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Estratégias para a sustentabilidade urbana Prof.º Tulio Galvão Vidal Correa Descrição Organização de ideias e metas tendo como base a orientação da ideologia sustentável no âmbito da construção e planejamento urbano, explorando as estratégias contemporâneas no repertório dos estudos das cidades. Propósito Demonstrar as diversas estratégias para o desenvolvimento das cidades contemporâneas, alinhando metas e soluções para a problemática ambiental, permitindo ao estudante incorporar ao seu repertório assuntos inerentes ao desenvolvimento urbano do século XXI, para o mundo e para a realidade brasileira. Objetivos Módulo 1 Elementos da cidade e suas problemáticas Reconhecer a problemática urbana dos elementos da cidade, sua história, comportamento e uso, considerando o papel do cidadão na cidade sustentável. Módulo 2 Agenda 21 e o desenvolvimento urbano sustentável Compreender as metas e os parâmetros da Agenda 21 e seus impactos no surgimento das estratégias de sustentabilidade. Módulo 3 Conceito e legislação da cidade sustentável Analisar os conceitos e dados legislativos por meio de estudos da cidade sustentável. Módulo 4 Estratégias brasileiras para o desenvolvimento sustentável Definir uma base de justificativas para o planejamento estratégico e sustentável das cidades brasileiras. Introdução A vida em sociedade, para o século XXI, está prestes a sofrer uma guinada, uma reorientação radical nos pensamentos evolutivos. As determinações econômicas e políticas para o mundo recriam o pensamento evolutivo das metrópoles e estabelecem novas regras de implementação de estratégias para as cidades, sempre valorizando a vida humana, o confronto, a segurança e, acima de tudo, o bem estar. É fato que as metrópoles do mundo inteiro têm sofrido críticas quanto à forma de vida e cuidados do bem público, principalmente dento dos parâmetros ambientais. Mas, a comunidade internacional tem se mobilizado e os governos de vários países têm buscado formas de conter os agentes nocivos para o meio ambiente, em um esforço conjunto com a população. No Brasil, não seria diferente. Em nossa nação, várias ações têm surtido efeito, em ritmo lento, sim, mas caminhando para soluções e estratégias legislativas, políticas, econômicas e sociais, a fim de criar um ambiente salubre, agradável e saudável. Neste conteúdo, vamos ver diversas estratégias, conhecer um pouco sobre a sustentabilidade, o urbanismo consciente e as relações dos habitantes das metrópoles. 1 - Elementos da cidade e suas problemáticas Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a problemática urbana dos elementos da cidade, sua história, comportamento e uso, considerando o papel do cidadão na cidade sustentável. Características inerentes das cidades e metrópoles Relação entre espaço e território Projetar uma cidade é um dos maiores desafios da vida de um arquiteto. A escola de planejamento urbano recria sensações bastante distintas em detrimento aos projetos arquitetônicos de um modo geral. Além das questões técnicas, é preciso estar atento ao desafio de se projetar para um público extremamente abrangente e em constante mudança. Um dos quesitos mais relevantes para o arquiteto urbanista é, na verdade, a compreensão do tempo. Fazendo uma comparação rápida, vamos imaginar o plantio de uma árvore em um jardim. Apesar dos anseios e sonhos, a árvore tem seu tempo, sua estrutura e essas variáveis mudam de acordo com sua forma de alimentação, condições de fixação, entorno e cuidados. E, até mesmo, a defesa de pragas. O planejar de uma cidade não é muito diferente. Compreender que a cidade é um organismo vivo, que ocupa o território destinado a ela, favorecendo seu crescimento, é um fardo a se tratar quando planejamos o espaço urbano. Porém, esse não é o maior desafio. Porque, na verdade, a cidade, diferentemente da árvore citada, já existe. Resta ao planejador conhecer seu método de crescimento e, então, propor intervenções viáveis que a favorecerão a longo prazo. E, acima de tudo, deve fazer jus ao seu próprio território, ocupando-o de acordo com a expressão da sociedade daquele momento, sabendo que algumas mudanças requerem a espontaneidade do habitante e seu valor com a cidade que é seu lar. Uso e ocupação do solo: densidade urbana A cidade deve ser realmente tratada como organismo vivo. Em suas veias, estradas, ruas e vias, correm seus organismos menores, que, apesar de suas vidas independentes, a cidade necessita de cuidados para sobreviver. Os projetos urbanísticos têm uma metodologia simples: eles atuam criando meios de circulação, equipamentos públicos e áreas específicas e ficam a cargo dos habitantes fazer a sua ocupação. Para o urbanista sustentável, vale quase o mesmo. Porém, a diferença está na percepção de valor e evolução, interceptando um comportamento da sociedade e prevendo uma evolução. As ações não são meramente pontuais, elas envolvem uma abrangência coletiva, intensificando a percepção de valor. Por vezes, a intenção projetual pode ser interessante. Mas, a ansiedade da construção, sem fazer antes uma avaliação criteriosa das necessidades e condições da população, pode provocar alguns desastres urbanísticos. É o caso de cidades fantasma, como a cidade de Kilamba, na Angola. Cidade de Kilamba em Angola (uma cidade fantasma). A cidade de Kilamba, na verdade, é uma região planejada, criada para desafogar o centro já caótico de Luanda, em 2011. Uma das intenções do projeto era mostrar que uma cidade planejada poderia absorver uma boa parcela da população. Foram criadas na área 2800 moradias, divididas em blocos e quadras, bem semelhante ao modelo modernista. Infelizmente, o ocorrido se deu em uma época que já havia sido comprovada sua defasagem. Comentário Seu planejamento demonstra que a iniciativa urbanística sem um plano adequado pode causar um esvaziamento do espaço. A cidade modernista, que avaliava sua ocupação a partir de torres e regiões de funções, tomava o carro como referência de transporte. O urbanista sustentável, por outro lado, já pensa no pedestre como protagonista principal do uso do espaço. Se fosse planejada por um urbanista sustentável, a cidade de Kilamba poderia ter se organizado em núcleos heterogêneos, de uso misto, favorecendo a movimentação de pedestres e ligando os núcleos por meio de transporte público. Esse é o planejamento do século XXI. Características da paisagem urbana A paisagem urbana é a forma de o habitante ver a cidade. Toda paisagem possui seus elementos de destaque, formadores da linguagem vista pelo habitante. Um desses elementos, principalmente, é o ponto de vista. Para o urbanista sustentável, o ponto de vista principal deveria ser o pedestre. O solo, ocupado pelo vazio, elabora, da melhor maneira possível, os espaços e organiza os volumes, criando uma memória única do espaço. Para Gehl (2013), a cidade deve ser sempre vista pelo observador, e não pelo instrumento aéreo. Muitos urbanistas tratam o território como uma pintura, estipulando espaços e ocupações, acima de tudo, sem muita preocupação com a qualidade da percepção da paisagem. Para o urbanista sustentável, a paisagem é fundamental. Os volumes arquitetônicos tornam-se barreiras visuais e orientativas da linguagem do espaço. A preocupação do arquiteto urbanista sustentável é compreender a maneira como as sensações do espaço podem ser passadas, como veremos nas imagens a seguir. O olhar do pedestre é determinante na percepção da paisagem urbana. Habitabilidade do espaço urbano e sua relação com o cidadão Breve histórico das habitações no Brasil Ao longo da história, o homem absorve, para dentro da sua habitação, sua necessidade de abrigo, tanto para proteção quanto para conforto. Com a evolução, acrescentamos outros conceitos, como bem-estar, estética e conforto ambiental. A habitação tem a sua história um pouco reversa em nosso país, onde outros parâmetros, como a função, foram mais relevantes.Mesmo assim, podemos começar pelo regionalismo. É claro que cada região teria sua própria estratégia para o lugar, deixando arquitetos distraídos no chinelo. Casa de colono brasileira, sertão baiano. Cada habitação segue criteriosos argumentos a depender da região, e assim tem sido desde a oca nacional, símbolo de um povo nômade e caseiro, até a cabana do colono, com influências de tecnologias temporais, mas adaptada ao ambiente novo. Sabia-se, por exemplo, que ao abrir uma janela, permitiria mais ventilação e menos umidade. Conhecia-se a relação das chuvas, detectando onde essas aberturas seriam feitas, impedindo o ar de retirar a pouco umidade, ou então aumentá-las. É a partir da ocupação do território que percebemos algumas mudanças. Em um salto, iremos direto às grandes cidades em crescimento, como Rio de Janeiro, São Paulo, São João Del Rey, Salvador, entre outras. Essas cidades assumem uma roupagem mais alinhada com seu povo colonizador: os portugueses. Eles agregaram valores europeus à cidade, criando a expectativa do sobrado, de uso misto, e detalhes peculiares da arquitetura portuguesa. Detalhes que foram utilizados em vários desses lugares. Urbanisticamente, torna-se um “manual” da identidade arquitetônica, típica desses grandes centros. É nesse ponto que vemos uma identidade nacional se perder gradativamente. Enquanto olhávamos para a Europa, víamos nossas características antenadas às soluções que o meio nos fornecia, e olhávamos para os modelos que tinham suas características próprias, também voltados a seus meios próprios. Deixamos de lado nossa sustentabilidade rudimentar e assumimos a identidade de alguém. Infelizmente, isso trouxe consequências. Re�exão Assim, praticávamos a ruptura de nossos próprios valores, em detrimento à arquitetura estrangeira (franceses, portugueses, italianos, alemães e outros povos). Era também uma ruptura do pensamento de conexão com o regional. Discussão da ocupação do solo: conforto espacial Se o olhar para o passado não reforça a qualificação do volume arquitetônico com a identidade espelhada, a compreensão da paisagem com certeza o fará. Basta uma breve atenção às principais cidades do país e é notável a qualidade de metrópole que assumimos. Ao que parece, ser uma cidade grande exige uma roupagem, uma linguagem a qual se atribui os grandes edifícios e os grandes e clausurados corredores entre si. Urbanistas discutem periodicamente sobre a ocupação do sol nas cidades. O método vigente reforça a ocupação ordenada, geométrica, de fácil cálculo e fiscalização. Mas, a iniciativa sustentável considera outro modo. Bairro italiano contemporâneo, sustentável e minimalista. Durante alguns anos, a verticalização das cidades foi considerada um tabu. Símbolo de uma onipotência corporativa, as edificações de grande porte sempre se impuseram perante as construções, em uma escala menos agressiva. Na contramão desse modelo, arquitetos- ambientalistas questionaram o modo de vida urbano e passaram a defender uma vida mais próxima ao chão. Para o arquiteto sustentável do século XXI, a estratégia é outra. Em vez de uma distribuição homogênea do espaço, a estrutura hoje defendida é de uma cidade compacta, que determina a criação de núcleos de edificações e espaços abertos, impelindo a construção para multifuncionalidades, estimulando seu uso em estruturas heterogêneas, criando um relacionamento mais estreito. Essa estratégia pode ser compreendida quando entendemos o habitante urbano do século XXI como mais ativista, colaborativo e coletivo do que a geração anterior. A arquitetura sustentável do século XXI. Caminhabilidade e segurança: o enclausuramento social Caminhabilidade viável na cidade sustentável Neste vídeo, apresentaremos uma das estratégias mais desafiadoras para o urbanismo sustentável, que é a caminhabilidade, ou seja, a forma de usar o espaço público com segurança e conforto. É nessa estrutura ainda frágil que o urbanista sustentável caminha. A transição de ideologias é uma realidade, porém lenta. Vamos aprofundar nosso estudo e provocar nosso olhar urbanista. Devemos considerar, de princípio, um fato: a estrutura conectada da cidade compacta reage ao pedestre. Uma das estratégias do urbanismo sustentável é a caminhabilidade, ou seja, a capacidade de caminhar entre suas necessidades, evitando o uso de carros, e estimulando o passeio, a calçada, o veículo de emissão zero e o transporte coletivo de massa. Em nossa atual realidade, o conceito de caminhabilidade encontra resistência devido a um fator simples: segurança. Caminhabilidade e integridade com o transporte público. A sensação de insegurança é o que mais aflige os brasileiros nas grandes metrópoles. O modelo sustentável sugere justamente que a população faça o que ela não quer fazer: ir à rua. Não à toa, empreendimentos altamente criticados, principalmente pelo comércio, ganham vida, como shopping centers e hipermercados. Em seu circuito normal, o indivíduo sai de sua casa, na segurança de seu carro, vai até um estabelecimento comercial, fechado, faz suas atividades, e volta, de carro, para sua casa. Está criada uma barreira, uma bolha, destacando o cidadão da rua. A iniciativa sustentável procura quebrar esse ciclo, levando o habitante até a rua, demonstrando o encontro social e ocupando esse espaço, abandonado pela sensação da violência. Uma vez ocupado, ele se torna vivo, pulsante. De acordo com Ghel (2013): Cidades devem incitar planejadores urbanos e arquitetos e reforçar o pedestre como uma política da cidade integrada para desenvolver cidades animadas, seguras, sustentáveis e saudáveis. É igualmente urgente fortalecer a função social do espaço da cidade como um lugar de reunião que contribui para os objetivos da sustentabilidade social e uma sociedade aberta e democrática. (GHEL, 2013, p.6) Responsabilidades do habitante da metrópole Seria o habitante da cidade responsável pelo espaço? Responsabilidade precisa ser algo concreto. Não é uma ideologia, é um compromisso, uma peça fundamental no relacionamento entre o planejador sustentável e a vida urbana. Para o arquiteto sustentável, as noções de pertencimento e de valor tornam-se uma estratégia de viabilidade do pensamento colaborativista para a cidade. É nessa sensação de pertencimento que o habitante se relaciona ao espaço público, compelindo para si os direito e deveres de cuidar e manter seu espaço. O sentimento de valor e pertencimento em pequenas atitudes. Embora seja dever do Estado a manutenção do espaço público, limpando, promovendo melhorias e promovendo segurança, é atuante para o habitante a compreensão de que a cidade também é sua. A prática de depredação não só é crime, como é uma prática condenável. Porém, o abandono também deveria ser considerado de tal forma. O espaço público pertence ao cidadão. Diante do pensamento colaborativista das gerações do século XXI, exercer sua cidadania auxilia na transmissão de uma mensagem. Mesmo a estrutura urbana da cidade compacta promove isso, quando o núcleo urbano compactado oferece melhor forma de perceber o ambiente, já que a paisagem urbana é mais acessível, dentro de sua alçada, sensivelmente “abraçável”, mais próxima de seu quintal do que um território vasto e inacessível. Sensação de pertencimento: espaços públicos e privados na cidade A sensação de pertencer ao lugar não é algo imediato. Requer tempo. Muitas vezes, temos a sensação de pertencer ao lugar pela vida toda. Talvez seja verdade, afinal, nossa história está atrelada ao lugar, e acaba por conectar as memórias às vivências no mesmo ambiente. Porém, há quem argumente que adotar o pertencimento para visitantes ou mesmo habitantes que não se identifiquem com o lugar é quase impossível. A relação pública e privada é parte do pertencer. De certa forma, talvez o pertencimento esteja vinculado à própria percepção do lugar. Herzberger (2015) argumenta sobre isso, ao falar da relação entre públicoe privado. Essa relação sutil determina até onde o indivíduo encontra permissão para usar determinado ambiente. De maneira prática, permissão ao lugar não está vinculada apenas aos avisos ou portas fechadas. Para o habitante, morador da região, a rua é uma extensão de seu quintal. O visitante, seja ele externo ou de outra região da cidade, deve respeitar seus domínios. De certa forma, apesar de públicas, a rua e a vizinhança ganham área ao pertencer a alguém, de ter um gestor, um tutor para o espaço. Antes e depois do pensamento colaborativo Para as gerações do século XXI, uma das principais metas diz respeito ao colaborativismo. O pensamento coletivo é essência básica, e também uma das bases da sustentabilidade. Nesse ambiente, o pensamento geracional proporciona uma base de pertencimento maior do que das gerações anteriores. É importante ressaltar que colaborativo não necessariamente significa igualitário, mas está relacionado à concepção do espaço público, da amizade com o vizinho, das possibilidades de pertencer e se deixar fazer parte de um grupo mais unido. Essa relação evolui gradualmente e se integra de forma sutil à sociedade atual. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Definir a sensação de segurança é o que mais aflige os brasileiros nas grandes metrópoles atualmente. Empreendimentos ganham vida, como shopping centers e hipermercados, e são alvos de severas críticas para quem defende a vizinhança. A partir disso, dentro do pensamento sustentável, a solução seria: A Permitir que esses empreendimentos pudessem agregar a função de moradia, assim ninguém precisaria ir à rua. B Incentivar o uso do espaço público, do retorno à rua, correlacionando os encontros sociais com suas atividades diárias. C Determinar organizações de grupos sociais específicos, para sair à rua em grupos grandes, Parabéns! A alternativa B está correta. A sustentabilidade sugere que a ocupação da rua é determinante para a diminuição da violência e aumento da sensação de segurança, pois uma rua movimentada, viva, inibe assaltos e torna a vida na cidade mais alinhada. Questão 2 Embora de responsabilidade do governo e dos núcleos municipais, a manutenção da rua é um dever de todos. Cuidar do espaço público é essencial para manter a sensação de pertencimento, o que constitui um dos pilares do urbanismo sustentável. A partir disso, a melhor forma de se tornar um hábito para os cidadãos está na opção: evitando a violência. D Organizar a metodologia das entregas delivery, pois assim, não há risco das pessoas se encontrarem. E Se o assunto é segurança, sair à rua é errado, pois assim os assaltos diminuem, desestimulando os assaltantes. A Organizar agendas e protestos de fiscalização das forças municipais para manter o espaço sempre organizado. B Criar um grupo de força-tarefa para varrer as ruas e recolher o lixo, já que a prefeitura não faz. C Distribuir tarefas a todos os moradores da vizinhança; quem não participar deve se mudar para outro lugar. Parabéns! A alternativa D está correta. Incentivar o próximo é uma das diretrizes da iniciativa sustentável, criando o hábito e a noção de ação colaborativa para todo o espaço público. Uma das maneiras é dando o exemplo, praticando ações benéficas para todos os habitantes. 2 - Agenda 21 e o desenvolvimento urbano sustentável Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender as metas e os parâmetros da Agenda 21 e seus impactos no surgimento das estratégias de sustentabilidade. Entendendo as origens do pensamento sustentável Conferências mundiais de desenvolvimento e meio ambiente D Promover ações de cuidados e manutenção simples, como limpezas, e orientando outros cidadãos a seguirem o exemplo. E Incentivar jovens e idosos a praticarem ações na rua a fim de convencer as gerações intermediárias, sedentárias por costume. Que a relação entre meio ambiente, sustentabilidade e sociedade não anda fácil é perceptível. Não é de hoje que discutimos bastante sobre meio ambiente, ao ponto de incutir uma ideia até mesmo em quem não percebe o mundo a sua volta. É só ver, às vezes, a dúvida que pessoas têm quando se deparam com vários tipos de lixeiras em alguns estabelecimentos. É nesse contexto que temos o “despertar ecológico”, ou seja, um gatilho científico para compreender que o estado do meio ambiente podia ser mais permanente do que se previa. Avanços tecnológicos, pesquisas de manejo, compressão do meio natural e análises atmosféricas tornaram possível questionar alguns comportamentos. Foi a partir daí que movimentos, principalmente vinculados a pesquisadores, incentivaram governos a procurarem meios de menor impacto e formas alternativas de desenvolvimento. Esses movimentos, liderados pela Organização das Nações Unidas (ONU), iniciaram uma série de conferências sobre o meio ambiente. As principais conferências ambientais internacionais foram: 1972 Conferência de Estocolmo, realizada na Suécia. 1979 Primeira Conferência Mundial sobre o Clima, realizada em Genebra. 1992 Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento, conhecida l d Entre as conferências, acontecem, anualmente, as COPs (Conferências das Partes), que são relatórios anuais de progressos e análises sobre as estratégias e metas então fixadas. Os participantes da COP21 definiram os termos do Acordo de Paris. A COP1 aconteceu logo depois da Rio92 e estamos atualmente na COP26, que deve ampliar ainda mais as metas para vários setores de ação. Uma das COPs mais importante foi a COP21, que definiu o Acordo de Paris, reforçando as metas de redução de emissões de gases e taxas de uso de carbono. Conceito de sustentabilidade e suas diferentes versões como Eco92 ou Rio92, realizada no Rio de Janeiro. 2002 Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, realizada em Johanesburgo, na África do Sul. 2012 Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro. Sustentabilidade já foi definida inúmeras vezes. Como é um termo recente, cunhado na Rio92, na década de 1990, já esboçado como o conhecemos hoje, teve sua definição ajustada ao longo dos anos e conferências realizadas. Inicialmente, sustentável estava ligado à capacidade de se manter, de permanecer. Havia um pensamento ao qual ainda não estava ligado ao meio ambiente. Na década de 1990, durante a Conferência das Nações Unidas para desenvolvimento e meio ambiente, ele foi pela primeira vez relacionado à ecologia e ao meio ambiente. Ganhou força, naquele momento, até ser conhecido como hoje. Saiba mais Ao longo das próximas reuniões, lhe foram atribuídas as características ambientais, de desenvolvimento e sociabilidade. Agregado ao termo “desenvolvimento”, em meados dos anos 1980, a terminologia “desenvolvimento sustentável” passou a ser sinônimo de crescimento alinhado às necessidades dos povos e do planeta e um grito de socorro, ecoado fortemente. Hoje é peça chave na elaboração de projetos e ações em todas as áreas. Não há nada que não venha ou exija o selo “sustentável”. Na sua essência, sustentabilidade é a compreensão do consumo excessivo e a preservação de recursos para geração futuras. Agentes de sustentabilidade Os agentes de sustentabilidade são responsáveis na fiscalização de ações sustentáveis e voltadas para o desenvolvimento. Devem estar atentos às mudanças climáticas e às suas causas, organizando práticas de desenvolvimento e promovendo conscientização e intenções de ação para com a população. De certa maneira, durante alguns anos, foram denominados “ecochatos”, devido à fama de protestadores contra a indústria e o governo. Via de regra, a sociedade do século XXI será formada por agentes de sustentabilidade. São gerações (Alpha e Z) preocupadas com o futuro, com o planeta em que vivem. Seu padrão da vida já é voltado para a organização das práticas de desenvolvimento sustentável. EducaçãoAmbiental: uma necessidade? O termo, relativamente novo, é um dos mais promissores agentes de educação e sustentabilidade. Essa ideologia já permeia escolas primárias e outras entidades, e busca, por meio da conscientização, que outros grupos sociais absorvam parte dessa ideologia. A educação ambiental trabalha os conceitos de sustentabilidade, ecologia e meio ambiente. Atualmente, a educação ambiental, de certa forma, não se tornou uma disciplina, mas um conteúdo que permeia as diversas áreas do conhecimento. Dentro do ensino da arquitetura, por exemplo, está presente em todas as etapas projetuais. Importância da educação ambiental para o futuro sustentável Neste vídeo, vamos aprender quais os fatores que levam a educação ambiental no sistema de ensino nacional a ser um dos mais importantes agentes de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável para o século XXI. Características, agentes e estratégias da Agenda 21 O que é a Agenda 21? É um dos principais resultados da Rio92 ou Eco92 e marcou um degrau importante na escalada sobre discussões de meio ambiente. Inspirada na Conferência de Estocolmo, onde a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente foi criada, a Rio92 foi um fórum internacional importante. O desenvolvimento da Agenda 21 começou, na verdade, em 1989, com a realização de assembleias extraordinárias para a discussão sobre o meio ambiente, culminando em 1992, quando ainda teria revisões periódicas posteriores. Como as estratégias da Agenda 21 agem A Agenda 21 tem esse nome porque faz uma referência direta ao futuro, às consequências para o século XXI. Sabendo tratar-se de um processo lento, a Agenda 21 aborda temas relevantes para o desenvolvimento sustentável e para a minimização das consequências de ações do passado, como as emissões de gases nocivos A estrutura básica da Agenda 21 é vasta, dividida em 41 capítulos, separados em 4 seções, ou temas gerais, dos quais podemos conhecer: Dimensões sociais e econômicas Por meio de cooperação internacional, luta contra a pobreza, dinâmicas demográficas, fomento sustentável e integração ao meio ambiente, entre outros. Conservação e gestão dos recursos de desenvolvimento Por meio da proteção atmosférica, combate ao desmatamento, conservação dos biomas, proteção dos oceanos, gestão ecológica de recursos, entre outros. Fortalecimento do papel dos grupos principais Como o reconhecimento dos povos indígenas, de grupos não- governamentais, agricultura, comércio e indústria e autoridades fiscalizadoras das metas do programa 21, entre outros. Criação e/ou gestão dos meios de execução Como recursos de financiamento internacional, acordos institucionais, instrumentos e mecanismos jurídicos, entre outros. Por isso, é um importante documento base, que serviu de referência para acordos importantes e em vigência, como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris. Qual o signi�cado da Agenda 21 para o Brasil? Para os brasileiros, a Agenda 21 trouxe algumas questões. Criada em 1997, a agenda brasileira firmou os propósitos e compromissos voltados à sociedade e ao desenvolvimento sustentável, e trouxe bases para modelar os padrões de consumo e produção. As ações prioritárias são: Os programas de inclusão social, dando acesso à educação, saúde e distribuição de renda a toda a população A preservação dos recursos naturais e minerais Esse foi um passo importante para determinar como o Brasil poderia proceder para cumprir as metas criadas nas conferências seguintes. Consequências da Agenda 21 Com o advento da Agenda 21, todos os países do mundo, participantes ou não das conferências, se viram na obrigação de repensar seus modos de produção, políticas de rejeitos e ações de cidadania. A partir de conferências posteriores, diversos países assinaram um compromisso de firmar suas reduções de emissões de gases estufa e conter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. Os 17 objetivos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A partir desse ponto, periodicamente, foram executadas diversas conferências, sendo a Rio+5, a Rio+10 e a Rio+20 decisivas na avaliação do progresso dos acordos firmados. Para orientar e proporcionar melhor visibilidade, foram criadas as Metas e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODS, em 2015, durante o Acordo de Paris. Regular a ética política para planejar o desenvolvimento sustentável. As ODS servem de base para que todos possam atingir bons resultados na Agenda 2030. Metas do Desenvolvimento Sustentável e os agentes de ações De�nindo o que é desenvolvimento sustentável A expressão “desenvolvimento sustentável” foi dita pela primeira vez em 1987, pela diplomada norueguesa Gro Harlem Brundland, como presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundland, criada pela ONU. Os objetivos da comissão eram: Intitulado “Nosso Futuro Comum”, o relatório publicado tinha as seguintes medidas, que deveriam ser adaptadas pelos governos: Limitar o crescimento populacional Garantir a alimentação a longo prazo Preservar a biodiversidade Diminuir o consumo de energia Promover desenvolvimento de tecnologias Reexaminar as questões críticas ao meio ambiente, reformulando propostas realistas. Propor novas formas de cooperação internacional, com a intenção de organizar e orientar. Controlar a urbanização desenfreada Sendo assim, desenvolvimento sustentável está ligado à capacidade de suprir as necessidades do presente, sem afetar a capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades. Sua meta é propor que ser humano faça uso racional dos recursos naturais e aumente a qualidade de vida para todos. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram criados como uma forma de orientação para as práticas do desenvolvimento sustentável no mundo. Essas metas deveriam ser adaptadas às questões de cada país, o que em si só é uma atribuição importante do desenvolvimento, já que cada país apresenta uma realidade política, econômica e cultural distintas. Elas se baseiam nas argumentações das conferências de meio ambiente e determinam ações viáveis dentro das necessidades e alinhadas às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e outros objetivos. São as ODS: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero; 3. Saúde e bem estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de gênero; 6. Água potável e saneamento; 7. Energia limpa e acessível; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria e infraestrutura; 10. Redução de desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo responsável; 13. Ações contra a mudança climática; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz e justiça; 17. Meios de implementação. O governo brasileiro mantém um relatório constante dos indicares dos objetivos, com as ações sendo realizadas. Pesquise sobre o assunto. Agentes do século XXI: aspectos colaborativos, ações coletivas e novos pensamentos Para que as ODS possam ser implementadas, é preciso que as pessoas de um país, mais localmente, das cidades, também façam sua parte. Essa é uma responsabilidade que deve ser assumida por todos em respeito ao meio onde vivem. As novas gerações já estão atentas a essas mudanças e responsabilidades. É claro que ainda se encontram resistências, principalmente de gerações anteriores, mas também de jovens que não acreditam no potencial da ação. Re�exão Via de regra, algumas pessoas acham toda essa movimentação exagerada. Sob a visão deles, a responsabilidade recai sobre o governo e boa parte dessa propaganda sustentável é um mecanismo para mais corrupção. O fato é que, de um ponto de vista geral, mais globalizado, vemos ações no mundo todo. E é a partir dessa inspiração que as novas gerações já aprendem, desde cedo, as práticas e cobram esses objetivos. São considerados, hoje, agentes para as ODS: ONGs �scalizadoras, atentas ao movimento sustentável; Instituições de ensino, do ensino básico ao ensino superior; A maior parte das ações acontece de modo coletivo e precisa ser reforçada por diversas frentes. Partindo do princípio que o exemplo é a melhor inspiração, promover ações nos espaços públicos permite que os resultados se tornem mais visíveis. A nova força jovem, encabeçada pela geração do século XXI, também conhecida como geração Alpha, já possui os meios e a força de vontade necessários pra estimular a conscientização e as boas práticas. Governos municipais, com ações locais; Setor industrial; Figuras políticas; In�uenciadores e �guras digitais; Imprensa e meios de comunicação. Ações no espaço público evidenciam engajamento para a sustentabilidade. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Definir a sustentabilidade parece simples, mas o termo sofreu uma série de ajustes e modificações. Inicialmente, considerado uma forma de manutenção, de apoio de permanência, o termo passou a encabeçar a luta pelo meio ambiente. Dessa forma, a opção que melhor define o conceito atual de sustentabilidade é: Parabéns! A alternativa D está correta. Atualmente, a sustentabilidade tem uma definição mais altruísta, voltada para a compreensão da vida e a forma como gerações futuras terão oportunidades. Embora governos devam ser agentes de sustentabilidade, suas ações estão nas mãos das pessoas, habitantes das cidades, que devem determinar formas de garantir que os recursos não sejam escassos. Questão 2 A Sustentabilidade é a maneira encontrada pelas pessoas para se manterem firmes e saudáveis perante as adversidades da vida. B Sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se manter em pé, mesmo quando as forças reagem contrário. C Sustentabilidade é a capacidade de o mundo manter sozinho seus recursos naturais e seu próprio ecossistema. D Sustentabilidade é a compreensão do consumo excessivo e a determinação de preservação de recursos para geração futuras. E Sustentabilidade determina o que deve ser consumido, e esse controle fica a cargo de agentes governamentais. A Agenda 21 é, acima de tudo, um documento, um compromisso de mudança e metas para garantir às gerações do século XXI a possibilidade de recursos naturais para sua própria sobrevivência. As áreas de ação citadas no documento são: Parabéns! A alternativa A está correta. As áreas de atuação organizam as metas da Agenda 21, dividas em 41 capítulos distintos. As áreas determinam os temas das estratégias. Não existem metas específicas por continente, ou mesmo exclusivamente por regiões, embora a preservação de oceanos seja um dos itens mais debatidos, assim como a preservação das matas e a educação ambiental. A Dimensões sociais e econômicas, gestão de recursos de desenvolvimento, fortalecimento dos grupos principais e criação de meios de execução. B Secretarias ambientais, entidades políticas, governos municipais e organizações não- governamentais de preservação social. C Preservar o continente africano, manter os oceanos intatos, isolar as matas nativas das regiões tropicais e organizar grupos de apoio. D Áreas dentro do campo geopolítico, alinhamento com notícias veiculadas pela imprensa, geração de leis e fiscalização por entidades. E Conferências mundiais periódicas, educação ambiental nas escolas, organização de ações sociais e fortalecimento de grupos étnicos. 3 - Conceito e legislação da cidade sustentável Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os conceitos e dados legislativos por meio de estudos da cidade sustentável. Cidade sustentável De�nição A cidade sustentável é, acima de tudo, um organismo. Viva e pulsante, a metrópole pode se comportar de maneira peculiar comparada à sua prima mais velha, a cidade contemporânea. Partindo do princípio da ideologia sustentável, é valido começar pela sua estrutura, que agrega valores alinhados com a iniciativa de sustentabilidade urbana. A cidade sustentável é composta por seus habitantes. Além de uma região de moradia-trabalho-lazer, é um organismo. O protagonista do urbanismo sustentável é o pedestre. E é a partir dele que começamos a pensar o espaço, a organizar os elementos. Segundo Gehls (2013), a cidade deve começar dos espaços vazios, ocupações para os pedestres e importantes elos. A partir daí, pensamos em equipamentos, edifícios e malha urbana. Independentemente do tamanho da cidade, desde uma vila até uma metrópole, o mecanismo é o mesmo. E é nesse ponto que a cidade sustentável se difere do urbanismo tradicional. Características peculiares da cidade sustentável Quando falamos de cidades sustentáveis é importante lembrar que o termo sustentável tem pouco mais de 30 anos. O urbanismo sustentável é mais jovem ainda. Logo, as hipóteses tratadas aqui referem-se às diversas estratégias para que, em um futuro próximo, possamos considerar uma realidade palpável. Tratando-se de cidades consolidadas, as soluções para a cidade sustentável são pontuais. Considera-se hoje um processo chamado “embrião”, ou seja, quando soluções são colocadas à prova e observa-se a gradual adoção de suas estratégias. A partir disso, podemos entender algumas estratégias comuns: Significa compreender as partes em que o pedestre atua principalmente. Calçadas, praças e acessos são locais importantes. E nesse contexto que conectaremos outras soluções. A partir da visão do pedestre, a paisagem urbana deve ser peculiar, reconhecível e em uma escala compatível com o ser humano. Importante salientar que a caminhabilidade está ligada às conexões dos edifícios e meios de transporte, e, portanto, serve de reforço para a iniciativa sustentável. Pedestre como protagonista Paisagem urbana reconhecível Caminhabilidade acessível Uma das principais vertentes do urbanismo sustentável, essa estratégia reforça a criação de núcleos urbanísticos funcionais, onde as relações moradia, trabalho, serviços e lazer estejam conectadas de modo heterogêneo. Apesar de ser uma estratégia arquitetônica, está intimamente ligada ao urbanismo sustentável, já que fornece os meios para favorecer a caminhabilidade. Reforça os princípios de revitalizar zonas mortas da cidade, regiões de empenas cegas ou sem funcionalidade. Se torna uma exigência no setor da construção civil. Essa estratégia tem uma forte ligação com a caminhabilidade e com o princípio de “embrião”. Ela reforça a ligação entre núcleos urbanos distintos em caminhadas de 15 minutos ou acessível por veículos de tração humana, como bicicletas, também no mesmo tempo. Estabelece que toda a cidade deve ser alimentada por um ou mais modais de transporte coletivo eficientes, de massa, rápidos e de menos consumo energético. De preferência, sem utilizar combustíveis fósseis. Cidade compacta Edificações mistas Fachada ativa Cidade 15 minutos Cidade conectada Comparando a cidade sustentável com a cidade contemporânea Analisando as estratégias, é possível compreender como acidade contemporânea, de raízes modernistas, pode um dia se tornar uma cidade sustentável. As cidades atuais valorizam a estrutura rodoviária, em detrimento ao pedestre. Essa valorização acarreta menor contato humano e a exigência de mais áreas de asfalto. Na contramão, dentro da iniciativa do século XXI, a cidade sustentável inverte esses valores, como veremos nas imagens a seguir. A forma como vemos a cidade está ligada ao comportamento. A forma como vemos a cidade está ligada ao comportamento. Como as cidades têm comportamentos diferentes e culturas distintas, alinhar as soluções depende do comportamento dos seus habitantes e seus dirigentes. É necessário compreender que as cidades crescem e se desenvolvem. As soluções sustentáveis precisam ser aplicadas, mas é fundamental o esforço conjunto entre habitantes, planejadores e o poder público, detento da prática de elaboração de leis que valorizem a iniciativa sustentável. Parâmetrosinerentes à cidade sustentável Compreensão do sistema legislativo urbano Apesar da forte comoção que se alastra em vários setores da sociedade, a sustentabilidade encontra um adversário admirável: o sistema legislativo. Dentro do campo da construção, e mais especificamente, do urbanismo e planejamento urbano, devemos considerar a adaptabilidade de certos parâmetros. Alguns detalhes devem ser considerados quanto à legislação: Sabendo que leis e normas foram desenhadas para outras necessidades, é preciso estar aberto a essas mudanças. Parâmetros do planejamento urbano O entendimento que existem leis municipais peculiares a alguns municípios, de acordo com sua própria realidade e necessidades. A compreensão de que os parâmetros urbanísticos deverão se ajustar a essa nova realidade. A iniciativa sustentável está em constante evolução, sendo ainda objeto de estudos urbanísticos complexos. Por essa razão, alguns parâmetros devem ser �exíveis para ajustes à medida que evoluem. Como é conhecido, cada cidade possui um conjunto de orientações para a ocupação de seu território. Esse documento é conhecido como Estatuto da Cidade. A partir dele, são determinados os planos urbanísticos e o código de obras. Independentemente do tamanho da cidade, todas são regidas por regras claras sobre a ocupação do solo. Essas regras determinam áreas, volumes, funções e adensamentos. A cidade sustentável tem, hoje, uma forma diferente de funcionar. Em vez de se organizar por zonas, o novo desenho planeja se organizar por núcleos, uma distribuição concisa de valores que adensam o espaço por heterogeneidade. Os parâmetros urbanísticos se adaptam na cidade sustentável. Vale ressaltar que estamos falando da legislação brasileira. De acordo com as metas derivadas do Acordo de Paris, cada país deve adaptar, da melhor forma possível, os objetivos traçados para a reforma sustentável. No Brasil, os principais parâmetros dentro da qualidade urbana, para o lote metropolitano são: Afastamento das divisas Regula o quando a edificação deve se afastar das bordas do lote. Gabarito ou altura da construção Regula o espaço aéreo. Taxas de ocupação e permeabilidade Determinam a ocupação da superfície do lote. Índice de aproveitamento do terreno Diretamente ligada ao potencial construtivo. Esses parâmetros são os primeiros a serem adaptados, pois estão diretamente ligados à construção civil. A necessidade dessa adaptabilidade liga conforto, eficiência, aproveitamento e adensamento urbano. Como as metas dos ODS reformularão as leis Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) alinham as necessidades para o suporte de dados necessário no ajuste da sociedade como um todo. Dentro da construção civil, não seria diferente. Porém, devemos ficar atento a quais parâmetros estamos falando. Vale ressaltar o Estatuto da Cidade e o Plano de Ordenamento Urbano. Relembrando Os ODS, de certa forma, trazem orientações relativamente claras. Por exemplo, as metas dos ODS 1 (erradicação da pobreza), 3 (saúde e bem estar), 6 (água limpa e saneamento), 7 (energia limpa e acessível) e 11 (comunidades e cidades sustentáveis) estão intimamente ligadas ao planejamento urbano. Elas orientam sobre consequências de um espaço mal estruturado. Usando o exemplo acima e associando às estratégias da cidade sustentável, como cidade compacta, caminhabilidade e heterogeneidade funcional, é possível criar soluções para transporte, ocupação do solo, combate a segregação e valorização da vida urbana. A cidade sustentável permite o deslocamento a pé, reduzindo a necessidade de transporte público. Podemos exemplificar, hipoteticamente: o indivíduo que mora em um lugar acessível ao seu trabalho, dentro de um trajeto de 15 minutos a pé, assim como seu filho tem acesso à área de lazer e educação. Dentro do mesmo núcleo, há a possibilidade de compras para sua casa (cidade compacta). E, se for necessário, acesso a uma estação de um modal ferroviário que irá levá-lo a um destino fora do seu núcleo. Tudo isso somente será possível se as normas de acessibilidade, conforto ambiental e ocupação do solo se readaptarem a essas necessidades. É preciso um estudo mais profundo para que seja possível adaptar cada realidade municipal. Transformando a cidade Comparando as cidades do século XX O século XX é a marca da mudança. Nunca na história tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Mudanças sociais, geográficas, guerras, epidemias. A lista é grande. E, possivelmente, estamos vivenciando, neste momento, talvez a maior delas. Por que as mudanças de sociedade do século XXI são as maiores da história? Porque atingem o planeta como um todo, ou seja, todos estão envolvidos, direta ou indiretamente, nas transformações que estão por vir. Analisando algumas cidades, vemos algumas dessas transformações acontecendo. Comecemos com uma nacional: São Paulo. Exemplo São Paulo é a maior cidade do Brasil, tanto em território quanto em influência. É marcada pela alta urbanidade, pela população e pelos costumes típicos de uma cidade metropolitana, com um enorme sistema de transporte ferroviário urbano que liga vários pontos da cidade. Uma de suas características mais marcantes é a conurbação, que agrega mais superfície a uma cidade bastante adensada. Que soluções São Paulo traz, referentes à sustentabilidade? Um dos maiores problemas envolvendo a cidade é a poluição atmosférica. A prefeitura tem feito campanhas para estimular o transporte por meio de veículos de poluição zero e tem investido em tecnologia de captação pluvial, promovendo o adensamento funcional e estimulando a sociabilidade com eventos em parques urbanos. É um começo. Outra cidade que impressiona é Cingapura, que já foi uma ilha muito pobre e passou a ser uma cidade com alto índice de desenvolvimento. É um exemplo a ser seguido. É interessante notar que Cingapura está em uma latitude semelhante a São Paulo, ou seja, ambas possuem algumas características comuns em relação ao clima. Mas, a cidade do sudeste asiático, era um exemplo de desordem política e econômica até os anos 1990 e deu a volta por cima e abraçou fortemente as iniciativas sustentáveis. Cingapura é um exemplo de iniciativas sustentáveis. Hoje, é uma das maiores investidoras de tecnologia sustentável do mundo, agregando inovações em todas as áreas. Falando em urbanismo, Cingapura tem ótimos resultados no transporte metropolitano, a população é estimulada a andar a pé, investiu em pesquisas de qualidade do ar e estratégias bioclimáticas para combater a poluição. O terceiro exemplo que iremos discutir é Paris. A cidade europeia, recentemente, investiu em pesquisas de ordenamento urbano. É uma das pioneiras da estratégia “cidade 15 minutos”. Investe hoje em transporte ferroviário, bicicletas e em áreas comuns na cidade, estratégia urbana conhecida como “quadra aberta”, proposta do arquiteto francês Christian de Portzamparc, é um exemplo de urbanidade social. A proposta também é pioneira ao imaginar a quadra pelo ponto de vista do pedestre, estando, assim, alinhada com as iniciativas sustentáveis. Paris, adotando a estratégia “cidade 15 minutos”. Esses são só alguns exemplos de como a implementação de modelos sustentáveis é gradual e requer pesquisa, paciência e observação. Entendendo a evolução dos parâmetros Os parâmetros urbanísticos são os dados mais relevantes dentro do processo construtivo. Além de serem uma exigência em todas as metrópoles do Brasil, elas determinam o ordenamento da ocupação no solo. Mas, como eles se encaixam nas estratégias das cidades sustentáveis? Para cada um dos parâmetros, é bom estipular as mudanças que eles deveriam conter. Regula o quando a edificação deve se afastar das bordas do lote. Na cidade sustentável, ele deveria estar ligado a parâmetros ambientais, como ventilação, insolação e sombreamento. Essa característica permitiria compreender a relação de influência entre os edifícios e dimensionar, assim,soluções de implantação e proteção acústica, bem como o aproveitamento eólico. Afastamento das divisas Regula o espaço aéreo. Na cidade sustentável, seria possível compreender a capacidade de compactação. Um dos atributos da cidade compacta é a característica mista das edificações, o que leva a uma verticalização natural. Por meio desse parâmetro, seria possível ajustar a relação de função e verticalização, assim como também se relacionar melhor com outros parâmetros, como afastamentos e índices de aproveitamento. Determinam a ocupação da superfície do lote. Esses itens na cidade sustentável precisam se relacionar aos recursos e à ocupação do solo. Sendo uma das estratégias a caminhabilidade, a relação da taxa de ocupação deve levar em consideração a forma como consideramos os acessos do solo, assim como a configuração de áreas livres para sociabilidade. No quesito de permeabilidade, é uma excelente oportunidade de relacionar a linguagem de absorção de águas pluviais e lençol freático, favorecendo o uso da água e a criação de áreas verdes. Diretamente ligada ao potencial construtivo, na cidade sustentável, ele se relacionaria a permissividades de função e a organização espacial, delegando as ligações entre as edificações. Vale ressaltar que alguns parâmetros ainda não são exigidos, e dependem do lote, região ou condição geográfica. Futuro: quais parâmetros podemos esperar para o século XXI De forma direta, além dos ajustes dos parâmetros existentes, alguns poderiam ser incluídos nas análises urbanísticas, como: Taxa de vegetação aérea Gabarito ou altura da construção Taxas de ocupação e permeabilidade Índice de aproveitamento do terreno Considerada a capacidade de vegetação das fachadas, como estratégia de conforto ambiental. Poderia estar ligada à devolução da área verde ocupada pela edificação. Índice de aproveitamento de águas pluviais Hoje já temos alguns parâmetros de medição para águas de chuva, mas uma exigência tornaria esse número mais expressivo. Índice de resposta de irradiação energética Relativo à materialidade, poderia determinar o quanto o edifício pode, no máximo, irradiar de calor e de luz visível para edificações vizinhas. Uma estratégia interessante para evolução do mercado de revestimentos e do relacionamento com a densidade urbana. É claro que outras formas de compreender a cidade sustentável virão. É nosso dever estar sempre atento. Novos parâmetros urbanísticos do século XXI Neste vídeo, vamos avaliar as possibilidades e necessidades de aplicação e adaptação de novos possíveis parâmetros legislativos para a construção civil do século XXI. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A cidade sustentável é um organismo vivo, formada por elementos que a favorecem como também seu funcionamento. Um desses elementos é o pedestre, que atua como figura central das estratégias sustentáveis. A forma em que isso ocorre está na alternativa: A Incentivando a criação de lei voltadas para a iniciativa sustentável. Parabéns! A alternativa D está correta. É a partir do pedestre que o planejamento sustentável começa. Organizadamente, ele dita os parâmetros da cidade e a forma como os núcleos se ligam. Embora possa agir como fiscalizador, seu papel é bem mais participativo. Questão 2 A cidade sustentável exige para si um certo ajuste nas normas e lei vigentes. Mesmo sabendo que cada cidade tem seu próprio conjunto de normas, normalmente, alguns parâmetros são comuns a maioria dos casos. São eles: B Exercendo seu dever de cidadão, fazendo a manutenção da cidade. C Atuando como fiscalizador da paisagem urbana, se ela não estiver de acordo. D Atuando como elemento central, determinando a caminhabilidade e a paisagem urbana. E Encaminhando aos planejadores suas impressões, a fim de que o planejamento seja refeito. A Volume de área verde, taxa de ocupação, ordenamento de massas e altura e volume da edificação. B Afastamento das divisas, altura da edificação, taxa de permeabilidade e incentivo de ocupação. C Afastamentos, altura da edificação, ocupação da superfície do lote e potencial construtivo. Parabéns! A alternativa C está correta. Os parâmetros de lote ordenam o uso da superfície de espaço público e regulam funcionalidade, espaço aéreo, ocupação e potencial imobiliário. São esses os parâmetros alvos iniciais do processo de ajuste à iniciativa sustentável. 4 - Estratégias brasileiras para o desenvolvimento sustentável Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir uma base de justi�cativas para o planejamento estratégico e sustentável das cidades brasileiras. O olhar brasileiro sobre a cidade sustentável Cidades brasileiras e o clima D Organização funcional, regulamento de fachadas verdes e afastamentos das edificações vizinhas. E Taxa de permeabilidade do solo, área de ocupação do lote, gabarito das fachadas e acessos. Embora as estratégias sustentáveis ainda estejam em estudo, é considerável um olhar mais aprofundado para o Brasil. Nosso território tem 8 dos 10 climas da Terra, em estágios e variações climatológicas, mas considerando os macros climas, essa qualidade é considerável. De certa forma, estudar o território brasileiro forneceria um mapa de estudo eficiente para a compreensão da esfera sustentável. Podemos considerar os climas: Equatorial Tropical Temperado Subtropical Mediterrâneo Frio de Montanha Desértico Semiárido Apenas eliminamos o Subpolar e Glacial, típicos de latitudes muito elevadas. Ambos em climas polares. Essa característica torna possível estudar as relações climáticas e as cidades e, assim, determinar as melhores formas de intervenção. Essa é uma das relações mais importantes quando integramos arquitetura, urbanismo e sustentabilidade. Como cada cidade possui seu próprio clima, aliado às questões geográficas de sua implantação, é natural para o urbanista conhecer esses dados. Assim, dentro da determinação das estratégias sustentáveis, é possível determinar proteções para estimular a caminhabilidade, por exemplo. Essa é uma das grandes diferenças quando analisamos as soluções de outras partes do mundo. Notavelmente, várias dessas soluções não se aplicariam às cidades nacionais. Resta ao arquiteto urbanista, no ato do planejamento, avaliar as situações de conforto. Caso a cidade possua um clima chuvoso constante, como é o caso de Belém, ou apresente uma irradiação solar considerável, como o Rio de Janeiro, as soluções devem se apresentar de forma peculiar. Mas, falando em análise climática, como tratar a caminhabilidade urbana de forma independente e eficiente? Resposta Tratemos de um exemplo. No Rio de Janeiro, temos estações e períodos bem marcados para chuvas e irradiação solar intensa. Inclusive, esses se tornam argumentos de resistência para a cidade sustentável. Como resolver? Nesses casos, a criação de estruturas próprias para a prática da bicicleta pode ajudar. Estações especiais, nas quais seria permitido trocar de roupa ou até mesmo tomar banho. Ou ainda, criação de pontos de proteção ao longo das rotas principais. As soluções são inúmeras. Resta ao urbanista compreender essas necessidades de forma pontual. Globalização da cidade A globalização, termo cunhado em meados dos anos 1980, representa a unificação, ou então a cooperação cultural, de países e culturas distintos. Com o advento da Internet, o termo tornou-se rotineiro, abrangendo ao máximo a interligação entre os povos. No que diz respeito à arquitetura, a questão é um pouco mais abrangente. Considerando os movimentos migratórios, ao longo de toda sua história, o Brasil recebeu pessoas e culturas do mundo todo. Pessoas que firmaram raízes, fundaram cidades e trouxeram boa parte de seus conhecimentos do país de origem. A arquitetura europeia dificilmente se adapta às condições brasileiras. Esse amálgama cultural fez com que algumas soluções também fossem trazidas para cá, mas com suas devidas adaptações.Com o acesso a informações na rede, nossa sede de conhecimento ficou tão extensa que, por vezes, trazemos soluções e materiais que nem sempre se adaptam ao nosso clima e nossos costumes. Atenção! A expressão da arquitetura não se traduz apenas em traços interessantes, mas também no reconhecimento. Modismos trouxeram materiais à tona. O uso de madeiras é um deles. Enquanto material construtivo básico em países do hemisfério norte, no Brasil é um material nobre, de difícil obtenção. Para a indústria, usar a mesma madeira europeia é uma fonte de renda. Porém, essa madeira, normalmente, pertencente ao gênero Pinus, um material macio e suscetível a pragas e à umidade. Esse é o problema da importação cultural: nem sempre o material de adapta ao país. A solução impossível Então, podemos compreender que a existência de um modelo adaptável a todo o mundo é um projeto impossível? Todos os estudos tendem a afirmar que sim. Devido às diversas condições, é sempre necessário reconhecer as características do lugar e criar soluções viáveis. Por mais que pensemos como planeta, cada caso reforça a ideia de remodelar a construção e a cidade para uma análise mais aprofundada. Um dos grandes problemas causado pela globalização é a pretensão de entender o ser humano como um só. Realmente, mesmo se tratando e sermos todos iguais, nossas culturas nos diferem. As principais razões para entendermos como a construção sustentável precisa ser diferente em cada caso são as seguintes: A cultura, principalmente, regional A metodologia histórica Clima Comportamento social, que se ajusta de acordo com as questões de comunidades A realidade econômica Embora questões com resultados diversos, em todos os povos as necessidades básicas são as mesmas: conforto, saúde, bem estar e segurança. Critérios do Acordo de Paris para metrópoles brasileiras Acordo de Paris: metas possíveis O Acordo de Paris é um tratado internacional, assinado por 195 países, incluindo o Brasil. Aprovado em 2015, foi proposto para entrar em vigor em 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto. O principal motivo do acordo era retificar as determinações oriundas do Protocolo de Kyoto, que eram: a redução significativa das emissões de gases de efeito estufa e limitar o aumento da temperatura global em até 2°C. Presidente François Hollande na COP21. As principais metas do acordo incluem: Entrou em vigor em 2020, e a meta principal é conseguir atingir os números necessários, determinados para cada país/região, até 2030. Tropicalização das estratégias Reconhecendo as metas e estratégias da cidade sustentável, é notável que algumas delas se encaixam perfeitamente nas metas do Acordo de Paris. Esforços para limitar o aumento global de temperatura em até 1,5°C Reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos Recomendações de adaptação climática aos países em desenvolvimento Estimular o suporte �nanceiro e tecnológico aos países menos desenvolvidos Promover desenvolvimento tecnológico Proporcionar cooperação entre a sociedade civil, o setor industrial, �nanceiro, comunidades étnicas e cidades, e fortalecer a conscientização ambiental. Podemos citar, por exemplo, o uso de transporte coletivo de baixo impacto e a caminhabilidade. Elas reforçam a redução do uso do carro e, assim, diminuirá a emissão de gases tóxicos provenientes da combustão. Outras estratégias são mais culturais e tópicas. Por exemplo, para manter a sensação de conforto, em lugares de alta temperatura, ligamos o ar condicionado. Por mais que a arquitetura seja eficiente, é sabido que há dias em que isso é impossível. Mas, a produção de equipamentos mais eficientes, a instalação calculada para preservar o equipamento da radiação solar e promover o cálculo certo de volume-temperatura são estratégias do próprio equipamento, que aumentam sua eficiência, reduzindo o consumo de energia. Minimizar os efeitos do clima, aumentando o conforto. Pequenas ações podem provocar bons resultados. A caminhabilidade, por exemplo, é o grande alvo dos problemas de tropicalizar as metas e estratégias. Promover que o indivíduo caminhe, em regiões de forte radiação solar, ainda oferece resistência. Por isso, bons planejamentos, aliados à conscientização e pertencimento, promovem o plantio e cuidado de árvores nas áreas de trajeto. Minimizando os impactos, aplicando as estratégias sustentáveis de paisagem urbana e conforto térmico. Existem diversas soluções possíveis. O necessário é reconhecer as condições e adaptá-las. A capacidade de ver soluções também é, no fim, uma estratégia sustentável para o século XXI. Observando a metrópole brasileira A metrópole brasileira funciona como qualquer outra metrópole. Densa, multifuncional, setorizada. Nossas cidades têm uma forte influência modernista. O que significa que boa parte da cidade é projetada para o uso do carro. Não necessariamente incentivada, mas organizada. Brasília talvez seja um caso à parte, já que, apesar de pensada em núcleos residenciais, seu forte apelo setorial obriga a um modo de vida de difícil adaptação. Vale lembrar que Brasília foi projetada do zero, construída de acordo com o projeto do arquiteto Lúcio Costa, na década de 1960. Todas as demais metrópoles possuem um nascimento espontâneo, oriundos de um processo de colonização. Entre as maiores cidades do Brasil, podemos citar, em ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Fortaleza, entre outras. Também vale ressaltar que essa classificação reconhece população e área territorial. Observando a lista de cidades, vemos que à exceção de Brasília, todas têm nascimento ainda no período colonial. Cada uma cresceu de acordo com as características de sua própria região e tem realidades próprias. Agora vamos repensar as estratégias sustentáveis. Em todos esses casos, nos quais já temos uma cidade consolidada, as estratégias devem vir acompanhadas de soluções práticas e sutis, sendo então absorvidas pela população em geral. É um processo lento e que determina um olhar minucioso, senão cirúrgico, sobre a atuação no planejamento urbano. A ideia de um plano adaptável para as cidades brasileiras Neste vídeo, vamos conhecer um pouco sobre as metas e estratégias da cidade sustentável e debater possíveis aplicações para a realidade das metrópoles brasileiras. Adaptabilidade das metrópoles e um plano de ação possível Estratégias e metas que as cidades deveriam incorporar Algumas das maiores dificuldades de ajustes urbanísticos está na população. O sentimento de comodidade é bastante forte quando pensamos em mudança, o que deixa o poder municipal como principal vilão do urbanismo contemporâneo. Porém, apesar de algumas mudanças serem para melhor, a demora das iniciativas de licitações e contratos, muitas vezes, provocam atrasos, que tiram a razão até mesmo das obras de melhorias. Em várias cidades do Brasil, por exemplo, obras de duplicação de vias muitas vezes chegam atrasadas dentro do cronograma de crescimento populacional, e ainda andam na contração das iniciativas sustentáveis. Pensar a malha metropolitana é o primeiro passo lógico a ser seguido. No Brasil, há uma defasagem muito grande entre análise de dados e aplicação e, por essa razão, temos muita dificuldade de aplicar soluções viáveis. As análises metropolitanas devem ser feitas sempre com previsões de vários anos, para que as estratégias possam ser incorporadas nesse prazo. A partir desse ponto, relatórios devem ser formulados, a fim de embasar os planos e, então, apresentados ao poder público. Nesse momento, uma estratégia viável seria incorporar às equipes jovens profissionais, que cresceram com as iniciativas sustentáveis e que irão agregar essas noções dentro do planejamento. Esses jovens profissionais, antenados com os desafios sustentáveis do século XXI, devem formar comissões para avaliar e fiscalizar as mudanças propostas. Sobre as propostas, alguns casos requerem ações mais imediatas e outrasa longo prazo. Mas, o que seriam ações mais imediatas? Resposta Essas ações promovem a mudança no espaço público dentro do olhar perceptível do pedestre. Vale lembrar que essa, por si só, é uma estratégia sustentável. Tais mudanças estão presentes na rua, em uma praça ou em um acesso urbano. Desacelerar é necessário, então promover o transporte público eficiente é o segundo momento de ação. Portanto, em um plano simples, podemos compreender o planejamento da seguinte maneira: Criar pequenas alternações na paisagem urbana Nas ruas, praças e acessos públicos, de forma a criar um relacionamento mais íntimo com o pedestre. Essas ações podem ser a criação de mobiliários específicos, plantio de arvores e canteiros e elementos urbanos que reforcem a percepção da paisagem urbana. Incentivar o uso do transporte coletivo Preferencialmente de baixo impacto ambiental, e de deslocamento de massa, com eficiência plena, como o sistema ferroviário urbano. Incentivar o uso desse modelo de transporte valoriza a iniciativa úbl d á d l ã d Estudo de caso: estratégias para o Rio de Janeiro O Rio de Janeiro é uma cidade antiga, de formação espontânea, mas que também já passou por uma série de planos urbanísticos no passado. É um excelente exemplo de “colcha de retalhos” urbana. Em uma cidade com pouco mais de 6 milhões de habitantes (IBGE, 2022). Assim, pensar em estratégias urbanas é um desafio. A cidade, hoje, carece da sensação de pertencimento, visível nas ações de pública e, num segundo estágio de implantação de novas linhas e ligações, o habitante compreender a necessidade das obras. Criação de equipamentos urbanos para acesso público Como museus e parques, principalmente voltados para a cultura e o lazer, e preferencialmente alimentados pelo sistema de transporte modal ferroviário. Dessa forma, o público, em geral, pode fazer uso desse sistema em seus momentos de folga, associando-o com o comportamento da cidade e não apenas como uma ligação casa- trabalho-casa. Mudança na estrutura urbana Sendo o mais radical de todos os passos, elaborando a quadra urbana de maneira peculiar à iniciativa sustentável. Em certos pontos, elaborar mudanças nas quadras favorece a ocupação da população da maneira prevista nas estratégias sustentáveis e promove uma ocupação mais ordenada e heterogênea. Depende do poder municipal e estadual para incentivar a ocupação de forma correta. depredação e desrespeito ao poder público. O descaso e a falta de um sentimento e cuidado reforçam essas hipóteses. Atenção! A cidade é essencialmente turística. Sua economia básica, oriunda de um passado portuário que se perde a cada dia, volta suas ações para a visitação. Há inúmeros equipamentos: museus, parques urbanos, jardim botânico, orla, equipamentos esportivos. Embora bem servido, carece de um elo importante: o transporte público. Dotada de 3 linhas de metrô, que alimentam pouco mais de 30% de seu território, a cidade depende hoje do transporte rodoviário. A malha cicloviária, tampouco, favorece o deslocamento diário por elas, sendo essencialmente ligadas à orla e de característica turística. De passado nobre, quando abrigou o Império, em governo e habitação, pouco se resta de sua memória, sendo gradualmente substituída por uma paisagem urbana mais efêmera, ligada ao convencimento externo de um destino de lazer e prazeres. Para o planejador sustentável, é um desafio. Das estratégias iniciais apresentadas, devido à sua heterogeneidade de território, é preciso começar de forma pontual. Esboçando um plano de ação, e que deve ser considerado como uma sugestão e visão acadêmica, as soluções deveriam seguir o seguinte plano: Incentivar o transporte coletivo Mesmo de forma rodoviária, uma reorganização sistemática promoveria sua qualidade e reduziria a necessidade do transporte de veículos individuais. Tais ajustes também podem promover a sensação de pertencimento e minimizar a depredação do equipamento. Essas possibilidades absorvem uma infinidade de soluções. A principal meta é incentivar a relação de valor com o território urbano e seus equipamentos e, assim, tornar a cidade mais unida. Incentivar o uso da calçada Com estratégias como fachada ativa, usando os edifícios com comercio local, trazendo o pedestre pra rua e reduzindo assim a sensação de insegurança. Compreender a territoriedade na superfície da cidade, e usar isso como estratégia Promover incentivos às paisagens urbanas nos núcleos territoriais, como bairros e regiões, aumentar a valorização da ligação entre essas áreas. Isso pode criar uma noção de amplitude territorial e a adoção de pertencimento da metrópole, e não apenas da vizinhança. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Cada cidade do Brasil possui seu próprio microclima, mesmo inserido dentro de um clima maior. Essa característica cria situações especiais para cada região. Sabendo que temos 8 dos 10 climas catalogados hoje no mundo, qual a forma que o arquiteto vai usar para determinar as características das edificações nas metrópoles? A Criar uma equipe multidisciplinar que inclua biólogos, que determinarão as condições climáticas locais. B O arquiteto deve se ater às condições locais, estudar o microclima e determinar quais estratégias melhor se adaptam aquelas situações. C Não há nada a fazer, as edificações seguem regras bem claras, ligadas à legislação local, e não podem ser violadas. Parabéns! A alternativa B está correta. Apesar de o estudo do edifício em laboratório ser uma prática viável, para o arquiteto, muitas vezes, não é uma solução alcançável. A melhor maneira é estudar as condições locais, visitar a região e determinar, de acordo com o observado, quais as melhores soluções a aplicar. Sempre há formas de solucionar as questões da construção. Questão 2 Considerando o crescimento das metrópoles brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, devemos estar atentos às aplicações das iniciativas sustentáveis, respeitado as metas ambientais e compreendendo sua história e sua população. Portanto, no âmbito de tornar a metrópole mais sustentável, uma estratégia inicial seria: D Criar o projeto, executar a obra, e após estudo dos impactos sobre ele, determinar soluções viáveis para o problema. E Recriar as condições meteorológicas e laboratório para, assim, criar estratégias compatíveis com a situação chave. A Promover campanhas publicitárias de aviso das mudanças, que serão radicais, mas necessárias para a cidade. B Promover um bota-abaixo organizado, retirando edificações que não se adaptam aos princípios da iniciativa sustentável. C Reforçar a educação ambiental e apresentar as necessidades da cidade à população, aguardando que compreendam, para então iniciar as mudanças. Parabéns! A alternativa D está correta. As metrópoles, apesar de consolidadas, possuem um ecossistema frágil e que requer atenção. As alterações ou mudanças propostas, seguindo as diretrizes de iniciativas sustentáveis, têm que ser executadas conscientemente e de forma pontual, a fim de conscientizar a população. Com o tempo, essas alterações podem se espalhar naturalmente. Considerações �nais Como é possível perceber, a atitude sustentável é parte natural do processo evolucionário do ser humano. Faz parte de nossa essência e é determinada pelo momento histórico. Estar alinhado com as mudanças é fundamental para todo arquiteto e urbanista, estando preparado para as várias nuances da população em relação ao seu próprio papel de protagonista. A relação das novas gerações com o futuro deve ser tratada como determinante e sua capacidade de compreensão de mundo, antes não tão definida, e seu papel para com o planeta andam em paralelo com a prática colaborativa e tornam a sociedade mais consciente e unida em prol de uma organização mais sustentável de práticas e estratégias para nossa própria sobrevivência. É deverdo arquiteto estar caminhando com essas mudanças, além de estar atento aos sinais de evolução da sociedade e incorporar essas características a cada novo planejamento. D Aplicar algumas soluções de forma pontual e temporal, deixando tempo para a população absorver as mudanças. E Determinar quais áreas da cidade merecem ajustes, já que nem todas da cidade possuem bons históricos sociais. Podcast Neste podcast, vamos estudar como as conferências mundiais de meio ambiente determinaram metas concretas a todos os países do mundo para conter as mudanças climáticas globais, estimulando um futuro mais sustentável. Explore + Para compreender a forma como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão sendo monitorados no Brasil, acesse o site do Governo Federal e verifique os artigos sobre a Agenda 2030. Para entender melhor sobre os conceitos de sustentabilidade e suas vertentes, estude a Carta da Terra, documento lançado pela Comissão Mundial das Nações Unidas e que apresenta as diretivas para um mundo mais globalizado, socialmente estável e sustentável. Se deseja aprofundar seus estudos na compreensão do relacionamento do pedestre com a edificação nas grandes cidades, estude o capítulo 4 “A cidade ao nível dos olhos”, do livro Cidade para Pessoas, de Jan Gehls. Para saber mais sobre os problemas ambientais e as necessidades de uma Terra mais sustentável, assista ao documentário Nosso Planeta, Nosso Lar, do cineasta, fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus- Bertrand, lançado em 2009. Vários conceitos foram usados, um deles é sobre a Geração Alpha. Pesquise informações sobre aquela que será a geração usuária das vias urbanas Referências AMORIM, F. O. 3ª Era da cidade em Christian de Portzamparc: mais do mesmo?. Presidente Prudente, Revista Tópos, 2009. v.3 n.1, p. 180-194. BRASIL. Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília. 2022. Consultado na Internet em: 10 abr. 2022. BROWN, B. The power of vulnerability: teachings on authenticity, connection and courage. Colorado: Sound True, 2012. 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