Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tratamento de doenças degenerativas do SNC PARKINSON Profª. Jucimara Baldissarelli UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA DISCIPLINA DE FARMACOLOGIA Doenças degenerativas do SNC Perda progressiva de neurônios específicos em áreas cerebrais limitadas. Distúrbios característicos de movimento, cognitivos, ou ambos. DOENÇA DE PARKINSON • Segundo transtorno degenerativo + frequente; • 40 a 70 anos; • Prevalência de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes. • Principais manifestações motoras: • Tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular • Anormalidades posturais. • Característica marcha arrastada. Processo degenerativo além do sistema nigroestriatal: Alterações do olfato; Distúrbios do sono; Constipação; Mudanças emocionais; Depressão, ansiedade Sintomas psicóticos, Prejuízos cognitivos Demência. Terminação nervosa dopaminérgica Morte dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra é ≈10% ao ano. Com o tempo, a sintomatologia parkinsoniana piora. Necessidade de medicamentos sintomáticos aumenta. OBJETIVOS DO TRATAMENTO FARMACOLOGIA • Restaurar a atividade dopaminérgica; • Inibir a superatividade colinérgica estriatal; • O grau de resposta aos medicamentos vai decrescendo com a progressão da doença e novos sintomas vão surgindo. • Redução ou interrupção da progressão dos sintomas. • Melhora funcional com um mínimo de EA e sem indução do aparecimento de complicações futuras. • Existe a possibilidade de realização de cirurgia para implante de estimulador cerebral profundo para melhor controle da doença, não sendo um procedimento curativo. Neuroproteção ou modificação do curso clínico na DP é uma meta ainda não atingida . TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON • LEVODOPA: precursor da dopamina • CARBIDOPA E BENSERAZIDA: inibidores da dopa-descarboxilase • PERGOLIDA, LISURIDA, BROMOCRIPTINA, PRAMIPEXOL, ROPIRINOL, ROTIGOTINA: agonistas dopaminérgicos • SELEGILINA, RASAGILINA: inibidor da MAO-B • AMANTADINA: liberador de dopamina e anti-glutamatérgico • BENZTROPINA, BIPERIDENO, TRIEXIFENIDIL: anticolinérgicos • ENTACAPONA, TOLCAPONA: inibidores da COMT • SAFINAMIDA DOPAMINA? LEVODOPA • Isoladamente o fármaco mais eficaz para o tratamento sintomático da DP • Precursor metabólico da DA • Geralmente primeira escolha (sintomas associados à bradicinesia e instabilidade postural. Meia-vida 1 a 3h Grande metabolização periférica! ABS é influenciada por dieta rica em proteínas. Transportador de aa de membrana LEVODOPA EFEITOS INDESEJADOS • GI – constipação, perda de peso, anorexia, • CARDIOVASCULARES - angina • ALTERAÇÕES MENTAIS – episódios psicóticos (agitação, ansiedade, insônia) • DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS • OUTROS: midríase, discrasias sanguíneas, priaprismo e agravamento de gota. CONTRA-INDICAÇÕES • Insuficiência renal, cardíaca ou hepática • Psicoses • Glaucoma de ângulo fechado • Melanoma maligno • Demência grave • Convulsões • Gravidez e amamentação • Usar com cautela em pacientes com hipotensão ortostática, úlcera, diabetes e em idosos. REALIZAR MONITORAMENTO HEMATOLÓGICO E DA FUNÇÃO HEPÁTICA Deterioração ao final da dose: Cada dose melhora a mobilidade por um período de tempo, 1-2h, mas a rigidez e acinesia reaparecem ao final do intervalo entre as doses. Fenômeno on/off LEVODOPA - INTERAÇÕES • Antipsicóticos: bloqueiam os receptores dopaminérgicos • Reserpina: depleta as reservas de dopamina • Fenitoína, metoclopramida: diminui os efeitos, antagonista dopaminérgico • Piridoxina (vitamina B6): aumenta a descarboxilação periférica • IMAO: crises hipertensivas • Anticolinérgicos: sinergismo (em altas doses diminuem a absorção) • Agonistas dopaminérgicos: intensificam os efeitos indesejados motores e mentais • Anestesia: suspender a droga • Proteína animal, sais de ferro e antiácidos: diminuem a absorção INIBIDORES DA DOPA DESCARBOXILASE Levodopa sozinha: grande parte é descarboxilada pelas enzimas na mucosa intestinal e outros tecidos. provavelmente < 1% entra no SNC. A liberação de DA na circulação depois da conversão periférica da levodopa produz efeitos indesejáveis, principalmente náuseas. On/Off: Levo/Carbi: Cápsulas de liberação prolongada, inalatória, gel intestinal (gastrostomia) INIBIDORES DA COMT • Concomitante à Levodopa Bloquear sua conversão periférica • ENTACAPONA: Duração de ação curta (2h) e inibe principalmente a COMT periférica. • Cp 200mg 4X/dia • TOLCAPONA: Duração de ação longa e inibe a COMT central e periférica. • Cp 100mg, 2-3X/dia • O efeito mais importante é a hepatotoxicidade. • Deve ser usada apenas em pacientes que não melhoram com outros medicamentos e sob monitoração. • Toxicidade e efeitos colaterais comuns: náuseas, diarreia, dispepsia, hipotensão postural, tontura, cefaleia, sonolência, transtorno do sono. • Forma quelatos com sais de ferro. Opções de associação • Levodopa + Benserazida (100+25; 200+50mg/cp) (iniciar com dose menor) • Carbidopa + Levodopa BD (25+100mg/cp) • Carbidopa + Levodopa DR (50+200mg/cp) • Carbidopa + Levodopa + Entacapona (25+100+200 mg/cp) AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS • Alternativa para o tratamento com levodopa em alguns casos; • Conversão enzimática não é necessária: • Não dependem da capacidade funcional dos neurônios nigroestriatais. • Ações + prolongadas • Tratamento das oscilações dependentes da dose, da função motora e profilaxia das complicações motoras. • Podem modificar a evolução da DP: • ↓ liberação endógena de DA • ↓ necessidade de administrar levodopa exógena • ↓ produção dos radicais livres Bromocriptina Ropirinol Pramipexol Rotigotina (transdérmica) Dose alvo 1,5mg/dia mas inicia com dose menor e como adjuvante pode variar. Selegilina: adesivos transdérmicos e comprimidos de desintegração oral. ↓ metabolismo hepático de primeira passagem, ↓ formação dos metabólitos da anfetamina e ↓ risco de reações hipertensivas associadas à dieta. INIBIDORES DA MAO-B SELEGILINA e RASAGILINA • Inibidores irreversíveis da MAO B • ↓ liberação de glutamato e bloqueia a recaptação de DA. • Menos EA que agonistas dopaminérgicos e Levodopa. • Não inibem substancialmente o metabolismo periférico das catecolaminas. • Podem ser utilizados com levodopa sem riscos aos pacientes. Cp 5mg (5-10mg 1x/dia) Adesivo 9mg Sintomas leves sem prejuízo funcional INIBIDORES DA MAO-B SELEGILINA e RASAGILINA Interações farmacológicas: • Meperidina: estupor, rigidez, agitação e hipertermia. • Antidepressivos tricíclicos ou inibidores da recaptação da serotonina. • A administração concomitante com agentes serotoninérgicos deve ser realizada com cautela, principalmente nos pacientes tratados com doses altas dos inibidores da recaptação da serotonina. “Reação do queijo“ iMAO + aminas simpaticomiméticas de ação indireta (tiramina presente em alguns queijos e no vinho). INIBIDORES DA MAO-B SAFINAMIDA • Mais seletiva que selegilina e rasagilina e ação reversível. • Possível efeito neuroprotetor e potencial efeito sobre discinesias induzidas por levodopa. • Inibe liberação de glutamato. CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO: - Pacientes com doença hepática - Uso de dextrometorfano (para tosse) - Uso de IMAO (pode causar hipertensão) - Uso de opioide, Erva de São João, - Certos antidepressivos (IRSN, tricíclicos e triazolopiridinas), ou ciclobenzaprina Síndrome serotoninérgica REAÇÕES ADVERSAS: • Movimentos involuntários descontrolados, quedas, náuseas e insônia; • Riscos menos comuns: • Hipertensão; • Adormecer durante as atividadesda vida diária; • Alucinações e comportamento psicótico; • Comportamentos compulsivos; • Febre e confusão. AMANTADINA Antiviral usado para a profilaxia e o tratamento da influenza A Também possui atividade antiparkinsoniana • Aumenta a liberação de dopamina nos gânglios da base • Propriedades anticolinérgicas • Efeitos anti-glutamatérgicos As propriedades antidiscinéticas foram atribuídas às suas ações nos receptores do NMDA. - Uso no controle de discinesias provocadas pela levodopa. - Usada como tratamento inicial para pacientes com doença branda. Comprimido 100mg 2x/dia ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS • Controle do tremor. • O uso crônico é fator de risco para demência • Utilizados apenas no tratamento da DP em estágio inicial (pacientes com menos de 70 anos ou como coadjuvantes ao tratamento dopaminérgico. • EA: sedação e confusão mental, constipação, retenção urinária e barramento visual associado à cicloplegia. • Muita cautela em pacientes com glaucoma de ângulo fechado. TRIEXIFENIDIL BIPERIDENO BENZTROPINA FÁRMACOS ADJUVANTES NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON • BETA-BLOQUEADORES (Propranolol): tremor • BENZODIAZEPÍNICOS (Clonazepam): distonia • GABAÉRGICOS (Baclofeno): distonia • ANTIDEPRESSIVOS (amitriptilina, imipramina, doxepina, fluoxetina): depressão e insônia • LITIO: distonia dolorosa e outras discinesias • ANTIPSICÓTICOS (Clozapina): sintomas psicóticos, discinesias • ESTIMULANTES SNC (Anfetamina, metilfenidato, pemolina): sintomas sensitivos • ANTIEMÉTICOS (Ciclizina, domperidona): náuseas e vômitos • LAXATIVOS ( Formadores de bolo): constipação crônica USO RACIONAL DO TRATAMENTO INICIAL DA DOENÇA DE PARKINSON • Iniciar um medicamento de cada vez e só associar se o primeiro está na dose desejada e estabilizado (aguardar pelo menos duas semanas) • Não associar antidopaminérgicos • Iniciar com doses pequenas e aumentos graduais • Não usar anticolinérgicos em pacientes com mais de 65 anos com glaucoma, prostatismo e algum grau demencial • Concluir a ineficácia da Levodopa apenas depois de atingir a dose de 1.500 mg • Adicionar agonista dopaminérgico aos pacientes que necessitarem de doses elevadas de levodopa para permitir posterior redução destas BONS ESTUDOS!!
Compartilhar