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DÉBORA CANTERGI ESTUDO CINESIOLÓGICO E BIOMECÂNICO DOS SEGMENTOS CORPORAIS Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 MEMBROS SUPERIORES ������������������������������� 5 Cintura escapular ������������������������������������������������������������������ 5 Ombro ������������������������������������������������������������������������������������ 8 Cotovelo ������������������������������������������������������������������������������� 11 Punho e mão ����������������������������������������������������������������������� 15 COLUNA VERTEBRAL ����������������������������������18 MEMBROS INFERIORES �������������������������������22 Quadril ��������������������������������������������������������������������������������� 22 Joelho ���������������������������������������������������������������������������������� 24 Tornozelo ����������������������������������������������������������������������������� 26 ANÁLISE DA MARCHA ���������������������������������29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������38 2 INTRODUÇÃO As principais articulações que realizam o movimen- to do corpo humano são a coluna vertebral e as articulações do membro superior: ombro, cotovelo, punho e mão, e as articulações do membro inferior: quadril, joelho, tornozelo e pés� Ombro e quadril são as articulações mais móveis do corpo humano, realizando movimentos nos três eixos possíveis� Joelho e cotovelo se movimentam em apenas um eixo� Punho e tornozelo se movimentam em dois eixos principais� E mãos e pés são constituídos por muitas articulações, que apresentam diferentes graus de movimento� A cinesiologia se ocupa da relação entre os mús- culos e o movimento� Em um primeiro momento, uma análise cinesiológica identifica todos os músculos que causam um movimento observado em determinada articulação� Mas, como sabemos, muitos músculos têm mais de uma função e a continuidade da análise está em identificar quais serão os músculos neutralizadores que devem ser ativados até termos apenas o movimento desejado acontecendo� O conhecimento mais importante para iniciar essa análise é conhecer os músculos agonistas de cada movimento� De um ponto de vista biomecânico, o interesse é no comportamento das articulações durante o mo- 3 vimento, além da interação do corpo humano com as forças externas� A marcha é um dos principais objetos de estudo da biomecânica, com informa- ções cinemáticas e cinéticas bem documentadas, conforme estudaremos a seguir� 4 MEMBROS SUPERIORES Fazem parte dos membros superiores a cintura escapular, ombro, cotovelo, punho e mão� Anali- semos cada um deles� CINTURA ESCAPULAR A cintura escapular ou cíngulo do membro superior é formado por três ossos: clavícula, escápula e esterno� A principal função da cintura escapular é servir como fixação para os músculos que movi- mentam o braço e o antebraço (VAN de GRAAFF, 2003)� Observemos: Figura 1: Cintura escapular� Fonte: https://commons�wikimedia�org/wiki/ File:Pectoral_girdle_front_diagram_gl�svg� 5 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pectoral_girdle_front_diagram_gl.svg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pectoral_girdle_front_diagram_gl.svg Os movimentos da cintura escapular são elevação e abaixamento, protusão e retração, e rotações superior e inferior, conforme demonstrados na figura a seguir: Figura 2: Movimentos da escápula� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 112� 6 Elevação/abaixamento e protrusão/retração são movimentos predominantemente lineares� Na ele- vação/abaixamento o deslocamento é na direção vertical e na protrusão/retração o deslocamento é na direção horizontal� Na rotação superior e inferior, a escápula gira ao redor do eixo anteroposterior� Na primeira, o ângulo inferior da escápula gira na direção oposta da linha média do corpo, já na segunda, na rotação inferior, o ângulo inferior da escápula gira na direção da linha média do corpo� A literatura também menciona a inclinação da es- cápula� Quando ela acontece, a parte superior da escápula se inclina anteriormente e a parte inferior se inclina posteriormente (LIPPERT, 2018)� Veja na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento da escápula: Tabela 1: Músculos agonistas dos movimentos da escápula Ação Músculos Retração Trapézio transversa Romboides Protusão Serrátil anterior Peitoral menor Elevação Trapézio descendente Levantador da escápula Romboides Abaixamento Trapézio ascendente Peitoral menor Rotação Superior Trapézio descendente Trapézio ascendente Serrátil anterior 7 Rotação inferior Romboides Levantador da escápula Peitoral menor Inclinação Peitoral menor Fonte: LIPPERT, 2018� OMBRO O ombro é a articulação mais móvel do corpo hu- mano� No ombro, a cabeça do úmero se articula com a cavidade glenoidal da escápula� Ele tem três graus de liberdade, isso quer dizer que ele pode se mover nos três planos anatômicos� Por causa da grande mobilidade dessa articulação, ela apresenta menor estabilidade� O ombro realiza os movimentos de flexão e ex- tensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e rotação medial e lateral no plano horizontal. Quando o ombro está flexionado, ele também realiza a abdução e adução horizontal� Além disso, o ombro pode fazer circundução, que é a combinação dos movimentos de flexão/ extensão e abdução/adução do ombro� É possível ainda encontrarmos menção à flexão/extensão ou adução/abdução no plano escapular� Esse movimento, acontece com o elevar dos braços passando um pouco à frente do plano frontal� Em uma elevação de 180º, o ombro estará com cerca 8 de 30º de adução horizontal� Observemos alguns exemplos na imagem a seguir: Figura 3: Movimentos do ombro� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 116� (Adaptado) 9 Analise na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento do ombro: Tabela 2: Músculos agonistas dos movimentos do ombro� Ação Músculos Flexão Deltoide clavicular Peitoral maior clavicular Extensão Deltoide espinal Latíssimo do dorso Redondo maior Peitoral maior interno costal Hiperextensão Latíssimo do dorso Deltoide espinal Abdução Deltoide Supraespinal Adução Peitoral maior Redondo maior Latíssimo do dorso Abdução horizontal Deltoide espinal Infraespinal Redondo menor Adução horizontal Peitoral maior Deltoide clavicular Rotação lateral Infraespinal Redondo menor Deltoide espinal Rotação medial Latíssimo do dorso Redondo maior Subescapular Peitoral maior Deltoide clavicular Fonte: LIPPERT, 2018� Os movimentos da cintura escapular e do ombro estão relacionados� No início dos movimentos do ombro nos diferentes planos, a escápula não 10 se movimenta, mas a partir de uma determinada amplitude, a escápula acompanha o movimento� Essa relação é conhecida como ritmo escapulou- meral. Na tabela a seguir, podemos verificar qual movimento da escápula acontece juntamente com cada movimento do ombro: Tabela 3: Ritmo escapuloumeral Ação do ombro Ação da escápula Flexão Rotação superior; protusão Extensão Rotação inferior; retração Hiperextensão Inclinação escapular Abdução Rotação superior Adução Rotação inferior Abdução horizontal Protusão Adução horizontal Retração Rotação lateral Retração Rotação medial Protusão Fonte: LIPPERT, 2018� COTOVELO O cotovelo inclui duas articulações� O que chama- mos de cotovelo é a articulação entre o úmero e os ossos do antebraço – radio e ulna� Esses dois ossos também se articulam, e essa articulação é chamada radioulnar� A articulação do cotovelo rea- liza somente os movimentos de flexão e extensão. 11 Figura 4: Movimentos do cotovelo� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 130� (Adaptado) A articulação entre a ulna e o rádio realiza o movimento de pronação e supinação, quando a porção distal do rádio se move ao redor da ulna� Observemos nas figuras a seguir: 12 Figura 5: Movimento da articulação radioulnar� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 130� (Adaptado)13 Figura 6: Movimento do rádio ao redor da ulna� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 131� (Adaptado) Agora, verifiquemos na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento do cotovelo: 14 Tabela 4: Músculos agonistas dos movimentos do cotovelo� Ação Músculos Flexão Bíceps braquial Braquial Braquiorradial Extensão Tríceps braquial Pronação Pronador redondo Pronador quadrado Supinação Bíceps braquial Supinador Fonte: LIPPERT, 2018� PUNHO E MÃO O punho articula as porções distais do rádio e da ulna com os ossos do carpo� Ele pode realizar os movimentos de flexão/extensão e adução/abdução, conforme apresentada na figura a seguir: 15 Figura 7: Movimentos do punho� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 143� (Adaptado) Com isso, verifiquemos na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento do punho: Tabela 5: Músculos agonistas dos movimentos do punho� Ação Músculos Flexão Flexor radial do carpo Flexor ulnar do carpo Extensão Extensor radial longo do carpo Extensor radial curto do carpo Extensor ulnar do carpo Abdução Flexor radial do carpo Extensor radial longo do carpo 16 Ação Músculos Abdução Flexor ulnar do carpo Extensor ulnar do carpo Fonte: LIPPERT, 2018� 17 COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é o eixo longitudinal do corpo� Ela é composta por diversas vertebras e seus mo- vimentos acontecem a partir da combinação entre elas� A coluna movimenta os três planos, realizando flexão/extensão, flexão lateral e rotaçao. 18 Figura 8: Movimentos da coluna� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 187� (Adaptado) 19 Desse modo, verifique na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento da coluna: Tabela 6: Músculos agonistas dos movimentos da coluna� Ação Torácica/Lombar Cervical Flexão Reto do abdome Oblíquo externo do abdome Oblíquo interno do abdome Esternocleidomas- tóideo Flexão Reto do abdome Oblíquo externo do abdome Oblíquo interno do abdome Esternocleidomas- tóideo Extensão Eretor da espinha Transversoespinais Interespinais Esplênio da cabeça Esplênio do pescoço Eretor da espinha Transversoespinais Interespinais Flexão lateral Quadrado lobar Eretor da espinha Oblíquo interno do abdome Oblíquo externo do abdome Intertransversários Esternocleidomas- tóideo Esplênio da cabeça Esplênio do pescoço Escalenos Eretor da espinha Intertransversários Rotação mesmo lado Oblíquo interno do abdome Esplênio da cabeça Esplênio do pescoço Rotação lado oposto Oblíquo externo do abdome Transversoespinais Esternocleidomas- tóideo transversoespinais Fonte: LIPPERT, 2018� A parte distal da coluna é constituída pelo sacro e cóccix, que se articulam com os ossos do quadril para formar a pelve� As articulações entre os os- 20 sos da pelve não apresentam grande quantidade de movimento, mas ela distribui as forças entre a coluna e o quadril, movendo-se pela relação entre esses segmentos� Os movimentos da pelve são: inclinação anterior e posterior e lateral e rotação, quando o peso é sustentado apenas de um lado do corpo� Os movimentos do quadril e da coluna que conjuntamente realizam essas ações são descritos na tabela a seguir: Tabela 7: Movimentos da pelve� Pelve Coluna Quadril Inclinação anterior Hiperextensão Flexão Inclinação posterior Flexão Hiperextensão Inclinação lateral Flexão lateral (lado apoio) Adução lado de sustentação Abdução lato livre Rotação anterior Rotação lado oposto Rotação medial lado sustentação Rotação posterior Rotação lato oposto Rotação lateral lado livre Fonte: LIPPERT, 2018� 21 MEMBROS INFERIORES Os membros inferiores são constituídos pela pelve, coxa, perna e pé� As articulações da coxa, joelho e tornozelo, além das articulações do pé, que mo- vimentam os membros inferiores� QUADRIL O quadril é articulado pela cabeça do fêmur e a pelve pelo acetábulo� Assim como o ombro, o quadril pode se movimentar em três eixos por uma articulação bastante estável, com menor amplitude de movimento em comparação� Podem ser reali- zados movimentos de flexão/extensão, adução/ abdução e rotação medial/lateral� Observemos na figura a seguir: 22 Figura 9: Movimentos do quadril� Fonte: LIPPERT, 2018, 232� (Adaptado) Considerando a imagem apresentada, verifique na tabela a seguir quais os músculos que realizam cada movimento do quadril: Tabela 8: Músculos agonistas dos movimentos do quadril� Ação Músculos Flexão Reto femoral Iliopsoas Pectíneo Extensão Glúteo máximo Semitendinoso Semimembranoso Bíceps femoral (cabeça longa) Hiperextensão Glúteo máximo 23 Ação Músculos Abdução Glúteo médio Glúteo mínimo Adução Pectíneo Adutor longo Adutor curto Adutor magno Grácil Rotação lateral Glúteo máximo Obturador externo Obturador interno Quadrado femoral Piriforme Gêmeo superior Gêmeo inferior Rotação medial Glúteo mínimo Fonte: LIPPERT, 2018� JOELHO A articulação do joelho é formada pelos ossos fêmur e tíbia e também é relevante para a articu- lação da patela, que, apesar de se articular apenas com o fêmur, é importante para o movimento do joelho� A patela aumenta a vantagem mecânica do músculo quadríceps, ao aumentar e direcio- nar o seu braço de alavanca, além de proteger a articulação do joelho, que realiza os movimentos de flexão e extensão. E, quando flexionado, pode realizar também abdução e adução� 24 Figura 10: Movimentos do joelho� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 252� (Adaptado) Observe na tabela a seguir quais os músculos que realizam os movimentos do joelho: Tabela 9: Músculos agonistas dos movimentos do joelho� Ação Músculos Flexão Semimembranáceo Semitendinoso Bíceps femoral Poplíteo Gastrocnêmios Extensão Reto femoral Vasto lateral Vasto medial Vasto intermédio Fonte: LIPPERT, 2018� 25 TORNOZELO Os principais movimentos do tornozelo são flexão plantar/dorsiflexão, inversão/eversão e adução/ abdução. A flexão plantar e dorsiflexão são equiva- lentes a flexão e extensão das outras articulações, acontecendo no plano sagital� Inversão e eversão, é a elevação das margens medial e lateral do pé, respectivamente, que acontece no plano frontal� Juntamente com a inversão/eversão acontece em menor escala a adução (com a inversão) e abdução (com a eversão) do pé� Observemos na figura abaixo: 26 Figura 11: Movimentos do pé� Fonte: LIPPERT, 2018, p� 270� (Adaptado) Agora, observemos na tabela a seguir quais os músculos que realizam os movimentos do tornozelo: 27 Tabela 10: Músculos agonistas dos movimentos do tornozelo� Ação Músculos Flexão plantar Gastrocnemios Sóleo Dorsiflexão Gastrocnemios Sóleo Inversão Tibial anterior Tibial posterior Eversão Fibular longo Fibular curto Fonte: LIPPERT, 2018� 28 ANÁLISE DA MARCHA A marcha, ou caminhada, é a principal forma de locomoção humana� As principais articulações do corpo interagem para realizar a marcha, em especial as articulações do membro inferior, envolvendo a alternância sequencial de apoio entre os pés� O ciclo completo da marcha inclui um período de contato de cada um dos pés� Observando cada pé separadamente, o período em contato é chamado de fase de apoio e o período de ausência de contato é chamado de fase de balanço� Utilizando a perna direita como referência, a fase de apoio inicia-se no primeiro contato do pé direito no solo e termina quando o pé direito sai do solo� Já a fase de balanço começa quando o contato do pé direito com o solo cessa até o pé voltar a tocar o solo� O ciclo completo, a partir do contato de um pé até esse mesmo pé iniciar o novo con- tato, é chamado passada� Uma passada envolve um passo de cada pé� Passo é o período entre o contato de um pé até o contato do outro pé, con- forme observamos na figura a seguir: 29 Figura 12: Fases da marcha� Fonte: FERREIRA, A�R�; GOIS, J�A�, 2018, p� 12 O período de apoio na marcha dura cerca de ses- senta por cento do ciclo para um pé, incluindo as fases de apoio duplo e apoio simples� Analisemos na tabela a seguir as fases da marcha; Tabela 11: Fases da marcha� Fa se d e apoi o Contato inicial Primeiro contato do pé com o solo Resposta à carga Calcanhar se acomoda no solo receben- do o peso do corpo Apoio médio Apoio unipodal, com o peso do corpo distribuído no pé Apoio final Transferência do peso para a parte anterior do pé Pré-balanço Final do apoio duplo, com transferência do peso para o outro pé para o início da fase de balanço 30 Fa se d e ba la nç o Balanço inicial Do instante que termina o contato com o solo até o pé em balanço alinhar-se com o pé que está em apoio Balanço médio Período em que a tíbia do pé de balanço está na orientação vertical Balanço final Do momento em que a tíbia sai da orien- tação vertical até o contato inicial do pé com o solo� Fonte: VAUGHAN et al�, 1999, p� 9� (Adaptado) Quadril, joelho e tornozelo são as principais articula- ções da marcha e foram extensivamente avaliadas com ferramentas cinemáticas� No quadril, o principal movimento que acontece durante a marcha é de flexão-extensão, mas adução-abdução e rotação também estão presentes� Flexão-extensão é o principal movimento realizado pelo joelho� A arti- culação do tornozelo também faz esse movimento e as articulações do pé se ajustam em resposta às características do terreno� 31 Figura 13: Ângulos articulares durante a marcha (valores positivos correspondem a flexão/dorsiflexão). Flex=flexão, ext = extensão, d-flex = dorsiflexão, p=flex = flexão plantar; CI = contato inicial; FO = final 32 apoio do pé oposto; EC = elevação do calcanhar; IO = início apoio do pé oposto; TO = halux oposto; PA = pés alinhados; TV = tíbia vertical; Fonte: WHITTLE, 2007, p� 59 (Adaptado) Uma análise cinética da marcha indica que a prin- cipal força externa atuando no corpo humano é a força de reação do solo, ou seja, a resposta do solo à força de gravidade (conforme a terceira lei do movimento de Newton)� O principal componente de força de reação do solo durante a marcha é a força vertical, correspondendo ao peso do indivíduo� Observando a curva da força de reação vertical do solo (obtida para apenas um dos pés com o auxílio de uma plataforma de força), é possível identificar as fases da marcha� Nas fases de apoio simples, todo o peso do corpo é suportado por apenas um pé, logo a plataforma registra valores próximos da linha do peso corporal� Já nas fases de duplo apoio, o peso corporal está dividido entre os dois pés e os valores registrados na plataforma representam cerca de metade do peso corporal� A curva da força vertical na plataforma de força apresenta dois picos e um vale� O primeiro pico é observado no início do apoio, durante a recepção de peso. O segundo pico acontece no final do período do apoio e mostra o impulso para o próximo passo� Já o vale acontece durante o período de apoio médio� 33 A força anteroposterior tem magnitude bem menor, mas apresenta informações importantes� No eixo anteroposterior percebemos a propulsão da marcha, ou seja, como o pé empurra o solo para projetar o corpo à frente� O contrário acontece na fase de resposta à carga, quando a força anteroposterior é negativa, pois a velocidade do pé de apoio está diminuindo� No eixo médio-lateral as forças de re- ação registradas são próximas de zero� Elas estão relacionadas a variabilidade no posicionamento dos pés. Observemos na figura a seguir: Figura 14: Força de reação do solo durante a marcha� Linha do Peso Corporal (PC) Ciclo da Marcha (%) 0 -0.5 0.5 1.5 1 0 20 40 60 80 100 FR S (P C) força vertical médo-lateral anteroposterior Legenda: força vertical = linha contínua; anteroposterior =linha tracejada; médo-lateral = linha pontilhada Fonte: BARELA E DUARTE, 2011� 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse e-book entendemos que os membros su- periores são compostos pela cintura escapular, ombro, cotovelo, punho e mão� A principal função da cintura escapular é servir como fixação para os músculos que movimentam o braço e o antebraço e que seus movimentos são elevação e abaixamento, protusão e retração, e rotações superior e inferior� Também compreendemos que o ombro é a arti- culação mais móvel do corpo humano� No ombro, a cabeça do úmero se articula com a cavidade glenoidal da escápula� Ele tem três graus de li- berdade, isso quer dizer que ele pode se mover nos três planos anatômicos� Por causa da grande mobilidade dessa articulação, ela apresenta menor estabilidade� O ombro realiza os movimentos de flexão e extensão no plano sagital, abdução e adu- ção no plano frontal e rotação medial e lateral no plano horizontal. Quando o ombro está flexionado ele também realiza a abdução e adução horizontal� Entendemos ainda, que os movimentos da cintura escapular e do ombro estão relacionados� No início dos movimentos do ombro nos diferentes planos, a escápula não se movimenta, mas a partir de uma determinada amplitude, a escápula acompanha o movimento� Essa relação é conhecida como ritmo escapuloumeral� 35 Conhecemos as duas articulações que compõem o cotovelo, que é a articulação entre o úmero e os ossos do antebraço – radio e ulna� Esses dois ossos também se articulam, e essa articulação é chamada radioulnar� A articulação do cotovelo realiza somente os movimentos de flexão e exten- são e a articulação entre a ulna e o rádio realiza o movimento de pronação e supinação, quando a porção distal do rádio se move ao redor da ulna� Compreendemos que a coluna vertebral é o eixo longitudinal do corpo� Composta por diversas vertebras, seus movimentos acontecem a partir da combinação de movimentos entre elas� A coluna se movimenta nos três planos, realizando flexão/ extensão, flexão lateral e rotaçao. Já em relação aos membros inferiores, entendemos que são compostos pela pelve, coxa, perna e pés� As articulações da coxa, joelho e tornozelo, além das articulações do pé, movimentam o membro inferior� Além disso, entendemos que a marcha, ou cami- nhada, é a principal forma de locomoção humana e que seu ciclo completo inclui um período de contato de cada um dos pés� Observando cada pé separadamente, o período em contato é chamado de fase de apoio e o período de ausência de contato é chamado de fase de balanço� 36 Quadril, joelho e tornozelo são as principais articula- ções da marcha e foram extensivamente avaliadas com ferramentas cinemáticas� No quadril, o principal movimento que acontece durante a marcha é de flexão-extensão, mas adução-abdução e rotação também estão presentes� Por fim, entendemos a partir de uma análise cinética da marcha, que a principal força externa atuando no corpo humano é a força de reação do solo, ou seja, a resposta do solo à força de gravidade� 37 Referências Bibliográficas & Consultadas BARELA, A� M� F�; DUARTE, M� Utilização da plataforma de força para aquisição de dados cinéticos durante a marcha humana� Brazilian Journal of Motor Behavior, Vol� 6, No� 1, 56-61, 2010� FERREIRA, A� R�; GOIS, J� A� Análise da cinemática e dinâmica da marcha humana� Instituto Militar de Engenharia� Rio de Janeiro: Revista Militar de Ciência e Tecnologia, 2018 FLOYD, R�T� Manual de cinesiologia estrutural� 19� ed� Barueri: Manole, 2016� [Minha Biblioteca]� HALL, S�J� Biomecânica básica� 8� ed� Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021� [Minha Biblioteca]� HAMILL, J�; KNUTZEN, K�M�; DERRICK, T�R� Bases biomecânicas do movimento humano� 4� ed� Barueri: Manole, 2016� [Minha Biblioteca]� LIPPERT, L�S� Cinesiologia clínica e anatomia� 6� ed� Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018� [Minha Biblioteca]� McGINNIS, P�M� Biomecânica do esporte e do exercício� 3� ed� Porto Alegre: Artmed, 2015� [Minha Biblioteca]� OATIS, C�A� Cinesiologia: a mecânica e a patomecânica do movimento humano� 2� ed� Barueri: Manole, 2014� [Minha Biblioteca]� OKUNO, E� Desvendando a física do corpo humano: biomecânica� 2� ed� Barueri: Manole, 2017� [Minha Biblioteca]� VAN de GRAAFF, K�M� Anatomia Humana� Barueri: Editora Manole, 2003� VAUGHAN, C� L�;DAVIS, B� L; O’CONNOR, J� C� Dynamics of human gait� Illinois: Kinetics Publishers, 1999� WHITTLE, M� An introduction to gait analysis� Oxford: Butterworth-Heinemann, 2007� ZATSIORSKY, V�M� Biomecânica no esporte: performance do desempenho e prevenção de lesão� Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013� [Minha Biblioteca]� _GoBack Introdução Membros superiores Cintura escapular Ombro Cotovelo Punho e mão Coluna Vertebral Membros Inferiores Quadril Joelho Tornozelo Análise da marcha Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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