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Morfofisiologia Ocular Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Natalí Eve Revisão Textual: Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital Anexos Oculares Anexos Oculares • Estudar sobre as pálpebras e os músculos extrínsecos; • Conhecer o aparelho lacrimal e a órbita. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Pálpebras; • Músculos Extrínsecos; • Órbita; • Conjuntiva; • Aparelho Lacrimal. UNIDADE Anexos Oculares Pálpebras A função da pálpebra é proteger o olho e distribuir o filme lacrimal sobre a conjun- tiva e a córnea. Com o movimento de piscar há o fechamento da fenda palpebral, que impossibilita a entrada de corpos estranhos (ex. poeira) e espalha uma camada do filme lacrimal, mantendo o olho sempre lubrificado. Sua estrutura é composta por um tecido frouxo e elástico, uma pele fina formada por pregas musculomembranosas, que permitem seu movimento e sua extensão. Histologi- camente, as pálpebras são constituídas de fora para dentro por quatro camadas: • Pele: fina de tecido móvel e elástico, permitindo que à pálpebra estique e volte à sua forma e tamanho normal; • Camada muscular: formada por músculos estriados, músculo orbicular (pré-tarsal, pré-septal, orbitária), músculo levantador da pálpebra e músculo de Müller; • Camada fibrosa: formada por tecido conjuntivo que compõe em sua extremidade a placa palpebral (tarso), e no seu interior são encontradas as glândulas sebáceas e lacrimais; • Camada mucosa: camada que recobre toda a pálpebra superior e inferior e a parte anterior do globo ocular. Formada pela conjuntiva palpebral (tarsal), que une a pál- pebra ao bulbo ocular. As pálpebras são localizadas na frente da órbita cobrindo o globo ocular, dividida em pálpebra superior e pálpebra inferior, sendo a superior mais móvel e mais extensa que a in- ferior. Também é dividida em anterior e posterior, em uma linha cinzenta chamada lamela. • Lamela anterior: formada por pele e músculo; • Lamela posterior: formada pelo tarso e pela conjuntiva. Figura 1 – Fenda palpebral Fonte: MAIA, 2018 Importante! Fenda ou rima palpebral é o estado de abertura dos olhos, com medida aproximada de 9 a 11 milímetros de abertura. 8 9 No interior da camada fibrosa da pálpebra encontramos as seguintes glândulas: • Glândulas de Krause e Wolfring (acessórias lacrimais): responsável pela secre- ção aquosa; • Glândulas de Zeiss e Meibomio (sebáceas): responsável pela parte lipídica da lágrima; • Glândula de Mool (sudorípara): responsável por liberar o conteúdo lipídico. Anatomia da pálpebra, disponível em: https://bit.ly/3aLQCMc Músculos da palpebral Os músculos da pálpebra são divididos em: • Músculo levantador da pálpebra: origina-se na órbita da asa menor do esfenoide, acima do canal óptico, é inervado pelo nervo óculo-motor (3º par craniano). Sua ação é levar a pálpebra para cima, fazendo assim a abertura do olho; • Músculo de Müller: origina-se na face inferior do músculo levantador e caminha na conjuntiva até inserir-se na borda superior do tarso, têm inervação simpática e é composto por duas fibras de lâminas musculares lisas. Sua função é a abertura palpebral involuntária ; • Músculo orbicular: possui muitas fibras que se inserem nos ligamentos palpebrais, o interno e externo. É dividido em duas partes: orbital e palpebral. Sua função é abrir e fechar os olhos. Na parte orbital encontram-se dois músculos especializados: superciliar e o malar. Já na parte palpebral encontram-se os pré-septais (superior e inferior) e os pré- -tarsais (músculo lacrimal anterior). Inervação A inervação das pálpebras compreende o sistema nervoso central e o sistema nervoso autônomo e constitui-se dos seguintes nervos: • Nervo facial: controla o fechamento das pálpebras e é responsável pela expres- são facial; • Nervo maxilar superior: estimula a secreção lacrimal; • Nervo trigêmeo: estimula a pálpebra superior e as vias lacrimais; • Nervo oculomotor: estimula o músculo levantador da pálpebra. Movimentos O fechamento das pálpebras impede a entrada de luz, deixando que as células senso- riais da retina repousem e recuperem suas substâncias químicas, também impede que se rompam os vasos capilares da conjuntiva e da esclera. 9 UNIDADE Anexos Oculares O movimento palpebral auxilia na lubrificação do olho e faz com que impulsione para o lado nasal secreções glandulares, resíduos e impurezas, para que sejam drenados. Piscamos aproximadamente 30 vezes por segundo involuntariamente em intervalos de 3 a 5 segundos. Devido ao sistema simpático e parassimpático, a pálpebra tem mo- vimentos voluntários e involuntários, o que é de mera importância para as funções do globo ocular. Acessórios da pálpebra • Cílios: ajudam as pálpebras na proteção do globo ocular e possibilitam o fecha- mento da fenda palpebral antes que algo toque a pálpebra. Temos, em média, 160 cílios; • Sobrancelhas: formadas por, aproximadamente, seiscentos pelos. Elas constituem uma barreira, que protege o olho do suor que possa escorrer da testa. Figura 2 – Anexos do olho Fonte: Adaptado de Getty Images Estude todo o conteúdo sobre as pálpebras e veja quais são os anexos oculares, pois o professor irá perguntar em aula o que você conhece sobre anatomia ocular. É bom estar preparado! Músculos Extrínsecos Os músculos extrínsecos permitem o movimento necessário para observar várias imagens em diferentes localizações, sem a necessidade de mudar a posição da cabeça. Os movimentos oculares são realizados por seis músculos extraoculares que estão no interior da órbita, sendo 4 retos e 2 oblíquos. São eles: reto medial, reto lateral, reto superior, reto inferior, oblíquo inferior e oblí- quo superior. 10 11 Figura 3 – Músculos extrínsecos Fonte: TORTORA, 2017 Os quatro músculos retos têm uma trajetória reta desde sua origem até sua inserção, enquanto os oblíquos mudam de direção. Todos os músculos extraoculares, com exceção do oblíquo inferior, têm origem comum denominada anel tendinoso de Zinn, grudado na asa menor do esfenoide e sua inserção é na parte anterior da esclera. O músculo oblíquo superior é o mais longo dos músculos extraoculares e tem origem no periósteo do corpo do esfenoide. Por meio da tróclea ele dá a volta e depois se insere na órbita pela parte posterior da esclera. O oblíquo inferior tem origem no osso maxilar e sua inserção na parte posterior da esclera. Figura 4 – Posição dos músculos Fonte: TORTORA, 2017 11 UNIDADE Anexos Oculares Importante! Saiba a diferença entre origem e inserção Origem é a extremidade do músculo ligada a uma superfície fixa, já a inserção é a extre- midade ligada a uma superfície móvel. Inervação Com relação aos músculos extraoculares, em sua maioria são inervados pelo oculo- motor, com exceção do oblíquo superior (troclear) e do reto lateral (abducente). Tabela 1 – Inervação dos músculos extrínsecos Músculo Inervação Reto Superior Oculomotor (III par de nervo craniano) Reto Inferior Oculomotor (III par de nervo craniano) Reto Lateral Abducente (VI par de nervo craniano) Reto Medial Oculomotor (III par de nervo craniano) Oblíquo Superior Troclear (IV par de nervo craniano) Oblíquo Inferior Oculomotor (III par de nervo craniano) Figura 5 – Ação e inervação dos músculos extrínsecos do olho Fonte: TORTORA, 2017 Movimentos e ação Cada um dos seis músculos oculomotores desempenha uma função no posiciona- mento do olho. Em qualquer direção do olhar, os músculos agem contraindo e relaxando para mover o olho nas principais posições visuais. 12 13 Tabela 2 – Posições visuais Músculo Movimento Reto superior Ascendente Reto inferior Descendente Reto lateral Movimento para fora Reto medial Movimento para dentro Oblíquo superior Movimento para baixo e para fora Oblíquo inferior Movimento para cima e para fora Fonte: Adaptada de DOME, 2008 As ações dos músculos extraoculares vão depender da posição do olho no momento da contração ou relaxamento muscular. Tabela 3 – Ações do músculo Músculo Ação Reto superior Elevação/Adução/Rotaçãomedial Reto inferior Depressão/Adução/Rotação lateral Reto lateral Abdução Reto medial Adução Oblíquo superior Adução/Depressão/Inciclodução Oblíquo inferior Abdução/Elevação/Exciclodução Fonte: Adatada de DOME, 2008 Exemplo do posicionamento: Adução, Abdução, Supradução e Infradução. Disponível em: https://bit.ly/3pQVrI5 Movimentos conjugados ou versões são rotações binoculares e sincrônicas do tipo sacádico em uma mesma direção e são classificados em: • Dextroversão: olhos para a direita; • Levoversão: olhos para a esquerda; • Supraversão: olhos para cima; • Infraversão: olhos para baixo; • Dextrocicloversão: os eixos verticais superiores giram para a direita; • Levocicloversão: os meridianos dos eixos verticais superiores giram para a esquerda. Movimentos disjuntivos ou vergência são rotações binoculares sincrônicas lentas, si- métricas e em direção oposta e são classificados em: • Convergência: ambos os olhos realizam a adução; • Divergência: ambos os olhos realizam a abdução; • Divergência vertical positiva: olho direito supraduz e olho esquerdo infraduz; 13 UNIDADE Anexos Oculares • Divergência vertical negativa: olho direito infraduz e olho esquerdo supraduz; • Inciclovergência: ambos os meridianos verticais superiores das córneas giram nasalmente; • Exciclovergência: ambos os meridianos verticais superiores das córneas giram temporalmente. Esteja preparado para montar uma maquete e aprender todos os movimentos dos mús- culos extraoculares. Órbita Nosso crânio é composto por 22 ossos. Quatorze ossos constitui o esqueleto facial, sendo seis pares e dois ímpares. Oito ossos formam o neurocrânio que aloja o encéfa- lo, sendo dois pares e quatro ímpares. São eles: face: zigomático (par), maxilar (par), nasal (par), mandíbula, palatino, lacrimal (par), vômer, conchas nasais; neurocrânio: frontal, parietal (par), temporal (par), occipital, esfenoide, etmoide. Ossos do crânio, disponível em: https://bit.ly/3dEzdGR A órbita é a estrutura inserida no crânio que serve de alicerce, dando sustentação e proteção ao globo ocular e seus anexos. A profundidade da órbita está entre 42-50 mm, com largura em média de 40 mm e altura de cerca de 36 mm. Seu volume médio aproximado de 30 ml é ocupado pelo olho, músculos, nervos, vasos e gorduras. Os ossos que compõem a cavidade orbi- tária são: • Frontal: constitui a borda superior da órbita temporal. É um osso ímpar que possui articulação com os ossos nasais de localização mediana; • Etmoide: é um osso com formato irregular, esponjoso, de superfície externa com massa lateral formada pela lâmina do etmoide, osso ímpar formado por três partes: lâmina vertical, horizontal e massa lateral; • Esfenoide: osso ímpar mediano e simétrico, dividido em asas menores, processos pterigoides e asas maiores; • Maxilar: é formado pela união de duas maxilas. Esse osso articula com o zigomá- tico, frontal e palatino; • Zigomático: localiza-se na parte inferior e externa da órbita formando a parte late- ral da margem orbital inferior; • Palatino: articula-se com o esfenoide para formar o forame esfenopalatino e sua asa menor contribui para a formação da órbita; 14 15 • Lacrimal: auxilia na constituição da órbita na porção medial, articulando com o etmoide e o maxilar. É um osso par e irregular. Figura 6 – Órbita e sua formação óssea Fonte: Adaptada de faculdadefacsete.edu.br Quatro paredes As paredes ósseas da órbita formam uma estrutura de pirâmide quadrangular (pira- midal) com quatro paredes: • Parede superior: localizada no teto orbitário, é formada pelo osso frontal e pela asa menor do esfenoide, composta pelas estruturas do forame óptico, canal óptico, fossa lacrimal e fossa troclear; • Parede medial: localizada junto às fossas nasais, é formada pelo osso lacrimal, processo frontal da maxila, lâmina papirácea do etmoide e osso esfenoide; • Parede inferior: assoalho que separa a órbita do seio maxilar, é composta pelos ossos zigomático, maxilar e um pequeno apêndice do palatino; • Parede lateral: é a parede externa ou temporal mais espessa da órbita e mais re- sistente, formada pelos ossos zigomático, frontal e asa maior do esfenoide. A fissura orbitária inferior marca o limite entre as paredes inferior e lateral e permite a passa- gem da veia oftálmica inferior e de ramo maxilar do nervo trigêmeo. Forame óptico (canal óptico): onde passa o nervo óptico e a artéria oftálmica; Fissura orbital superior: onde passa o nervo oculomotor, nervo troclear, nervo oftálmico, nervo lacrimal, nervo frontal, nervo nasociliar, nervo abducente e a veia oftálmica superior. Vértice Corresponde a uma porção mais interna da cavidade orbitária. É formada pela face orbital no corpo do esfenoide, que apresenta um orifício chamado canal óptico, o qual dá passagem ao nervo óptico e à artéria oftálmica e uma larga fenda por onde passam vasos e nervos, chamada de fissura orbital superior. 15 UNIDADE Anexos Oculares Figura 7 – Fissura e forame da órbita Fonte: bvsalud.org Revestimento e proteção Os ossos da cavidade orbitária são revestidos por uma membrana de tecido conjun- tivo chamado periósteo. Esse tecido é uma camada fibrosa, vascularizada e resistente, sua aderência é na parede interna do buraco óptico e à bainha interna do segundo par de nervos cranianos, impedindo assim que bactérias passem da órbita para o encéfalo. O globo ocular encontra-se rodeado por um tecido conjuntivo elástico, chamado Cáp- sula de Tenon, como se fosse uma bolsa protetora recobrindo a esclera em toda a sua extensão. Essa membrana cobre também o nervo óptico e a musculatura extraocular. A cápsula de Tenon se liga aos músculos oculares por uma camada chamada serosa, que permite que o globo ocular se movimente e impeça a propagação de infecção para o interior da órbita. Irrigação e inervação O sistema de irrigação vascular orbital é muito complexo. Mas, resumidamente, po- demos dizer que a artéria oftálmica contribui com a maioria do suprimento de sangue arterial para a órbita e o primeiro grande ramo da porção intracraniana da artéria caró- tida interna. Esse ramo passa abaixo do nervo óptico e o acompanha através do canal óptico até a órbita. A artéria oftálmica também envia ramos para a glândula lacrimal e as estruturas intraoculares via artérias ciliares, já a drenagem venosa da órbita se faz primeiramente pelas veias orbitárias superior e inferior. A fissura orbital superior (parte mais alta da órbita) é a porta de entrada de todos os nervos e vasos para o olho. Os principais nervos para as ciências da visão são: • Nervo óptico (NO) II par; • Nervo oculomotor III par; 16 17 • Nervo troclear IV par; • Nervo trigêmeo V par; • Nervo abducente VI par; • Nervo facial VII par. 1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 Hipoglosso Olfatório Óptico Óculomotor Troclear Trigêmico AbducenteFacial Vestíbulo coclear Glossofaríngeo Vago Acessório Figura 8 – Nervos Fonte: Adaptada de Getty Images Você irá aprender a identificar cada osso da órbita. Conjuntiva Membrana mucosa fina, transparente, vascularizada, recobre desde a conjuntiva pal- pebral, passando pelo fórnice até a superfície ocular da córnea, se adere à cápsula Tenon e permite um movimento livre das pálpebras sobre a superfície ocular. A conjuntiva é o revestimento da parte posterior da pálpebra e que se prolonga para trás recobrindo a esclera (o branco do olho). Sua vascularização é predominante de um ramo da artéria oftálmica e sua inervação é feita pelo V par de nervo craniano (trigêmeo). Sua função é a proteção do olho de cor- pos estranhos e infecções, uma vez que tem grande concentração de estruturas linfáticas e a presença de lisozima (bactericida). Na conjuntiva contém glândulas lacrimais acessórias (Krause e Wolfring) responsá- veis por produzirem 10% da parte aquosa da lágrima e por fazerem a parte secretora do conteúdo aquoso lacrimal. Na camada epitelial encontramos as células caliciformes, responsáveis pela secreção de mucina(importante componente do filme lacrimal). 17 UNIDADE Anexos Oculares Diversas patologias acometem a conjuntiva, porém a mais frequente é a inflamação conhe- cida como conjuntivite, podendo ser bacteriana, viral, micótica ou alérgica. Ela pode ocorrer em qualquer idade ou sexo, podendo ser recorrente e, em casos infecciosos, transmissível. Para saber mais sobre essa patologia e as demais que acometem a conjuntiva, indico a leitura do artigo – “Prevalência de doenças conjuntivais no serviço emergencial de oftalmologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina”, disponível em: https://bit.ly/3qRgWKm Divisão da conjuntiva A conjuntiva é subdividida em conjuntiva bulbar, fórnice (fórnix) e conjuntiva palpe- bral, sendo: • Conjuntiva bulbar: recobre o globo ocular. A conjuntiva bulbar é aderida ao septo orbitário, à cápsula de Tenon e à esclerótida subjacente, cobrindo a esclera como um todo, que vai do limbo ao ângulo medial, onde se apresenta a carúncula lacri- mal. Na conjuntiva bulbar há um tecido espesso e móvel que permite o movimento dos olhos sem que a conjuntiva fique completamente esticada; • Fórnice (Fórnix): esta conjuntiva é uma porção de transição entre a conjuntiva palpebral e bulbar. Sua extensão vai da junção medial à lateral. Conforme Dantas (2002, p. 44), “nada mais é do que a porção da conjuntiva que passa da pálpebra para o olho”; • Conjuntiva palpebral: recobre a parte interna das pálpebras, adere à face pos- terior dos tarsos. De característica úmida e brilhante, tem uma superfície lisa que permite o deslizamento das pálpebras sobre a córnea. Figura 9 – Anatomia da conjuntiva Fonte: repositorio.uft.edu.br 18 19 Estude e faça pesquisas sobre a conjuntiva e depois discuta com seus colegas de sala a importância dessa estrutura. Aparelho Lacrimal O aparelho lacrimal tem como função a limpeza, proteção do globo ocular e a lubri- ficação da córnea. Seu sistema pode ser dividido em: • Parte secretora: formada pela glândula lacrimal principal e glândulas acessórias; • Parte de distribuição: formada pelo filme lacrimal e pálpebras; • Parte excretora: constituída pelas vias de escoamento da lágrima. Figura 10 – Aparelho lacrimal Fonte: Adaptada de Getty Images Parte Secretora – Glândulas A glândula lacrimal principal é responsável pela produção de 90% da lágrima. Esta glândula está localizada na fossa lacrimal do osso frontal, situada na parte superior, an- terior e externa da cavidade orbitária (bilateralmente), com medida de aproximadamente 20 mm X 15mm. São divididas em dois pela membrana do músculo elevador da pálpe- bra superior, sendo porção orbital e porção palpebral. Sua porção orbital é mais volumosa e possui cerca de doze dutos excretores, que des- carregam as secreções da glândula lacrimal na porção temporal do fórnice superior. Já a porção palpebral está situada acima do músculo levantador da pálpebra, sendo ligada por quatro a seis finos dutos à parte orbitária. 19 UNIDADE Anexos Oculares As glândulas acessórias podem ser divididas da seguinte maneira: Tabela 4 – Divisão das glândulas acessórias Filme lacrimal Glândulas Localização Camada lipídica Zeiss Anexo aos cílios – lado externo Moll Anexo aos cílios – lado interno Meibomius Tarso Camada aquosa Krause Fórnice Wolfring Epitélio da conjuntiva Camada mucoide Manz Epitélio da conjuntiva Henle Epitélio da conjuntiva Células caliciformes Conjuntiva bulbar Fonte: DANTAS, 2002 Das glândulas acessórias, as que mais se destacam são a Krause e Wolfring, pois são responsáveis por produzirem 10% da secreção aquosa, auxiliando assim a glândula lacrimal principal. Parte de distribuição Ao piscar, fechamos as pálpebras estimulando a secreção da glândula lacrimal princi- pal e ao abrir misturamos as secreções, lubrificando o globo ocular com o filme lacrimal. O filme lacrimal é a lágrima, líquido essencial para nosso olho e indispensável para nossa córnea e que tem a função de: • Lubrificar: umedecendo o epitélio da córnea e da conjuntiva; • Refrativa: faz da córnea uma superfície óptica lisa; • Nutrir: trazendo nutrientes e oxigênio; • Defesa: inibe o desenvolvimento de microrganismos, adere corpos estranhos no globo ocular e remove germes por meio da constante irrigação. O filme lacrimal é composto por três camadas, sendo elas: • Camada lipídica: a camada mais externa é oleosa, que inibe a evaporação do filme lacrimal. É produzida pelas glândulas acessórias Zeiss, Moll e Meibomius; • Camada aquosa: camada mediana, é a maior camada do filme lacrimal. Sua com- posição é água. Produzida pela glândula lacrimal principal e pelas glândulas aces- sórias Krause e Wolfring; • Camada mucoide: é a camada mais interna constituída por glicoproteínas. É ade- rente à córnea devido à disposição das moléculas de mucina, produzida pelas glân- dulas Manz e Henle e pelas células caliciformes. Importante! As glândulas lacrimais acessórias e a secreção de mucina são importantes para que haja lubrificação das pálpebras, pois elas passam sobre a superfície ocular e umedecem a córnea. Uma possível disfunção pode resultar em um olho seco e evaporativo, fazendo com que a córnea perca sua transparência. 20 21 A lágrima é alcalina de Ph aproximado em 7,35, composta por 98% de água e 2% de sódio, potássio, açúcar, ureia, proteínas e enzimas. Calcula-se que o fluxo lacrimal é de 0,3 g a 0,9 g diário e em cada 5 minutos aproximadamente se renove a camada lacrimal, produzida continuamente, porém durante o sono em menor quantidade. Camadas da lágrima, disponível em: https://bit.ly/2NR7x75 Parte excretora As vias de escoamento da lágrima compreendem: • Lago lacrimal (carúncula): situado por dentro da papila lacrimal, ocupa um pequeno espaço no ângulo interno da órbita, onde coleta a lágrima; • Pontos lacrimais: são dois pequenos orifícios; um se situa na pálpebra superior e outro na pálpebra inferior; • Canalículos lacrimais: são a continuação dos pontos lacrimais e divididos em superior e inferior; • Saco lacrimal: pequeno depósito membranoso, localizado na porção medial da órbita. Está ligado aos canalículos lacrimais por sua parte lateral; • Ductos nasolacrimal: são a continuação inferior do saco lacrimal. Têm aproxi- madamente 12 mm de comprimento e estão situados em um canal formado pela maxila e a concha nasal inferior. Após a lubrificação do olho começa o processo de escoamento, descendo pela ca- rúncula os acúmulos de secreções lacrimais já utilizados. Serão então escoados pelos canalículos lacrimais até se fundir com o canalículo comum e desaguar no saco lacrimal, pelos ductos nasolacrimais e, por fim, descer pelo nariz. A válvula de Hasner impede que volte a lágrima que já passou pelo globo ocular, e assim é feito seu escoamento: parte por uma aspiração da lágrima acumulada no lago lacrimal e outra por capilaridade (ação de subir e descer). Sistema nervoso O sistema nervoso do aparelho lacrimal é inervado pelo V par de nervo craniano (trigêmeo) e seus nervos motores V1 – nervo oftálmico, V2 – nervo maxilar e V3 – nervo mandibular. 21 UNIDADE Anexos Oculares Figura 11 – Nervo trigêmeo Fonte: edisciplinas.usp.br Fatores externos ou internos podem aumentar ou diminuir o fluxo da produção lacri- mal, devido à inervação simpática e parassimpática, podendo ter várias causas, como: • Choro: é a produção excessiva de lágrimas controlada pelo Sistema Nervoso Central por estímulos psíquicos, como emoções fortes, alegria, tristeza, depressão, medo, dor etc.; • Ação reflexa estimulada pela presença de corpos estranhos em contato com a conjuntiva: esta ação faz com que as glândulas produzam mais filme lacrimal e ajudem a expelir o corpo estranho; • Lacrimejamento ocasionado por um reflexo exagerado dos músculos da face: como bocejar e espirrar. Em Síntese Demos início ao aprendizado da morfofisiologia ocular. Estamos, aos poucos, vendo que o olho é dividido em várias estruturas. Assim, aprendemos sobre os anexos do olho,sua anatomia, fisiologia e suas funções. Descobrimos que essas estruturas são responsáveis pela proteção do nosso globo ocular, e que cada uma contribui para o bom funcionamento da visão. Agora daremos continuidade aos estudos conhecendo a túnica externa do olho. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Músculos extrínsecos do bulbo do olho – Aula Prática 7 O vídeo possibilita enxergar todas as estruturas dos músculos e a compreender os movimentos que são realizados por cada músculo como movimentam o globo ocular. https://youtu.be/41Sx7GuKWvY Anatomia ocular – Anatomia Externa O vídeo traz o conteúdo sobre a anatomia externa do olho, ou seja, a pálpebra e suas estruturas acessórias. https://youtu.be/BVpidPvJr7I Anatomia ocular – Conjuntiva Um vídeo breve que traz explicações sobre a estrutura da conjuntiva, sua localiza- ção e sua função no globo ocular. https://youtu.be/dKfIkhCQlEU Anatomia do Olho Este vídeo ilustra toda a anatomia do olho, mostra todas as estruturas do globo ocu- lar e seus anexos, sendo uma ótima forma de visualizar e conhecer o olho humano. https://youtu.be/w0YzqYInMjk Leitura Fundamentos Básicos de Oftalmologia e suas aplicações Pálpebras: pág. 43, Órbita: pág. 52, Conjuntiva: pág. 13, Músculos Extrínsecos: pág. 55, Vias Lacrimais: pág 49 . Este livro traz conceitos básicos de anatomia, histologia e fisiologia. Com informa- ções fundamentais para conhecimento das estruturas do olho humano e facilitando o entendimento da disciplina. https://bit.ly/3dGF3rm Pálpebras | Superior e Inferior | Anatomia e Função | Glândulas Lacrimais O conteúdo explica sobre a anatomia e a função das pálpebras e como é feita a drenagem das lágrimas nesta estrutura. https://bit.ly/3usA3N3 Prevalência de doenças conjuntivais no serviço emergencial de oftalmologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina Diversas patologias acometem a conjuntiva, porém a mais freqüente é a inflamação conhecida como Conjuntivite, podendo ser bacteriana, viral, micótica ou alérgica ela pode ocorrer em qualquer idade ou sexo, podendo ser recorrente e em casos infecciosos transmissível. Para saber mais sobre est a patologia e as demais que acometem a conjuntiva indico a leitura deste artigo. https://bit.ly/37HJYVf 23 UNIDADE Anexos Oculares Ossos da Órbita O conteúdo traz um complemento do material sobre a órbita, com uma breve expli- cação de sua estrutura e seus ossos. https://bit.ly/3urRWeJ 24 25 Referências DANTAS, A. M.. Anatomia funcional do olho e seus anexos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Colina, 2002. DOME, E. F. Estudo do olho humano aplicado à Optometria. 4. ed. São Paulo: Edi- tora Senac, 2008. KANSKI, J. J. Oftalmologia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2004. MAIA, N. C. F. Fundamentos básicos da oftalmologia e suas aplicações. 1. ed. Palmas: Editora EDUFT, 2018. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2009. PALERMO, E. C. Anatomia da região periorbital. Artigo de revisão – Faculdade de medicina de Santo André, São Paulo, Brasil, 2013. TORTORA, G. J. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2017. 25
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