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ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA 
DA EDUCAÇÃO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Everson Araujo Nauroski 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, teremos contato com dois grandes pensadores e fundadores 
da sociologia: Max Weber e Karl Marx. Veremos que as contribuições de Weber 
chamam a atenção para os fatores subjetivos, para compreendermos as ações 
sociais como motivação e vontade. Sua teoria das formas de poder vai nos 
permitir repensar o papel e a atuação dos professores em meio a um dos 
grandes problemas na educação de adolescentes, a indisciplina. 
Sobre Marx, veremos que sua crítica à escola está relacionada a sua 
crítica geral da sociedade capitalista, em que a existência da escola é tida como 
ferramenta e estratégia de ideologização. Veremos também que, mesmo entre 
seguidores desse autor, existem divergências, vendo na escola um potencial 
transformador de pessoas e da sociedade. 
TEMA 1 – PENSANDO A ESCOLA E A EDUCAÇÃO COM MAX WEBER 
Entre os clássicos da sociologia, Weber (1864-1920) foi um grande 
inovador ao elaborar uma metodologia diferenciada em sua pesquisa. Talvez 
pela distância e sua identidade cultural com a Alemanha, tenha tido pouca 
influência da escola francesa de sociologia, estando mais propenso à 
interlocução com a rica tradição intelectual de seu país, como historicismo de 
Wilhelm Dilthey (1833-1911), segundo o qual tanto a história quanto as demais 
ciências do espírito, ou seja, ciências que têm o fenômeno humano como seu 
objeto de estudo tem a mesma importância e validade que as demais ciências 
da natureza. Também encontramos influências da filosofia de Emmanuel Kant e 
os pensadores do romantismo alemão, que insistiam na crítica ao racionalismo 
iluminista e na revalorização do sentido heroico da vida, da força da vontade e 
do caráter. Esses e outros elementos deram um viés interdisciplinar a formação 
de Weber, que em sua trajetória intelectual transitou pela economia, direito e 
posteriormente da sociologia como sua vocação (Nauroski, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Figura 1 – Max Weber 
 
Crédito: Natata/Shutterstock. 
Segundo dados biográficos, foi somente após o recebimento de uma 
herança, que lhe garantiu alguma renda permanente que Weber pode se dedicar 
inteiramente a sociologia. Transformou sua casa num centro de pesquisa, 
reunindo em torno de si grandes figuras intelectuais de sua época. 
No início de seus estudos sociológicos, Weber estava interessado em 
compreender as razões que levaram a unificação tardia da nação alemã. Ele 
estava convencido de que um país com o tamanho, a força e o potencial da 
Alemanha deveria ter um algum papel de liderança e destaque no cenário global. 
Como resultado de sua investigação, Weber formula sua teoria metodológica, 
segundo a qual, mais do que explicar e analisar os fatos históricos, é preciso 
compreender as ações dos indivíduos e o significado que os sujeitos atribuem a 
elas. Era formulada assim, sua teoria da ação social, segundo a qual, existe um 
forte componente subjetivo subjacente aos fenômenos sociais diversos, dos 
mais simples e prosaicos, aos maios complexos e grandiosos, essa perspectiva 
ficou conhecida como sociologia compreensiva (Sell, 2011). 
Mais que explicar e analisar os fatos sociais e históricos é preciso 
compreendê-los, sendo papel do cientista social elaborar modelos racionais para 
tornar mais compreensível as ações humanas, identificando fatores de 
 
 
4 
irracionalidade, sentimentos, emoções, continuidades, equívocos e obstáculos 
com os quais os indivíduos tem que lida no curso de suas ações e escolhas. 
Num esforço de sistematizar sua teoria, Weber formulou vários conceitos, entre 
eles trazemos os mais recorrentes nos estudos da sociologia weberiana. 
1. Tipo ideal: trata-se de um modelo interpretativo que serve para 
compreender um dado fenômeno. Sua teoria da ação social representa 
quatro tipos ideais que auxiliam no entendimento de diversos conjuntos 
de ações humanas. Isso ficará mais claro ao abordarmos a tipologia das 
ações. 
2. Ação social direcionada a fim racional: tende a ser o tipo mais 
predominante nas sociedades modernas. Exemplos: comprar e vender, 
estudar para melhorar os ganhos, investir para ter retorno etc. 
3. Ação social motivada por valores: quando agimos para defender a honra, 
a reputação, a imagem, um bem ético ou moral. 
4. Ação social motivada por afetividade: quando agimos por sentimentos. 
Mutirão, doações etc. 
5. Ação social motivada por tradições: são comportamentos mobilizados de 
modo recorrente por já fazerem parte da vida social e familiar dos 
indivíduos. Podemos pensar nas crenças, hábitos e costumes de modo 
geral, ir ao estádio de futebol, frequentar a feirinha, ir à igreja aos 
domingos etc. 
Em relação aos estudos que Weber fez sobre as questões de poder, é 
curiosa sua teoria, concebendo o Estado como único ente de uma sociedade 
com legitimidade e exclusividade para uso da força. Não podemos nos 
autotutelar, ou seja, numa situação de conflito não podemos fazer justiça com as 
próprias mãos, exceto nas situações em que lei faculta como legítima defesa. 
Em outras situações somos obrigados a buscar a mediação do estado por meio 
do poder judiciário e policial, de modo que dos agentes do estado deverá ser 
sempre pautada pelo que é estabelecido em lei. 
Ao caracterizar as manifestações do poder Weber estabelece três formas: 
racional-legal, tradicional e carismático. O primeiro tem relação com a estrutura 
burocrática em torno do Estado e suas ramificações. A segunda forma refere-se 
ao poder estabelecido por força das tradições, podemos pensar nas dinastias 
antigas como no antigo Egito, nas autocracias hereditárias, como na Coréia do 
Norte, ou ainda na nossa versão caricatural do coronelismo das regiões nordeste 
 
 
5 
do Brasil. Sobre a terceira e última, podemos pensar em figuras como Getúlio 
Vargas, Gandhi e vários outros personagens cuja o carisma e liderança 
personifica parte de seu poder de persuadir e influenciar (Sell, 2011). 
TEMA 2 – PODER, BUROCRACIA E DESENCANTAMENTO DO MUNDO 
Suas conclusões sobre as relações de poder nos fornecem importantes 
subsídios para pensar a dinâmica das escolas. Diferentemente de Durkheim, na 
sociologia de Weber não encontramos um estudo especifico sobre a escola e a 
educação, todavia, sua teoria nos ajuda a compreender que as relações sociais 
não se explicam somente pelos aspectos coercitivos, mas resultam da 
complexidade das interações humanas. Lembra? As ações sociais produzem a 
interação entre as pessoas, isso acontece em função da expectativa que 
estabelecemos e relação aos comportamentos dos outros. 
Partindo dessa premissa, podemos pensar inclusive no comportamento 
dos alunos, no problema da indisciplina que tanto causa estresse em alunos e 
professores. Ora, se na base das interações sociais estão as expectativas dos 
atores sociais, quais seriam as expectativas de alunos e professores dentro de 
uma escola? Ou ainda indagar se a escola consegue captar as motivações e os 
diversos sentidos construídos em torno da própria escola, da figura dos mestres, 
ou mesmo do ato de ensinar e da aprendizagem como um todo. Ou seja, talvez 
no fundo do comportamento indisciplinado estejam ausentes clareza de 
intenções, ou motivações claras sobre o que é desenvolvido. Obviamente 
existem ainda outros fatores a serem considerados em relação ao problema da 
indisciplina, como questões de ordem psicológica sobre saber lidar com limites, 
frustrações a figura de autoridade, questões sociais envolvendo problemas com 
familiares dos alunos, ou ainda questões estruturais na superlotação de salas de 
aula e ainda outros problemas com correlação. No entanto, não se pode ignorar 
que a teoria de Weber tem grande potencial explicativo de vários aspectos da 
vida escolar. 
O ambiente escolar é um espaço fértil para explorar esses conceitos, 
compreender,por exemplo, de onde vem as motivações dos estudantes e ajudá-
los a tomarem consciência dos diversos fatores que os mobilizam, sejam os de 
ordem subjetiva ou ainda as questões de ordem economia e material. 
Mesmo em relação à teoria do poder desse autor, é possível lançar luz à 
discussão de como estão construídas as representações sociais em torno do 
 
 
6 
professor. Os alunos temem, admiram ou amam seus professores. Sua 
autoridade repousa no tempo de carreira e de instituição (tradição), ou está 
baseado em seu domínio do conhecimento, sua organização e competência 
(racional/burocrático), ou emana do carisma do professor e de sua capacidade 
de empatia e influência de seus alunos. Seja como for, são elementos que 
ampliam as possibilidades de compreensão de vários dos tópicos que fazem 
parte do universo escolar e educacional. 
Weber chegou ao final de sua carreira bastante entristecido e pessimista 
em relação ao potencial da sociedade capitalista. Já na sua famosa monografia 
A ética protestante e o espírito do capitalismo estão presentes elementos de uma 
análise factual e conformada com a incapacidade de inovação na sociedade 
capitalista. Weber acreditava na esfera política como capaz de superar a técnica 
e burocratização da sociedade. A política vivida como vocação teria o potencial 
de arrancar a sociedade de suas amarras técnicas e instrumentais (Nauroski, 
2018). 
Segundo esse autor a lógica do capital, sua racionalidade fria acabou por 
colonizar praticamente todas as esferas da vida. A burocratização do mundo não 
ficou restrita ao funcionamento do estado. Ele chamou esse fenômeno de “gaiola 
de ferro” como se a racionalidade predominante nas sociedades moderna 
funcionasse como um tipo de prisão que nos confina a todos. A consequência 
dessa conjuntura ele denominou de desencantamento do mundo. Weber viu 
enfraquecendo na modernidade aquele espírito heroico vivamente ilustrado pelo 
romantismo alemão, onde poetas e pensadores escreviam e cantavam sobre a 
capacidade de superação do homem, de sua força, sua imaginação e caráter. 
O processo de burocratização e racionalização do mundo sobre égide do 
capitalismo transformou a educação num projeto de treinamento em sucessivas 
etapas com vistas a preparar os indivíduos para desempenhar as funções que 
esse sistema demanda. O escopo da formação fica aprisionado na realização 
das metas culturais universalizadas de riqueza e sucesso. Lembra-se das aulas 
anteriores? O resultado dessa dinâmica, conforme aprendemos com Merton, 
estudioso de Weber, diga-se de passagem, tem se mostrado bem problemática. 
 
 
 
 
7 
TEMA 3 – KARL MARX E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA PENSAR A SOCIEDADE 
E A ESCOLA 
Existe um princípio básico, diríamos até mesmo universal, de que, para 
entendermos bem um autor, precisamos buscar compreendê-lo com base em 
seu contexto, nas circunstâncias marcantes de sua época. 
Um princípio válido para qualquer autor, não seria diferente para os 
clássicos da sociologia, e é claro para Marx. A rigor, a modernidade e suas 
Revoluções Francesa e Industrial, além da consolidação do capitalismo, 
representam o horizonte histórico, social e político dos três clássicos fundadores 
da ciência sociológica. 
Figura 2 – Karl Marx 
 
Créditos: Dayat Banggai/Shutterstock. 
No caso de Marx, já conhecemos alguns dos grandes problemas de sua 
época, lembra? Proliferação das fábricas, proletariado, greves, urbanização 
acelerada, aumento das periferias, falta de saneamento, epidemias etc. Esses e 
outros problemas advindos principalmente em razão do crescimento econômico 
acelerado, e da industrialização na Europa tiveram grande impacto em sua vida 
e obra. 
 
 
8 
Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818 e morreu em 14 de 
março de 1883 com 64 anos de idade, pouco tempo depois da morte de sua 
esposa. Ele nasceu na cidade de Tréveris, região da antiga Prússia, atualmente 
Alemanha, e teve uma trajetória de estudos que lhe garantiram uma formação 
interdisciplinar nas áreas da história, sociologia, economia, filosofia e jornalismo. 
Desde muito cedo, o jovem Marx se aproximou dos movimentos operários, 
unindo-se a sua causa. Sua trajetória de intelectual militante o fez persona non 
grata em diversos países, dos quais teve que fugir em razão da perseguição que 
sofreu por parte de autoridades e opositores de suas ideias. 
Marx recebeu influência de diversos autores, do filósofo alemão Georg 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1830) a ideia de dialética e totalidade, com 
a diferença que para Marx é vida social concreta que condiciona o pensamento 
e não o contrário como cria Hegel e os idealistas. Do também alemão Ludwig 
Feuerbach (1804-1872), aprimorou o conceito de alienação, mostrando o e 
equivoco desse autor, ao explicar que a causa de fundo da alienação não é 
religião ou a teologia, mas a própria condição de miséria e exploração dos 
homens, o que pode ser resumido pela sua famosa expressão: 
A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de 
outro, o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura 
oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma 
situação carente de espírito. Ela é o ópio do povo. (Marx, 1960, p. 82) 
 Marx também leu e criticou os economistas ingleses como Adam Smith e 
David Ricardo por não terem entendido que a riqueza advém do trabalho que o 
capitalista não paga ao funcionário, visto que o trabalhador produz muito mais 
do que custa. Marx chamou essa situação de mais-valia, ou mais trabalho, 
aquele porção de trabalho excedente, não pago. Sua crítica não poupou nem 
os chamados socialistas utópicos, como o conde de Saint-Simon (1760-1825) e 
o francês Charles Fourier (1772-1837), que defendiam o melhoramento lento e 
gradual da sociedade, enquanto Marx queria coloca-la abaixo. 
Apesar das influências que recebeu Marx conseguiu elaborar uma teoria 
própria e original para explicar a sociedade. Suas ideias tiveram enorme impacto 
no mundo moderno, principalmente por ter defendido que o motor da história é 
a luta de classes e que havia chegado o tempo de maturação histórica para a 
derrubada do capitalismo e a construção de uma nova sociedade, o comunismo 
(Sell, 2011). 
 
 
9 
Para entendermos a contribuição de Marx em relação a discussão sobre 
a educação e o papel da escola precisamos antes compreender alguns de seus 
conceitos. 
TEMA 4 – AS AMBIVALÊNCIAS DA ESCOLA 
Uma das primeiras coisas que temos que saber sobre o pensamento 
social de Marx é seu materialismo histórico e dialético. O materialismo de Marx 
concebe a realidade social como resultado das relações concretas entre as 
pessoas, grupos e classes e é histórico no sentido em que assume diferentes 
formatos ao longo do tempo, ou modos de produção como fazia questão de 
salientar. Já houve o modo de produção asiático, o escravismo, o servilismo 
medieval e, por último, na modernidade o capitalismo. A dialética desse processo 
se encontra nas tensões e contradições que cada modo de produção carrega 
dentro de si. Marx estava convencido de que o capitalismo carregava o germe 
de sua própria destruição na medida em que aumentava o abismo entre os 
proprietários dos meios de produção (burgueses) e os proletários, donos 
unicamente de sua força de trabalho e de seus filhos, ou prole, importantes para 
fazer a reposição da mão de obra nas fábricas. A contradição entre riqueza e 
miséria, o avanço tecnológico e organização sindical levaria a classe operária a 
tomar consciência de sua força e poder (maioria) além de favorecer o 
fortalecimento de sua consciência de classe, unidade e organização. Esses 
fatores levariam a derrubada do sistema capitalista e a criação de um novo 
modelo, o comunista (Nauroski, 2018). 
Não faz parte do escopo dessas aulas analisar méritos ou equívocos nas 
ideias de Marx ou das experiências socialistas que esse pensador inspiroupelo 
mundo. 
Agora que já tivemos um entendimento do materialismo histórico e 
dialético, podemos trazer duas categorias fundamentais do pensamento 
marxiano; infraestrutura e superestrutura. O conjunto das relações de produção, 
ou seja o modo como cada sociedade organiza sua produção econômica reflexe 
as relações de classe de uma sociedade. O resultado dessa dinâmica faz surgir 
um conjunto de representações sociais, ideologias justificadoras da ordem 
estabelecida, o que Marx denominou de superestrutura. Dessa forma compõe o 
aparato superestrutural de uma sociedade envolvendo a esfera política, jurídica, 
econômica, religiosa, cultural e educacional. Em alguma medida, o conjunto de 
 
 
10 
instituições de uma sociedade tende a refletir em ideias, valores, crenças, 
símbolos, moral e comportamento o modo concreto como essa sociedade está 
funcionalmente organizado. Assim, no antigo Egito existia toda uma organização 
religiosa e escolar para validar e propagar o trabalho escravo, a submissão e o 
poder do faro e seus sacerdotes, da mesma forma na Grécia e na Roma antigas, 
assim como o servilismo encontrava na teologia católica vários argumentos de 
sustentação, ameaçando e punindo com a morte e a excomunhão (não era mais 
cristão) aqueles que se rebelavam contra a ordem estabelecida. Foi nesse 
contexto que surgiu o ditado poupar “entre a cruz e a espada”, pois os revoltosos 
e insurgentes eram perseguidos, mortos, esquartejados e condenados à 
danação eterna (Nauroski, 2018). 
E na atualidade, pensando nas relações entre patrões e empregados, qual 
seria a ideologia existente para convencer as pessoas a aceitar a precarização 
do trabalho, os baixos salários, a vida dura e miserável de milhões de pessoas? 
Uma boa questão para refletirmos e tentarmos responder posteriormente quando 
avançarmos mais em nossos estudos. 
A crítica e o pessimismo de Marx em relação a escola é em função de a 
mesma integrar as instituições da foram a superestrutura ideológica. Ou seja, 
numa conclusão lógica, a escola sendo parte da superestrutura ideológica da 
sociedade capitalista, sua natureza, sua razão de ser encontra-se subsumida 
pela lógica do capital que se utiliza da escola para veicular principalmente nas 
gerações mais jovens seus valores, símbolos e crenças. 
 Ao considerarmos ideias atualmente muito defendidas, como a de 
meritocracia, de que o sucesso e o fracasso dependem do esforço das pessoas 
poderíamos dizer o discurso da meritocracia é ideológico ou não? O modo como 
a nossa sociedade funciona não tem implicações no resultado dos projetos de 
vida das pessoas? São questões que nos inquietam e nos ajudam a dialogar, 
rever e mesmo desenvolver um posicionamento crítico. 
Segundo Marx, analisando a história, na sociedade moderna, o Estado é 
constituído para promover e defender os interesses das classes dominantes, “um 
balcão de negócios”. A manutenção da ordem estabelecida tende a ocorrer em 
duas frentes, as forças de dissuasão que operam principalmente na esfera 
ideológica, e as forças de repressão, que materializadas no poder policial e 
mecanismos coercitivos do estado. 
 
 
11 
TEMA 5 – APATAÇÃO E EMANCIPAÇÃO COM BASE NA ESCOLA 
A escola para Marx é uma instituição tipicamente burguesa, pois, em seu 
arranjo de universalidade, gratuidade e obrigatoriedade, foi instrumentalizada em 
suas discursos e práticas como fator de propagação e veiculação da ideologia 
dominante, ou seja, propagar e reforçar crenças, valores, ideias, símbolos e 
representações que contribuem na manutenção da ordem estabelecida, uma 
ordem que precisa ser aceita e não raro, defendida não só pelos que mais se 
beneficiam dela, mas também dos que são por ela exploradas. 
A escola moderna é fruto da organização do Estado burguês. Sua 
trajetória reforça esse argumento. Em vários momentos históricos, as reformas 
educacionais refletem a força a influência não só dos governos, mas dos grupos 
que o apoiaram. Contemporaneamente, estamos assistindo à tentativa de alterar 
a organização curricular em alguns estados da federação. No caso do Paraná, 
existe a intenção de inserir as disciplinas de empreendedorismo e educação 
financeira, fazendo com as disciplinas de artes, filosofia e sociologia sejam 
reduzidas. 
Essas reformas em nada lembram um projeto de educação politécnica 
defendida por Marx, podendo acontecer no mesmo ambiente de trabalho ou em 
centros especializados, capaz de formar indivíduos habilitados tanto a operar 
máquinas em seu trabalho, quanto capazes de ler, escrever e interpretar 
criticamente o mundo em que vivem. Uma formação politécnica teórica e prática 
englobando diferentes esferas da vida humana, corpo, mente espirito e 
sensibilidade. Um projeto pedagógico dessa natureza não poderia segundo Marx 
ser concretizado no interior das escolas. 
Outros autores seguidores de Marx divergiram dele em relação ao papel 
e capacidade da escola. A esse respeito, é notória a contribuição de Antônio 
Gramsci (1891-1937), pensador italiano considerado um neomarxista, para que 
que a escola possui uma ambivalência intrínseca a sua própria condição de 
instituição social. Isso quer dizer que a escola pode tanto servir aos propósitos 
das classes dominantes adotando discursos e práticas que corroboram a ordem 
capitalista, ou a escola pode ser assumida por forças progressistas para 
promover um projeto diferente. A escola poderia ser ocupada e redirecionada a 
construir uma nova hegemonia, a socialista convencendo e dialogando com 
diferentes atores sociais de modo a convencê-los de que uma sociedade 
 
 
12 
socialista seria melhor, pois beneficiaria a todos, não somente os endinheirados 
como no capitalismo. 
São perspectivas e olhares sobre a escola que despertam novas leituras 
e releituras estimulando a reflexão e o gosto pelo aprofundamento e pela crítica. 
No fundo, o nosso objetivo com essas aulas é despertar em cada estudante o 
potencial para elaborar sua própria sociologia e antropologia da educação, 
lendo, dialogando e interpretando conceitos e autores. 
NA PRÁTICA 
 Retome a explicações sobre as formas de poder de Max Weber e, com 
base nesse referencial, analise a fonte da autoridade de alguns de seus 
professores. O objetivo é que você seja capaz de caracterizar o poder exercido 
por eles e a forma como isso se fundamenta: na racionalidade/técnica, na 
tradição ou no carisma. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao final de mais uma aula, mas não ao final de nossos estudos, 
que seguem na academia e na vida. O contato com Weber e Marx, dois clássicos 
da sociologia, nos permitiu compreender um pouco melhor a dinâmica que 
envolve as relações entre escola, seus atores e a sociedade. Weber nos mostrou 
que existem diferentes tipos de ações sociais e a compreensão das mesmas 
passa pelo entendimento das motivações dos agentes. Com Marx, somos 
provocados a repensar a sociedade de acordo com suas contrações. Com base 
em suas categorias de infraestrutura e superestrutura, a escola é concebida 
como uma instituição funcional ao capitalismo, ou em seu potencial pedagógico 
e transformador. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
MARX, K., EMGELS, F. Sur la religion (SR). Paris, Éditions Sociales, 1960 
NAUROSKI, E. Teorias sociológicas e problemas sociais contemporâneos. 
Curitiba: InterSaberes, 2018. 
SELL, C. Sociologia clássica: Durkheim, Weber e Marx, Petrópolis: Vozes, 
2011.

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