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Medicamentos na prática clínica 103 Pelo menos 150/o dos pacientes admitidos em hospitais têm uma inte- ração droga-droga na admissão. Aproximadamente 37 a 600/o desses pacien- tes podem sofrer consequências de interações medicamentosas. Em pacientes hospitalizados, o risco de interações potenciais pode ser maior devido ao uso de medicamentos novos adicionados a uma terapia medicamentosa já existen- te. Contudo, há dificuldade em diferenciar eventos de ocorrência espontânea de efeitos farmacológicos adversos; também há incapacidade de distinguir os efeitos far111acológicos secundários do uso incorreto de drogas daqueles origi- nados de uma interação medicamentosa. No Brasil, há relatos de prevalência de até quase 80% de potenciais inte- rações medicamentosas (Tab. 8.1). Fatores associados a interações medicamentosas • Polimedicação ou polifarmácia • Efeito farmacológico múltiplo do medicamento • Desinformação dos prescritores • Esquemas terapêuticos clássicos com muitos medicamentos, para melhorar a eficácia de fármaco principal, reduzir a toxicidade ou tratar comorbidades • Por padrões de prescrição dos médicos mais idosos, com mais anos após a graduação e com menos atividades de pós-graduação • Desejo expresso pelo doente de ser medicado • Não compreensão do paciente em relação ao tratamento farmacológico • Automedicação pelo paciente • Uso abusivo de medicamentos e de outras substâncias • Desinformação dos dispensadores • O paciente não informa o médico sobre o uso de outros fármacos • O paciente não informa o médico sobre sintomas que podem ser secundários ao uso de medicamentos • Inúmeras formas farmacêuticas e nomes comerciais para um mesmo medicamento • Falta de uniformização de condutas farmacológicas • Pouca aplicação do método científico da eficácia e da efetividade de tratamentos (me- dicina baseada em evidências) TABELA 8.1 Prevalência de interações medicamentosas potenciais em estudos farmacoepidemiológicos brasileiros Autor n Pacientes Prevalência Principais interações Cruciol-Souza e 1785 Enfermarias 49,7o/o Não discriminadas Thomson, 2006 Pivatto Júnior e 128 Enfermarias 79,7% captopril/dipirona (9,7%), dipirona/ colaboradores, 2009 furosemida (4,5%) Sehn e 40 Enfermarias 65,0% furosemida/paracetamol (8,6%), colaboradores, 2003 furosemida/captopril (5,6%) Mosegui e 634 Idosos 15,5% Não discriminadas colaboradores, 1999 Meiners e Bergsten- 332 Pediátricos 38,9% fenoterol/corticosteroides (22,7%), Mendes, 2001 captopril/furosemida (8,0%) Miyasaka e Atallah, 2003 63 Psiquiátricos 25,3% Não discriminadas Rossignoli, Guarido e 256 UTI 53,0% AINE/anticoagulantes (15,0%), IECN Cestari, 2006 suplemento de potássio (10,0%) UTI, Unidade de Tratamento Intensivo; AINE, anti-inflamatório não esteroidal; IECA, inibidor da enzima conversora da angiotensina. Medicamentos na Prática Clinica - Barros - 1ed
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