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80 DIREITO DAS SUCESSÕES – PROFª JULIANA GONTIJO Rua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 – Belo Horizonte – MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br – e-mail: jugontijo@direitodefamilia.adv.br – jfgontijo@direitodefamilia.adv.br sucessível declara a herança assumindo “o título de herdeiro com a intenção de a adquirir”. No mesmo sentido o direito francês: a aceitação expressa resulta de uma declaração formal onde se assume o título ou a qualidade de herdeiro. Declaração escrita diz o legislador brasileiro. Não é necessário que este escrito tenha sido especialmente redigido para comprovar a aceitação: uma carta pode ser suficiente quando seus termos não são duvidosos quanto à aceitação. A exigência do escrito se explica por razões de prova e de forma, a vontade escrita é mais refletida que uma mera vontade expressa verbalmente. Estamos perante uma formalidade ad substantiam. A lei, para ter a garantia de que houve maior reflexão e vontade mais determinante e determinada exigiu, para a perfeição do ato, que a declaração da aceitação ou a assunção da qualidade de herdeiro (ou legatário) com a intenção de adquirir a herança (ou legado) conste de um documento escrito.” A respeito da aceitação expressa, a doutrina observa que não há fórmulas sacramentais para que se dê a manifestação de vontade, bastando que ela se manifeste por escrito de modo certo e claro. Ex. “Aceito a herança deixada por meu pai” ou “Declaro que sou herdeiro de minha mãe etc. 2ª) TÁCITA (ART. 1.805, 2ª PARTE): MARIA HELENA DINIZ68 - se inferida da prática de atos, positivos ou negativos, somente compatíveis à condição hereditária do herdeiro (art. 1.805, 2ª parte), que demonstrem a intenção de aceitar a herança, tais como: sua representação por advogado no inventário; cessão onerosa de direitos hereditários; administração, sem caráter provisório, dos bens que integram a herança; cobrança de dívidas do espólio; intervenção no inventário concordando com avaliações ou com outros atos do processo; transporte de bens da herança para o seu domicílio. Entretanto, há atos que, embora sejam praticados pelo herdeiro, não revelam o propósito de aceitar a herança, tais como: simples requerimento de inventário ou mera outorga de procuração para o processo, por serem obrigações legais inerentes ao herdeiro (RT, 375:174, 387:142); atos oficiosos, como o funeral do finado, ou atos meramente conservatórios a fim de impedir a ruína dos bens da herança, ou os de administração e guarda provisória para atender a uma necessidade urgente (art. 1.805, § 1º), por serem meros obséquios, praticados por sentimento humanitário, sem qualquer interesse; cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais co-herdeiros (art. 1.805, § 2º), porque importa em repúdio da herança; alienação de coisas suscetíveis de perecimento ou deterioração, se autorizada pelo magistrado; pagamento de débito da herança, porque é permitido pagar dívida alheia etc. EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE69- Aceitação tácita (ou implícita), a saber, é a que resulta de atos próprios da sua condição de herdeiro, como no caso de o herdeiro passar a administrar, com ânimo definitivo, os bens da herança, velando pelos interesses em preservar e conservar os bens do acervo hereditário. No que tange à aceitação tácita – a mais comum na prática -, depreende-se que houve aceitação da herança em razão de determinados comportamentos do herdeiro que somente seriam praticados por sucessões. CARVALHO SANTOS, a esse respeito comenta que, à luz do direito italiano, duas são as condições para a configuração da aceitação tácita: a) que o herdeiro tenha praticado um ato que tenha como pressuposto necessário sua vontade de aceitar a herança; b) que o herdeiro não poderia praticar tal ato senão na qualidade de herdeiro, e que o dispositivo do Código brasileiro de 1916 ficou redigido de modo “deficiente, incompleto e defeituoso”. O art. 1.805, caput, CC, melhora substancialmente a redação do revogado § 1º, do art. 1.581, CC 1916. Estabeleceu haver aceitação tácita quando resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro, evidenciando que somente haverá aceitação quando se tratar de ato que apenas um herdeiro poderia praticar. Como no caso de contratação de advogado para intervir no inventário aberto para defesa de seus direitos sucessórios, de aceitação das primeiras declarações (e outros atos processuais praticados no processo de inventário), de cessão onerosa ou gratuita de direitos hereditários a terceiros ou a um dos vários co-herdeiros. SALOMÃO DE ARAÚJO CATEB70 - A aceitação tácita há de resultar, tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro, isto é, quando resulta de atos compatíveis somente com o caráter de herdeiros, praticados por quem tem a intenção de aceitar a herança. CLEONICE ALVES – Não são atos que exprimem aceitação: � os atos oficiosos (funeral do finado, comparecimento à missa de 7º dia, registro do óbito etc.)