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COM002 UA01 Visão geral da noção de texto - Conceito e tipologia Descrição - Apostila

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gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção de texto – 
conceito e tipologia: descrição
1
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de compreender 
o que é texto, conhecer as diferenças entre narração, des-
crição e dissertação e ser capaz de elaborar uma descrição.
COmpetênCias 
Compreensão do conceito de texto e do que seja descre-
ver. Ampliação do repertório.
Habilidades 
Associação dos conceitos de textualidade. Reconheci-
mento dos gêneros narração, descrição, dissertação. 
Elaboração de uma descrição.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto – conceito e 
tipologia: descrição
ApresentAção
Descrever é uma habilidade necessária a qualquer pro-
fissional que utilize de algum modo a palavra. Pode-se 
dizer, sem medo de exagerar, que a necessidade de des-
crever bem aparece diariamente na vida profissional. 
Esta aula fornece uma introdução ao assunto, mostra os 
aspectos mais importantes e propõe exercícios que per-
mitam avaliar o domínio dessas características do texto 
descritivo.
pArA ComeçAr
É muito comum nos referirmos à palavra texto em várias 
situações, afinal ela é bastante conhecida de todos. Está 
presente no cotidiano em muitas atividades e não ape-
nas na escola. Mas o que realmente sabemos a respeito 
do texto? Veja a seguir.
Bananas abóboras lixa loira avental imponderável circunspecto 
abandono colorido imprescindível impetuosidade paráfrase co-
ronel.
Não se pode considerar, por exemplo, uma sequência 
desordenada de palavras como um texto.
O banco fechou suas portas às cinco da tarde. Árvores são parte 
integrante das praças e as cidades estão sempre bonitas, quando 
limpas.
Um aglomerado de frases sem sentido também não 
pode ser denominado como texto.
Dessa forma, duas considerações podem ser feitas:
 → Não basta sequenciar palavras ou frases para que 
o texto se constitua;
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 4
 → Todo texto traz em si um contexto mais amplo. Em outras palavras, 
nenhum texto é uma peça isolada, nem seu autor o dono da verdade.
A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaça-
mento”. Há, portanto, uma razão etimológica que não devemos esquecer 
de que texto resulta de um trabalho, a ação de tecer, entrelaçar unidades 
e partes a fim de formar um todo.
Assim, podemos falar também em textura ou tessitura de um texto, 
que é a rede de relações internas que garantem sua coesão, sua unidade.
O produtor de textos escritos executa um trabalho que pressupõe qua-
tro princípios: a repetição, a progressão, a não contradição e a relação.
A repetição é o princípio segundo o qual um texto coerente produz 
retomadas de elementos (palavras, frases e sequências). Tais retomadas 
são feitas por meio de pronomes e pelas terminações verbais que os indi-
cam ou por sinônimos. É preciso cuidado ao utilizar a repetição da mesma 
palavra, pois o texto pode perder o ritmo ou ficar cansativo.
Triste história
Há palavras que ninguém emprega. Apenas se encontram nos dicionários como velhas 
caducas num asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, 
em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho!
— Mário Quintana, Triste História
O autor utiliza várias formas de retomar e não repetir o termo “palavras”. 
Ora utiliza o pronome (elas) oculto, ora as adjetiva (velhas caducas, pobres 
velhinhas), ora se vale de expressões (uma que outra). A repetição, dessa 
forma, enriquece o texto.
A progressão, em um texto coerente, ocorre por meio de novas infor-
mações que são adicionadas ao que já foi dito. Serve para complementar 
a repetição, que garante a retomada de elementos passados, sem que o 
texto se limite a repetições indefinidas.
Nenhum homem é uma ilha
Nenhum homem é uma ilha, porque por mais solitário que ele seja, sempre terá al-
guém ao seu lado, dando aquela força. O homem nunca poderia ser uma ilha, pois 
está sempre procurando novas coisas, novas emoções, sempre se envolvendo com 
gente nova, por mais desconhecido que seja. Mesmo que a pessoa fosse muito soli-
tária, nunca poderia ser comparada a uma ilha. Na verdade, nem mesmo a ilha está 
sempre solitária. Por mais feia e sombria que seja, sempre terá algo por perto: as aves, 
as pedras, as árvores, a água do mar, os peixes... Por isso e por muitas outras coisas, 
um homem não pode ser ilha, porque ele acima de tudo é um ser humano e por ele 
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 5
ser um ser humano sempre terá alguém o amando ou o querendo bem, por mais longe 
que esteja ou por mais feio e sombrio que ele seja.
— Aluno de ensino médio. Disponível em: http://www.fotolog.com.br/flores_
msg/16792230. Acesso em abril de 2010
Após colocar o tema, o autor utiliza palavras e expressões que introduzem 
novos fatos e conceitos para, com isso, fazer o texto avançar. Note que 
progressão e repetição ocorrem simultaneamente: o surgimento de novas 
informações é acompanhado pela retomada ao tema.
A não contradição é o princípio que impede que elementos contradi-
tórios façam parte do texto para que a coerência seja mantida. Contradi-
ções podem destruir o texto, quando tomam como verdadeiro aquilo que 
já foi considerado como falso. Colocar em um mesmo texto frases como 
“O país atravessa um momento difícil” e “O país não atravessa um perío-
do difícil” só faria sentido se o escritor pretendesse enfatizar que, apesar 
das dificuldades, o país ainda tivesse perspectivas ou se quisesse negar a 
existência daquela dificuldade. Veja um texto contraditório:
[...] mas foi a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, que realizou as 
experiências mais aterradoras. Só que as cobaias eram seres humanos. Prisioneiros 
de guerra, principalmente judeus, foram submetidos a todos os tipos de crueldades.
— O Estado de S. Paulo, 3 out 1991 Disponível em: https://aplicweb.feevale.br/site/
files/documentos/doc/16220.doc. Acesso em março de 2010
A notícia diz que as experiências foram aterradoras porque as cobaias 
eram seres humanos. Porém ao utilizar a expressão só que, destrói o 
vínculo lógico da causa.
É preciso muito cuidado ao produzir um texto para não criar uma con-
tradição e destruir a argumentação do texto.
A relação precisa estar presente para que o texto seja coerente, ou seja, 
fatos e conceitos devem estar relacionados. Não basta listar os elemen-
tos que se vai utilizar. É necessário que haja um encadeamento entre as 
ideias, e que elas se aproximem, fortalecendo umas às outras.
O espírito democrático da criança não conhece hierarquia: ele sofre da mesma forma 
diante da fadiga do trabalhador, da fome de um camarada, da miséria de um burro 
de carga, do suplício de uma galinha sendo degolada. O cachorro e o pássaro são 
seus próximos, a borboleta e a flor seus iguais. Ela descobre um irmão numa pedra ou 
numa concha. Ela se dessolidariza de nós em seu orgulho de novo-rico; ignora que só 
o homem possui alma.
Nós não respeitamos a criança porque ela tem muitas horas de vida pela frente.
https://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/doc/16220.doc
https://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/doc/16220.doc
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 6
Enquanto nossos passos tornam-se passados, nossos gestos interesseiros, nossa 
percepção e nossos sentimentos empobrecem, a criança corre, salta, olha em sua vol-
ta, se maravilha e interroga em pura gratuidade. Ela desperdiça suas lágrimas e pro-
digaliza seu riso generosamente. [...]— Blog da creche São Vicente de Paulo – Disponível: http://crechesvpvotorantim.blo-
gspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html. Acesso em agosto de 2010.
Perceba que o texto começa com o tema “espírito democrático da crian-
ça”. Veja que há um avanço ao acrescentar outras ideias, mas todas pro-
curam se relacionar com a intenção de fortalecer o tema. Ao dizer, por 
exemplo, que “o cachorro e o pássaro são seus próximos”, mostra, com 
outras palavras, que a liberdade desses animais é a mesma da liberdade 
da democracia; ao se irmanar com a pedra e concha, reforça o espírito 
democrático da igualdade. Como vê, todo o texto se relaciona.
Atenção
A natureza do texto supõe alguns conceitos. Supõe ainda: 
estrutura, assunto, espaço, tempo, figuras, relações entre 
diferentes textos, contexto...
Consideradas as diferenças que distinguem os textos, é possível classificá-
-los de diversas maneiras. Assim, encontramos textos: poéticos, literários, 
científicos, políticos, religiosos, jurídicos, didáticos e vários outros.
Nesta aula e na próxima, trataremos de uma classificação bastante útil 
para a leitura e para a produção de texto, que é sua divisão em: descri-
tivos, narrativos e dissertativos. É preciso lembrar que dificilmente esses 
gêneros se apresentam em estado puro. É comum encontrar narração e 
descrição dentro de uma dissertação, descrições em narrações e assim 
por diante.
Por vezes acontece de a descrição conter muito significado em poucas 
palavras.
Leia os textos a seguir:
No 1
Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me di-
vertia. O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, mobilidade brusca 
e caretas de símio – palhaço dos outros, como dizia o professor; [...] o Maurílio, ner-
voso, insofrido, fortíssimo na tabuada: cinco vezes dois, noves fora, vezes sete?... lá 
estava Maurílio, trêmulo, sacudindo no ar o dedinho esperto... olhos fúlgidos no rosto 
http://crechesvpvotorantim.blogspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html
http://crechesvpvotorantim.blogspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 7
moreno, marcado por uma pinta na testa; o Negrão, de ventas acesas, lábios inquie-
tos, fisionomia agreste de cabra, canhoto e anguloso, incapaz de ficar sentado três 
minutos, sempre à mesa do professor e sempre enxotado, debulhando um risinho de 
pouca-vergonha [...]
— Raul Pompeia, O Ateneu
Este texto, predominantemente descritivo, tem como característica prin-
cipal apresentar a imagem de pessoas em seus traços mais marcantes 
e típicos, captados por meio dos sentidos. Tal caracterização obedece a 
uma delimitação espacial.
No 2
Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era 
levantar-se e conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os 
meninos. Estranhou a ausência deles. Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um 
desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem 
percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno 
coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar 
pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na 
esteira, por baixo do caritó onde Sinhá Vitória guardava o cachimbo.
— Graciliano Ramos, Vidas Secas
Este segundo texto, de caráter narrativo, constitui uma sequência tempo-
ral de ações desencadeadas por personagens envolvidas em uma trama 
normalmente esclarecida ao final.
No 3
[...] Todo especialista em marketing e em propaganda sabe que a cor é fundamental 
na apresentação e na aceitação do produto e, mais ainda, que isto é também condi-
cionado ao sexo, idade ou extrato sociocultural do comprador visado. Um produto que 
se destina, principalmente, ao mercado feminino deverá ter, por exemplo, embalagem 
em que predominem cores “femininas”, isto é, que lembrem suavidade e delicadeza; já 
naquele que busque despertar no homem o desejo de comprar as cores serão “mas-
culinas”, traduzindo agressividade e força. O efeito psicológico das cores pode, neste 
campo, ter grandes implicações. Não nos esqueçamos da pouca receptividade que, 
inicialmente, tiveram as geladeiras pintadas de vermelho, uma cor “quente”, pois as 
donas de casa não acreditavam que gelassem tão bem como as brancas...
— Roberto Verdussen, Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho
Este último, dissertativo, consiste na exposição lógica de ideias. Comporta 
um tema principal, argumentos e contra-argumentos. Ao final, o leitor é 
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 8
conduzido a uma conclusão. Sua principal característica é a argumentati-
vidade.
Como vocês podem verificar, os três exemplos apresentam característi-
cas bem marcantes, que caracterizam cada um dos gêneros comentados.
DicAs
Narrar x descrever x dissertar
A narração é marcada pela temporalidade; a descrição, pela 
espacialidade; e a dissertação, pela racionalidade.
Agora vamos nos aprofundar nas características da Descrição.
FundAmentos
Descrever é caracterizar uma cena, um estado, um momento vivido ou 
sonhado através de nossa percepção sensorial e de nossa imaginação 
criadora. A visão, o tato, a audição, o olfato e o paladar – nossos cinco 
sentidos – constituem os alicerces da descrição. (AMARAL, Patrocínio & 
SEVERINO, Antonio, 1999, p. 17)
Descrição é o tipo de texto em que se relatam as características de 
uma pessoa, de um objeto ou de uma situação qualquer, inscritos num 
certo momento estático do tempo. [...] Como os fatos reproduzidos numa 
descrição são todos simultâneos, nesse tipo de texto não existe obvia-
mente relação de anterioridade ou posterioridade entre os seus enuncia-
dos. (FIORIN & SAVIOLI, 2009, p. 298)
Descrever é um processo no qual se empregam os sentidos para cap-
tar uma realidade e reprocessá-la num teto. Para a elaboração de texto 
final, concorrem a sua habilidade linguística [...] e as finalidades a que ele 
se propõe: informar ao leitor, convencê-lo, transmitir-lhe impressões ou 
comunicar-lhe emoções. (SCIPIONE, 2006, p. 136)
Observando os conceitos comentados, é possível estabelecer que a 
descrição é um texto, literário ou não, em que se caracterizam seres, coi-
sas e paisagens.
Alguns itens podem ser verificados em relação à descrição:
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 9
1. O qUe desCrever
Conforme já vimos, a descrição tem base sensorial. Assim, é possível des-
crever o que vemos (e que está próximo), o que imaginamos (conhece-
mos, mas não está próximo no momento da descrição) ou o que criamos 
com a imaginação (qualquer ser imaginado).
Observe os três textos descritivos a seguir e perceba a sensação que 
cada um desperta em você.
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão 
têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O 
jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões 
e samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se 
pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tra-
dicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho 
encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as 
mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como 
em prece, nos mesmos lugares onde as situaramas mãos maternas quando eram mo-
ças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem 
mudamente [...]
— Vinicius de Morais, A casa materna
Prédio talvez um pouco antigo, porém limpo; desde o portão da chácara pressentia-se 
logo que ali habitava gente fina e de gosto bem-educado [...] bolhas de vidro de várias 
cores com pedestal de ferro fosco, e lampiões de três globos que surgiam de peque-
ninos grupos de palmeiras sem tronco, e banco de madeira rústica, e tamboretes de 
faiança azul-nanquim, alcançava-se uma vistosa escadaria de granito, cujo patamar 
guarneciam duas grandes águias de bronze polido, com as asas em meio descanso, 
espalmando as nodosas garras sobre colunatas de pedra branca. Na sala de entrada, 
por entre muitos objetos de arte, notava-se, mesmo de passagem, meia dúzia de telas 
originais, umas em cavaletes, outras suspensas contra a parede por grossos cordéis de 
seda frouxa; e, afastando o soberbo reposteiro de redes verdes que havia na porta do 
fundo, penetrava-se imediatamente no principal salão da casa.
— Aluísio Azevedo, O Homem
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o nor-
te, e engrossado com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se 
rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma 
serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majes-
tosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o 
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés 
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 10
do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as 
de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: 
escravo submisso, sofre o látego do senhor [...] Aí o Paquequer lança-se rápido sobre o 
seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pelo esparso 
pelas pontas do rochedo e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira.
— José de Alencar, O Guarani
2. COmO desCrever
Observando os textos, vemos que é possível escolher um entre os aspec-
tos a seguir, para efetuar a descrição ou mesmo a associação de dois e até 
três aspectos. São eles:
 → Pormenorização: detalhamento das características daquilo que que-
remos descrever (Aluísio de Azevedo);
 → Dinamização: captação dos movimentos dos objetos e seres (José de 
Alencar);
 → Impressão: interpretação subjetiva dos elementos observados (Vini-
cius de Morais)
É possível, em uma descrição, utilizarmos todos os órgãos dos sentidos, 
alguns deles ou apenas um. O importante, e que define a descrição, é que 
os sentidos são utilizados.
PAPo técnico
A descrição compreende algumas fases: enumeração de 
elementos, levantamento sensorial, comparação, imagi-
nação criadora. Leva em conta, ainda, um sujeito e suas 
perspectivas.
3. elementOs predOminantes na desCriçãO
Caso utilizarmos os sentidos, visão, audição, gustação, olfato e tato, as 
sensações são os elementos predominantes na descrição. Como a des-
crição está ligada à experiência sensorial física e percepção subjetiva, é 
natural que os órgãos dos sentidos sejam utilizados em parte ou na sua 
totalidade. As descrições relacionadas aos órgãos dos sentidos (mais vi-
suais, mais táteis...) são marcadas por certa objetividade, e aquelas que 
transmitem tristeza, dor, amor, fome, cansaço, são o veículo da subjetivi-
dade. E há as descrições que misturam sensações:
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 11
Os sons se sacodem, berram, lutam, arrebentam no ar sonoro dos ventos, vaias, kla-
xons, aços estrepitosos. Dentro dos sons movem-se cores, vivas, ardentes, pulando, 
dançando, desfilando sob o verde das árvores, em face do azul da baía no mundo 
dourado. Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro 
mulato, cheiro branco, cheiro de todos os matizes, de todas as excitações e de todas as 
náuseas. Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, brutais, suaves, lúbri-
cos, meigos, alucinantes. Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre, 
de mendubim, de castanhas, de bananas, de laranja, de bocas e de mucosa.
— Graça Aranha, A Viagem Maravilhosa
Como você sabe, o som não é uma propriedade das cores ou dos cheiros. 
Mas no texto de Graça Aranha, os cinco sentidos se misturam, se fundem 
com a intenção de provocar uma sensação de completude.
Veja, no esquema a seguir, a ligação entre sujeito, base sensorial e cria-
tividade.
conceito
Descrever é um processo em que se capta a realidade por 
meio dos sentidos; é caracterizar uma cena, um estado, um 
momento vivido ou sonhado através da percepção sensorial 
e da imaginação criadora.
objeto
(percebido)
imaginação
criadora
sujeito
(percebedor)
base
sensorial
percepção
O esquema mostra que descrever envolve a percepção do objeto pelo su-
jeito por meio da relação entre a base sensorial [representada pelos cinco 
sentidos: tato, visão, audição, olfato e visão] e a imaginação criadora.
Figura 1. Descrição.
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 12
4. FigUras de lingUagem e desCriçãO
A utilização de figuras de linguagem serve para facilitar a caracterização 
dos elementos que se quer descrever. As mais utilizadas são: metáfora 
(uso de uma palavra com sentido diferente daquele que lhe é próprio), 
comparação (confronto de duas ideias por meio de uma conjunção com-
parativa: como, tal qual...), prosopopeia (atribuição de características ani-
mais a seres inanimados [animação] e características humanas a seres 
não humanos [personificação]), sinestesia (cruzamento de sensações fí-
sicas ou psicológicas diferentes), onomatopeia (imitação aproximada de 
ruídos e sons de qualquer natureza), assim como outras figuras de lingua-
gem podem reforçar os sentidos nas descrições.
Leia novamente o texto em que José de Alencar descreve o rio Paque-
quer. Observe como é rico em metáforas, comparações, prosopopeias, si-
nestesias. E perceba como essas figuras facilitam a visualização desse rio.
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o nor-
te, e engrossado com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se 
rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma 
serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majes-
tosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o 
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés 
do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as 
de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: 
escravo submisso, sofre o látego do senhor [...] Aí o Paquequer lança-se rápido sobre o 
seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pelo esparso 
pelas pontas do rochedo e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira.
— José de Alencar, O Guarani
Uma COnstataçãO
No Brasil, em pleno século XXI, as empresas se queixam da dificuldade 
de encontrar pessoas que escrevam bem. Particularmente importante é 
a habilidade de redigir descrições que sejam facilmente inteligíveis, que 
não desperdicem palavras e, na medida do possível, que sejam agradáveis 
de ler. Por exigências de políticas de qualidade cada vez mais sofisticadas 
e abrangentes e de necessidade de certificações (várias modalidades de 
ISO, Green Buildings e outras validações de produtos), há uma tendência 
da valorização de profissionais capazes de escrever descrições concisas e 
corretas. Assim, empenhe-se.
Mah e Van
RealceMah e Van
Realce
antena 
pArAbóliCA
Até meados dos anos 70, o recrutamento de profissionais 
por empresas usava a intuição como principal ferramenta. 
Hoje, há parâmetros que tornam a escolha de colaborado-
res mais eficiente. Entre eles, está a descrição de cargos e 
funções. Pense nessa descrição como uma fotografia instan-
tânea de um conjunto de atividades. Essa descrição precisa 
comunicar de forma clara e concisa as responsabilidades 
e tarefas e também indicar as qualificações fundamentais 
exigidas. Se possível, deve até mostrar os atributos que sus-
tentam um desempenho de excelência.
Lembre-se
A descrição está presente em situações coti-
dianas e sua utilização é tão comum que não 
nos damos conta que a estamos praticando. 
É largamente empregada nas organizações: 
especificação de produtos, serviços, locais, 
reuniões, projetos, relatórios e em várias ou-
tras. outras instâncias...
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é texto e conhece um pouco 
do gênero “descrição”, chegou o momento de dar mais um 
passo e verificar como contar um fato, um acontecimento, 
um evento. Para isso você aprenderá na próxima aula, o 
que é uma narração e como elaborá-la. Aprenderá também 
como o fato de conhecer a estrutura da narrativa poderá 
auxiliá-lo. Boa sorte!
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 14
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