Buscar

info-932-stf

Prévia do material em texto

Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 932-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Processos que ainda não foram concluídos em virtude de pedidos de vista ou de adiamento. Serão comentados assim 
que chegarem ao fim: ADI 5182/PE; ADPF 24/DF; HC 165036/DF. 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos e por ter sido decidido com base em peculiaridades 
do caso concreto: Rcl 1074/PR. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
 É inconstitucional lei estadual que discipline a arrecadação das receitas decorrentes da exploração de recursos 
hídricos e minerais. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCURSO PÚBLICO 
 É inconstitucional dispositivo legal que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no concurso tomar posse e 
entrar em exercício, de imediato, na classe final da carreira. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
 Teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio de Desembargador de TJ. 
 
RESPONSABIBILIDADE CIVIL 
 O Estado responde, objetivamente, pelos danos causados por notários e registradores. 
 
DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL 
RESPONSABIBILIDADE CIVIL 
 O Estado responde, objetivamente, pelos danos causados por notários e registradores. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROVAS 
 São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas ruas como agente de 
inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente infiltrado em grupo criminoso. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS 
 Incide ISSQN sobre o serviço prestado pelos planos de saúde. 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
É inconstitucional lei estadual que discipline a arrecadação das receitas 
decorrentes da exploração de recursos hídricos e minerais 
 
É inconstitucional lei estadual que discipline a ARRECADAÇÃO das receitas oriundas da 
exploração de recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos minerais, 
inclusive petróleo e gás natural. 
Há uma inconstitucionalidade formal, considerando que cabe à União legislar sobre o tema 
(art. 22, IV e XII, da CF/88). 
Por outro lado, a lei estadual pode dispor sobre a fiscalização e o controle dessas receitas, 
tendo em vista que é de competência comum aos entes registrar, acompanhar e fiscalizar as 
concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus 
territórios (art. 23, XI, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 4606/BA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
Recursos hídricos e minerais 
Os recursos hídricos e os recursos minerais pertencem à União, conforme prevê o art. 20 da CF/88: 
Art. 20. São bens da União: 
(...) 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
 
Exemplo de aproveitamento dos recursos hídricos para geração de energia: hidrelétrica. 
Exemplo de recurso mineral: petróleo. 
 
Participação dos Estados/DF e Municípios na exploração dessas riquezas 
Apesar de pertencerem à União, a CF/88 assegura também aos Estados, DF e Municípios uma participação no 
resultado da exploração de petróleo, gás natural, recursos hídricos e outros recursos minerais situados no 
respectivo território ou a compensação financeira por tal exploração. Isso está previsto no § 1º do art. 20: 
Art. 20 (...) 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como 
a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo 
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos 
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica 
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. 
 
A Lei federal nº 9.478/97 dispõe sobre a política energética nacional e sobre as atividades relativas ao 
monopólio do petróleo. Os arts. 48 e 49 dessa lei tratam sobre a distribuição dos royalties de petróleo, a 
fim de dar cumprimento ao art. 20, § 1º, da CF/88. 
 
Legislação estadual tratando sobre receitas decorrentes da exploração de recursos hídricos e minerais 
A Bahia editou a Lei estadual 10.850/2007 trazendo regras sobre: 
• a fiscalização, 
• o controle e 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
• a arrecadação... 
... das receitas recebidas com a exploração de recursos hídricos para a geração de energia elétrica e de 
recursos minerais, inclusive petróleo e gás natural, e as respectivas compensações e participações 
financeiras que deverão ser feitas ao Estado. 
O Decreto estadual nº 11.736/2009 regulamentou esta Lei. 
 
ADI 
A Presidente da República ajuizou ADI contra esses dois atos normativos (lei e decreto estaduais). 
Na ação, alegou que os atos seriam inconstitucionais porque o art. 22 da CF/88 afirma que compete à 
União legislar sobre águas, energia e recursos minerais: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
(...) 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
 
O que decidiu o STF? 
O STF julgou parcialmente procedente a ADI para declarar a inconstitucionalidade formal dos trechos da 
Lei e do Decreto que falavam em “arrecadação”. 
A Lei baiana permitia que o Estado definisse condições para o recolhimento (pagamento) das 
compensações financeiras decorrentes da exploração de recursos hídricos e minerais em seu território e 
autorizava que a arrecadação dos valores fosse feita diretamente por intermédio da Secretaria Estadual 
da Fazenda. 
A norma também impunha infrações e penalidades pelo atraso no pagamento de tais compensações. 
Ocorre que tais dispositivos usurparam a competência privativa da União para dispor sobre a exploração 
de recursos energéticos, hídricos e minerais. 
 
Condições de recolhimento e repartição são definidas pela União 
Conforme vimos acima, o § 1º do art. 20 assegura aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e aos 
órgãos da administração direta da União participação no resultado da exploração dos recursos hídricos e 
minerais. 
Esses valores possuem natureza jurídica de “receita patrimonial originária”, cuja titularidade pertence a 
cada um dos entes federados. 
Todavia, embora sejam originárias de Estados e Munícipios, suas condições de recolhimento e repartição 
são definidas por regramento da União, uma vez que a ela cabe definir as condições legislativas gerais de 
exploração dos potenciais recursos hídricos e minerais (art. 22, IV e XII, da CF/88). 
A União possui, na verdade, dupla autoridade normativa na matéria considerando que compete a ela: 
• definir as condições legislativas gerais de exploração de potenciais e recursos hídricos e minerais (art. 
22, IV e XII, da CF/88 – dispositivos transcritos acima); e 
• estabelecer as condições contratuais específicas caso essas atividades sejam outorgadas a particulares 
(art. 176, da CF/88): 
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia 
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou 
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da 
lavra. 
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere 
o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da 
União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leisbrasileiras e que 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas 
quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no 
valor que dispuser a lei. 
(...) 
 
Logo, o Estado-membro não pode disciplinar como será a arrecadação desses valores de que trata o § 1º 
do art. 20 da CF/88. 
 
Lei estadual pode dispor sobre a fiscalização e controle 
Por outro lado, não há nenhum vício na lei estadual que estipula regras para fiscalização e controle desses 
recursos. 
Vale ressaltar, inclusive, que o art. 23, XI, da CF/88 permite aos entes federativos adotar providências 
administrativas para registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração 
de recursos hídricos e minerais em seus territórios, possibilitando que tenham controle sobre as quotas-
partes repassadas a título de compensação financeira pela União. Confira: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
(...) 
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de 
recursos hídricos e minerais em seus territórios; 
 
Por esse motivo, o STF afirmou que são constitucionais os dispositivos da Lei estadual que tratam sobre 
as providências administrativas que devem ser observados pelas concessionárias instaladas no Estado. 
 
Em suma: 
É inconstitucional lei estadual que discipline a ARRECADAÇÃO das receitas oriundas da exploração de 
recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos minerais, inclusive petróleo e gás 
natural. 
Há uma inconstitucionalidade formal, considerando que cabe à União legislar sobre o tema (art. 22, IV 
e XII, da CF/88). 
Por outro lado, a lei estadual pode dispor sobre a fiscalização e o controle dessas receitas, tendo em 
vista que é de competência comum aos entes registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos 
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios (art. 23, XI, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 4606/BA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
CONCURSO PÚBLICO 
É inconstitucional dispositivo legal que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no 
concurso tomar posse e entrar em exercício, de imediato, na classe final da carreira 
 
É inconstitucional lei que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no concurso público 
ingressar imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira. Essa disposição 
afronta os princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público. 
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 18 da Lei nº 8.691/93. 
STF. Plenário. ADI 1240/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
Lei nº 8.691/93 
A Lei nº 8.691/93 instituiu o “Plano de Carreiras” para os servidores da área de Ciência e Tecnologia da 
Administração Pública Federal. 
Foi proposta uma ADI contra dois dispositivos dessa Lei: 
• art. 18, § 1º; e 
• art. 27. 
 
O STF entendeu que o art. 18, § 1º é inconstitucional e, por outro lado, que o art. 27 é válido. 
 
Inconstitucionalidade do art. 18, § 1º 
O normal é a pessoa aprovada no concurso público tomar posse na classe inicial da carreira. Com o tempo, 
ela vai progredindo para as classes mais avançadas. 
O § 1º do art. 18 da Lei nº 8.691/93, contudo, disse que seria possível o indivíduo ser aprovado no concurso 
e, ao tomar posse, já ir de imediato para a classe final (mais elevada) da carreira. Veja: 
Art. 18. O ingresso nas carreiras referidas nesta lei dar-se-á no padrão inicial de cada classe, após 
a aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, respeitado o número de vagas 
dos respectivos cargos. 
1º Excepcionalmente, nos termos e condições que forem estabelecidos pelo CPC*, o ingresso nas 
carreiras de que trata esta lei dar-se-á no último padrão da classe mais elevada do nível superior. 
(...) 
 
* CPC significa “Conselho do Plano de Carreira de Ciência e Tecnologia”. 
O STF julgou inconstitucional esse § 1º. 
Este dispositivo afronta os princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público. 
A obrigatoriedade do concurso público, com as exceções constitucionais, é um instrumento de efetivação 
dos princípios da igualdade, da impessoalidade e da moralidade, garantindo aos cidadãos o acesso aos 
cargos públicos em condições de igualdade. 
O respeito efetivo à exigência de prévia aprovação em concurso público qualifica-se, constitucionalmente, 
como paradigma de legitimação ético-jurídica da investidura de qualquer cidadão em cargos, funções ou 
empregos públicos, ressalvadas as hipóteses de nomeação para cargos em comissão (art. 37, II, da CF/88). 
A razão subjacente ao postulado do concurso público traduz-se na necessidade essencial de o Estado 
conferir efetividade ao princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, vedando-se, desse modo, a prática inaceitável de o poder público conceder privilégios 
a alguns ou dispensar tratamento discriminatório e arbitrário a outros (ADI 2364 MC/AL). 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Modulação dos efeitos 
Como esse dispositivo foi julgado inconstitucional depois de estar em vigor há 26 anos, o STF entendeu 
que deveria modular os efeitos da decisão, fazendo com que essa declaração de inconstitucionalidade 
produza efeitos ex nunc. 
 
Art. 27 
O art. 27 prevê o seguinte: 
Art. 27. Os atuais servidores dos órgãos e entidades referidos no § 1º do art. 1º, não alcançados 
pelo artigo anterior, permanecerão em seus atuais Planos de Classificação de Cargos, fazendo jus, 
contudo, a todas as vantagens pecuniárias do Plano de Carreiras estruturado por esta lei. 
1º É vedada a acumulação das vantagens pecuniárias referidas no caput deste artigo com outras 
vantagens de qualquer natureza a que o servidor faça jus em virtude de outros planos de carreiras 
ou de classificação de cargos ou legislação específica que o contemple. 
2º Os servidores referidos no caput deverão, no prazo de trinta dias, manifestar a sua opção pelas 
vantagens do Plano de Carreiras estruturado por esta lei. 
3º Aplica-se o disposto nesta lei aos proventos dos inativos e pensionistas. 
 
A PGR alegou que esse dispositivo faria uma equiparação de remuneração entre servidores distintos, o 
que afrontaria o art. 37, XIII, da CF/88: 
Art. 37 (...) 
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito 
de remuneração de pessoal do serviço público; 
 
O STF, contudo, rejeitou o pedido. 
O Min. Fachin, por exemplo, afirmou que esse dispositivo trata “de servidores que, antes da lei, exerciam 
os mesmos cargos, as mesmas atribuições e pertenciam ao mesmo plano de carreira daqueles que foram 
posteriormente reenquadrados, mas, por algum motivo, não se encontravam lotados nos órgãos e 
entidades cujas carreiras foram regulamentadas pela lei – cedidos, requisitados”. “Portanto, não me 
parece se tratar de equiparação de cargos ou atribuições distintas nem de vinculação de vencimentos”. 
De igualmodo, a Min. Cármen Lúcia afirmou que não se trata de hipótese de vinculação, mas sim de 
carreiras que sobrevivem até que haja a integração plena. 
Além disso, durante os 26 anos de vigência da lei, todos os aumentos e ajustes dos servidores foram feitos 
nestas condições. “Já houve inclusive aposentadoria e morte de vários desses servidores. A declaração de 
inconstitucionalidade neste caso, portanto, equivaleria a uma impossibilidade administrativa, com a 
criação de situação mais grave de desisonomia” (Min. Cármen Lúcia). 
 
Em suma: 
É inconstitucional lei que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no concurso público ingressar 
imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira. Essa disposição afronta os 
princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público. 
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 18 da Lei nº 8.691/93. 
STF. Plenário. ADI 1240/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio de Desembargador de TJ 
 
Importante!!! 
A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da 
República, compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas 
funções essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de 90,25% (noventa 
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos ministros 
do STF. 
STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
Teto remuneratório 
A CF/88 prevê, em seu art. 37, XI, o chamado “teto remuneratório”, ou seja, o valor máximo que os agentes 
públicos podem receber no país. O objetivo do constituinte foi o de evitar que alguns agentes públicos 
recebessem os chamados “supersalários”, que são incompatíveis com o serviço público. 
Além de um teto geral (nacional), o dispositivo constitucional prevê limites específicos para o âmbito dos 
Estados e Municípios (chamados de subtetos). 
O teto geral do serviço público no Brasil é o subsídio dos Ministros do STF que, atualmente, está em R$ 
39.293,32 (bruto), conforme prevê a Lei nº 13.752/2018. 
 
A quem se aplica o teto? 
O teto é aplicado aos agentes públicos independentemente do tipo de vínculo: estatutário, celetista, 
temporário, comissionado, político. 
 
O teto vale também para a Administração direta e indireta? 
• Agentes públicos da administração direta: SEMPRE 
• Agentes públicos das autarquias e fundações: SEMPRE 
• Empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista: o teto somente se aplica 
se a empresa pública ou a sociedade de economia mista receber recursos da União, dos Estados, do DF ou 
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º). 
 
Quais as parcelas incluídas nesse limite? 
Regra: o teto abrange todas as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do valor total 
percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras. 
 
Exceções: 
Estão fora do teto as seguintes verbas: 
a) parcelas de caráter indenizatório previstas em lei (§ 11 do art. 37); 
b) verbas que correspondam aos direitos sociais previstos no art. 7º c/c o art. 39, § 3º da CF/88, tais como 
13º salário, 1/3 constitucional de férias etc.; 
c) quantias recebidas pelo servidor a título de abono de permanência em serviço (§ 19 do art. 40); 
d) remuneração em caso de acumulação legítima de cargos públicos (STF RE 612975/MT). Ex.: se 
determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como 
Ministro e mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado 
especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele recebesse acima do limite previsto no art. 37, 
XI da CF/88, se considerarmos seus ganhos globais. 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Os proventos recebidos pelo agente público aposentado também estão submetidos ao teto? 
SIM. A redação do art. 37, XI, menciona expressamente os proventos. 
 
Redação do inciso XI 
A redação do inciso XI do art. 37 é muito grande e um pouco confusa: 
A partir da sua interpretação, podemos construir a seguinte tabela: 
 
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF 
Ninguém poderá receber acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem fixar subtetos 
para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também deverão respeitar o teto nacional. 
Subteto 
na União 
Subteto nos Estados/DF 
Subteto nos 
Municípios 
Subsídio dos 
Ministros 
do STF 
Existem duas opções: 
Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): 
Executivo: subsídio do Governador. 
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. 
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos 
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em espécie, 
dos Ministros do STF.* 
 
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo seria o 
subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, 
em espécie, dos Ministros do STF.* 
 
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias (§ 2º 
do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores mesmo 
que se adote esta 2ª opção. 
 
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos 
diferentes ou único é a Constituição estadual. 
 
* A CF/88 dá a entender que o subsídio dos Desembargadores e dos juízes 
estaduais não poderia ser maior que 90,25% do subsídio do Ministro do STF. 
O STF, contudo, declarou que esta interpretação é inconstitucional (STF ADI 
3.854). O teto para os Desembargadores e juízes estaduais é 100% do 
subsídio dos Ministros do STF, ou seja, eles podem, em tese, receber o 
mesmo que os Ministros do STF. Vale ressaltar, no entanto, que o limite de 
90,25% do subsídio dos Ministros do STF aplica-se sim para os servidores do 
Poder Judiciário estadual (na opção 1) e para os servidores dos três Poderes 
estaduais (na opção 2). 
 
Subsídio do 
Prefeito 
 
Membros do MP, Defensoria Pública e Procuradoria 
O legislador constituinte decidiu que os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da 
Procuradoria, para fins de teto remuneratório, não deveriam estar submetidos aos limites impostos aos 
servidores do Poder Executivo. 
Explicando melhor. Conforme vimos na opção 1 do quadro acima, a remuneração dos servidores do Poder 
Executivo está limitada ao subsídio do Governador (esse é o subteto dos servidores do Executivo). 
O inciso XI do art. 37 disse, contudo, o seguinte: o subsídio dos membros do MP, da Defensoria Pública e 
da Procuradoria não precisa respeitar o teto imposto ao Poder Executivo. Os membros dessas três 
carreiras deverão estar vinculados ao teto imposto ao Poder Judiciário. Em outras palavras, como essas 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
três funções são também essenciais à Justiça, para fins de teto remuneratório, o inciso XI decidiu vinculá-
los à Magistratura. 
Assim, o teto para o membro do MP estadual, para o Defensor Público estadual e para os Procuradores é 
o subsidio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros 
do STF. É o que prevê a parte final do inciso XI. Veja: 
Art. 37 (...) 
XI – (...) aplicando-se como limite,nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no 
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos 
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores 
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, 
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores 
Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003) 
 
Essa regra do inciso XI que diz que o teto dos Procuradores é o do Poder Judiciário, aplica-se também 
aos Procuradores do Município? 
A interpretação puramente literal não resolve a dúvida, havendo argumentos para as duas soluções: 
• Argumento favorável à aplicação aos Procuradores do Município: o fato de o inciso XI utilizar uma 
expressão genérica “Procuradores”, não restringindo aos Procuradores do Estado e do DF. 
• Argumento contrário: o fato de essa regra estar na parte em que o inciso está tratando do teto nos 
Estados-membros. 
 
Diante dessa polêmica, o STF foi chamado a dar a resposta ao tema. O que decidiu a Corte? Essa regra 
do inciso XI que diz que o teto dos Procuradores é o do Poder Judiciário, aplica-se também aos 
Procuradores do Município? 
SIM. 
A expressão “Procuradores”, contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, 
compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, 
estando, portanto, submetidos ao teto de noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do 
subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal. 
STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 
O termo “Procuradores”, na axiologia do STF, engloba: 
• os Procuradores do Estado e do DF; 
• os procuradores autárquicos (que ainda existam validamente); 
• assim como os procuradores municipais. 
 
É indiscutível que os Procuradores Municipais integram a categoria da advocacia pública a que a 
Constituição denomina de “funções essenciais à Justiça” e, quanto ao teto remuneratório, devem estar 
sujeitos ao subsídio dos desembargadores dos tribunais de justiça estaduais. 
Assim, é inconstitucional a hermenêutica que exclua da categoria “Procuradores” os “defensores dos 
municípios” *, que desempenham idênticas atribuições dos procuradores congêneres no âmbito da União, 
dos Estados e do Distrito Federal. 
Desse modo, não haveria fundamento para referido discrímen (discriminação) entre os procuradores. 
Ao assim proceder, os procuradores municipais estariam sujeitos às mais diversas contingências políticas, 
distantes do subteto de 90,25% do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF. 
Assim, o teto dos Procuradores Municipais não é o subsídio do Prefeito, mas sim o teto de 90,25% do 
subsídio mensal dos Ministros do STF. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
* “defensores dos municípios”: essa expressão foi utilizada no voto do Min. Fux no sentido de “advogados” 
(“procuradores”) dos municípios. Não tem nada a ver com Defensoria Pública municipal que, segundo a 
maioria da doutrina, não pode existir. 
 
Essa decisão do STF significa que os Procuradores do Município devem receber, obrigatoriamente, 
90,25% do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF? 
NÃO. O constituinte não obriga que os Municípios estipulem como subsídio dos Procuradores do Munípio o 
valor de 90,25% do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF. Trata-se de um teto (e não de um piso). 
Logo, talvez, em Municípios pequenos do interior do Estado, com baixa arrecadação, esse valor seja alto, 
o que não se verifica, por outro lado, em grandes capitais. 
A definição do subsídio dos Procuradores Municipais é feita por meio de lei cujo projeto é de iniciativa 
privativa do Prefeito, nos termos do art. 61, §1º, II, “c”, da CF/88. 
Dessa forma, cabe ao Prefeito avaliar politicamente, diante das circunstâncias orçamentárias e da sua 
política de recursos humanos, a conveniência de permitir que um procurador de município receba mais 
do que o chefe do Poder Executivo municipal. 
 
Tabela atualizada 
Diante dessa importante decisão do STF, podemos atualizar a tabela do teto remuneratório: 
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF 
Ninguém poderá receber acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem fixar subtetos 
para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também deverão respeitar o teto nacional. 
Subteto 
na União 
Subteto nos Estados/DF 
Subteto nos 
Municípios 
Subsídio dos 
Ministros 
do STF 
Existem duas opções: 
Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): 
Executivo: subsídio do Governador. 
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. 
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos 
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em espécie, 
dos Ministros do STF.* 
 
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo seria o 
subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, 
em espécie, dos Ministros do STF.* 
 
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias (§ 2º 
do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores mesmo 
que se adote esta 2ª opção. 
 
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos 
diferentes ou único é a Constituição estadual. 
 
* A CF/88 dá a entender que o subsídio dos Desembargadores e dos juízes 
estaduais não poderia ser maior que 90,25% do subsídio do Ministro do STF. O 
STF, contudo, declarou que esta interpretação é inconstitucional (STF ADI 3.854). 
O teto para os Desembargadores e juízes estaduais é 100% do subsídio dos 
Ministros do STF, ou seja, eles podem, em tese, receber o mesmo que os 
Ministros do STF. Vale ressaltar, no entanto, que o limite de 90,25% do subsídio 
dos Ministros do STF aplica-se sim para os servidores do Poder Judiciário estadual 
(na opção 1) e para os servidores dos três Poderes estaduais (na opção 2). 
 
Subsídio do 
Prefeito 
 
Obs: os procu-
radores munici-
pais estão sub-
metidos ao teto 
de 90,25% do 
subsídio men-
sal, em espécie, 
dos ministros 
do STF. 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Concursados e organizados em carreira 
Apesar de não ter constado na tese fixada, no voto do Relator foi feita menção a um aspecto muito 
importante. Para o Ministro Luiz Fux, essa equiparação entre o teto dos Procuradores do Estado/DF com 
os Procuradores Municipais somente é permitida se, naquele Município, os Procuradores forem 
concursados e organizados em carreira. 
Assim, pelo voto do Relator, não seria admitido o teto de 90,25% dos Ministros do STF para advogados 
contratados, sem concurso público, para o exercício de funções de defesa jurídica do Município. 
Essa ressalva também foi feita pelo Min. Gilmar Mendes: 
“Apesar de a Constituição não fazer menção expressa aos procuradores municipais, há que se reconhecer 
que, quando organizados em carreira, também exercem a atribuição de advogados públicos, realizando 
as atividades congêneres àquelas desempenhadas pelos advogados da União e pelos procuradores 
federais, estaduais e distritais, prestando consultoria jurídica e representando judicial e 
extrajudicialmente a municipalidade”. 
Espero que essa informação conste expressamente na ementa porque se trata de algo de elevado 
interesse público. 
 
Ganha força a tese de concurso para as Procuradorias Municipais 
Existe uma polêmicase a CF/88 exige ou não que os Municípios tenham Procuradorias Municipais, 
organizadas em carreira, mediante concurso público, para o desempenho das funções de representação 
judicial e consultoria jurídica. 
Há, inclusive, uma PEC tramitando para incluir as Procuradorias Municipais no art. 132 da CF/88. 
A conclusão do STF no RE 663696/MG, ao equiparar as Procuradorias Municipais às Procuradorias do 
Estado/DF, reforça a tese de que os Municípios devem ter Procuradorias Municipais, organizadas em 
carreira mediante concurso público. Esperamos que seja esse o entendimento a prevalecer. 
 
 
 
RESPONSABIBILIDADE CIVIL 
O Estado responde, objetivamente, pelos danos causados por notários e registradores 
 
Importante!!! 
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no 
exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o 
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. 
O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e 
oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. 
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). 
 
Tabelião e registrador oficial 
O tabelião e o registrador são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício 
da atividade notarial e de registro. Em linguagem popular, eles são os “donos” do “cartório” extrajudicial. 
Apesar de ser uma expressão consagrada na prática, o termo cartório não é utilizado no corpo da Lei nº 
8.935/94, diploma legal que rege os serviços notariais e de registro (“Lei dos cartórios”). 
 
Tabelião (= notário) Registrador (= oficial de registro) 
Exercem serviços notariais. Exercem serviços registrais (serviços de registro). 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Serviços notariais: redigir, formalizar e autenticar , 
com fé pública, instrumentos que consubstanciam 
atos jurídicos extrajudiciais de interesse dos 
solicitantes. 
Serviços de registro: atividade por meio da qual 
são praticados os atos previstos na Lei nº 
6.015/73. 
Exs: fazer procuração, autenticar assinaturas, 
lavrar escrituras publicas etc. 
Exs: registro de nascimento, casamento, óbito, 
venda de imóveis, inscrição de penhora etc. 
Exemplos de serventias titularizadas por notários: 
• tabelionato de notas; 
• tabelionato de protesto. 
Exemplos de serventias ocupadas por registradores: 
• registro de pessoas naturais; 
• registro de imóveis. 
 
Os serviços notariais e de registro são 
- atividades extrajudiciais 
- de caráter estatal (atividades próprias do Estado) 
- mas que são exercidas em caráter privado (ou seja, por particulares pessoas físicas) 
- em virtude de delegação feita pelo Poder Público 
- após prévia aprovação em concurso público de provas e títulos. 
 
Assim, o tabeliães e registradores oficiais exercem atividades de natureza estatal que lhes foram delegadas 
pelo Poder Público. 
Essas atividades são munidas de fé pública e se destinam a conferir autenticidade, publicidade, segurança 
e eficácia às declarações de vontade. 
O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público, e os atos de seus agentes 
estão sujeitos à fiscalização exercida pelo Poder Judiciário estadual (art. 236). 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Juliano é oficial do registro civil de pessoas naturais. Na linguagem popular, ele é o “dono” do cartório. 
Determinado dia, Juliano foi registrar um óbito. Ocorre que ele errou a grafia do nome do falecido ao fazer 
a certidão e, em virtude desse equívoco, Maria (a viúva) não conseguiu obter a pensão por morte no INSS. 
Maria somente conseguiu resolver a situação depois de 2 anos, quando finalmente houve a retificação da 
certidão. 
Isso significa que Maria ficou 2 anos sem receber a pensão por morte em virtude do erro do registrador. 
Diante desse cenário, Maria ajuizou ação de indenização unicamente contra o Estado cobrando os 
prejuízos que sofreu em virtude do erro do oficial do registro. 
A PGE apresentou contestação, em nome do poder público, afirmando que a responsabilidade do Estado, 
neste caso, é subsidiária, ou seja, primeiro deveria ser proposta a ação contra o titular da serventia 
extrajudicial (registrador) e, somente se ele não conseguisse pagar a dívida, o Estado seria chamado a 
indenizar. 
 
A tese sustentada pela PGE é acolhida pelo STF? 
NÃO. O STF entende que: 
O Estado possui responsabilidade civil direta e primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, 
no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. 
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). 
 
Qual é o tipo de responsabilidade civil do Estado? 
Objetiva, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88: 
Art. 37 (...) 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos 
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o 
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 
Ação de regresso 
Vale ressaltar, no entanto, que, se o Estado for condenado e pagar a indenização à vítima, ele tem o dever 
de cobrar de volta do tabelião ou registrador o valor que pagou. 
Em outras palavras, depois de pagar a indenização, o Estado deve, obrigatoriamente, ajuizar ação de 
regresso contra o responsável pelo dano. 
Se o Estado não ajuizar a ação de regresso, os agentes públicos responsáveis por isso (exs: Governador, 
Procurador-Geral do Estado, Secretário de Fazenda, a depender do caso concreto e da organização 
administrativa do ente) poderão responder por ato de improbidade administrativa. 
 
Nesta ação de regresso, o Estado, para ser indenizado, deverá comprovar que o tabelião ou registrador 
agiu com dolo ou culpa? Qual é o tipo de responsabilidade civil dos notários e registradores? 
SIM. Trata-se de responsabilidade SUBJETIVA. 
 
Em suma: 
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de 
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos 
de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. 
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). 
 
Seria possível que Maria ajuizasse a ação diretamente contra Juliano (o registrador) ou ela teria que 
primeira acionar o Estado? 
O STF não discutiu expressamente esse tema. 
Há certa polêmica sobre o assunto porque, em se tratando de atos praticados por servidores públicos, 
vigora, no STF, a teoria da dupla garantia. 
Pela tese da dupla garantia, se uma pessoa sofre dano causado por servidor público, essa pessoa (vítima) 
somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, irá acionar o 
servidor que causou o dano, em caso de dolo ou culpa. Em outras palavras, o ofendido não poderá propor 
a demanda diretamente contra o agente público. 
O STF não discutiu se essa tese da dupla garantia se aplica também aos titulares das serventias 
extrajudiciais. 
Minha opinião pessoal é a de que a vítima pode sim ajuizar a ação de indenização diretamente contra o 
notário ou registrador. Ela não precisa, necessariamente, acionar o Estado primeiro. Em outras palavras, 
não se aplica a tese da dupla garantia para os notários e registradores. Isso porque os titulares das 
serventiasextrajudiciais não são servidores públicos. 
Além disso, o art. 22 da Lei nº 8.935/94 prevê, expressamente, a possibilidade de o particular lesado ajuizar 
a ação diretamente contra os notários e registradores. Veja: 
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que 
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou 
escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. 
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data 
de lavratura do ato registral ou notarial. (Redação dada pela Lei nº 13.286/2016). 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Repare que o parágrafo único é específico para a ação proposta diretamente pela vítima contra o titular do 
cartório, não se aplicando, por exemplo, para a ação de regresso ajuizada pelo Estado, considerando que 
estipula como termo inicial da ação não o pagamento, mas sim a data da lavratura do ato registral ou notarial. 
 
E por que motivo a vítima iria preferir ajuizar a ação diretamente contra o “dono” do cartório? 
• Vantagem para a vítima ao ajuizar a ação diretamente contra o titular do cartório: não terá que receber 
a indenização por meio de precatório. 
• Desvantagem: terá que provar o dolo ou a culpa do titular do cartório, considerando que a 
responsabilidade do notário ou registrador é subjetiva. 
 
Ação de indenização proposta por pessoa que sofreu 
dano em razão de ato de notário ou registrador 
Se for proposta contra o Estado: Se for proposta contra o tabelião ou registrador: 
Responsabilidade objetiva. 
Prazo prescricional: 5 anos. 
Receberá por precatório ou RPV. 
Responsabilidade subjetiva 
Prazo prescricional: 3 anos 
Receberá por execução comum. 
 
A Lei nº 13.286/2016 alterou o art. 22 da Lei nº 8.935/94 prevendo que a responsabilidade civil dos 
notários e registradores é subjetiva. Essa opção do legislador é válida ou viola o art. 37, § 6º da CF/88? 
O legislador poderia ter estipulado a responsabilidade subjetiva? Esse dispositivo é constitucional? 
A maioria dos Ministros entendeu que sim, ou seja, trata-se de dispositivo constitucional. 
O art. 236, § 1º, da CF/88 é uma norma de eficácia limitada na qual o constituinte outorgou competência 
para o legislador infraconstitucional definir qual seria o regime de responsabilidade dos notários e 
registradores. Veja: 
Art. 236 (...) 
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos 
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. 
 
Assim, a responsabilidade civil dos notários e registradores não precisa ser, necessariamente, objetiva, tal 
qual prevê o art. 37, § 6º, da CF/88, considerando que o constituinte facultou ao legislador a opção de 
estipular regra diversa. Em outras palavras, a própria Constituição Federal retirou o assento constitucional 
da regulação da responsabilidade civil e criminal dos notários, relegando-a à autoridade legislativa. 
A disciplina conferida à matéria pelo legislador consagra a responsabilidade civil subjetiva dos notários e 
oficiais de registro. Portanto, não compete ao STF fazer interpretação analógica e extensiva, a fim de 
equiparar o regime jurídico da responsabilidade civil de notários ao das pessoas jurídicas de direito privado 
prestadoras de serviços públicos (art. 37, § 6º, da CF/88). 
Ademais, o art. 37, § 6º, da CF/88 se refere a “pessoas jurídicas” prestadoras de serviços públicos, ao passo 
que notários e tabeliães respondem civilmente como “pessoas naturais” delegatárias de serviço público, 
nos termos do referido dispositivo legal. 
 
Jurisprudência do STF 
Vale ressaltar que a conclusão acima exposta já era o entendimento do STF. No entanto, o STJ possuía 
inúmeros julgados em sentido diferente (ex: AgRg no REsp 1377074/RJ) e agora aquele Tribunal terá que 
se adequar à posição do STF, tendo em vista que a tese foi fixada sob a sistemática da repercussão geral. 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
DIREITO NOTARIAL E 
REGISTRAL 
 
RESPONSABIBILIDADE CIVIL 
O Estado responde, objetivamente, pelos danos causados por notários e registradores 
 
Importante!!! 
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no 
exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o 
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. 
O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e 
oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. 
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). 
 
Veja comentários em Direito Administrativo. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
PROVAS 
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas ruas 
como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, 
como agente infiltrado em grupo criminoso 
 
Importante!!! 
Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e 
manifestações, a fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em 
atuação estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 
2014. Para essa atividade, não se exigia prévia autorização judicial. 
No curso de sua atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas 
estavam se reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos, 
ganhou a sua confiança e infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais e das 
reuniões presenciais dos envolvidos. 
Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original e passou a agir como agente 
infiltrado. 
Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização judicial, 
o que não havia no caso. 
Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o desentranhamento da infiltração 
realizada pelo policial militar e dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, 
nos termos do art. 157, § 3º, do CPP. 
STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info 932). 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
No início do ano de 2014, estava ocorrendo uma série de protestos sociais nas ruas, contando com a 
participação de milhares de pessoas. 
A Força Nacional de Segurança tinha receio de que, nesse contexto, alguns grupos realizassem atos 
violentos durante os eventos da Copa do Mundo de Futebol. 
Diante disso, foram designados policiais militares para, à paisana, participarem como observadores das 
manifestações e, assim, analisarem a situação a fim de que, posteriormente, fosse elaborado um plano 
estratégico para garantir a segurança da população e do evento. Esses observadores filmavam as 
manifestações com celulares e enviavam as imagens para o Centro Integrado de Comando e Controle. 
João foi um dos policiais militares designados para essa tarefa. 
Ele esteve presente em algumas passeatas e realizou seu trabalho de observação. 
Ocorre que, determinado dia, um grupo de manifestantes o abordou e perguntou o motivo de ele estar 
filmando os eventos. Elecontou então uma “história de cobertura” afirmando que estava realizando uma 
pesquisa de campo e obtendo material a ser utilizado em um trabalho de conclusão do curso de gestão 
pública. 
A partir daí começou a conversar com os manifestantes e com uma mulher chamada Helena, que se 
mostrou a líder de um grupo de manifestantes mais radicais. 
Com o tempo, João ganhou a confiança dos suspeitos e foi adicionado no grupo do Whatsapp organizado 
por Helena e passou a também frequentar as reuniões presenciais do grupo realizadas em um bar. 
Em razão dessa proximidade, João presenciou diversas conversas e atos que demonstram que Helena 
liderou diversas pessoas para a realização de atos violentos durante as manifestações, como a depredação 
de prédios públicos e particulares. 
O policial repassou todas essas informações às autoridades e Helena foi denunciada pela prática de crimes. 
Durante o processo criminal, João atuou como testemunha arrolada pelo Ministério Público narrando que 
a ré era uma liderança de um grupo violento que, durante as manifestações sociais, promovia danos a 
prédios públicos e particulares, conforme ele constatou durante o período em que conviveu próximo ao 
grupo. 
 
Prova ilícita 
A acusada suscitou a ilicitude do depoimento de João e das provas dele derivadas. Isso porque, segundo 
alegou a defesa, no caso concreto, houve uma “infiltração policial”, técnica de investigação que somente 
pode ser realizada com prévia autorização judicial, conforme exige o art. 10 da Lei nº 12.850/2013. 
 
Agente de inteligência 
O Ministério Público opôs-se ao pedido afirmando que não houve “infiltração policial” e que João atuou 
apenas como um “agente de inteligência”, ou seja, um “espião” que tinha como objetivo coletar dados 
para atuação da Força Nacional no evento da Copa do Mundo, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, 
repassando todas as informações para o Centro Integrado de Comando e Controle e outros órgãos da 
inteligência, razão pela qual sua atuação não estava vinculada a uma organização criminosa específica. 
Segundo o Parquet, não houve infiltração policial, uma vez que inexistiu o ingresso do agente no meio 
organizacional composto pelos réus, assim como não ocorreu simulação de que o policial fosse membro 
de facção voltada à prática de delitos, já que o que houve foi a coleta de informações, por parte de João, 
em lugares abertos ao público, ou seja, durante atos em que a presença de qualquer pessoa era permitida, 
não tendo havido necessidade de o aludido policial se fazer passar por membro de qualquer um dos grupos 
criminosos investigados. 
 
A questão chegou até o STF. O que decidiu a Corte? O depoimento de João e as provas por ele obtidas 
foram declaradas inválidas? 
SIM. Foi acolhida a tese da defesa. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
O STF entendeu que João atuou, de fato, como agente infiltrado e que, por não ter havido prévia 
autorização judicial, os elementos informativos por ele colhidos não são válidos. 
Vamos entender. 
 
O que é a infiltração de agentes? 
A infiltração de agentes é uma técnica especial de investigação por meio da qual um policial, escondendo 
sua real identidade, finge ser também um criminoso a fim de ingressar na organização criminosa e, com 
isso, poder coletar elementos informativos a respeito dos delitos que são praticados pelo grupo, 
identificando os seus integrantes, sua forma de atuação, os locais onde moram e atuam, o produto dos 
delitos e qualquer outra prova que sirva para o desmantelamento da organização e para ser utilizado no 
processo penal. 
 
Características 
A doutrina aponta três características básicas que marcam o instituto: 
a) a dissimulação, ou seja, a ocultação da condição de agente oficial e de suas verdadeiras intenções; 
b) o engano, considerando que toda a operação de infiltração se apoia numa encenação que permite ao 
agente obter a confiança do suspeito; e 
c) a interação, isto é, uma relação direta e pessoal entre o agente e o autor potencial. 
Nesse sentido: MASSON, Cleber; MARÇAL, Vinícius. Crime organizado. 2ª ed. São Paulo: Método, 2016, p. 
272/273. 
 
Infiltração policial na legislação brasileira 
Essa técnica de investigação está prevista, atualmente, em três diplomas normativos: 
• art. 53, I, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas); 
• art. 10 da Lei nº 12.850/2013 (Lei do Crime Organizado); 
• arts. 190-A a 190-E do ECA, inseridos pela Lei nº 13.441/2017. 
 
INFILTRAÇÃO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
Lei de Drogas 
(art. 53, I) 
Lei do Crime Organizado 
(arts. 10 a 14) 
ECA 
(arts. 190-A a 190-E) 
Principais características: 
• Não prevê prazo máximo. 
• Não disciplina procedimento a 
ser adotado. 
Principais características: 
• Prazo de 6 meses, podendo ser 
sucessivamente prorrogada. 
• Só poderá ser adotada se a 
prova não puder ser produzida 
por outros meios disponíveis. 
Principais características: 
• Prazo de 90 dias, sendo 
permitidas renovações, mas o 
prazo total da infiltração não 
poderá exceder 720 dias. 
• Só poderá ser adotada se a 
prova não puder ser produzida 
por outros meios disponíveis. 
• A infiltração de agentes ocorre 
apenas na internet. 
 
Procedimento da infiltração policial na Lei nº 12.850/2013 
Pedido e legitimidade 
A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação deverá ser pedida ao Juiz mediante: 
• representação do Delegado de Polícia; ou 
• requerimento do Ministério Público. 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
Requisitos do pedido 
O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de 
agentes deverão conter: 
• a demonstração da necessidade da medida; 
• o alcance das tarefas dos agentes; 
• os nomes ou apelidos das pessoas investigadas (quando isso for possível); e 
• o local da infiltração. 
 
Distribuição sigilosa 
O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam 
indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. 
As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao Juiz 
competente. 
 
Manifestação técnica do Delegado 
Se o requerimento for formulado pelo MP no curso de inquérito policial, antes de o Juiz decidir deverá 
haver manifestação técnica do Delegado. 
 
Oitiva do MP 
Na hipótese de representação do Delegado de Polícia, o Juiz competente, antes de decidir, ouvirá o 
Ministério Público. 
 
Prazo para decisão 
O Juiz decidirá o pedido no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do MP na hipótese de 
representação do delegado de polícia. 
 
Decisão judicial 
A decisão do Juiz autorizando a infiltração deve ser: 
a) prévia; 
b) circunstanciada; 
c) motivada; e 
d) sigilosa. 
 
Além disso, a decisão deverá: 
• estabelecer os limites da infiltração; e 
• adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado. 
 
Requisitos 
A infiltração somente será admitida se: 
1) houver indícios da prática de infração penal 
que trata o art. 1º da Lei nº 12.850/2013 
2) se a prova não puder ser produzida 
por outros meios disponíveis. 
Obs: mesmo que o delito investigado não seja o de 
organização criminosa, caso seja necessária a infiltração 
policial, deverão ser observados, por analogia, os requisitos 
da Lei nº 12.850/2013; 
Obs2: a Lei do Tráfico de Pessoas e a Lei de Terrorismo 
preveem a possibilidade de aplicação da infiltração com 
base na Lei nº 12.850/2013. 
Assim, a infiltração é técnica de 
investigação subsidiária (a infiltração é a 
ultima ratio).Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
Prazo 
A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 meses. 
Este prazo poderá ser objeto de renovações (no plural), desde que comprovada sua necessidade. 
 
Relatório 
Findo o prazo previsto para a infiltração, o agente infiltrado deverá elaborar um relatório circunstanciado 
que será apresentado ao Juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. 
Além desse relatório final, o Delegado ou o MP também poderão exigir, a qualquer tempo durante o 
inquérito policial, que o agente infiltrado apresente um relatório da atividade de infiltração. 
 
Risco ao agente 
Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada 
(suspensa) mediante requisição do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia, dando-se imediata 
ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. 
 
Informações sobre a infiltração deverão acompanhar a denúncia 
Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério 
Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente. 
 
Eventuais crimes praticados pelo agente infiltrado 
Não é punível, no âmbito da infiltração, crime praticado pelo agente infiltrado no curso da investigação, 
quando for inexigível dele conduta diversa. 
 
Excessos 
O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, 
responderá pelos excessos praticados. 
 
Direitos do agente infiltrado 
São direitos do agente: 
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
II - ter sua identidade alterada, podendo até mesmo alterar seu nome (art. 9º da Lei nº 9.807/99), além 
de usufruir das medidas de proteção a testemunhas; 
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas 
durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário; 
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem 
sua prévia autorização por escrito. 
 
Agente infiltrado x agente de inteligência 
Para a 2ª Turma do STF, a distinção entre agente infiltrado e agente de inteligência se dá em razão da 
finalidade e amplitude de investigação: 
Agente de INTELIGÊNCIA Agente INFILTRADO 
Tem uma função preventiva e genérica. 
Busca informações de fatos sociais relevantes ao 
governo. 
Age com finalidades repressivas e investigativas 
em busca da obtenção de elementos probatórios 
relacionados a fatos supostamente criminosos e 
organizações criminosas específicas. 
Sua atuação não precisa de autorização judicial. A infiltração somente pode ocorrer mediante 
prévia autorização judicial. 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
João atuou como agente infiltrado 
Para a 2ª Turma do STF, o policial militar em questão atuou como agente infiltrado sem autorização judicial 
e, por isso, de forma ilegal. 
O referido agente foi designado para coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em 
atuação estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. 
Para fazer essa função inicial, ele não precisava de autorização judicial. Em outras palavras, não era 
necessária autorização judicial para que o policial, nas ruas, coletasse dados destinados a orientar o plano 
de segurança para a Copa do Mundo. 
Entretanto, no curso de sua atividade originária, apesar de não ter sido designado para investigar a ré nem 
os demais envolvidos, o policial acabou realizando verdadeira e genuína infiltração no grupo do qual ela 
fazia parte e ali obteve dados que embasaram sua condenação. 
Assim, o STF entendeu que o policial, sem autorização judicial, ultrapassou os limites da sua atribuição 
inicial e agiu como agente infiltrado. 
A ilegalidade, portanto, não está na designação do policial para atuar na coleta de dados genéricos nas 
ruas do Rio de Janeiro. Até aí, não havia nada de errado. A ilegalidade surgiu a partir do momento em que 
houve a sua infiltração no grupo, tendo ele, inclusive, participado do grupo de mensagens criado pelos 
investigados, além de ter frequentado reuniões do grupo em bares, a fim de realizar investigação criminal 
específica e subsidiar a condenação. 
Suas declarações podem servir para orientação de estratégias de inteligência, mas não como elementos 
probatórios em uma persecução penal. 
 
Aplicação da Lei nº 12.850/2013 
O STF reconheceu que, neste caso, deveriam ser aplicadas as exigências contidas na Lei nº 12.850/2013, 
que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, 
infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. 
Ainda que se sustente que os mecanismos excepcionais previstos nesse diploma legal incidem somente 
nas persecuções de delitos relacionados a organizações criminosas nos termos nela definidos, os 
procedimentos probatórios ali regulados devem ser respeitados, por analogia, em casos de omissão 
legislativa. Em outras palavras, mesmo que o delito investigado não seja o de organização criminosa, 
caso seja necessária a infiltração policial, deverão ser observados, por analogia, os requisitos da Lei nº 
12.850/2013, salvo se esse crime tiver lei própria regulamentando a medida (exs: ECA, visto acima). 
Assim, as exigências impostas para a infiltração policial se aplicam mesmo para crimes que não sejam o 
de organização criminosa. 
STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info 932). 
 
Em suma: 
Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e 
manifestações, a fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em atuação 
estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. Para essa 
atividade, não se exigia prévia autorização judicial. 
No curso de sua atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas estavam se 
reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua confiança e 
infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais e das reuniões presenciais dos envolvidos. 
Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original e passou a agir como agente infiltrado. 
Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização judicial, o que não 
havia no caso. 
Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o desentranhamento da infiltração realizada pelo 
policial militar e dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art. 157, 
§ 3º, do CPP. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info 932). 
 
Veja o que diz o CPP: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o 
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma 
fonte independente das primeiras. 
(...) 
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será 
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
A condenação da ré foi anulada eo STF afirmou que uma nova sentença poderá ser prolatada, mas sem 
utilizar o depoimento do policial e as provas dele derivadas. 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS 
Incide ISSQN sobre o serviço prestado pelos planos de saúde 
 
Atenção! PGM 
Atualize o Info 841-STF 
O STF, ao julgar embargos de declaração opostos contra acórdão prolatado no dia 
29/09/2016, alterou a redação da tese fixada para excluir a menção que era feita ao seguro-
saúde. Assim, a tese do RE 651703/PR passa a ser a seguinte: 
As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre 
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. 
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841). 
STF. Plenário. RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 
(Info 932). 
 
ISSQN 
O ISSQN significa Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. 
Algumas vezes, você encontrará apenas a sigla ISS. É a mesma coisa. 
Trata-se de um tributo de competência dos Municípios. 
Em âmbito nacional, o ISSQN é disciplinado pela LC 116/2003, que estabelece suas normas gerais. Vale 
ressaltar, no entanto, que cada Município, para cobrar este imposto, precisa editar uma lei ordinária 
municipal tratando sobre o assunto. Esta lei local, obviamente, não pode contrariar a LC 116/2003 e nem 
prever serviços que não estejam expressos na lei federal. 
 
Fato gerador 
O ISSQN incide sobre a prestação dos serviços listados no anexo da LC 116/2003. 
Confira o texto constitucional: 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei 
complementar. 
(...) 
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: 
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; 
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior; 
 III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e 
revogados. 
 
Veja agora o que diz o art. 1º da LC 116/2003: 
Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do 
Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda 
que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. 
 
Exemplos: quando o médico atende o paciente em uma consulta, ele presta um serviço, sendo isso fato 
gerador do ISSQN; quando o cabeleireiro faz uma escova progressiva na cliente, ele também presta um 
serviço e deverá pagar ISSQN. 
Todos os serviços que estão sujeitos ao pagamento de ISSQN encontram-se previstos na lista anexa à LC 
116/2003. Se não estiver nesta lista, não é fato gerador deste imposto. Vale ressaltar que esta lista é 
taxativa (exaustiva). 
 
Serviços que não podem ser objeto de ISS 
Existem determinados serviços que não podem ser objeto de ISSQN, seja por vedação constitucional, seja 
porque foram excluídos pela LC 116/2003. Assim, não incide ISSQN sobre: 
a) prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, considerando 
que se trata de fato gerador de ICMS (art. 156, III, da CF/88); 
b) exportações de serviços para o exterior do País (art. 156, § 3º, II, da CF/88); 
c) prestação de serviços em relação de emprego (art. 2º, II, da LC 116/2003); 
d) prestação de serviços pelos trabalhadores avulsos (art. 2º, II, da LC 116/2003); 
e) prestação de serviços pelos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de 
sociedades e fundações, bem como pelos sócios-gerentes e gerentes-delegados (art. 2º, II, da LC 
116/2003); 
f) prestação de serviços pela Administração Pública direta, autárquica e fundacional, em virtude da 
imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88); 
g) operações de locação de bens móveis (Súmula vinculante 31). 
 
Planos de saúde 
A LC 116/2003 estabelece que as operadoras de planos de saúde deverão pagar ISS, considerando que 
este serviço se encontra previsto no item 4 da lista anexa: 
4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. 
(...) 
4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência 
médica, hospitalar, odontológica e congêneres. 
4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros contratados, 
credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante indicação do 
beneficiário. 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
As operadoras de planos de saúde defendiam a tese de que essa previsão da LC seria inconstitucional e 
que eles não deveriam pagar ISS. 
Para as empresas, a atividade principal desempenhada pelas operadoras de plano de saúde seria uma 
obrigação de dar (e não de fazer). Logo, não seria caso de ISS. 
 
A questão chegou até o STF. As operadoras de planos de saúde devem pagar ISS? 
SIM. No dia 29/09/2016, o STF negou a tese das empresas e decidiu que: 
As operadoras de planos privados de assistência à saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto 
Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. 
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841). 
 
Problema 
Houve, contudo, um “problema”: na tese fixada, o STF afirmou expressamente que incide ISS tanto no 
caso dos serviços desempenhados pelas operadoras de PLANO DE SAÚDE como também na hipótese de 
SEGURO-SAÚDE. 
Em outras palavras, o STF falou o seguinte: serviços de plano de saúde e serviços de seguro-saúde devem 
pagar ISS. Veja a redação literal da tese fixada pelo STF no dia 29/09/2016: 
“As operadoras de planos privados de assistência à saúde (plano de saúde e seguro-saúde) realizam 
prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, 
III, da CRFB/88”. 
 
Embargos de declaração 
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) apresentou embargos de declaração alegando 
que o tema que foi afetado para ser decidido pelo STF em sede de repercussão geral abrangia apenas a 
análise da incidência ou não do ISS sobre os serviços de plano de saúde. Em outros termos, o processo não 
incluía a discussão se incide ou não ISS sobre seguro-saúde. 
Veja a redação do tema que estava sendo discutido: 
“Tema 581 - Incidência do ISS sobre atividades desenvolvidas por operadoras de planos de saúde.” 
 
Desse modo, o STF, no acórdão do dia 29/09/2016, ao decidir também sobre o seguro-saúde, ampliou 
indevidamente o tema que estava sendo discutido. 
 
A tese da embargante foi acolhida pelo STF? 
SIM. O Plenário do STF deu provimento aos embargos de declaração para corrigir a tese jurídica fixada no 
julgamento do dia 29/09/2016, dela excluindo a menção que havia sido feita a “seguro-saúde”. Isso 
porque, conforme já explicado, a discussão sobre a incidência ou não do ISS sobre seguro-saúde não estava 
contemplada pelo Tema 581 que foi afetado. 
Como era a tese anterior: Como ficou depois dos embargos: 
As operadoras de planos privados de assistência à 
saúde (plano de saúde e seguro-saúde) realizam 
prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre 
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto 
no art. 156, III, da CRFB/88. 
As operadoras de planos de saúde realizam 
prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre 
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto 
no art. 156, III, da CRFB/88. 
 
Em suma: 
As operadoras de planos de saúde realizamprestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de 
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. 
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841). 
STF. Plenário. RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
 
Mas me diga uma coisa: os serviços de seguro-saúde estão ou não sujeitos ao pagamento de ISS? 
Esse tema ainda não foi enfrentado pelo STF. 
Prevalece na doutrina que não. 
Os serviços de seguro-saúde não estariam sujeitos ao pagamento de ISSQN, considerando que: 
• não estão expressamente previstos na lista anexa; e 
• já sofrem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Logo, se tivessem que pagar ISSQN 
e IOF, haveria bitributação. 
 
Plano de saúde x seguro-saúde 
PLANO DE SAÚDE SEGURO-SAÚDE 
A operadora do plano de saúde oferece serviços 
de saúde para os usuários por meio de uma rede 
de atendimento que inclui hospitais, médicos, 
laboratórios, fisioterapeutas, psicólogos etc. e que 
constam de uma lista de instituições e 
profissionais credenciados. 
O beneficiário do seguro-saúde escolhe 
livremente o hospital, médico, laboratório, 
fisioterapeuta etc. que quiser e depois o seguro 
reembolsa o usuário com base em uma tabela de 
serviços. 
Ex: cada consulta gera reembolso de R$ 200,00. 
A regra é que o usuário seja atendido apenas pelas 
instituições e profissionais credenciados. 
Excepcionalmente, há casos de reembolso. 
A regra é o reembolso. Assim, o usuário escolhe o 
profissional que quiser e depois pede o reembolso, 
limitado aos valores da tabela do seguro. 
Talvez o principal exemplo seja a Unimed. Ex: Sulamérica, Caixa Seguros, Bradesco Seguros. 
Serviço sujeito ao pagamento de ISS (pacífico). Serviço sujeito ao pagamento de IOF (pacífico). 
Prevalece que não está sujeito ao ISS. 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) É inconstitucional lei estadual que discipline a arrecadação das receitas oriundas da exploração de 
recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos minerais, inclusive petróleo e gás natural. 
( ) 
2) É inconstitucional lei estadual que discipline a fiscalização e o controle das receitas oriundas da 
exploração de recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos minerais, inclusive 
petróleo e gás natural. ( ) 
3) É constitucional lei que preveja a possibilidade de o indivíduo aprovado no concurso público ingressar 
imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira. ( ) 
4) A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, 
compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, 
estando, portanto, submetidos ao teto de 90,25 (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) 
do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF. ( ) 
5) O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de 
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos 
de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. ( ) C 
6) (Delegado de Polícia PF 2018 CESPE) Delegado da PF instaurou IP para apurar crime cometido contra 
órgão público federal. Diligências constataram sofisticado esquema de organização criminosa criada com 
a intenção de fraudar programa de responsabilidade desse ente público. A fim de dar celeridade às 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
investigações e em face da gravidade da situação investigada, é possível a infiltração de agentes de polícia 
em tarefas da investigação, independentemente de prévia autorização judicial. ( ) E 
7) As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de 
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. ( ) C 
8) (Delegado SP VUNESPE 2018) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação dependerá 
de representação do Delegado de Polícia, descrevendo indícios seguros na necessidade de obter as 
informações por meio desta operação, ao juiz competente que poderá autorizar, de forma 
circunstanciada, motivada e sigilosa, cientificando, posteriormente, o Ministério Público para o devido 
acompanhamento. ( ) E 
 
Gabarito 
1. C 2. E 3. E 4. C 5. C 6. E 7. C 8. E 
 
 
JULGADO NÃO COMENTADO 
 
Reclamação e ato ilegal posterior 
O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, julgou procedente o pedido formulado em 
reclamação para cassar a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) nos autos da Apelação 
Cível 96.04.58585-1/PR e determinar que nova decisão seja proferida por aquele Tribunal (Informativos 261, 
264, 312, 327, 425 e 909). 
A Corte afirmou que o TRF4, ao julgar procedente pedido formulado em ação expropriatória proposta pelo 
Incra em face de particulares, violou o acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) proferido na AC 9.621, 
que declarou os imóveis em exame como de domínio da União. 
 Salientou, ainda, que o Decreto-Lei 1.942/1982, que dispõe sobre terras situadas em área indispensável à 
segurança nacional no estado do Paraná, apenas estabelecera condições para a regularização das glebas 
rurais e que, nos autos, não há como reconhecer a existência de posse dos interessados sobre as terras das 
quais pretendem ser indenizados. 
Vencidos os ministros Sepúlveda Pertence (relator), Ilmar Galvão, Marco Aurélio e Cármen Lúcia, que julgaram 
improcedente o pedido formulado na reclamação, ante a ausência de confronto direito entre a decisão do STF 
e o acórdão questionado, além da impossibilidade de potencializar o alcance da decisão proferida de modo a 
abarcar partes que não compuseram a relação processual formada no acórdão paradigma. 
Rcl 1074/PR, rel. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 28.2.2019. (Rcl-1074) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 932-STF (08/03/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 26 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 27.2.2019 28.2.2019 11 8 133 
1ª Turma 26.2.2019 — — 5 274 
2ª Turma 26.2.2019 — 1 1 233 
 
* Emenda Regimental 51/2016-STF. Sessão virtual de 22 de fevereiro a 11 de março 2019. 
 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS DE 
25 DE FEVEREIRO A 8 DE MARÇO DE 2019 
Medida Provisória nº 873, de 1.3.2019 - Altera a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei 
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre a contribuição sindical, e revoga dispositivo da Lei nº 8.112, de 11 de 
dezembro de 1990. Publicado no DOU em 01.03.2019, Seção 1 – Extra, Edição nº 43-A, p 1. 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
25 DE FEVEREIRO A 8 DE MARÇO DE 2019 
Decreto nº 9.716, de 26.2.2019 - Revoga dispositivos do Decreto nº 9.690, de 23 de janeiro de 2019, que altera o 
Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, que regulamenta a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 - Lei de Acesso 
à Informação. Publicado no DOU em 27.02.2019, Seção 1, Edição nº 41, p. 2. 
 
Supremo Tribunal Federal - STF 
Secretaria de Documentação – SDO 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv873.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9716.htm

Continue navegando