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( Toce II ) Punção Lombar 1. Introdução; · A punção liquórica pode ser feita nos espaços subaracnóideos, sendo lombar (local mais frequente) e suboccipital; ou no sistema ventricular, sendo transfontanelar (em lactentes), por meio de trepanação craniana e, excepcionalmente, supraorbitária. · O correto posicionamento do paciente é o fator isolado mais importante para uma punção eficaz e atraumática. 2. Considerações anatômicas; · Em adultos, a medula termina no nível vertebral L2, portanto, a punção deve ser feita abaixo desse nível, preferencialmente entre os processos espinhosos de L3 e L4. · Deve-se traçar uma linha imaginária entre as espinhas ilíacas posterossuperiores e encontrar o local adequado na intersecção com a linha mediana. · Os planos a serem ultrapassados em sequência posteroanterior são: pele, subcutâneo, ligamento supraespinal, ligamento interespinal, ligamento amarelo, dura-máter e, finalmente, o espaço subaracnóideo, contendo líquido cefalorraquidiano. 3. Indicações; · Punções Diagnósticas; · Doenças infecciosas (meningite). · Doenças inflamatórias (desmielinizantes). · Afecções mecânicas (compressões medulares pela manobra de Queckenstedt-Stookey, hipertensão intracraniana, hidrocefalia de pressão normal). · Doenças neoplásicas (câmara de sedimentação). · Punções Terapêuticas; · Punção de alívio em casos de neurocriptococose, após neurocirurgia endoscópica ou tratamento de fístulas liquóricas adquiridas (pós-cirúrgicas ou pós-traumáticas). · Injeção intratecal de medicamentos. 4. Contraindicações; · Lesão expansiva intracraniana. · Hidrocefalia obstrutiva. · Há o risco de piora neurológica aguda e, em alguns casos, de coma seguido por parada respiratória (hérnia de uncus), caso a punção seja realizada em vigência de lesão expansiva intracraniana ou hidrocefalia obstrutiva Infecção no local da punção. · Discrasia sanguínea (contagem de plaquetas < 50.000). · Portadores de disrafismos espinais. 5. Avaliação e preparo do paciente; · Exame neurológico à procura de sinais focais (déficit de nervos cranianos, déficit motor, anormalidade de reflexos) e sinais de hipertensão intracraniana (papiledema). · Tomografia computadorizada de crânio, se houver suspeita de lesão expansiva ou hipertensão intracraniana. · Coagulograma completo: contagem de plaquetas (> 50.000) e tempos de protrombina e tromboplastina parcial ativada. · Explicar o procedimento ao paciente e aos familiares, relatando suas complicações potenciais e obtendo consentimento por escrito, se possível. 6. Posicionamento; · O paciente deve estar deitado de lado, na borda do leito. · Joelhos e cabeça flexionados, flexionando, assim, a coluna vertebral e abrindo os espaços intervertebrais. · Travesseiros entre as pernas e embaixo da cabeça e dos braços ajudam a manter a coluna reta, paralela à cama. 7. MATERIAL; · Principal; · Agulha de punção lombar (nº 20) para uso geral. · Quanto maior o número, menor o diâmetro. · Tubos de ensaio Manômetro. · Antissepsia; · Gazes estéreis. · PVP-I ou clorexidina alcoólica. · Luvas estéreis. · Campos estéreis (opcionais). · Anestesia; · Seringa. · Agulha. · Lidocaína a 2% sem vasoconstritor. 8. Técnica; · Posicionar o paciente. · Realizar antissepsia e colocar campos estéreis, estendendo-se a antissepsia até a espinha ilíaca para confirmar o local a ser puncionado. · Aplicar botão anestésico de 1 cm na pele e logo abaixo dela (opcional). · Introduzir a agulha perpendicularmente à pele, na linha mediana, exatamente entre os dois processos espinhosos escolhidos (L3-L4, de preferência). · O bisel da agulha deve estar voltado para cima (lateral do paciente), tornando mais fácil a sua passagem entre os ligamentos e a dura-máter, que apresentam fibras longitudinais. · Caso a agulha não progrida e seja percebida resistência compatível com osso, retirar a agulha até o subcutâneo e introduzi-la outra vez, ligeiramente angulada em direção à cabeça. · Na maioria dos pacientes, após 3,5 a 4 cm, o ligamento amarelo e a dura-máter apresentarão uma resistência maior, que deve ser vencida. · Vencida essa resistência e percebida a sensação de pop, retirar o guia e girar a agulha 45°, até que o bisel fique voltado para cima. · Se o liquor não fluir, recolocar o guia, avançar por mais 3 mm e retirar novamente o guia. · Se não for bem-sucedido, repetir o procedimento até ser encontrada uma resistência firme (corpo vertebral, disco intervertebral ou ligamento longitudinal posterior) ou o paciente se queixar de dor em uma das pernas. · Se a dor for do lado direito, retirar a agulha até o subcutâneo e repetir o procedimento, inserindo a agulha ligeiramente voltada para o lado esquerdo. 9. Cuidados após o procedimento; · Repouso e hidratação. 10. Complicações; · Cefaleia por hipotensão liquórica. · Herniação cerebelar. · Hematoma intrarraquidiano. · Meningite. · Dor radicular. · Empiema epidural. 11. Referências; 1. Procedimentos médicos: técnica e tática / Alexandre Campos Moraes Amato. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Roca, 2016.
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