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Info-754-STF

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Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: RE 
717424/AL; MS 32491/DF. 
 
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em 
peculiaridades do caso concreto: RE 564413 ED/SC; Inq 3719/DF. 
 
 
ÍNDICE 
 
Direito Constitucional 
 Lei que imponha deveres aos servidores públicos deve ser de iniciativa do chefe do Executivo. 
 É de iniciativa privativa do Governador do Estado a proposição legislativa que trate sobre o Conselho Estadual de 
Educação. 
 Lei estadual não pode impor prazos para as empresas de planos de saúde. 
 Constitucionalidade de lei estadual que preveja a inclusão do tipo sanguíneo na carteira de identidade. 
 
Direito Administrativo 
 Desnecessidade de intimação pessoal do julgamento pelo TCU. 
 
Direito Penal 
 Manifestação homofóbica é conduta atípica. 
 
Direito Processual Penal 
 Renúncia ao mandato de réu com foro por prerrogativa de função. 
 Direito de permanecer calado e confissão feita por pessoa convocada para ser testemunha. 
 Não é possível a execução provisória da pena. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Lei que imponha deveres aos servidores públicos deve ser de iniciativa do chefe do Executivo 
 
É INCONSTITUCIONAL lei estadual, de iniciativa parlamentar, que imponha obrigação ao 
Procurador do Estado de ajuizar ação regressiva contra o servidor causador do dano. Isso 
porque compete ao Governador do Estado a iniciativa de lei que trate sobre direitos e deveres 
dos servidores públicos. Aplica-se ao processo legislativo estadual, por força do princípio da 
simetria, a regra prevista no art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 3564/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação: 
No Paraná, foi editada uma lei de iniciativa de um Deputado determinando que, quando a Administração 
Pública fosse condenada por ato praticado por servidor público, o Procurador do Estado deveria, no prazo 
de até 90 dias, ajuizar uma ação regressiva contra esse agente causador do dano. A Lei previa que, se não 
fosse ajuizada a ação, o Procurador do Estado deveria ser multado. 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
Do ponto de vista formal, essa Lei é constitucional? 
NÃO. O STF decidiu que a referida lei é formalmente INCONSTITUCIONAL, uma vez que compete ao Chefe 
do Poder Executivo estadual a iniciativa de lei que trate sobre direitos e deveres dos servidores públicos. 
Isso porque, no âmbito estadual, deve-se aplicar, por simetria, a regra prevista no art. 61, § 1º, II, “c”, da 
CF/88: 
Art. 61. (...) 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
II - disponham sobre: 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e 
aposentadoria; 
 
As regras de processo legislativo previstas na CF/88 são normas de reprodução obrigatória pelos Estados-
membros. 
 
Logo, há um vício de iniciativa. O Governador do Estado é a autoridade competente para iniciar o processo 
legislativo de lei que crie obrigações funcionais aos Procuradores do Estado. O legislador estadual não 
pode dispor sobre as matérias reservadas à iniciativa privativa do Chefe do Executivo. 
 
Obs: o STF não adentrou no exame da constitucionalidade material da lei, ou seja, se essa imposição 
poderia ou não ser feita aos Procuradores do Estado. 
 
 
 
É de iniciativa privativa do Governador do Estado a proposição legislativa que trate sobre o 
Conselho Estadual de Educação 
 
É INCONSTITUCIONAL emenda à Constituição estadual, de iniciativa parlamentar, que 
disponha sobre o Conselho Estadual de Educação. Isso porque compete ao Governador do 
Estado a iniciativa de lei ou emenda constitucional que trate sobre a organização dos órgãos 
públicos, dentre os quais se inclui o referido Conselho. Aplica-se ao processo legislativo 
estadual, por força do princípio da simetria, a regra prevista no art. 61, § 1º, II, “e”, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 2654/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Em Alagoas, foi editada, a partir de iniciativa parlamentar, uma emenda à Constituição estadual dispondo 
sobre o Conselho Estadual de Educação. 
 
Do ponto de vista formal, essa Lei é constitucional? 
NÃO. O STF decidiu que compete ao Chefe do Poder Executivo (Governador) a iniciativa privativa das leis 
que disponham sobre a organização e a estruturação de Conselho Estadual de Educação, órgão integrante 
da Administração Pública. Isso porque, no âmbito estadual, deve-se aplicar, por simetria, a regra prevista 
no art. 61, § 1º, II, “e”, da CF/88: 
Art. 61. (...) 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
II - disponham sobre: 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; 
 
As regras de processo legislativo previstas na CF/88 são normas de reprodução obrigatória pelos Estados-
membros. 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
Logo, há um vício de iniciativa. O Governador do Estado é a autoridade competente para iniciar o processo 
legislativo de lei que disponha sobre a estrutura e organização dos órgãos públicos, dentre os quais se 
inclui o Conselho Estadual de Educação. 
 
Essas regras sobre a iniciativa devem ser respeitadas mesmo quando se trate de emenda constitucional. 
 
 
 
Lei estadual não pode impor prazos para as empresas de planos de saúde 
 
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prazos máximos para que as empresas de planos 
de saúde autorizem exames médicos aos usuários. Isso porque trata-se de lei que dispõe sobre 
direito civil, direito comercial e política de seguros, matérias que são de competência da União 
(art. 22, I e VII, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 4701/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 13/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Em Pernambuco, foi editada uma lei prevendo prazos máximos para que as empresas de planos de saúde 
autorizassem exames médicos que necessitassem de análise prévia. Ex: a lei estabelecia que, quando o 
paciente fosse idoso, o exame deveria ser autorizado em até 24 horas. 
 
Essa Lei é constitucional? 
NÃO. A referida Lei é INCONSTITUCIONAL em razão de dispor sobre direito civil, direito comercial e política 
de seguros, matérias que são de competência da União, nos termos do art. 22, I e VII, da CF/88: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do 
trabalho; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; 
 
Para o STF, essa lei estadual, por mais que tenha também uma finalidade de proteger o consumidor, o que 
é de competência concorrente (art. 24, V e VIII), acaba impondo normas a serem observadas na relação 
contratual com os planos de saúde, matéria que é de competência da União. 
 
 
 
Constitucionalidade de lei estadual que preveja 
a inclusão do tipo sanguíneo na carteira de identidade 
 
É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja que, no momento da emissão da carteira de 
identidade, o órgão estadual deverá incluir no referido documento o tipo sanguíneo da pessoa, 
se ela assim solicitar. 
STF. Plenário. ADI 4007/SP e ADI 4343/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 13/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Em São Paulo, foi editada uma lei estadual prevendo que, no momento da emissão da carteira de 
identidade, se o interessado solicitar, o órgão estadual deverá incluir no referido documento o tipo 
sanguíneo da pessoa. 
No Estado de Santa Catarina, alguns anos depois, foi aprovada uma lei com idêntico teor.Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
ADI 
Tais Leis foram questionadas no STF sob o argumento de vício formal, uma vez que usurpariam 
competência privativa da União para legislar sobre o direito civil e sobre os registros públicos (art. 22, 
incisos I e XXV, da CF/88). 
 
As ações foram julgadas procedentes? Tais leis são inconstitucionais? 
NÃO. As referidas leis foram julgadas constitucionais. 
 
A Min. Relatora Rosa Weber concordou que a natureza jurídica da “cédula de identidade” é a de registro 
público. Logo, compete à União legislar sobre seus requisitos, forma, emissão etc, nos termos do art. 22, 
XXV, da CF/88: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
XXV - registros públicos; 
 
Existem duas leis editadas pelo Congresso Nacional e que tratam sobre a carteira de identidade: Lei n. 
7.116/83 e Lei n. 9.049/95. 
 
Logo, em princípio, poderia se considerar que a lei estadual, ao tratar sobre o tema, teria invadido a 
competência federal. Ocorre que essas duas Leis estaduais (SP e SC) se limitaram a repetir, com outras 
palavras, o que já está previsto no art. 2º da Lei Federal n. 9.049/95. Confira: 
Art. 2º Poderão, também, ser incluídas na Cédula de Identidade, a pedido do titular, informações sucintas 
sobre o tipo sanguíneo, a disposição de doar órgãos em caso de morte e condições particulares de saúde 
cuja divulgação possa contribuir para preservar a saúde ou salvar a vida do titular. 
 
Assim, as leis estaduais, ao determinarem que o órgão estadual responsável pela emissão da carteira de 
identidade deve incluir no documento, quando solicitado pelo interessado, o registro do seu tipo 
sanguíneo e fator Rh, estão em conformidade com o regramento imposto pela União na Lei n. 9.049/95. 
 
Além disso, a Min. Relatora entendeu que as mencionadas leis estaduais tratam sobre obrigações e 
deveres dos órgãos estaduais, já que são eles os responsáveis pela emissão das carteiras de identidade. 
Dessa forma, as leis impugnadas não violaram a lei federal, mas apenas reforçaram um dever que os 
órgãos estaduais possuem de registrar o tipo sanguíneo e fator Rh nas carteiras de identidade, sempre que 
solicitado pelo interessado. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Desnecessidade de intimação pessoal do julgamento pelo TCU 
 
Nos processos que tramitam no TCU não é necessária a intimação pessoal da data em que será 
realizada a sessão de julgamento, bastando que essa informação seja publicada em veículo de 
comunicação oficial (imprensa oficial). 
STF. 2ª Turma. MS 28644/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 12/8/2014 (Info 752). 
 
Tomada de contas especial 
A Tomada de Contas Especial (TCE) é um processo administrativo realizado com o objetivo de apurar a 
responsabilidade pela ocorrência de dano à administração pública e de obter o respectivo ressarcimento 
(art. 3º da Instrução Normativa TCU 56/2007). 
A TCE somente deverá ser instaurada após terem se esgotado todas as medidas administrativas de 
competência do órgão ou entidade, e não obtido o devido ressarcimento ou saneamento da irregularidade. 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
 
A tomada de contas especial é realizada integralmente no Tribunal de Contas da União? 
NÃO. A TCE inicia-se com uma fase interna, que é realizada no âmbito do órgão ou da entidade onde 
ocorreu o dano à administração, assim como no âmbito do Controle Interno. 
Somente após a tramitação interna, com a constatação de que houve irregularidade nas contas, o 
processo é remetido para julgamento no Tribunal de Contas da União. 
A chamada fase externa da TCE inicia-se com a entrada do processo no Tribunal de Contas da União, que 
praticará atos de instrução e julgamento, determinando, se for o caso, a reparação do dano e a punição 
dos responsáveis. Serão observados o contraditório e a ampla defesa na TCE. 
Ao final da TCE, o TCU poderá proferir três espécies de acórdão no que se refere à conta analisada: 
 Regular; 
 Regular com ressalvas; ou 
 Irregular. 
 
Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situação adaptada em relação ao caso concreto: 
O TCU, em um processo de TCE, julgou as contas irregulares e condenou determinado agente público ao 
pagamento de multa. 
O advogado do agente público, que fazia a a defesa no processo administrativo, impetrou mandado de 
segurança contra o acórdão do TCU alegando que ele (causídico) não foi intimado pessoalmente do dia em 
que seria realizada a sessão de julgamento. Argumentou que isso prejudicou seu cliente, uma vez que ele 
iria fazer sustentação oral. 
 
O STF concordou com o impetrante? 
NÃO. O STF entende que é desnecessária a intimação pessoal da data em que será realizada a sessão de 
julgamento pelo TCU, bastando que essa informação seja publicada em veículo de comunicação oficial 
(diário oficial). Nesse sentido: 
(...) Não se faz necessária a notificação prévia e pessoal da data em que será realizada a sessão de 
julgamento de recurso de reconsideração pelo Tribunal de Contas da União. Ausência de ofensa aos 
princípios da ampla defesa e do devido processo legal quando a pauta de julgamentos é publicada no 
Diário Oficial da União. (...) 
STF. Plenário. MS 26732 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/06/2008. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Manifestação homofóbica é conduta ATÍPICA 
 
Importante!!! 
Proferir manifestação de natureza discriminatória em relação aos homossexuais NÃO 
configura o crime do art. 20 da Lei n. 7.716/86, sendo conduta atípica. 
STF. 1ª Turma. Inq 3590/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Determinado Deputado Federal publicou no Twitter que “a podridão dos sentimentos homoafetivos leva 
ao ódio, ao crime, à rejeição”. 
Diante disso, o Procurador Geral da República ofereceu denúncia no STF contra o parlamentar, afirmando 
que ele praticou manifestação de natureza discriminatória em relação aos homossexuais, o que 
caracterizaria o crime previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89: 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência nacional. 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
 
Segundo a tese defendida pelo MP, é possível aplicar a Lei n. 7.716/1989 (Lei de Racismo) para todas as 
formas de homofobia e transfobia, porque tal pedido repousa na técnica de interpretação conforme a 
Constituição, em que o STF poderá adotar decisão de perfil aditivo a partir da legislação existente. 
De acordo com a denúncia, a frase do Deputado no Twitter “revela o induzimento à discriminação dos 
homossexuais em razão de sua orientação sexual”. 
 
O STF aceitou a denúncia? 
NÃO. A 1ª Turma do STF rejeitou a denúncia entendendo que a conduta do Deputado foi atípica. 
 
O art. 20 da Lei n. 7.716/89 pune a discriminação ou o preconceito incidentes sobre a raça, a cor, a etnia, 
a religião ou a procedência nacional, “não contemplando a discriminação decorrente da opção sexual do 
cidadão ou da cidadã”. Assim, esse dispositivo, como toda norma penal incriminadora, possui rol exaustivo 
de condutas tipificadas, cuja lista não contempla a discriminação decorrente de opção sexual. 
 
Nesse sentido, os Ministros entenderam que, por mais que fosse reprovável a postura do Parlamentar, sua 
conduta não poderia ser classificada como crime, diante da ausência de lei tipificando. 
Aplica-se, ao caso, o art. 5º, XXXIX, da CF/88: 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
O Min. Roberto Barroso consignou que o comentário do parlamentar teria sido preconceituoso, de mau 
gosto e extremamente infeliz. Aduziu, entretanto, que a liberdade de expressão não existiria para proteger 
apenas aquilo que fosse humanista, de bom gosto ou inspirado. Ressaltou que seria razoável quehouvesse 
uma lei tipificando condutas que envolvessem manifestações de ódio (“hate speech”) e que isso atenderia 
o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Apesar disso, essa lei ainda não existe, 
havendo projeto nesse sentido em discussão no Congresso Nacional. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Renúncia ao mandato de réu com foro por prerrogativa de função 
 
Tema ainda polêmico! 
Determinado Senador respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do cargo 
que ocupava (art. 102, I, “b”, da CF/88). 
Antes de terminarem os atos de instrução, o réu renunciou ao seu mandato. 
A 1ª Turma do STF decidiu, neste caso concreto, declinar a competência e remeter o processo 
para que o juízo de 1º grau faça o julgamento da ação penal. 
Limite temporal para que a renúncia produza efeitos no processo: segundo posição defendida 
pelos Ministros Roberto Barroso e Rosa Weber, nas ações penais originárias do STF, se o 
parlamentar renunciar ao mandato após o encerramento da instrução, a competência para o 
processo e julgamento da ação penal continua sendo do STF (essa renúncia não gerará o efeito 
de cessar a competência do Supremo para julgar o processo). 
STF. Plenário. AP 606 QO/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/7/2014 (Info 754). 
 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
O caso julgado pelo STF foi o seguinte: 
Clésio Andrade (PR/MG) era Senador e respondia a uma ação penal que tramitava no STF em virtude do 
cargo que ocupava (art. 102, I, “b”, da CF/88). 
Antes de terminarem os atos de instrução, o réu renunciou ao seu mandato de Senador, informando essa 
situação ao Tribunal. 
 
Se o parlamentar federal (Deputado ou Senador) está respondendo a uma ação penal no STF e renuncia 
ao cargo antes de ser julgado, cessa o foro por prerrogativa de função e o processo deverá ser remetido 
para julgamento em 1ª instância? 
Regra geral: SIM (regra da atualidade) 
O foro privativo é uma prerrogativa do cargo ocupado (e não da pessoa física). 
Assim, deixando de exercer o cargo de Deputado Federal ou de Senador, em regra, não há mais motivo 
para que ele continue a ser julgado pelo STF. 
A isso Alexandre de Moraes chama de “regra da atualidade”, ou seja, tratando-se de crime comum 
praticado por detentores de foro privativo no STF, a competência será desta Corte somente enquanto 
durar o cargo ou mandato. 
 
Exceção 1: se o julgamento já havia sido iniciado. 
 
Imagine que, iniciado o julgamento de autoridade com foro privativo, o Ministro Relator proferiu seu voto. 
Outro Ministro, no entanto, formula pedido de vista, suspendendo o julgamento. Antes que ele seja 
retomado, o réu deixa o cargo que ocupava. Nesse caso, o STF permanece sendo competente porque o 
julgamento é ato unitário, que se desdobra fisicamente. Em outras palavras, a partir do momento em que 
foi aberta a sessão e prolatado o voto, a renúncia ao cargo ou o fim do mandato eletivo não terão mais 
influência na competência que foi firmada no momento em que se iniciou o julgamento. Nesse sentido: 
(...) Uma vez iniciado o julgamento de Parlamentar nesta Suprema Corte, a superveniência do término do 
mandato eletivo não desloca a competência para outra instância. (...) 
STF. Plenário. Inq 2295, Rel. p/ Acórdão Min. Menezes Direito julgado em 23/10/2008. 
 
Exceção 2: se a renúncia caracterizou-se como fraude processual. 
 
Em um caso concreto, o Deputado Federal Natan Donadon renunciou ao mandato um dia antes da data 
que estava marcada para seu julgamento. O STF entendeu que o objetivo dessa renúncia foi o de escapar 
do julgamento pelo STF, o que caracterizou fraude processual e abuso de direito. Em razão disso, a Corte 
reconheceu que continuava sendo competente para julgá-lo, tendo proferido acórdão condenatório. Veja 
trechos da ementa: 
(...) Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para 
deslocamento de competências constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha 
pessoal. Impossibilidade de ser aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à 
absolvição ou à condenação e, neste caso, à definição de penas. 2. No caso, a renúncia do mandato foi 
apresentada à Casa Legislativa em 27 de outubro de 2010, véspera do julgamento da presente ação penal 
pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente incompatíveis com os princípios e as regras 
constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência deste Supremo Tribunal. (...) 
STF. Plenário. AP 396/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/10/2010. 
 
Resumindo: 
 Como regra, o Deputado ou Senador que deixa o cargo não mais continua sendo julgado pelo STF. 
 Exceção 1: o STF continuará sendo competente se o julgamento já havia sido iniciado. 
 Exceção 2: o STF continuará sendo competente se a renúncia caracterizou-se como fraude processual. 
 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Voltando ao caso concreto. O STF continuou sendo competente para julgar o ex-Senador Clésio 
Andrade? 
NÃO. A 1ª Turma do STF decidiu que cessou sua competência para julgar o réu. Como consequência, 
determinou a remessa do feito ao juízo de 1º grau. 
A situação dos autos era diferente do precedente firmado na AP 396/RO (exceção 2). Naquele caso, o 
processo já estaria instruído e pronto para ser julgado, o que não seria a hipótese do processo de Clésio 
Andrade, em que ainda faltavam atos de instrução a serem praticados. 
 
Fixação de um limite temporal para que a renúncia produza efeitos no processo 
O Min. Relator Roberto Barroso afirmou que, diante de inúmeros casos semelhantes a esse, o STF deveria 
estabelecer um limite de tempo a partir do qual o réu/Parlamentar, mesmo que renunciasse, continuaria a 
ser julgado pelo Supremo. 
Os Ministros Roberto Barroso e Rosa Weber defenderam que esse limite deveria ser o fim da instrução. 
Veja o que disse o Min. Barroso: 
“O critério seria: após o final da instrução, a renúncia não desloca mais a competência. Como, neste caso, 
a renúncia foi anterior ao final da instrução, declina-se a competência. Entendo que se a renúncia se 
verificar posteriormente, nós continuaríamos a exercer a jurisdição”. 
 
O Min. Marco Aurélio, embora tenham acompanhado o Min. Relator na decisão de remeter os autos para 
serem julgados em 1ª instância, apresentou fundamentação diferente e não aderiu ao critério objetivo 
proposto. Desse modo, o tema permanece ainda polêmico, até porque o presente julgamento foi 
proferido não pelo Plenário, mas sim pela 1ª Turma do STF. 
 
Obs: como a posição do Min. Relator Roberto Barroso foi expressamente citada, sem qualquer ressalva no 
Informativo original, é possível que ela seja cobrada na prova. Veja o que disse o Informativo: 
“Nas ações penais originárias do STF, eventual renúncia de parlamentar ao cargo eletivo — após o final da 
instrução criminal — não gera o efeito de cessar a competência do Supremo para julgar o processo. 
Com base nessa orientação, a 1ª Turma resolveu questão de ordem, suscitada pelo Ministro Roberto 
Barroso (relator), para declinar de suas atribuições em favor do juízo de 1º grau, para julgamento de ação 
penal em que o réu, ex-Senador da República, renunciara ao mandato antes daquela fase processual.” 
 
 
 
Direito de permanecer calado e confissão feita por pessoa convocada para ser testemunha 
 
Importante!!! 
Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma investigação e, durante o seu 
depoimento, acaba confessando um crime, essa confissão não é válida se a autoridade que 
presidia o ato não o advertiu previamente de que ele não era obrigado a produzir prova contra 
si mesmo, tendo o direito de permanecer calado. 
STF. 2ª Turma. RHC 122279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Foi aberto um inquérito policial para apurar o furto de um aparelho celular.Diversas pessoas que trabalhavam no local onde ocorreu o crime foram convocadas a depor, na qualidade 
de testemunha. 
Vale lembrar que a testemunha, antes de iniciar o seu depoimento, assume, perante a autoridade, o 
compromisso de dizer a verdade. Caso a testemunha faça afirmação falsa, negue ou cale a verdade, ela 
poderá até mesmo ser acusada do crime de falso testemunho (art. 342 do CP). 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
Pois bem. Uma das pessoas convocadas para servir como testemunha foi João. 
João, após prestar o compromisso legal de dizer a verdade, iniciou seu depoimento afirmando que não 
sabia de nada e que não tinha estado no local onde o celular foi furtado naquele dia. 
Depois de algumas perguntas, começou a entrar em contradição e solicitou à autoridade policial que 
desconsiderasse suas declarações anteriores, afirmando estar mentindo, mas que passaria a dizer a 
verdade, e, na sequência, assumiu ser ele o autor do furto. 
Com base unicamente na confissão, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João pelo delito de furto. 
 
Tese da defesa 
A denúncia foi recebida. O defensor de João impetrou, então, habeas corpus, alegando que a denúncia 
estava baseada em confissão inválida. 
Segundo a defesa, houve ofensa ao direito do acusado de ficar em silêncio e não se auto incriminar 
(princípio do nemo tenetur se detegere). Isso porque João foi convocado para a inquirição como 
testemunha, não tendo sido advertido pela autoridade de que tinha o direito de ficar em silêncio, 
recusando-se a responder perguntas que pudessem incriminá-lo. Assim, houve violação à garantia da 
ampla defesa. 
 
A tese da defesa foi acolhida pelo STF? A confissão prestada foi inválida? 
SIM. Ofende o princípio da não-autoincriminação a denúncia baseada unicamente em confissão que foi 
feita por pessoa ouvida na condição de testemunha, quando não lhe tenha sido feita a advertência quanto 
ao direito de permanecer calada. 
 
O preso (e a pessoa que está sendo acusada em geral) tem o direito de permanecer em silêncio, nos 
termos do art. 5º, LXIII, da CF/88: 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
Essa garantia é uma expressão do princípio da não-autoincriminação, segundo o qual o acusado tem o 
direito de não produzir prova contra si mesmo. 
 
A partir do momento em que a testemunha começou a prestar declarações que a incriminavam, a 
autoridade policial deveria ter encerrado seu depoimento como testemunha e ter iniciado outro, na 
condição de investigado (suspeito) e, antes de qualquer outra declaração, deveria ter esclarecido que ao 
interrogado que ele tinha o direito de ficar em silêncio e de não produzir provas contra si mesma. Se 
mesmo ele sendo cientificado de seus direitos, resolvesse assumir o crime, então, essa confissão seria 
agora válida. 
 
A falta de advertência quanto ao direito ao silêncio tornou ilícita a prova produzida. 
 
Embora o inciso LXIII fale em pessoa presa, a doutrina e a própria jurisprudência do STF o ampliam para 
estendê-lo, também, às pessoas que estejam soltas e que sejam investigadas ou formalmente acusadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Não é possível a execução provisória da pena 
 
Ofende o princípio da não-culpabilidade a determinação de execução imediata de pena 
privativa de liberdade imposta, quando ainda pendente de julgamento recurso extraordinário. 
STF. 2ª Turma. HC 122592/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, jugado em 12/8/2014 (Info 754). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão, tendo sido a ele assegurado na sentença o direito 
de recorrer em liberdade. 
O condenado interpôs apelação, mas o Tribunal de Justiça manteve a condenação. 
Contra esse acórdão, João interpôs recurso extraordinário, que foi admitido na origem. 
Dizer que o RE foi admitido na origem significa que o Presidente ou Vice-Presidente do TJ fez o primeiro 
juízo de admissibilidade e constatou que o recurso poderia ser encaminhado ao STF para lá ser julgado. 
 
Segundo a Lei, os recursos especial e extraordinário possuem efeito suspensivo? 
NÃO. De acordo com o art. 27, § 2º da Lei n. 8.038/90, tanto o recurso especial como o extraordinário 
devem ser recebidos apenas no efeito devolutivo, ou seja, tais recursos não têm efeito suspensivo. Isso 
significa que, mesmo a parte tendo interposto esse recurso, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. 
Logo, seria possível, em tese, a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento 
do recurso. 
 
No processo penal, os recursos especial e extraordinário interpostos pela defesa contra a decisão 
condenatória possuem efeito apenas devolutivo? É possível a execução provisória da pena? O réu pode 
ser obrigado a cumprir desde logo a pena enquanto aguarda o julgamento do recurso? 
NÃO. Apesar da previsão do § 2º do art. 27 da Lei n. 8.038/90, o STJ e o STF entendem que, no processo 
penal, os recursos interpostos pela defesa contra a decisão condenatória devem ser recebidos tanto no 
efeito devolutivo como no suspensivo. Isso se justifica porque a CF/88 prevê que ninguém poderá ser 
considerado culpado até que haja o trânsito em jugado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). 
Por força desse princípio, não existe, no Brasil, a execução provisória (antecipada) da pena. Assim, 
enquanto não tiver havido trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, o réu não poderá ser 
obrigado a iniciar o cumprimento da pena. Se ainda estiver pendente de julgamento qualquer recurso da 
defesa, o condenado não iniciará o cumprimento da pena porque ainda é presumivelmente inocente (STF. 
Plenário. HC 84.078, julgado em 05/02/2009). 
 
Obs1: o condenado poderá até aguardar o julgamento do RE e do Resp preso, desde que estejam previstos 
os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP). Essa prisão, contudo, não será 
decretada ou mantida pelo fato de ele estar aguardando o julgamento de um recurso sem efeito 
suspensivo. Essa prisão deve ter como justificativa a necessidade de garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal. Em outras 
palavras, essa prisão será meramente cautelar (e não uma execução provisória da pena). 
 
Obs2: os recursos especial e extraordinário interpostos contra a decisão absolutória serão recebidos 
apenas no efeito devolutivo. 
 
No julgamento noticiado neste Informativo, apesar das diferenças quanto ao caso concreto, a tese jurídica 
reafirmada pelo STF foi a seguinte: 
Ofende o princípio da não-culpabilidade a determinação de execução imediata de pena privativa de 
liberdade imposta, quando ainda pendente de julgamento recurso extraordinário. 
 
 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
 
JULGADOS NÃO COMENTADOS 
 
ED: cancelamento de voto vogal e supostas contradições 
O Plenário, ao julgar embargos de declaração, acolheu-os, sem efeito modificativo, apenas para prestar 
esclarecimento, mantendo, assim, a orientação firmada no julgamento do recurso extraordinário, em que 
reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, o Tribunal reafirmou o entendimento no sentido de que a 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL incide sobre o lucro das empresas exportadoras, uma vez 
que a imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da CF (com a redação dada pela EC 33/2001) não o alcança. 
Inicialmente, a Corte afastou, por maioria, preliminar de nulidade arguida em razão do cancelamento da 
transcrição do voto vogal do Ministro Celso de Mello na composição do acórdão. Destacou que o 
cancelamento do voto vogal traduziria faculdade processual reconhecida ao juiz que o tivesse proferido. 
Vencido o Ministro MarcoAurélio (relator), que provia os embargos de declaração para determinar a 
juntada do voto do Ministro Celso de Mello. Afirmava que apregoado o processo, tudo que fosse veiculado 
por integrante do Tribunal mostrar-se-ia público e não ficaria no campo da disponibilidade do autor. 
Sublinhava que o acórdão revelaria um grande todo e deveria satisfazer a regra do art. 93, IX, da CF (“todos 
os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade”). Em seguida, o Tribunal refutou as demais alegações da embargante. No que se refere à 
primeira delas, a de que não seria possível a qualificação, em tese, de imunidades tributárias como 
subsídios proibidos ou passíveis de proibição em razão do conceito de subsídio estabelecido no Acordo 
sobre Subsídios e Medidas Compensatórias – ASMC. O Colegiado ressaltou que filigranas conceituais não 
estariam em jogo e a norma internacional não as envolveria. Frisou que, consoante o art. 1º do 
mencionado Acordo, subsídio consistiria em contribuição financeira concedida pelo governo, que poderia 
ocorrer sob diferentes modalidades: desde transferência direta de fundos, fornecimento de bens e 
serviços, financiamentos, delegação de atribuições governamentais a corpos privados, até renúncia de 
receitas públicas por meio de incentivos fiscais. Realçou que a equiparação pelo acordo internacional, sob o 
rótulo comum de subsídio, de modos tão diversos de contribuições financeiras governamentais, incluída 
expressamente a concessão de benefícios fiscais, revelaria o quanto seria impróprio pautar-se em 
esquemas de linguagem, como pretendera a embargante, para reduzir o alcance normativo da expressão 
subsídio e sustentar a contradição veiculada. 
 
O Plenário observou que a segunda contradição arguida seria também de ordem conceitual. A embargante 
teria apontado o descompasso em qualificar a imunidade como possível violação do ASMC, porquanto o 
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio excluiria expressamente do conceito de subsídio as desonerações 
relacionadas à exportação. Recordou que o art. 16 do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio traria regras 
gerais sobre os subsídios à exportação. Rememorou que o dispositivo recebera notas e provisões 
suplementares, entre as quais a que excepcionaria da denominação de subsídio a desoneração de tributos 
sobre “produto exportado”, desde que prevista idêntica incidência quanto a bens similares destinados ao 
consumo interno. Ponderou que haveria um ponto fundamental: considerada a referência a “produto 
exportado” pela norma internacional, a desoneração excepcionada possuiria nítida natureza objetiva. 
Salientou, portanto, que a discutida nota ou provisão suplementar não teria aplicação no caso debatido, 
porque a CSLL não constituiria tributo incidente em “produto exportado”, objeto de proteção da nota 
adicional ao mencionado art.16, mas ônus que recairia na figura do exportador. Assim, se imunidade 
houvesse ou fosse reconhecida pelo Pleno, essa seria subjetiva, fora do alcance da exceção estabelecida 
pela nota mencionada. Por último, ante a ausência de antinomia, a Corte rejeitou a assertiva de 
contradição a envolver a norma constitucional de imunidade e as regras dos acordos internacionais, 
hipoteticamente solucionada pelo Colegiado em favor das últimas. Depreendeu que os votos da Ministra 
Ellen Gracie e do Ministro Joaquim Barbosa apenas demonstrariam o uso dos compromissos internacionais 
firmados pelo Brasil como vetor interpretativo para revelar o alcance mais razoável da EC 33/2001. 
Consignou que, do conteúdo do voto desse Ministro, seria possível concluir que se de antinomia ele tivesse 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
tratado, resolvera em favor da competência do Poder Legislativo e não dos acordos internacionais, como 
erroneamente sustentava a embargante. 
RE 564413 ED/SC, rel. Min. Marco Aurélio, 13.8.2014. 
 
Crime de responsabilidade de prefeitos e justa causa para a ação penal 
Por ausência de justa causa para a propositura da ação penal, a 1ª Turma, por maioria, não recebeu 
denúncia oferecida contra Senador da República pela suposta prática do crime descrito no art. 1º, II, do 
Decreto-Lei 201/1967 (“Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao 
julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: ... II - 
utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos”). Narrava a 
inicial acusatória que o investigado, no exercício do mandato de Prefeito, teria atestado inveridicamente a 
conclusão de obras decorrentes de convênio realizado com a Fundação Nacional de Saúde - Funasa. O 
Ministério Público argumentava que, de acordo com laudos de vistorias e auditorias, a empresa contratada 
pela prefeitura não teria executado a totalidade do objeto ajustado e, assim, teria havido a malversação de 
dinheiro público. A Turma consignou o fato de o prefeito ter emitido relatório em que atestara a execução 
integral, porém com ressalva de redução das metas, das obras e serviços previstos no convênio. Destacou 
que o documento não teria relevância causal para a imputação do crime, uma vez que o relatório não teria 
dado ensejo aos pagamentos. Acrescentou que a impossibilidade de cumprimento das metas previstas no 
plano de trabalho originário teria decorrido do dilatado lapso temporal transcorrido entre a celebração do 
convênio, a liberação dos recursos e a licitação. Esclareceu que os fatos teriam implicado a redução de 
metas em razão do aumento do custo unitário dos bens a serem construídos. Reputou, ante a falta de 
outras provas que corroborassem a acusação, que inexistiriam elementos sérios e idôneos que 
demonstrassem utilização indevida ou desvio de valores transferidos ao Município por força de convênio 
com a Funasa. Por fim, destacou que o simples fato de o Prefeito ter sido o responsável por firmar o 
convênio ou ser hierarquicamente superior à secretaria responsável pela obra seria insuficiente para 
sustentar a imputação. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que recebia a denúncia. Considerava que, nessa 
fase, não se poderia formar um juízo quanto à procedência ou não da imputação. Entendia que o 
recebimento da denúncia demandaria apenas o atendimento da forma e dos indícios de autoria. 
Consignava que se deveria viabilizar a atuação do Ministério Público, o qual poderia, a partir daí, comprovar 
a procedência do que articulado em defesa da sociedade. 
Inq 3719/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 12.8.2014. 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 11 a 15 de agosto de 2014 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 770.149-PE 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
MUNICÍPIO – PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO – DÉBITO – CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITO COM EFEITO DE NEGATIVA – 
INADIMPLÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO – ALCANCE – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL 
CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia atinente ao direito do Município, como entidade da Federação, à Certidão Positiva de 
Débito com Efeito de Negativa – CPDEN, apesar da inadimplência do Poder Legislativo local quanto ao cumprimento de obrigações tributárias 
acessórias. 
 
 
C L I P P I N G D O D JE 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
11 a 15 de agosto de 2014 
 
QUEST. ORD. EM AP N. 536-MG 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: AÇÃO PENAL CONTRA DEPUTADO FEDERAL. QUESTÃO DE ORDEM. RENÚNCIA AO MANDATO. PRERROGATIVA 
DE FORO. 
1. A jurisprudência dominante no STF é no sentido de que, cessado o mandato parlamentar por qualquer razão, não subsiste a competência do 
Tribunal para processar e julgar, originariamente, ação penal contra membro do Congresso Nacional. 
2. A regra geral enunciada acima foi excepcionada na Ação Penal 396/RO, em que o Tribunal considerou ter havido abuso de direito e fraude 
processual.Neste caso específico, após seguidos deslocamentos de competência, o réu parlamentar renunciou ao mandato depois de o processo ter 
sido incluído em pauta para julgamento pelo Plenário. 
3. Por maioria absoluta, o Plenário endossou a proposta de que se estabeleça um critério objetivo para servir de parâmetro no exame de eventual 
abuso processual. Não se verificou maioria, porém, quanto ao marco temporal sugerido pelo relator: uma vez recebida a denúncia, o fato de o 
parlamentar renunciar não produziria o efeito de deslocar a competência do STF para qualquer outro órgão. Tampouco houve maioria absoluta em 
relação a outros marcos temporais que foram objeto de debate. Diante do impasse, a Corte deliberou por deixar a definição do critério para outra 
oportunidade. 
4. Seja pela orientação do relator, que não aplicava o critério que propunha ao presente caso, seja pela manutenção da jurisprudência que prevalece de 
longa data, a hipótese é de resolução da Questão de Ordem com determinação de baixa da ação penal ao juízo competente, para prolação de sentença. 
*noticiado no Informativo 740 
 
ARE N. 728.188-RJ 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: RECURSO EXTRORDINÁRIO. MATÉRIA ELEITORAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRER DE 
DECISÃO QUE DEFERE REGISTRO DE CANDIDATURA, AINDA QUE NÃO HAJA APRESENTADO IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO 
INICIAL. SEGURANÇA JURÍDICA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. REPERCUSSÃO GERAL. FIXAÇÃO DA TESE A PARTIR 
DAS ELEIÇÕES DE 2014, INCLUSIVE. 
I – O Ministério Público Eleitoral possui legitimidade para recorrer de decisão que julga o pedido de registro de candidatura, mesmo que não haja 
apresentado impugnação anterior. 
II – Entendimento que deflui diretamente do disposto no art. 127 da Constituição Federal. 
III – Recurso extraordinário a que se nega provimento por razões de segurança jurídica. 
IV – Fixação da tese com repercussão geral a fim de assentar que a partir das eleições de 2014, inclusive, o Ministério Público Eleitoral tem 
legitimidade para recorrer da decisão que julga o pedido de registro de candidatura, ainda que não tenha apresentado impugnação. 
*noticiado no Informativo 733 
 
EMB. DECL. NO AG. REG. NO ARE N. 741.867-RR 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
E M E N T A: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO ELEITORAL. RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. NÃO 
APROVAÇÃO. CABIMENTO DE RECURSO DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. APLICAÇÃO DA 
SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL PELA CORTE DE ORIGEM. MANEJO DE AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
INADEQUAÇÃO. ARTIGO 5º, LIV e LV, DA LEI MAIOR. DEBATE DE ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. OMISSÃO E 
CONTRADIÇÃO INOCORRENTES. CARÁTER INFRINGENTE. 
Sob alegação de que omisso o julgado, o embargante busca, tão somente, a rediscussão da matéria, o que não se admite em sede de embargos de 
declaração. 
Não há falar na alegada contradição, uma vez veiculada a insurgência exclusivamente quanto ao mérito do julgado, hipótese para a qual desserve a via 
eleita. 
Ausentes omissão e contradição justificadoras da oposição de embargos declaratórios, nos termos do art. 535 do CPC, a evidenciar o caráter 
meramente infringente da insurgência. 
Embargos de declaração rejeitados. 
 
EMB. DECL. NO AG. REG. NO AI N. 825.077-RS 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL INICIAL. 
CRITÉRIOS DE CÁLCULO. REPERCUSSÃO GERAL. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À ORIGEM. APLICAÇÃO DE DOIS TEMAS 
DISTINTOS. CONTRADIÇÃO INOCORRENTE. CARÁTER INFRINGENTE. 
Não há falar em contradição quando aplicada a sistemática da repercussão geral com base em dois paradigmas distintos, mesmo que em apenas um 
deles tenha sido reconhecida a repercussão geral do tema, desde que, devido à complexidade do feito, sejam cada qual concernentes à uma parcela da 
pretensão arguida em sede de recurso extraordinário. 
Ausente contradição justificadora da oposição de embargos declaratórios, nos termos do art. 535 do CPC, a evidenciar o caráter meramente 
infringente da insurgência. 
Embargos de declaração rejeitados. 
 
RE N. 429.903-RJ 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO E MANUTENÇÃO EM ESTOQUE. DOENÇA DE 
GAUCHER. QUESTÃO DIVERSA DE TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. SOBRESTAMENTO. RECONSIDERAÇÃO. 
PREQUESTIONAMENTO. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. 
CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. DEVER. PODER PÚBLICO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
I - A questão discutida no presente feito é diversa daquela que será apreciada no caso submetido à sistemática da repercussão geral no RE 566.471-
RG/RN, Rel. Min. Marco Aurélio. 
II - No presente caso, o Estado do Rio de Janeiro, recorrente, não se opõe a fornecer o medicamento de alto custo a portadores da doença de Gaucher, 
buscando apenas eximir-se da obrigação, imposta por força de decisão judicial, de manter o remédio em estoque pelo prazo de dois meses. 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
III - A jurisprudência e a doutrina são pacíficas em afirmar que não é necessário, para o prequestionamento, que o acórdão recorrido mencione 
expressamente a norma violada. Basta, para tanto, que o tema constitucional tenha sido objeto de debate na decisão recorrida. 
IV - O exame pelo Poder Judiciário de ato administrativo tido por ilegal ou abusivo não viola o princípio da separação dos poderes. Precedentes. 
V - O Poder Público não pode se mostrar indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em 
grave comportamento inconstitucional. Precedentes. 
VI - Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
*noticiado no Informativo 752 
 
ADI N. 3.247-MA 
RELATOR : MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º, INC. VII, DA LEI 6.915/1997 DO ESTADO DO MARANHÃO. 
CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES POR TEMPO DETERMINADO. INTERPRETAÇÃO E EFEITO DAS EXPRESSÕES “NECESSIDADE 
TEMPORÁRIA” E “EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO”. POSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA PARA SUPRIR 
ATIVIDADES PÚBLICAS DE NATUREZA PERMANENTE. TRANSITORIEDADE CARACTERIZADA. PARCIAL PROVIMENTO DA AÇÃO. 
1. A natureza permanente de algumas atividades públicas - como as desenvolvidas nas áreas da saúde, educação e segurança pública – não afasta, de 
plano, a autorização constitucional para contratar servidores destinados a suprir demanda eventual ou passageira. Necessidade circunstancial agregada 
ao excepcional interesse público na prestação do serviço para o qual a contratação se afigura premente autoriza a contratação nos moldes do art. 37, 
inc. IX, da Constituição da República. 
2. A contratação destinada a atividade essencial e permanente do Estado não conduz, por si, ao reconhecimento da alegada inconstitucionalidade. 
Necessidade de exame sobre a transitoriedade da contratação e a excepcionalidade do interesse público que a justifica. 
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para dar interpretação conforme à Constituição . 
*noticiado no Informativo 740 
 
Acórdãos Publicados: 507 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Intimação - Pluralidade de Advogados - Recurso Extraordinário e Embargos de Divergência - Interposição Simultânea 
(Transcrições) 
 
ARE 638.106/PE* 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
EMENTA: Simultânea interposição, pela mesma parte e contra a mesma decisão, de recurso extraordinário e de embargos de divergência. 
Inadmissibilidade. Incidência do princípio da unirrecorribilidade (ou da singularidade) dos recursos. Necessidade de prévio esgotamento 
das vias recursais ordinárias(Súmula 281/STF). Pressuposto recursal específico inerente ao apelo extremo. Doutrina. Precedentes. 
- Intimação. Pluralidade de Advogados. Publicação em nome de qualquer dos mandatários judiciais constituídos. Validade (CPC, art. 236, 
§ 1º). Desnecessidade de referência aos nomes de todos os procuradores. Possibilidade, contudo, de que se faça, para fins de intimação, 
sempre a pedido da parte interessada, expressa menção ao nome de determinado Advogado (RISTF, art. 82, § 1º; RISTJ, art. 88, “caput”). 
Precedentes. ARE improvido. 
 
DECISÃO: A decisão de que se recorre negou trânsito ao recurso extraordinário deduzido pela parte ora recorrente, em virtude de simultânea 
interposição, por ela, do apelo extremo juntamente com embargos de divergência, ambos deduzidos contra o mesmo acórdão emanado do E. 
Superior Tribunal de Justiça. 
A decisão ora impugnada, que não admitiu o recurso extraordinário em questão, ajusta-se à diretriz jurisprudencial que o Supremo Tribunal 
Federal firmou na análise da matéria em referência. 
Com efeito, esta Suprema Corte, ao julgar o RE 355.497-AgR/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, fixou orientação no sentido de que não 
se mostra processualmente viável a interposição simultânea de recurso extraordinário e de embargos de divergência contra uma só e mesma 
decisão: 
 
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PRINCÍPIO DA UNICIDADE DOS 
RECURSOS. INTERPOSIÇÃO SIMULTÂNEA DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA E DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. 
1. Interposição simultânea de mais de um recurso contra sentença ou acórdão. Não-cabimento. Princípio da unirrecorribilidade 
expressamente previsto no Código de Processo Civil de 1939 e implicitamente acolhido pela legislação processual vigente, em razão da 
sistemática por ela inaugurada e da cogente observância à regra da adequação dos recursos. 
2. Embargos de divergência e recurso extraordinário. Interposição simultânea. Impossibilidade. Enquanto não apreciados os 
embargos opostos pela parte interessada, não se pode afirmar tenha o juízo ‘a quo’ esgotado a prestação jurisdicional, nem que se cuida de 
decisão de única ou última instância, pressuposto constitucional de cabimento do extraordinário. 
3. Distinção entre o caso ‘sub examine’ e a hipótese de simultaneidade de embargos infringentes e recurso especial e/ou 
extraordinário que, quer se entenda ou não como exceção legal à regra da unicidade, não mais subsiste em face da superveniência da Lei 
10352/01. 
Agravo regimental não provido.” (grifei) 
 
Cumpre ressaltar, por necessário, que esse entendimento vem sendo observado a propósito de questão essencialmente idêntica à que ora se 
examina nesta sede recursal, como o evidenciam sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Corte (AI 526.850/RJ, Rel. Min. CELSO DE 
MELLO – AI 563.505-AgR/MS, Rel. Min. EROS GRAU – RE 265.003-AgR/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – AI 791.893-AgR/PR, Rel. 
Min. DIAS TOFFOLI, v.g.). 
 
Informativo 754-STF (26/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Cabe rememorar, por oportuno, o valioso magistério do saudoso e eminente THEOTÔNIO NEGRÃO (RT 602/9-11), para quem “O 
recurso extraordinário só é cabível de decisão final, isto é, de decisão de que já não caiba recurso ordinário na Justiça de origem (Súmula 281). 
Não é dado ao recorrente interpor o recurso extraordinário ‘per saltum’, desistindo do recurso ordinário cabível e apresentando desde logo aquele. 
Há de esgotar, antes, a instância ordinária” (grifei). 
O prévio esgotamento das instâncias recursais ordinárias, desse modo, constitui, tecnicamente, um dos pressupostos específicos e peculiares 
ao recurso extraordinário (RE 160.225/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE 195.888/RN, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Nesse sentido, 
orienta-se, sem qualquer divergência, o magistério da doutrina (RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO, “Recurso Extraordinário e Recurso 
Especial”, p. 69/71, 3ª ed., 1993, RT; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “Manual de Direito Processual Civil”, vol. 3/178, item n. 643, 9ª ed., 1987, 
Saraiva), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida por JOSÉ AFONSO DA SILVA (“Do Recurso Extraordinário”, p. 268, 1963, RT): 
 
“(...) o núcleo do pressuposto do recurso extraordinário (…) é a definitividade da decisão judicial de que se recorre para o STF. 
Definitividade que se consubstancia no esgotamento de todos os recursos ordinários, via comum, existentes no sistema judiciário que 
conheceu da causa.” (grifei) 
 
Vale referir, ainda, que o comportamento processual consistente na utilização concomitante de embargos de divergência e de recurso extraordinário 
interpostos pela mesma parte e contra a mesma decisão – além de encontrar óbice na Súmula nº 281/STF – importa em evidente transgressão ao postulado da 
unirrecorribilidade ou da singularidade dos recursos, segundo o qual, “para cada ato judicial recorrível há um único recurso previsto pelo ordenamento, 
sendo vedada a interposição simultânea ou cumulativa de mais outro visando a impugnação do mesmo ato judicial” (NELSON NERY JUNIOR, 
“Princípios Fundamentais – Teoria Geral dos Recursos”, p. 93, item n. 2.4, 5ª ed., 2000, RT – grifei). 
De outro lado, e mesmo que se pudesse superar tal óbice, ainda assim não se revelaria acolhível a pretensão recursal extraordinária 
deduzida pela parte ora recorrente. 
É que, em situações assemelhadas à destes autos, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em reiterados pronunciamentos, tem 
assinalado que, sendo múltiplos os procuradores da parte e não tendo sido requerido, expressamente (como, no caso, não o foi), que a intimação 
dos atos processuais se fizesse em nome de determinado procurador, pode esse ato de comunicação processual ser validamente realizado em nome 
de qualquer dos mandatários judiciais constituídos (RTJ 195/657, Rel. Min. GILMAR MENDES – RE 114.830/SP, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA 
– RE 164.577-AgR/BA, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, v.g.): 
 
“INTIMAÇÃO VIA IMPRENSA – PLURALIDADE DE ADVOGADOS. Se não existe requerimento no sentido de as publicações 
veicularem o nome de determinado advogado, dentre os constituídos, descabe cogitar da pecha de nulidade quando grafado o nome de 
qualquer deles. O disposto no artigo 236, § 1º, do Código de Processo Civil não é conducente à obrigatoriedade de as publicações contarem 
com referência a todos os credenciados.” 
(RTJ 160/627-628, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – grifei) 
 
Com efeito, esta Suprema Corte, em ocorrendo tal situação, tem reconhecido, com apoio no art. 82, § 2º, do RISTF, a plena regularidade do ato 
de publicação, desde que dele haja constado, como sucede na espécie, o nome de qualquer dos mandatários judiciais devidamente constituídos, trate-se 
do Advogado substabelecente (com reserva de poderes), cuide-se do Advogado substabelecido (RTJ 76/308, Rel. Min. MOREIRA ALVES – RTJ 
79/590, Rel. Min. MOREIRA ALVES – RTJ 90/105, Rel. Min. ANTONIO NEDER – RTJ 99/1241, Rel. Min. CORDEIRO GUERRA – RTJ 100/755, 
Rel. p/ o acórdão Min. MOREIRA ALVES – RTJ 106/277, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – RTJ 144/457, Rel. Min. CARLOS MADEIRA – RTJ 
149/644, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 160/627-628, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RTJ 163/971, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RTJ 
177/838-839, Rel. p/ o acórdão Min. NELSON JOBIM – RTJ 182/460, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, v.g.): 
 
“Recurso extraordinário. Intimação. Havendo mais de um advogado da mesma parte, basta, em princípio, a intimação de um deles.” 
(RTJ 124/680, Rel. Min. DJACI FALCÃO – grifei) 
 
Impõe-se relembrar, neste ponto, considerada a alegada ocorrência de nulidade processual imputável ao E. Superior Tribunal de Justiça, 
que o regime jurídico das intimações referentes às decisões proferidas no âmbito daquela Alta Corte judiciária acha-se disciplinado tanto no art. 88 
do seu Regimento Interno quanto no art. 236 do CPC, sendo certo, ainda, que, inexistindo pedido em que se requeira expressa menção, nas 
publicações, ao nome de determinado Advogado(situação de todo inocorrente na espécie), bastará que conste “a indicação do nome de um dos 
advogados, quando a parte houver constituído mais de um ou o constituído substabelecer a outro com reserva de poderes” (Regimento Interno do 
STJ, art. 88, § 1º). 
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, conheço do presente agravo, para negar-lhe provimento, eis que correta a 
decisão que não admitiu o recurso extraordinário a que ele se refere (CPC, art. 544, § 4º, II, “a”, na redação dada pela Lei nº 12.322/2010). 
 
Publique-se. 
Brasília, 10 de março de 2014. 
 
Ministro CELSO DE MELLO 
Relator 
 
*decisão publicada no DJe de 18.3.2014

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