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Módulo Reformas administrativas, Histórico e Evolução da Administração Pública HistóricodasReformasAdministrativas “O Estado no Brasil nunca foi obra da sociedade, mas antecedeu a nação. Foi implantado da metrópole, sob um modelo patrimonialista e centralizador. Por isso, sempre foi poderoso, autoritário, autolegitimado, estabelecendo com a sociedade uma relação de total subordinação. Nunca definiu limites claros entre o público e o privado, estabelecendo, como moeda de troca política, terras e cargospúblicos.” Referências : Sônia Amorim , 2000. Histórico das Reformas Administrativas ▪ A Administração Pública brasileira antes de1808; ▪ A chegada da família real: MudançasInstitucionais; ▪ Modelo Patrimonialista. Histórico das Reformas Administrativas • A administração até 1889 (pré República); • Alterações ocorridas com a CF/1891 (descentralização do Poder); • Início do século XX até a era Vargas: Crise fiscal de 1929, quebra da bolsa, substituição de importações, aumento da população urbana; • Criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil (1936) e futuro DASP (1938): centralização política e administrativa; • DASP: modernização, aumento da produtividade e eficiência. Histórico das Reformas Administrativas ODASP ▪ Tentativa de modernização, aumento da produtividade e da eficiência da administração pública brasileira. Autoritarismo; ▪ Centralizar e reorganizar a administração pública mediante ampla reforma; ▪ Definir política para a gestão de pessoal; ▪ Racionalizar métodos, procedimentos e processos administrativos em geral; ▪ Combater as práticas patrimonialistas de gestão; ▪ Padronização dos materiais de consumo e permanentes; ▪ Orçamento como planejamento; ▪ Estatais: bens não duráveis; ▪ Tentativa de burocracia nos moldes weberianos: carreiras, hierarquia, impessoalidade, regras formais e meritocracia; ▪ Problemas na política de recursos humanos. ▪ Foco nos meios em detrimento dos fins. Referências : Paludo , 2013. Histórico das Reformas Administrativas AtuaçãodoEstadoIntervencionista: ▪ Criação de órgãos e departamentos formuladores de políticas públicas capazes de promover a integraçãoentreogovernoeasociedade(conselhos,basicamente); ▪ Expansão dos órgãos permanentes (diversos ministérios, órgãos de regulação, fiscalização e controle), alcançando também as funções de planejamento e orçamento: O Estado passavaa atuarondenãoatuava; ▪ Expansão das atividades empresariais do Estado, que passou a executar diretamente atividades e serviços (Ex. criação da Petrobrás, Telebrás). Histórico das Reformas Administrativas • Governo JK, Decreto-lei 200/67 e os Governos Militares: • Plano de metas: 50 anos em 5 -> energia, transporte, indústria pesada e alimentação. • Desenvolvimento econômico e social por meio da industrialização acelerada; • Necessidade de criação das estruturas paralelas(flexíveis): evitar confrontos com a rigidez burocrática; • Ilhas de excelência; • Criação da COMISSÃO DE SIMPLIFICAÇÃO BUROCRÁTICA – (COSB) E COMISSÃO DE ESTUDOS E PROJETOS ADMINISTRATIVOS- (CEPA); • João Goulart: Comissão Amaral Peixoto; • DL 200/67: Flexibilização para adm. indireta, descentralização para operacionalizar as atividades econômicas do Estado; Histórico das Reformas Administrativas Alterações PromovidaspeloDL200/67 ▪ Referente aos princípios: instituiu-se os princípios do planejamento, descentralização, delegação de autoridade, coordenação e controle; ▪ Referente à estrutura da Administração Pública: expandiu-se as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações públicas e as autarquias (a administração indireta como um todo); e reorganizou a Administração direta em 16 ministérios (Justiça, Fazenda, Planejamento, Educação e Cultura, Saúde, Interior, Relações Exteriores, Agricultura, Indústria e Comércio, Minas e Energia, Transportes, Trabalho e Previdência Social, Comunicação, Exército, Marinha e Aeronáutica); ▪ Referente ao aspectos administrativos internos: estabeleceu regras para a aquisição direta de bens e serviços, ou mediante contratação; Histórico das Reformas Administrativas Alterações Promovidas pelo DL200/67 ▪ Referente aos recursos humanos: fortaleceu e expandiu o sistema de mérito, e estabeleceu diretrizes para elaboração de plano de classificação de cargos; Histórico das Reformas Administrativas Governos Militares e oPrND ▪ Centralização Política e descentralização administrativa (funcional); ▪ Centralização de recursos a nível federal: Reforma tributária; ▪ Pode-se afirmar que essas reformas realizadas na administração, tanto a realizada pelo DASPcomoadoDL200/67nãoconseguiramseconsolidardaformacomo idealizadas.Aprimeiraem virtude das normas legais que deixavam brechas contrárias ao modelo burocrático e a segunda em virtude da crise econômica ocorrida alguns anos mais tarde. Outro problema verificado foi a falta de planejamento. Fernando Abrucio (2007 ) ensina que ocorreu essa falta de planejamento “ao não emergirem em ambientes democráticos que exigem planejamento, negociação e debate entre diversos segmentos da elite política e social”. Referências : Matheus Pereira, 2009. Histórico das Reformas Administrativas “Esse modelo não foi capaz de provocar alterações significativas na administração burocrática central. Elepermitiuacoexistênciadesetoresdeeficiênciaecompetêncianaadministração indireta,bemcomode formas arcaicas e ineficientes no âmbito da administração direta ou central”. Histórico das Reformas Administrativas Governos Militares e oPrograma Nacional de Desburocratização (PrND) ▪ Criação da SEMOR (1970); ▪ Criação do Ministério da Desburocratização (1979); ▪ Elaboração do PrND: reformar a administração pública para direcioná-la ao atendimento das demandas do cidadão, além de revitalizar e agilizar as organizações do Estado, descentralizar a autoridade, melhorar e simplificar os processos administrativos e promover a eficiência. Visavaaindacontera expansãodaAdministraçãoIndireta. Histórico das Reformas Administrativas Governos Militares e oPrND Histórico das Reformas Administrativas RetrocessoburocráticonaCF/88 ▪ Asituaçãonadécadade80eraaseguinte:ascrisesdopetróleode1973e1979ainda surtiamefeitosna economia brasileira. As nações em desenvolvimento utilizavam o financiamento externo para se desenvolver, assim a crise as abalou profundamente. Com a democratização ocorrida em 1985, diversos segmentos pleiteavam maior participação política e a volta dos seus direitos que haviam sido suprimidos durante o regime militar. Assim, aquele modelo centralizador dos “anos de chumbo” não cabia mais e isso foi levado em consideração pela Assembleia Constituinte que redigiu a Constituição de 1988, a Constituição “Cidadã”. Histórico das Reformas Administrativas Retrocesso burocrático naCF/88 ▪ Extensão das rígidas regras da administração direta para as organizações da administração indireta; ▪ Aadministraçãotornou-semaisburocrática,hierárquica,rígidaecentralizada; ▪ OPoderExecutivoperdeuaautonomiaparaorganizaraadministraçãopúblicacomo antigamente,deformaque agora a criação/extinção/transformação de órgãos e cargos deveriam passar pelo crivo do Poder Legislativo. ▪ Fortalecimento do controle; Histórico das Reformas Administrativas “Afinal, geraram-se dois resultados: de um lado, o abandono do caminho rumo a uma administração pública gerencial e a reafirmação dos ideais da administração pública burocrática clássica; de outro lado, dada a ingerência patrimonialista no processo, a instituição de uma série de privilégios, que não se coadunam com a própria administração pública burocrática. Como exemplos temos a estabilidade rígida para todos os servidores civis, diretamente relacionada à generalização do regime estatutário na administração direta e nas fundações e autarquias, a aposentadoria com proventos integrais sem correlação com o tempo de serviço ou com a contribuição do servidor” (PDRAE,1995) Histórico das Reformas AdministrativasRetrocesso burocrático naCF/88 ▪ Levou à centralização administrativa; ▪ Limitou enormemente a autonomia da administração indireta, praticamente igualando as condições entre administração indireta e direta; ▪ Retomou os ideais burocráticos da reforma de 1930 - administração pública volta a ser hierárquica e rígida; ▪ Criou o Regime Jurídico único, incorporando diversos celetistas como estatutários e engessando a situação (“status quo” é mantido); ▪ Criou privilégios descabidos para servidores, como aposentadorias integrais sem a devida contribuição e estabilidade para antigos celetistas. Histórico das Reformas Administrativas Governo Collor e ItamarFranco ▪ ViésNeoliberal; ▪ Busca de ajuste fiscal, desestatização, controle do déficitpúblico; ▪ Desprestígio da Administração pública; ▪ Hiperinflação; ▪ Governo Itamar Franco: buscou essencialmente recompor os salários dos servidores, que haviam sido violentamente reduzidos no governo anterior. Histórico das Reformas Administrativas Governo FHC e a reformaadministrativa ▪ Em um cenário de estabilização da democracia, aumento das demandas sociais e escassez de recursos, buscava-se uma situação onde o setor público e o privado firmassem parcerias para o atendimento dasdemandasemelhorprestaçãodeserviçospúblicos; ▪ ONúcleoburocráticodoEstadodeveriaser forte, implementarprivatizaçõese transferir paraorganizaçõesnão governamentais os serviços não exclusivos do Estado mas que são do seu interesse, como saúde e educação.; ▪ Criação do MARE em 1995; ▪ Estado deveria passar de interventor (70,80) para regulador, controlador, fomentador e fiscalizador; Histórico das Reformas Administrativas GovernoFHCeareformaadministrativa ▪ Transfere-se para o setor privado a tarefa da produção que, em princípio, este realiza de forma mais eficiente; ▪ Através de um programa de publicização, transfere-se para o setor público não-estatal a produção dos serviços competitivos ou não-exclusivos de Estado, estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e sociedade para seu financiamento e controle; ▪ Fortalecimento da regulação e controle, descentralização da prestação de serviços do nível federal; ▪ Estado deveria passar de interventor (70,80) para regulador, controlador, fomentador e fiscalizador; Histórico das Reformas Administrativas Diretrizesda Reforma (PDRAE): ▪ Institucionalização: considera que a reforma só pode ser concretizada com a alteração da base legal,apartir da reforma daprópria Constituição; ▪ Racionalização: busca aumentar a eficiência, por meio de cortes de gastos, sem perda de produção, fazendo a mesma quantidade de bens e serviços (ou até mesmo mais), com o mesmo volume de recursos; ▪ Flexibilização: pretende oferecer maior autonomia aos gestores públicos na administração dos recursos humanos, materiais e financeiros colocados à sua disposição, estabelecendo o controle e a cobrança a posteriori de resultados; Histórico das Reformas Administrativas Diretrizesda Reforma: ▪ Publicização: constitui uma variedade de flexibilização, baseada na transferência para organizações públicas não estatais de atividades não exclusivas do Estado (devolution), sobretudo nas áreas de saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia e meio ambiente; e ▪ Desestatização:compreende a privatização, a terceirização e a desregulamentação. Histórico das Reformas Administrativas ObjetivosdaReforma: ▪ A delimitação mais precisa da área de atuação do Estado, estabelecendo-se uma distinção entre as atividades exclusivas que envolvem o poder do Estado e devem permanecer no seu âmbito, as atividades sociais e científicas que não lhe pertencem e devem ser transferidas para o setor público não-estatal, e a produção de bens e serviços para o mercado; ▪ A distinção entre as atividades do núcleo estratégico, que devem ser efetuadas por políticos e altos funcionários, e as atividades de serviços, que podem ser objeto de contratações externas; ▪ Aseparaçãoentreaformulaçãodepolíticasesuaexecução; ▪ Maior autonomia e para as atividades executivas exclusivas do Estado que adotarão a forma de "agências executivas"; Histórico das Reformas Administrativas ObjetivosdaReforma: ▪ Maior autonomia ainda para os serviços sociais e científicos que o Estado presta, que deverão ser transferidos para (na prática, transformados em) "organizações sociais", isto é, um tipo particular de organização pública não-estatal, sem fins lucrativos, contemplada no orçamento do Estado (como no caso de hospitais, universidades, escolas, centros de pesquisa, museus, etc.); ▪ Assegurar a responsabilização (accountability) através da administração por objetivos, da criação de quase-mercados, e de vários mecanismos de democracia direta ou de controle social, combinados com o aumento da transparência no serviço público, reduzindo-se concomitantemente o papel da definição detalhada de procedimentos e da auditoria ou controle interno – os controles clássicos da administração pública burocrática – que devem ter um peso menor. Histórico das ReformasAdministrativas Histórico das Reformas Administrativas Comorealizarareforma:Astrêsdimensões ▪ Dimensão Institucional-legal: trata da reforma do sistema jurídico e das relações de propriedade. Essa reforma permitirá mudanças estruturais no funcionamento do aparelho de Estado, já que pressupõe a eliminação dos principais entraves no sistema jurídico-legal; ▪ Dimensão Cultural: concentra-se na transição de uma cultura burocrática para uma cultura gerencial. A mudança cultural viabilizará a operacionalização da cultura gerencial centrada em resultados, através da efetiva parceria com a sociedade e da cooperação entre administradores e funcionários; e Histórico das Reformas Administrativas Comorealizar a reforma:Astrêsdimensões ▪ Dimensão da Gestão Pública: pretende aperfeiçoar a administração burocrática vigente e introduzir a administração gerencial, incluindo os aspectos de modernização da estrutura organizacional e dos métodos de gestão. A reforma possibilitará concretizar novas práticas gerenciais e assim obter avanços significativos, ainda que os constrangimentos legais não sejam totalmente removidos. Referências bibliográficas Abrucio, F., Pedroti, P., & Pó, M. (2010). A formação da burocracia brasileira: a trajetória e o significado das reformas administrativas. Em F. Abrucio, M. Loureiro, & R. Pacheco, Burocracia e política no Brasil (pp. 27-72). Rio de Janeiro: FGV. Andrews, C. W., & Bariani, E. (2010). Administração Pública no Brasil: breve história política. São Paulo: Unifesp. Bresser Pereira, L. C. (2001). Do Estado Patrimonial ao Gerencial. Em W. e. Pinheiro, Brasil: um século de transformações (pp. 222-259). São Paulo: Cia das Letras. Costa, F. L. (Set/Out de 2008). Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas. Revista de Administração Pública, 42(5), 829-874. Junior, O. B. (Abr/Jun de 1998). As reformas administrativas no Brasil: modelos, sucessos e fracassos. Revista do Serviço Público, Ano 49(2), 5-32. Referências bibliográficas Martins, L. (1997). Reforma da Administração Pública e cultura política no Brasil: uma visão geral. Caderno Enap, n° 8. Melo, C., & Anastasia, F. (2005). A Reforma da Previdência em Dois Tempos. DADOS - Revista de Ciências Sociais, 48, 301-332. Pacheco Filho, C., & Winckler, C. (Mar de 2005). Reforma da Previdência: o ajuste no serviço público. Indicadores Econômicos FEE, V. 32, 221-248. Paludo, A. V. (2010). Administração pública: teoria e questões (1° ed.). Rio de Janeiro: Elsevier. (1995). Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: Presidência da República. Resende, A. L. (1990). Estabilização e Reforma: 1964 - 1967. Em M. d. Abreu, A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica republicana (pp. 213-232). Rio de Janeiro: Campus. Torres, M. D. (2004). Estado, democracia e administração pública no Brasil (1° Ed. ed.). Rio de Janeiro: FGV. Obrigado e bons estudos!Professor.Weskley@gmail.com Prof. Weskley Rodrigues
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