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Unidade VI - Estruturas e Poder de Mercado

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Estruturas de Mercado 
e Tomada de Decisão 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Bruno Leonardo Silva Tardelli
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Estruturas e Poder de Mercado
• Introdução
• Custos Sociais do Poder de Monopólio: Aplicação do Caso de uma 
Empresa Monopolista
• Análise do Excedente do Consumidor e Excedente do Produtor sob 
Concorrência Perfeita 
• A Curva de Oferta da Empresa no Curto Prazo
• Análise do Excedente do Consumidor e Excedente do Produtor sob 
Monopólio
• O Cartel
• A Legislação Antitruste no Mundo
• Concentração Econômica no Brasil
• O Conselho Administrativo De Defesa Econômica (CADE)
• Considerações Finais
O objetivo desta Unidade é:
 · Entender o processo de custo social derivado das estruturas de 
mercado, de modo a mostrar como o bem-estar dos agentes 
econômicos podem ser alterados. Nesse contexto, surgem legislações 
específicas para tratar de práticas vistas como anticompetitivas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta unidade, serão discutidos os custos sociais que as estruturas de 
mercado podem revelar, de modo a gerar perdas significativas aos agentes 
econômicos como um todo. A busca pela livre concorrência, entre outras, 
para evitar custos sociais tem sido aprimorada com o uso de legislação 
própria para tratar do assunto. Diante da complexidade do tema, realize 
todas as atividades propostas na unidade para obter o máximo de sucesso.
ORIENTAÇÕES
Estruturas e Poder de Mercado
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
Contextualização
Leia a reportagem “Cade aprova fusão entre Dabi Atlante e Gnatus com 
restrições”, publicada, em 25 de novembro de 2015, no portal G1, por Débora Cruz.
“O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta 
quarta-feira (25), com restrições, a fusão das empresas Dabi Atlante e Gnatus, 
que atuam no setor de produtos odontológicos. Para evitar possíveis 
efeitos anticompetitivos da operação, as empresas se comprometeram, 
por exemplo, a vender a marca Gnatus.
Mediante acordo fechado com o Cade, também foi estabelecido que 
as empresas deverão encerrar a relação de exclusividade mantida com 
distribuidores dos produtos e na oferta de assistência técnica.
As medidas foram propostas pelas próprias empresas, após o órgão 
apontar que a fusão poderia resultar em riscos à competição no setor. 
De acordo com o Cade, a Dabi Atlante e a Gnatus são os principais 
concorrentes no mercado de produtos odontológicos no país, com forte 
participação na venda de cadeiras odontológicas, bombas a vácuo, raio-x 
intraoral, equipamentos para profilaxia e peças de mão.
O órgão entendeu que a aprovação da operação sem esses ‘remédios’ poderia 
resultar em aumento dos preços dos produtos e eliminação de concorrentes”.
6
7
Introdução
 O estudo das estruturas de mercado é fundamental para o entendimento de 
qualquer mercado. No que tange a essas estruturas, é sempre importante avaliar 
a forma pela qual os agentes produtores estão interagindo entre si, de modo a 
evitar substanciais prejuízos aos demais participantes da sociedade. Quando houver 
alguma prática que limite a concorrência nos mercados, de modo a causar prejuízos 
à sociedade como um todo, estará configurada uma importante falha de mercado: 
a do poder de mercado. 
Esta unidade está dividida amplamente em cinco seções, além desta introdução e 
das considerações finais. Na primeira seção, é apresentada a noção de custos sociais 
do poder de monopólio com a aplicação do caso de uma empresa monopolista; 
na segunda seção, é colocada a noção de cartel; na terceira seção, é inserida a 
abordagem da legislação antitruste, com foco nas leis norte-americanas; na quarta 
seção, o quadro de concentração econômica brasileira; e, por fim, na quinta seção, 
é realizada uma apresentação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
(Cade), a partir das funções gerais do conselho, os órgãos componentes, a estrutura 
e competência de cada um deles. 
Custos Sociais do Poder de Monopólio: 
Aplicação do Caso de uma Empresa 
Monopolista 
Algumas características clássicas distinguem mercados sob concorrência perfeita 
e monopólio. Por exemplo, sob concorrência perfeita, o preço de mercado (Pc) é 
definido pelas forças competitivas entre ofertantes e demandantes de modo que 
cada agente é visto como um átomo. Isso faz com que a receita marginal de uma 
empresa qualquer seja igual ao preço de mercado. Ou seja, o que a receita recebe 
pelo bem vendido é sempre o mesmo, independentemente da quantidade vendida.
Diferentemente disso, sob monopólio, a única empresa ofertante afeta o preço 
de mercado (Pm) pelo fato de esta ser a própria oferta do mercado. Assim, a empresa 
monopolista possui certa capacidade de impor preços por meio da quantidade 
colocada à disposição dos consumidores – além de ter que considerar o aspecto da 
elasticidade-preço da demanda.
Em qualquer estrutura de mercado, o nível maximizador de lucro empresarial 
ocorre quando a receita marginal (RMg) é igual ao custo marginal (CMg). Sob 
concorrência perfeita, uma característica é acrescentada. Como RMg = CMg e 
qualquer empresa inserida em um mercado com essa estrutura tem de conviver 
com a receita marginal sendo igual ao preço (Pc), assim Pc = RMg = CMg.
7
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
A empresa monopolista produz no nível em que RMg = CMg, mas este ponto 
não será igual ao preço (Pm). A empresa monopolista será capaz de sustentar preço 
acima do CMg e que, por essa medida, terá certo poder de mercado (ou monopólio).
As diferenças entre as estruturas de concorrência perfeita e monopólio mostrarão 
os custos sociais que o monopólio exibe. Para entender o que seriam esses custos 
sociais, é preciso apresentar dois conceitos: o de excedente do consumidor e 
excedente do produtor.
Definição de Excedente do Consumidor e Excedente do Produtor
Conforme Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 117), “[...] o excedente do consumidor é a diferença 
entre o que um consumidor está desejando pagar por certo bem e o que efetivamente 
paga.”. Isso implica dizer que os consumidores podem ter diferentes concepções sobre o que 
pagariam por determinado bem independentemente do preço de mercado. 
Imagine que você esteja observando um carro na vitrine de uma concessionária e mentaliza 
que pagaria até $ 50.000 pelo automóvel. Entretanto, ao entrar na agência descobre que o 
valor correto é $45.000. Dessa forma, o “seu” excedente do consumidor é de $ 5.000. 
Observe que o montante do excedente depende de consumidor para consumidor.
Da mesma forma, os produtores também têm um excedente, o chamado excedente do 
produtor. Segundo Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 117), “[...] o excedente do produtor é a 
soma das diferenças entre o preço de mercado e o custo marginal de produção, relativo a 
todas as unidades produzidas pela empresa.”. Por esta definição fica fácil perceber que na 
estrutura de mercado de concorrência perfeita, como P = CMg no patamar de produção 
que maximiza o lucro, o excedente do produtor será zero neste ponto. Por outro lado, em 
estruturas como o monopólio e a concorrência monopolista haverá este tipo de excedente. 
Isso ocorre pelo fato de apresentarem um nível produtivo maximizador de lucro definido em 
um ponto no qual P > CMg. 
Ex
pl
or
Análise do Excedente do Consumidor e 
Excedente do Produtor sob Concorrência 
Perfeita 
Sob concorrência perfeita, o preço de mercado de qualquer bem ou serviço 
é o definido pela interação entre ofertantes e demandantes em um cenário, no 
qual os agentes econômicos são tão pequenos que, individualmente, não poderiam 
determinar o preço. Entretanto, em conjunto, o preço de mercado acaba por ser 
uma “média” em relação ao preço que cada demandante estaria disposto a pagar 
e, também, de quanto o ofertante gostaria de receber.
8
9
Em uma análise inicial para um mercado sob concorrência perfeita, se o preço 
de mercado de um bem qualquer fosse $5, existiriam os consumidores dispostos a 
pagar maisde $5 (caso o preço de mercado realmente fosse superior), os dispostos 
a pagar menos de $5 e os dispostos a pagar exatamente $5. O excedente do 
consumidor expressa a soma dos valores que os consumidores dispostos a pagar 
acima de $5 efetivamente desembolsariam.
Pelo gráfico 1, as áreas sombreadas representam a soma do excedente de todos 
os consumidores (na parte acima do preço $5 e abaixo da curva de demanda) e 
a soma do excedente de todos os (parte abaixo do preço $5 e acima da curva de 
oferta). Mas, por que elas representam o excedente do consumidor e do produtor? 
Essa é uma pergunta que será respondida com a devida calma necessária.
Gráfico 1 – Excedente do consumidor e do produtor em um mercado competitivo
Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 272)/ Fernando e Ivonn Quijano (2010)
Primeiramente, leia o box a seguir sobre a curva de oferta da empresa competitiva 
– ou seja, sob concorrência perfeita – no curto prazo. 
9
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
A Curva de Oferta da Empresa no Curto Prazo
Agora que está definida a condição de maximização de lucro da empresa 
envolvida num mercado com concorrência perfeita, deve-se entender qual será a 
curva de oferta individual desta empresa.
Quando se observa a formação de preço em um mercado, ele se daria tradicionalmente 
no ponto em que a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. Entretanto, 
uma empresa, individualmente, poderá não ter interesse em ofertar. A empresa fechará 
caso o custo variável médio estiver abaixo do preço de mercado do bem envolvido. 
Essa é uma regra válida no curto prazo como no longo prazo. 
Outra observação a ser levantada é sobre o ponto de maximização de lucros 
da empresa competitiva. A empresa envolvida em um mercado sob concorrência 
perfeita estará maximizando o lucro quando P = CMg. Assim, à medida que o preço 
de mercado oscila, a empresa acompanha a quantidade ofertada, baseando-se nos 
pontos de cruzamento entre a linha de preços e a curva de custo marginal (CMg).
Assim, no curto prazo, a oferta da empresa estará associada à igualdade entre P 
= CMg, mas, quando o P < CVMe, a empresa não ofertará qualquer quantidade ao 
mercado. O menor preço pelo qual a empresa exibe algum interesse em produzir 
é quando o preço de mercado iguala-se ao CVMe mínimo. O nível de produção 
associado ao CVMe mínimo é encontrado no ponto de cruzamento entre a curva 
de CVMe e a curva de CMg. Portanto, a representação gráfica da curva de oferta 
será iniciada quando o preço for pelo menos igual ao CVMe mínimo. O gráfico 2 
apresenta a curva de oferta de curto prazo ao longo da curva de CMg a partir do 
CVMe mínimo. 
Gráfico 2 – Oferta da empresa individual no curto prazo
Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 249)/ Fernando e Ivonn Quijano (2010)
10
11
No longo prazo, a empresa não aceitará ofertar a um preço inferior ao custo 
médio total de produção. No caso do curto prazo, a empresa até aceitaria algum 
prejuízo proveniente da incapacidade de cobrir custos fixos no nível de produção 
ótima, mas, no longo prazo, a permanência da empresa no setor dependerá de 
P ≥ CTMe no nível de produção maximizador de lucro.
Pelo que foi exposto anteriormente sobre a formação da curva de oferta da 
empresa competitiva, verifica-se que a empresa estaria satisfeita com a situação na 
qual o preço é igual ao custo marginal, mas, acima do custo variável médio mínimo 
no curto prazo e acima do custo total médio no longo prazo. 
O importante, na explanação sobre a construção da curva de oferta, é mostrar 
que qualquer preço acima do que está previsto na curva de oferta representa algo 
que o ofertante não exige para produzir, mas ficaria muito feliz em receber, caso 
o mercado o oferecesse de alguma forma. Essa é a explicação sobre a razão de o 
excedente do produtor – que representa “[...] a soma das diferenças entre o preço 
de mercado e o custo marginal de produção relativos a todas as unidades produzidas 
pela empresa.” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 117) – ser considerado a área 
acima da curva de oferta. Caso o preço do bem (ou serviço) se eleve, o excedente 
do produtor, também aumentará.
O excedente do produtor para o caso do gráfico 1 será toda a área sombreada 
que está abaixo do preço $5 e acima da curva de oferta. A soma do excedente de 
cada ofertante gera o excedente (total) do produtor. 
Para ilustrar o excedente do consumidor, Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 326) 
supõem três agentes no gráfico 1: consumidor A, consumidor B e consumidor 
C. Caso o preço de mercado seja $5, o excedente do consumidor A será $5, 
pois este estaria disposto a pagar no máximo até $10. Já o consumidor B estaria 
disposto a pagar no máximo $7, de modo que o excedente do consumidor para 
este, será $ 2. Por fim, o consumidor C possui excedente igual a zero, dado 
que aceita pagar no máximo $5 pelo bem em questão, ou seja, o próprio preço 
de mercado. A soma do excedente de todos os consumidores individualmente 
formará a área sombreada superior – o trecho acima do preço de $5 e abaixo da 
curva de demanda – formará o excedente (total) do consumidor.
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UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
Análise do Excedente do Consumidor e 
Excedente do Produtor sob Monopólio 
Uma empresa monopolista produz menos e um preço de mercado maior em 
relação à empresa competitiva. O fato é apresentado no gráfico 3, no qual Pc e 
Pm representam os preços de mercado sob concorrência perfeita e monopólio, 
respectivamente, e Qc e Qm, os respectivos níveis de produção maximizadores de 
lucro da empresa competitivas e da empresa monopolista.
Gráfico 3 – O Custo Social do Monopólio
Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 326)/ Fernando e Ivonn Quijano (2010)
Migrando da concorrência perfeita para o monopólio, existem dois efeitos 
relevantes: a mudança do preço de mercado e da quantidade de bens no mercado. 
Quando o nível de preços aumenta de Pc para Pm, existe perda do excedente do 
consumidor. Se o excedente do consumidor é retratado como a área acima da 
linha de preço e abaixo da curva de demanda – que está representada pela curva 
de receita média –, então os consumidores deixam de ter o excedente representado 
pelo retângulo A, como também o triângulo B, ou seja, a área A + B.
Da mesma forma, o excedente do produtor também foi alterado. Se esse 
excedente é representado pela área abaixo da linha de preço e acima da curva de 
oferta, sob monopólio – comparativamente à concorrência perfeita –, o excedente 
do produtor é aumentado pela área A. Entretanto, como o monopolista deixa 
de produzir a quantidade (Qc – Qm) – em relação ao que produziria as empresas 
competitivas, o produtor deixa de ter o excedente retratado pela área C. Desse 
modo, tem-se que:
 » Resultado do excedente do consumidor: –A – B
 » Resultado do excedente do produtor: +A –C
12
13
O resultado líquido do bem-estar social, somando os dois resultados, é 
(–A –B) + (+A – C) = –B – C, ou seja, apesar de os produtores “abocanharem” 
a área A dos consumidores, o resultado final é de custo social mensurado pela 
área B + C. A área B + C é denominada como peso morto.
 
Eficiência de mercado
O termo eficiência econômica pode ser sintetizada como a “[...] maximização 
dos excedentes do consumidor e do produtor em conjunto.” (PINDYCK e 
RUBINFELD, 2010, p. 277). Pelo que foi visto no tópico anterior, a passagem 
entre um mercado competitivo para um mercado monopolizado representa perda 
líquida de excedentes – dado pela área B + C. Assim, a estrutura de monopólio não 
seria tão eficiente economicamente quanto à estrutura de concorrência perfeita. 
Essa seria uma das razões para haver restrições a práticas anticompetitivas como a 
formação de cartéis, os quais tentam imitar o comportamento próximo da empresa 
monopolista por meio de acordos entre grandes empresas de um mercado, com a 
finalidade de elevar os lucros.
O Cartel
Pindyck e Rubinfeld (2010) apresentam a definição e o mecanismo de sustentação 
de forma clara e direta. Conforme os autores:
[...] em um cartel,os produtores concordam explicitamente em agir em conjunto na 
determinação de preços e nível de produção. Nem todos os produtores de um setor 
necessitam fazer parte do cartel, e a maioria dos cartéis envolve apenas um subconjunto 
de produtores. Mas, se uma quantidade suficientemente grande de produtores optar por 
aderir aos termos do acordo do cartel e se a demanda do mercado for suficientemente 
inelástica, o cartel poderá conseguir elevar os preços bem acima dos nível competitivos. 
(PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 425)
A partir dos cartéis e de outras práticas que tentam minar a competitividade, criou-
se toda uma legislação para tentar inibi-las. O destaque da literatura internacional 
fica por conta das leis americanas.
13
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
 A Legislação Antitruste no Mundo
A presença do poder de mercado no caso do monopólio evidenciou alguns 
efeitos da presença deste tipo de poder. Pode-se verificar que o preço de mercado 
sob monopólio é superior à situação de concorrência perfeita, assim como o preço 
é superior ao custo marginal. Adicionalmente, o nível produtivo maximizador de 
lucro é comparativamente inferior no monopólio, de modo que os consumidores 
terão menor acesso aos bens. Por fim, ainda existirá a essência de que a empresa 
monopolista estará lucrando acima do normal à custa de outros agentes.
Este conjunto de efeitos não é apenas caracterizado no monopólio. Sob outras 
estruturas será possível encontrar algum tipo de custo social. Com a finalidade 
de suprir a falha de mercado ocasionada pelo poder de mercado, os países têm 
implementado uma série de medidas para coibir práticas anticompetitivas.
Nos Estados Unidos, existe uma histórica legislação antitruste para tratar 
desses assuntos. Essa legislação representa “[...] um conjunto de regras e normas 
destinadas à promoção de uma economia competitiva por meio da proibição de 
ações que limitem, ou tenham a possibilidade de limitar a concorrência e por 
meio de restrições a estruturas de mercado que sejam permissivas.” (PINDYCK e 
RUBINFELD, 2010, p. 336).
Participam com destaque da legislação antitruste norte-americada: a Lei Clayton 
(1914), a Lei federal Trade Commision Act (1914, com emendas em 1938, 1973 
e 1975) e a Lei Sherman (1980). 
A Lei Clayton, entre outras medidas, torna ilegal a prática de preços predatórios 
e a instituição de fusões e aquisições quando existe substancial redução da 
competitividade ou que tendam a criam um monopólio. A prática de preços 
predatórios significa “[...] estabelecer preços que excluam a concorrência e 
desencorajam novas empresas a atuar no mercado, de tal modo que sejam obtidos 
lucros futuros.” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 337).
A Lei Sherman “[...] proíbe contratos, combinações ou conspirações capazes 
de restringir o mercado.” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 336), como a 
“fixação de preços acima do nível competitivo” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, 
p. 336). A Lei Sherman é infringida não somente quando existe evidência explícita 
de combinação entre empresas, mas, também, quando existe conduta paralela. 
Esta conduta significa a existência de uma “forma implícita de coalização na qual 
uma empresa segue consistentemente as atitudes tomadas por outra” (PINDYCK e 
RUBINFELD, 2010, p. 337). Adicionalmente, a Lei “[...] torna ilegal monopolizar 
ou procurar monopolizar mercados e proíbe conspirações que resultem em 
monopolização.” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 337). 
A lei federal Trade Commision Act complementa as demais leis proibindo formas 
anticompetitivas como propagandas e embalagens enganosas e diferenciação na 
relação dos produtores com os varejistas no mercado. 
No mesmo sentido da legislação antitruste dos Estados Unidos, a União Europeia 
também tem atuado com a aplicação de medidas preventivas e de repreensão às 
práticas anticompetitivas, com texto jurídico semelhante ao dos Estados Unidos.
14
15
Concentração Econômica no Brasil
Em estudo realizado para a quarta edição do livro Fundamentos de Economia, 
Vasconcellos e Garcia (2012) apresentam os dados de uma pesquisa realizada a 
respeito do grau de concentração econômica no Brasil, por setor, em 1990. Foram 
abordados setores industriais e comerciais. 
A base de cálculo foi a proporção do faturamento das quatro maiores empresas 
de cada subsetor (por exemplo, do açúcar, dos sucos, dos pneus) em relação 
ao faturamento total de cada um destes subsetores. Assim, encontrou-se a 
representatividade das maiores empresas frente a todo o setor. Adicionalmente, 
foi realizada a média das ramificações dos setores. Por exemplo, encontrou-se o 
percentual de representatividade de faturamento das maiores empresas de sucos e 
concentrados (78%) cerveja (86%) e cigarros e fumo (91%), juntas formam o setor 
de alimentos. Assim, fez-se a média aritmética destes percentuais para encontrar a 
média do grau de concentração do setor de alimentos, que foi de 85%, conforme 
a tabela 1. Para os demais setores, o mesmo cálculo foi realizado.
Por meio dos dados da tabela 1 é possível identificar que a maior parte dos 
setores industriais e comerciais abordados apresenta elevado grau de concentração 
econômica. Os maiores exemplos de maior concentração econômica foram os de 
bebidas e fumo (85%), material de transporte (94%), borracha (75%), metalurgia 
(72%), minerais não metálicos (73%), mineração (76%) e distribuição de derivados 
de petróleo (79%).
Apesar de os dados não serem tão recentes, há a constatação de que o quadro 
de concentração econômica não foi reduzido, de modo que os agentes econômicos 
convivem com estruturas altamente oligopolizadas (ou seja, a maior parte do setor 
sob o controle de um pequeno número de empresas). 
A ilustração mostra que a maior parte dos setores teria potencial para terem 
algum poder de mercado e gerar custos sociais aos demais agentes produzindo 
quantidade de bens menor à necessária em relação à livre concorrência 
estabelecida sob concorrência perfeita, assim como os preços seriam superiores 
aos desta última estrutura.
15
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
Tabela 1 – Faturamento das quatro maiores empresas sobre o faturamento total de cada setor em1990
Média do Grau de concentração 
média do setor
Setor Industrial 63%
1. Alimentos (açúcar, álcool, moinhos, frigoríficos e conservas) 54%
2. Bebidas e Fumo (sucos e concentrados, cerveja, cigarros e fumo) 85%
3. Eletroeletrônico (eletrodomésticos, equipamentos para construção, condutores 
elétricos e computadores)
66%
4. Borracha (pneus e artefatos) 75%
5. Material de transporte 94%
6. Mecânica (motores e implementos agrícolas, máquinas operatrizes e equipamentos pesados) 67%
7. Metalurgia 72%
8. Química (petroquímica, fertilizantes e produtos de higiene e limpeza) 49%
9. Papel e celulose 56%
10. Têxtil (fiação, tecelagem e confecções) 29%
11. Minerais não metálicos (cimento, cal, vidro, cristal, amianto e gesso) 73%
12. Mineração 76%
13. Construção civil (construção pesada) 47%
 
Setor Comercial 71%
1. Varejista (redes de supermercados) 55%
2. Distribuição de gás 66%
3. Distribuição de derivados de petróleo 79%
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2012, p. 119-120)
O Conselho Administrativo De Defesa 
Econômica (CADE)
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) é uma autarquia federal, 
que tem por objetivo velar a manutenção da livre concorrência do mercado. O 
Cade possui três funções básicas:
1. Preventiva;
2. Repressiva; e,
3. Educacional ou Pedagógica.
16
17
No aspecto preventivo, o Cade estuda e decide pelos pedidos de autorização de 
qualquer forma de concentração econômica envolvendo grandes empresas e, que, 
portanto, possuem algum potencial de prejudicar a livre concorrência no mercado; 
no aspecto repressivo, ao Cade cabe investigar e julgar condutas anticompetitivas, 
como a formação de cartéis; e, por fim, no aspecto educacional, o Cade divulga ao 
público em geral condutas que escapam da livre concorrência, além de incentivar 
estudos sobre o tema, com o apoioda comunidade acadêmica, e disseminar por 
meio de eventos, como palestras, cursos, seminários e congressos.
Na formação da defesa da concorrência, existe o Sistema Brasileiro de Defesa 
da Concorrência (SBDC), o qual é composto pelo Cade e pela Secretaria de 
Acompanhamento Econômico (SEAE). O Cade é vinculado ao Ministério da Justiça 
e o SEAE ao Ministério da Fazenda.
Estruturalmente, para que o Cade exerça suas funções, é constituído pelo 
Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, pela Superintendência-Geral e pelo 
Departamento de Estudos Econômicos, tendo como auxiliares a Procuradoria 
Federal e o Ministério Público Federal.
A tabela 2 apresenta um quadro para sintetizar a estrutura e competência do 
Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, da Superintendência-Geral e do 
Departamento de Estudos Econômico.
Tabela 2 - Órgãos que formam o Cade
Órgão Estrutura Competências
Tribunal Administrativo 
de Defesa Econômica
Compõe-se de um Presidente e seis 
Conselheiros, nomeados pelo presidente 
da República depois de aprovados pelo 
Senado Federal. O mandato dos membros 
do Plenário é de quatro anos, não 
coincidentes, vedada a recondução.
Compete-lhe o julgamento dos processos administrativos para análise ou 
apuração de atos de concentração econômica; o julgamento dos processos 
administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à 
ordem econômica (instaurados pela Superintendência-Geral); o julgamento 
dos recursos contra as medidas preventivas (adotadas pelo Conselheiro-Relator 
ou pela Superintendência-Geral); e a aprovação dos termos do compromisso de 
cessação de prática e dos acordos em controle de concentrações.
Superintendência-Geral
É chefiada por um Superintendente-Geral, 
nomeado pelo presidente da República 
depois de sabatinado pelo Senado Federal, 
para mandato de dois anos, permitida 
a recondução para um único período 
subsequente, com o auxílio de dois 
Superintendentes-Adjuntos.
Compete-lhe a instauração e instrução de processos administrativos para análise 
ou apuração de atos de concentração econômica, remetendo-os ao Tribunal 
Administrativo para julgamento, nos casos previstos na referida lei; a sugestão, 
ao Tribunal Administrativo, de condições para celebração de acordo em controle 
de concentrações; a instauração e instrução de procedimentos investigatórios, 
sempre que se deparar com indícios de condutas anticoncorrenciais, remetendo-
os ao Tribunal Administrativo quando concluir por seu arquivamento ou quando 
entender que houve prática de condutas anticoncorrenciais; a adoção de 
medidas preventivas; a proposição de termos de compromisso de cessação, 
submetendo-os à aprovação do Tribunal Administrativo.
Departamento de 
Estudos Econômicos
Dirigido por um Economista-Chefe 
“[…] a quem incumbirá elaborar 
estudos e pareceres econômicos, de 
ofício ou por solicitação do Plenário, do 
Presidente, do Conselheiro-Relator ou 
do Superintendente-Geral, zelando pelo 
rigor e atualização técnica e científica das 
decisões do órgão.” 
O texto legal menciona de forma resumida as atribuições do Economista-
Chefe e, consequentemente, do Departamento de Estudos Econômicos, que, 
na realidade, se desdobram em várias atividades que constituem dois ramos 
de atuação complementares: o primeiro, de assessoria à Superintendência-
Geral e ao Tribunal Administrativo de Defesa Econômica na instrução e análise 
de processos administrativos que tratam de atos de concentração e condutas 
anticompetitivas e, o segundo, de estudos que deverão garantir a atualização 
técnica e científica do Cade.
Fonte: Cade (2015)
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UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
Considerações Finais
Esta unidade abordou o aspecto de ineficiência que uma estrutura de mercado 
monopolista pode gerar, no sentido de trazer custos à sociedade, assim como 
práticas anticompetitivas que estimulem algum poder de monopólio. Na sequência 
foi introduzida a ideia da legislação antitruste, bem como, no caso brasileiro, das 
funções atribuídas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com o 
intuito de apresentar as formas de arrefecer qualquer tentativa de criar ineficiência 
econômica em prol de alguns agentes econômicos. 
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Material Complementar
 Leitura
Como material complementar, verifique o link para o artigo “Os conceitos de mercado relevante e de 
poder de mercado no âmbito da defesa da concorrência”, de Mário Luiz Possas.
Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/grc/pdfs/os_conceitos_de_mercado_relevante_e_de_poder_de_mercado.pdf
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http://www.ie.ufrj.br/grc/pdfs/os_conceitos_de_mercado_relevante_e_de_poder_de_mercado.pdf
UNIDADE Estruturas e Poder de Mercado
Referências
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA. O CADE. 
Disponível em: <http://www.Cade.gov.br/>. Acesso em 25 de nov. 2015.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de 
Economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G.; BARBIERI, F. Manual de 
Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
VARIAN, H. R. Microeconomia: Princípios Básicos. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Campus, 2012.
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