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Sp10- Adolescência Referências 1- KLIEGMAN; Et. Al. Nelson: Tratado de Pediatria. 18ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 2- SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2017. 3- Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao pediatra. Disponível em: < https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21512c-MO_-_ConsultaAdolescente_-_abordClinica_orientEticas.pdf>. Acesso em: 27/05/2021. 4- DÂMASO, Ana Raimunda. Et. Al. Obesidade e síndrome metabólica na adolescência: fundamentos para o profissional de saúde. Brazilian Journals. São José dos Pinhas, 2021. 5- ENES, Carla Cristina; SLATER, Betzabeth. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Rev. bras. epidemiol. V.13 n.1, Mar 2010. 6- Rocha, Marília, Pereira, Hedyanne, Maia, Rodrigo, da Silva, Emanuela, Morais, Nathália y Maia, Eulália ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA OBESIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. Psicologia, Saúde e Doenças. 2017;18(3):712-723. 7- ESCRIVÃO, Maria Arlete M.S. et. Al. Obesidade exógena na infância e na adolescência. J Pediatr (Rio J) 2000;76(Supl.3):s305-s10. Marcos do desenvolvimento e comportamentos típicos · ADOLESCÊNCIA: De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência é a fase da vida humana compreendida no limiar de transição entre a infância e a vida adulta. Esse período tem início aos 10 anos de idade e faz-se findo aos 19 anos completos. · 12 a 18 anos: ECA · Pré-Adolescência: dos 10 aos 14 anos de idade. · Adolescência: dos 15 aos 19 anos completos. · Juventude: dos 15 aos 24 anos de idade. · Inicial: 10-15 anos · Média: 14-16 · Final: 17-20. Adolescência inicial Desenvolvimento biológico · Enquanto a adolescência é definida como um processo de desenvolvimento, a puberdade infere o processo biológico transicional em que a criança se torna um adulto – a partir de alterações como o aparecimento das características sexuais secundárias, o crescimento e o desenvolvimento da capacidade de reprodução. · A produção de andrógenos pela glândula adrenal (principalmente o sulfato de diidroepiandrosterona-DHEAS) pode ocorrer precocemente, se manifestando por odor nas axilas e pelos púbicos finos (adrenarca) · Os níveis de LH e FSH descrevem aumento gradual ao longo de toda a idade escolar · As mudanças rápidas da puberdade têm início com o aumento da sensibilidade da hipófise ao hormônio de liberação da gonadotrofina (GnRH); pela liberação de GnRH, FSH e LH em pulsos durante o sono e aumentos dos andrógenos e estrógenos gonadais. · Os gatilhos para essas mudanças não são totalmente conhecidos, porém podem envolver o desenvolvimento neuronal continuado através da infância media e da adolescência. Meninas · Primeiro sinal visível de puberdade: aparecimento de botões mamários (entre 8 e 12 anos de idade); · Menarca: entre 2 e 2,5 anos depois do surgimento dos botões (entre 9 e 16 anos; em média aos 12 anos), perto do pico da velocidade de crescimento em altura. · Também ocorre aumento dos ovários, útero, lábios vulvares, clitóris, espessamento endometrial e da mucosa vaginal. Meninos · Primeiro sinal visível de puberdade: crescimento dos testículos (aos 9,5 anos de idade) que é marco do estágio 2, seguido pelo crescimento do pênis durante o estágio Tanner 3. O pico do crescimento ocorre quando o volume testicular atinge entre 9 e 10 cm3; · Aumento dos túbulos seminíferos, do epidídimo, das vesículas seminais e da próstata = estímulos LH e testosterona; · O testículo esquerdo é normalmente menor que o direito; · Algum grau de hipertrofia das mamas ocorre em 40-65% dos meninos durante os estágios 2 e 3 de Tanner, pelo excesso relativo de estimulação estrogênico. Em menos de 10% dos casos há ginecomastia. · Aumentos das mamas com menos de 4cm tem possibilidade de resolução nos 3 anos conseguintes em cerca de 90% dos casos; · O aparecimento de ginecomastia no fim da puberdade, no período pré-puberal ou na ausência de sinais de desenvolvimento puberal pode ser patológica e exige investigação. · Uma aceleração acentuada do crescimento acontece no início da puberdade em ambos os sexos, mas os picos de velocidade só são alcançados no estágio 3 ou 4 de Tanner. · Os meninos tipicamente atingem pico de crescimento cerca de 2 a 3 anos depois das meninas, porém, no estágio Tanner mais tardio, continuam a crescer linearmente por dois a três anos depois que as meninas param. · O aumento rápido da laringe, faringe e pulmões altera a qualidade da voz, muitas vezes precedida por um período de instabilidade vocal (voz em falsete) ou disfonia; · O alongamento do globo ocular pode culminar em miopia; · Alterações dentárias: aumento da mandíbula, perda dos últimos dentes decíduos, erupção das cúspides permanentes pré-molares e molares. Desenvolvimento cognitivo e moral · Teoria piagetiana: a adolescência marca a transição do pensamento operacional concreto ao pensamento lógico formal (pensamento abstrato); As operações formais incluem a capacidade de manipular as abstrações, tais como as equações algébricas, raciocinar a partir de princípios conhecidos, ponderar vários pontos de vista e pensar sobre o processo de elaboração do próprio pensamento. · Alguns jovens no início da adolescência apresentam pensamento abstrato, outros adquirem tal capacidade mais tarde e outros nunca a adquirem completamente. · Adolescentes mais jovens podem ser capazes de aplicar o pensamento lógico formal aos trabalhos escolares, mas não aos dilemas pessoais. Quando o desgaste emocional é grande, o adolescente pode regredir para o pensamento mágico e/ou operacional concreto. Isso pode interferir nas esferas cognitivas mais altas e afetar a capacidade de considerar os resultados a longo prazo, no momento de tomar uma decisão. · Alguns teóricos argumentam que a transição das operações concretas para as formais surge do aumento quantitativo de conhecimentos, da experiência e da eficiência cognitiva e não da reorganização qualitativa do pensamento. Há dados compatíveis com isso, mostrando um aumento constante na velocidade do processamento cognitivo, do final da infância até o início da idade adulta, associado a uma redução no número de sinapses (expurgo das vias menos usadas) e a mielinização contínua neuronal · Os adolescentes também apresentam desenvolvimento do córtex pré-frontal póstero-lateral e do giro temporal superior, áreas responsáveis pelas possíveis associações de ordem superior, incluindo a capacidade de inibir impulsos, pesar as consequências das decisões, priorizar e criar estratégias; · Não está esclarecido se as alterações hormonais da puberdade afetam ou não o desenvolvimento cognitivo. · Em relação a maturação neurocomportamental, os adolescentes podem apresentar aumento da intensidade das emoções e/ou ter maior inclinação para buscar experiências que originem emoções de forte intensidade. · O desenvolvimento cognitivo difere entre os sexos, sendo que as meninas se desenvolvem antes dos meninos. · O desenvolvimento do pensamento moral é paralelo ao cognitivo geral. · Enquanto as crianças mais novas veem o relacionamento com os adultos em poder e medo de punição, os pré-adolescentes começam a perceber o certo e o errado como absolutos e inquestionáveis. As punições e recompensas precisam ser justas, se não o adolescente pode se queixar ou ficar bravo. Autoconceito · Autoconsciência aumenta em resposta as alterações somáticas da puberdade. · Nessa idade a autoconscientização tende a se centralizar em características externas, em contraste com a introspecção da adolescência tardia. · É normal que os adolescentes mais jovens caprichem na aparência e acreditem que todas as pessoas olham para eles (audiência imaginária de Elkind) · A mídia, com sua exposição excessiva de sexo, violência e uso de drogas, em muita influência sobre as normas culturais e o senso de identidade dos adolescentes; · Adolescentes usam mídias por aproximadamente 7h diárias · Metade dos estudantes deensino médio têm televisores no quarto; · 70% dos adolescentes possuem computador pessoal e a proporção deles com acesso à Internet é próxima a 75%. · Essa alta exposição à mídia pode determinar nas meninas uma distorção da ideia de feminilidade, transtornos alimentares e depressão nas meninas. Os meninos podem ter dificuldades com a autoimagem. As imagens de masculinidade podem ser confusas, levando a dúvidas sobre si mesmos, a insegurança e concepções errôneas sobre o comportamento masculino. · Adolescentes que se desenvolvem antes de seus pares, especialmente meninas, podem ter taxas mais altas de dificuldades escolares, insatisfação com o corpo e depressão. Esses adolescentes se parecem com adultos e podem ter sobre eles, expectativas próprias para adultos, mas eles não são cognitiva ou psicologicamente maduros. Relações com família, companheiros e sociedade · No início da adolescência há mais desinteresse pelos pais e maior por amigos – especialmente do mesmo sexo. · Ocorre renúncia às normas familiares de vestuário e acessórios e o favorecimento de ‘’uniformes’’ como cabelos, roupas e ornamentação pessoal. Tais mudanças de estilo podem gerar conflitos associados ao poder ou a dificuldade de aceitar a separação. · Buscam por privacidade, o que pode gerar conflitos familiares · A tendência que vem com a separação da família é adotar adultos de fora da família como modelos, desenvolvimento relacionamentos mais próximos com alguns professores e pais de outras crianças. Organizações como de escoteiros e time de esporte geram um importante senso de união extrafamiliar. · Frequentemente se socializam em grupos do mesmo sexo que eles. Pode ocorrer piadas escatológicas, piadinhas com o outro sexo, e espalhar boatos sobre quem gosta de quem atestam o germinar do interesse sexual. · Pertencimento ao grupo é o que importa. · Em amizades entre duas pessoas, meninos e meninas podem diferir de forma importante. As amizades femininas são centradas troca de confidencias e os relacionamentos masculinos se focalizam mais sobre atividades compartilhadas e competições. · Os relacionamentos com a sociedade no início da adolescência se centralizam na escola. A troca do ensino fundamental para médio inclui troca da proteção das primeiras classes pelos estímulos e responsabilidades de uma maior movimentação dentro da escola. Essa mudança na estrutura escolar espelha e reforça as mudanças envolvidas com a separação da família. Sexualidade · A sexualidade não inclui só a atividade sexual, mas também seus interesses, fantasias, orientação sexual e conscientização de papeis e costumes socialmente definidos. · A ansiedade e interesse pelo sexo e anatomia sexual aumentam no início da puberdade. É normal para o jovem adolescente fazer comparações dele com os outros. · A primeira ejaculação (espermarca) ocorre geralmente por masturbação, e mais tarde, nas poluções noturnas que podem causar ansiedade. Adolescentes mais jovens muitas vezes se masturbam juntos. Outras atividades sexuais, além da masturbação, são pouco comuns no início da puberdade, embora 31% tenham relatado algum intercurso sexual antes dos 14 anos. · A relação entre as alterações hormonais e o interesse e a atividade sexual é controversa; não há relação consistente entre hormônios e o despertar sexual, a idade da primeira relação ou a frequência de relações. Adolescência média Desenvolvimento biológico · Velocidade de crescimento é maior que a de 6-7cm por ano da fase pré-púbere. · Na menina normal, o estirão do crescimento atinge o ápice aos 11,5 anos com pico de velocidade de crescimento de 8,3cm por ano, e depois desacelera até parar aos 16 anos. · No menino normal, o estirão do crescimento começa mais tarde, atingindo pico aos 13,5 anos com 9,5cm por ano, e depois se torna lento até parar aos 18 anos. · Peso aumenta paralelamente ao crescimento linear, mas com atraso de vários meses – espicham e então engordam. · Aumento na massa muscular, seguida vários meses depois pelo aumento da força; os meninos mostram um ganho maior de ambas. A massa magra corporal, que é aproximadamente 80% na criança pré-púbere normal, aumenta nos meninos para 90% e cai nas meninas para 75% à medida que gordura se acumula no subcutâneo. · A maturação óssea se correlaciona estreitamente com o estágio de maturidade sexual (Tanner) pois o fechamento epifisário está sob controle hormonal. · Os meninos com pilificação pubiana Tanner 3 e genitais Tanner 4 normalmente ainda vão atingir o pico do estirão de crescimento; as meninas nos mesmos estágios geralmente já passaram por seus estirões. · O alargamento dos ombros nos meninos e dos quadris nas meninas também é determinado por hormônios. · Duplicação do tamanho do coração e da capacidade vital pulmonar; · Há aumento da pressão arterial, volemia e hematócrito particularmente nos meninos · Estímulo androgênico das glândulas sebáceas e apócrinas resulta em odor corporal + acne; · As alterações fisiológicas nos padrões e necessidades de sono podem ser confundida com preguiça. Adolescentes tem dificuldade para adormecer e para acordar. · A menarca já ocorreu em 30% das meninas no estágio 3 de Tanner e em 90% no estágio 4 (95% das meninas tem a menarca entre 10,5 e 14,5 anos de idade). A menarca em geral se manifesta aproximadamente um ano após o início do estirão de crescimento puberal. É comum que os ciclos menstruais sejam anovulatórios nos primeiros dois anos após a menarca (aproximadamente 50%). A cronologia da menarca não é completamente conhecida, mas parece ser determinada pela genética e outros fatores, como adiposidade, doenças crônicas e exercícios. Nos países desenvolvidos a idade média da menarca ficou menor no último século, possivelmente em resposta a melhora da nutrição e atividade física reduzida. Antes da menarca, o útero alcança configuração madura, a lubrificação vaginal aumenta e aparece uma secreção vaginal clara (leucorreia fisiológica). · Nos meninos, o pênis alonga-se e alarga-se no estágio 3 de Tanner, e os espermatozoides estão usualmente presentes no cedem. Meninas · Estirão de crescimento atinge o ápice aos 11,5 anos -> pico de velocidade de 8,3 cm ao ano; · Após o estirão, a velocidade de crescimento vai estagnando até os 16 anos – quando cessa; · Massa magra cai de 80 para 75%; · Alargamento dos quadris -> estímulo hormonal; · Menarca (95% das meninas entre 10,5 e 14,5 anos de idade) -> um ano após o estirão de crescimento; · Ciclos usualmente anovulatórios nos dois primeiros anos após a menarca (50% dos casos); · Melhor nutrição + atividade física reduzida = menarca antecipada; · Antes da menarca: maturação uterina + lubrificação vaginal aumentada + secreção vaginal clara (leucorreia fisiológica). · Depois da menarca aumente 5-7,5cm. Meninos · Estirão de crescimento atinge o pico aos 13,5 anos -> 9,5 cm ao ano; · Após o ápice, o crescimento se lentifica até parar aos 18 anos; · Maior ganho de força e massa muscular que as meninas; · Massa magra evolui de 80 para 90%; · Alargamento dos ombros -> estimulo hormonal; · Pênis alargado e sêmen com espermatozoides. Desenvolvimento cognitivo e moral · Com a transição para o pensamento operacional formal, os adolescentes questionam e analisam extensamente; · Agora os jovens têm a capacidade cognitiva para compreender como o mundo é intrincado, além de suas próprias ações nos contextos moral e legal; · Os questionamentos sobre as convenções morais estimulam o desenvolvimento de códigos pessoais de ética, que podem ser semelhantes ou diferentes de seus pais. · Uma nova flexibilidade do pensamento exerce efeitos que penetram nos relacionamentos do adolescente consigo mesmo e com outros. Autoconceito · Na adolescência media, aceitam melhor suas mudanças corporais e passam a ter preocupações mais idealistas ao explorar opções de futuro. · O pertencimento a um grupo é importante na confirmação de identidade e na autoimagem de cada um. · É normal os jovens terem diferentes personalidades, mudando de estilos ou vestimentas, de grupos de amigos e interessesa cada mês. Alguns filosofam sobre o significado da sua vida e pensam: “quem sou eu?” e ‘’por que estou aqui?’ · São comuns sentimentos intensos de turbulência interior e de angustia · As meninas tendem a caracterizar elas e suas amigas de acordo com os relacionamentos pessoais, enquanto os meninos focalizam mais as habilidades. · Adolescentes de ambos os sexos que se desenvolvem mais tarde que seus companheiros, mas especialmente os meninos, podem apresentar uma autoimagem mais pobre e dificuldades escolares mais frequentes. Relações com familiares e sociedade · Referência do estereotipo da adolescência; · Relacionamento mais tenso e distante com os pais, pelo redirecionamento das energias para relações com amigos e separação da família. · Namoro pode ser um problema entre pais e filhos, cujo problema real pode ser a separação e não detalhes de ‘’com quem’’ ou ‘’a que horas’’. · Apenas entre 20 e 30% dos jovens tem batalhas e dificuldades estereotipadas nessa fase. · Adolescentes com diferenças visíveis podem não desenvolver de forma adequada as capacidades sociais e a confiança, e podem ter mais dificuldade para estabelecer relacionamentos satisfatórios · Maior busca pela ideia de o que será no futuro, o que antes era mais hipotético. Esse processo envolve autoavaliação e avaliação das oportunidades disponíveis. · Preocupação em tornar o próprio corpo atraente. Começa a ter relação maior com outros sexos. Comportamento de risco começa a ser incentivado. Sexualidade · No período médio da adolescência, o namoro torna-se uma atividade obrigatória para avaliar a capacidade de atrair o outro. · Grau de atividade sexual é amplamente variável; · Aos 16 anos de idade, 33% das meninas e 42% dos meninos relatam ter praticado sexo oral ou vaginal. A maioria dos adolescentes já beijou as 14 anos (71%). O beijo de língua é mais comum por volta dos 15 anos, e as carícias mais comuns aos 16 anos para os garotos (75%), mas, para as garotas só ocorrem por volta dos 17 anos (76%) · A experimentação homossexual comum e não necessariamente permanente; · Muitos adolescentes temem se tornar homossexuais e tem receio de serem descobertos. Adolescentes homossexuais tem chances aumentadas de isolamento e depressão. O medo da estigmatização pode leva-los a discutir problemas com o pediatra ou outros adultos. · Além da orientação sexual, jovens começam a escolher outros aspectos da identidade sexual, incluindo crenças sobre amor, honestidade e propriedade; · Nessa idade, os relacionamentos são superficiais com ênfase na atração e experiência sexual ao invés da intimidade; · Tendência à opção por um dos três caminhos da vida sexual: celibato, monogamia ou poligamia; · Há algum conhecimento sobre gravidez e transmissão de ISTs, mas esse conhecimento não controla o comportamento de forma constante. Cerca de 26% das meninas não usam qualquer anticoncepção em suas primeiras relações sexuais, e menos de 70% usam camisinha com constância. Adolescência tardia Desenvolvimento Biológico · Alterações somáticas modestas em comparação com períodos anteriores. · Estágios finais do desenvolvimento das mamas, do pênis e dos pelos pubianos aos 17-18 anos de idade em 95% dos meninos e meninas. · Mudanças na distribuição de pelos frequentemente persistem por anos nos homens, incluindo crescimento de pelos da face e tórax, e início da calvície androgênica em alguns. · Prevalência acneica. · Desenvolvimento maior do córtex pré-frontal, tendo mais capacidade dos impulsos, sabendo decidir e criar estratégias. Desenvolvimento Psicossocial · A desaceleração das mudanças físicas permite o desenvolvimento de uma imagem corporal mais estável; · A cognição tende a ser menos auto centralizada, e os pensamentos sobre história, patriotismo e justiça são mais frequentes. · Adolescentes mais velhos são mais orientados para o futuro e capazes de agir de acordo com planos a longo prazo, sem esperar recompensas imediatas, assumir compromissos, estabelecer limites e pensar de forma independente. · Adolescentes mais velhos são frequentemente idealistas, mas podem ser absolutistas e intolerantes com pontos de vista diferentes. Grupos religiosos ou políticos que prometem soluções para questões complexas podem ter grande apelo. · Com a emancipação, começam a transição para os papeis da vida adulta no trabalho e nos relacionamentos. · Mais constantes em suas emoções. · Grupo de amigos e seus valores perdem importância. · Relacionamentos individuais, em particular os relacionamentos íntimos se tornam prioritários e um importante componente da identidade para muitos adolescentes velhos. Em vez de namoros superficiais da adolescência media, esses relacionamentos envolvem mais amor e compromisso. · Decisões sobre a carreira passam a pressionar o adolescente, porque seus autoconceitos estão cada vez mais ligados a seu papel social emergente. · Reaceitação dos valores dos pais, aceitando mudanças de imagem corporal. · Refinamento dos valores sexuais, religiosos e morais. Síndrome da adolescência normal 1. Busca de si mesmo e da identidade da vida adulta; A identidade, “consciência que o indivíduo tem de si como um ser no mundo”, é construída ao longo da vida e tem especial importância na adolescência. As transformações progressivas do corpo e do esquema corporal levam o adolescente a adotar sucessivos modos de conduta em diferentes situações, que constituem variações circunstanciais, transitórias e ocasionais da identidade adolescente. O conceito de identidade engloba vínculos de integração espacial, temporal e social, introduzidos por Grimberg. O vínculo de integração espacial está relacionado com a representação que o indivíduo tem de seu corpo com características que o tornam único. 2. Separação progressiva dos pais; Esta é uma das tarefas básicas dos adolescentes, que pode ser facilitada por figuras parentais suficientemente adequadas. Para atingir a maturidade é necessário ter individualidade e independência reais. A separação progressiva dos pais, a entrada na turma, e a posterior individuação discriminativa são passos necessários do processo evolutivo humano. Muitos pais em nossa cultura se angustiam frente ao crescimento dos filhos e chegam até negá-lo. 3. Tendência grupal; M. Knobel assinala que a busca de uniformidade é um comportamento defensivo que proporciona segurança e estima pessoal. O fenômeno grupal adquire uma importância extraordinária na adolescência, porque o indivíduo transfere para os pares parte da dependência que mantinha com a família. Assim, a dependência do adolescente aos valores do grupo é escravizante, segue os mesmos costumes, vestimentas e preferência. Precisa de aplausos, julgando-se sempre conforme a sua aceitação exterior. Ele não pode perceber ainda que a busca da aprovação dos outros é a busca de sua própria aprovação. No início da adolescência, a turma é formada por companheiros do mesmo sexo, mas, na medida em que amadurecem, assumindo sua condição sexual, sentem-se mais livres para aproximar dos adolescentes do sexo oposto. A turma constitui uma transição necessária no mundo externo para se alcançar a individuação adulta. 4. Necessidade de intelectualizar e fantasiar; A necessidade de fantasiar e intelectualizar se intensificam e dominam o pensamento do adolescente, como mecanismos de defesa frente as situações de perda. A vivência dos lutos outorga um sentimento de depressão e fracasso frente a realidade externa. É na adolescência, que nascem os escritores e poetas, trazendo uma bagagem revolucionária própria de cultura para o mundo. 5. Crises religiosas; Segundo Maurício Knobel, o adolescente pode se manifestar como um “ateu intransigente” ou um “místico fervoroso”, vivendo uma variedade de posicionamentos entre estes dois extremos, ambas geralmente como situações extremas e até cheias de fanatismo. Isto reflete sua angústia interna, no confronto com a sua possibilidade de morte e de perda de seus pais. As figuras idealizadas oferecidas pela religião lhe permite a garantia de continuidade de sua própria vida edaqueles que lhe são queridos. 6. Deslocação temporal; O adolescente vivencia uma crise de temporalidade. A criança vive as limitações do espaço e do tempo, dentro dos limites de seu pensamento concreto. O adulto tem a noção da infinitude espacial e da temporalidade da existência. Na adolescência, estas noções se misturam, se confundem e o adolescente passa por um período de sincretismo. Ele apreende o processo de discriminação temporal, passando pela tentativa de manejar o tempo de forma concreta e evoluindo para a própria consciência histórica individual e coletiva. Presente, passado e especificamente futuro, são noções que são elaboradas durante a adolescência. 7. Contradições sucessivas nas manifestações da conduta; Estas condutas contraditórias são expressões da identidade adolescente, transitória ocasional e circunstancial. Sua personalidade é permeável e sua instabilidade necessária. Lida permanentemente com o imprevisível, tanto no seu mundo interno como no externo. Joga com seu corpo, sua alma, sua conduta de acordo com as possibilidades confusas e confusionantes. Aparece contraditório, embora seja esta, ou as condutas mais variáveis, as mais adequadas a este complexo momento evolutivo. Fixar-se numa só conduta, não corresponde a um comportamento normal, nem ajuda a aprender da experiência. 8. Atitude social reivindicatória; Grande parte da oposição que os adolescentes vivem com relação à família é transferida para o meio social, projetando no mundo externo as suas raivas, as suas rejeições e as suas condutas destrutivas. O jovem, normal e adequado a seu processo evolutivo, deve contestar e reivindicar um mundo, uma sociedade, uma humanidade melhor, mais justa e mais cheia de amor. 9. Constantes flutuações do humor e estado de ânimo; O processo de luto da adolescência é permeado pela depressão e ansiedade, substrato natural das alterações de humor dos adolescentes. Maurício Knobel deixa claro que “somente quando o mundo adulto compreende e facilita adequadamente a tarefa evolutiva do adolescente, ele poderá desempenhar-se satisfatoriamente, elaborando uma personalidade mais sadia e feliz”. Uma conquista, por mínima que seja entusiasma e alegra. Uma frustração aborrece e deixa triste. Isto acontece milhares de vezes ao dia. Sentimentos de solidão e exaustão. Mudanças são normais e é assim que se aprende a ter sentimentos humanos válidos com o grande valor das experiências. 10. Evolução sexual. O estímulo biológico e cultural, praticamente empurram ao adolescente a iniciar-se na atividade genital, no mínimo com fantasias. Assim, há um tipo de jogo entre a atividade masturbatória e o começo do exercício genital, que tem fundamentalmente um caráter basicamente exploratório. A masturbação pode servir como modalidade de descarga de tensão, negação onipotente da existência de outro sexo e, também, através dela, o adolescente pode elaborar a necessidade de um companheiro sexual. A culpa e a ansiedade podem acompanhar este processo. Gradativamente, na proporção em que se sentem mais seguros de sua identidade sexual, os adolescentes vão se aproximando de seus pares do sexo oposto. Às vezes, observa-se condutas femininas nos rapazes e masculinas nas moças, que correspondem a aspectos da elaboração edípica. A sensação de estar apaixonado é um dos componentes mais importantes da vida do adolescente e, neste momento, tem características de vínculo intenso e frágil, que tende a evoluir para o amor maduro, na medida da cristalização da masculinidade e feminilidade. Mudanças no eixo hipotálamo-hipófise-gônadas · Desde o terceiro trimestre de gestação até os 6 meses de vida, há uma ativação parcial do sistema hipotálamo-hipófise-ovário (HHO) que ocasiona algumas manifestações clínicas como telarca, trofismo genital e acne neonatal (minipuberdade). A partir dos 6 meses de idade há uma redução significativa dos níveis de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH), que permanecem baixos até o início da puberdade. Em dado momento, os fatores chamados permissivos (neuropeptídios, leptina, insulina, IGF-1 e estímulos oriundos de centros cerebrais superiores) atuam sobre¬ o sistema HHO, provocando aumento da frequência e amplitude da produção de hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH) pelos neurônios hipotalâmicos que, via sistema porta hipofisário, ativam receptores específicos localizados na adenoipófise, desencadeando aumento da produção de gonadotrofinas (FSH e LH). A liberação de FSH e LH estimula ovários e testículos a produzirem os esteroides sexuais que induzirão todo o processo de modificações corporais, capacitando o organismo para as funções reprodutivas. · De forma didática, considera-se que a puberdade é caracterizada, fundamentalmente, pelos seguintes eventos: • Crescimento esquelético linear; • Alteração da forma e composição corporal; • Desenvolvimento dos órgãos e sistemas; • Desenvolvimento das gônadas e dos caracteres sexuais secundárias. · Embora o eixo HHO seja crucial nesse momento, há necessidade de ativação de outros mecanismos que terão ação sinérgica no crescimento e desenvolvimento físico na puberdade. A produção de androgênios pelas glândulas adrenais, controlada pelo ACTH, é anterior à produção de esteroides gonadais, ocorrendo entre 6 e 8 anos de idade (adrenarca). É responsável por modificações no odor das secreções, aumento da oleosidade da pele e aparecimento e manutenção da pilificação axilar e púbica durante a puberdade. O desenvolvimento e a maturação sexual podem ser acompanhados utilizando-se os critérios de Marshall e Tanner pois, em condições normais, há uma sequência cronológica de modificações. Em ambos os sexos, avalia-se a quantidade e distribuição dos pelos púbicos (P). Para o sexo feminino, a evolução do desenvolvimento mamário (M) e, para o sexo masculino, o desenvolvimento da bolsa escrotal e do pênis (G). · Ativação puberal inicia após a reativação de neurônios hipotalâmicos que secretam, de uma maneira pulsátil bastante específica, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). A secreção desse resulta na consequente liberação também pulsátil dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela glândula hipófise. Isso ocorre inicialmente durante o sono e, mais tarde, estabelece-se em ciclo circadiano. · Interação Hipotálamo-Hipófise-Gônadas: A hipófise anterior produz e secreta FSH e LH, que estimulam a gametogênese, a secreção gonadal e a manutenção das gônadas. A secreção de LH e FSH pela hipófise é estimulada por um hormônio (GnRH/ hormônio liberador de gonadotropinas) produzido pelo hipotálamo. As gônadas exercem efeito de retroalimentação negativa sobre a secreção de gonadotropinas (inibe). COLESTEROL > PROGESTERONA (secretada pelos ovários e pela placenta)> ANDROSTENEDIONA (secretada pelo córtex suprarrenal) > TESTOSTERONA (secretada pelos testículos)> B-ESTRADIOL (secretada pelos ovários e placenta) · Eixo Hipófiso-Ovariano: Interações hormonais entre hipófise e ovários. A hipófise produz FSH e LH que promovem alterações cíclicas nos ovários. Meninos · A partir da puberdade infusão intravenosa de GnRH (liberado pelo hipotálamo por estímulos ambientais); retroalimentação por moléculas de sinalização celular (proteína cinase C); células da glândula hipófise anterior (adeno-hipófise) iniciam a produção de hormônios picos de FSH e LH, ativando o segundo mensageiro AMPc, que atinge enzimas específicas das células-alvos. Esses hormônios gonadotróficos irão atuar nos testículos. O FSH estimula o desenvolvimento do epitélio germinativo, responsável diretamente pela espermatogênese (secreção de ABP pelas células de Sertoli); o LH estimula as células de Leydig a produzirem testosterona, necessário ao processo da espermatogênese. · A testosterona é responsável pelas características sexuais secundárias masculinas, formação da genitália externa e estímulo a espermiogênese (secreção de caderinas impede separação prematura de espermátides). Metabólitos da testosterona: estradiol (absorção de líquido dos ductos eferentes,para amadurecimento e sobrevivência dos espermatozoides) e diidrotestosterona (conversão aumenta potência da testosterona). · LH tem papel mais relevante na regulação de GnRH · FSH – células de sertoli - ABP – reter testosterona no tecido · ESPERMATOGÊNESE (que ocorre a partir da puberdade): vai amadurecer as espermatogônias tipo B (mitose) espermatócitos primários (meiose I) espermatócitos secundários (meiose II) espermátides. · ESPERMIOGÊNESE: espermátide espermatozoide. · Adrenarca: arômatase converte diidrotestosterona em testosterona, produção de pelos, desenvolvimento do órgão sexual masculino, aumento da oleosidade, GH vai ser estimulado, aumento dos ombros e massa muscular, tem início antes da pubarca aparente, mudança da laringe, espessura da pele, crescimento dos órgãos internos, aumento de volume dos testículos · Adrenarca – pubarca – gonadarca Meninas · Entre a 5ª e 6ª semana de vida embrionária, células germinativas primordiais migram do saco vitelínico para a gônada em desenvolvimento, formando as ovogônias (produzidas até 20 a 24 semanas de gestação). Da 8ª semana ao 6º mês após o nascimento ovogônias entram em prófase da primeira divisão meiótica, mas param na fase de diplóteno, formando ovócitos I (duram aproximadamente 50 anos). Os ovócitos primários permanecem em repouso nos folículos ovarianos até a puberdade, quando o ovócito primário aumenta de tamanho na maturação, completando a 1ª divisão meiótica: pico de LH interrompe término da primeira divisão meiótica do ovócito I, até a metáfase II, produzindo o ovócito II. A segunda divisão meiótica (equacional), que converterá o ovócito secundário em ovótide ou óvulo, só ocorre se houver fecundação. · Assim como no sexo masculino a atividade da adeno-hipófise é regulada pelo hormônio GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) produzido pelo hipotálamo. Já a adeno-hipófise libera o FSH e o LH, reguladores específicos da atividade ovariana. O ovário sofre alterações cíclicas influenciadas por esses hormônios: o FSH estimula o crescimento e a maturação dos folículos ovarianos, e é responsável pela secreção de estrógeno pelas células foliculares cúbicas, o LH ocasiona a ruptura do folículo ovariano, a ovulação: liberação do ovócito II e o desenvolvimento do corpo lúteo que influencia na produção de progesterona. · Hipotálamo (GnRH) Adeno-hipófise (FSH / LH) Ovário. · Estrogênios: derivados do colesterol do sangue e acetilcoenzima A. Responsáveis pelos caracteres sexuais secundários femininos e formação da genitália externa. Produzido pelas adrenais, testosterona é convertido em estrógeno pela aromatase. · Progesterona: há feedback positivo de progesterona por crescimento acelerado dos folículos e secreção de estrógeno. Diminui frequência e intensidade de contrações uterinas, aumenta secreção da tuba uterina, desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos mamários. Produzida pelas células da granulosa. · Colesterol – progesterona – testosterona – 5 alfa redutase – diidrotestosterona – estradiol · Testosterona em doses menores nas meninas: aumento da pilosidade, maturação vocal · Distribuição de gordura nos quadris, mamas · Adrenarca – telarca – pubarca – menarca Componentes da consulta pediátrica na adolescência · 2 a 3 momentos: adolescente + pais (motivo da consulta, vacinas etc.), depois só com o adolescente (alguma queixa a mais), apenas os pais (conflitos evidentes e violência familiar + hipóteses diagnósticas). · Aspectos gerais (aparência física, pele hidratada, eupneico, normocorado, etc.); · Peso, altura, índice de massa corporal (IMC)/ idade e altura/idade – utilizar gráficos e critérios da OMS; Pregas cutâneas; · Pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma vez/ano e compará-las às curvas de pressão arterial para idade); · Acuidade visual com escala de Snellen. · Estado nutricional; · Tireoide, cavidade oral, otoscopia; · Coluna Vertebral e postura; · Exame neurológico e mental (sumários); · A genitália deve ser avaliada ao final do exame físico, no próximo momento oportuno se paciente não permitiu, especialmente se houver queixa específica. O profissional deve ser habilitado para tal exame, evitando a exposição desnecessária do paciente. · Maturação sexual - utilizar critérios de Tanner (masculino e feminino), orquidômetro para avaliar o volume testicular. Fisiopatologia da obesidade na adolescência · Pode ser desencadeado tanto por fatores exógenos que estão relacionados ao estilo de vida (hábitos alimentares, sedentarismo, qualidade do sono) como por fatores endógenos (genéticos, endócrino, medicamentosos, metabólicos). · O status do estoque energético é controlado por áreas do cérebro, que envolve neurônios especializados no hipotálamo e em outras áreas do cérebro, que enviam sinais, através da secreção de hormônios anorexígenos (inibem a fome) e orexígenos (estimulam a fome), para circulação sendo assim responsável pela homeostase energética. · A hipertrofia do TA faz com que diminua a vascularização e a demanda de nutrientes levando a hipóxia tecidual, apoptose e necrose de adipócitos. O processo inflamatório local que se inicia faz mudança no tipo de macrófagos presentes no tecido, que antes da expansão apresentavam macrófagos anti-inflamatório do tipo M2 e agora apresentam macrófagos pró-inflamatório do tipo M1. Ocorre também a secreção de algumas citocinas como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). A secreção alterada de adipocinas, como aumento de leptina e redução de adiponectina, sinaliza no hipotálamo e influência no balanço energético com aumento na ingestão alimentar e redução do gasto energético. · A hipertrofia dos adipócitos e aumento ectópico da deposição de AGL também prejudica a captação de glicose dependente de insulina devido a um defeito no GLUT4 e a sensibilidade à insulina é diminuída no músculo e no fígado. · Resistência a insulina leva a fígado gorduroso (esteatose hepática). Obesidade na adolescência Epidemiologia · Esses verificaram que na região Sul, 11,1% dos adolescentes são obesos, sendo a taxa mais alta referente à cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul); 8,6%, na região Sudeste; 7,4% nas regiões Nordeste e Centro-Oeste; e 6,6% na região Norte. Fatores de risco · Entre os adolescentes, a alimentação inadequada, caracterizada pelo consumo excessivo de açúcares simples e gorduras, associada à ingestão insuficiente de frutas e hortaliças, contribui diretamente para o ganho de peso nesse grupo populacional. · Embora seja praticamente um consenso que o crescimento da prevalência de excesso de peso seja decorrente do maior consumo de alimentos com elevada densidade energética e especialmente ricos em lipídios e carboidratos simples, esse fato isoladamente não é capaz de explicar o aumento exponencial de obesidade no mundo. De acordo com Flynn et al.42, a redução dos níveis de atividade física também parece exercer papel fundamental nesse processo. Comorbidades · A hiperinsulinemia é uma das alterações metabólicas encontradas na obesidade, correlacionando-se significantemente com a porcentagem de gordura corporal. Os níveis séricos de insulina, no jejum, caem em associação com a perda de peso e a restrição calórica. O encontro de hiperinsulinemia basal e pós-sobrecarga de glicose, com glicemia normal ou aumentada, sugere resistência à insulina. A resistência à insulina parece ser devida a alterações de seus receptores nos tecidos periféricos. · Outra repercussão metabólica importante encontrada na obesidade está relacionada aos níveis adversos de lipídios. Vários estudos já demonstraram associação entre obesidade e aumento dos níveis de colesterol total e LDL colesterol, com maior risco para o desenvolvimento de doença aterosclerótica e baixos níveis de HDL colesterol, aumentando ainda mais este risco, por tratar-se da fração antiaterogênica. A aterosclerose pode iniciar-se na infância, e os níveis elevados de colesterol nesta fase têm papel importante no estabelecimento da aterosclerose do adulto. · A distribuição corporal do tecido adiposo implicaem diferentes riscos para o desenvolvimento de alterações metabólicas. A gordura centralizada, mais em tronco, está claramente associada ao maior risco para diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial. · Existe também associação entre obesidade e hipertensão arterial, mas os mecanismos que promovem o aparecimento da hipertensão arterial não são bem conhecidos. Tanto a pressão sistólica como a diastólica aumentam com o aumento do índice de massa corporal. Os estudos hemodinâmicos têm mostrado que na obesidade há elevação do débito cardíaco e apontam a expansão do volume sanguíneo como causa do aumento da pressão arterial. Há relação estreita entre pressão arterial e peso corporal, ocorrendo redução da pressão arterial com a perda de peso. Outro mecanismo aventado como responsável pelo aumento da pressão arterial, na obesidade, é a diminuição da excreção de Na, causada pelo hiperinsulinismo. Observou-se que o sistema renina – angiotensina – aldosterona está estimulado no obeso, especialmente nos indivíduos com obesidade abdominal, podendo também explicar o aumento da pressão arterial. · A obesidade é uma das principais causas de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, favorecendo complicações cerebrovasculares e cardiovasculares futuras. · As complicações ortopédicas são bastante frequentes na obesidade, devido ao trauma provocado nas articulações pelo excesso de peso. As articulações dos joelhos são as mais envolvidas, e o deslizamento da epífise da cabeça do fêmur também é comum em obesos. · Na obesidade podem ocorrer alterações da função pulmonar, com diminuição do volume residual e do volume expiratório máximo e tendência para redução geral do volume pulmonar. Nas formas graves de obesidade pode ocorrer a síndrome de Pickwik, caracterizada por hipoventilação, sonolência diurna e apneia do sono. · O Diabetes Mellitus tipo II é uma importante doença crônica associada à obesidade. Este tipo de diabetes é raro em crianças e adolescentes, mas muito comum em adultos obesos. · As alterações dermatológicas mais encontradas na obesidade são as estrias, a fragilidade da pele nas regiões das dobras, com tendência às infecções fúngicas e a acantose nigricans, com escurecimento da pele nas axilas e no pescoço. Recomendação sobre uso de mídia Gerais · O tempo de uso diário ou a duração total/dia do uso de tecnologia digital seja limitado e proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-psicossocial das crianças e adolescentes. · Desencorajar, evitar e até proibir a exposição passiva em frente às telas digitais, com exposição aos conteúdos inapropriados de filmes e vídeos, para crianças com menos de 2 anos, principalmente, durante as horas das refeições ou 1-2 h antes de dormir. · Limitar o tempo de exposição às mídias ao máximo de 1 hora por dia, para crianças entre 2 e 5 anos de idade. Crianças entre 06 e 10 anos não devem fazer uso de televisão ou computador nos seus próprios quartos. Adolescentes não devem ficar isolados nos seus quartos ou ultrapassar suas horas saudáveis de sono às noites (8-9 horas/noite/fases de crescimento e desenvolvimento cerebral e mental). Estimular atividade física diária por uma hora. · Crianças menores de 6 anos precisam ser mais protegidas da violência virtual, pois não conseguem separar a fantasia da realidade. Jogos online com cenas de tiroteios com mortes ou desastres que ganhem pontos de recompensa como tema principal, não são apropriados em qualquer idade, pois banalizam a violência como sendo aceita para a resolução de conflitos, sem expor a dor ou sofrimento causado às vítimas, contribuem para o aumento da cultura de ódio e intolerância e devem ser proibidos. · Estabelecer limites de horários e mediar o uso com a presença dos pais para ajudar na compreensão das imagens. Equilibrar as horas de jogos online com atividades esportivas, brincadeiras, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza. · Conversar sobre as regras de uso da Internet, configurações para segurança e privacidade e sobre nunca compartilhar senhas, fotos ou informações pessoais ou se expor através da utilização da webcam com pessoas desconhecidas, nem postar fotos íntimas ou nudes, mesmo com ou para pessoas conhecidas em redes sociais. · Monitorar os sites /programas /aplicativos/ filmes/vídeos que crianças e adolescentes estão acessando/ visitando/ trocando mensagens, sobretudo em redes sociais. Manter os computadores e os dispositivos móveis em locais seguros, e ao alcance das responsabilidades dos pais (na sala) ou das escolas (durante o período de aulas). · Usar antivírus, antispam, antimalware e softwares atualizados ou programas que servem de filtros de segurança e monitoramento para palavras ou categorias ou sites. Alguns restringem o tempo de uso de jogos online o uso de aplicativos e redes sociais por faixa etária. Ainda assim, é importante explicar com calma e sem amedrontar as crianças e adolescentes sobre quais são os motivos e perigos que existem na Internet, espaço vazio e virtual e onde nem tudo é o que parece ser! · Aprender/Ensinar a bloquear mensagens ofensivas ou inapropriadas, redes de ódio, violência ou intolerância ou vídeos com conteúdo sexuais e como denunciar cyberbullying em helplines ou através da SAFERNET ou disque-denúncia tel. 100. · Conversar sobre valores familiares e regras de proteção social para o uso saudável, crítico, construtivo e pró-social das tecnologias usando a ética de não postar qualquer mensagem de desrespeito, discriminação, intolerância ou ódio. · Desconectar. Dialogar. Aproveitar oportunidades aos finais de semana e durante as férias para conviver com a família, com amigos e dividir momentos de prazer sem o uso da tecnologia, mas com afeto e alegria. Para pais · Conversar com seus filhos sobre a Internet e também sobre as redes sociais e quais os sites que são mais apropriados, de acordo com o desenvolvimento e a maturidade de cada um, compartilhando o uso positivo das tecnologias digitais com seus filhos nas tarefas de rotina ou lazer, mas sem invadir os espaços e as mensagens de cada um. Fazer uma lista de sites recomendados, conversar sobre os perigos e riscos da Internet ou encontros com pessoas desconhecidas em redes sociais ou fora delas. · Verificar a classificação indicativa para games, filmes e vídeos e conteúdos recomendados de acordo com a idade e compreensão de seus filhos, em normas técnicas e guias práticos para todas as famílias e também acessíveis online. · Estabelecer regras e limites bem claros e “concordantes” entre todos sobre o tempo de duração em jogos por dia ou no final de semana e sobre a entrada e permanência em salas de bate-papo ou em redes sociais ou durante os jogos de videogames online. Não fornecer cartões de crédito de uso pessoal. · Discutir francamente qualquer mensagem ofensiva, discriminatória, esquisita, ameaçadora ou amedrontadora, desagradável, obscena, humilhante, confusa, inapropriada ou que contenha imagens ou palavras pornográficas ou violentas, típicas das redes de intolerância ou ódio e como fazer para bloqueá-la. · Recomendar aos seus filhos que JAMAIS forneçam a senha virtual a quem quer que seja, nem aceitem brindes, prêmios ou presentes oferecidos pela Internet, assim como também jamais devem ceder a qualquer tipo de chantagem, ameaça ou pressão de colegas ou de qualquer pessoa online. · Evitar postar fotos de seus filhos para pessoas desconhecidas ou público em geral. Aprenda sobre os meios de configuração de privacidade e selecione como enviar fotos, vídeos ou mensagens. Existem vários sites e aplicativos que ensinam sobre segurança online. · Criar tempo para ser pai, mãe, avô, avó, tio/ tia, madrinha/padrinho sem o uso das tecnologias. Planejar as refeições sem qualquer uso de equipamentos à mesa. Planejar atividades de finais de semana ou férias fora e longe do wifi ou de computadores e celulares ou limitar o tempo de uso para 1-2 horas/dia para todos. Praticar atividades ao ar livre e em contato com a Natureza para prevenção da saúdefísica e mental/comportamental de todos da família. · Brincar mais com seu/s filho/s de maneira interativa, olhando, abraçando, sendo parceiro e estando ao lado deles, sempre que precisar, supervisionando e construindo uma relação de confiança, para a Vida, juntos. Para isso, não se precisa de telas de televisão, computadores ou celulares ligados! Cuidado com a distração nas ruas ou quando em movimento, dirigindo carros e bicicletas. · Participar das atividades da escola e da comunidade e criar redes de proteção e segurança online com amigos e conhecidos para todas as crianças e adolescentes de sua vizinhança ou de seu bairro ou na sua cidade. Lembrar sempre que você como adulto, pai ou mãe, e, com a convivência diária, se torna um modelo de referência para seus filhos. Portanto, deve dar o primeiro exemplo, limitando o seu tempo de trabalho no computador, quando estiver em casa. Desconectar e estar presencialmente com seus filhos. Para crianças e adolescentes · Nas telas do mundo digital tudo é produzido como fantasia e imaginação para distrair ou afastar do mundo real – portanto, não se deixe enganar no mundo virtual. · Não marque bobeira à toa! Cuidado, desconfie de mensagens esquisitas ou confusas. Aprenda a bloquear mensagens ofensivas ou que zombem de você! · A senha é só sua, não a compartilhe com ninguém, ninguém mesmo! Única exceção apenas para seus pais que são os responsáveis por você até completar os 18 anos, legalmente. · Lembre-se que a Internet é um espaço público e as mensagens trocadas ficarão para sempre gravadas e accessíveis, como uma história de você ou como uma impressão digital. · Preste atenção para não adicionar qualquer pessoa desconhecida e jamais marque encontros com pessoas estranhas ou conhecidas apenas pela Internet e que enviam mensagens solicitando encontros com você! Cuidado ao utilizar a webcam, evite a exposição, se você estiver sem roupas ou mesmo no seu quarto ou sozinho em qualquer lugar. · Prêmios ou ofertas em dinheiro ou presentes de viagens podem ser ciladas. Surpresas e mágicas online são muitas vezes falsas para pegar otário, portanto, seja mais esperto! · Seja quem você é mesmo, sem criar avatares, heróis ou inimigos que nem existem, ou só existem em sua imaginação. Pode ser engraçado, mas nem sempre é brincadeira! Você pode se machucar à toa, fique sempre alerta aos desafios ou confrontos que podem terminar em problemas sérios, colocando sua vida em risco. · Seja respeitoso online e trate os outros como gostaria de ser tratado, afinal você merece respeito de todos também. Evite repassar mensagens que possam humilhar, ofender, zombar ou prejudicar a pessoa que receber este seu recado. · Crescer e construir o seu corpo precisa de horas de sono e alimentação balanceada e saudável. Se você estiver se sentindo cansado, sonolento, com fome ou sem apetite, ou com dor de cabeça, nas costas, nos olhos ou nos ouvidos, desligue o seu celular ou seu computador, converse com seus pais ou consulte seu médico pediatra. Conversando, a gente se entende e tudo ficará melhor! Sempre é bom ter mais cuidados de saúde e você é responsável por sua saúde física e mental, e lembre que para ser um adulto melhor e capaz, requer socialização, conversa e reflexão! Implicações sobre uso excessivo de mídias No contexto de pandemia · Memes com grande potencial ansiogênico · O próprio uso excessivo da internet, pode também gerar uma forma de adição, um transtorno que gera dependência, expressando-se nas cinco formas catalogadas pelo Center for Online Addiction: 1- o cyber sexo (cybersex), 2- a relacional (das redes sociais), 3- o Net Gaming Addiction, que inclui uma ampla gama de comportamentos, como jogos de azar, videogames, compras e comércio eletrônico obsessivo 4- a busca de informações; 5- a adição por jogos. · Os guias que tratam do tema do uso do tempo entre adolescentes na fase de isolamento social devido à pandemia sugerem a criação de rotinas de atividades de estudos, lazer e exercícios. Se é certo que tais sugestões levam em conta uma rotina saudável, há igualmente uma dose de idealização das condições de sua realização, que a depender do espaço que se dispõe, número de filhos e demais habitantes da casa tornam tais conselhos difíceis de serem seguidos. · Problemática dos challenges para se tornar famoso (youtubers).