (CMg), ou seja, até enquanto se puder tirar alguma vantagem da atividade da empresa. Quando o CMg superar o RMg, cada unidade a mais que é produzida, somente reduzirá o lucro da empresa, até poder, em determinado ponto, gerar prejuízo. Portanto, a quantidade produzida que irá gerar a maximização de lucro de qualquer empresa será o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal. Condição de Maximização de Lucro em qualquer Estrutura de Mercado: Receita Marginal (RMg) = Custo Marginal (CMg) 10 11 Explorando a escolha ótima do monopolista Para entender completamente como o monopolista realiza a escolha de produção, é importante estar ciente de que, ao escolher o nível de produção e por ser o único ofertante do mercado, esta decisão irá impactar no preço de mercado do produto. O gráfico 2 apresenta a forma de visualizar a escolha do monopolista. Nele, estão dispostos três níveis produtivos: o nível Q1, Q2 e Q*. A partir da teoria apresentada, o nível de produção Q* seria capaz de maximizar o lucro do monopolista. Neste nível, as curvas de receita marginal (RMg) e custo marginal (CMg) se cruzam, de modo que RMg = CMg no nível de produção Q*. Gráfi co 2 – A maximização de lucro do monopolista Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 310)/ Fernando e Ivonn Quijano (2010) Um nível produtivo inferior Q1, por exemplo, geraria um ganho inferior, pois RMg seria maior que o CMg, de modo que o monopolista poderia elevar o volume de produção para auferir os ganhos referentes à diferença entre RMg e CMg. Alternativamente, um nível superior ao maximizador de lucro, Q2, por exemplo, registraria que o custo de se produzir uma unidade adicional (CMg) seria superior à receita de uma unidade adicional produzida e vendida (RMg) para as últimas unidades. Neste caso, em que o CMg > RMg, a empresa estaria tendo redução do lucro por ter prejuízo com as unidades produzidas além do nível Q*, ou seja, nas unidades em que CMg > RMg. O preço do bem no mercado, bem como a quantidade produzida pelo monopolista depende não somente do produtor, mas também da curva de demanda do mercado, a qual é a mesma que a da empresa individual – pelo fato de haver apenas um ofertante. Assim, para o monopolista escolher o preço e, consequentemente, a quantidade produzida no mercado, precisa levar em consideração como os consumidores reagiriam. Esta análise será realizada a seguir no tópico de Determinação de preço do monopolista. Antes disto, vale comentar o efeito visual da determinação de preço. Veja que pelo gráfico X, dado a escolha de produção ótima (Q*) realizada pelo monopolista, o preço de mercado (P*) é aquele que conecta a oferta do produtor com a demanda do consumidor. 11 UNIDADE Monopólio Determinação de preço do monopolista Conforme comentado no item Explorando a escolha ótima do monopolista, a escolha ótima do monopolista deve levar em consideração a disposição dos consumidores. Como assim? O monopolista possui poder de mercado – que será mensurado mais adiante na seção O poder de monopólio –, mas esta capacidade não o permite cobrar preço infinito pelo bem. Apesar do bem comercializado em uma estrutura de monopólio não possuir substitutos próximos, existe um limite para a aceitação do consumidor. Por exemplo, se existir um único produtor de cervejas no mundo, se o preço deste produto for muito excessivo, boa parte dos demandantes irão procurar apurar seus paladares na busca de outras bebidas como o vinho. A partir disto, o monopolista possui limite de imposição, que é dado pela elasticidade-preço da demanda. Quanto mais elástica ou sensível for a demanda, menor a capacidade do detentor do monopólio impor preço muito acima do custo marginal e vice-versa. Conceito de Elasticidade-Preço da Demanda A elasticidade-preço da demanda é uma relação entre variações percentuais de preço e quantidade demandada. A equação completa da elasticidade-preço da demanda pode ser anunciada como: Ed = Variação percentual em Q Variação percentual em P Onde: Q é a quantidade demandada; P é o preço. Formalmente, a elasticidade-preço da demanda seria: [...] a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações de seu preço, ou, de outra forma, é a variação percentual na quantidade procurada do bem X em relação a uma variação percentual em seu preço, coeteris paribus” (VASCONCELLOS E GARCIA, 2008). Dado que a elasticidade-preço da demanda irá limitar parte da aptidão do monopolista de elevar o preço do bem, resta apresentar isso na forma matemática, de modo a quantificar os efeitos. 12 13 Partindo da equação de receita marginal, como a variação na receita em função de uma variação na quantidade produzida e vendida. RMg R Q � � � E dado que a Receita total (R) é dada por preço multiplicado pela quantidade produzida e vendida (R = PQ): RMg PQ Q � � � ( ) Lembrando que o monopolista é o único ofertante do mercado, uma quantidade adicional de produção colocada no mercado irá alterar o preço do bem, de modo a reduzi-lo. Para evidenciar isso, a receita de uma unidade adicional vendida (RMg) será o preço do bem antes de colocar à disposição esta unidade adicional somado ao quanto será reduzido no preço em função desta unidade a mais estar no mercado para venda. Assim, a receita marginal será o preço (P) mais o quanto irá variar o preço em função da variação na quantidade produzida e vendida ∆ ∆ P Q multiplicado pela quantidade a mais produzida, ou seja: RMg P Q P Q � � � � Por exemplo, imagine que a empresa monopolista esteja produzindo 4 unidades de produto. Se a função de demanda for dada por P = 20 – 2Q, a receita marginal da quarta unidade vendida (última vendida) foi $12. Entretanto, ao adicionar uma unidade produzida, isto ocasionará uma variação no preço em $2, ou seja, ∆ ∆ P Q = − = − 2 1 2 e a receita de uma unidade adicional vendida – a quinta unidade vendida – será $ 10 e não mais $12. Associando à equação anterior: RMg P Q P Q � � � � � � � � � � � 12 1 10 12 5 4 12 2 10 ( ) ( ) Ex pl or 13 UNIDADE Monopólio Resgatando a equação anterior, multiplicando e dividindo por P o termo Q P Q � � � � � � � � tem-se: RMg P Q P Q P P � � � � � � � � � � Importante! Observe que multiplicar e dividir por um mesmo termo – no caso o P – não afeta os resultados e é um recurso muito utilizado na para gerar resultados de interesse, como o que você verá adiante: Importante! Deixando o termo P do denominador do lado fora parênteses a seguir para evidenciar o que está dentro: RMg P Q P Q P P = + ∆ ∆ Note que: Q P P Q P P Q Q � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� � � Ou seja, RMg P P P P Q Q � � � � � � � � � � � � � � � � Multiplicando todos os fatores da equação anterior por � � Q Q P P � � � � � � � � � � � � , a qual representa a elasticidade-preço da demanda, tem-se, assim: 14 15 � � � � � � Q Q P P Q Q P P Q Q P P RMg P � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� � �� � � � � � � � � � � � � � P P P Q Q � � Ed RMg=Ed P+P Dividindo todos os termos por Ed: RMg P P Ed � � Como a escolha ótima da empresa ocorre onde, RMg = CMg então, no nível de preço maximizador de lucro, deve ser válido que: CMg P P Ed � � Invertendo a posição do CMg e o termo P Ed e, dividindo por P em ambos os lados, temos: P CMg P Ed �� � � � 1 Em que o termo P CMg P �� � representa o markup. O markup informa quanto, em termos percentuais, o preço de mercado estabelecido pelo monopolista pode ser superior ao custo marginal. O resultado depende da elasticidade-preço da demanda (Ed), tendo uma relação inversa com a Ed, o que já era esperado. Ou seja, quanto mais sensível é a demanda em relação aos preços, menor é o markup do monopolista – menor a capacidade de impor preços acima do CMg – e vice-versa. Voltando à equação, ao isolar o termo P, tem-se a seguinte equação: P Cmg Ed � � � � � � � �1 1 15 UNIDADE Monopólio Pratique para poder chegar a esse resultado! Agora, você verá alguns exemplos de aplicação desta equação anterior, a qual, muitas vezes, é referida como uma regra prática de determinação de preços do monopolista. Exemplo de Aplicação da Regra Prática Considere uma empresa monopolista, cuja elasticidade-preço da demanda é igual a -5 e o custo marginal no nível em que CMg = RMg igual a $16. Sob estas condições, qual será o preço de mercado? A regra de determinação de preço é dada por: P Cmg Ed � � � � � � � � � � � � 1 1 16 1 1 5 16 4 5 20 Conforme Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 320): [...] dispondo de uma estimativa da elasticidade da empresa, o administrador poderá calcular o markup apropriado. Se a elasticidade da demanda da empresa for grande, o markup será pequeno (podemos então dizer que a empresa tem pouco poder de monopólio). Se a elasticidade da demanda for pequena, o markup poderá ser grande (e a empresa terá um considerável pode de monopólio). (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 320) Na seção a seguir, você poder encontrar uma forma proposta pelo economista Abba Lerner, em 1934, para calcular o poder de monopólio, a partir do markup. O poder de monopólio O poder de monopólio poderá ser descrito a partir do markup, o qual foi apresentado na seção Determinação de preço do monopolista. O termo de markup P CMg P �� � dá origem ao indicador para mensurar o poder de monopólio, o chamado índice de Lerner. O índice de Lerner é representado por: L P CMg P � �� � � � � � 16 17 Igualmente ao markup e possui valores entre 0 e 1. Em um dos extremos, no caso de uma estrutura de concorrência perfeita, no nível de produção de maximização de lucro, RMg = CMg = P, de modo que o índice de Lerner será igual a zero. Em outro extremo, o preço pode ser tão maior que o CMg que o resultado tenderá a 1. Por exemplo, imagine que no nível de produção de maximiza o lucro o preço de mercado (P) seja 100 e o Custo marginal (CMg), 1. Assim, o índice de Lerner terá valor igual 0,99, que é próximo de 1. Em outro exemplo, caso P e CMg são, respectivamente, igual a 500 e 2, o índice de Lerner aponta valor de 0,996, mais próximo de 1 ainda que o exemplo anterior. Origens do poder de mercado A aplicação da mensuração do poder de monopólio não se restringe somente quando existe apenas um ofertante no mercado, ou seja, pode ser mensurado sob qualquer estrutura de mercado, sendo que, caso se esteja dizendo respeito à concorrência perfeita, o poder de monopólio será igual a zero. O poder de monopólio não pode ser estabelecido sob qualquer circunstância. Para que uma empresa possua poder de monopólio, três fatores devem ser levados em consideração, quais sejam: 1. A elasticidade da demanda de mercado; 2. O número de empresas atuando no mercado; 3. A interação entre as empresas. A elasticidade da demanda de mercado por expressar a sensibilidade da demanda de mercado é um fator altamente relevante no poder de mercado. Quanto maior a elasticidade da demanda de mercado, menor é o poder de mercado, independentemente de existir um monopolista neste mercado ou algumas empresas com poder de monopólio. O número de empresas atuando no mercado constitui outro elemento importante na definição do poder de monopólio. O poder de monopólio é inversamente proporcional ao número de empresas no mercado, ou seja, quanto maior o número de empresas, menor é o poder de mercado, pois a curva de demanda do mercado é diluída entre as empresas participantes deste. O número de empresas atuantes em um mercado depende das barreiras à entrada. Exemplos destas barreiras são as patentes de tecnologia para a produção de certo bem, o direito autoral, a obrigatoriedade de licença governamental (como os serviços telefônicos, internet, televisão, entre outros) e as economias de escala. 17 UNIDADE Monopólio A forma de interação entre as empresas também é relevante para gerar ou não poder de monopólio. Um setor com a atuação de poucas empresas pode ter alta concorrência entre elas, fato este o qual geraria pouco poder de monopólio e, portanto, praticando o preço de um bem próximo ao de uma estrutura de concorrência perfeita. Alternativamente, as empresas podem estar se protegendo mantendo o preço elevado, com receios de reduzi-lo e ter como retaliação a queda no preço do produto de outras empresas e o resultado ser a queda no lucro do setor inteiro. Por fim, apesar de proibido em várias partes do mundo, se as empresas combinarem preços entre si, podem auferir um elevado poder de monopólio. Considerações Finais Nesta unidade, foi possível aprender sobre o que é um monopólio e como é sustentada sua posição privilegiada, bem como a forma pela qual ele escolhe simultaneamente a quantidade produzida e o preço de mercado. Adicionalmente, foi apresentado que o monopolista não possui poder absoluto sobre o mercado, no sentido de que deve levar em consideração a sensibilidade da demanda em relação ao preço de mercado que pratica, de modo a maximizar o lucro. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura “Google está sendo acusada de monopólio por agências do governo americano, do portal TecMundo” Para ter contato com discussões reais em torno do tema Monopólio, leia a reportagem “Google está sendo acusada de monopólio por agências do governo americano, do portal TecMundo”, escrita por Rafael Ferinaccio e publicada em 25 de setembro de 2015. Segue abaixo o link para acesso: http://goo.gl/JHGGmZ 19 UNIDADE Monopólio Referências PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G.; BARBIERI, F. Manual de Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. VARIAN, H. R. Microeconomia: Princípios Básicos. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. 20
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