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COM002 UA04 Variação linguística - diferenças e contextos - Apostila

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gestão empresarial
comunicação e expressão
Variação Linguística: 
diferenças e contextos
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ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de utilizar dife-
rentes registros da variedade linguística, sabendo ade-
quá-los às circunstâncias das situações comunicativas de 
que participa.
COmpetênCias 
Adequação dos diferentes registros da variedade linguís-
tica a situações comunicativas.
Habilidades 
Conhecer as variantes linguísticas da Língua Portuguesa 
e seus diferentes graus de formalismo; Distinguir as 
peculiaridades das situações comunicativas de que par-
ticipa; Adequar a linguagem à situação comunicativa.
comunicação e expressão
Variação Linguística: 
diferenças e contextos
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá o que é variação linguística. 
Descobrirá que a Língua Portuguesa possui diferentes 
registros e que é necessário adequá-los às situações co-
municativas de que participamos.
pArA ComeçAr
Você já parou para pensar que dentro da Língua Portu-
guesa falada no Brasil existem várias outras línguas?
Você sabe que a Língua Portuguesa, como todas as lín-
guas do mundo, não é utilizada da mesma forma em todo 
o território brasileiro? Seu uso varia de acordo com a épo-
ca, com a região, com a classe social dos falantes e com 
a situação em que eles se encontram. Isso significa que 
até individualmente as variações acontecem. Uma mesma 
pessoa pode, por exemplo, utilizar diferentes variedades 
da língua, dependendo do contexto em que se insere.
Neste capítulo aprenderemos o que são essas varia-
ções, como se manifestam e como podem ser adequa-
das às necessidades dos falantes. Vamos lá?
FundAmentos
Todos nós começamos a aprender a Língua Portuguesa 
em casa, no contato com nossa família e imitando o que 
ouvimos, tanto do ponto de vista do vocabulário utiliza-
do quanto das estruturas e combinações da língua.
À medida que entramos em contato com outras pes-
soas e grupos sociais na rua, na escola, no trabalho, 
observamos que nem todos falam da mesma maneira, 
embora tenham nascido no mesmo país. Há pessoas 
que falam de modo diferente por serem de cidades ou 
regiões diferentes, por terem idade diferente da nossa, 
por serem de outro sexo ou por pertencerem a outro 
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 4
grupo social ou cultural. Essas diferenças são chamadas de variações 
linguísticas.
ConCeito
Variações linguísticas são as diferenças que uma língua apre-
senta, de acordo com as condições sociais, culturais, regio-
nais e históricas em que essa língua é utilizada.
Do ponto de vista estritamente linguístico, é importante que você saiba 
que não há variedades linguísticas cujas características nos permitam 
classificá-la como melhor ou pior que outra. Todas as variedades são per-
feitamente adequadas para a expressão das necessidades comunicativas 
dos falantes que as utilizam. Considerar determinada variedade como 
melhor e depreciar outra, corresponde a emitir um juízo de valor sobre 
os falantes dessa variedade, utilizando as diferenças linguísticas como um 
pretexto para a discriminação social. Sendo assim, o preconceito linguís-
tico é uma forma de discriminação que deve ser fortemente combatida.
Atenção
Não existe variedade linguística que possa ser considera-
da certa ou errada. As variedades podem ser consideradas 
adequadas ou inadequadas a uma determinada situação 
comunicativa.
De acordo com essa adequação, a língua é considerada um poderoso ins-
trumento de ação social. A linguagem que utilizamos não transmite ape-
nas nossas ideias, mas transmite também um conjunto de informações 
sobre quem somos socialmente: a região do país em que nascemos, nos-
so nível social e escolar, nossa formação, nossas características pessoais. 
Nesse sentido, a língua pode tanto facilitar quanto dificultar nosso relacio-
namento com as pessoas e a sociedade de modo geral.
tipOs de variaçãO lingUístiCa
Existem dois tipos de variedades linguísticas: os dialetos e os registros 
(CALLOU, 1995).
Os Dialetos são variedades que ocorrem em função das pessoas que 
utilizam a língua e são determinados pelo lugar do qual elas provêm, pela 
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
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Mah e Van
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faixa etária, pelo sexo, pela classe social e cultural na qual elas se inserem 
e pela evolução da própria língua.
Veja, a seguir, alguns exemplos dessas variedades:
1. Variedade determinada pelo lugar 
de proVeniência dos falantes:
Tipos de ladrão1
Assaltante mineiro: Ô sô, prestenção. Issé um assarto, uai! Levantus bra-
çu e fiketin quié mió pucê. Esse trem na minha mão tá chein di bala… 
Mió passá logo os trocado que eu num to bão hoje. Vai andano, uai! 
Xispa daqui!!! Tá esperanuquê, sô?!
Assaltante baiano: Ô meu rei… (pausa). Isso é um assalto… (longa pau-
sa). Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa). Se num 
quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado. Vai passando a 
grana, bem devagarinho (pausa pra pausa). Num repara se o berro está 
sem bala, mas é pra não ficar muito pesado (pausa maior ainda). Não 
esquenta, meu irmãozinho, (pausa) vou deixar teus documentos na en-
cruzilhada.
Assaltante carioca: Aí, perdeu, mermão! Seguiiiinnte, bicho. Isso é um 
assalto, sacô? Passa a grana e levanta os braço rapá … Não fica de caô 
que eu te passo o cerol. Vai andando e sem olhar pra trás senão o tam-
bor vai rodar pro seu lado …
Assaltante paulista: Isto é um assalto, meu! Erga os braço! Pô, meu… 
Passa logo a grana, meu. Mais rápido, mais rápido, meu, que eu ainda 
preciso pegar a bilheteria aberta pru jogo de futebol, meu … Pô, agora 
se manda, meu, vai… vai..
Assaltante gaúcho: O gurí, ficas atento… isso é um assalto. Levanta os 
braços e teaquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse facão 
corta uma barbariiidaaade, tchê. Passa as pilas prá cá ! Tri-legal! Agora, 
te mandas, senão o quarenta e quatro fala.
2. Variedade determinada pela idade dos falantes:
a. Jovem (cerca de 18 anos): – É cara. Tô azarando uma mina que é 
mó da hora e tem um papo supercabeça!
b. Homem (cerca de 40 anos): – Estou interessado numa mulher mui-
to bonita, elegante e inteligente.
1. Disponível em: 
http://search.
creativecommons.
org/?q=brasil+dife
ren%E7as+regionai
s&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
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3. Variedade determinada pelo sexo dos falantes:
a. Homem: – Cara. Vamos numa festa comigo? Péraí. Vou trocar de 
camisa.
b. Mulher – Gentem!! Fui convidada para uma festa hoje em um lugar 
fashion. Preciso comprar uma roupa nova, ir ao cabeleireiro e fazer 
as unhas.
Gíria
A gíria ou jargão é um dos dialetos de uma língua. Trata-se de uma forma 
de linguagem baseada em um vocabulário especialmente criado por um 
determinado grupo ou categoria social com o objetivo de se criar uma 
identidade entre os membros do grupo, distinguindo-os dos demais fa-
lantes da língua (CEREJA, 2004).
Os Registros são variedades de estilo que ocorrem em função do uso 
que se faz da língua, dependendo do receptor,da mensagem e da situa-
ção. Nesse sentido, envolvem o grau de formalismo da comunicação (lin-
guagem formal, coloquial ou informal), o modo de expressão da lingua-
gem (oral ou escrito) e a sintonia entre os interlocutores.
Grau de formalismo
Veja a seguir um exemplo da diferença no grau de formalismo na linguagem:
 → Formal: linguagem cuidada, na variedade culta e padrão.
Exemplo: “Houve uma grande confusão na faculdade e muitos bri-
garam.”
 → Informal: linguagem utilizada entre membros da família ou amigos 
íntimos, marcada pelo uso de abreviações, vocabulário de conheci-
mento geral e construções simples.
Exemplo: “Aconteceu o maior rebu na facul e o pau quebrou.”
Modo de expressão: oralidade e escrita
Enquanto a modalidade oral da linguagem é aprendida espontaneamente 
pelos falantes, a modalidade escrita exige um longo processo de instrução 
formal.
PAPo téCniCo
O ensino (...) da escrita pressupõe a exposição a diferentes 
tipos de textos escritos, assim como a apresentação organi-
zada dos recursos formais e de conteúdo que permitem não 
Mah e Van
Realce
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só a produção de textos (...), mas também a boa compre-
ensão da leitura de textos mais elaborados (...) é por esse 
motivo que todos precisamos aprender redação na escola. 
(ABAURRE, M. L. et al., Coleção base: português. São Paulo: 
Moderna, 2000, p. 10.)
Vale lembrar que, na linguagem oral (língua falada), há uma relação dire-
ta entre falante e ouvinte e a produção e execução do texto ocorrem de 
forma simultânea. Isso faz com que o texto oral seja marcado por pausas, 
interrupções, retomadas, correções auxiliadas pelo uso de gestos e ex-
pressões faciais.
Por outro lado, a linguagem escrita, geralmente, é marcada pela au-
sência de um dos participantes do processo comunicativo, o que impede 
a interação direta entre os interlocutores. O texto escrito se apresenta 
acabado, já que houve um tempo para sua elaboração, impossibilitando 
interferências do produtor no momento da leitura.
Sintonia entre interlocutores
A Sintonia pode ser entendida como o ajustamento ou adequação que o 
falante realiza a partir do conhecimento que tem sobre seu interlocutor. 
Podem ser considerados exemplos de sintonia:
 → O registro usado por uma mãe ao falar com seu filho e o registro 
que ela utilizará para falar com seu chefe. Em ambos os casos as 
diferenças ocorrerão em função do grau de intimidade que o falante 
mantém com seu interlocutor;
 → Um especialista de um determinado assunto usará registros diferen-
tes ao falar com um outro especialista da área e ao falar com um pú-
blico de pessoas interessadas pelo assunto, mas que não o dominam;
 → Diferentes registros podem ser observados também em função do 
grau de dignidade que o falante julga apropriado ao seu interlocutor 
(seu superior ou seu subordinado) ou à ocasião. Serão usados re-
gistros diferentes se se tem como interlocutor alguém que, em uma 
hierarquia, for seu superior ou seu subordinado. O mesmo ocorrerá 
se o falante se encontrar em uma situação formal como um velório 
ou informal como um churrasco;
 → Registros diferentes também serão utilizados por um jovem ao es-
crever um bilhete para sua namorada, ao redigir uma carta, solici-
tando emprego, ao dirigir-se a uma pessoa idosa e ao requerer algo 
de seu chefe.
Mah e Van
Realce
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antena 
pArAbóliCA
Você certamente já deve ter se divertido ao ouvir frases, 
geralmente pronunciadas por pessoas idosas e prove-
nientes do meio rural como, por exemplo, “Cumi arguma 
coisa hoje que me fez mar. Tô cuma baita dor de estam-
bo”. Se isso já aconteceu com você, cuidado! Você come-
teu preconceito linguístico.
Preconceito linguístico é a atitude que consiste em 
discriminar uma pessoa por meio da sátira ou do debo-
che devido ao seu modo de falar. Então, tenha cuidado 
com sua atitude da próxima vez que ouvir uma variante 
diferente daquela que você utiliza.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é variação linguística, seus 
tipos e os fatores que a determinam, chegou a hora de 
aprender como utilizar esse conhecimento no proces-
so de leitura e análise de textos. Para tanto, na próxima 
aula, você aprenderá a identificar os contrastes e seme-
lhanças entre textos e a depreensão de seus temas ar-
gumentos.
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 9
glossário
Variação: consequência da propriedade da lin-
guagem de nunca ser idêntica em suas for-
mas em virtude da multiplicidade de usos e 
situações.
Dialetos: variedades que ocorrem em função 
das pessoas que utilizam a língua.
Registros: variedades que ocorrem em função 
do uso que se faz da língua, dependendo do 
receptor, da mensagem e da situação.
Jargão: forma de linguagem baseada em um 
vocabulário especialmente criado por um 
determinado grupo ou categoria social.
reFerênCiAs
ABAURRE, M. L. Et AL. Coleção base: portu-
guês. São Paulo: Moderna, 2000.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, t .C. Gramática re-
flexiva: texto, semântica e interação. São 
Paulo: Atual, 2004.
CALLOU, D. VARiAçÃO E nORMA. in: Anais do 
II Simpósio Nacional do GT de Sociolin-
guística da ANPOLL. Rio de Janeiro, UFRJ/
CNPQ. 1995.
MOiSÉS, M. A literatura portuguesa através 
dos textos. 29a ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
tRAVAGLiA, L. C. Gramática e interação: uma 
proposta para o ensino de gramática no 
primeiro e segundo graus. São Paulo: Cor-
tez, 1996.

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