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6ºAula Formalismo integral para volume de controle Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender o formalismo integral para um volume de controle; • aprender sobre a aplicação do teorema do transporte de Reynolds. Nesta aula, estudaremos o formalismo diferencial para uma partícula fluida, obtendo as equações gerais, as equações de Navier-Stokes e faremos aplicação dessas equações em alguns problemas. Bons estudos! 42Fenômenos de transportes 1 – Equação Básica para Volume de Controle 2 – Aplicações em problemas 1 - Introdução às equações de Navier- Stokes O foco no presente estudo serão os elementos infi nitesimais ou a análise de ponto em um campo de escoamento. Propriedades como a conservação de massa serão explanadas nesse intuito, aplicando volume de controle retangulares e cilíndricas. Infi nitesimal, e neste estendendo sobre os campos defi nidos em coordenadas espaciais em relação ao tempo, denotando cada propriedade em diferenciais parciais. Então, no momento defi niremos os casos mais comuns, em coordenadas. Figura 6.1 - Representação gráfi ca de coordenadas retangulares em um elemento infi nitesimal com suas respectivas direções u, v e w. Fonte: Elaborado pelo autor. Em coordenadas retangulares de elementos infi nitesimal, admite-se a existência de um cubo na mesma proporção, com lados e , de velocidade em cada componente denotada por e . Assim: Para generalizar a massa específi ca no ponto de executa-se a Série de Taylor para o centro do cubo: Essa é a massa específi ca para uma das superfícies, e por se tratar de uma propriedade em particular em uma superfície também particular, as derivadas originais da Série de Taylor são substituídas por derivadas parciais. Quanto mais termos são somados à Série, maior é a precisão do resultado, para uma precisão razoável os dois Seções de estudo primeiros termos podem ser considerados. Essas ponderações aplicadas conjuntamente a componente de velocidade no eixo : E: Em todas as superfícies podemos ditar o fl uxo pela superfície de controle sabendo as velocidades e as massas específi cas, além do elemento de área da superfície representada pelas diferenciais laterais do cubo . Na esquerda de : Na direita de : Na superfície inferior: Na superfície superior: Na superfície posterior: Na superfície frontal: Somando todas as superfícies, para encontrar o fl uxo total pela superfície de controle, cancelando os termos de acordo com a convenção de sinais do vetor de : 43 Em diferenciais parciais ou diferenciais de variáveis múltiplas, as diferenciais da função de variáveis são a soma das diferenciais de cada variável com as restantes constantes. Portanto: Segundo a Lei da Conservação de Massa, a somatória da massa contida no volume de controle e a quantidade no fluxo pela superfície de controle têm de ser zero. Como já foi obtido a quantidade de massa fluida, resta a contida, esta por sua vez, é o produto entre a massa específica (massa por unidade de volume) e o volume , cancelando os respectivos, e restando a própria massa (tal método é apenas uma forma de denotar diferencialmente). Desse modo: E: A área pode ser expressa por um operador vetorial, expressando em vetores unitários cada variação infinitesimal no eixo, onde o módulo fornece o valor “real” da área. No caso, não visualizados os vetores unitários, onde a direção está implícita pelas velocidades e . Logo, visualizado através do operador vetorial gradiente: E: Na situação de um escoamento permanente: E no incompressível: Fica assim, deduzida a conservação de massa em um sistema de coordenadas retangulares. Coordenadas Cilíndricas O sistema cilíndrico é distinto, mas completamente análogo ao sistema retangular. As alterações pertinentes constam nas direções. O representa o comprimento até o centro da superfície , o representa o ângulo formado pelo eixo central do semicírculo plano das superfícies circulares do objeto cilíndrico com o eixo e , o perfil das linhas de projeção da superfície lateral do cilindro no plano horizontal. De modo mais repentino, o fluxo de massa é dado pela equação abaixo, encontrada pelo mesmo método anterior, pela determinação dos primeiros termos da Série de Taylor para a velocidade e a massa específica, aplicando-os posteriormente na equação para o fluxo pela superfície de controle. Figura 6.2 - Coordenadas cilíndricas. Fonte: Elaborado pelo autor. Como o volume é , a massa no volume de controle é (o tempo denota o fluxo da mesma contida no volume): Aceleração Adquirida por uma Partícula Da base de estudo da Mecânica dos Fluidos, a ideia de campo de velocidade é deduzida e empregada diversas vezes ao longo do avanço quase pragmático de novas aplicações e considerações internas e externas de (em geral na dinâmica) escoamentos. Neste instante, formulações matemáticas serão propostas com intuito de adquirir velocidade e aceleração partindo do pressuposto indivisível, partícula em diferenciais no espaço tridimensional. O campo de velocidade apropriado ao deslocamento de uma partícula é descrito na forma vetorial, em função das coordenadas espaciais e do tempo, mas deslocando-se , e , no intervalo de tempo Figura 6.3- Movimento de uma partícula nos instantes e num campo de escoamento Fonte: Elaborado pelo autor. 44Fenômenos de transportes Isto posto, segue-se: Adotando-se um referencial para o deslocamento, como o centro dos eixos coordenados, em um certo instante , chamado de , e em , chamado de , a velocidade nas mesmas dimensões de deslocamento é a diferencial da própria. Para tanto, constando mais de uma variável na função em tratamento, é necessário diferenciar parcialmente o segundo membro. Nessa situação: A aceleração é obtida pelo simples quociente incorporado na equação, resultando na velocidade em cada componente. Veja: Para meio contínuo, a partícula recebe denotação experimental. Portanto, além de expressar uma derivada material, também pode signifi car uma generalização do deslocamento da própria. Tal notação é a seguinte: Nesse caso, tanto para um escoamento permanente, quanto para um não permanente, a dedução da derivada material é válida, para a qual, no último caso, são representadas as alterações de velocidade no campo através de , a aceleração local (diferente do espaço anterior, defi nida coordenadas espaciais de aceleração). Resumidamente, a diferenciação parcial para vetores não direcionados perpendicularmente aos eixos, são expressos por meio da decomposição de cada variável (com as restantes constantes) para cada um dos eixos, porém, há outro método de expressar a chamada aceleração convectiva, isto é, a aceleração de componentes de velocidade e , sendo por meio do produto escalar da própria função (velocidade) com o operador vetorial gradiente, responsável somente pela variação diferencial em cada eixo, tudo multiplicado pelo vetor que demonstra o sentido da tangente do campo de escoamento, participando da relação, a inclinação da tangente por meio do produto escalar. Logo, o operador vetorial gradiente, é um modo de observação mais rápido da velocidade tangente às linhas de corrente por meio de uma projeção e a adoção de vetor unitário. Expressando essa ideia matematicamente, com a velocidade em seu módulo e sentido, o unitário torna-se a mesma função . Partindo do pressuposto e relembrando a propriedade escalar do operador vetorial gradiente: Temos a aceleração convectiva (aceleração relacionada ao movimento em três dimensões, sem mudanças locais de velocidade) escrita como: Logo: Respectivamente estão dispostas as equações particularizadas para um escoamento bidimensional , unidimensional e permanente em três dimensões de : A presente formulação é decomposta em componentes, onde cada um pode ser expresso separadamente, isto é, os escalares. Basta adotar a velocidade correspondente à direção e a diferenciarem cada eixo e na aceleração local. Abaixo, está descrita a formulação anterior: E com a aplicação da diferenciação de diversas variáveis independentes para cada componente escalar, tendo e por diferenciais de cada eixo, a aceleração do ponto no eixo é a diferenciação das velocidades e em relação a cada eixo: 45 A obtenção das equações para coordenadas cilíndricas são equivalentes, de demonstração distinta em termos de velocidade, não sendo necessária uma dedução desde o início. Suas equações enquadram em coordenadas polares de constante e variação e . Portanto, realizando trocas nas Equações em variáveis cilíndricas: Essa foi a descrição através do método Euleriano, mostrando a aceleração para qualquer ponto. Na descrição Lagrangeana, a partícula no espaço e seu deslocamento são descritos em relação ao tempo. Dedução das equações de Navier-Stokes: Suposições básicas foram adotadas desde o início como, por exemplo, o fluido não conter vazios, bolhas, ou partículas excedentes (além das fluídicas), suas propriedades serem diferenciáveis e contínuas. Esta última condição inclusive (em aplicações tridimensionais), juntamente ao possível resultado infinito, foi em maio de 2000, discussão de prêmio de valor 1.000.000 U$ pelo Instituto de matemática Clay. Além destas, há outras condições que na realidade tratam- se de simplificações, este é o caso da análise em diferenciais lineares, transformada a resolução de uma situação não real, proximamente certa e menos complexa. Influenciando nesse quesito também, é claro, o caso de um regime turbulento, identificado pelo número de Reynolds. As aplicações das Equações a serem discutidas são diversas em importantes campos da ciência, como na observação do fenômeno do El Niño, fluxos da água, movimento das estrelas, propagação da fumaça, ou mais aplicadas à Engenharia, como o projeto de usinas, construções havendo interação suficientemente complexas com fluidos, estudos na magnetodinâmica, além de várias outras aplicações, onde podem ser tão fundamentais como as Equações de Maxwell. A Equação de Cauchy não é suficiente para solucionar grande parte dos problemas, isso porque a quantidade de incógnitas é superior à quantidade de equações disponíveis até o momento. Têm-se como incógnitas as tensões viscosas e, a velocidade em cada uma de suas componentes, além da massa específica. Então, o primeiro passo adiante na dedução da Equação de Navier-Stokes é a dedução das denominadas equações constitutivas, as responsáveis pela validade no que se refere à resolução da equação de várias incógnitas, e por sua vez, irá propiciar o tensor tensão em termos calculáveis. Para fluido em repouso as únicas forças atuantes é a pressão hidrostática em cada face do elemento agindo do meio externo para o interno. Assim sendo, a pressão hidrostática terá sendo negativo em cada eixo coordenado (Figura 6.4). Figura 6.4 – Num fluido em repouso a única tensão é a pressão hidrostática, perpendicular as superfícies e do sentido externo para o interno. Fonte: Elaborado pelo autor. Matricialmente as tensões no elemento de fluido são formadas pelas tensões de pressão e pelas tensões viscosas. Em um fluido estático, há somente tensões de pressão negativa, mas no elemento fluido em movimento, existem também as tensões cisalhantes e as tensões normais. E desse modo, determina-se a matriz: Dependendo da massa especifica ser constante ou variável, por consequência das Leis Termodinâmicas, classifica-se como pressão mecânica ou como pressão termodinâmica. Para constante, tem-se a pressão mecânica como a média das tensões de pressão, veja: É de importância relatar, toda via, que a pressão mecânica não é igual a pressão termodinâmica. A dedução em sua totalidade será centrada, neste instante, em fluidos newtonianos, nos quais a tensão de cisalhamento é proporcional à taxa de deformação de cisalhamento, ao contrário dos fluidos não newtonianos, como soluções de polímero, sangue, pasta, etc. Há também, outros fluidos como os pseudoclássicos, os plásticos (plástico de Bingham), em que 46Fenômenos de transportes as relações entre taxa de deformação e tensão de cisalhamento variam (pasta de dente, cremes, areia movediça, são alguns exemplos). Várias são as variáveis, inclusive a variável até então desconhecida , e necessário identifi cá-las. Se considerar um fl uido newtoniano, será preciso basicamente aplicar a Lei de Newton da Viscosidade, tanto para as tensões cisalhantes como para as tensões normais e estas formam o tensor tensão, dividido na parte estática e na parte dinâmica. Primeiramente, é mais conveniente tratar o tensor tensão por , a título de diferenciação das demais simbologias. E consequentemente: Com , designando a hidrostática e a hidrodinâmica. Isto feito, a função torna-se mais simplifi cada visualmente, idem a aplicação da matriz identidade negativa de . Resultando em: A taxa de deformação linear, volumétrica, de cisalhamento, as tensões dinâmicas são descritas por na equação: Nesta, é a deformação volumétrica e é a taxa de deformação em função da velocidade e suas variações no espaço. Combinando à Equação 4-58 são dadas estas variações: Em e , conhecendo-se a velocidade em todas as direções, tem-se em diferenciais parciais: Sob condições específi cas de compressibilidade e temperatura, em um escoamento incompressível e isotérmico, por exemplo, podem ser consideradas constantes a viscosidade dinâmica . Não é necessário incorporar diferencial de energia, e num fl uido estável, a deformação volumétrica é nula. Portanto, para somente as tensões normais, o termo das Equações anteriores é algebricamente desconsiderado. Desse modo: Se concebermos : Se apropriando de todas as componentes da equação acima e substituindo em cada componente da Equação de Cauchy representada já prontamente no tópico de dedução através da Segunda Lei de Newton e a escrevendo de modo simplifi cado, por meio da aplicação do Operador Laplaciano, obtêm-se fi nalmente as Equações de Navier-Stokes. Dessa maneira: Adicionando-se o diferencial em relação à pressão estática, pois acima temos apenas as tensões do elemento de fl uido em movimento: Realizando a reposição das equações de tensões (primeiramente em ): 47 Posicionando em evidência a diferenciação de velocidade para a equação da continuidade, possível através da propriedade da classe de funções suaves, na qual diz a função ser diferenciável em todas as ordens, a ordem de derivação não importa, resultamos na equação: Para a Equação da Continuidade em seu termo variável de velocidade identificada no terceiro termo do lado esquerdo da equação acima, o seu valor é nulo, de acordo com o princípio básico de escoamento incompressíveis (previsto na dedução) e é verificado também o termo do operador Laplaciano, sendo basicamente um operador vetorial gradiente ao quadrado. Logo: De : Assim, para as componentes restantes: Ou de forma geral: Essa é a Equação de Navier-Stokes. Nome em homenagem ao engenheiro francês Louis Marie Henri Navier (1785-1836) e ao matemático inglês Sir George Gabriel Stokes (1819-1903), pois ambos a desenvolveram. É preciso ainda solucioná-la (há quatro incógnitas), o que fez muitos pesquisadores dedicarem as suas carreiras a resolver uma equação de gigantesca importância na mecânica dos fluidos. As equações de Navier-Stokes em coordenadas cilíndricas As componentes e são velocidades nas coordenadas cartesianas. Para expressar toda a Equação de Stokes desse modo, simplesmente substitui-se as referidas componentes em para e . Para as respectivas e a equação da continuidade incompressível: Figura 6.5 – Coordenadas Cilíndricas. Fonte: Elaborado pelo autor. Com o intuito de obter a velocidade do ponto (Figura 6.5) em , admite-se o deslocamento espacial em cada direção, de acordo o ângulo , obtendo e , sendo a distância do ponto aos eixos. Em termos da equaçãoda continuidade, há vários modos de obtê-la, uma delas é transformando os elementos cartesianos por equações obtidas pela Figura 6.5. E estas equações são: Cambiando as equações acima em relação às deduções das equações cartesianas da continuidade, são justapostos os termos de velocidade nos eixos, relativos às coordenadas acopladas no plano cilíndrico, é suficiente realizar as operações de acordo a Figura 6.5. Assim, estas são as equações da continuidade em coordenadas cilíndricas (demonstradas inicialmente): Faz-se então no momento a necessidade de aplicar o laplaciano vetorial em coordenadas cilíndricas, onde um operador designa a aplicação do laplaciano em cada componente. Utilizando o rotacional, ou seja, o produto 48Fenômenos de transportes vetorial do laplaciano com as componentes. E, o diferencial de velocidade em relação ao tempo (aceleração da partícula,) é denotado também nas coordenadas cilíndricas. 2 - Aplicações em problemas Problema - Escoamento Laminar e Permanente Entre Placas Paralelas No deslocamento de uma partícula, na direção paralela às placas, o movimento ocorre apenas em . Sendo permanente . Na condição de incompressível, a variação da massa é nula, por isso o lado esquerdo da equação de Navier-Stokes é nula e, para viscosidade, há o coefi ciente e o diferencial em relação ao eixo coordenado no plano. Dito isto: Em : Em : Integrando a Equação: Onde em consta uma variável de pressão dada uma altura. Integrando a Equação: Integrando uma segunda vez: Da condição de não escorregamento, e , têm-se as condições de contorno: Substituindo na Equação: Este é o perfi l da parábola do campo de velocidade. E a vazão entre as placas é a integral de limite nas alturas e . Veja: O negativo acima decorre da queda de pressão ao longo do escoamento, por suas tendências dissipativas. Sem os termos diferenciais da expressão acima, a equação se torna: Substituindo a vazão da velocidade média do escoamento por , onde é a distância vertical: De: Tem-se em , ponto central em um volume de raio , a velocidade máxima, devido a sofrer menos variações de fl uxo nesse ponto em relação a pontos mais próximos da parede. Logo, a Equação 4-94: Com essa solução analítica da equação de Navier- Stokes, relativamente simples, é possível num escoamento laminar, calcular a vazão em volume, o perfi l de velocidade, a velocidade média do escoamento ou a pressão no fl uido, partindo de um ponto de referência e da pressão nesse ponto. Retomando a aula 1 – Introdução às equações de Navier-Stokes O formalismo diferencial para análise de uma partícula fl uida, obtém as equações de Navier-Stokes que são as equações mais gerais sobre a dinâmica de fl uidos, são de extrema relevância para o desenvolvimento da mecânica de fl uidos. 2 – Aplicações em problemas Foram apresentadas aplicações do formalismo diferencial, aplicação das equações de Navier-Stokes em problema de escoamento. 49 Artigo- https://periodicos.furg.br/vetor/article/ view/6143. Vale a pena acessar Equação de Navier-Stokes. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=FLoZODPpayM. Vale a pena assistir Minhas anotações