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URM – Uso Racional de Medicamentos Uso Racional de Medicamentos De acordo com a Organização Mundial de Saúde, entende-se que há uso racional de medicamento quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. MS, 2021 2 Uso Racional de Medicamentos O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente. 3 MS, 2021 Uso Racional de Medicamentos Exemplos de uso irracional de medicamentos incluem: uso de muitos medicamentos por paciente ("polifarmácia"); uso inadequado de antimicrobianos, muitas vezes em dosagem inadequada, para infecções não bacterianas; excesso de uso de injeções quando formulações orais seria mais apropriado; falta de prescrição de acordo com as diretrizes clínicas; automedicação inapropriada, muitas vezes medicamentos prescritos; não aderência aos regimes de dosagem. 4 MS, 2021 5 Como atingir o URM... diagnosticar corretamente; prescrever o tratamento correto, com as informações necessárias para o usuário, baseado em evidências científicas; prescrever de modo legível, a fim de evitar inclusive problemas de dispensação e administração; organizar o serviço, para que o usuário tenha acesso ao medicamento em quantidade suficiente e em tempo oportuno; promover a adesão ao tratamento; avaliar e monitorar o usuário quanto à resposta terapêutica ou para qualquer problema relacionado aos medicamentos 6 Boing, Zonta e Manzini, 2016 7 O medicamento é visto como uma mercadoria que faz com que o processo saúde doença seja reduzido ao aspecto orgânico, desconsiderando fatores causais de natureza social e comportamental (Lefevre, 1983). Esse aspecto é reforçado pelo marketing da indústria farmacêutica junto aos prescritores e aos usuários. Aliado à falta de informação, o marketing contribui para a automedicação inapropriada, o uso incorreto, a polifarmácia, os gastos desnecessários e a prescrição não orientada por diretrizes/protocolos, promovendo, dessa forma, a medicalização. Medicalização é um processo por meio do qual os indivíduos passam a entender questões não consideradas de ordem médica como se fossem problemas ou doenças que requerem intervenção médica. Medicamentos essenciais Medicamentos essenciais: para obter maior eficiência do serviço com resolutividade terapêutica, contribuindo para a prescrição e a utilização mais racional de medicamentos (Marin et al, 2003). A seleção de medicamentos deve ser realizada com base em evidências científicas, avaliando a eficácia, a segurança, a conveniência, a qualidade e o custo. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais RESME – Relação Estadual de Medicamentos Essenciais REMUME – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais 8 Fonte de auxílio à tomada de decisão 9 Interação Medicamentosa Uso de medicamentos “Não existem medicamentos seguros, e sim, uso seguro de medicamentos.” “Todo medicamento é potencialmente um veneno; o que distingue um medicamento de um veneno é tão somente a dose.” (Paracelsus, 1493-1541, médico, alquimista, cirurgião) 11 Interação Medicamentosa 12 Interações de medicamentos (IMs) são eventos clínicos em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Provoca aumento ou diminuição de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro Hoefler, 2008 Interação medicamentosa Pacientes idosos: polifarmácia Pacientes hospitalizados: 13 ou mais fármacos diferentes por dia. Interações medicamentosas: responsáveis por 7% das reações adversas e 15% do prolongamento do período de internação. Nem todas as interações são significativas ou indesejadas, podendo ser úteis para aumentar a eficácia ou diminuir a toxicidade das drogas. 13 Prejudiciais ou benéficas? 14 Varfarina + AINE (sem reduzir a dose do anticoagulante) Tetraciclina + Antiácidos (quelação) Diurético + IECA Tipos de interações 15FARMACÊUTICAS Interações Farmacêuticas/Farmacocinéticas INCOMPATIBILIDADES, de caráter físico-químico, que originam a inativação ou a precipitação de fármacos antes de serem administrados ao paciente Reações de óxido-redução - Ex.: Vitamina C + Ferro Reações de Precipitação - Ex.: Tetraciclinas + Cálcio (leite) Fenômenos de adsorção - Ex.: Carvão Ativo Neutralização - Ex.:. Heparina + fármaco básico Turvação e Precipitação - Visíveis antes da administração 16 Interações Farmacocinéticas 17 ANTIÁCIDO X ABSORÇÃO 18 Motilidade Gastrointestinal 19 Fármacos anticolinérgicos (atropina, escopolamina) retardam o esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal e reduzem as secreções digestivas – prejudicam a absorção de fármacos Fármacos que aceleram o esvaziamento gástrico – favorecem a absorção de muitos fármacos (ex.: metoclopramida, bromoprida, domperidona) Absorção afetada 20 Distribuição Fármaco livre no plasma, por ter se deslocado do órgão alvo; Fármacos que se ligam fortemente (> 90 %) às proteínas plasmáticas: Ex.: anticoagulantes orais, fenitoína, estrógenos, glicocorticóides, diazepam, AINEs; A competição entre dois fármacos pela ligação às proteínas plasmáticas resulta em aumento da fração livre de um ou ambos os fármacos - intensificação da resposta farmacológica e/ou tóxica. 21 Distribuição afetada 22 Metabolização O metabolismo de um fármaco pode ser estimulado ou inibido através da terapia concomitante: - Indução enzimática: estimulação de certas isoenzimas do citocromo P- 450 Exemplos: barbitúricos, carbamazepina, fenitoína, rifampicina A indução enzimática não ocorre imediatamente após a tomada do fármaco – são necessários alguns dias para apresentar efeito indutor máximo 23 Metabolização Inibição enzimática: inibição de isoenzimas do citocromo P-450 no fígado Exemplos: cimetidina, antifúngicos imidazólicos, antibióticos macrolídeos (eritromicina, claritromicina), metronidazol A ação inibitória das enzimas hepáticas ocorre logo após a exposição ao fármaco 24 25 Excreção Aumento do fluxo sanguíneo renal Inibição da secreção tubular ativa Alterações na reabsorção tubular Alterações no pH urinário (alcalinização) podem interferir na elimação de fármacos (EX.: AAS e bicarbonato de sódio); Inibição da glicoproteína-P responsável pela excreção ativa de um fármaco nos túbulos renais; 26 Excreção afetada 27 Manejo Prevenção ou resolução pode ser realizado a partir de parâmetros sugeridos pelas bases de dados consultadas, em que se preconiza: ajuste de dose, quando se recomenda a diminuição ou o aumento da dose dos fármacos envolvidos em interações medicamentosas; monitoramento, quando se determinam as concentrações séricas destes fármacos; precaução, onde o uso concomitante de fármacos envolvidos em interações medicamentosas potenciais é feito com cautela; substituição, quando há uma alternativa terapêutica mais segura e eficaz; resposta terapêutica, quando o monitoramento é realizado a partir da resposta farmacológica de um ou mais fármacos; evitar, quando não é recomendado o uso concomitante dos fármacos; horário, quando se recomenda alterar o horário de administração dos medicamentos. 28 Polifarmácia Polifarmácia Definição 1: é o uso de cinco ou mais medicamentos simultaneamente (MASNOON et al., 2017). Definição 2: uso de múltiplos medicamentos ou a administração de mais medicamentos do que foi clinicamente indicado, representando uso desnecessário. Por ex.: paciente que muitos medicamentos, todos com prescrição validada e realmente necessária para as condições, não haveria a ocorrênciade polifarmácia; Por outro lado, o uso de apenas dois medicamentos poderia caracterizar polifarmácia, (uso concomitante de um hipnótico-sedativo com um medicamento para controle de ansiedade) (SIMONSON, 2015). 30 Polifarmácia A polifarmácia é o principal fator relacionado a eventos adversos associados aos medicamentos nos idosos. As RAM e interações medicamentosas (IM) são as consequências mais diretamente relacionadas a este problema (SECOLI, 2010). As interações medicamentosas, a polifarmácia e a automedicação caracterizam o uso irracional de medicamentos, o qual se associa à elevada incidência de RAM, hospitalizações e até óbitos, principalmente entre os idosos (MANSO; BIFFI; GERARDI, 2015). 31 Farmacocinética por faixa etária 32 Criança Adulto Idoso Água total do organismo em relação ao peso Capacidade de metabolismo hepático da droga Critérios de Beers Listas de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) para idosos elaborados por especialistas da American Geriatrics Society que revisam estudos clínicos e pesquisas sobre medicamentos e sua relação com idosos. 1) medicamentos que são potencialmente inapropriados na maioria dos idosos; 2) aqueles que normalmente devem ser evitados em idosos com certas condições; 3) medicamentos para serem usados com cautela; 4) interações medicamentosas; e 5) ajuste da dose de droga com base na função renal. 33 34 Diretrizes de classificação de qualidade da evidência e de força de recomendação da American College of Physicians para os Critérios de Beers 35 https://sbgg.org.br/informativos/23-12-16/4_CONSENSO_BRASILEIRO_DE_MEDICAMENTOS_POTENCIALMENTE_INAPROPRIADO_PARA_IDOSOS.pdf CRITÉRIO RACIONAL EXCEÇÃO Critérios para medicamentos que devem ser evitados em idosos, independentes de condição clínica Gestação 36 Desde 1979 a agência americana FDA adotou classificação de risco na gravidez que é o enquadramento em que os fármacos são categorizados de acordo com o risco de causar dano ao feto durante a gravidez, baseando-se em estudos em animais ou humanos. https://www.whocc.no/filearchive/publications/2021_guidelines_web.pdf 37 Categoria Risco Exemplo A Estudos controlados em mulheres grávidas não demostraram risco para o feto no primeiro trimestre da gravidez. Ácido fólico Levotiroxina B Estudos de reprodução animal não demonstraram risco para o feto e não há estudos adequados e controlados em mulheres grávidas; ou estudos de reprodução animal apresentaram efeitos adversos, mas estudos controlados em mulheres grávidas não apresentaram efeitos adversos ao feto. Amoxicilina Loratadina C Estudos de reprodução animal mostraram um efeito adverso no feto; ou não há estudos de reprodução animal e nem estudos controlados em humanos. Fluconazol Metoprolol Sertralina D Evidência positiva de risco fetal, mas os benefícios podem superar os riscos. Lisinopril Lítio Fenitoína X Evidência positiva de risco fetal, e os riscos superam claramente qualquer benefício. Sinvastatina Varfarina Isotretinoína Categoria de fatores de risco para gravidez Lactantes 38 Em situações em que a nutriz está em processo de terapia farmacológica deve-se equilibrar os benefícios para criança e a mãe contra o risco potencial de exposição ao fármaco para a criança. “Medications and Mother’s Milk” de Hale e Rowe (2014) 39Classificação Categoria de Risco Nível L1 Fármacos seguros ao mais alto nível. Foram administrados em um número grande de nutrizes sem qualquer aumento de efeitos adversos observados no lactente. Nível L2 Fármacos considerados seguros. Foram estudados em número limitado de nutrizes sem aumento de efeitos adversos no lactente. Nível L3 Fármacos moderadamente seguros. Não há estudos controlados em nutrizes e o risco de efeitos adversos no lactente é possível. Estes fármacos devem ser administrados somente se o benefício justificar o risco potencial para o lactente. Nível L4 Fármacos possivelmente perigosos. Há evidência positiva de risco para o lactente ou na produção de leite materno. No entanto, os benefícios do uso destes fármacos podem ser admissíveis apesar do risco para o lactente, em situações em que o fármaco é necessário como em casos de risco de vida ou doença grave. Nível L5 Fármacos que possuem um elevado risco de causar danos significativos no lactente. Uso contraindicado em nutrizes. Classificação: Medications and Mother’s Milk de Hale e Rowe (2014) Cuidado para lactantes 40 https://www.scielosp.org/pdf/csc/2019.v24n2/573-587/pt Obrigado!
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