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PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA CIRURGIA TORÁCICA (* Que todo médico deve saber) – Dr. Mustafá 1. CASO CLÍNICO: Paciente do sexo masculino, 30 anos, vítima de ferimento por arma de fogo de grosso calibre em face há 20 minutos, levado ao pronto-socorro por desconhecido EXAME FÍSICO A – Ferimento extenso em face acometendo a região da mandíbula e maxila com sangramento ativo para orofaringe. Respiração ruidosa. B – MV+ bilateralmente com roncos difusos (broncoaspiração, provavelmente), FR = 35 (16-20ipm), SatO2 = 70% (baixa) (93-99%) C - PA = 130x80mmHg, FC = 110 (60-100) D - Glasgow 7 (provável hipóxia – necessidade de intubação), PICR E - Sem outras lesões. 1.1. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? · Trauma de face extenso · Insuficiência respiratória aguda · Obstrução de vias aéreas superiores. 1.2. QUAL A CONDUTA? · Via aérea definitiva - Primeira abordagem em paciente com traumatismo de face é verificar a via aérea definitiva 1.2.1. O QUE É UMA VIA AÉREA DEFINITIVA? · Sonda endotraqueal com balão insuflado, conectado a um sistema de ventilação assistida 1.2.2. QUAL A FUNÇÃO DO BALÃO - Cuff? · Evita o escape de ar e Reduz a incidência de broncoaspiração – por secreção ou vômitos 1.2.3. QUAIS SÃO OS TIPOS? · ** Mais usual: Tubo orotraqueal / nasotraqueal · Traqueostomia – procedimento definitivo · Cricotireoidostomia (mais alta que a traqueo) 1.2.4. EVOLUÇÃO/ INDICAÇÃO · É indicado quando Subitamente a ventilação com máscara e AMBU se tornou ineficaz · Queda da saturação de O2 · Cianose Glasgow 8 para intubação por riscos inerentes de déficit de consciência; hemorragias importantes mesmo que não tenha ligação com o quadro do paciente, mas que ele possa correr o risco de outras complicações como baixo debito cárdico ou perfusão cerebral, queda do nível de consciência e piora do estado geral; doenças já instaladas como paralisia neuromuscular (seja por drogas, animais peçonhentos, ou doenças adquiridas como a ELA, ou outras doenças que causam paralisia) são indicações para intubação. 2. CRIOTIREOIDOSTOMIA É o acesso às vias aéreas através da membrana cricotireóidea – é uma via aérea rápida. Orientação: Sempre colocar o paciente deitado com um rolinho de pano embaixo dos ombros mantendo a cabeça hiper estendida, feito isso, anatomicamente é mais fácil fazer esse procedimento. 2.1. TIPOS · Cirúrgica · Punção percutânea · Kit comercial – caros, pouco disponível, mas são bons. 2.2. INDICAÇÕES (mais importante): · Obstrução ou deformidade de via aérea superior · Traumatismo de face/coluna cervical (não consegue fazer a hiper extensão do pescoço pra fazer a IOT, sendo assim faz a crio) que impossibilite a intubação oro ou nasotraqueal · Situação de emergência – paciente não ventila / não intuba via IOT. 2.3. PROCEDIMENTOS 2.3.1. CIRÚRGICA: · PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA: Luva Estéril, Avental, Gorro, Máscara e Óculos De Proteção · MATERIAL: Gaze, solução antisséptica, caixa de pequena cirurgia (pinça Kelly curva), lâmina de bisturi e tubo endotraqueal / cânula de traqueostomia. · PROCEDIMENTO: Com a sua mão esquerda fixa a cartilagem tireoide e palpa a cricóide e sobe um pouco para encontrar a membrana. Faz uma incisão (longitudinal ou transversal), deve-se tomar cuidado com o nervo laríngeo recorrente. Abre a membrana com a lâmina, atentar-se para não chegar à parede posterior da traqueia. Depois dilata a incisão com a pinça Kelly e introduz a cânula ou tubo. Insufla o Cuff. Por fim, fixa a cânula. 2.3.2. PUNÇÃO · PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA: Luva Estéril, Avental, Gorro, Máscara e Óculos De Proteção · MATERIAL: Gaze, solução antisséptica, Jelco 14 e torneira de 3 vias · PROCEDIMENTO: Introduz o jelco através da membrana em um ângulo de 60º com bizel para cima. Entra com seringa aspirando, assim que vier ar, introduz a parte plástica do jelco e remove a agulha. Usa uma torneira de 3 vias, uma via no paciente, outra encaixa o O2 e a terceira fica aberta. Ventila 1s, para e deixa o paciente expirar por 4s. · PROBLEMA: pode ser utilizada apenas por 40min, pois o paciente apresenta hipercapnia (retém CO2) OBS: É preciso entrar e sair ar e por isso nunca em uma ventilação, o O2 é ligado direto porque se não só vem ar e não sai, levando a hipertensão pulmonar. 2.3.3. KIT COMERCIAL · Anestesia local - Introduz a cânula com agulha a 90º em aspiração, após passar a pele muda para 45º. Assim que chegar na parte vermelha, remove tudo e introduz a cânula. 2.4. CONTRA-INDICAÇÕES (também é importante saber): · Impossibilidade de identificação da membrana cricotireóidea · Neoplasia ou infecção no local · Aumento do tamanho da tireóide · Obesidade mórbida · Coagulopatia 2.5. COMPLICAÇÕES - Por causa da Emergência/ Urgência · *Hemorragia / Hematoma · *Enfisema subcutâneo · *Lesão de parede posterior da traqueia · *Lesão de tireoide · *Pneumotórax / Pneumomediastino · Estenose subglótica · Perfuração esofágica · Lesão de pregas vocais · Mudança de voz · Obstrução de via aérea · Fístula traqueoesofágica · Traqueomalácia · Infecção · Aspiração de sangue ou conteúdo gástrico 3. CASO CLÍNICO 2 Paciente masculino, 50 anos, vítima de ferimento por arma branca em região precordial à esquerda (inframamilar), trazido pelo resgate. EXAME FÍSICO A – VAP. Turgência jugular bilateral (restrição diastólica – insuficiência cardíaca restritiva/diastólica -não permite que o coração enche – diminuição do DC). B – MV+ bilateralmente sem RA, FR = 32, SatO2 = 94% C – PA = 60x30mmHg, FC = 130, abafamento de bulhas (hipotensão -- PA baixa/ taquicardia) D – Glasgow 14, PICFR, sem déficit motor E – FCC de 2 cm inframamilar E (5º EIC) 3.1. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? · Tamponamento cardíaco (TRÍADE DE BECK hipotensão postural, turgência jugular e hipofonese das bulhas cardíacas) (Obs.: o tamponamento também pode ocorrer por outras causas) – Acúmulo de liquido entre o pericárdio e o epicárdico (nesse caso pela hemorragia – arma branca). 3.2. QUAL A CONDUTA diante do tamponamento – fazer o diagnóstico? – liquido no pericárdico + restrição da diástole no VD · eFAST · Ecocardiograma · Janela pericárdica 3.3. TRATAMENTO · Cirurgia (toracotomia / esternotomia). · Pericardiocentese (se impossibilidade de cirurgia) – punção Precisa-se também de reposição de fluídos (aumento da pressão venosa/ aumento transitório do DC). 3.4. PERICARDIOCENTESE · Corresponde à retirada do líquido acumulado no pericárdio. Obs.: Assepsia - higienização preventiva. E Antissepsia - desinfecção de um local. 3.4.1. TÉCNICA: · Primeiramente realizar a antissepsia, assepsia, aplicar anestesia local e posicionar o paciente em decúbito dorsal com cabeceira elevada a 45o (faz com que o liquido escorra). · Depois devemos localizar o apêndice xifoide, puncionamos o saco pericárdio e o local de inserção da agulha (0,5cm à esquerda e 0,5-1cm inferiormente à margem costal). Introduzir a agulha (30 - 45º) em direção ao ombro esquerdo. · O procedimento pode ser realizado às cegas ou guiado por USG. Caso não exista disponibilidade de US. Obs.: Monitorar com ECG, se houver elevação do segmento ST ou extrassístoles indica que a agulha está no epicárdico, deve ser recuada. 3.4.2. INDICAÇÃO: · EMERGÊNCIA: Tamponamento cardíaco (tríade de Beck) · ELETIVA: Diagnóstico de derrame pericárdico 3.4.3. CAUSAS COMUNS DE DERRAME PERICÁRDICO · · Idiopática Malignidade (primário / metástase) · Uremia Síndrome pós-pericardiotomia · Colagenoses · Trauma Infecção (viral – ecovirus, coxsackie, coronavirus, bacteriana, fúngica, *tuberculose) · Dissecção de aorta · Mixedema · Pós-irradiação – pericardite actínica – pós radioterapia · Associada a procedimentos percutâneos 3.4.4. CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS · Coagulopatias · Derrame pericárdico loculado posterior 3.4.5. COMPLICAÇÕES · · Sangramento levando ao hemopericárdio e ao tamponamento cardíaco · Perfuração de ventrículos · Laceração de artéria coronária · Arritmias · Pneumotórax 4. CASO CLÍNICO 3 Paciente do sexo feminino, 75 anos, com quadro de tosse com expectoração purulenta (via aera superior) há 7dias, associado à febre (38ºC) sem horário e queda do estado geral. AP: DM (Metformina) EXAME FÍSICO: · REG, consciente, orientada, corada, hidratada, anictérica, acianótica, temperatura axilar = 39ºC (febril) · MV com roncos difusos e estertores subcrepitantes D (terço médio) – (vias aéreas inferiores ou alveolares), abolido em base D (macicez à percussão – confirmada pelo decúbito lateral no rx), FR = 25, SatO2 = 92% com O2 3L/min · BRNF 2T sem sopros, FC = 90bpm, PA = 110x70mmHg · Abdome plano, flácido, indolor à palpação, RHA+. · MMSS e MMII: Ndn – nada digno de nota 4.1. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? · Pneumonia comunitária que levou a um DERRAME PLEURAL parapneumônico (devido a pneumonia) (parábola de Damoiseau) – rx de decúbito lateral com raios horizontais – laurell. 4.2. CONDUTA · Punção pleural – Toracocentese retirada de liquido 4.3. TORACOCENTESE · Diagnóstica (descobrir a causa) · Alívio (remoção do líquido com melhora dos sintomas) 4.3.1. TÉCNICA · Centro cirúrgico (menor risco de contaminação), rever a radiografia para o controle do procedimento, antissepsia, anestesia com lidocaína 1%. · MATERIAIS: Jelco 14 – laranja (mais calibroso)/ 16 - cinza /18 - verde, equipo, seringa, agulha, lidocaína 1%, torneira de 3 vias, campos estéreis e avental cirúrgico · PROCEDIMENTO: Deixar o paciente sentado, a realização pode ser posterior ou lateral (na linha axilar media ou na linha axilar posterior – preferencial). Outro detalhe importante, deve ser feito na borda superior da costela inferior (lembrar NAVE). Segundo passo é localização adequado do procedimento (Se for lateral é na 5º costela na linha axilar média, e posterior é no 6º EIC [6 ou 7] na linha axilar posterior). Após isso anestesiar por planos (pele, subcutâneo, musculatura, periósteo e a pleura parietal). Puncionar o paciente na borda superior da costela inferior. Quando começa a vir líquido, marcar a profundidade até a pleura. Entrar com jelco e assim que começar a vir líquido introduz a parte de plástico e tira a agulha (colocar o dedo no jelco para não entrar ar risco de pneumotórax). Coloca o equipo conectado ao frasco (deixar no chão para sair por gravidade), pode também utilizar um frasco a vácuo ou remover com a seringa. Faz o curativo e solicita um RX. · Se o derrame for septado, deve utilizar o método guiado ou por US, ou tomografia. · Dorso É a melhor opção · MÉTODOS DE ESVAZIAMENTO: Frasco a vácuo e torneira de 3 vias 4.3.2. COMPLICAÇÕES · *Pneumotórax · · *Hemotórax · Hemoptise · Infecção de parede torácica · Sangramento / Hematoma hepático ou esplênico · Edema pulmonar de reexpansão (retirar 1,5L de líquido no máx.) – vai retirando em partes. · Síncope vasovagal – hipotensão 4.3.3. CONTRA-INDICAÇÕES · Derrames pleurais muito pequenos · Derrame multi-loculado · Alterações da coagulação · Uso de anticoagulantes (p. ex. clopidogrel, marevan) 5. CASO CLÍNICO 4 Paciente do sexo masculino, 26 anos, vítima de ferimento por arma de fogo em hemitórax direito há cerca de 30 minutos, trazido pelo resgate EXAME FÍSICO A - Vias aéreas pérvias B - MV abolido em base do hemitórax D, macicez à percussão, FR = 22 rpm, SatO2 = 98% em ar ambiente C - PA 130x80 mmHg, FC = 110 bmp D - Glasgow 15, PICFR sem déficit motor E - OE = orifício de entrada = 5º EIC D – linha axilar anterior OS = orifício de saída = 7º EIC D – linha axilar posterior 5.1. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA · Hemotórax traumático = pneumotórax - Trauma por arma de fogo 5.2. CONDUTA? (NÃO SE FAZ toracocentese) · A CONDUTA ADEQUADA É A Drenagem torácica no 5º EIC – linha axilar média – porque você entende que paciente tem quadro grava e precisa de um dreno maior, monitorar a evolução. Como é muito grande a toracocentese não é efetiva e contra indicada. · Dreno de tórax de grosso calibre (28 a 32 Fr) 5.3. DRENAGEM TORÁCICA 5.3.1. INDICAÇÕES · Hemotórax · Pneumotórax – exceto se for pequeno e emergencial – quase parando em cianose – só nesses casos se pode fazer – até ter tempo para drenar · Empiema – derrame pleural de secreção purulenta (se for septado, fazer guiado) (não sai direito pelo jelco) – o dreno fica alojada para alguns dias. · Quilotórax – lesão do ducto torácico 5.3.2. TÉCNICA · Paramentado, fazer assepsia, colocar campos estéreis e posicionar o paciente com o braço para cima, fazer anestesia local por planos com lidocaína 1%. · Paciente posicionado corretamente e fazer incisão de 1,5 - 2cm de pele e subcutâneo no 5º ou 6º EIC LAM. · Depois da incisão da pele, com a pinça Kelly dissecar/divulsionar por planos até chegar à pleura (há uma perda de resistência quando chega no espaço pleural) – entra de 0,5 a 1 cm. Ao atingir a pleura inserir o dedo indicador para verificar se há aderência – espaço oco. Depois introduz o dreno na posição póstero-apical – dreno junto com a kelly, ela vai guiar. Pinçar a porção distal até introduzir o dreno. Depois introduzir o selo d’agua. · Fazer o curativo, analgesia (muita dor) e sempre pedir um RX de controle. · Se for um derrame pleural septado, introduzir o dreno no local da coleção guiado por USG ou tomografia · Toracostomia · Fugir de complicações por isso faz nesse local – musculo, fígado elevado, etc 5.3.3. CONTRA-INDICAÇÃO · Alterações da coagulação · Uso de anticoagulantes (clopidogrel, marevan) · Derrame multi-loculado cirurgia aberta · Aderências pleuro-pulmonares – pós radio, processo inflamatório prévio. · Infecção cutânea no sítio de inserção – abcesso por exemplo, leva infecções para dentro da pleura. 5.3.4. COMPLICAÇÕES · · Hemorragia · Lesão cardíaca · Lesão hepática · Lesão esplênica · Lesão do nervo intercostal, artéria ou veia · Laceração pulmonar · Edema pulmonar de reexpansão · Enfisema de subcutâneo · Reação alérgica 5.3.5. QUANDO RETIRAR O DRENO? · Débito < 100mL/dia · Ausência de fístula aérea · RX com expansibilidade pulmonar total A Airway Proteção (Estabilização) da Coluna Cervical e avaliação das Vias Aéreas B Breathing Respiração e Ventilação C Circulation Circulação com Controle da Hemorragia D Disability Incapacidade, Estado Neurológico E Exposition Exposição e Controle do Ambiente (Prevenção da Hipotermia)
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