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APOSTILA-DIREITO-LIGUAGEM-INTERPRETACAO-DOCTUM-2020

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Rede de Ensino Doctum 
 
2020 
DIREITO, LINGUAGEM E 
INTERPRETAÇÃO 
1º período de Direito 
Prof.ª Ma. Tânia Danielle Vieira Neto 
 
 
Rede de Ensino Doctum 
1 
 
 
Aula 1 - Análise de textos 
 
Objetivo: Analisar os diferentes níveis de leitura de um texto 
 
Análise de textos 
Segundo Platão e Fiorin (2002), sempre que lemos um texto, por mais simples que ele possa parecer, o leitor se 
defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de todos os significados de sua superfície. Às vezes, 
em uma primeira leitura, parece impossível encontrar algum ponto para o qual convirjam tantas variáveis, 
acabando assim com o caos aparente. Os autores utilizam da fábula abaixo para explicar a busca por essa 
unicidade. 
 
Atividades 1 
1) (Unicamp 2012) Leia os textos abaixo: 
 
Texto I 
 
Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta (rendimento médio 
domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal), permitindo que a taxa nacional dessa categoria de 
pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio 
domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões de 
brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de 
pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008. 
(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 
13/07/2010, p. 3.) 
 
Texto II 
 
 
Fonte: BENETT, chargesdobenett.zip.net. 21/10/2011. 
a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois conceitos que são 
abordados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem ser relacionados às noções 
de miséria e pobreza. 
 
 
 
b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica. 
 
 
 
Rede de Ensino Doctum 
2 
 
2) (Unesp 1995) Capítulo VII 
Figura, Vestido, E Outras Coisas Do Homem. 
 
Assim que os personagens dos romances começam a ganhar a estima ou aversão de quem lê, vem logo ao 
leitor a vontade de compor a fisionomia do personagem plasticamente. Se o narrador lhe dá o bosquejo, a 
imaginativa do leitor aperfeiçoa o que sai muito em sombra e confuso no informe debuxo do romancista. Porém, 
se o descuido ou propósito deixa ao alvedrio de quem lê imaginar as qualidades corporais de um sujeito 
importante como Calisto Elói, bem pode ser que a intuição engenhosa do leitor adivinhe mais depressa e ao 
certo a figura do homem, que se lhe a descrevessem com abundância de relevos e rara habilidade no estampá-
los na fantasia estranha. 
Não devo ater-me à imaginação do leitor neste grave caso. 
Calisto Elói não é a figura que pensam. Estou a adivinhar que o enquadraram já em molde grotesco, e lhe deram 
a idade que costuma autorizar, mormente no congresso dos legisladores, os desconcertos do espírito, 
exemplificados pelo deputado por Miranda. Dei azo à falsa apreciação, por não antecipar o esboço do 
personagem. 
(Castelo Branco, Camilo. A QUEDA DUM ANJO in: Obra Seleta - I. Rio de Janeiro: Aguillar, 1960, p.807.) 
 
Embora seja bastante frutífera a consulta ao dicionário, em muitos casos não temos necessidade de buscar os 
significados de certas palavras ou expressões, pois é possível entendê-los no contexto. Com base nesta 
observação, releia o trecho de Camilo e, a seguir: 
 
a) Escreva os significados de "bosquejo" e "alvedrio". 
b) Cite a frase do segundo parágrafo em que o narrador admite que, por não ter dado o bosquejo de Calisto 
Elói, ofereceu ao leitor o ensejo de um entendimento errado do personagem. 
 
3) (Fuvest 2011) Leia o seguinte texto e responda ao que se pede. 
 
Em boca fechada bem-te-vi não faz ninho 
 
Campos de Melo passou todos os anos de sua vereança sem dar uma palavra. Era o boca-de-siri da câmara 
municipal de Cuité. Até que, uma tarde, ergueu o busto, como quem ia falar. O presidente da Mesa, mais do que 
depressa, disse: 
__ Tem a palavra o nobre vereador. 
Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou. 
__ Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado. 
 
Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que, tanto do ponto de vista da estrutura quanto da mensagem, o 
título do texto constitui um provérbio? 
 
4) (Fuvest 2011) Examine esta propaganda de uma empresa de certificação digital (mecanismo de segurança 
que garante a autenticidade, confidenciabilidade e integridade às informações eletrônicas. 
 
 
Rede de Ensino Doctum 
3 
 
Aponte a relação de sentido entre a mensagem verbal e a imagem. 
 
 
5) (UNICAMP 2004) Por ocasião da comemoração do dia dos professores, no mês de outubro de 2003, foi 
veiculada a seguinte propaganda, assinada por uma grande corporação de ensino: 
 
Parabéns. (Pl. de parabém). S. m. pl. 1. Felicitações, congratulações. 2. Oxítona terminada em ens, sempre 
acentuada. Acentuam-se também as terminadas em a, as, e, ES, o, os e em. 
 
Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a gente precisava ensinar alguma coisa. 
 
a) Observe os itens 1 e 2 do verbete Parabéns no interior do quadro. Há diferenças entre eles. Aponte-as. 
b) Levando em conta o enunciado que está abaixo do quadro, a quem se dirige essa propaganda? 
c) Diferentes imagens da educação escolar sustentam essa propaganda. Indique pelo menos duas dessas 
imagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rede de Ensino Doctum 
4 
 
 
Aula 2 - As várias possibilidades de leitura de um texto 
 
Objetivo: Demonstrar que um texto pode ter diversas leituras, bem como pode jogar com leituras distintas para 
criar efeitos literários e/ou humorísticos. 
 
As várias possibilidades de leitura de um texto 
 
Como já citado, um texto pode apresentar mais de uma leitura, desde que essas leituras estejam amparadas em 
marcas deixadas pelo autor em seu texto. Platão e Fiorin (2003) analisam o seguinte texto: 
O Lobo e o Cordeiro 
Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. 
Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água. 
- Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, que estava alguns dias sem 
comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome. 
- Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, 
uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando. 
- Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado. 
- Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e 
disse: 
- Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. 
- Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único. 
- Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é 
preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, 
agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado. 
 
MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor 
(La Fontaine, Fables Tours, Alfred Mame et Fils, 1918. v.1) 
 
Ao realizar a análise, a primeira questão colocada pelos autores é a de que o texto é uma fábula, um texto que 
conta histórias de seres humanos representados por animais, plantas etc.; essa afirmação pode ser feita com 
base no “fato de que há nos textos uma reiteração de traços semânticos, isto é, de elementos que compõem o 
significado das palavras, que obriga a ler o texto de uma dada maneira.” (PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 126). 
Na fábula acima, inicialmente, parece-nos tratar de uma história de animais: um lobo e um cordeiro. Segundo os 
autores, poderia-se pensar que se trata de uma história de bichos; mas, ao se analisar esse texto, percebe-se 
procedimentos próprios de seres humanos(dizer, castigar, responder, etc.), qualidades e estados exclusivos dos 
homens (enfurecido, temeridade, ter irmãos), formas de tratamento usadas nas relações sociais de seres 
humanos (Senhor, Vossa Majestade, você). Ao perceber essa reiteração do traço semântico humano, um novo 
plano de leitura é desencadeado. 
Assim, o texto assume dois planos de leitura distintos: no primeiro plano, é uma história de animais; em segundo 
plano, à medida que o traço semântico humano se afirma, a fábula deixa de ser uma simples história de bichos e 
passa a ser uma história de homens (o lobo representaria o homem forte que oprime o povo – cordeiro). 
 
Rede de Ensino Doctum 
5 
 
As possíveis leituras de um texto são determinadas pela recorrência destes traços 
semânticos. “Uma leitura não tem origem na 
intenção do leitor de interpretar o texto de uma 
dada maneira, mas está inserida no texto 
como virtualidade, como possibilidade.” 
(PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 126). Cumpre 
lembrar que um texto não aceita qualquer 
leitura, um leitor não pode atribuir ao texto os 
sentidos que bem entender; só serão 
consideradas corretas as leituras que 
estiverem amparadas nos traços de significado 
reiterados, repetidos, recorrentes ao longo do 
texto. 
O texto possui duas principais “marcas de possibilidade de mais de um plano de significação”: a primeira marca 
são os relacionadores de leitura, palavras com mais de um significado; a segunda marca são os 
desencadeadores de leitura, palavras ou expressões que desencadeiam outro plano de sentido. (PLATÃO e 
FIORIN, 2003, p. 129). 
 
Aula 3 - Estratégias de leitura 
 
Objetivo: Analisar diferentes estratégias de leitura de texto 
 
Estratégias de leitura 
 
 
Ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexão, 
enfatizamos a leitura da palavra escrita. No entanto, segundo Luckesi (2003, p. 119), “[...] a leitura, para atender 
o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrário, ela será um 
processo mecânico de decodificação de símbolos”. 
É importante frisar que a leitura é muito importante, pois “[...] amplia e integra conhecimentos [...], abrindo cada 
vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a 
mente e alargando a consciência [...]” (RUIZ, 2002, p. 35). Pesquisas comprovam que o sucesso nas carreiras e 
atividades na atualidade, relacionam-se, estreitamente, com a hábito da leitura proveitosa, pois além de 
aprofundar estudos, possibilita a aquisição dos conhecimentos produzidos e sistematizados historicamente pela 
humanidade. 
O objetivo maior ao proceder à leitura de uma determinada obra consiste em “[...] aprender, entender e reter o 
que está lendo.” (MAGRO, 1979, p. 09). Por conseguinte, inquestionavelmente, a leitura é uma prática que 
requer aprendizagem para tal e, sem sombra de dúvida, uma atividade ainda pouco desenvolvida. Neste 
particular, Salomon (2004, p. 54) enfatiza que “a leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de 
hábito ou aprendizagem [...]”. Além do incentivo e à promoção de espaços permanentes de leitura é preciso criar 
o prazer para este ofício. 
Muitas vezes, as pessoas possuem dificuldade de ler, pois ainda não encontraram uma estratégia de leitura que 
seja eficiente à sua condição. Essas estratégias são as formas utilizadas pelo leitor para facilitar a compreensão 
dos dados informativos de um texto; cabe frisar ainda que cada um possui uma estratégia para melhor assimilar 
o texto. Na sequência, falar-se-á de algumas dessas estratégias: 
http://www.alunosonline.com.br/portugues/estrategias-de-leitura.html
 
Rede de Ensino Doctum 
6 
 
 
Leitura em voz alta – “enquanto lê em voz alta, a concentração é facilitada, já que a leitura silenciosa pode 
sofrer interferências de pensamentos alheios ao assunto tratado no texto.” 
Exposição de pensamentos – “é quando o leitor expõe, verbaliza o que está pensando a respeito do que lê. 
Esta prática desperta o interesse da pessoa por aquela leitura sem que perceba.” 
 
Identificação dos fatores chaves – “o ledor identifica os elementos mais importantes da narrativa: os verbos, 
as personagens, as características e qualidades principais. Qual o objetivo do texto? E para qual tipo de leitor? 
Qual o posicionamento do autor: a favor ou contra? Perguntas como estas são feitas e respondidas pelo próprio 
leitor depois de analisadas novamente no texto.” 
 
Representação visual dos acontecimentos – “à medida que lê, o indivíduo faz reproduções mentais acerca 
dos fatos. Dessa forma, o conteúdo é internalizado através das imagens obtidas através da leitura.” 
 
Antecipação das informações – “diz respeito ao conhecimento prévio que o leitor possui a respeito do que lê. 
Assim, enquanto faz a leitura vai se lembrando do que já sabe sobre o tema abordado e presumindo o que virá a 
seguir. Este método causa tranquilidade e conforto.” 
 
Questionário – “trata-se de elaborar um questionário sobre a leitura, o qual é respondido pelo próprio leitor, 
claro. Porém, há a possibilidade do mesmo tecer uma pergunta ao lado de cada parágrafo que julgar mais 
importante.” Assim, quando ler a pergunta que fez, saberá do que se trata o parágrafo em questão. 
 
Resumo – “fazer uma síntese do texto à medida que lê. A cada período mais importante, o leitor escreve uma 
oração que o resume em um papel ou então no próprio livro, ao lado do parágrafo (faça isso, caso o livro seja 
seu).” 
Atividades 
 
 
1) Analise as possibilidades de leitura do texto abaixo: 
 
A noite dissolve os homens (Carlos Drummond de Andrade) 
 
A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tão pouco os rumores que outrora me 
perturbavam. 
A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate, nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo 
e a total incompreensão. 
A noite caiu. 
Tremenda, sem esperança... 
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros. 
 
E o amor não abre caminho na noite. A noite é mortal, completa, sem reticências, a noite dissolve os homens, diz 
que é inútil sofrer, 
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas. 
A noite anoiteceu tudo... 
O mundo não tem remédio... Os suicidas tinham razão. 
 
Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender 
 
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e dos bens que repartirás com todos os homens. Sob o úmido véu de raivas, 
queixas e humilhações, adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna. 
 
O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos, teus dedos frios, que ainda se não modelaram, 
mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório. Minha fadiga encontrará em ti o seu termo, 
minha carne estremece na certeza de tua vinda. 
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam, os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma 
inocência, um perdão simples e macio... 
Havemos de amanhecer. O mundo se tinge com as tintas da antemanhã 
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora. 
(Carlos Drummond de Andrade. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969, p.57-8) 
 
Aula 4 - Funções da linguagem 
 
Objetivo: Identificar os elementos da comunicação, bem como as funções de linguagem de cada texto. 
 
Funções da Linguagem 
 
O processo de comunicação compreende a troca de informações, utiliza de sinais devidamente organizados, que 
são emitidos a outra pessoa. A palavra falada, a palavra escrita, os desenhos, os sinais de trânsito são alguns 
exemplos de comunicação, em que alguém transmite uma mensagem a outra pessoa. “O funcionamento da 
mensagem ocorre tendo em vista a finalidade de transmitir” (CHALHUB, 2001, p.5), qualquer interferência sofrida 
nessa transmissão será chamada de ruído.Disponível em: http://professor.bio.br/portugues/provas_vestibular_detalhe.asp?universidade=Unicamp1995. 
Acesso em: 21/02/2014 
 
Elementos da Comunicação 
 
São seis os elementos da comunicação: 
 
Emissor - o que emite a mensagem. 
Receptor - o que recebe a mensagem. 
Mensagem - o conjunto de informações transmitidas. 
Código - a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se 
concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem. 
Canal de Comunicação - por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar. 
Contexto - a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente. 
http://professor.bio.br/portugues/provas_vestibular_detalhe.asp?universidade=Unicamp1995
 
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8 
 
 
MACACOS ME MORDAM 
Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele que há tempos um cientista 
local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus: 
“Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”. 
Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser encontrado na localidade. Um 
belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu resposta: 
“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”. 
Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos cruzeiros? 
Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio comunicar-lhe: 
– Professor, chegou sua encomenda. Aqui está o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem 
especial. 
E acrescentou: 
– É macaco que não acaba mais! 
Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira “1002 macacos”! E na estação, para 
começar, nada menos que seiscentos macacos engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou 
imediatamente ao amigo: 
“Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”. 
Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já se concentrava ali, curiosa, 
entusiasmada, apreensiva: 
– O que será que o professor pretende com tanto macaco? 
E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na plataforma da estação, 
divertindo a todos com suas macaquices. O professor não teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se 
esconder no fundo de sua casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la: 
– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo. 
O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo: 
– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas tenha paciência: se o senhor não 
der um jeito eu vou mandar trazer a macacada para sua casa. 
– Para minha casa? Você está maluco? 
O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se comentava outra coisa, e os ditos 
espirituosos circulavam: 
– Macacos me mordam! 
– Macaco, olha o teu rabo. 
A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas gradas do lugar: o prefeito, 
o delegado, o juiz. 
– Mandar de volta por conta da prefeitura? 
– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos. 
– O professor muito menos. 
– Já estão famintos, não sei o que fazer. 
– Matar? Mas isso seria uma carnificina! 
 
Rede de Ensino Doctum 
9 
 
– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom prato... 
Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra alternativa, apelou para o último 
recurso – o trágico, o espantoso recurso da pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide 
durante o cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da Holanda, mandou soltar os 
macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte, alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos 
touros que saltam para a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade quando 
se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra, imediatamente invadiu a cidade em pânico. Naquela 
noite ninguém teve sossego. Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço 
da janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja habitual deram com seu lugar 
ocupado por macacos. A bilheteira do cinema, horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu 
através das grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque de súbito despregou-
se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai de quem descascasse preguiçosamente uma 
banana! Antes de levá-la à boca um braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, 
houve um momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E houve também 
o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou intacto. A noite passou assim, em polvorosa. 
Caçadores improvisados se dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de 
levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite. 
No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque os macacos foram os primeiros 
a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário 
houvesse por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia. 
Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns morreram de fome ou caçados 
implacavelmente. Outros fugiram para a floresta, outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como 
sugerira o delegado, nas mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado, 
esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o perseguia com pedras. Durante 
muito tempo, porém, sua presença perturbadora pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de 
nenhum para suas experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante algum tempo 
muitos insistissem em visitá-la pela janela. 
Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo em Manaus: 
“Seguiu resto encomenda”. 
Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a estação, abandonou a 
cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele. 
 
Disponível em: http://www.robertoavila.com.br/arquivos/redacao_aula02.htm. Acesso em: 21/02/2014 
 
Funções da Linguagem 
Chalhub (2001) relata que Roman Jakobson caracterizou seis funções de linguagem, ligadas ao ato da 
comunicação: 
 
1 Função Referencial, denotativa ou informativa: é centralizada no referente, o emissor oferece informações 
sobre a realidade, por isso é objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular, produzindo 
informações “claras, transparentes e sem ambiguidades”. Um exemplo de uso da função referencial são os 
editoriais dos jornais, escritos de forma linear, com sintaxe clara, apresentam tese, desenvolvimento e conclusão 
da maneira mais impessoal possível. (CHALHUB, 2003) 
http://www.robertoavila.com.br/arquivos/redacao_aula02.htm
 
Rede de Ensino Doctum 
10 
 
 
Em 1665¸ Londres é assolada pela peste negra (peste bubônica) que dizimou grande parte de sua população, 
provocando a quase total paralisação da cidade e acarretando o fechamento de repartições públicas, colégios 
etc. Como consequências desta catástrofe, Newton retornou a sua cidade natal, refugiando-se na tranquila 
fazenda de sua família, onde permaneceu durante dezoito meses, até que os males da peste fossem afastados, 
permitindo seu regresso a Cambridge. 
Este período passado no ambiente sereno e calmo do campo foi, segundo as palavras do próprio Newton, o 
mais importante de sua vida. Entregando-se totalmente ao estudo e à meditação, quando tinha apenas 23 a 24 
anos de idade, ele conseguiu, nesta época, realizar muitas descobertas, desenvolvendo as bases de 
praticamentetoda a sua obra. 
 
(Antônio Máximo e Beatriz Alvarenga. In. Curso de Física. São Paulo: Harbra, 1992. v. 1, p. 196.) 
 
 
Menino que levou tiro na cabeça e não sabia sai do hospital 
 
Samuel, de 3 anos, brincava na frente da casa dele quando foi atingido por uma bala perdida. 
A família realmente achou que ele tivesse levado uma pedrada de um amigo. O menino foi atendido em dois 
postos de saúde públicos de Foz do Iguaçu. As médicas não perceberam que ele tinha uma bala alojada no 
cérebro - e receitaram analgésico e antibiótico. 
Só cinco dias depois, quando a família resolveu pagar por um exame, o projétil foi encontrado. 
Ele passou por uma cirurgia delicada e logo começou a surpreendente recuperação. 
A previsão é de que Samuel deixasse o hospital apenas amanhã, mas como a recuperação dele foi excelente e 
desde ontem o menino pedia muito para ir pra casa, os médicos anteciparam a alta. Ele precisa apenas 
descansar um pouco, cuidar dos curativos e a partir de hoje já pode retomar a vida normal. 
Os médicos dizem que apesar de o tiro ter atravessado o cérebro, o menino não ficará com sequelas. 
(Fantástico - 31/01/2009) 
 
2 Função emotiva ou expressiva: é centralizada no emissor, revela as opiniões ou sentimentos do emissor. 
Predomina, portanto, o uso da 1ª pessoa, de interjeições, de adjetivos, de advérbios e de signos de pontuação 
como exclamações e reticências. Essa figura é típica em canções populares, novelas, pinturas. (CHALHUB, 
2003) 
 
Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um pouco de medo. A que me levará minha liberdade? O que é isto que 
estou te escrevendo? Isto me deixa solitária. (Clarice Lispector) 
 
“Eu sei que vou te amar. 
Por toda a minha vida, eu vou te amar. Em cada despedida, eu vou te amar. 
Desesperadamente 
Eu sei que vou te amar. 
E cada verso meu será 
Para te dizer que eu sei que vou te amar 
Por toda a minha vida. 
Eu sei que vou chorar. 
A cada ausência tua eu vou chorar. Mas cada volta tua há de apagar 
O que esta ausência tua me causou. Eu sei que vou sofrer 
 
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A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu 
Por toda a minha vida.” (Vinícius de Moraes e Tom Jobim) 
 
3 Função conativa ou apelativa - é centralizada no receptor; o 
emissor procura influenciar o comportamento do receptor, por meio de 
“ordem, exortação, chamamento ou invocação, saudação ou súplica”. 
Predomina o uso da 2ª pessoa, do vocativo e do imperativo. A 
persuasão da mensagem pode ser reforçada pela função estética, como 
exemplo foi citada a bula de remédio criada por Décio Pignatari, em que 
a função estética foi usada como suporte para persuadir o receptor. 
(CHALHUB, 2003) 
 
 
Disponível em: http://trabalhosobrefuncoesdelinguagem.blogspot.com.br/ Acesso em: 21/02/2014 
Disponível em: http://trabalhosobrefuncoesdelinguagem.blogspot.com.br/ Acesso em: 21/02/2014 
 
4 Função fática - é centralizada no canal, no contato, no suporte físico. Testa o canal sem informar 
significados. São certos tiques, cacoetes, interjeições que mantêm os interlocutores em contato, dando a ilusão 
de que emissor e receptor se comunicam. (CHALHUB, 2003) 
 
— Como vai, Maria? 
— Vou bem. E você? 
— Você vai bem, Maria? 
— Já disse que sim! 
— Eu também. Está tão bonita!” 
— Ah, bem, é que eu... 
— Ah, é. 
(Dalton Trevisan) 
 
 
 
http://trabalhosobrefuncoesdelinguagem.blogspot.com.br/
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Olá, como vai ? 
Eu vou indo e você, tudo bem ? Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro, e você ? Tudo bem, 
eu vou indo em busca De um sono tranquilo, quem sabe ... Quanto tempo... pois é... 
Quanto tempo... 
Me perdoe a pressa 
É a alma dos nossos negócios Oh! Não tem de quê 
Eu também só ando a cem (Paulinho da Viola) 
 
5 Função metalinguística - é centralizada no código, “no sistema de símbolos com significação fixada”, usa a 
linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala de poesia utiliza a função metalinguística. As críticas, as 
traduções e os dicionários são outros exemplos de metalinguagem. (CHALHUB, 2003) 
Disponível em: https://redacaonocafe.wordpress.com/tag/descontraindo/ Acesso em: 21/02/2014 
 
“_Que quer dizer pitosga? 
_Pitosga significa míope. 
_E o que é míope? 
_Míope é o que vê pouco.” 
 
6 Função poética - caracteriza-se pela mensagem 
centrada em si mesma, contruída de forma nova para 
desautomatizar a sensibilidade do leitor. O objetivo é 
causar estranhamento. Essa função é a essência da 
poesia. (CHALHUB, 2003). Afetiva, sugestiva, conotativa 
e metafórica. 
 
Não sinto o espaço que encerro Nem as linhas que 
projeto 
Se me olho a um espelho, erro — Não me acho no que 
projeto (Mário de Sá-Carneiro) 
 
Numa mesma mensagem, porém, várias funções podem ocorrer, uma vez que, atualizando concretamente 
possibilidades de uso do código, entrecruzam-se diferentes níveis de linguagem. (CHALHUB, 2003, p. 8) 
https://redacaonocafe.wordpress.com/tag/descontraindo/
 
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Atividades 
1) Defina o(s) interlocutor(es) da propaganda abaixo. Quais são os recursos utilizados para convencê-lo da 
qualidade superior do material divulgado? 
 
Nós, da Editora X, entendemos muito bem o que significa, para você, professor, ensinar. É parte da sua vida. E 
nós entendemos porque ensinar também faz parte da nossa. Com 36 anos de história em educação, os livros 
didáticos que oferecemos são o resultado da experiência acumulada em sala de aula, por professores como 
você. Por isso nossos livros são feitos com tanta clareza, simplicidade e inteligência. Porque são feitos da 
mesma matéria-prima que alimenta o seu dia-a-dia: amor pelo ensino. 
 
Livros Didáticos X. 
Feitos por quem ama ensinar. 
 
 
TEXTO I 
 
Mulher Assassinada 
 
 
Policiais que faziam a ronda no centro da cidade encontraram, na madrugada de ontem, perto da Praça da Sé, o 
corpo de uma mulher aparentando 30 anos de idade. Segundo depoimento de pessoas que trabalham em bares 
próximos, trata-se de uma prostituta conhecida como Poe Nenê. Ela foi assassinada a golpes de faca. A polícia 
descarta a hipótese de assalto, pois sua bolsa, com a carteira de dinheiro, foi encontrada junto ao corpo. O caso 
está sendo investigado pelo delegado do 2º distrito policial. 
Jornal da Cidade, 10 set. 2004 
 
TEXTO II 
Pequena Crônica Policial 
Jazia no chão, sem vida, E estava toda pintada! 
Nem a morte lhe emprestava A sua grave beleza... 
Com fria curiosidade, 
Vinha gente a espiar-lhe a cara, As fundas marcas da idade, Das canseiras, da bebida... 
[...] 
Sem nada saber da vida, De vícios ou de perigos, Sem nada saber de nada... Com sua trança comprida, Os 
seus sonhos de menina, Os seus sapatos antigos! 
Mário Quintana – Prosa & Verso 
 
 
2) Os textos I e II trazem certa semelhança entre si. O que há de semelhante nos textos acima? 
 
a) A temática. 
b) A organização da linguagem. 
c) A forma de abordagem ao tema. 
d) A intenção discursiva. 
e) O posicionamento do narrador diante a matéria narrada. 
 
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3) Que aspectos distinguem os textos I e II, a partir da análise dos mesmos, considerando sua 
linguagem? 
a) denotação – função referencial (texto II). 
b) função poética – ênfase no assunto (texto II). 
c) criatividade linguística – função poética (texto II). 
d) ênfase na mensagem – função referencial (texto I). 
e) texto jornalístico – Ênfase no leitor (texto I). 
 
O texto abaixo será utilizado nas questões 3 e 4 
TEXTO III 
Nova Poética 
 
Vou lançar a teoria do poeta sórdido. Poeta sórdido: 
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito, 
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco 
[muito bem engomada, e na primeira esquina passa um [caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa 
de lama: 
É a vida 
O poema deve ser como a nódoa no brim: 
Fazer o leitor satisfeitode si dar o desespero [...] 
Manuel Bandeira 
 
4) As funções de linguagem predominante no Texto III são: 
 
a) Poética e metalinguística. 
b) Conativa e referencial. 
c) Referencial e emotiva. 
d) Metalinguística e conativa. 
e) Emotiva e referencial. 
 
5) As funções de linguagem predominantes no texto acima se justificam pelos seguintes fatores: 
a) sentimentalismo e informatividade. 
b) metadiscursividade e interpelação ao leitor. 
c) informatividade e sentimentalismo. 
d) interpelação ao leitor e informatividade. 
e) criatividade linguística e metadiscursividade. 
 
6) Leia a estrofe abaixo: 
 
"Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca 
Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! 
Álvares de Azevedo 
 
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A presença da interjeição, as exclamações e a 1ª pessoa gramatical identificam no texto a função da linguagem: 
 
A) Poética. B) Conativa. C) Referencial. D) Metalinguística. E) Emotiva. 
 
 
7) Leia o texto e assinale a alternativa correta: 
A um passarinho 
Para que vieste Na minha janela Meter o nariz? 
Se foi por um verso Não sou mais poeta Ando tão feliz! 
Se é para uma prosa Não sou Anchieta Nem venho de Assis Deixe-te de histórias Some-te daqui. 
Vinícius de Morais 
 
 
Quanto à análise do texto acima, pode-se afirmar que: 
 
a) A facilidade com que se pode reconstruir o fato narrado e as informações precisas veiculadas pelo texto 
provam a não existência de elementos ficcionais; a função de linguagem predominante é a referencial. 
b) No quinto verso, o próprio autor esclarece que seu texto não tem caráter poético, o que lhe confere a função 
metalinguística da linguagem. 
c) Apesar de escrito em versos, o texto acima não é literário, porque, nos dois últimos versos, o autor diz 
claramente não querer contar histórias, neles, ocorre a função apelativa ou conativa, própria da linguagem de 
propaganda. 
d) Embora haja referência a dados concretos da realidade circundante, o texto é literário, uma vez que, a par de 
exemplos de função emotiva e conativa, a criatividade linguística dá o tom do texto e confere a função poética 
como predominante. 
e) No sétimo verso, o próprio autor esclarece que seu texto não está escrito em prosa; é, portanto, um texto não 
literário. 
 
8) Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista com Riobaldo, de Grande sertão: veredas. 
 
“Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria ‘Grande sertão: veredas’, não haveria 
Riobaldo. Deviam ter pensado que pelo menos para isso serviu. E o resto é silêncio. Ou melhor, mais uma 
pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio? O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.” 
Alberto Pompeu de Toledo, Veja. 
 
Acima, predominam as seguintes funções da linguagem: 
 
A) Poética e fática. B) Conativa e metalinguística. C) Referencial e expressiva. 
D) Metalinguística e emotiva. E) Emotiva e poética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 5 - Denotação e Conotação 
 
Objetivo: Diferenciar o sentido denotativo do sentido conotativo. 
 
Denotação e Conotação 
 
Segundo Platão e Fiorin (2002), para se entender esses dois conceitos, é necessário analisar que o signo 
linguístico é composto por duas partes distintas, apesar de uma não existir sem a outra. Esse signo divide-se 
numa parte perceptível, constituída de sons que podem ser representados por letras, que é chamada de 
significante ou plano da expressão; e outra inteligível, constituída por um conceito, que é chamada de significado 
ou plano de conteúdo. Assim, quando ouvimos uma palavra, percebemos seu significante e associamos ao seu 
significado. 
“Numa língua qualquer, é muito comum ocorrer que o plano de expressão (um significante) seja suporte para 
mais de um plano de conteúdo (significado), ou seja, que um mesmo termo tenha vários significados” (PLATÃO 
e FIORIN, 2002, p. 112); quando isso ocorre, dá-se o nome de polissemia. Os autores citam como exemplo a 
palavra linha, que pode assumir o significado de: material próprio para costurar ou bordar tecidos; os vários 
atacantes de um time de futebol; os trilhos de um trem ou bonde; uma certa conduta de um indivíduo, postura; e 
outros significados. Como se vê, um mesmo significante pode evocar vários significados; o que vai determinar 
qual significado a ser aplicado na frase será o contexto. Ao ser inserida no contexto, a palavra deixa de admitir 
vários significados e ganha um significado específico no contexto. Esse significado definido pelo contexto ganha 
o nome de significado contextual. 
Essa relação existente entre o plano da expressão e o plano do conteúdo é chamada de denotação; podendo 
também ser definida como o conceito que remete o receptor a certo significante. Os conceitos que as palavras 
denotam são descritos no dicionário: “quando alguém procura no dicionário o significado de uma palavra, está 
querendo saber o que é que ela denota ou que tipo de significado está investido num certo significante. 
(PLATÃO e FIORIN, 2002, p. 114). 
Além do significado denotativo, uma palavra também pode apresentar significados paralelos, vindo carregada de 
impressões, valores afetivos, negativos, positivos etc. Esses valores, quando são sobrepostos ao signo, 
constituem aquilo que chamamos de sentido conotativo. Assim, “cair do cavalo” tem um sentido denotativo: 
“sofrer uma queda de um cavalo”. A essa expressão, acrescenta-se outro conteúdo, e “cair do cavalo” passa a 
conotar “dar-se mal”, ‘sofrer uma decepção”. (PLATÃO e FIORIN, 2002, p. 114). O sentido conotativo varia com 
relação à cultura, à classe social e á época em que o indivíduo vive. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em:http://fatimalp.blogspot.com.br/2012/07/denotacao-conotacao.html. Acesso: 14/02/2014 
http://fatimalp.blogspot.com.br/2012/07/denotacao-conotacao.html
 
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Atividades 
 
1 (Fuvest- SP) 
I – Uma andorinha só não faz verão II- Nem tudo que reluz é ouro 
III- Quem semeia ventos, colhe tempestades IV – Quem não tem cão caça com gato. 
 
As ideias centrais dos provérbios acima são, na ordem: 
a) solidariedade- aparência- vingança- dissimulação. 
b) cooperação – aparência- punição- adaptação. 
c) egoísmo- ambição- vingança- falsificação. 
d) cooperação – ambição – consequência- dissimulação 
e) solidão – prudência- punição – adaptação. 
 
 
2 Leia atentamente os textos abaixo e indique D quando prevalecer a denotação e C quando prevalecer a 
conotação: 
 
a) ( ) “O ano de 1948, em Pernambuco, foi marcado por um processo revolucionário, liderado por um Partido 
Liberal radical.” 
b) ( ) “Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois – Recife das revoluções libertárias – Mas o Recife sem 
história nem literatura – Recife sem mais nada – Recife da minha infância” 
c) ( ) “ depois de analisar os prontuários de 964 pessoas operadas np Hospital das Clínicas da Universidade 
Federal de Pernambuco, no Recife, o médico Cláudio Moura Lacerda de Melo, 31 anos, concluiu que seus 
colegas exageraram na requisição de exames radiológicos e de laboratório, ao mesmo tempo em que dão pouca 
atenção ao exame direto do paciente e a uma conversa com ele sobre o seu histórico de saúde”. 
d) ( ) “Em todo triângulo, o quadrado de qualquer lado é igual a soma dos quadrados dos outros dois, menos o 
duplo produto destes dois lados pelo co- seno do ângulo que eles formam. 
e) ( )“ A ciência que se constituiu em torno dos fatos da língua passou por três fases sucessivas antes de 
reconhecer seu verdadeiro e único objeto’’ 
f) ( ) “Tantas palavras / Que eu conhecia / E já não falo mais, jamais/ Quantas palavras/ Que ela adorava/ 
Saíram de cartaz” 
g) ( ) “ Abriu os olhos devagar. Os olhos vindos de sua própria escuridão nada viram na desmaiada luz da tarde. 
Ficou respirando. Aos poucos recomeçou a enxergar, após poucos as formasforam se solidificando, ela 
cansada, esmagada pela doçura de um cansaço” 
h) ( ) “Na literatura brasileira de hoje, talvez seja o conto o gênero de maior destaque, em termos de vigor e 
criatividade”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 6 – Semântica 
 
Objetivo: Analisar frases e expressões do ponto de vista de sua significação. 
 
Semântica 
É a ciência que estuda a significação. 
 
Polissemia 
 
“A polissemia se opõe à homonímia: para que haja polissemia, é preciso que haja uma só palavra; para que haja 
homonímia, é preciso que haja mais de uma palavra. Há continuidade entre os vários sentidos que assume uma 
palavra ou construção polissêmica entre os sentidos próprios de palavras homônimas, há descontinuidade.” 
(ILARI,2002, p. 151) A polissemia afeta, além das palavras, a maioria das construções gramaticais: um bom 
exemplo é o chamado “aumentativo” dos nomes: se pensarmos nas razões pelas quais alguém poderia ser 
chamado de Paulão, em vez de Paulo, podemos imaginar que é “porque é alto”, “porque é grande”, “porque é 
grosseiro”, “porque é desajeitado” e até mesmo “porque é uma pessoa com quem todos se sentem à vontade”. 
Mais exemplos: 
 
 
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! Vamos! Coloque logo a 
mão na massa! 
As crianças estão com as mãos sujas. Passaram a mão na minha bolsa 
e nem percebi. 
 
 
Sinonímia 
“Os sinônimos são palavras de sentido próximo, que se prestam, ocasionalmente, para descrever as mesmas 
coisas e as mesmas situações. Mas é sabido que não existem sinônimos perfeitos: assim, a escolha entre dois 
sinônimos acaba dependendo de vários fatores a serem exploradas.” (ILARI, 2002, p. 167) 
A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. A menina recusou energeticamente ao 
pedido para que comesse. A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. 
 
Antonímia 
“Informalmente, as pessoas costumam chamar de antônimas quaisquer palavras ou expressões que podem ser 
colocadas em oposição: nascer vs. morrer, ir vs. vir, grande vs. pequeno etc. Os antônimos costumam ser 
comparados aos pares e entre dois antônimos que formam par há sempre uma propriedade em comum. Assim, 
grande e pequeno indicam tamanho; ir e vir indicam deslocamento; nascer e morrer são os dois extremos do 
mesmo processo de viver etc.” (ILARI, 2002, p.25) 
 
A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. A senhora aceitou passivamente ao pedido 
para que comesse. 
 
Hiperonímia 
Como o próprio prefixo já nos indica, esta palavra confere-nos uma ideia de um todo, sendo que deste todo se 
originam outras ramificações, como é o caso de frutas. 
 
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Hiponímia 
Demarcando o oposto do conceito da palavra anterior, podemos afirmar que ela representa cada parte, cada 
item de um todo, no caso: maçã, banana, abacaxi, melão. 
 
 
Disponível em: http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia- hiperonimia-e.html 
Acesso: 18/02/2014. 
 
Campo semântico 
 
Já o campo semântico, é o conjunto dos significados, dos conceitos, que uma palavra possui. Um mesmo termo 
tem ou pode ter vários sentidos, os quais são escolhidos de acordo com o contexto abordado. Assim, são 
exemplos de campos semânticos: 
 
a) levar: transportar, carregar, retirar, guiar, transmitir, passar, receber. 
b) natureza: seres que constituem o universo, temperamento, espécie, qualidade. 
c) nota: anotação, breve comunicação escrita, comunicação escrita e oficial do governo, cédula, som musical, 
atenção. 
d) breve: de pouca duração, ligeiro, resumido. 
 
Homonímia 
São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas significados diferentes. 
 
Homo = igual Hetero = diferente Grafo = escrita Fono = som 
 
Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. rego (subst.) e rego (verbo); 
providência (subst.) e providencia (verbo); colher (verbo) e colher (subst.); 
jogo (subst.) e jogo (verbo); apoio (subst.) e apóio (verbo); 
denúncia (subst.) e denuncia (verbo). 
 
 
Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. acender (atear) e ascender (subir); 
cela (compartimento) e sela (arreio); concertar (harmonizar) e consertar (reparar); censo (recenseamento) e 
senso (juízo); 
paço (palácio) e passo (andar) 
http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-hiperonimia-e.html
http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-hiperonimia-e.html
http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-hiperonimia-e.html
 
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Homógrafos e homófonos simultaneamente (perfeitos): 
São palavras iguais na escrita e na pronúncia: caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo (adv.); 
livre (adj.) e livre (verbo) 
 
 
Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm Acesso: 18/02/2014. 
 
Parônimos 
São palavras diferentes no sentido, mas com muita semelhança na escrita e na pronúncia. 
 
 
Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm Acesso: 18/02/2014. 
http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm
http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm
 
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Atividades 
 
1) (Fuvest - SP) "Meditemos na regular beleza que a natureza nos oferece." Assinale a alternativa em que 
o homônimo tem o mesmo significado do empregado na oração acima: 
 
a) Não conseguia regular a marcha do carro. 
b) É bom aluno, mas obteve nota regular. 
c) Aquilo não era regular, devia ser corrigido. 
d) Admirava-se ali a disposição regular dos livros. 
e) Daqui até sua casa há uma distância regular. 
 
2) (Cesgranrio - RJ) Assinale a alternativa em que a troca de vocábulo destacado pelo que está entre 
parênteses altera sensivelmente o sentido do enunciado: 
 
a) "...caráter hermético." (obscuro) 
b) "...porque ela infringe os padrões." (transgride) 
c) " ... o uso restrito evoca hábitos, atitudes, atividades... " (cria) 
d) "... como um fenômeno de grupo restrito..." (= limitado) 
e) "... essa linguagem espelha com fidelidade ..." (=reflete) 
 
 
3) Indique o item em que o antônimo da palavra ou expressão em destaque está corretamente apontado. 
 
a) duradouro sucesso – efêmero 
b) fama em ascendência – excelsa 
c) elegante região – carente 
d) sala lotada – desabitada 
4) A palavra tráfico não dever ser confundida com tráfego, seu parônimo. Em que item a seguir o par de 
vocábulos é exemplo de homonímia e não de paronímia? 
 
a) estrato / extrato 
b) flagrante / fragrante 
c) eminente / iminente 
d) inflação / infração 
e) cavaleiro / cavalheiro 
 
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5) Assinale a alternativa correta, considerando que à direita de cada palavra há um sinônimo. 
 
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar 
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) 
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar 
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder 
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação 
 
 
Aula 7 - Intertextualidade 
 
Objetivo: Levar o aluno a reconhecer os principais processos intertextuais. 
 
Intertextualidade 
 
Intertextualidade é a consciência de que qualquer texto se constrói absorvendo, ampliando, reafirmando ou 
negando outros textos. Assim, um texto novo é um ponto de cruzamento de vários outros textos que dialogam 
entre si e se completam. Segundo Kristeva (1978), intertextualidade é o processo de interação e intercâmbio 
semiótico de um texto primeiro com outro texto, ou outros textos, particularmente com o texto cultural, o texto 
histórico e o texto social, (na medida em que os três se interseccionam sem, no entanto, serem redutíveis um 
ao(s) outro(s)). Intertexto, por sua vez, é o texto específico (ou o corpus de textos específicos) com que um 
determinado texto mantém o intercâmbiosemiótico que caracteriza a intertextualidade. Analise os textos abaixo: 
 
Fonte: PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 53 
 
Rede de Ensino Doctum 
23 
 
 
Segundo Platão e Fiorin (2003), a música “Pra que mentir?”, composta por Noel Rosa, foi motivada por uma de 
suas relações amorosas, tidas com uma das mais marcantes de sua vida. “Ceci, que Noel conheceu no cabaré 
Apollo, Rio de Janeiro, numa festa de São João, e de quem nunca mais se desligou, é a fonte de inspiração 
dessa canção de parceria com Vadico” (PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 53). Quando a música foi composta, Ceci 
estava dividida entre ele e Mário Lago, compositor de “Saudades da Amélia”; apesar dela nunca confessar o 
novo romance, Noel a conhecia bem o suficiente para saber e sempre dizia a ela: “Você ainda não aprendeu a 
mentir...”. Tempos depois, num jogo intertextual, Caetano Veloso compõe “Dom de Iludir”, uma espécie de 
resposta à música de Noel Rosa. 
Existem diversos tipos de efeitos intertextuais explícitos utilizados na composição do texto: alusão, citação, 
epígrafe, bricolagem, pastiche, paráfrase, estilização e paródia. A seguir, falar-se-á um pouco de cada um deles: 
 
Citação Indireta - É o processo de referência indireta a um outro texto quando um autor está desenvolvendo 
determinadas ideias que já foram pesquisadas por outros. Segundo a ABNT, é quando o texto é baseado na 
obra do autor consultado. A citação deve ser acompanhada do sobrenome do autor, ano da publicação e, 
opcionalmente, do número das páginas parafraseadas. 
 
“Garcia (1986), com base naquilo que chama parágrafo padrão, propõe uma série de inícios de parágrafo, que 
denomina tópicos frasais” (ABREU, 1996, p.56) 
 
Citação Direta - É o processo de referência direta, quando se reproduz literalmente as palavras do autor. 
Segundo a ABNT, citação direta é cópia fiel de um fragmento. Nesse caso, é preciso constar o sobrenome do 
autor, o ano da publicação, a(s) página(s), volume(s), tomo(s) ou seção(ões) da fonte consultada. 
 
É nesse ponto que os pressupostos teóricos da Sociolinguística vêm somar-se aos da Dialetologia. Ambas 
possuem um objetivo maior que é “o estudo da diversidade da língua dentro de uma perspectiva sincrônica e 
concretizada nos atos de fala” (FERREIRA e CARDOSO, 1994, p.19) 
 
Epígrafe - São pequenas citações que precedem textos literários ou teóricos, que reproduzem pensamento, 
ideias e sentimentos de outras pessoas, que se aproximam das ideias a serem desenvolvidas pelo texto. Em 
geral, aparece no terço final da folha e bastante recuada em relação à margem esquerda. 
 
 
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24 
 
Se a citação vem logo sob o título do capítulo, também recebe o nome de epígrafe. É comum o uso do recuo à 
esquerda, aspas no início e no final da citação ou em itálico. A epígrafe não é um texto ornamental; deve ser 
relacionada com o desenvolvimento do texto. Em geral, ela fornece ao leitor uma pista interpretativa do texto 
capitular. 
 
 
 
Alusão - É um tipo de intertexto que faz referência explícita ou implícitamente a uma obra de arte, a um fato 
histórico ou a uma celebridade, para servir de termo de comparação e que apela à capacidade de associação de 
ideias do leitor, ativando seu conhecimento prévio, sem o qual o sentido não pode ser alcançado. (SANT’ANNA, 
2000) 
 
Esse computador, sem dúvida, é um “presente de grego”. [“presente de grego” significa presente ou oferta que 
traz prejuízo, só faz sentido para quem conhece a história da Guerra de Troia.] 
 
“A grande arte é como labor de joalheiro. Ou bem de estatuário: tudo quanto é belo, tudo quanto é vário, canta 
no martelo”. (Manuel Bandeira) [“labor de joalheiro”, “é belo”, “canta no martelo” aludem ao poema Profissão de 
fé de Olavo Bilac, com a finalidade de criticar os autores parnasianos.] 
 
Bricolagem é um termo com origem no francês "bricòláge" cujo significado se refere à execução de pequenos 
trabalhos domésticos, sem necessidade de recorrer aos serviços de um profissional. Também pode ser um 
tipo de criação de texto; nesse caso específico, um texto criado através de bricolagem é composto por 
diferentes trechos de outros textos, que depois são "colados", através de um processo semelhante ao da 
bricolagem. (SANT’ANNA, 2000) 
 
 
Rede de Ensino Doctum 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2012/02/12/monalisa-generica/ Acesso em: 20/02/2014 
Disponível em: http://artpaintingartist.org/salvador-dali-a-surrealist-artist-stranger-than-fiction/ Acesso em: 20/02/2014 
Disponível em: http://www.robsonpiresxerife.com/notas/monalisa-do-futuro-e-de-matar/ Acesso em: 20/02/2014 
Disponível em: http://www.facebookimagens.com/monalisa-com-o-passar-dos-anos.html Acesso em: 20/02/2014 
 
Na Literatura, Oswald de Andrade, no livro Pau-Brasil, recorta textos de Pero Vaz de Caminha e os dispõe, num 
contexto diverso, fazendo uma releitura do presente. 
As meninas da Gare 
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas 
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos 
Não tínhamos nenhuma vergonha. (Oswald de Andrade) 
 
Pastiche - É uma repetição diferenciada e recriadora de uma obra e uma forma anteriores. O autor se apropria 
do texto original apenas como ponto de partida para a elaboração de sua obra. É a imitação rude de outros 
criadores – escritores, pintores, entre outros – com intenção pejorativa, ou uma modalidade de colagens e 
montagens de vários textos ou gêneros, compondo uma espécie de colcha de retalhos textual. (SANT’ANNA, 2000) 
http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2012/02/12/monalisa-generica/
http://artpaintingartist.org/salvador-dali-a-surrealist-artist-stranger-than-fiction/
http://www.robsonpiresxerife.com/notas/monalisa-do-futuro-e-de-matar/
http://www.facebookimagens.com/monalisa-com-o-passar-dos-anos.html
 
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Oração do Bebum 
 
Whisky e Vodka, que estão no bar Alcoolatrado seja o nosso fígado . 
Venha a nós o copo cheio nunca apenas pelo meio. Seja feita a nossa cachaçada 
Assim no buteco como na calçada 
O mé nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas bebedeiras 
Assim como nós perdoamos A quem não tenha bebido. 
Não nos deixai cair na Coca Diet 
E livrai-nos da água gasosa, Barmem 
 
 
 
Disponível em: http://cmclaughlin658.wordpress.com/2013/04/16/pastiche/ Acesso em: 20/02/2014 
 
Paráfrase - é a réplica, a reprodução de uma obra alheia. O autor da paráfrase deve, portanto, esclarecer que o 
trecho reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica pesquisada, a fim de não cometer plágio. 
(SANT’ANNA, 2000). A palavra paráfrase vem do grego “para-phrasis” e significa repetição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada Acesso em: 20/02/2014 
Disponível em: http://lanchinhodameianoite.wordpress.com/category/arte/ Acesso em: 20/02/2014 
http://cmclaughlin658.wordpress.com/2013/04/16/pastiche/
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada
http://lanchinhodameianoite.wordpress.com/category/arte/
 
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Poema de sete faces (Drummond) – original “Quando eu nasci um anjo torto 
Desses que vivem na sombra 
Disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.” Gauche: torto, desajustado. 
 
Até o fim (Chico Buarque) “Quando eu nasci 
Veio um anjo safado 
Um chato de um querubim Que decretou 
Que eu tava predestinado A ser errado assim.” 
 
Estilização - enquanto a paráfrase é feita mantendo-se o sentido total da obra-fonte, na estilização, o autor 
possui uma liberdade de recriar o texto-original, sem contudo, contrariar sua ideia original. (SANT’ANNA, 2000) 
Estilo é o conjunto de traços particulares que irá definir as coisas mais banais até as mais altas criações 
artísticas. É o conjunto de características determinante para a singularidade de alguma coisa; ou, em termos 
maisexatos, “é o conjunto de traços recorrentes do plano do conteúdo ou da expressão por meio da qual se 
caracteriza um autor, uma época etc.” (FIORIN, 2001, p.63) 
 
Hino nacional (texto original) 
 
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante e o sol da liberdade em raios 
fúlgidos brilhou no céu da Pátria nesse instante. 
Texto estilizado 
 
O Imperador Pedro I proclamou a Independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, tornando 
o País, a partir desse instante, liberto de compromissos com a Corte de Portugal. 
 
 
Paródia - É a apropriação que opera uma dessacralização da obra do outro, uma descontinuidade. O autor da 
paródia não leva a sério os valores do texto do qual se apropria, realizando uma traição consciente ao original. 
Seu propósito é provocar a reflexão no leitor e não dar respostas definitivas. A inversão do texto produz efeitos 
críticos e humorísticos. Modernamente, Sant’anna (2000, p. 12) define a paródia como um jogo intertextual, 
mantido por uma relação antagônica com o texto original. O redator desconstrói e desvirtua o pensamento do 
autor, sem, contudo, perder a identidade do texto fonte. Tem por objetivo satirizar, contestar ou ridicularizar fatos 
sócio históricos que ocorrem cotidianamente. A palavra paródia também vem do grego “para-ode” e significa que 
uma ode é reescrita de forma contrária à original. (Ode = poema cantado muito usado na Grécia Antiga). 
 
Motivo (Cecília Meireles) 
... Eu canto porque o instante existe E minha vida está completa 
Não sou alegre Nem sou triste Sou Poeta. 
 
Simultaneidade (Mário Quintana) Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um 
absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver! 
Você é louco? 
Não, sou poeta. 
 
 
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Quadrilha (Carlos Drummond) – original João amava Teresa que amava Raimundo 
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili Que não amava ninguém. 
João foi para os Estados Unidos. Tereza para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para titia, 
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes Que não tinha entrado na história. 
Ministério da Saúde – Governo Federal 
João, 
Que amava Teresa Que amava Sílvio 
Que amava Joaquim Que amava Rita 
Que amava Fábio 
Que morreu de AIDS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://blog.groupon.com.br/2011/07/22/melhores-coisas-da-inglaterra-parte-4-the- beatles/ Acesso em: 20/02/2014 
Disponível em: http://minilua.com/assunto-e-parodia/ Acesso em: 20/02/2014 
 
Atividades 
 
1) (Puc 2003) 
 
 
Texto 1 
 
Com licença poética 
 
Quando nasci um anjo esbelto, 
desses que tocam trombeta, anunciou: 
vai carregar bandeira. 
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. 
Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. 
Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e 
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo 
reinos 
- dor não é amargura. 
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. 
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. 
PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11. 
 
 
http://blog.groupon.com.br/2011/07/22/melhores-coisas-da-inglaterra-parte-4-the-
http://minilua.com/assunto-e-parodia/
 
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a) Adélia Prado é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras 
contemporâneas. Sua poesia trata de temas que vão do mistério da criação poética à vida cotidiana, passando 
pela condição feminina. Leitora contumaz, ela estabelece uma série de diálogos com obras e autores de nossa 
literatura. A partir da leitura do texto acima, estabeleça uma comparação entre o poema de Adélia e o seguinte 
trecho do "Poema de sete faces" de Carlos Drummond de Andrade: 
 
Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! ser gauche* na vida. 
 
 
* gauche: palavra da língua francesa que possui inúmeros significados, dentre os quais os de torto, malfeito, 
desajeitado. 
 
b) Identifique e explique brevemente o jogo de palavras presente no título do poema. 
 
 
2) O texto abaixo é uma paródia. Diga qual é a crítica que está sendo realizada no texto. 
 
Disponível em: http://celiareginas4849.blogspot.com.br/p/plano-de-aula.html. Acesso em: 20/02/2014 
 
I - Analise atentamente os textos abaixo e, depois, responda: 
http://celiareginas4849.blogspot.com.br/p/plano-de-aula.html
 
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A) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) 
 
 
 
3 Qual a relação que há entre o quadro – Mona Lisa – de Leonardo da Vinci e o anúncio publicitário da 
Bombril? 
4 O slogan do anúncio da Bombril é o seguinte: "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". O que 
esse enunciado sugere? 
 
5 Pode-se dizer que há uma relação intertextual entre a obra de Leonardo da Vinci e o anúncio publicitário da 
Bombril? Explique. 
 
6 Qual é a relação entre os textos c e d? Pode-se afirmar que há intertextualidade entre eles? Explique. 
 
7 A imagem em C retrata a famosa capa do disco Abbey Road, em que os Beatles - uma das maiores 
bandas de rock de todos os tempos - aparecem atravessando a rua em uma faixa de pedestres. Dezenas de 
fãs se aglomeram todos os dias em uma das faixas de pedestres mais famosas do mundo, em frente aos 
estúdios da Abbey Road em Londres, para tirar a lendária foto dos Beatles atravessando a rua de mesmo nome, 
há mais de 40 anos. O que a imagem dos Simpsons – série de desenho animado - atravessando a rua sugere? 
Explique. 
 
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31 
 
 
Aula 8 - Figuras de Linguagem 
 
Objetivo: Reconhecer as diferentes figuras de linguagem nos textos. 
 
Figuras de Linguagem 
 
Segundo Proença Filho (2007), as figuras de linguagem servem para expressar tudo aquilo que a linguagem 
comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente; são uma forma de o 
homem assimilar e expressar experiências diferentes, desconhecidas, novas. Revelam muito da sensibilidade de 
quem as produz, da forma como cada indivíduo encara as suas experiências no mundo. 
 
A seguir, serão apresentadas algumas figuras de linguagem (as mais importantes), não se pretende esgotar o 
assunto aqui, uma vez que estudos já revelaram centenas delas. As figuras de linguagem costumam ser 
divididas em: figuras de palavras, figuras sintáticas ou de construção, figuras de pensamento e figuras de som ou 
de harmonia. 
 
Figuras de palavras 
 
Consistem no emprego de um termo em um sentido diferente daquele em que esse termo é convencionalmente 
empregado; são utilizadas tanto para tornar mais expressivo aquilo que queremos comunicar quanto suprir a 
falta de um termo adequado que designe alguma coisa. 
 
Comparação simples - é uma comparação entre dois elementos de um mesmo universo. 
 
Um prato de macarrão vai matar mais a minha fome do que um prato de carne. Um fusca é mais espaçoso do 
que um Opala. 
Cristina é tão estudiosa quanto Paula. 
 
Comparação metafórica ou símile - é uma comparação entre dois elementos de universos diferentes. 
 
Esta criança é forte como um touro. A casa dela é escura como a noite. Ele chorou que nem um condenado. 
Esta criança é forte como um touro. A casa dela é escura como a noite. Ele chorou que nem um condenado. 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://www.delfimsantos.net/fds/retorica/imagem.htm Acesso em: 
23/02/2014. 
Disponível em: http://blogdapilar.blogspot.com.br/2010/07/comparacao.html Acesso em: 23/02/2014. 
 
http://www.delfimsantos.net/fds/retorica/imagem.htm
http://blogdapilar.blogspot.com.br/2010/07/comparacao.html
 
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32 
 
 
 
Metáfora – é uma figura em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os 
elementos que esses termos designam. Essa semelhançaé resultado da imaginação, da subjetividade de quem 
cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada em que o conectivo 
comparativo não está expresso, mas subentendido. 
 
A criança é forte como um touro. (comparação metafórica) A criança é um touro. (metáfora) 
Catacrese - é um tipo especial de metáfora; uma expressão subjetiva de um indivíduo, mas que já foi 
incorporada por todos os falantes da língua, passando a ser uma metáfora corriqueira e, portanto, pouco usual. 
Pé de mesa Braço da cadeira Maçã do rosto Barriga da perna Cabelo de milho 
Azulejo – originalmente, servia para designar ladrilhos da cor azul; Enterrar – por debaixo da terra; 
Embarcar – entrar num barco para viajar; Espalhar – separar a palha dos cereais; Aterrissar – descer à terra; 
Torrar – secar ou tostar alguma coisa. 
 
 
Outra característica da catacrese é, como visto acima, que as palavras perdem o sentido original e passam a ter 
um sentido mais amplo. 
 
Inutilidades (José Paulo Paes) Ninguém coça as costas da cadeira. Ninguém chupa a manga da camisa. O 
piano jamais abana a cauda. 
Tem asa, porém não voa, a xícara. De que serve o pé da mesa não anda? E a boca da calça se não fala nunca? 
Nem sempre o botão está em sua casa. 
O dente de alho não morde coisa alguma. Ah! se trotassem os cavalos do motor ... Ah! se fosse de circo o 
macaco do carro ... Então a menina dos olhos comeria 
Até bolo esportivo e bala de revólver. 
 
Sinestesia - é outro tipo de metáfora. Consiste em aproximar, na mesma expressão, sensações percebidas por 
diferentes órgãos dos sentidos. Como na metáfora, trata-se de relacionar elementos de universos diferentes. 
 
Uma melodia azul tomou conta da sala. A sua voz áspera intimidava a plateia. Senti saudades amargas. 
Esse perfume tem cheiro doce. 
 
 
Metonímia - é a figura de palavra que consiste na substituição de um termo por outro, em que a relação entre os 
elementos que esses termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que 
esses elementos mantêm na realidade. 
 
Exemplos de metonímia: 
A) da causa pelo efeito: Sou alérgico a cigarros. 
B) do efeito pela causa: Ele ganha a vida com o suor. 
C) do abstrato pelo concreto: O amor não vê defeitos. 
D) do concreto pelo abstrato: Não devemos contar com seu coração. 
E) do continente para o conteúdo: Ele é capaz de comer vários pacotes de bolacha. 
F) do nome do lugar pela coisa nele produzida: Compramos uma garrafa de legítimo porto. 
 
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33 
 
G) do nome do autor pela obra: Gosto muito de ouvir Mozart. 
H) o instrumento pela pessoa que o utiliza: Os microfones corriam atropelando até o entrevistado. 
I) a matéria pelo objeto: Os bronzes tangiam avisando a hora da missa. 
 
Figuras sintáticas de construção 
 
Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração e à ordem em que estes termos 
aparecem, ou ainda a repetições ou omissões de termos. 
 
Elipse - é a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica 
subentendida pelo contexto. 
 
Como estávamos com pressa, preferi não entrar. Sobre a mesa, apenas um copo d’água e uma maçã. 
Zeugma - é quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente, é um caso especial de elipse. 
 
Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta. Vamos jogar, só nós dois? Você 
chuta para mim e eu para você. 
Precisarei de vários ajudantes. De um que seja capaz de fazer a instalação elétrica e de outro para a parte 
hidráulica. 
Assíndeto - é um tipo especial de elipse, ocorre quando o termo omitido é um conectivo. 
 
Espero sejas feliz. 
Veio às cidades, falou com o gerente, partiu. 
 
Polissíndeto - a repetição expressiva da conjunção coordenativa. 
 
E eu, e você, e todos aqueles que acreditavam na nossa luta assumimos publicamente o compromisso. 
 
Anáfora - é a figura sintática que consiste na repetição da mesma palavra ou construção no início de várias 
orações, períodos ou versos. 
 
Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere. 
 
Amor é um fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer. (Camões) 
 
O que será (À flor da pele) 
O que será que me dá 
Que me bole por dentro, será que me dá Que brota à flor da pele, será que me dá E que me sobe às faces, e me 
faz corar E que me salta aos olhos a me atraiçoar 
E que me aperta o peito e me faz confessar O que não tem mais jeito de dissimular 
E que nem é direito ninguém recusar 
E que me faz mendigo, me faz suplicar O que não tem medida, nem nunca terá O que não tem remédio, nem 
nunca terá O que não tem receita 
Chico Buarque de Holanda 
 
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34 
 
 
Pleonasmo - é um caso de repetição, mas que envolve uma redundância. No pleonasmo, há uma repetição 
desnecessária, tanto do ponto de vista sintático quanto do ponto de vista semântico. 
 
Aos rapazes, dou-lhes dinheiro. (sintático) 
As minhas roupas, quero até arrancá-las. (sintático) Vi com meus próprios olhos. (semântico) 
Choveu uma chuva fina durante a noite. (semântico) 
Disponível em: http://humorgramaticos.blogspot.com.br/2011/01/pleonasmo.html Acesso em: 23/02/2014. 
Disponível em: http://unibhpedagogia.wordpress.com/2013/10/25/nao-diga/ Acesso em: 23/02/2014. 
 
 
Figuras de pensamento 
 
Consistem numa alteração, num desvio, ao nível da intenção do falante. Essa alteração não se dá na expressão, 
mas anteriormente, no próprio processo de elaboração mental da expressão. Assim, essas figuras não podem 
ser detectadas a partir de um termo que substitui outro ou um desvio em relação às normas gramaticais. 
 
Antítese - consiste em opor a uma ideia outra de sentido contrário. 
 
“Não existiria som se não Houvesse o silêncio Não haveria luz se não Fosse a escuridão 
A vida é mesmo assim 
Dia e noite, não e sim” (Lulu Santos – Nelson Motta) 
Disponível em: http://www.desconversa.com.br/portugues/tag/antitese/ Acesso em: 23/02/2014. 
Disponível em: http://porrameiahora.tumblr.com/post/480341611/porra-meia-hora-que-antitese-bacana-muito Acesso em: 23/02/2014. 
 
Paradoxo - é quando a antítese é condensada dentro 
de uma mesma unidade da frase, gerando ideias 
contrárias e aparentemente inconciliáveis. 
O amor é um descontentamento descontente. 
(Camões) 
http://humorgramaticos.blogspot.com.br/2011/01/pleonasmo.html
http://unibhpedagogia.wordpress.com/2013/10/25/nao-diga/
http://www.desconversa.com.br/portugues/tag/antitese/
http://porrameiahora.tumblr.com/post/480341611/porra-meia-hora-que-antitese-bacana-muito
 
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35 
 
 
Ironia - é a figura de pensamento que consiste em sugerir, pelo contexto, pela entonação, pena contradição de 
termos, o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. 
 
Você foi sutil como um elefante. 
Ouça a buzina, os xingos, os palavrões! Não é encantador o trânsito de São Paulo? 
 
Disponível em: http://www.gargalhando.com/category/quadrinhos/page/472/ Acesso em: 23/02/2014. 
 
Eufemismo - é uma palavra ou expressão empregada por outra palavra ou expressão considerada 
desagradável, grosseira. O eufemismo procura atenuar o sentido de determinados termos que, geralmente, são 
considerados demasiado fortes pelos falantes da língua. No eufemismo, existe uma intenção, por parte do 
falante, de não chocar seu interlocutor. 
 
Foi bom, pelo menos descansou. Fulana se deita com todo mundo. 
Quando o marido abriu a porta, a mulher e o amante estavam do jeito que viera ao mundo. 
 
 
Hipérbole - é a figura de pensamento que ocorre quando há o exagero de um ideia. 
Fazia quase um século que a gente não se encontrava. 
Quase morri de estudar. 
Os carros não corriam, voavam. 
http://www.gargalhando.com/category/quadrinhos/page/472/
 
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36 
 
 
Prosopopéia ou personificação - consiste em pensar seres inanimados ou irracionais como se eles fossemhumanos, atribuindo-lhes linguagem, sentimentos e ações de seres humanos. 
 
As árvores são tolas: se despem justamente quando começa o inverno. 
 
 
Uma ilusão gemia em cada canto, chorava em cada canto uma saudade! 
 
Figuras de som ou de harmonia 
 
 
São os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ao longo de uma oração ou texto, ou ainda 
quando se procura imitar os barulhos e sons produzidos pelas coisas e seres. 
 
Aliteração - é provocada pela incidência reiterada de algumas consoantes ou fonemas consonantais. 
 
Que um fraco rei faz fraca a forte gente! (Camões) 
 
Disponível em: http://oficinaenem.wordpress.com/linguagem/figuras-de-linguagem/ Acesso em: 24/02/2014. 
 
Disponível em: http://portfoliodatais.wordpress.com/2013/08/28/assonancia-e-aliteracao/ Acesso em: 24/02/2014. 
Assonância - é a repetição de vogais e de sílabas semelhantes, mas não idênticas. 
 
Sou Ana, da cama 
da cana, fulana, bacana 
Sou Ana de Amsterdam. (Chico Buarque de Holanda) 
 
Onomatopéia - é a palavra ou conjunto de palavras que representa um ruído ou som. 
 
Sino de Belém, pelos que inda vêm! Sino de Belém, bate bem-bem-bem. Sino da Paixão, pelos que lá vão! 
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão. (Manuel Bandeira) 
 
Atividades 
1. (UFPE) Assinale a alternativa em que o autor NÃO utiliza prosopopeia. 
 
a) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector) 
http://oficinaenem.wordpress.com/linguagem/figuras-de-linguagem/
http://portfoliodatais.wordpress.com/2013/08/28/assonancia-e-aliteracao/
 
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37 
 
b) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” 
(Drummond) 
c) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector) 
d) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar) 
e) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto) 
 
2. (FUVEST) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em: 
 
a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. 
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura. 
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem. 
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal. 
e) Amanheceu, a luz tem cheiro. 
 
 
Aula 9 Tipologia e Gêneros textuais 
 
Objetivo: Analisar os tipos e principais gêneros textuais 
 
Tipologia e Gêneros textuais 
 
Tipos Textuais 
 
 
1 Narração – é um tipo de narrativa que possui quatro características básicas: 
 
1) “é um conjunto de transformação de situações referentes a personagens determinadas, mesmo que sejam 
coletivas [...], ou coisas particulares, num tempo preciso e num espaço bem configurado [...]” (PLATÃO e 
FIORIN, 2003, p. 230) 
2) é um texto figurativo, pois trabalha com termos predominantemente concretos, possui personagens, 
situações, tempos e espaços determinados. 
3) possui progressão temporal entre os acontecimentos relatados (eventos concomitantes, anteriores e 
posteriores) 
4) o ato de narrar ocorre no presente, sendo posterior à história contada; prevalecem os tempos verbais do 
pretérito. 
 
2 Descrição – é um texto em que se expõem características de seres concretos, consideradas fora da relação 
de anterioridade e posterioridade. 
 
1) é um texto figurativo. 
2) não relata mudanças de situação como no texto narrativo, mas propriedades e aspectos analisados em uma 
única situação, ou seja, simultâneos. 
3) os enunciados não possuem relação de anterioridade nem posterioridade. 
4) sua característica central é a simultaneidade, prevalecendo os tempos verbais presente ou pretérito 
imperfeito. 
5) a sua organização é espacial e não temporal; a descrição começa de cima para baixo, da esquerda para a 
direita etc. 
 
3 Dissertação – “é o texto que analisa, interpreta, explica e avalia os dados da realidade” (PLATÃO e FIORIN, 
2003, p. 252). 
 
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38 
 
1) é um texto temático, que faz análise e interpretações genéricas que são válidas para casos concretos e 
particulares, operando com termos abstratos. 
2) mostra mudanças de situação. 
3) sua ordenação obedece às relações lógicas: analogia, causalidade, coexistência, correspondência, 
implicação etc. 
4) seu tempo verbal é o presente em seu valor atemporal. 
 
Divide-se em: 
 
Dissertação-Expositiva - apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta 
informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas 
expõe ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos 
científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc. 
 
Dissertação-Argumentação - um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista 
do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. 
Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. Geralmente, utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante 
em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e revistas. 
4 Injunção – caracteriza-se pela sua intenção estar voltada para instruir o interlocutor acerca de um 
determinado procedimento. 
1) não possui natureza coercitiva, apenas sugere como algo deve ser feito. 
2) caracteriza-se por verbos no modo imperativo, que indicam ordem, conselho ou pedido. 
3) leva o leitor a determinada orientação transformadora. 
 
5 Dialogal - são produzidos por, pelo menos, dois interlocutores que alternam o uso da palavra, numa situação 
de diálogo. Ambos colaboram na comunicação, tirando conclusões sobre o nível cultural e a competência 
comunicativa de cada um. 
 
Gêneros textuais 
Carta: “quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo- argumentativo com 
uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a 
presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum.” 
 
Propaganda: “é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de propagar informações sobre 
algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que 
despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.” 
 
Bula de remédio: “é um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por obrigação 
fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento.” 
 
Receita: “é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para preparar tal 
comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido 
de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.” 
 
Tutorial: “é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo a passo e 
de maneira simplificada, como fazer algo.” 
 
Rede de Ensino Doctum 
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Editorial: “é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o posicionamento da empresa sobre 
determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade.” 
 
Notícia: “podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em um 
determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do 
lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos.” 
Reportagem: “é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, por objetivo, 
informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.” 
 
Entrevista: “é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado pela conversação de duas ou mais 
pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum 
outro assunto. Geralmente

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